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04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional22 - Opinião José Luis Gonçalves24 - Opinião Padre Eduardo Novo26 - Semana de.. Paulo Rocha30 - Entrevista D. Manuel Clemente

34 - Dossier Jornadas de Comunicação Social50- Estante52 - Concílio Vaticano II54- Agenda56 - Por estes dias58 - Programação Religiosa59 - Minuto Positivo60 - Liturgia62 - Família64 - Ano da Vida Consagrada68 - Fundação AIS70 - LusoFonias

Foto da capa: Agência ECCLESIAFoto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Francisco ementrevista[ver+]

Guerra sem fim naSíria e Iraque[ver+]

Comunicar afamília[ver+]

D. Pio Alves | Octávio Carmo |Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony

Neves | Paulo Rocha | Eduardo Novo

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Ver e chorar

Octávio Carmo Agência Ecclesia

“Quem chorou pela morte destes irmãos e irmãs?Quem chorou por estas pessoas que vinham nobarco? Pelas mães jovens que traziam os seusfilhos? Por estes homens cujo desejo eraconseguir qualquer coisa para sustentar aspróprias famílias? Somos uma sociedade queesqueceu a experiência de chorar, de «padecercom»: a globalização da indiferença tirou-nos acapacidade de chorar!”(Homilia do Papa Francisco em Lampedusa) A liderança moral do Papa continua a inspirarmilhões de pessoas em todo o mundo, nummomento particularmente sensível face àpersistência de conflitos armados e aos váriosdramas humanos que parecem encobrir qualquerperspetiva luminosa de futuro.Embora se possa lamentar que muitas vezes opontificado seja avaliado por gestos “exóticos”,como uma ida à ótica, com menor destaque paraoutras mensagens bem mais importantes - comoas sucessivas denúncias de perseguiçõesreligiosas ou de tráficos ilegais e imorais dearmas e seres humanos -, as palavras deFrancisco têm chegado aos ouvidos de muitos.Espera-se que as suas lições e os seus apeloscomecem a dar fruto, com consequênciasconcretas por parte de todos os que neles sereveem.Insisto, por isso, na ideia de que não há defesada identidade cristã com violência contra quembate à porta da Europa. Os motivos de receioserão muitos e o próprio Papa o admitia na sua

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entrevista à Renascença, mas estaé uma situação em que ahumanidade - e os europeus emparticular - devem ver e chorar, emvez de virar a cara. Aliás, essaindiferença face a conflitos que searrastam no tempo, envergonha-nos. Temos de ver, olhar o outro nacara e tirar daí as consequênciaséticas e sociais do encontro com osemelhante, em situação devulnerabilidade.Isto é particularmente válido para oscatólicos. Na entrevista que

concedeu à Rádio Renascença, oPapa voltou a insistir na suapredileção por uma Igreja“acidentada”, a percorrer oscaminhos do mundo à imagem deJesus Cristo em vez de ficar fechadaa ganhar mofo. A aproximação aquem sofre (e são cada vez mais) éuma missão de sempre, traduzindo amensagem de fé em sinais visíveis,concretos, que deem sentido a ummundo que procura rumos e sesente ameaçado por cada vez maisperigos.

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Polícia húngara usa canhões de água contra os refugiados nafronteira, perto de Horgos, no norte da Sérvia, 16 de setembro de

2015.Créditos: EPA/TAMAS SOKI

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“Torna-se cada vez mais necessáriauma nova aliança entre o homem ea mulher, que liberte os povos dacolonização do dinheiro e dascolonizações ideológicas.” PapaFrancisco, Praça de São Pedro,16/set/2015, in Agência ECCLESIA "Qualquer cidadão de medianobom senso sabe que nenhumGoverno, nem nenhumgovernante, que aceite afetar orendimento das pessoas aoponto que nós tivemos de fazerpor qualquer prazer, porqualquer divertimento" PedroPassos Coelho, Évora,15/set/2015, in Público “O que me escandaliza é que todaesta governação viva à nossa custa.Estaremos perdidos se a coligaçãocontinuar à frente do país”, Bispoemérito das Forças Armadas e deSegurança, D. Januário TorgalFerreira, 15/set/2015, in Diário deNotícias “Escutaremos as palavras deSua Santidade [Papa] comrespeito e atenção, mostrandoque somos um povo educado enobre” ‘Granma’, órgão oficial doComité Central do PartidoComunista de Cuba, 15/set/2015,sobre a viagem de Francisco,entre 19 e 22 de setembro.

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Francisco reafirma vontadede visitar PortugalO Papa confirmou em entrevista àRenascença a sua “vontade” devisitar Portugal, e em particularFátima, em 2017, centenário dasaparições na Cova da Iria. “Eutenho vontade de ir a Portugal parao centenário. Em 2017 também secumprem trezentos anos doencontro da Imagem da Virgem deAparecida, por isso, também estoucom vontade de lá ir e já prometi láir”, adiantou Francisco, emdeclarações divulgadas estasegunda-feira pela emissoracatólica.Francisco assume a sua vontade de“ir ter com a Virgem”, comparando aviagem a Fátima e a visita aAparecida. “Quanto a Portugal,disse que tenho vontade de ir egostaria de ir. É mais fácil ir aPortugal, porque podemos ir e voltarnum só dia, um dia inteiro, ou,quanto muito, ir um dia e meio oudois dias”, adianta.“A Virgem é mãe, é muito mãe e asua presença acompanha o povo deDeus. Por isso, gostaria de ir aPortugal, que é privilegiado”,acrescentou.Francisco será o quarto Papa avisitar Portugal, depois de Paulo VIem (13 de maio de 1967), JoãoPaulo II (12 a 15 de maio de 1982;10 a 13 de maio

de 1991; 12 e 13 de maio de 2000)e Bento XVI (11 a 14 de maio de2010).Durante a entrevista de cerca deuma hora, o pontífice argentinodefendeu que a Europa deveacolher os refugiados que chegamàs suas fronteiras e promoversoluções para as “causas” destasituação, na sua origem. “Onde ascausas são a fome, há que criarfontes de trabalho, investimentos.Onde a causa é a guerra, procurara paz, trabalhar pela paz”, assinala.Para Francisco, esta é a “ponta doicebergue” das consequências deum sistema socioeconómico “mau einjusto”. “Esta pobre gente queescapa da guerra, que escapa dafome, é a ponta do icebergue”,sublinha.O Papa sustenta que o sistemaeconómico dominante “descentrou apessoa, colocando no centro o deusdinheiro, que é o ídolo da moda”.Francisco admite que muitoslevantem objeções, por causa da“crise laboral” ou das “condições desegurança territorial”. “Temos, a 400quilómetros da Sicília, uma guerrilhaterrorista sumamente cruel, não é?Então, existe o perigo da infiltração,isso

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é verdade”, referiu.O Papa rejeita, no entanto, leituras“simplistas”. “Evidentemente, sechega um refugiado, com asmedidas de segurança de todo otipo, há que recebê-lo, porque é ummandamento da Bíblia”, insistiu.Nesse sentido, explicou o seu apeloao acolhimento de famílias derefugiados por todas as paróquiasda Europa, precisando que nãoespera que estas tenham de seralojadas na “casa paroquial”.

O Papa falou num momento de“surpresa” para a Europa, face àvaga de refugiados e migrantes,sublinhando que “não se sabe comoisto vai acabar”.A entrevista abordou o papel doVelho Continente no atual contexto,esperando que seja capaz de“retomar uma liderança no concertodas nações”, ou seja, “que volte aser a Europa que define rumos, poistem cultura para o fazer”.

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Comissão Nacional Justiça e Pazincentiva ao acolhimento derefugiados

A Comissão Nacional Justiça e Paz(CNJP) publicou a nota «O quefizeste do teu irmão?», sobre oacolhimento de refugiados, na qualalerta que estes “não são potenciaisterroristas” e muitos fogem da“violência gerada pelofundamentalismo”. “É verdade quetambém entre nós há quem passepor dificuldades e situações gravesde pobreza. Mas as situações deonde fogem estes refugiados, queos fazem assumir os riscos queassumem, são, de um modo geral,muito mais graves do que aquelascom que nos deparamos emPortugal”, escreve a CNJP.No documento, o organismo daIgreja Católica contextualiza quequando os refugiados “batem àporta” não se podem reagir “comindiferença”.A CNJP concorda que, “como já foi

afirmado”, este é um “desafio” àEuropa como comunidade devalores que se quer ser fiel àsraízes cristãs da cultura europeia“não pode reduzir-se a umaproclamação formal” ou àconservação de sinais externos. “É,acima de tudo, adotarcomportamentos coerentes com amensagem cristã”, alerta,observando que não existe essacoerência quando se recusa oacolhimento de refugiados por “nãopartilharem a fé cristã”.A Comissão Nacional Justiça e Pazdestaca que a “novidade” docristianismo “reside no amoruniversal” que não faz aceção depessoas, por isso, a defesa daidentidade europeia “não podeservir de pretexto” para distinguirentre refugiados cristãosperseguidos por causa da é e osoutros refugiados.

