guarda municipal e o poder de polÍcia

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE VACARIA - CAMVA BACHARELADO EM DIREITO LUCIANO RAMOS GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA VACARIA 2010

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Page 1: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE VACARIA - CAMVA

BACHARELADO EM DIREITO

LUCIANO RAMOS

GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

VACARIA

2010

Page 2: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

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LUCIANO RAMOS

GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

Monografia apresentada ao curso de Bacharelado em

Direito da Universidade de Caxias do Sul, Campus

Universitário de Vacaria – CAMVA, como requisito para

obtenção do título de graduação.

Orientadora: Profª. Ms. Cristiane Koch

Vacaria

2010

Page 3: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

LUCIANO RAMOS

Monografia submetida à Banca Examinadora no Curso de Bacharelado

em Direito da Universidade de Caxias do Sul – Campus Universitário de Vacaria –

UCS / CAMVA, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de

Bacharel em Direito.

Vacaria, 18 de junho de 2010.

Banca Examinadora:

Profa. Orientadora Ms. Cristiane Koch

Universidade de Caxias do Sul

Prof. Convidado

Universidade de Caxias do Sul

Prof. Convidado

Universidade de Caxias do Sul

Page 4: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu Mestre maior Jesus Cristo por ter me dado força e fé nesses 8

anos de estudos, sem ele certamente eu não teria tido forças para chegar até aqui.

Diante desses agradecimentos, não posso deixar de agradecer há uma pessoa,

que infelizmente não está mais entre nós, mas que posso dizer, que certamente foi o grande

responsável pela minha formação com honestidade e vontade de ajudar e servir as pessoas

com o sangue que ele deixou correndo em minhas veias, o sangue policial. Pai, você não

está mais presente neste mundo, mas certamente estará sempre no meu coração, dedico

esse trabalho POLICIAL à você, pois você era um policial de verdade, em seu vocabulário

não existia corrupção e por isso me orgulho do senhor, onde quer que eu vá, sempre direi

de cabeça erguida que meu Pai era um Policial Civil e o nome dele era NAURO EDIR

RAMOS. Pai eu te amo.

Por fim agradeço a Deus por ter proporcionado minha encarnação junto às

pessoas que amo mas em especial à uma, que me ensinou a amar e respeitar o próximo,

que me alimentou e não me deixou passar fome, que me ensinou a andar e principalmente,

me ensinou a ser Homem. Sem ela não conseguiria estar concluindo este curso que por

muitas vezes pensei em desistir devido a falta de recursos suficientes para custear os

débitos na universidade. Como não agradecer a ela, que muitas vezes disse: “se eu tiver

que passar fome, ou apertar o orçamento aqui ou ali para você se formar, irei fazer, meu

filho, nós iremos conseguir”. Sua fé contagiante e a sua perseverança sempre me deram

forças para prosseguir na minha jornada universitária. Dona Gilda Maria Ramos, ao final do

ano o Diploma de Bacharel em Direito será em sua homenagem, não existe mulher no

mundo que vá tirar o meu amor por você. Mãe eu te amo e simplesmente quero dizer

OBRIGADO, OBRIGADO e OBRIGADO por ter me feito assim e me ensinado a viver.

Page 5: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

5

“Ninguém pode voltar a trás e fazer um novo

começo, mas qualquer um pode recomeçar e

fazer um novo fim”

Francisco Cândido Xavier

Page 6: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

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Dedicatória

À orientadora Profª Ms Cristiane Koch, pelos

inúmeros dias de esclarecimentos e pela

divisão dos seus conhecimentos.

Page 7: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

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RESUMO

A presente monografia analisa a evolução das Guardas Municipais no Brasil desde

os tempos do império até os dias atuais, abrangendo o conceito da vigilância no

patrimônio público municipal e a segurança das cidades brasileiras em um contexto

geral, analisando as funções desde o poder público municipal até o estadual,

mostrando assim de forma ampla e concreta as dificuldades encontradas em manter

a ordem pública por essas instituições de segurança frente as exigências impostas

pela Constituição Federal de 1988. A falta de conhecimento dos cidadãos frente as

atribuições de cada instituição alia-se ao crescente número dos delitos nas cidades

brasileiras, sendo que o cidadão quer o seu problema solucionado,

independentemente de qual seja o órgão policial que lhe auxiliará, seja ela da

esfera, Federal, Estadual ou Municipal, sendo que está última com carência para

agir estipulada na própria legislação. O objetivo é verificar a real situação das

Guardas Municipais frente a atual legislação brasileira no que diz respeito ao poder

de Polícia. Mostrar os pontos controversos existentes quanto as atuações dos

profissionais municipais a cerca da proteção dos bens municipais, das pessoas, da

fiscalização do trânsito e do uso permitido ou não de amas não letais e letais,

mostrando suas particularidades e repercussões perante o seu uso. Apesar da

dificuldade encontrada frente as pesquisas voltadas ao poder de Polícia das

Guardas Municipais, algumas jurisprudências dos Tribunais de Justiça nos mostram

que este poder já existe. Os resultados obtidos são os seguintes: Se as atribuições

das Guardas Municipais atualmente estão voltadas principalmente à proteção dos

bens públicos municipais e fiscalização do trânsito, conforme preconiza a legislação,

fica evidente que os agentes dessas instituições convivem com um impasse jurídico,

pois estão dia-a-dia nas ruas executando suas funções sem realmente saber se

devem ou não agir para a proteção do bem maior do município, que sem dúvida

nenhuma, é a vida.

Palavras – chave: Guarda Municipal – Segurança – Poder de Polícia

Page 8: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

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SUMÁRIO

RESUMO ..................................................................................................................... 4

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9

1 – DA GUARDA MUNICIPAL NO DIREITO BRASILEIRO ..................................... 11

1.1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DAS GUARDAS MUNICIPAIS NO BRASIL ........ 11

1.2 – GUARDA MUNICIPAL E O PODER PÚBLICO ............................................... 21

2 – PAPEL DAS GUARDAS MUNICIPAIS NOS MUNICÍPIOS ................................ 31

2.1 - FUNÇÃO ........................................................................................................... 31

2.2 – GUARDA MUNICIPAL E A LEI DO DESARMAMENTO ................................. 42

2.3 – POLÍCIA AMERICANA, POLÍCIA FEDERAL E GUARDA MUNICIPAL ......... 48

3 – GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA.............................................. 52

3.1 – AÇÃO DIRETA DAS GUARDAS MUNICIPAIS NA SEGURANÇA PÚBLICA 52

3.2 – NA SEARA GAÚCHA O EMBATE DO USO DAS ARMAS ............................ 58

3.2.1 – GUARDA MUNICIPAL E A TECNOLOGIA NÃO LETAL ............................. 70

3.3 – A GUARDA MUNICIPAL E OS DELITOS NOS MUNICÍPIOS ........................ 72

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................... 79

Page 9: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

9

INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca mostrar a evolução das Guardas Municipais no

Brasil, através da sua trajetória na história brasileira desde o Império até os dias

atuais, trazendo o conceito evolutivo dessas instituições quanto ao uso permitido ou

não de armas de fogo por parte delas.

Como métodos de abordagem utilizou-se o dedutivo no que diz respeito a

área jurídica e o indutivo, para a analise das particularidades das bibliografias e

jurisprudências em relação ao tema proposto, com isso, a revisão bibliográfica e a

pesquisa exploratória, fez valer-se da doutrina que trata sobre a história das

Guardas Municipais, e por meio de levantamento de dados que tratam do

crescimento das instituições no Brasil.

Para um entendimento mais amplo a respeito do assunto, tomou-se como

base essencial, uma seqüência lógica e progressiva do conteúdo a ser abordado,

visando o entendimento da efetiva função das Guardas Municipais no Brasil

mostrando que ela pode ser principalmente solidária, dinâmica e uma grande

prestadora de atendimentos de excelência em várias áreas de atuação para a

população.

Antes de entrar no tema propriamente dito, faz-se necessário a análise dos

fatos históricos das Guardas Municipais, desde e o Império até atualidade,

mostrando a evolução e a atual fase em que as instituições se encontram, buscando

desvendar o progresso jurídico frente a Constituição Federal de 1988.

