guardando para quando o carnaval chegar...biografia do diretor o primeiro filme de marcelo gomes,...

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ESTOU ME GUARDANDO PARA QUANDO O CARNAVAL CHEGAR UM FILME DE MARCELO GOMES BRASIL - 2019 - 86 MIN

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  • ESTOU MEGUARDANDO PARAQUANDO O CARNAVAL CHEGARum filme de MARCELO GOMES

    BRASIL - 2019 - 86 MIN

  • MENÇÃO HONROSA

    DO JÚRI OFICIAL DA ABD-SP

    2019

    69 ■ lnternationaleFilmfestspiele Berlin

    Panorama

    PRÊMIO

    DA CRÍTICA

    2019

    Official Selection

    2019

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    ASSISTA O TEASER

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    LOGLINE

    Uma pequena cidade do Agreste pernambucano é considerada a capital nacional do jeans, um microcosmo do capitalismo moderno e suas transgressões.

    SINOPSE 

    A cidade de Toritama é um microcosmo do capitalismo implacável: a cada ano, mais de 20 milhões de jeans são produzidos em fábricas de fundo de quintal.  Os moradores trabalham sem parar, orgulhosos de serem os donos do seu próprio tempo. Durante o Carnaval - o único momento de lazer do ano -, eles transgridem a lógica da acumulação de bens, vendem seus pertences sem arrependimentos e fogem para as praias em busca de uma felicidade efêmera. Quando chega a Quarta-feira de Cinzas, um novo ciclo de trabalho começa.

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    título originalEstou me guardando para quando o carnaval chegar

    duração86 min

    formatoDCP

    língua originalPortuguês

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    direçãoMarcelo Gomes

    roteiroMarcelo Gomes

    produzido porNara AragãoJoão Vieira Jr.

    co-produtorErnesto Soto

    fotografiaPedro Andrade

    montagemKaren Harley

    desenho de somNicolau Domingues

    som diretoPedro Moreira Moabe Filho

    músicaO Grivo

    assistente de direçãoKarina Nobre

    assistente de montagemGustavo Campos

    direção de produçãoLuna Gomides

    produção executivaJoão Vieira Jr.

    empresas produtorasCarnaval FilmesMisti FilmesREC Produtores Associados

    agente de vendasCinephil

    assessoria de imprensa nacionalTrombone Comunica

    assessoria de imprensa internacionalClaudia Tomassini + Associates

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    BIOGRAFIA DO DIRETOR  O primeiro filme de Marcelo Gomes, Cinema, Aspirinas e Urubus, teve sua estreia no Festi-val de Cannes de 2005 (na seleção oficial da Un certain regard), onde ganhou o prêmio da Edu-cação Nacional da França. A partir daí participou de 80 festivais ao redor do mundo, rece-beu mais de 50 prêmios, entre eles o de melhor filme no Festival de Guadalajara (México, 2005) e na Mostra Internacional de São Paulo (Brasil, 2005).  Codirigiu com Karim Ainouz o filme Viajo porque preciso, volto porque te amo, que estreou no Festival de Veneza de 2009. Na sua carreira, a obra acumulou prêmios como o de melhor direção e fotografia no Festival do Rio (Brasil, 2009), Grande Premio do Festival de Toulouse e o melhor filme segundo a crítica no Festival Latino-americano de Havana (Cuba, 2009). Era uma vez eu, Verônica, seu terceiro longa, foi lançado em 2012 e circulou em festi-vais como o Festival de San Sebastián (Espanha, 2012), 48º Chicago International Film Festi-val (EUA, 2012), Toronto International Film Festival – TIFF (Canadá, 2012) e ganhou prêmios nos festivais de Brasília e Manaus. Em 2014 finalizou O Homem das Multidões em codireção com Cao Guimarães. O projeto foi concebido por Gomes e Guimaraes durante uma residência artística na Alemanha oferecida pelo DAAD (Berlin Artists-in-Residence programme). O filme participou da sessão Panorama do Festival de Berlim de 2014 e recebeu prêmios em festivais como Rio de Janeiro (Brasil, 2014), Guadalajara (México, 2014) e Toulouse (França, 2014). Em 2017 lançou o filme Joaquim na Mostra Competitiva do Festival de Berlim e rece-beu prêmios em países como Cuba (Festival Latino-americano de Havana), México (Prêmio Fênix), e Nova York (HFFNY).