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13 de setembro levou milharesde pessoas à Cova da IriaO bispo brasileiro D. Wilmar Santin,que presidiu à peregrinaçãointernacional de setembro noSantuário de Fátima, disse na Missado dia 13 que os católicos têm deassumir a sua fé para enfrentar oegoísmo contemporâneo. “Isso fazuma grande diferença num mundoque alimenta a ditadura do ego, doindividualismo e do indiferentismoateu”, assinalou, perante milharesde pessoas, no recinto de oraçãoda Cova da Iria.O prelado de Itaituba (Pará – Brasil)recordou que a “conversão” é umdos temas centrais da Mensagemde Fátima. “Participar numaPeregrinação InternacionalAniversária em Fátima e voltar paracasa do mesmo jeito seria umaperda de tempo e mostraria que apessoa não entendeu o quesignifica seguir Jesus Cristo”,advertiu.O presidente da celebraçãodesejou, por isso, que a presençano santuário ajude todos a inciar“um processo de conversãocontínua, renunciando a si mesmose assumindo a cruz cada dia,imitando Maria, a Mãe de Jesus”.Nesse sentido, o bispo brasileirosublinhou que “tomar a cruz” no

tempo de Jesus Cristo significava “aceitar ser um marginalizado, sertratado como bandido da piorespécie pelo sistema injusto quelegitimava a injustiça”.“‘Tomar a sua cruz’, hoje em dia, éenfrentar a ditadura do prazer quenos torna cegos para o valorevangélico do sofrimento. Não setrata de apologia da dor e dosofrimento, mas de resgatar a forçalibertadora, redentora eevangelizadora da cruz”,acrescentou.D. Wilmar Santin questionou ospresentes sobre o lugar que Jesusocupa nas suas vidas, advertindoque “responder com a boca, é fácil”.“Para dar uma resposta verdadeiraé necessário interrogar o nossocoração para perceber o lugar queCristo ocupa na nossa existência”,precisou.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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D. Gilberto Canavarro dos Reis partilha medalha da cidade com Igreja e comquem «humaniza a sociedade»

Apresentação dos manuais do 2.º ciclo de EMRC

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Papa lamenta incapacidade dacomunidade internacional pararesolver conflitos na Síria e IraqueO Papa criticou hoje a dacomunidade internacional deencontrar “soluções adequadas”para os conflitos na Síria e noIraque, com as crises humanas quedaí derivam. Francisco falavaperante os participantes numencontro promovido pelo ConselhoPontifício 'Cor Unum' (Santa Sé),para analisar a situação de criseque atinge 15 milhões de refugiadose deslocados sírios e iraquianos noMédio Oriente, com bispos eorganismos católicos desolidariedade da região.Segundo o Papa, vive-se nestemomento “um dos dramas humanosmais esmagador das últimasdécadas”, por causa das “terríveisconsequências” dos conflitos naSíria e no Iraque sobre “aspopulações civis e o patrimóniocultural”. “É preciso encontrar umasolução que não é nunca violenta,porque a violência cria novasferidas”, alertou.Francisco recordou que, aocontrário do passado, hoje as“atrocidades e violações inauditasdos Direitos

Humanos” são visíveis “aos olhosde todo mundo”. “Ninguém podefingir que não sabe”, advertiu.O discurso aludiu às vítimas doconflito, em particular ascomunidades cristãs onde “muitosirmãos e irmãs são perseguidos porcausa da sua fé, expulsos das suasterras, mantidos em cativeiro oumesmo mortos”. Francisco recordouque “durante séculos”, ascomunidades cristãs e muçulmanasconviveram no Médio Oriente “nabase do respeito recíproco”.O Papa sublinhou as consequências“cada vez mais insuportáveis” dasatuais guerras sobre milhões depessoas que estão “numpreocupante estado de urgentenecessidade”, após terem sidoobrigadas a deixar as suas terras.“O Líbano, a Jordânia e a Turquiacarregam hoje o peso dos milhõesde refugiados que acolheramgenerosamente”, acrescentou.No meio de uma crise humana que“interpela todos”, Francisco apontouo dedo aos “traficantes de armas

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banhadas com o sangue deinocentes”.Falando num “oceano de dor”, opontífice argentino pediu atenção àsnecessidades dos mais pobres eindefesos, manifestando a suapreocupação com a situação dascrianças que estão “privadas dedireitos fundamentais”. “Na Síria

e no Iraque, o mal destrói osedifícios e as infraestruturas, massobretudo destrói a consciência dohomem”, alertou.O Papa concluiu com um pedido àsinstituições solidárias católicas: “Nãoabandoneis as vítimas desta crise,mesmo que a atenção do mundovenha a diminuir”.

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Sínodo 2015 vai envolvermais de 400 pessoasA Santa Sé anunciou que mais de400 pessoas, incluindo 34 mulheres,vão marcar presença na 14ªassembleia extraordinária do Sínododos Bispos, dedicada às questõesda família, que vai decorrer noVaticano de 4 a 25 de outubro. Alista inclui 267 padres sinodais comdireito a voto, com delegados demais de mais de 110 conferênciasepiscopais.Portugal vai ter como delegados opresidente da ConferênciaEpiscopal, D. Manuel Clemente,cardeal-patriarca de Lisboa, e opresidente da Comissão Episcopaldo Laicado e Família, D. AntoninoDias, bispo de Portalegre-CasteloBranco. Entre os peritos estão osacerdote português Duarte daCunha, secretário-geral doConselho das ConferênciasEpiscopais da Europa.Os participantes englobam tambémos presidentes dos dicastérios daCúria Romana, bem como 45cardeais, bispos e padresselecionados pelo Papa, queaprovou ainda a escolha de 23peritos (‘adiutores secretariispecialis’), de 51 ouvintes(‘auditores’), lote no qual se incluem

17 casais de vários países (entreeles o Iraque). 14 representantes deoutras Igrejas cristãs vãoacompanhar o desenrolar daassembleia sinodal.Os trabalhos vão ser divididos emtrês semanas, abordando cada umadas partes do instrumento detrabalho (desafios, vocação emissão da família) com intervençõesgerais e trabalhos de grupo(círculos menores) semanais. OSínodo dos Bispos, convocado peloPapa, pode ser definido em termosgerais como uma assembleiaconsultiva de representantes dosepiscopados católicos de todo omundo.

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Papa pede orações para viagem a Cuba eEUA

O Papa pediu as orações doscatólicos pela sua próxima visita aCuba e aos Estados Unidos daAmérica, a mais longa atualpontificado, afirmando que parte“com grande esperança”. A décimaviagem internacional de Franciscovai decorrer a partir deste sábadoaté ao próximo dia 28, e incluiencontros com os presidentes dosdois países, um discurso na ONU,uma oração «ground zero» em NovaIorque e a participação nos atosconclusivos do Encontro Mundialdas Famílias 2015, na cidade norte-americana de Filadélfia.“Saúdo desde já com afeto o povocubano e o norte-americano que,guiados pelos seus pastores sepreparam espiritualmente”, disse oPapa. “Peço a todos que meacompanhem com a oração,invocando a luz e a força do EspíritoSanto e a intercessão de MariaSantíssima, padroeira de Cuba

como Virgem da Caridade do Cobre,e patrona dos Estados Unidos daAmérica, como ImaculadaConceição”, acrescentou.Francisco precisou que “o principalmotivo da viagem” é o oitavoEncontro Mundial das Famílias, emFiladélfia, recordando ainda o 70.ºaniversário da ONU.O programa prevê vários encontroscom sem-abrigo, famílias deimigrantes, detidos e membros dacomunidade hispânica. Franciscovisitará também o "Ground Zero",local dos atentados de 11 desetembro de 2001, em Nova Iorque,e vai canonizar um missionáriofranciscano espanhol, JuniperoSerra, que participou naevangelização da Califórnia noséculo XVIII.No total, estão previstas 26intervenções e sete voos queperfazem 19 mil quilómetros, aolongo de dez dias.

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Francisco apela a compromisso sobre Alterações Climáticas

Ângelus com o Papa Francisco

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Refugiados/migrantes: os DireitosHumanos ainda não são os Direitos daPessoa

José Luís Gonçalves Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

A crise humanitária a que a maior vaga derefugiados/migrantes desde a II Guerra Mundialdesafia a União Europeia a enfrentar veio por anu o grau de impreparação das nossascomunidades políticas no que à observância dosdireitos humanos diz respeito. As imagens diáriasque as televisões veiculam não deixam margempara dúvidas: a dignidade humana, expressa norosto de cada pessoa migrante, ainda não temum peso ético absoluto!Se os direitos humanos representaram a grandeconquista moral do Ocidente moderno, aevolução do gozo desses direitos permite,atualmente, a qualquer cidadão constituído empessoa jurídica a faculdade de reivindicarpoliticamente e com fundamento no direitopositivo, direitos universais para si e para outremem relação aos outros concidadãos. Estaprerrogativa assenta na correlação necessária evinculativa entre Estado-Nação-Cidadão. Deoutra forma, não seria possível saber quem é osujeito desses direitos (titularidade), que direitosesse sujeito reivindica (conteúdo) e em queComunidade de pertença, e nem ficaria claro queentidade os devia garantir-defender (Estado).Ora, quer os direitos-crédito (liberdades egarantias) quer os direitos de participaçãosupõem, então, a condição cidadã do sujeito, istoé, a sua “inscrição-autoria” responsável esolidária numa determinada comunidade políticaobtendo, em contrapartida, o reconhecimentojurídica e social da sua dignidade.

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Neste enquadramento,compreende-se a indiferença moralcom que se trata osrefugiados/migrantes: sem Estadoou Nação que os defenda, porqueexpulsos daqueles, e com a suacondição cidadã suspensa porausência de participação numacomunidade política própria –condição de possibilidade dareivindicação dos direitos -, estaspessoas regressam à pré-históriadas condições humanas mínimasque deram origem à declaraçãouniversal desses mesmos direitoshumanos! Como estesrefugiados/migrantes nãopertencem à esfera jurídica denenhum país europeu em concreto,os sucessivos adiamentos de umapolítica europeia integrada deacolhimento destas pessoasassume ser, na prática, umaconfissão de incompetência daEuropa para elaborar um sistemauniversalmente válido capazdemedir o valor de uma pessoa.

O que a situação dosrefugiados/migrantes vem denunciaré que, ao reconhecimento jurídicoda pessoa na esfera estatal – e dosrespetivos direitos humanos –, sedeviam acrescer as componenteséticas e solidárias provenientes dasoutras esferas da vida pessoal esocial, abrindo portas a uma salutarassimetria do reconhecimento doseu valor absoluto: como pessoas,somos iguais em valor/dignidade,para além de todas asparticularidades históricas!Advogamos que o princípio dodireito ético do estatuto de cadapessoa deve preceder o princípiodos direitos políticos, permitindoconstruir o universalismo dosdireitos da pessoa que proteja a suadignidade contra todas as formas dedesrespeito ou ameaças à suaintegridade. Se nós não lhes“emprestarmos a voz”, quemdefenderá a dignidade da pessoarefugiada/migrante com nome erosto concretos que bate à nossaporta?