Na seqüência, será oportunizado o conhecimento sobre as funções estritas

das Guardas Municipais, mostrando suas principais atribuições e conflitos com a

legislação, os reflexos do porte de arma e a diferenciação quanto aos municípios

para a liberação de tal direito, e também paralelos sobre as polícias existentes no

Brasil e Estados Unidos da América com a Guarda Municipal.

Por fim serão observados os critérios a serem utilizados para que as

Guardas Municipais possam a vir a adquirir o poder de polícia, que atualmente é

observado apenas aos órgãos de segurança elencados no Artigo 144 da

Constituição Federal de 1988, questionando os pontos controversos que englobam o

Page 10: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

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tema direcionado às Instituições Municipais desde o uso permitido ou não das armas

de fogo de calibre restrito e do poder prender ou não prender uma pessoa em ato

delituoso.

Sendo assim, será destacado os resultados a partir de idéias onde o maior

dilema e ponto controverso da Guarda Municipal, é ser uma prestadora de serviço

de Segurança Pública Municipal, indo de encontro com a intransigência de alguns

dirigentes que a vêem como uma concorrente. Sendo que na atualidade, a Guarda

Municipal nas ruas dos nossos municípios, aos nossos olhos, nos traz mais

segurança.

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1 – DA GUARDA MUNICIPAL NO DIREITO BRASILEIRO

1.1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DAS GUARDAS MUNICIPAIS NO

BRASIL

A Guarda Municipal – GM – ou Guarda Civil Municipal – GCM – é a

denominação utilizada nos municípios onde possuem estas corporações que são

designadas para proteger os bens, serviços e instalações das respectivas cidades.

Historicamente os povos, ao formarem as sociedades e começarem a

conviver em grupos, começaram a sentir a necessidade de amparar-se em uma

entidade de Segurança, de lideranças, na maioria das vezes, esta necessidade era

suprida pelo chefe da tribo em que conviviam, ou, então, era delegado este poder de

segurança da sociedade a certas pessoas do grupo.

Em 1531 o então Rei de Portugal D. João III enviou uma carta ao Governo

de Martin Afonso de Souza com diretrizes a serem seguidas em todo o território

nacional. Com a carta, surgiram as primeiras Leis com o intuito de preservar a

ordem Pública e realizar a Justiça no Brasil. Estas Leis vieram a delegar

competências civil e penal, para todas as questões que viessem a ocorrer no

território brasileiro. (CARVALHO, 2005)

Logo após, em 1550, o governo começou a sentir a necessidade da criação

de Leis mais rígidas, onde estabelecesse uma Polícia mais rigorosa e onde a Justiça

realmente fosse justa. Diante disso, foram criados os Livros das Ordenações

Afonsinas, Manuelinas e por fim o Livro V das Ordenações Filipinas. Tais livros

surgiram disciplinando como seria o processo de apuração, as formas dos crimes e

as penas, para que assim pudesse existir um sistema de repressão contra possíveis

invasores das zonas já povoadas.

Com a criação do Livro V começaram a ser desenvolvidas as primeiras

Polícias Urbanas do Brasil, essas polícias, tinham em seus quadros pessoas das

Page 12: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

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próprias cidades que por sua vez eram eleitos pelos Juízes e Vereadores de cada

município. Todos os serviços de Polícia eram gratuitos, e os Policiais eleitos,

permaneciam por três anos no cargo como Quadrilheiros. O modelo de policiais da

época fora trazido da Europa, pois lá, os bairros eram guarnecidos pelos próprios

moradores e com o decorrer do tempo foram criados os Guardas Municipais

Policiais, eles tinham os poderes de prevenir, investigar e combater os crimes

podendo efetuar inclusive até prisões.

Com o tempo os Quadrilheiros foram saindo de circulação e

progressivamente foram substituídos por Corpos de Milícias, Serviços de

Ordenanças e Guardas Municipais. (CARVALHO, 2005)

Em 9 de junho de 1775 a primeira instituição policial paga do Brasil foi o

Regimento de Cavalaria Regular da Capital de Minas Gerais, logo, em 1780 o

Regimento começou a ser comandado pelo Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o

Tiradentes. O Regimento de Cavalaria de Minas Gerais foi considerado o

predecessor da Polícia Militar do mesmo estado. (http://pt.wikipedia, 2009)

No ano de 1809, mais precisamente no dia 13 de maio, fôra criado um

decreto que instituía a Divisão Militar da Guarda Real no Rio de Janeiro. Com a

necessidade da criação de uma instituição de caráter policial o Príncipe Regente, no

mesmo ato, homologou-se a criação das Guardas Municipais Permanentes no

Brasil, passando a ser diretamente subordinada ao Governador das Armas da Corte.

As Esquadras surgiram com a divisão das Guardas Municipais em 14 de

junho de 1831 e foram reorganizadas em seus respectivos Distritos de Paz. Dois

meses após a divisão das Guardas, em 18 de agosto de 1831, assume o trono D.

Pedro II e nesse mesmo ato, é editada a Lei que cria a Guarda Nacional, sendo

neste momento extintas as Guardas Municipais Permanentes no Brasil.

(CARVALHO, 2005)

Para que a ordem pública nos municípios fosse mantida, em 10 de outubro

do mesmo ano, o então Regente Feijó, reorganizou os Corpos de Guardas

Municipais Voluntários, no Rio de Janeiro e demais localidades, o qual sete anos

após o seu ato tornou público a sua satisfação ao dirigir-se ao Senado em 1839,

afirmando que:

Lembrarei ao Senado que, entre os poucos serviços que fiz em 1831 e 1832, ainda hoje dou muita importância à criação do Corpo Municipal Permanente; fui tão feliz na organização que dei, acertei tanto nas

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escolhas dos Oficiais, que até hoje é esse corpo o modelo da obediência e disciplina, e a quem se deve a paz e a tranqüilidade de que goza esta corte. (CARVALHO, 2005, p. 16)

No dia 18 de outubro de 1832, as Guardas Municipais passaram a ter novo

comandante, o Major Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias). O Major

comandou durante oito anos a Guarda, passando o comando ao seu sucessor,

somente após ter sido nomeado Coronel em 1839, Duque de Caxias foi designado a

uma nova função pública e ao despedir-se dos seus subordinados, disse:

Camaradas! Nomeado Presidente e comandante das Armas da Província do Maranhão, vos venho deixar, e não é sem saudades que o faço: o vosso comandante e companheiro por mais de 8 anos, eu fui testemunha de vossa libada conduta e bons serviços prestados a Pátria, não só mantendo o sossego público desta grande capital, como voando voluntariamente a todos os pontos do Império, onde o governo Imperial tem precisado de nossos serviços (...) Quartel de Barbonos, 20/12/39, Luiz Alves de Lima e Silva – Duque de Caxias.(CARVALHO, 2005, p 17)

Passados 11 anos o governo criaria o Regulamento Geral nº 191, mais

precisamente em 1º de julho de 1842. Tal regulamento serviu para a padronização,

da atuação, das patentes e uniformes das Guardas Municipais Permanentes no

Brasil.

Com as freqüentes batalhas e revoltas internas e externas, foi necessário a

integração das Guardas Municipais aos Batalhões de Infantaria da Guarda Nacional.

Esta integração, fez com que as tropas ficassem com mais homens, mais

encorpadas, reforçando assim, as defesas das nossas fronteiras.

“Os voluntários da Pátria tomaram a mais brilhante parte na campanha, já

combatendo nos seus corpos, organizados ao primeiro chamamento do país em

perigo.” (SODRÉ, 1965 p. 74)

Após a Proclamação da República em 1895 e a mudança do governo, as

Guardas Municipais mantiveram as suas atividades nos respectivos municípios.

Um dos primeiros municípios a ampliar os poderes da Guarda Municipal no

ano de 1911, foi o município de Curitiba, pelo Decreto Estadual nº 262 que instituiu a

“Guarda Civil do Paraná” que ficaria como auxiliar das Policias Militares para a

preservação da ordem e segurança pública.