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    CARNAVAL FILMES

    Fundada pelos experientes produtores João Vieira Jr. e Nara Aragão, Carnaval Filmes tem foco em conteúdo original e filmes autorais em parceria com outras áreas de atuação artís-tica. Seus mais recentes lançamentos são os documentários Estou me guardando para quando o carnaval chegar, de Marcelo Gomes e Casa, de Letícia Simões, o longa Greta, de Armando Praça e a série infantil de animação Bia Desenha. Seus próximos lançamentos são os longas Vestido branco, véu e grinalda, de Marcelo Gomes e Fim de Festa, de Hilton Lacerda. Carnaval é coprodutora do próximo longa do diretor Armando Praça, Fortaleza Hotel, em parceria com a Segredo Filmes e Moçambique Audiovisual.

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    ENTREVISTA COM O DIRETOR

    Como surgiu o interesse por Toritama?

    A minha família é do agreste pernambucano, das cidades de São Caetano e Caruaru. Meus pais migraram pra Recife depois dos primeiros filhos e eu já nasci no litoral. Mas toda a memória afetiva familiar remonta àquela paisagem. Aqui em Recife morávamos na mesma rua dos meus avós, que também tinham feito a migração, e frequentemente abrigávamos parentes e amigos que estavam vindo do interior para a capital. Aquela rua do bairro de Campo Grande era como um pedaço do agreste. As histórias contadas, toda a cultura das famílias, tinham raí-zes lá. Então eu construí um imaginário muito rico dessa região, que foi reforçado pelas minhas visitas a essas cidades. Foram os primeiros lugares que eu conheci fora do Recife. Fazíamos visitas familiares frequentes, além das viagens a trabalho do meu pai, funcionário público que trabalhava nas coletorias fiscais de toda essa região. Meu pai faleceu há 25 anos, mas eu sempre mantive vontade de fazer um filme no agreste. Um dia estava indo participar de um festival de cinema em Taquaritinga do Norte e ao passar por Toritama fiquei impressionado com a loucura que havia se tornado aquela paisagem. Foi quando alguém comentou comigo que as pessoas ali costumavam vender seus próprios eletrodomésticos para passar o carnaval na praia. Achei que era uma transgressão tão forte alguém se desvencilhar dos bens de consumo, muitas vezes de primeira necessidade, por conta do carnaval. Fiquei imaginando a intensidade desse processo de trabalho que os leva a uma transgressão dessas. E como eu faço cinema para vasculhar o que eu não conheço, achei que esse era um bom mote pra um filme e ainda me permitiria acessar o meu imaginário do agreste.

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    Diante da reforma trabalhista de 2017 e da recente extinção do Ministério do trabalho, como você relaciona aquilo que pôde observar em Toritama com o que está acontecendo no resto do país?

    Quando cheguei em Toritama me deparei com uma realidade muito impressionante, que algumas vezes me fez pensar na Inglaterra do século 19 em pleno processo de industrializa-ção: aqueles totens enormes de propaganda na estrada, o rio azul, o trânsito caótico, a feira... Mesmo que várias cidades do agreste tenham passado por um desenvolvimento sem plane-jamento dentro de um processo de industrialização esdrúxulo, acredito que nenhuma passou por mudanças tão radicais quanto Toritama. Mas o que realmente me interessava não era essa mudança da paisagem urbana, mas da paisagem humana. Queria entender como foram alte-radas as memórias, os referenciais culturais daquelas pessoas. Na década de 1980 a cidade tinha uma biblioteca, uma orquestra de música, festas de padroeiros... E tudo isso foi extinto, não existe mais. Então eu realmente queria entender o que aquelas pessoas, que acompanha-ram todas essas mudanças, pensam da vida. Com o que elas sonham, o que elas desejam? E foi um choque pra mim quando elas disseram que achavam suas condições de trabalho eram boas e que estavam satisfeitas com a autonomia que o jeans representava. O neoliberalismo foi muito eficiente nesse sentido, ele realmente conseguiu vender muito bem suas verdades. Talvez a gente esteja vivendo um dos momentos mais cruéis desse sistema. Em nenhuma das conversas as pessoas se enxergavam como vítimas ou nada parecido e tínhamos que respeitar isso na construção do filme. Poderia ser muito mais fácil fazer um filme que os colocasse nesse lugar, mas a realidade é muito mais complexa. Talvez vendo um situação tão radical como a que acontece em Toritama a gente possa refletir sobre a nossa própria relação com o trabalho e o consumo. Essa lógica atual em que você é um ser não do “dever fazer”, mas do “poder fazer”: posso fazer não sei quantas calças pra assim ganhar mais. Vejo a cidade como uma ponte entre o passado e futuro: de alguma forma ela representa a concretização de um projeto neoliberal que desejam implantar em todo o país. No futuro seremos todos uma grande Toritama, onde mesmo sendo aparentemente livres e podendo usar nosso tempo como quisermos, seremos induzidos a viver uma espécie de auto-escravização. A falácia da autonomia num sistema de desejos induzidos.