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É tempo de sair...“Eis que faço novas todas as coisas”

(Ap. 21,5)Se é oportuno deixarmo-nossurpreender por Deus em todos osmomentos da nossa vida, não émenos oportuno saber que Deusage em todo o tempo. Por isso não falo de regressos, nemde tempos, nem de pausas, nem desilêncios… prefiro falar de um tempoordenado segundo as pautas dacriação, que o mesmo é dizer umnão parar de cuidar.Não raras vezes somos tentados aseparar a nossa vida de fé, e anossa vida quotidiana de cidadãos,e esquecemos que ser cristão é serprofundamente cidadão, agindo comum olhar desde dentro, que nosimplica a ser mais e melhores, nacerteza que Deus caminhaconnosco na história. A Fé, este dom, esta Alegria querecebemos de Cristo só pode serampliada com a nossa vida e onosso testemunho, para que naousadia da liberdade e da vidapossamos mostrar caridade “umcoração que vê” que é sem dúvida oque dá densidade à Esperança. Jesus revela-se ao ensinar, aolibertar, ao acolher, ao recriar, aoestar com,

em casa de…este seu modo novode fazer e de dizer é quechamamos Anunciar. É o legadoque temos o dever de proclamar ereplicar, este sentido forte de missãona construção de sociedades justase fraternas onde todos temos lugar.Agora é a nossa vez!O tempo de hoje, o já e o agora,exige saída de nós mesmos,abertura de mente, olhar amplo,intuição, “coração que vê” para nosdeixarmos interpelar pelas causascom o olhar de Jesus e a estaratentos para cuidar dos outros e domundo que habitamos ainda que emcartografias de rápidas e exigentestransformações.Próximos das IV Jornadas Nacionaisda Pastoral Juvenil a realizar nos dia25 e 26 de setembro no Semináriodo Verbo Divino em Fátima,queremos continuar e avivar estanecessidade de formaçãopermanente, junto dos AnimadoresJuvenis e dos Jovens, desafiando-nos a refletir sobre os jovens e ossinais de esperança de que eles sãoportadores, mas também das suasdúvidas e problemas que devemmerecer a nossa melhor atenção. Estas jornadas de formação, nãosão actos isolados, são reflexõesque complementam a formação aolongo

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dos anos pastorais, têm tido umpercurso direccionado: começámosem 2012 por abordar a pastoraljuvenil no contexto da“Nova Evangelização” – para umarenovação da pastoral juvenil emPortugal” com o saudoso P. RicardoTonelli (SDB), na I Jornadas com otema "Fé e Evangelização - ide efazei discípulos”. Movidos também pelo legadomissionário da JMJ Rio 2013 emunião e eclesialidade com as OMPdemos vida ao tema "Missão@dgentes - ide e anunciai" que nospermitiu ingressar numa visãorenovada, hoje necessária, paraacompanhar os jovens cristãos namissão da Igreja a partir do mundodigital, no meio de tantas questõesque se nos colocam: Comocomunicar a fé? Como a transmitirhoje? Os media: novos areópagos?Como é a relação entre os jovens ea Fé? Como é que a Igreja chegaaos jovens? A igreja ao encontro dooutro: que rosto, que interface, queambiente?

Este caminho trilhado em dinâmicasde procura, de partilha, departicipação implica uma reflexãosobre a vida como dom (que serecebe e se transmite) na família,que é fonte de vida e de entreajudana construção de um projecto defelicidade, assim o ano passado foitema "Família - um projeto”. E este ano, teremos como tema "Ojovem (t)em saída?" a misericórdiana pastoral juvenil, com a presençado responsável do sector juvenil doCPL Pe João Chagas.Que este seja um tempo de saída,de nos desinstalarmos, para nosinquietarmos e perceber que asrazões que ligam odesenvolvimento, o dom, os afectos,o próprio tempo e a vida, não sãoreceitas para outros, mas o nossocaminho, o nosso empenho de vidapessoal e comunitária.

Pe. Eduardo NovoDiretor do Departamento

Nacional da Pastoral Juvenil

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Uma semana “ad Limina”

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Durante uma semana acompanhei a visita “adLimina” dos bispos de Portugal ao Vaticano, emreportagem para a Ecclesia. Uma experiênciaque deixa muitas imagens, valoriza mensagens eprovoca espantos pelo que acontece em Roma.Anoto três situações: ImagensEscolho esta! Não só pela sua força e pelocontraste de cores. Sobretudo por uma conversaassociada. Uma das perguntas dirigidas aosbispos portugueses, no contexto da visita “adLimina”, estava frequentemente relacionada como “ir até junto da cúpula”, com o prestar contas àSanta Sé do trabalho desenvolvido nasdiferentes dioceses. Numa resposta, D. JoséCordeiro referiu que, com o Papa Francisco, acúpula parece estar “virada ao contrário”, ondenão há uma abóboda assente sobre um conjuntode colunas, mas um círculo, braços abertos quetêm os mesmos alicerces, onde todos se olhamnos olhos, como irmãos. MensagensNa década de 70, D. Manuel Martins fez aprimeira visita “ad Limina” ao Vaticano. Paulo VIera o Papa de então e, na conversa com osbispos portugueses, quis saber como viviam, seem palácios, rodeados de mordomias ou junto detodas as pessoas. 40 anos depois, o PapaFrancisco insiste nesse estilo próximo, nadeterminação de sair para todas as periferias ena necessidade de acolher todos. Afinal, é essaa conversão em curso em todos os tempos!

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NovidadesRoma está cada vez maispreenchida pelo turismo. O PapaFrancisco, o seu estilo próximo eautêntico atrai cristãos e nãocristãos de todo o mundo. Apresença de quem desconhece oambiente católico, nomeadamenteromano, é cada vez mais notória.Exemplo disso é a exaltação que semostra ao conseguir tirar uma“selfie” com um… padre ou umbispo. Talvez o objetivo fosseconseguir a fotografia com o Papa.Como só uma pequena minoriaconsegue, são os seus maispróximos colaboradores a “segundaescolha”.

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Jornadas Nacionais de Comunicação Social

‘Comunicação e Família: Partilha de afetos’. O tema escolhido

pela Igreja Católica em Portugal para as jornadas anuaisdedicadas ao setor das Comunicações Sociais segue a

orientação do Papa Francisco e antecipa muitas daspreocupações que vão estar em debate ao longo das próximas

semanas, nas quais decorrem o Encontro Mundial das Famílias eo Sínodo dos Bispos.

O dossier abre-se com uma entrevista ao cardeal-patriarca deLisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D.

Manuel Clemente, seguindo-se declarações de responsáveisnacionais e da Santa Sé ligados à pastoral das Comunicações

Sociais.D. Pio Alves, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, BensCulturais e Comunicações Sociais, considera que estas jornadas

vão “uma grande oportunidade para analisar a relação entre osmedia e a família, a partir de diferentes contributos”.

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E depois da visita “ad Limina”? O episcopado português realizou a sua visita ‘Ad Limina’ ao Vaticanoentre 07 a 12 de setembro. Foi um tempo de encontros na Santa Sé ecelebrações nas quatro Basílicas Maiores de Roma, onde os bisposse reuniram com o Papa Francisco e com os diversos dicastérios daCúria Romana para “pontuarem, acompanharem” a realidade daIgreja local com a Igreja Universal. Em entrevista à comunicaçãosocial, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. ManuelClemente analisa esta visita e as “palavras, o impulso” do encontrocom o Papa.

Agência Ecclesia (AE) – Em 2007, otema central da visita “ad Limina” foia formação cristã na adolescência ejuventude, um tema volta a marcar oencontro dos bispos portugueses noVaticano em 2015. Porquê na sua

opinião, o que leva o PapaFrancisco a retomar este tema?D. Manuel Clemente (MC) – Retomaeste assunto porque nós, bispos dePortugal, não desistimos. O PapaBento XVI fez eco do que lhe

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tínhamos apresentado, queprecisávamos de uma palavra deinspiração e confirmação porque emPortugal, como noutros países daantiga cristandade, estamos numaprofunda mutação e precisamos dereencontrar dinamismos deacompanhamento cristãos, espirituale até vocacional. O Papa deu-nosindicações nesse sentido.Agora voltamos a apresentar essasquestões no nosso relatóriodizendo: “Santo Padre estamosneste caminho e queremos maispalavras, um impulso”. E foi o queele fez. AE – Existem orientações concretaspara algum setor da pastoral?MC – Não há concretas porque

são gerais. Na Igreja de Roma, quepreside à caridade, dão-seimpressões gerais porque depois avida da Igreja decorrefundamentalmente nas Igrejasparticulares, à volta do respetivobispo que está em comunhão com oPapa.Não é ocasião para dar instruçõesparticulares a nenhuma diocese,nem a nenhum bispo, isso faz-se nodecurso do tempo. É mais parapontualizarmos o que estamos afazer.Nós costumamos até invocar apassagem do Novo Testamento emque o Apóstolo Paulo sentiunecessidade de ir a Jerusalém falarcom Pedro, Tiago e João para verse o que andava a fazer estavacerto com o que tinham feito.

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AE – Para pontualizar também como novo estilo de Francisco?MC – Digo mais acompanhar. OPapa contagia pela suapersonalidade, ele é muitoautêntico. Como o Papa João Paulocontagiava quando cá vínhamospela intensidade espiritual com queele vivia tudo, pela sua grandedevoção mariana, a sua fé sólida,profunda e contagiante. Depois oPapa Bento XVI pela sua delicadezapessoal, extrema sensibilidade eclareza de ideias e posição, que nosestimulava muito.O Papa Francisco com esta tónicana misericórdia, na procura dooutro, por mais perto ou mais longeque ande, percebendo que nemtodas as situações estão de acordocom o que é a proposta evangélica,mas temos de estar de acordo como que é o fundamento doEvangelho, o amor por todos e cadaum. A atitude que ele chama demisericórdia, ter um coração que sefaz pequeno com os pequenos ecom a pequenez da vida de tantagente.Com certeza que é muitoestimulante para nós e para todos.Não se trata de pontualizar porqueestamos todos nesta onda.