Com a Revolução Constitucionalista em 1932, novamente o governo

precisou incorporar os Guardas Municipais às tropas do Exército Brasileiro, ficando,

os agentes municipais, mais uma vez servindo como força auxiliar para a defesa do

País. (CARVALHO, 2005)

Page 14: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

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Em 1935 o Marechal Zenóbio da Costa foi promovido à Inspetor Geral da

Polícia Municipal do Rio de Janeiro (Guarda Municipal) pelos seus atos de bravura

perante os seus comandados durante a Revolução Constitucionalista. Com o tempo,

o Marechal tornar-se-ia o criador do Pelotão de Polícia Militar da Força

Expedicionária Brasileira, FEB, que atuaria na segunda guerra mundial. Ao retornar

da Guerra, Zenóbio também criaria a Polícia do Exército no Brasil – conhecida

atualmente como PE. Quando serviu como Inspetor da Guarda, tornou-se exemplo a

ser seguido por seus pares, pois estava todos os dias pronto à atender aos

necessitados de segurança e sempre que possível mobilizando o maior número de

Guardas Civis. (CARVALHO, 2005)

Em 1936 surge o Estado Novo. Neste momento a autonomia dos Estados e

Municípios foram sendo reprimidas. As forças de contenção popular, Forças

Públicas e Guardas Municipais, perdiam espaço para as Forças Armadas em

especial, o Exército.

Com a criação do Decreto nº 667 de 02 de julho de 1969 e o Decreto nº

1070 de 30 de dezembro de 1969 os municípios foram obrigados a retirar as suas

Guardas do serviço de segurança pública, com essas mudanças, alguns municípios

criaram novas funções para os agentes municipais, dentre elas a função de zelar

somente pelo patrimônio municipal, sendo que a partir deste momento algumas

cidades mudaram o nome das instituições para Guarda Civil Metropolitana,

mantendo-as até os dias atuais. (CARVALHO, 2005)

Após a queda do Regime Militar as grandes cidades do País e as regiões

Metropolitanas começaram a sentir um alto crescimento nos delitos, por

conseqüência, a insegurança voltava a imperar nos municípios, diante disso, os

prefeitos começaram a cogitar o retorno das Guardas Municipais para auxiliar na

segurança dos seus munícipes.

Na atualidade e com o advento da Constituição Federal de 1988 no seu

Artigo 144, § 8º, que faculta aos Prefeitos a criação de Guardas Municipais para a

proteção dos seus bens públicos, pode-se dizer que a CF/88 auxiliou os municípios

encorajando os mesmos a criarem suas Guardas Municipais como mais um

instrumento na prevenção da criminalidade. Os Municípios por intermédio do Artigo

144, § 8º da Constituição Federal 1988, adquiriram competências para se

organizarem, e o gestor municipal, por estar mais próximo da comunidade, é a

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autoridade pública que mais necessita adotar uma postura para garantir o convívio

social pacífico.

A Constituição de 1988, em seu artigo 144, § 8º, disciplina as diretrizes e

competências estabelecendo aos órgãos de segurança as suas atividades e atuação

frente à Segurança Pública e à incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Preconiza a responsabilidade de todos, e principalmente do Estado - União,

Estados, Distrito Federal e Municípios -, sendo um direito e responsabilidade de

todos.

A Guarda Municipal ou Guarda Civil Municipal como é chamada em outros

estados, é uma instituição de Segurança Pública, pois é disciplinada na Constituição

Federal no capítulo da Segurança Pública, artigo 144, parágrafo 8°. Sua criação não

é um dever, mas uma faculdade do Poder Executivo Municipal, ou seja, se um

Prefeito quiser, pode criá-la, mas não é obrigado.

Por outro lado, o processo de conscientização de direitos e deveres que a

Constituição Federal impôs, fez com que os membros da sociedade brasileira

exigissem a quebra de paradigmas na atuação do Estado, de seus poderes e de

seus órgãos. Dessa forma, os agentes públicos municipais devem estar aptos a

absorverem essa realidade, que deverá ser sentida em toda área de abrangência do

município, diante disso tornando-se uma das fontes inspiradoras de um contexto

onde prega-se que a Guarda Municipal deve ter o Poder de Polícia. (CARVALHO,

2005)

Segundo a Constituição Federal de 1988, a Guarda Municipal quando

existente, deve cuidar de bens, serviços e instalações do município e somente isso.

A Guarda Municipal torna-se o único órgão municipal listado na Constituição

Federal, e inclusive no capitulo que se trata da segurança pública Art. 144, na visão

de muitos, as Guardas Municipais devem apenas tomar conta da sua atribuição

como se fossem simples vigias. O capitulo da segurança pública e o Artigo 144

ainda carecem de regulamentação Federal, conforme, PEC – Projeto de Emenda

Constitucional – número 534-2002, que está tramitando na Câmara dos Deputados e

que da o reconhecimento como Polícias preventivas e comunitárias à todas as

Guardas Municipais do País, dessa forma, ampliando por completo as suas

atribuições constitucionais. As Guardas Municipais possuem um forte talento para

atuar de forma abrangente nas diversas ações de prevenção nos seus municípios,

Page 16: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

16

isso se dá por ser uma corporação com o efetivo bem considerável em relação às

Polícias Militares. (CARVALHO, 2005)

Dentre os serviços prestados pela Guarda Municipal percebe-se que esta

havendo uma ação similar de segurança pública com as policias. Sabemos que

antigamente esses serviços eram exclusivos da União e Estados, por intermédio dos

organismos policiais. Mas atualmente os municípios contam com as Guardas

Municipais, cuja a Lei protege apenas para a proteção dos bens e logradouros

públicos, mas que essa interpretação vem sendo ampliada, devido a prevenção e

combate ao crime nos municípios. Devido a esses anseios e com a ajuda do

Governo Federal os municípios investiram pesado no aumento dos seus efetivos e

reestruturação das instituições.

Diante de todas essas interpretações cabe aos prefeitos compreenderem os

aspectos dessas mudanças. Enquanto as Leis não são alteradas ampliando as

competências das Guardas Municipais, os gestores devem ter a clareza de como

implantar um modelo de gestão administrativa com responsabilidade social.

(CARVALHO, 2005)

Cabe ressaltar, que por intermédio das leis impostas pela Constituição de

1988 e a conseqüente democratização e municipalização da maioria dos serviços

governamentais, cabe lembrar, que a PEC 534-02 não tem o intuito de municipalizar

a segurança e sim ampliar a segurança de todas as comunidades.

Essas reflexões têm levado as sugestões de alteração no Artigo 144 da

Constituição Federal de 1988, entretanto, apesar de várias experiências inovadoras,

permanece uma forte corrente cultural da origem e condução do sistema,

sinalizando um grande desafio futuro aos prefeitos municipais para gerirem suas

Guardas. (http://www.rotativo.org, 2009)

Art. 144 – CF/88 – A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

(...) § 8º Os municípios poderão constituir guardas municipais

destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. (BRASIL, CF/88)

Quando analisa-se e interpreta-se o Artigo 144, § 8º da CF/88, no que diz

respeito a atuação das Guardas Municipais, e o seu5 efetivo Poder de Polícia, pode-

se dizer que na atualidade, torna-se necessário aprimorar os conhecimentos das

Page 17: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

17

organizações policiais. O capitulo que reza sobre segurança publica em relação as

Guardas Municipais, ainda não foi modificado pois carece de regulamentação

Federal, mas a CF/88 também baliza suas intenções, e as leis que criam as Guardas

estipulam competências e norteiam o interesse dos municípios conforme Art. 30 da

Constituição de 1988.

Art. 30 CF/88 - Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem

como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;

IV - criar, organizar e suprimir Distritos, observada a legislação estadual;

V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;

VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental;

VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;

VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;

IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. (BRASIL, CF/88)

Cabe lembrar que a leitura de todo o texto deve ser interpretada utilizando-

se das técnicas jurídicas existentes, lembrando que, quando o Código Civil trata

sobre bens, é de maneira extensiva, abrangendo a vida e o corpo das pessoas

(bens corpóreos e incorpóreos), pois o maior bem do município são os seus

munícipes. Diante deste conceito, Leib Soibelman, diz:

Bem é um conceito muito mais amplo que o de coisa. Bem é todo valor representativo para a vida humana, de ordem material ou imaterial. Nem tudo que no mundo material é coisa adquire a mesma categoria no mundo jurídico, como acontece, por exemplo, com o corpo do homem vivo, considerado elemento essencial da personalidade e sujeito de direito, já que não é possível separar na pessoa viva o corpo da personalidade. Os direitos também não são coisas embora freqüentemente sejam mencionados como coisas incorpóreas. Juridicamente não existem coisas imateriais. Se desta natureza, o mais admitido hoje é falar em bens incorpóreos. A palavra coisa refere-se sempre aos bens materiais, corpóreos tangíveis, sensíveis. Coisa é o que não sendo pessoa pode ser tocado, ou pelo menos sentido como as energias. Todo o valor que representa um bem para uma sociedade, e cuja distribuição, segundo os padrões nela vigentes pode provocar injusta competição, torna-se objeto do direito. (SOIBELMAN, apud, Carvalho 2005, p 72)

Diante do crescente número de delitos penais nos municípios, as

corporações municipais muitas vezes estão servindo como forças auxiliares das

Polícias Militares. É notório que as Polícias estão cada vez mais com os seus

Page 18: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

18

efetivos reduzidos, e principalmente nos municípios do interior. No interior, esse

déficit de policias nas ruas fica mais evidente, realidade esta que não se vê nos

grandes centros, dessa forma, nas pequenas cidades fica muito mais fácil encontrar

um Guarda Municipal nas ruas do que um PM. Pois vejamos: - um município forma

40 agentes municipais e todos permanecem na sua cidade de origem, já os 40

Policiais Militares que são formados nas cidades sempre são deslocados para outras

regiões.