    Apesar da dura realidade apresentada, o filme não é uma experiência difícil. Ao contrário, é fluido e caloroso. E parte importante desse êxito deve-se à montagem. No processo de edição houve uma tentativa consciente de atenuar a dureza do tema?

    Passamos cinco meses trabalhando na montagem com Karen Harley. Tínhamos dez filmes possíveis com o material captado e foi difícil tirar os outros nove pra deixar só esse. A primeira questão era equilibrar o quanto víamos do trabalho, com cuidado para não diluí-lo demais. Mas se ficássemos muito nas máquinas, naqueles movimentos mecânicos, com os barulhos aterradores, aquela realidade, seria um filme muito difícil de ser visto. Para tratar de um tema tão duro sem fazer um filme árido era preciso encontrar um equilíbrio, e ele veio através das pessoas. Percebemos uma necessidade de humanizar o filme. Cada vez que a gente parava pra

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    avaliar, eu resolvia buscar mais personagens no material. Trazia mais pessoas, o coração delas, pra fugir daquela dureza. Foi aí que a gente entendeu que eu deveria entrar como narrador: a minha memória serviria para acentuar o sabor humano do filme. Para além das lembranças afetivas que eu guardava do agreste, a gente decidiu colocar tudo o que a gente sentia vendo as imagens através do meu personagem. Quando a gente estava achando que precisava de um respiro, o narrador diz que precisa de respiro. Quando a gente cansa do movimento mecânico repetitivo e decide colocar uma música, o narrador sugere uma música. Enfim, a gente enxergou nesses encantamentos e curiosidades que surgiram no processo uma linha narrativa interessante. E isso poderia ajudar a tornar o filme mais sedutor. Porque desde o começo a gente queria fazer uma espécie de cavalo de Troia: seduzir o espectador e fazer com que ele refletisse enquanto assistia ao filme sem nem se dar conta da complexidade dessa reflexão.

    Mas desde a gênese do projeto você pensava em se colocar tão diretamente no filme, como um personagem de fato?

    Sempre existiu o desejo de me colocar no filme, por toda a relação que eu tinha com a região. Mas não sabia exatamente como. Na sala de montagem foi que descobrimos que a melhor forma seria narrar mesmo as minhas experiências emocionais naquele lugar. Pra mim, a síntese dessa minha participação é quando falo do sol de fim de tarde, que baixava e trazia uma melancolia, bem na hora em que as rádios tocavam a Ave Maria. Num dos dias que está-vamos lá na pesquisa, começou a tocar Racionais MC. Assim como o Viajo porque preciso, volto porque te amo registra uma encruzilhada cultural no sertão da virada do século, a gente também registra um momento de mudança de valores. Memória, afeto, presente e passado. E eu fui bordando tudo isso a partir das emoções que eu sentia. E nisso o personagem que narra também lembra um pouco o do Viajo..., que não tinha exatamente um roteiro, mas um desejo de estar sempre à flor da pele. De qualquer forma, eu não consigo pensar num cinema onde a experiência do diretor não esteja presente. Eu estou em todos os meus outros filmes também. Acho impossível fazer cinema de outro jeito.

    Mesmo que em outros projetos você já carregue algo da abordagem documental, como em Viajo..., Estou me guardando... é o primeiro longa em que você mergulha pra valer na lingua-gem do documentário. Foi uma experiência tranquila se afastar da ficção?