AE – Em concreto o que é que o D.Manuel Clemente leva para asociedade portuguesa, para a IgrejaCatólica em Portugal?MC – O aspeto espiritual das fontes,São Pedro e São Paulo, é muitoimportante. Além disso é umaoportunidade de nos encontrarmoscom o Santo Padre e com osorganismos da Igreja que dizemrespeito às três funções essenciaisda Igreja: à Palavra de Deus,catequese, doutrina, educaçãocatólica, escolas; a vida litúrgica esacramental da Igreja; e a suaprojeção externa que é a caridade,o sócio caritativo.Este conjunto de missões que temaqui os organismos centrais deapoio aquilo que se faz nas bases,nas Igreja locais, é uma ocasião porexcelência porque quando algumbispo, na sua diocese, tem algumaquestão, pode dirigir-se diretamenteao Vaticano (por escrito ou vem cá).Agora vimos todos, o que faz comque troquemos impressões esugestões que dizem respeito aoconjunto!É uma oportunidade depontualizarmos o que andamos afazer, pedirmos um ou outroesclarecimento acerca de assuntosque importem.

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- Qual a principal prioridade noregresso a Portugal depois da visita‘Ad Limina’?- Creio que a prioridade é a daatitude misericordiosa a passar paraas comunidades cristãs e comunsdos fiéis, isto é, percebermos quese estamos do lado de Deus,estamos do lado de todos. Éfundamental e tão óbvio no PapaFrancisco que ainda nos reforçamais neste sentimento comum.

E a centralidade da família, o apoioà família, a preparação, o sustentomaterial e espiritual, que quer dizeremprego, condições de vida. Estarao lado das famílias quando existemproblemas, não as abandonarmosnunca e fazermos das famílias ocentro da comunidade cristãs parasermos uma proposta para asociedade em geral.

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Comunicação e Família: Partilha deafetos

Caro(a) amigo(a)Votos de que o verão tenha proporcionadodias de descanso para um novo ano deatividade profissional e pastoral!Como é do seu conhecimento, a ComissãoEpiscopal da Cultura, Bens Culturais eComunicações Sociais promove as JornadasNacionais de Comunicação Social nos dias 24e 25 de setembro, organizadas peloSecretariado Nacional das ComunicaçõesSociais que o cónego João Aguiar Camposdirige.Em cada ano, estas Jornadas são umaoportunidade para analisar temáticasrelevantes relacionadas com os media, naagenda da sociedade e da Igreja. Este ano, areflexão em torno do tema “Comunicação e

família: partilha de afetos” é inspirado nas questões que permanentementemarcam o debate público e acontece no contexto do Sínodo dos Bispos quereúne em Roma representantes da Igreja Católica de todo o mundo paraanalisar a pastoral da Igreja Católica junto da família e na Mensagem doPapa para a última Jornada Mundial das Comunicações Sociais.Convido-o (a) a participar nestas Jornadas, cujo programa anexo! Acredito que será uma grande oportunidade para analisar a relação entre osmedia e a família, a partir de diferentes contributos!Com os melhores cumprimentos

D. Pio AlvesPresidente da Comissão Episcopal

da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais

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PROGRAMADia 24, Quinta-feira14h30 – AberturaD. Pio Alves, Presidente daComissão Episcopal da Cultura,Bens Culturais e ComunicaçõesSociais 15h00 – 17h00Painel 1 - Família na comunicaçãoModeradora – Ana Santos, jornalistada RTPPublicidade: Duarte Roquette, BARNovos media: Tito de Morais, Miúdosseguros na netJornalismo: Rita Carvalho, Jornalistado Sol 17h30 – 19h30Painel 2 – Família em comunicaçãoModeradora – Elisabete Carvalho,Jornalista do Apostolado da OraçãoDa rutura à comunicação – JoséGameiroComunicação num segundocasamento – Marília Monteiro Neto eVitor NetoComunicar com filhos comdeficiência – Eugénia e FernandoMagalhães (paróquia de Alfragide,em Lisboa, e pais de filha adotadacom deficiência) 19h30 – 20h00 - Partilha deprojetos 20h00 – Jantar 21h30 - M&M – Mostra Multimédia

Dia 25 de setembro, sexta-feira08:30 – Missa09:00 – Pequeno-almoço10:00Conferência: “Comunicação efamília”, D. Manuel ClementeModerador – Cónego João AguiarCampos, diretor do SecretariadoNacional das Comunicações Sociais 11h00 – Intervalo11h30 – Debate12h30EncerramentoD. Pio Alves, Presidente daComissão Episcopal da Cultura,Bens Culturais e ComunicaçõesSociais 13h00 - Almoço

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Valorizar a Comunicação,desenvolver a FamíliaO presidente do Conselho Pontifíciodas Comunicações Sociais (CPCS),organismo da Santa Sé queacompanha a atividades dos mediaem todo o mundo, considera que aIgreja Católica tem de assumir odesafio de estar junto das famíliasna sua ação educativa neste setor.“Na Pastoral Familiar, há que ajudaros pais a assumir a tarefa de ajudaros filhos a estar presentesresponsavelmente na internet”,refere D. Claudio Maria Celli, emdeclarações à Agência ECCLESIA.A Igreja é desafiada a estimular umamaior consciência dessaresponsabilidade, insiste. “Sei quequando os pais chegam a casaestão cansados, têm mil coisas parafazer, não têm muito tempo paradedicar aos filhos, especialmentequando eles navegam na internet”.“Não podemos ser ingénuos: temosde saber que para lá das riquezas,das possibilidades, há tambémaspetos negativos”, observa.Para o presidente do CPCS, oproblema de fundo “não é

tecnológico, é humano”.“Deveríamos procurar sempre queaquilo que os filhos vivem seja algoenriquecedor na sua humanidade,no seu crescimento”.“Hoje em dia, sem dúvida, as novastecnologias permitem dimensões deconhecimento, relacionais, muitoenriquecedoras”, assinala.Segundo este responsável, osnovos meios de comunicação“enriquecem”, com novaspossibilidades que permitem“acrescentar vínculos de comunhãocom os avós, por exemplo”. “Já vipessoas mais velhas queaprenderam a utilizar a internet parafalar com os netos”.“Todas as moedas têm duas faces.Sabe-se que há crianças de 10anos que passam entre 2 a 5 horasna internet e está tão interessadoem videojogos, por exemplo, quenão lhe interessar com os outros,com os pais, com os irmãos”,adverte.Nesse sentido, o arcebispo italianopede “muita sabedoria, que os paisse sintam mais responsáveis pelaeducação dos filhos”.

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“Quando eu era criança, os meuspais diziam-me: ‘isto sim, isto não’. Equando era não, eu ia para a cama.Hoje em dia, mais de 70% dascrianças europeias navegam nainternet sem a presença dos pais”,recorda. Mensagem do Papa Franciscopara 49.º Dia Mundial dasComunicações Sociais

“Mais do que em qualquer outrolugar, é na família que, vivendojuntos no dia a dia, seexperimentam as limitaçõespróprias e alheias, os pequenose grandes problemas dacoexistência e do pôr-se deacordo. Não existe a famíliaperfeita, mas não é preciso termedo da imperfeição, dafragilidade, nem mesmo dosconflitos; preciso é aprender aenfrentá-los de formaconstrutiva”.

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Para o arcebispo Claudio Celli, aIgreja na sua dimensãocomunicativa tem a tarefa de “dizera verdade sobre o homem”, umaafirmação típica de Bento XVI. “Hámomentos em que é precisodefender o homem, nas suasdimensões mais ricas, maisprofundas, mais verdadeiras,porque às vezes a sociedade dehoje é mais levada a destruir ohomem”.O Papa Francisco no seu primeiro

encontro com os jornalistas, disseque estes deveriam ser sempre“fiéis” à “verdade”, à “bondade” e à“beleza”. “Existe uma unidadeprofunda entre o que é verdadeiro,o que é bom e o que é belo. Há quelutar por isto”.D. Claudio Celli reconhece que háuma atenção “profunda” aosensinamentos do Papa, nas suasvárias vertentes, que incluem achamada “ecologia

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humana”. “Esta é uma grandemissão da Igreja no contextocomunicativo de hoje”.“A família não é apenas um tema doqual se fala. Gostaria que as família,nos media, pudessem falar de sipróprias”, acrescenta.O responsável admite que quandose fala destas problemáticas, há atendência de pensar nasdificuldades, “mas nas famíliastambém há grandes testemunhos deamor, de entrega, degenerosidades”. “Nos meios decomunicação e cas redes sociais asfamílias poderiam falar delas esurgiriam coisas muito mais bonitasdo que imaginamos. Conhecemos oditado ‘faz mais barulho uma árvoreque cai do que uma floresta quecresce’. E é verdade”.

Nesse sentido, apela à valorizaçãodo que é “bom, bonito, positivo” nacaminhada dos casais, das famílias:“Gostaria que os meios decomunicação pudessem serverdadeiramente uma plataformapara que as famílias pudessemfalar”.D. Claudio Celli, um dos membrosdo próximo Sínodo dos Bispos sobrea família, fala desta assembleiacomo uma oportunidade para “ouviros pastores da Igreja”, comreflexões sobre os “anseios,dificuldades, esperanças, lutas” queas famílias enfrentam no mundo dehoje.“Pessoalmente, gostei muito dooutro Sínodo [2014] e penso queeste também vai ser muitoproveitoso, enriquecedor”, adianta.

(Instrumento de trabalho do Sínodo dos Bispos 2015)

“Cada família, inserida no contexto eclesial, volte a descobrir a alegria dacomunhão com outras famílias para servir o bem comum da sociedade,promovendo uma política, uma economia e uma cultura ao serviço dafamília, inclusive através do recurso às redes sociais e aos meios decomunicação”.