Algumas medidas foram tomadas pelos legisladores para que os Municípios

pudessem de certa forma auxiliar nas atribuições que até então eram exclusivas das

Policias Militares, a redução no quadro de funcionários das Policias contribuiu para

as mudanças. (CARVALHO, 2005)

O Trânsito foi uma das principais mudanças. Primeiramente dividindo as

competências por meio de convênios firmados entre os Estados e Municípios e

posteriormente ficando sob responsabilidade dos municípios toda a sua fiscalização.

Cabe lembrar que as polícias não perderam tal atribuição, mas não é mais seu

dever.

Esta medida fez com que as Polícias voltassem mais a sua atenção para os

crimes cometidos nas cidades. Fazendo com que um Policial ou uma guarnição toda

não ficassem mais envolvidos em acidentes ou, em infrações rotineiras de trânsito,

por isso as Guardas Municipais assumiram tal atribuição dividindo competências

com o Estado e deixando de certa forma as Polícias livres para o combate ao crime.

Entende-se que as Guardas Municipais atuam na segurança pública,

protegendo os bens, serviços e instalações, nos termos da lei, cuja função é de

extrema relevância, mas a manutenção da ordem pública continua a cargo dos

órgãos genuinamente policiais. (CARVALHO, 2005)

Com o constante crescimento da violência urbana, a sociedade vê o lado

cruel do processo de urbanização do nosso País, mostrando a existência de um

grande grupo de renegados da sociedade, que acabam por ameaçar o equilíbrio de

segurança nas cidades.

Na situação em que vivemos, sabe-se que é inviável realizar política pública

de qualquer natureza sem o envolvimento das pessoas e dos municípios, que é sem

dúvida nenhuma é o ente federativo mais próximo da sociedade. (CARVALHO,

2005)

Page 19: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

19

Novos conceitos de segurança pública começam a surgir no Governo

Federal, ele mesmo tomou a iniciativa e começou a quebrar antigos paradigmas

encaminhando ao Congresso Nacional algumas medidas eleitas na 1ª Conferência

Nacional de Segurança, CONSEG. Medidas essas eleitas como sendo prioritárias ao

combate a criminalidade, redefinindo assim o papel das Guardas Municipais,

aumentando as vantagens e cobrando mais responsabilidades. Diante disso, os

Prefeitos devem ter a ciência da nova gestão de Segurança Pública no País sem ter

medo de valorizar e criar as suas Guardas Municipais. (http://www.conseg.gov.br,

2009)

A seguir algumas das diretrizes aprovadas na 1ª Conferência Nacional de

Segurança, CONSEG, que envolvem diretamente as Guardas Municipais:

- Regulamentar as Guardas Municipais como polícias municipais; - Definir suas atribuições constitucionais; - Regulamentar a categoria; - Garantir direitos estatutários: - Jornada de trabalho; - Plano de carreira; - Aposentadoria; - Assistência física e mental; - Regime prisional diferenciado; - Programas habitacionais; - Seguro de vida; - Critérios do exame psicotécnico a cada quatro anos; - Concurso público, com exigência mínima de nível médio

completo; . (http://www.conseg.gov.br – 2009, sp)

Existe um apelo popular que proporcione tranqüilidade a todos, que garanta

seu bem estar pessoal e patrimonial, que rompa barreiras e quebre vaidades e

interesses particulares, que a Segurança Pública seja um conjunto de serviços e paz

para a sociedade. A segurança pública sempre será responsabilidade do Estado e

de todos, por isso, com o passar do tempo, os municípios começarão a ter a sua

parcela de contribuição mais significativa para com a sociedade.

A Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP – lançou diretrizes

aos municípios para a formação dos seus agentes. A SENASP quer que os prefeitos

formem Guardas Municipais treinados, com equipamentos adequados ao tipo de

atividade para que venham desempenhar.

A Guarda Municipal deve cuidar do patrimônio municipal, de seus habitantes

e de todas as atividades e serviços desenvolvidos no seu dia-a-dia. Os municípios

devem trabalhar na área de prevenção de delitos.

Page 20: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

20

Neste sentido a Secretaria Nacional de Segurança Pública lançou a Matriz

Curricular das Guardas Municipais, com o objetivo de nortear os municípios na

formação dos seus agentes municipais, esta Matriz, deve ser seguida em todos os

cursos de formação de Guardas Municipais. (http://www.mj.gov.br/senasp, 2010)

Com o surgimento do Estatuto do Desarmamento, as Guardas tiveram que

se adequar aos mecanismos impostos pela Lei 10.826 de 2003. O Estatuto

disciplinou e autorizou os integrantes das corporações municipais a portarem as

respectivas armas de fogo de calibre permitido.

A Lei veio a nortear as instituições para o correto uso do armamento. Antes

do advento da Lei 10.826 os integrantes das Guardas portavam armas de fogo,

fiscalizadas apenas pelas Polícias Militares dos Estados denominados

Departamento de Supervisão de Vigilância e Guarda, DSVG. Com dispositivos

voltados exclusivamente para as guardas o legislador inseriu pré-requisitos aos

quais os municípios deveriam cumprir com as suas Corporações. (MARCÃO, 2009)

Com a criação da Lei n.º 10.826/03, ficou disciplinado dois tipos distintos de

Porte de Arma, um tratando-se do porte de arma de uso permitido à pessoa física –

Guarda fora do serviço - e o outro à pessoa jurídica – Guarda em serviço -. Sobre a

pessoa jurídica, cabe ressaltar que se trata do porte de arma “funcional”, onde a

instituição da Guarda Municipal tem o direito de adquirir o referido armamento,

repassando aos seus integrantes quando em serviço. (MARCÃO, 2009)

Atualmente, encontramos no serviço de segurança privada, quase que o

triplo do contingente policial existente no país, mostrando claramente a ausência dos

poderes públicos constituídos, na resolução dos problemas e diante desses

problemas é que o governo está tentando viabilizar políticas de segurança que

venham a suprir essas carências de efetivos policiais e uma delas é o investimento

nos municípios através das Guardas Municipais. (CARVALHO, 2005)

Nos últimos 200 anos a história das Guardas Municipais acaba se

confundindo com a própria história do Brasil, pois, a sua evolução vem

acompanhando o próprio crescimento do povo brasileiro.

Conforme o momento Político vivido pelo nosso País, esta Força Armada

vinha dando origens a novas instituições, sempre com o intuito de promover o bem

social, esta corporação esteve sempre vinculada aos anseios dos seus municípios.

Page 21: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

21

No decorrer da história pode-se perceber sempre a presença da Guarda

Municipal, pois, afirma-se que elas existem desde 1550 e conhecidas como Polícias

Urbanas, pois eram as responsáveis pela segurança das cidades. A História nos

mostra, sem dúvida nenhuma, que a Guarda pode ser elencada como uma das

instituições de segurança mais antigas do Brasil.