    Eu acho que em todos os meus trabalhos carrego um pouco da matriz conceitual do documentá-rio. Primeiro pela minha formação. Estudei cinema na Inglaterra e fui muito influenciado por Mike Leigh e Ken Loach, que trazem essa relação com a realidade na construção da ficção. Segundo pela minha própria trajetória profissional mesmo. Antes de começar a escrever e filmar ficção, trabalhei muitos anos fazendo documentários para a televisão quando voltei da Inglaterra. Esses dois fatores então influenciam todos os meus trabalhos. Até o próprio Cinema, Aspirinas e Uru-bus, se você parar pra pensar tem muito mais em comum com a linguagem do documentário do que suspeitamos à primeira vista. Ele é um road movie, mas ao contrário dos roads movies, não há um ponto de chegada, as coisas vão passando pela tela como num documentário. Com Estou

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    me guardando... fiquei entusiasmado com a possibilidade de mergulhar no processo documental de fato. Ao longo do processo o próprio projeto foi me possibilitando experimentar diferentes estilos de documentários e era isso o que eu queria. Então a gente começa como um documen-tário observacional, passa para entrevistas, flerta com o meta-documentário e ainda brinca com o documentário de dispositivo. O próprio filme exigiu isso, a gente foi apenas seguindo as demandas do objeto de investigação. Eu realmente gosto de trabalhar com diversas linguagens e tenho tido a sorte de realizar projetos que permitem isso. Quando estávamos filmando as linhas de produção, por exemplo, eu e Pedro Andrade, diretor de fotografia, discutíamos referências de ficção científica. Esses deslocamentos me interessam bastante.

    A questão do dispositivo surge no filme a partir do momento em que vocês delegam aos per-sonagens a função de filmar o próprio carnaval. Você, enquanto narrador, explica: “filmamos o trabalho, eles filmam o lazer”. Por que criar essa separação?

    Passamos um ano e meio no processo de pesquisa e filmagem, que foi realizada em cerca de seis etapas diferentes. Visitamos as grandes empresas, as indústrias, conhecemos muita gente diferente. Mas logo identificamos que o lugar onde se concentrava a essência das contradições que nos interessava investigar eram as facções. Quando começamos a visitar esses lugares, as pessoas se mostraram muito receptivas e se deixavam filmar e conversavam com tranquilidade. Só não queriam parar de trabalhar para ter que responder às minhas perguntas. O que pra a gente foi ótimo: filmávamos elas respondendo às entrevistas e trabalhando ao mesmo tempo. Óbvio que eu não poderia pedir outra coisa. Então a mim só cabia escutar, ver e entender o que diziam. E ao longo do processo fomos nos dando conta que nunca tínhamos filmado na casa deles, só quando a casa também era ambiente de trabalho. Todo mundo que a gente filmou era numa situação de trabalho. Como a gente iria então partir para a intimidade deles no carnaval? Para além disso, tinha uma questão ética em jogo: uma equipe inteira de filmagem poderia estragar o momento de celebração e alegria que representava o carnaval pra eles. O trabalho tomava a vida delas de forma absoluta e no único momento de transgressão dessa lógica a presença de nossa equipe poderia arruinar justamente aquilo que queríamos registrar. Pensando nessas questões, chegamos à solução de trabalhar com a ideia de dispositivo e distribuir câmeras entre eles para que cada um registrasse o seu próprio carnaval da maneira que quisesse. Ao longo do processo de montagem, Leo foi se destacando entre os demais personagens quase como um protagonista. Ele é uma espécie de filósofo que sintetiza muito bem o pensamento de vários dos nossos entrevistados. Como as imagens que ele produziu no carnaval não diferem tanto assim das outras que recebemos, decidimos ficar só com a experiência dele. E essa forma de apresentar o carnaval me pareceu um desenvolvimento natural da minha postura em relação aos personagens em todos os momentos do processo, quando procurava ouvir o que pensavam e apresentar o que eles sentiam da maneira mais franca possível.

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    PRODUÇÃO

    CARNAVAL FILMESJoão Vieria Jr. [produtor]joao@carnavalfi lmes.com.br+55 81 99635.9290_ Nara Aragão [produtora]+55 81 98846.6628nara@carnavalfi lmes.com.br_+ 55 81 3073.1650www.carnavalfi lmes.com.br

    DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL

    VITRINE FILMESRuan Canniza ruan@vitrinefi lmes.com.br+55 11 98180.0004

    ASSESSORIA DE IMPRENSA

    TROMBONE COMUNICAMargô Oliveira [jornalista]+55 11 [email protected]_ Carol Moraes [jornalista]+55 11 [email protected]

    AGENTE DE VENDAS INTERNACIONAL

    CINNEPHIL Philippa Kowarsky [managing director]+972 54 496 [email protected]

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