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O presidente do CPCS sublinhouque a Igreja Católica tem devalorizar a presença no mundodigital. “No ambiente digital, nasredes sociais, a Igreja podeanunciar Jesus Cristo”.Segundo o arcebispo italiano, aIgreja em Portugal tem os mesmosdesafios que enfrentam as outrasIgrejas dos outros grandes paíseseuropeus, por exemplo”. “Sei de umpároco em Espanha, por exemplo,que abriu um lindíssimo site, daparóquia. Foi muito inteligente opároco e o site também era. Eledizia-me, a sorrir, que o sítio onlinetinha mais visitas do que a Missa dodomingo”, observou.Para o presidente do CPCS, asComunicações Sociais podem ser“um ambiente onde, quem recorreàs grandes autoestradas digitaisdeste mundo, pode encontrartambém Jesus Cristo”, considerandograve “se não houver alguém queali dê testemunho”.“O Papa di-lo de uma maneira muitoprovocadora, mas autêntica: não sebombardeia a rede social commensagens religiosas. Nós nãofazemos publicidade, não fazemosuma ação de proselitismo, o

importante é que os discípulos doSenhor que moram no continentedigital deem testemunho com o queescrevem, com o que colocamdentro dos seus sites, dos seusperfis”, explica.“Tem de ser algo positivo”, assinalaainda.Desta forma, acredita D. ClaudioCelli, muitas pessoas poderãodescobrir o Senhor e tudo o que depositivo, de belo, é Jesus Cristo nasua vida, através do testemunho detantos discípulos que vivem nomesmo continente digital”. Estapresença nas plataformas digitaisexige um duplo dinamismo, de“testemunho” e de “profissionalismo”.“De um lado há a exigência detestemunho - o homem de hojeescuta com maior gosto umatestemunha do que um mestre -,mas também, nas redes sociais, aIgreja deveria estar presente comgrande profissionalismo”, refere oresponsável da Santa Sé.“Não estamos a anunciar umproduto, anunciamos o Senhor davida e temos de o fazer com osmelhores meios que tivermos”,acrescentou.

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Mensagem do Papa Francisco para 49.º Dia Mundial das ComunicaçõesSociais

“A família mais bela, protagonista e não problema, é aquela que, partindodo testemunho, sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamentoentre o homem e a mulher, entre pais e filhos. Não lutemos para defendero passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos osambientes onde diariamente nos encontramos, para construir o futuro”.

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Sociedade precisa de reaprendera linguagem do «coração»O diretor do Secretariado Nacionaldas Comunicações Sociais (SNCS)da Igreja Católica em Portugalconsidera que as próximas jornadasnacionais quer concretizar osdesafios deixados pelo PapaFrancisco, a poucos dias doEncontro Mundial das Famílias e daassembleia do Sínodo dos Bispossobre este mesmo tema.O tema “Comunicação e Família:Partilha de afetos” parte damensagem do Papa para o DiaMundial das Comunicações Sociais.“A mensagem é normalmente tãorica que se não houver apreocupação de a aprofundar, de aestudar, corre o risco de acontecercomo a outros documentos daIgreja, a gente visita-os, por venturacita-os mas não os vive, não os levaà pastoral diária”, diz o padre JoãoAguiar, em declarações à AgênciaECCLESIA.“Nós queremos efetivamente queeste desafio do Papa se concretizee partilhe nos afetos, na família, quea família viva na comunicação e emcomunicação”, acrescenta.Além deste caráter de reflexão e de

estudo sobre a própria mensagemdo Papa, glosando-a emdeterminadas e diferentes direções,esta iniciativa “também é ummomento de alegre convívio entreprofissionais”, não apenas dacomunicação social dita crente oucatólica.“Fazer pontes, servir o diálogo, acultura, a paz, a abertura docoração ao outro não ésimplesmente uma questão deacreditar ou não. É uma questão dehumanidade, e sendo o homem umcaminho da Igreja, nós nãopoderíamos deixar de estarpresentes neste caminho”, assinalao diretor do SNCS.Em Fátima, o organismo vaiprocurar chamar esta temática dafamília para a comunicação social,de uma forma positiva, contrariandoa tendência de limitar estesassuntos a “momentos mais difíceisou dramáticos”.“Costumo dizer que é muito notícia aviolência e é pouco notícia o beijo, ese fossemos a fazer uma estatísticasobre o número de violências ousobre o número de beijos, dedesafetos ou de afetos, acreditosinceramente

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que são mais aqueles que se amamdo que aqueles que sedesconhecem ou odeiam”, sublinhao padre João Aguiar.“Sem esconder que há violência,que há desamor ou desestruturaçãofamiliar, vamos também ao encontrode todos aqueles que vivem nas

mais diversas circunstâncias umafeto visível, palpável, alegre,mesmo quando sacrificado”,prossegue.Segundo este responsável, o amoré a capacidade de “renunciar ou deoferecer tudo o mais” em benefíciode alguém.

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No primeiro dia das jornadas há doispainéis, “a família em comunicação”e “a família na comunicação”, parasublinhar que é na família que seaprende a comunicar.“A família é o primeiro espaço desocialização, onde o ‘eu’ despertapara o ‘nós’, onde aprendemos aser nós sem deixarmos de ser eu.Aliás, educar é precisamente estagrande responsabilidade, de ajudaro outro a ser ele próprio, educarescreve-se com ‘e’, não com ‘i’. Seescrevesse

com ‘i’, educar era impingir, erameter lá dentro alguma coisa que ooutro tem que ser. Educar escreve-se com ‘e’, significa conduzir parafora, ajudar a mostrar aquilo que ooutro é”, observa o diretor do SNCS.O sacerdote recorre à natureza parasublinhar que “ninguém mete ocastanheiro na castanha”, ou seja, oque é necessário é criar condiçõespara que uma semente possa serárvore e possa mostrar-se.“Ensinar, pode-se porventura

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ensinar uma turma toda ao mesmotempo; educar é individualmente,porque para educar eu preciso desaber a riqueza que tu tens, oindivíduo que tu és, para te ajudar aser”, refere.O padre João Aguiar recorda que,nas famílias, os pais não tiram“fotocópias” de si mesmos e estãodiariamente perante o “mistério dooutro”. “Se a família não meconcede a liberdade de ser eu,acaba por me atrofiar em vez de meajudar a crescer, daí a palavra, daíos silêncios, daí o exemplo, daí acorreção, o louvor, todas essascoisas que às vezesdesaprendemos de dizer mas que éurgente que digamos de olhos nosolhos”.A vida das sociedadescontemporâneas é marcada por um

contexto em que também porque secomunica de outras maneiras e faltao tempo.“As novas tecnologias, que sãovaliosas na perspetiva de noscolocarem em contacto com quemestá longe, se não forem bemusadas podem levar-nos aoisolamento de quem está perto”,alerta o diretor do SNCS.“O filho tem um problema e a gentediz-lhe ‘ó filho agora cala-te, calma,cala-te porque está a dar otelejornal ou um noticiário qualquer,porque estamos na minhatelenovela preferida, cala-te porquevem aí um debate, porque estoucansado, cala-te, cala-te, cala-te’.Isto é, nas nossas casas quem éque tem liberdade absoluta de falar?”, diz ainda.

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As jornadas vão procurar perceberonde é que a Igreja pode ajudar asfamílias que se deparam com estasbarreiras. “A Igreja tem de dizer quea pessoa é o centro, é o centro detudo, e se na família estamospreocupados com a renda, com istocom aquilo, com um conjunto decoisas legítimas, temos em primeirolugar de estar preocupados com aspessoas que estão ao nosso lado”,sustenta o diretor do SNCS.

Nesse sentido, assinala que épreciso estar no centro da vida unsdos outros e assim “o silêncio ou apalavra funcionarão com igualnormalidade, até porque o silênciorefletido ou a palavra refletida,depois de refletidos tudo o restopassa a ser diferente daquilo queera antes”.“A palavra pensada passa a serdiferente do palavreado ou daemoção solta, e o silêncio pensadodeixou de ser comodismo para serfecundidade

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daquilo que vem a seguir”,prossegue.O sacerdote vê a família de hojenão como “um grupo” onde aspessoas se têm de suportar umasàs outras, mas como pessoas quese amam e que se querem, e queindependentemente de não seterem escolhido, “aceitam que vêmdessa árvore e têm gratidão portudo aquilo que efetivamente eafetivamente receberam”.Como crente, fala da família comouma “Igreja doméstica” que nosseus vários “altares” constroemneste espaço “um amor que, vividono contexto da família, extravasapara

fora”.“Nós vivemos tanto a alegria desermos aquilo que somos quevamos testemunhar aquilo quesomos. Há anos estive numasjornadas de pastoral familiar em VilaNova de Famalicão e ficou-me namemória um cartaz que estava aofundo da sala: Tinha um coração àjanela, era uma casa de famíliaqualquer e o coração estava àjanela. A ternura à janela, o amor àjanela, e quem passasse na ruaolhava para aquela janela epercebia qual era o espírito queestava do lado de dentro daquelacasa”, recorda.

COMUNICAR COM OS AFETOS“Eu gostava que as nossas famílias tivessem o coração à janela, porquetambém para elas aquele comentário que afinal foi dirigido a todos oscristãos, que está nos Atos dos Apóstolos dito por alguém, pelos pagãos,‘Vede como eles se amam’. Se nós começarmos a ver como vivem noamor os nossos pais, os nossos avós, como se vive o amor das geraçõesnas nossas famílias, talvez acreditemos no futuro, afirmemos claramenteo futuro da família e a eternidade dos afetos”.