Quando o município foi incluído no capítulo destinado a segurança pública,

o constituinte o fez considerando um ente federado, compreendendo e respeitando

as suas limitações econômicas. Diante disso, pode-se dizer que a autonomia

municipal voltou a imperar através da Constituição Federal de 1988, pois facultou,

aos municípios novamente a criação das Guardas Municipais, com o intuito da

proteção dos seus bens, serviços e instalações, com isso, torna-se necessário que

os Prefeitos visualizem o novo contexto de Segurança Pública, e não fiquem

desinteressados para criar e valorizar as suas GMs. (CARVALHO, 2005)

1.2 – GUARDA MUNICIPAL E O PODER PÚBLICO

A Guarda Municipal está cada vez mais inserida no tema Segurança

Pública, e, por conseguinte, o Poder Municipal começa a ser refletido. Diante disso,

o maior exemplo é a inclusão dos municípios no Programa Nacional de Segurança

com Cidadania – PRONASCI, que visa atingir os problemas estruturais e locais de

cada município.

As ações visam diagnosticar e sanar os problemas oriundos do próprio

desenvolvimento das periferias dos municípios, com atividades ligadas a ações

públicas e com a execução direta do Poder Público Municipal. Diante dessas ações,

é preciso saber, que o Município é o ente federativo mais próximo da comunidade e

precisa conhecer e resolver os problemas dos seus munícipes com plena sabedoria

e eficácia. (MAGALHÃES, 2008)

O Gestor municipal deve passar segurança ao seu Município e tranqüilidade

as pessoas. A comunidade não deve fugir das suas responsabilidades, pois não

podem ancorar-se só na Polícia ou nos órgão repressores, e sim, devem

Page 22: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

22

diagnosticar outros meios que podem contribuir para a melhoria da segurança nos

seus bairros, pois se sabe que o problema social e de segurança é um problema de

todos e não só do Poder Público. As famílias não podem deixar tudo a cargo do

Estado, fugindo da sua responsabilidade, pois o seio familiar, a educação e a

religião tornam-se o alicerce mais sólido e eficaz para que o controle social seja bem

sucedido no tão almejado processo de paz. (MAGALHÃES, 2008)

Brito, Magalhães, Dantas e Persijn ao tratar do tema gestão comunitária

revelam:

Atualmente, a formação de parcerias está no centro, não somente da gestão comunitária da segurança pública, como também de várias estratégias governamentais para solução de problemas sociais. Tais estratégias têm em conta a proliferação de conselhos comunitários de várias naturezas, tais como: orçamento participativo, conselhos comunitários de educação e de saúde, conselhos tutelares, dentre outros. Chaiken e Karchmeri acrescentam: (...) nos últimos anos, as parcerias têm sido um aspecto crítico dos esforços multijurisdicionais do policiamento de drogas. Os teóricos dessa noção afirmam que, na essência das parcerias está a crença de que a prevenção e a redução do crime e da desordem requerem um esforço coordenado e concentrado de indivíduos, comunidades e instituições afetadas. Uma vez que o crime pode ter múltiplas causas, infere-se que as soluções devam ser igualmente multifacetadas e, assim sendo, não possam ser encontradas somente pela polícia. (BRITO, et al, apud, MAGALHÃES, 2008, p.2)

Dentre as atribuições do estado se inserem, o exercício do poder de polícia

de segurança pública e o controle do trânsito de veículos dividido este,

solidariamente com os municípios.

Os prefeitos possuem um papel indispensável com a preservação da ordem

pública e prevenção à criminalidade, sendo que, o governo federal não quer

transferir a responsabilidade para os municípios, e sim buscar uma parceria para

desenvolver ações e programas de prevenção à violência.

As necessidades dos prefeitos em mostrar esforços e resultados a sua

sociedade muitas vezes param na morosidade da Lei. Pois os municípios possuem

suas ruas, onde circulam as pessoas e veículos e que os municípios só tem o poder

de fiscalizar e autuar sobre infrações de trânsito, que aos olhos da comunidade, na

maioria das vezes, é tido como um serviço desnecessário. (http://www.mj.gov.br

2009)

Entende-se que Segurança Pública é uma área muito abrangente e que não

basta ter soluções simples, como só aumentar o contingente de policiais nas ruas ou

Page 23: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

23

apenas realizar palestras de conscientização. Por isso é uma área onde os

legisladores devem agir com cautela, mas com rapidez. (MAGALHÃES, 2008)

Segundo Magalhães, os municípios devem ter: Ações públicas municipais de repressão à desordem pública

podem e devem ser realizadas e/ou acompanhadas pelas guardas municipais e secretarias de segurança municipais, onde existirem. Até porque não podemos esquecer que vários autores nacionais e internacionais do tema segurança pública consideram os focos de desordem pública como um importante passo para a instalação de um ambiente criminógeno que poderá se transformar em uma localidade afetada pela criminalidade. A presença efetiva do poder municipal nessa fase inicial é indispensável para ajudar a conter a escalada da criminalidade urbana. (MAGALHÃES, 2008 p.3)

A gestão municipal no tocante sobre Segurança Pública deve ter por parte

do administrador uma abordagem e uma postura mais inovadora para tratar dos

assuntos que causam problema ao seu município. O campo de atuação das

Guardas Municipais encontra-se recheado de opções, pois a sua atuação se amplia

cada vez mais na proteção do patrimônio público, cultural, trânsito, meio ambiente e

também no apoio a continuidade dos serviços públicos e de outros órgãos.

(http://www.mj.gov.br 2009)

A importância do tema Segurança Pública nos municípios, portanto, pode

ser avaliado primeiramente pela falta de comprometimento do Poder Público no

combate a criminalidade, pois caracteriza-se em aspectos referentes ao alto índice

de desemprego e a falta de políticas sociais que possam a vir contribuir com o

desenvolvimento local e financeiros.

As Guardas Municipais, dentro da sua função institucional, são organismos

de segurança pública, em virtude das restritas e errôneas interpretações que

acontecem a seu respeito, e acabam, por conseguinte, contribuindo indiretamente

para com objetivos escusos, tais como Carvalho relata:

Transferir a parcela de culpa pela insegurança local, a escalões superiores; Negar a parcela de responsabilidade dos dirigentes municipais na área de segurança pública; Motivar o uso da insegurança dos municípios como plataforma política; Beneficiar a manutenção do „status quo‟ de alguns, em detrimento do índice alarmante da falta de segurança generalizada (lei da oferta e da procura ― quanto mais escasso e procurado o produto, mais caro será); Incentivar a ampliação do serviço paralelo de segurança, sendo uma atividade eminentemente de natureza privada, com fins lucrativos; Permitir o crescimento da criminalidade, relacionado à sensação de impunidade do Estado, para com o infrator. (CARVALHO, 2005, p 245)

Cabe ressaltar que a Segurança Pública é uma atividade exclusiva do Poder

Estatal, sendo desenvolvida pela União, Estados Membros, Distrito Federal e

Page 24: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

24

Municípios, todos tendo o dever legal de fornecer, dentro da sua esfera de atuação,

uma prestação de serviço de excelência, minimizando desta forma, os índices de

insegurança.

Cabe lembrar que a individualidade e o respeito de cada corporação Policial

estão, na valorização dos seus integrantes e na manutenção de uma identidade

própria, vindo uma instituição a acrescer com a existência da outra.

A Guarda Municipal pode ser mais que apenas uma corporação, pode ser

principalmente solidária, dinâmica e uma grande prestadora de atendimentos de

excelência em várias áreas de atuação para a população, trazendo benefícios com

idéias simples e com um custo quase que inexistente ao poder público municipal.

No Brasil com surgimento das Guardas Municipais estão sendo

apresentados resultados positivos junto as suas localidades. Isso se dá devido à

atuação direta com a comunidade, as Guardas Municipais passam a conhecer os

cotidianos dos bairros, a ponto de, em determinadas regiões, onde a insegurança

era o ponto máximo, o cidadão já pode dizer: “eu estou me sentindo mais seguro,

quando caminho pela minha cidade”. (CARVALHO, 2005, p. 237)

As Guardas Municipais em seu contexto geral apresentam-se como uma

alternativa à segurança pública nos municípios. Em países como a Espanha,

Bélgica, Portugal, Itália, França, Estados Unidos e Reino Unido – as

administrações municipais utilizam as forças citadinas para proteger o seus bens

maiores.