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Os desafios de comunicação para afamíliaOs desafios da comunicação emdiferentes realidades foramanalisados pelo Papa na suamensagem para o Dia Mundial dasComunicações Sociais 2015. Namensagem, Francisco aponta aimportância de “aprender a narrar”,num desafio lançado a todas aspessoas para que não se tornemapenas consumidores deinformação mas narradores doquotidiano.“Narrar significa hierarquizar e issoimplica uma capacidade crítica deescolha. Consumir informação ésaber escolher”, explica à AgênciaECCLESIA o jornalista e editor daAgência Lusa, Paulo Agostinho.Na mensagem, Francisco recorda otempo de gestação da vida humanacomo o primeiro momento em que acomunicação acontece. “O pai que

fala com a criança muitas vezesatravés do abdómen da mãe.Depois de o bebé nascer, entrevários homens com o mesmo timbrede voz, o bebé vai reagir ao timbreda voz do pai que durante muitasvezes falou consigo durante agestação”, traduz o médico obstetraJoão Paulo Malta.A comunicação nas famílias comfilhos deficientes é, para o Papa, umdesafio acrescido na partilha deafetos e espiritualidade. “Nãosabemos qual a perceção que elatem de Deus e de tudo isto mas temo essencial que é a vivência doDeus-amor nos gestos concretos dafamília e dos que lhe são maispróximos e se dedicam a ela”, afirmaConceição Martins, mãe de Ana,uma criança de 15 anos comdeficiência.

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8º Dia

O Secretariado Nacional dasComunicações Sociais iniciou nestemês de setembro a produção erealização do programa “8º Dia”,que a TVI emiti semanalmente aodomingo, agora imediatamenteantes da transmissão da EucaristiaDominical.O programa “8º Dia” é uma ideia docónego António Rego e representaum marco da produção religiosatelevisiva em Portugal. Iniciou em1994 e teve por autor e realizadoraté agosto de 2015 o própriocónego António Rego, que a maiorparte das vezes era também orepórter de imagem, autor dostextos e editor de vídeo.

De acordo com o autor do “8º Dia”,não se trata de um programa deinformação, nem tem um“compromisso sequencial”, de “diasmundiais disto ou aquilo”, porque“parte do pressuposto que há outrosa fazer isso”. O “8º Dia” mostrareportagens nacionais einternacionais sobre a situação doscristãos e sobre questões culturais,estéticas, simbólicas”.Numa nova etapa na história doprograma, o Secretariado Nacionaldas Comunicações Sociais criouuma equipa para produzir esteprograma, mantendo a identidadeeditorial, simbólica e televisiva.

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Uma casa rica de misericórdiaO Evangelho de Lucas em famíliaCom o Jubileu da Misericórdia achegar, a PAULUS Editoraapresenta o novo livro dopresidente do Conselho Pontifíciopara a Família. Uma casa rica demisericórdia pretende ser umaajuda para ler o Evangelho de SãoLucas, em família, todos os dias.Vincenzo Paglia considera oEvangelho a força e o tesouro maisprecioso da Igreja e convida todasas famílias a pegarem noEvangelho, a lerem-no e a meditá-lo, para construírem uma novafraternidade entre as pessoas euma nova solidariedade entre asfamílias. Este texto, por muitos chamado o«Evangelho da Misericórdia», éindicado pelo Papa Francisco comoaquele que nos deve acompanharde modo particular durante o Jubileuda Misericórdiade 2016. Refere D. Vicenzo Pagliaque «no início deste terceiro miléniodevemos voltar a fazer o mesmoque nas origens do cristianismo:tomar o Evangelho nas nossasmãos, também nas nossas famílias,e reconstruir uma nova fraternidadeentre as pessoas, uma novasolidariedade entre as

famílias, para poder anunciar a “boanova” do amor de Deus a todos». Diz o presidente do ConselhoPontifício para a Família que «éindispensável tomar na mão oEvangelho e escutá-lo comrenovada atenção para termos ummundo mais fraterno, mais solidário,mais humano».

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Para D. Vincenzo Paglia, «ainsegurança e o medo que marcama vida deste nosso mundo, asincríveis injustiças que laceram avida de tantos povos, a violênciaque se parece espalhar sem travãoaté mesmo dentro das nossascasas, os conflitos e as guerras queainda continuam a ceifar vidasinocentes, só podem serultrapassados graças aoEvangelho». Mas o prelado alertaque os cristãos correm o risco deestar entre os que não creem naforça do Evangelho que transformae se resignam à tristeza dos tempos.

Refere D. Vincenzo Paglia que«é urgente voltar a ouvir com paixãoa “alegre notícia”, a começar pelasfamílias».Nesse pequeno livro estão contidoso pensamento de Jesus, o seucoração, a sua compaixão, a suamansidão, a sua força. Quem oouve com coração, torna-se forte.Se queremos construir com solidez avida da nossa família, como tambéma da inteira sociedade, retomemos ohábito de nos nutrirmos todos osdias com o Evangelho. É a rochafirme sobre a qual podemos apoiar anossa esperança.

FICHA TÉCNICAFicha Técnica Título: Uma casa rica de misericórdia Autor: Vincenzo Paglia – Presidente do Conselho Pontifício para aFamília Coleção: Vida Familiar Secção: Família Formato: 14 cm × 22 cm Páginas: 152 Editora: Paulus Editora ISBN: 9789723018912Preço: 10,00 €

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II Concílio do Vaticano: O papel dosleigos na descristianização crescente

Com o II Concílio do Vaticano (1962-65), os leigosganharam preponderância no seio da Igreja. Depoisdas reflexões desta assembleia magna, convocadapelo Papa João XXIII, os documentos publicadosreferem com frequência a «promoção do laicado».Num artigo da revista «Brotéria» de Setembro de1965, frei Bento Domingues refere que a expressão«promoção do laicado» é em si “equívoca” na medidaque adianta duas suposições.“A Igreja precisa dos leigos, a fim de enfrentarsituações novas em que se acentua um processo dedescristianização crescente” e para tal promove osleigos, isto é, “confere-lhe um lugar e uma missãomais latos, sem outras preocupações”, mas tambémpode acontecer que, “por força de uma maiorconsciencialização” da sua situação face ao mundo, aigreja sinta agora a “necessidade de umaredescoberta do laicado e do seu lugar e funçõeseclesiais, o que pressupõe a redescoberta de umaeclesiologia”, escreveu o teólogo dominicano narevista «Brotéria».No artigo, intitulado «Os leigos na igreja», frei BentoDomingues sublinha que os documentos conciliarescolocam o leigo noutro patamar. Apesar de todos osequívocos “reais ou imaginários”, dois pontosmerecem ser considerados: “Os leigos desempenham,ou têm de desempenhar, uma missão; e, segundoponto, uma missão no mundo”. Neste contexto,admite-se que nem o mundo nem os leigos sãodestituídos de significação na Igreja. A descobertadeste significado ou as tentativas feitas para taldescoberta foram motivadas pela

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própria “situação de impasse emque a Igreja se encontrava face aomundo”, situação essa que, aliás,ditou todo um reexame teológico danatureza da Igreja e da sua missão,da hierarquia, do sacerdócio, dolaicado, do mundo e das suasmútuas relações.Para tal, para apreciarmos oalcance de uma “apresentaçãocorreta da Igreja”, basta comparar aimagem que esta tinha antes do IIConcílio do Vaticano e aquela que,hoje, nos transmite a constituição«Lumen Gentium». O filósofofrancês, Edouard le Roy (1870-1954) chegou a

referir-se aos leigos, antes daassembleia magna, que “os simplesfiéis não têm senão o papel doscordeiros da Candelária: benzem-nos e tosquiam-nos”.O teólogo dominicano, frei BentoDomingues, que todos os domingosnos presenteia no jornal «Público»,um comentário sobre a realidadeeclesial salienta, no artigo da revistacitada, que os documentosconciliares são o fruto de muitasreflexões de “alguns pioneiros quesofreram e lutaram no meio deangústias e incompreensões”. FreiBento Domingues sabe do que fala…

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setembro 2015 Dia 18 Setembro* Lamego - Casa de São José -Reunião do colégio de arciprestes * Braga – UCP - Seminário sobre«Sustentabilidade na EconomiaSocial» * Lisboa - Claustro Padre AntónioVieira do Museu de São Roque -Secretário de Estado da Cultura,Jorge Barreto Xavier, condecora ohistoriador e ensaísta, JoséEduardo Franco, com a Medalha deMérito Cultural.

* Porto - Convento de Cristo Rei -Conferência sobre «Uma Igrejapobre ao serviço dos pobres» porfrei Gonçalo Diniz, OP

* Guarda – Covilhã - Lançamento dolivro do padre José de Sousa SJsobre a sua experiência missionáriaem Angola com apresentação de D.Manuel Felício, Bispo da Guarda.

* Lisboa - Mercado de Alcântara -Mercado do Voluntariadoorganizado pela ConfederaçãoPortuguesa do Voluntariado (com oenvolvimento

do CNE), Comunidade Vida e Paz eCâmara Municipal de Lisboa, com oapoio da Junta de Freguesia deAlcântara e integrado no âmbito doprograma da Capital Europeia doVoluntariado Lisboa 2015. (18 e 19)

* Fátima - Centro Bíblico doscapuchinhos - Iniciativa «Umaviagem do Génesis ao Apocalipse»por Frei Fernando Ventura (18 a20)

Dia 19 Setembro* Guarda – Sabugal - Encontro dosconsagrados naturais do Sabugal(Diocese da Guarda) com o tema«Ano da Vida Consagrada – Olharcom gratidão o passado...Viver compaixão o presente... Abraçar comesperança o futuro».

* Fátima - Encontro nacional daFamília Salesiana

* Vaticano - Encerramento doencontro mundial de JovensConsagrados.

* Braga – Sé - D. Jorge Ortiga dá aBênção aos peregrinos que partemda Sé de Braga até a Santiago deCompostela.

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* Fátima - Encontro da PastoralNacional do Ensino Superior

* Lamego - Igreja Paroquial deSanta Maria de Almacave - Vigília deoração pelos refugiados com apresença de D. António Couto.

* Lisboa - Cascais (HipódromoManuel Possolo) - Iniciativa «FamilyLand» promovida pela AssociaçãoPortuguesa de Famílias Numerosas(19 e 20)

* Fátima - Centro Pastoral Paulo VI- Jornadas Missionárias 2015 com otema «Missão Sempre e em todasas frentes. AdGentes e Igrejasparticulares». (19 e 20)

* Viagem do Papa aos EUA e aCuba (19 a 27)

Dia 20 Setembro* Fátima - Encontro nacional daComunidade Luz e Vida

* Braga - Santuário do Sameiro - ODepartamento Arquidiocesano daPastoral da Saúde deBraga promove a «Peregrinaçãodos Frágeis» ao Santuário doSameiro.

* Viana do Castelo - AssembleiaDiocesana de Catequistas

* Lisboa – Sé - Sessão do ciclo deconcertos do órgão da Sé Patriarcalde Lisboa

* Lisboa - Torres Vedras (Casa deEspiritualidade do Turcifal) -Congresso mundial dos formadoresde Seminários Scalabrinianos (20 a27)

* Semana Nacional da EducaçãoCristã (20 a 27)

Dia 21 Setembro* Beja - Encontro do Clero daDiocese de Beja

* Viseu - Vários espaços do centrohistórico da cidade - Inauguração daexposição «Entre Deus e osHomens - Arte na Igreja de Viseu»integrada nos 500 anos dadedicação da catedral e conclusãodo sínodo.

* Porto – UCP - Conferência sobre«Padre Américo Monteiro de Aguiar(1887-1956): Da Teologia à "Obra"»por Luís Leal e integrada noSeminário «Dos Homens e daMemória: os tempos da Diocese doPorto» promovido pelo Centro deEstudos de História Religiosa(CEHR) da Universidade CatólicaPortuguesa (UCP), no polo do Porto

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Nos dias 19 e 20 de setembro decorrem em Fátima asJornadas Missionárias 2015 com o tema «MissãoSempre e em todas as frentes. AdGentes e Igrejasparticulares». Nos mesmos dias Cascais (no Hipódromo ManuelPossolo) recebe a Iniciativa «Family Land» promovidapela Associação Portuguesa de Famílias Numerosas,uma proposta de diversão e encontro em família. Inicia no domingo, 20 de setembro, a Semana Nacionalda Educação Cristã, que este ano tem como tema“felizes os misericordiosos porque alcançarão amisericórdia” e aponta pistas para este ano damisericordia a ser vivido nas famílias, catequeses,aulas de EMRC e escolas católicas. De 19 a 27 de setembro o Papa Francisco vai fazer asua Viagem aos EUA e a Cuba, que inclui encontroscom os presidentes dos dois países e uma oração«ground zero» em Nova Iorque. De 22 a 27 de setembro acontece nos Estados Unidosda América – Filadélfia – o Encontro Mundial dasFamílias com o tema «O amor é a nossa missão: aFamília plenamente viva!», o maior encontro católicode famílias do mundo.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingos, 20 de setembro- Imagens e mensagens davisita "ad Limina" dos bisposde Portugal ao Vaticano. RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 21 -Entrevista ao padre RuiAlberto sobre a transmisão dafé às novas gerações;Terça-feira, dia 22 -Informação e entrevista aCristina Sá Carvalho sobre aSemana Nacional daEducação Cristã;Quarta-feira, dia 23 - Informação e entrevista aocónego João aguiar Campos sobre as JornadasNacionais de Comunicação Social;Quinta-feira, dia 24 - Informação e entrevista aopadre Eduardo Novo sobre as Jornadas de PastoralJuvenil;Sex-feira, dia 18 - Análise às leituras bíblicas dasmissas de domingo com padre Armindo Vaz e frei JoséNunes Antena 1Domingo, dia 20 de setembro - 06h00 -Apresentação da Semana Nacional da EducaçãoCristã, com o tema "Felizes os Misericordiosos porquealcançarão misericórdia" e feedback da visita AdLimina dos Bispos portugueses ao Vaticano. Análise àliturgia pelo P. Manuel Barbosa. Segunda a sexta-feira, 21 a 25 de setembro - 22h45 - Os novos manuais de Educação Moral eReligiosa Católica; 24 e 25 de setembro - JornadasNacionais das Comunicações Sociais.

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Ano B - 25.º Domingo do tempoComum Viver nasabedoria deDeus

A liturgia deste 25.º Domingo do Tempo Comumconvida-nos a prescindir da sabedoria do mundo e aescolher a sabedoria de Deus. Só esta conduz apessoa à vida plena, à felicidade sem fim.Na primeira leitura vemos que escolher a sabedoria deDeus provoca o ódio do mundo, o sofrimento e aperseguição. Mas isso não nos deve fazer desanimar.O Evangelho apresenta-nos uma história de confrontoentre a sabedoria de Deus e a sabedoria do mundo.Jesus está disposto a aceitar o projeto do Pai e a fazerda sua vida um dom de amor aos homens. Osdiscípulos, imbuídos da lógica do mundo, não têmdificuldade em entender essa opção e emcomprometer-se com esse projeto. Jesus avisa-os,contudo, de que só há lugar na comunidade cristãpara quem escuta os desafios de Deus e aceita fazerda vida um serviço aos irmãos, particularmente aoshumildes, aos pequenos, aos pobres.Fiquemos uns instantes na segunda leitura de SãoTiago. Depois de dizer que a sabedoria do mundogera inveja, contendas, falsidade, rivalidade,desordem e toda a espécie de más ações, afirma: «Asabedoria que vem do alto é pura, pacífica,compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e deboas obras, imparcial e sem hipocrisia».São aqui apresentadas sete qualidades da sabedoria,número que significa perfeição, plenitude. Somosassim convidados a seguir um caminho de perfeição,de realização total, de vida plena.Se quisermos viver em paz, em comunhão com Deus,devemos acolher e viver segundo a sabedoria deDeus.São Tiago relaciona ainda a sabedoria com a oração.Quando o nosso coração está cheio da sabedoria domundo, a nossa oração torna-se um monólogoegoísta,

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uma pedinchice de coisas que sedestinam a satisfazer as nossaspaixões, as nossas ambições, osnossos interesses pessoais.Antes de falar com Deus,precisamos de mudar o nossocoração, de reequacionar os nossosvalores e as nossas prioridades, deaprender a ver o mundo e a vidacom os olhos de Deus. Só então anossa oração será um diálogo deamor e de comunhão, através doqual escutamos Deus, percebemosos seus planos, acolhemos essavida que Ele nos quer oferecer.A propósito, há alguns anos osBispos portugueses emitiram umabreve

Nota sobre a missão da Igrejanum País em crise. Em duaspassagens apela-se à sabedoriacomo orientação para osgovernantes e todos os cidadãos.Como isso vem tão a propósitodeste tempo para o nosso País emcampanha eleitoral.Para nós, esta sabedoria só podevir de Deus, que nos convida àprioridade na busca do bem-comum,à estabilidade cívica e política, aorespeito pela verdade, àgenerosidade lúcida. Que tudo issoseja rezado e praticado por todosnós.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.pt

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Aposta na Família para superarcolonização do dinheiroO Papa defendeu no Vaticano anecessidade de colocar a família nocentro das políticas públicas e davida social como forma de contrariara “colonização do dinheiro”. “Nomeio de uma civilização fortementemarcada por uma sociedadeadministrada pela tecnologiaeconómica, onde a subordinação daética à lógica do lucro goza de umgrande apoio mediático, torna-secada vez más necessária uma novaaliança entre o homem e a mulher,que liberte os povos da colonizaçãodo dinheiro e das colonizaçõesideológicas”, declarou, perantecerca de 30 mil pessoas reunidasna Praça de São Pedro.Francisco encerrou nesta audiênciapública um ciclo de catequesessobre a família, iniciado emdezembro de 2014, como forma depreparação para o próximo Sínododos Bispos (4-25 de outubro) e o 8.ºEncontro Mundial das Famílias (22-27 de setembro, Filadélfia, EUA).O Papa sustenta que esta “novaaliança” homem-mulher tem de“orientar a política, a economia

e a convivência civil” para que aterra seja “um lugar habitável, ondese transmita a vida e se perpetue onexo entre a memória e aesperança”.Após a assembleia extraordinária doSínodo dos Bispos, sobre a família,em 2014, Francisco proferiu 28catequeses e uma oraçãodedicadas a este tema. Naconclusão deste ciclo, o Paparecordou que a família está “noinício, na base da cultura mundial”que pode salvar a humanidade “detantos ataques, destruições,colonizações, como a do dinheiro ea das ideologias que tanto ameaçamo mundo”.Francisco questionou depois os“muitos lugares comuns, às vezesofensivos”, sobre a “mulhersedutora que inspira o mal”. “Pelocontrário, há espaço para umateologia da mulher que esteja àaltura desta bênção de Deus”,observou, a qual se estende a“todos os seres humanos até o fimda história”.

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8º Encontro Mundial das FamíliasO encontro mundial tem início marcado para 22 de setembro, com umcongresso temático que se prolonga até ao dia 25 desse mês, seguindo-se os dias de oração e encontro com Francisco, em volta do tema ‘Oamor é a nossa missão: a família plenamente viva’.Na noite de 26 de setembro, o EMF vai celebrar um “festival intercultural”,com a presença confirmada de Aretha Franklin, do cantor colombianoJuanes e do tenor italiano Andrea Bocelli. O dia 27 começa junto dosbispos convidados para o 8.º EMF, continuando com uma visita aosdetidos do Instituto ‘Curran-Fromhold’, para menores.O Papa preside à Missa conclusiva do EMF 2015 no Benjamin FranklinParkway, naquele que é o último ato público da décima viagem aoestrangeiro deste pontificado.