Segundo pesquisa do BNDES atualmente a Guarda Municipal já se faz presente e atua em mais da metade dos Municípios com população superior a 100 mil habitantes: 51,7% para os Municípios com população entre 100 mil e 500 mil habitantes e 80,8% para aqueles com população superior a 500 mil habitantes. (http://pt.wikipedia.org, 2009 sp)

O Estado Democrático de Direito idealizado e desejado pelo constituinte

originário caminha a passos firmes rumo à sua solidificação no Brasil. Não há quem

não defenda a Lei Fundamental de 1988 até mesmo com possíveis mudanças que

venham a melhorar cada vez mais as interpretações dos nossos afazeres. Nesse

contexto, o Estado deixou de ser um fim em si mesmo e, gradativamente, focou seus

esforços na satisfação dos legítimos interesses da sociedade e está cada vez mais,

investindo na segurança dos cidadãos, com re-aparelhamento dos órgãos de

segurança e das Guardas Municipais nos Municípios. (http:\\www.mj.gov.br 2009)

Page 25: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

25

A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) é responsável pela

formulação, articulação e indução da política nacional de segurança pública, onde

toma como base o Plano Nacional de Segurança Pública. Entre as incumbências da

Secretaria estão a administração dos recursos do Fundo Nacional de Segurança

Pública e a estruturação e implantação do Sistema Único de Segurança Pública

(SUSP).

No atual governo, a Secretaria Nacional de Segurança Pública, SENASP,

teve suas atribuições redefinidas e passou a ser responsável pela criação e

implantação da Política Nacional de Segurança Pública, tendo como principal diretriz

o redesenho do aparelho policial brasileiro, tendo como principal objetivo os

Municípios onde possuem Guarda Municipais.

Para isso, a Secretaria Nacional de Segurança Pública, SENASP,

transformou o Fundo Nacional de Segurança Pública em instrumento indutor da

política de segurança e, em lugar de projetos isolados, passou a privilegiar planos

que contenham planejamento, metas, avaliação e monitoramento, e que serão o

alicerce da polícia do futuro que começou a ser construída a partir do início do

governo com o incentivo direto aos Municípios que contemplavam as expectativas

da Secretaria. (CARVALHO, 2005)

Com o objetivo de operar a nova política nacional de segurança, foi criado o

Sistema Único de Segurança Pública, SUSP, que traça as linhas mestras da ação

da polícia em todo o Brasil. A principal finalidade do Sistema Único é articular as

ações das Policias Federais, Estaduais e Guardas Municipais no campo da

segurança e da Justiça Criminal.

Frederico Carvalho, explana o seguinte posicionamento à respeito desta

possível integração das polícias:

A integração das polícias, na opinião unânime de especialistas do setor, é a maneira mais adequada de eliminar a fragmentação desta atividade típica de Estado, especialmente num período em que o crime está cada vez mais organizado, com ramificações interestaduais e até mesmo transnacionais. (CARVALHO, 2005, p 45)

A principal mudança instituída pelo SUSP na relação entre as polícias é a

implantação do Gabinete de Gestão Integrada (GGIs), que está operando no Espírito

Santo, Mato Grosso, Paraíba, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.

Os GGIs auxiliam na integração das ações das secretarias estaduais de

Segurança Pública, de representantes do Poder Judiciário, Ministério Público,

Page 26: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

26

Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Polícia Militar e Guardas

Municipais, que definem, por consenso, ações focadas no interesse da coletividade,

onde diz respeito a segurança dos municípios e principalmente no combate ao crime

organizado. (CARVALHO, 2005)

O Governo Federal por intermédio do Ministério da Justiça, em junho de

2000, implantou o Plano Nacional de Segurança Pública, com o objetivo de

aperfeiçoar o sistema de segurança pública brasileiro, vindo a assegurar um dos

direitos fundamentais do cidadão: o direito à segurança - por meio de propostas que

integram políticas de segurança, políticas sociais e ações comunitárias, de forma a

reprimir e prevenir o crime e reduzir a impunidade, aumentando a segurança e a

tranqüilidade do cidadão brasileiro.

Ciente de que não existem soluções milagrosas para enfrentar a violência, a

intenção deste Plano foi a de aglutinar esforços nas áreas de segurança pública que

pudessem propiciar melhorias imediatas na segurança do cidadão, tanto quanto o

fomento de iniciativas de intervenção nas múltiplas e complexas causas que estão

ligadas ao fenômeno da criminalidade. (CARVALHO, 2005)

Entretanto, para se alcançar esta meta e torná-la possível há que se

conseguir o estreitamento da cooperação com Estados, Municípios, demais poderes

e sociedade civil organizada - de forma firme e permanente. (CARVALHO, 2005)

Desse modo, dentro da sua parcela de responsabilidade, competem aos

Municípios e às Guardas Municipais as metas abaixo arroladas, conforme

compromissos propostos pelo Plano Nacional de Segurança Pública:

Ação 56 - Guardas Municipais Apoiar e incentivar a criação de Guardas Municipais

desmilitarizadas e desvinculadas da força policial, estabelecendo atribuições nas atividades de segurança pública e adequada capacitação, inclusive para a área de trânsito. (www.mj.gov.br/susp 2009, sp)

Com esta ação o Governo após muitos estudos sobre o assunto começa a

dividir diretamente as responsabilidades com os chefes dos Executivos Municipais,

pois mostra claramente a intenção de fortalecer os municípios com incentivos para a

criação e treinamento qualificado das respectivas corporações, essas medidas

visam suprir, de maneira significativa os focos locais de índices de criminalidade. O

emprego das Guardas Municipais visa às ações preventivas.

Ação 58 - Pontos Críticos no Trânsito Criar uma fiscalização intensiva naqueles pontos críticos de

cidades onde os registros mostram acidentes fatais de trânsito, punindo

Page 27: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

27

com rigor os responsáveis por essas mortes, com vistas a reduzir a impunidade, o desrespeito à vida e o compromisso falho que essas pessoas demonstram com os direitos e deveres da cidadania. (www.mj.gov.br/susp 2009, sp)

A ação 58 vem ao encontro da ação 56, pois como o Governo incentiva a

criação e capacitação dos Guardas Municipais inclusive para área de trânsito,

evidencia com clareza os motivos pelos quais o Governo requer a capacitação dos

agentes municipais na fiscalização do trânsito.

Com está medida, o governo visa a diminuição da impunidade que assola o

País onde diz respeito a falta de conscientização de alguns condutores.

Ação 59 - Estratégias Comunitárias Estimular debates que abram canais permanentes de diálogo com

as lideranças e os movimentos comunitários legítimos, especialmente aqueles organizados em periferias e favelas de grandes centros urbanos, com o propósito de construir alianças capazes de ao mesmo tempo mudar o comportamento da Polícia em relação a essas populações e combater o crime, livrando essas comunidades do poder dos marginais e dos falsos benefícios dos bandidos, bem como investir em organização e gestão comunitária e na aliança entre os movimentos sociais e a escola. (www.mj.gov.br/susp 2009, sp)

Estratégias comunitárias são uma das diretrizes principais da Secretaria

Nacional de Segurança Pública, pois desde o ano de 2007 a Secretaria vem

investindo em treinamentos exclusivos para este fim, com o intuito de preparar o

Policial e o Guarda Municipal, a orientar, dialogar e palestrar sobre temas polêmicos

que envolvam determinadas comunidades (bairros), a Secretaria quer, cada vez

mais, aproximar os órgãos de Segurança da periferia, para que a comunidade dessa

região vejam os Policiais e Guardas como aliados e não como vilões.

Compromisso Nº8 Inibição de Gangues e Combate à Desordem Social Espaços urbanos concentrados, como são as atuais grandes

metrópoles brasileiras, concentram também manifestações de violência e ameaças ao convívio social pacífico. Nesse contexto, os jovens, especialmente aqueles situados na faixa etária de 14 a 24 anos, se apresentam ao mesmo tempo como as vítimas mais prováveis da violência, mas também como os violentos mais prováveis. A sociedade brasileira não foge a essa tendência moderna.

O Brasil está cheio de exemplos recentes que expressam omissão ou super proteção das famílias, da escola e dos poderes públicos, que não conseguem construir, principalmente com a participação dos jovens, uma perspectiva de futuro.

Para mudar esse triste quadro, as ações propostas logo a seguir procuram, ao lado de conferir cada vez mais praticidade ao Estatuto da Criança e do Adolescente, caminhar na direção principal de reinserir os jovens em suas comunidades, despertando-os para uma efetiva participação que inclua o sentido de responsabilidade, sonhos, desejos de realização e felicidade. (www.mj.gov.br/susp 2009, sp)

Page 28: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

28

As gangues. atualmente são compostas na sua grande maioria por menores

de idade formadas para satisfazer anseios que quase na sua totalidade levam os

menores diretamente para as drogas. O compromisso quer resgatar esses jovens

para o convívio social, mostra que o Governo está disposto a construir mecanismos

de atração para os jovens, incentivando os municípios a criar oficinas

profissionalizantes e que venham a prender a atenção dos jovens dando uma

perspectiva de futuro a eles. As Policias e as Guardas serviriam como identificador

dos focos onde necessitariam tais oficinas.

Ação 66 - Recuperação do Espaço Público Mapear os espaços públicos importantes para a comunidade que

estejam deteriorados, com ênfase em zonas de maior carência social e urbana, visando sua recuperação estética e moral. A partir da restauração de sua representação comunitária, evitar que sejam tolerados, por toda a comunidade, agressões como: grafitismos, depredações, uso inadequados de praças, brinquedos, telefones públicos, lixeiras, etc. Estimular atitudes positivas de preservação e que materializem a idéia de que o espaço público é a representação da própria comunidade e que esta se assenta no respeito e no cumprimento da lei que, nesse caso, é, principalmente, o dever de cada um com os demais. (www.mj.gov.br/susp 2009 sp)

Recuperar os espaços públicos e com a presença ostensiva, principalmente

da Guarda Municipal, zelar pela conservação e aparência dos bens públicos,

mostrando para a comunidade presente, que aquele patrimônio pertence a eles e

que também devem zelar pela sua conservação.

Ação 67 - Resgate de Profissões Comunitárias Estimular a elaboração, por parte dos estados e municípios, de

projetos comunitários que elevem a auto-estima de profissionais comunitários, tais como agentes comunitários, educadores, policiais, bombeiros, guardas municipais etc, a fim de que eles possam ao mesmo tempo ser multiplicadores de valores comunitários e objeto de identificação e valorização pela comunidade que integram. (www.mj.gov.br/susp 2009, sp)

Vem ao encontro com a ação número 59 só que de uma forma mais

incisiva, pois incentiva diretamente os profissionais envolvidos com a comunidade a

trabalharem e difundirem os conhecimentos adquiridos no decorrer das suas

qualificações.

“Ação 69 - Ética e Cidadania: Distribuição massiva nas escolas públicas do

kit „Ética e Cidadania‟, preparado pelo Ministério da Educação.” (www.mj.gov.br/susp

sp 2009)

Esta ação visa aproveitar os profissionais municipais (Guardas) a

desenvolverem nas escolas públicas o programa do Governo, com a distribuição

periódica de materiais educativos.

Page 29: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

29

Ação 81 - Escola na prevenção da violência Ampliar o projeto Paz na Escola do Ministério da Justiça, incluir

no programa TV Escola o tema Violência e Direitos Humanos e incentivar, junto a organizações da sociedade civil, o desenvolvimento de projetos voltados para a juventude, de cunho educacional e direcionados para a prevenção da violência, especialmente em áreas de periferia urbanas e que apresentam aguda situação de carência e exclusão. (www.mj.gov.br/susp 2009, sp)

O incentivo ao qual a ação se refere deve ser feito com palestras educativas

periódicas, que englobe realmente o cotidiano das periferias, devendo aproximar o

Policial e o Guarda cada vez mais dos jovens, para que os mesmos, tenham uma

visão de um amigo e não de um repressor.

Compromisso Nº12 Capacitação Profissional e Re-aparelhamento das Polícias A qualificação e a valorização do profissional de segurança

pública são pilares de qualquer programa consistente de redução da criminalidade. A evolução do crime exige constante aperfeiçoamento dos equipamentos e conhecimentos policiais. Por outro lado, o policial deve ser permanentemente capacitado para servir sua comunidade. É hoje consenso em todo o mundo que a eficiência da polícia está diretamente ligada a sua proximidade da população e ao grau de confiança alcançado junto à comunidade. Será esta a ênfase dos programas de capacitação na área de segurança pública.

Ação 93 - Criação do Fundo Nacional de Segurança Pública Criar, no âmbito do Governo Federal, um Fundo Nacional de

Segurança Pública destinado a apoiar financeiramente o re-aparelhamento, reestruturação e qualificação das polícias estaduais e as ações previstas neste Plano, especialmente aquelas voltadas para a implantação de polícias comunitárias, seu intercâmbio nacional e internacional com polícias e líderes comunitários, delegacias especializadas, sistemas de produção e coleta de dados, núcleos de combate à impunidade, investigações de homicídios, chacinas, missões especiais de patrulhamento integrado e estratégias comunitárias. (www.mj.gov.br/susp 2009, sp)

Por fim, o legislador mostra a intenção de modificar toda a logística dos

órgãos de segurança. Como uma forma de incentivo indireto, o Governo começa a

injetar recursos financeiros voltados exclusivamente para a Segurança dos

Municípios, seja na área de prevenção, como na área de capacitação dos agentes,

reestruturação das Delegacias, Quartéis, Guardas Municipais, carros novos para as

instituições, coletes balísticos, rádios inter-comunicadores, computadores, armas

não-letais e cursos a distância disponibilizados a todos os agentes de segurança do

País. (www.mj.gov.br/susp, 2009)

As propostas sugeridas pelo Governo Federal, são de suma importância

perante os cidadãos brasileiros, pois no atual contexto social em que vivemos

podemos começar a ter uma postura mais ativa, exigindo assim, que todos os

direitos e garantias individuais mantidos pela Constituição Federal de 1988 não

sejam esquecidos.

Page 30: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

30

Com essas medidas o Poder Público torna visível para toda a comunidade

que imposições arbitrárias motivadas apenas pela vontade, não serão aceitas em

hipótese alguma, pois toda violação de direito deve estar resguardada na pura

legalidade. (www.mj.gov.br/susp, 2009)

O Governo mostra a sua intenção em aproximar o cidadão de bem das

forças de segurança do País, quando começou envolver todas as pessoas em uma

política de desenvolvimento e trabalho com princípios de probidade, impessoalidade,

moralidade e eficiência.

Ao aproximar o cidadão dessas políticas de segurança, o governo mostra a

sua preocupação com a sociedade em geral. Sabe-se que há muito que fazer, mas

com a união de esforços, temos novos conceitos e normas a serem seguidas que

certamente ira, consolidar a nossa democratização.

No entanto, nossa sociedade necessita de Leis, pois simplesmente é

vedado ao ser humano satisfazer seus próprios interesses, devendo seguir e

obedecer as normas que são impostas.

Caso não tivéssemos Leis que regulassem esses direitos, certamente

viveríamos novamente nos tempos bárbaros, onde tais conflitos de interesse seriam

sempre vencidos pelos “mais fortes”. Mas, quando os direitos mais relevantes da

sociedade são violados vemos o Estado agir com mais força, com punições mais

rígidas, dentre elas, a privação da liberdade dos sujeitos ativos da transgressão.

(http://www.mj.gov.br/senasp, 2009)

Ao analisar fica fácil diagnosticar que o Poder Público Municipal tem nas

mãos todas as ferramentas necessárias para elaborar políticas que realmente

venham a contribuir com a evolução das comunidades municipais. O Governo

Federal, mostrou a vontade de ter um futuro próspero e para isso chamou os

Gestores municipais para uma parceria duradoura e sólida.

Para que tudo isso se torne realidade, se faz necessário que a comunidade

não vire as costas para o Poder Público, cobre sempre os princípios básicos que

não podem faltar em uma administração, como políticas públicas de geração de

emprego, de inclusão social, de renda mínima, de saúde pública, de inclusão escolar

e que o município tenha ações focadas nos seus munícipes e que tenha condições

sociais propicias para um bom relacionamento entre as pessoas.

(http://www.mj.gov.br/senasp, 2009)

Page 31: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

31

2 – PAPEL DAS GUARDAS MUNICIPAIS NOS MUNICÍPIOS

2.1 - FUNÇÃO

O Artigo 144, § 8º, da Constituição Federal, disciplina as competências

(função) que as Guardas Municipais terão nos respectivos municípios. Em tese, os

Prefeitos só podem constituir Guardas Municipais com o intuito de zelar apenas pelo

patrimônio público municipal.

Tendo a sua função restringida pela Constituição 88, as Guardas Municipais

foram sendo criadas em todo o Brasil conforme o entendimento de cada

administrador.