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Seguindo o exemplo dos mártiresO Papa enalteceu esta quinta-feirao exemplo dos mártires de hoje,durante um encontro no Vaticanocom cinco mil participantes doEncontro Mundial de JovensConsagrados, a decorrer em Roma.“Há dias, na Praça São Pedro, umsacerdote iraquiano aproximou-sede mim e deu-me uma pequenacruz, uma cruz que um sacerdotetinha consigo quando foi degoladopor não renegar a sua fé em JesusCristo. É esta cruz que eu trago aquià luz dos testemunhos dos nossosmártires de hoje, que são mais doque os mártires do primeiro século,e também dos mártires do Iraque eda Síria”, frisou Francisco.Sob o mote “Despertai o mundo”, oEncontro Mundial para JovensConsagrados está inserido no Anoda Vida Consagrada, um projetoque a Igreja Católica está apromover para dar novo fôlego àmissão e aos projetos de todos osinstitutos religiosos.Na audiência com os jovensconsagrados, o Papa argentinosalientou a importância dascongregações não deixarem que a“observância rígida” das “regras”retire aos religiosos o espirito de

iniciativa, a “liberdade” para abrirnovos horizontes de missão. “Umamãe que educa os filhos comrigidez, não deixa os filhos sonhar,crescer, anula o futuro criativo dosfilhos. Esses filhos serão estéreis.Também a vida consagrada podeser estéril quando não é profética,quando não se permite de sonhar”,frisou Francisco.Neste contexto, o Papa lembrou oexemplo de Santa Teresa do MeninoJesus, padroeira das Missões, queapesar de fechada num convento“não perdeu a capacidade desonhar”. “Não perdeu o horizonte.Nunca perdeu a capacidade decontemplação. Profecia ecapacidade de sonhar é o contrárioda rigidez. A observância não deveser rígida, se é rígida não éobservância, mas egoísmo pessoal”,complementou.Sobre a situação dos consagradosno mundo atual, Francisco apontouque “num tempo muito instável”,marcado pela “cultura doprovisório”, que também “entrou naIgreja, nas comunidades religiosas,nas famílias e no matrimónio”, épreciso saber propor “a cultura dodefinitivo”. “O Senhor não entra nacultura do provisório. Ele nos ama enos acompanha sempre. Por isso,

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estar próximo das pessoas, aproximidade entre nós, fazerprofecia com o nosso testemunho,com o coração que arde, com zeloapostólico que aquece os coraçõesdos outros”, exortou.Uma pergunta de um jovemconsagrado sírio levou também oPapa a recordar a “memória” da suavocação, do seu “primeiro

chamamento”. “Foi em 21 desetembro de 1953, mas não seicomo foi. Sei que por acaso, entreina Igreja, vi o confessionário e saidali diferente, sai de outra maneira.A minha vida mudou. Nos momentosdifíceis ajudou-me muito recordar oprimeiro encontro, porque o Senhorencontra-nos sempredefinitivamente”, sublinhouFrancisco.

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Encontro Mundial de JovensConsagrados

O Vaticano espera que o EncontroMundial de Jovens Consagrados,que decorre até este sábado, sejaum convite à fecundidade na missãoe na abertura ao mundo. Na vigíliade abertura, esta terça-feira, dianteda Basílica de São Pedro, o prefeitoda Congregação para os Institutosde Vida Consagrada exortou osmilhares de participantes a“deixarem-se seduzir por Cristo” e aviverem a sua vocação sempre deforma renovada,

como “no primeiro chamamento”.O cardeal brasileiro Braz de Avizdesafiou ainda os jovens a“escutarem com o coração de filhose filhas a Palavra de Deus, umaPalavra sempre segura eorientadora, sobretudo para aquelesque a colocam em prática no dia-a-dia”.Subordinado ao tema “Despertai omundo”, o Encontro Mundial paraJovens Consagrados insere-se noAno da Vida Consagrada que aIgreja

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Católica está a promover e quepretende dar novo fôlego à missãoe aos projetos de todos os institutosreligiosos.Na homilia da vigília, dada pelosecretário da Congregação para osInstitutos de Vida Consagrada, osmilhares de jovens que estão aparticipar no evento foram instadosa “fugir da tentação do narcisismo”e a lembrarem-se sempre de que“há mais alegria em dar do que emreceber”. “Não vivam, queridosjovens, fechados em vós mesmos,nos vossos interesses, planos eprojetos”, disse o arcebispo JoséRodríguez Carballo.Até sábado, o Encontro Mundial vaiprosseguir dividido entre sessõesde reflexão e partilha, sobre temascomo a “vocação, vida fraterna e a

missão”; e momentos de“celebração e testemunho”.Os participantes estiveram naquarta-feira, juntamente comperegrinos de todo o mundo, nahabitual audiência pública do Papa,ocasião em receberam um livrointitulado “Amar é dar tudo”. Trata-se de um projeto com origem naSuíça, pensado por “um pai defamília, Daniel Pittet, que decidiudedicar um livro” ao tema da VidaConsagrada, com o objetivo de“agradecer a todos os consagradose consagradas pelas suas obras”.Segundo a Conferência EpiscopalSuíça, “o título da obra foi propostopelo próprio Papa Francisco, nasequência de uma audiência com oautor, em setembro de 2014” e é“inspirado nas reflexões de SantaTeresa do Menino Jesus”.

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Crise de refugiados na Europa: que fazer?

Lágrimas por AylanTinha apenas 3 anos. Morreu napraia, na Turquia, quando a suafamília fugia da guerra na Síria. Omundo comoveu-se quando viu asua fotografia, de bruços, com aágua a lamber-lhe o rosto, oudepois, quando um polícia o retiravadali com todo o cuidado, como seainda estivesse vivo. A morte deAylan vai fazer alguma diferença?Quantos Aylan morreram sem que omundo se tivesse comovido? Aslágrimas que foram choradas poresta criança de apenas três anossão talvez o símbolo maior da nossaimpotência perante a tragédia dosrefugiados que estão a bater àporta da Europa. O que vale umafotografia? O menino Aylan morreuquase na praia. Nesse dia, quandoo barco começou a meter água,quando estavam quase a chegar aterra o mundo chegou ao fim para opai de Aylan, Abdullah Kurdi. Afamília estava em fuga da Síria. Ele,Abdullah, a sua mulher, o filho maisvelho, de cinco anos, e o bebé,Aylan, de apenas 3 anos. Estavam acumprir o sonho de uma vida novasem o medo da guerra, o cheiro damorte e o ruído ensurdecedor dasmetralhadoras a cuspirem sangue.

Tudo acabou ali, derramado emlágrimas que se confundiram com aságuas salgadas do mar. “Os meusfilhos escorregaram das minhasmãos”, disse, depois, ainda perplexoperante o naufrágio da sua própriavida. O barco estava a meter água.Muitos dos que iam a bordo ficaramem pânico. Foram momentostrágicos, com pessoas a cair, adesaparecerem nas águas. Comoesquecer? Abdullah agarrou na suamulher e nos filhos quando o barcose virou. “Os meus filhosescorregaram das minhas mãos",disse depois, como quem suportaagora um fardo de que nunca se irálibertar. Morreram todos. Ficou elepara contar a história. Ficou afotografia de Aylan para comover omundo. Que fazer? É a nossa vezNinguém escolheu estar vivo agora.Ninguém. Nenhum de nós éresponsável pelo que está aacontecer a nível mundial, mastodos somos responsáveis pelaforma como

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responderemos aos que nos gritampor ajuda. A Fundação AIS é umadas instituições da Igreja e dasociedade civil que integra aPlataforma de Apoio aos Refugiados(PAR) que tem como objectivoapoiar o acolhimento e integraçãode crianças refugiadas e das suasfamílias em Portugal. A FundaçãoAIS pretende mobilizar os seusbenfeitores para se criar, aqui, emPortugal, essa rede de acolhimento.Tal como aconteceu no rescaldo daII Guerra Mundial, quando o padreWerenfried van Straaten

se comoveu com os milhares derefugiados oriundos da Alemanha eque deambulavam como miseráveispelas ruas da Europa, com fome,sede e cheios de frio. Nasceu aí alenda do padre toucinho. Eleconseguiu, inspirado que estava porDeus, convencer as pessoas adoarem o pouco que tinham àquelesque eram ainda, para muitos, oinimigo. Hoje, o desafio não édiferente. “Vemos, ouvimos elemos”, dizia Sophia. Não podemosignorar.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Guiné-Bissau a marcar passo

Tony Neves Espiritano

Há países cujas histórias são difíceis deescrever. Isto pela razão simples de que háconstantes golpes de Estado e contínuosatentados a um Estado de direito que deviagarantir a vida pacífica de um povo. A Guiné-Bissau habituou-nos a uma enorme instabilidade,a sucessivas mudanças violentas de líderes eregimes, bem como a uma consequente pobrezageneralizada dos seus habitantes.A primeira vez que aterrei em território guineensefiquei marcado por duas situações contraditórias.Por um lado, a alegria das pessoas e o seugrande sentido de acolhimento e hospitalidade.Por outro lado, a pobreza extrema de quase todaa população, em contraste evidente com aluxuriante natureza típica de uma África tropicalonde chove com muita frequência e intensidade.A Guiné entrou-me na alma e nunca deixei dealimentar projetos solidários para defesa dosmais frágeis e abertura de novos horizontes paracrianças e jovens. Assim se justificam osinvestimentos para que a Escola Sem Fronteirasde Tubebe se tornasse uma referência emterritório manjaco e o apoio á construção efuncionamento de diversas Escolas na área deCalequisse-Caió, ainda hoje geridas pela Igrejacatólica.Os missionários no terreno têm apostado muitona Educação e na Saúde. São caminhosessenciais para um desenvolvimento sustentávele sustentado, seguindo a lógica do dar a cana eensinar a pescar, evitando dar o peixe, atitudeque, nestes casos, só gera preguiça edependência.

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Quem acompanha a história recentedeste país lusófono percebe comotem sido difícil a gestão de umnúmero tão elevado de gruposétnicos para um espaço geográficotão pequeno. Também não secompreendem os sucessivosataques ás tentativas quase semprefrustradas de fazer da Guiné umpaís democrático. O aniversário daindependência, este dia 24, serámarcado por muita instabilidadeporque o presidente da República

demitiu o primeiro-ministro que tinhaapoio de maioria na Assembleia enomeou outro que foi consideradoilegítimo e, por isso, não conseguiugovernar.É bom para a Guiné cimentar ademocracia. É fundamental para osguineenses criar condições deestabilidade para que o progressoaconteça. Faço votos de que acelebração de mais um aniversárioda independência rasgue caminhosde prosperidade, democracia e paz.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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“A Igreja sem fronteiras, mãe de todos, propaga no mundo acultura do acolhimento e da solidariedade, segundo a qual

ninguém deve ser considerado inútil, intruso ou descartável”

Mensagem do Papa Francisco,Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2015

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