Algumas instituições apenas com o nome de Guarda Municipal, mas que

atuavam como vigias noturnos, apenas com uniformes, cassetetes e lanternas, e,

vigiavam apenas prédios das prefeituras. Outras, por sua vez, já incorporavam o

sentido amplo do parágrafo 8° do Artigo 144 da CF/88, zelavam pelos prédios

públicos, jardins e praças do município.

Com o passar do tempo e o grande crescimento da violência no País,

alguns municípios começaram a atuar as margens da Lei, trabalhando com as

Guardas Municipais de forma a auxiliar as Polícias Militares. (CARVALHO, 2005)

As assessorias jurídicas das Prefeituras começaram a interpretar de forma

mais ampla as funções as quais a Constituição se referia, e assim, passaram a

expandir mais as atribuições das Guardas em cada Município.

Norteados por princípios legais os consultores começaram a elencar

algumas competências Básicas das Guardas Municipais:

”Controlar e fiscalizar o trânsito, de acordo com a lei no

9.503, de 23/09/1997

(Código de Trânsito Brasileiro) ” (CARVALHO, 2005 p. 60)

Está atribuição veio com o advento da Lei número 9.503 de 23 de setembro

de 1997, e de certa forma, foi uma grande conquista da categoria dos agentes

municipais, pois sincronizou com a Ação 56 – sobre as Guardas Municipais, do

Page 32: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

32

Plano Nacional de Segurança Pública que incentiva os municípios a criarem suas

Guardas inclusive para a área de trânsito.

Um dos princípios básicos do funcionalismo público. ”Auxiliar, informar e

orientar o público. ” (CARVALHO, 2005 p. 60)

Zelar pela segurança dos funcionários, para que não venham a ser

importunados durante o serviço. ”Garantir o funcionamento dos serviços públicos

municipais;” (CARVALHO, 2005 p. 60)

Nessa função já percebesse a atribuição dos agentes municipais de

resguardar pelo direito de outrem.

Proteger e preservar a incolumidade pública, prevenindo ou reprimindo atividades que violem normas de defesa da saúde, do sossego, da higiene, da segurança pública, da continuidade dos serviços públicos, dos costumes, do meio ambiente, ou que infrinjam direitos individuais e coletivos; (CARVALHO, 2005 p. 60)

Atividade de força auxiliar diante de sinistros, auxiliando Bombeiros, Polícias

e Defesa Civil. ”Apoiar as atividades de socorro e proteção às vítimas de

calamidades públicas, participando das atividades de Defesa Civil;” (CARVALHO,

2005 p. 60)

Atuar como órgão de segurança preventivo auxiliando os órgãos

competentes em todas as esferas, municipal, estadual e federal. ”Desempenhar

missões eminentemente preventivas, zelando pelo respeito à Constituição, às leis e

à proteção do patrimônio público municipal Prevenir as infrações penais;”

(CARVALHO, 2005 p. 60)

Auxiliar os agentes de proteção ambiental atuando ostensivamente.

”Interagir com os agentes de proteção ambiental, protegendo o meio ambiente, bem

de uso comum do povo, conforme determina o art. 225 da Constituição Federal”.

(CARVALHO, 2005 p. 61)

Atuar repressivamente quando solicitado pelos funcionários municipais.

”Apoiar os agentes municipais a fazer cessar, quando no exercício do poder de

polícia administrativa, as atividades que violarem as normas de saúde, sossego,

higiene, funcionalidade, estética, moralidade e outras de interesse da coletividade;”

(CARVALHO, 2005 p. 61)

Zelar pelo patrimônio público municipal bem como pela integridade física

dos munícipes. ”Praticar segurança em eventos;” (CARVALHO, 2005 p. 61)

Page 33: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

33

Proteger Prefeitos, Vice-Prefeitos, Secretários, adjuntos e Vereadores.

”Praticar segurança de autoridades municipais; ” (CARVALHO, 2005 p. 61)

Prestar pronto atendimento a vítimas de mal súbito, até a chegada de

pessoa habilitada. ”Prestar pronto-socorrismo; ” (CARVALHO, 2005 p. 61)

Auxiliar os órgãos competentes quando for solicitado. ”Apoiar as ações

preventivas - educativas: prevenção à violência, uso de drogas, ECA, trânsito, etc.”

(CARVALHO, 2005 p. 61)

Zelar pelo cumprimento das funções dos funcionários públicos, fazendo com

que os mesmos sintam-se seguros. ”Proteger funcionários públicos no exercício de

sua função; ” (CARVALHO, 2005 p. 61)

Função principal da Guarda Municipal elencada pela Constituição Federal

de 1988:

Exercer a segurança sobre os próprios municipais, principalmente parques, jardins, escolas, teatros, museus, bibliotecas, cemitérios, mercados, feiras livres e todo o patrimônio histórico, no sentido de:

a) protegê-los dos crimes contra o patrimônio b) orientar e proteger o público c) prevenir a ocorrência, interna e externamente de qualquer

infração penal d) controlar o trânsito de veículos e) prevenir sinistros, atos de vandalismo e danos ao patrimônio f) prestar assistências diversas (CARVALHO, 2005 p. 61) Colaborar com as ações preventivas de segurança pública;

(CARVALHO, 2005 p. 61) Exercitar sua função ostensiva, por meio de condutas, tais como: a) prender quem seja encontrado em flagrante delito, nos exatos

termos dos artigos 301 a 303 do Código de Processo Penal, fundado no

inciso LXI, do artigo 5o

da Constituição Federal. b) agir em legítima defesa de direito seu, ou de outrem, mormente

em defesa dos direitos assegurados pela Constituição Federal, ressaltando-se os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,

todos insertos no caput do art. 5o

da CF/88. (CARVALHO, 2005 p. 61)

Exercer sua função de cidadão, mostrando a todos que está diferenciado

pelo uso de um uniforme e que pode agir como Polícia em situação de flagrante

delito.

Dentre os bens municipais incluem-se tanto os veículos que servem como

ambulância, viaturas, ônibus como os prédios de uma escola municipal, de um

centro de saúde ou de um centro cultural municipal. Mas não podemos falar que se

trata só de patrimônio público, pois caso fosse, deveríamos concluir que o agente

municipal deveria proteger somente os carros e o material edificado, e não os seus

motoristas e ocupantes das repartições. Partindo dessa premissa, podemos dizer

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34

que se um ladrão viesse roubar algum dos veículos a obrigação do Guarda

Municipal seria apenas proteger o bem público municipal e não a vida do motorista

que estivesse no veículo. Neste caso, de acordo com o que rege a Constituição de

88, o agente deveria entrar em contato com a Polícia Militar, pois não teria atribuição

para agir. (CARVALHO, 2005)

José Eduardo Cury, ressalta a importância do dever e do poder do Guarda

dizendo:

(....) a lei abre um precedente cujo exercício hermenêutico dá margem a considerações controversas. Em primeiro lugar o executor da prisão pode ser qualquer pessoa, ou seja, a autoridade policial, seus agentes ou qualquer do povo. Ora, se qualquer do povo pode, o guarda municipal na pior das hipóteses poderia ser reconhecido como „qualquer do povo‟, mas, evidentemente quero crer que antes de ser um „qualquer do povo‟, são os guardas agentes da autoridade policial, pois como servidores públicos prestam serviços à comunidade na área da segurança pública. (CURY, 2008 p.75)

Dentro das atribuições das Guardas Municipais existe um gigantesco

parâmetro a ser seguido pelos gestores municipais que devem explorar este

potencial e implantar inovações e recursos para a ampliação das funções das

Corporações Municipais. A municipalidade dessas corporações devem ser

desenvolvidas, partindo de idéias de governantes que estejam cientes e capacitados

para que nos planos de governo coloquem políticas realmente viáveis, sem criar

ilusões para a comunidade.

A função das Guardas Municipais como instituição policial, esta levantando

uma nova hipótese de municipalização de um serviço estatal. Os modelos já

municipalizados e que deram certo, como saúde e educação, fazem com que os

simpatizantes deste modelo, comecem a trabalhar para a concretização deste fato.

Nesse sentido, o deputado Mauricio Rands apresentou um Projeto de

Emenda Constitucional, PEC, nº 215/2007, solicitando a alteração do §8º da

Constituição Federal de 1988, incluindo assim, as Guardas Municipais como órgão

de segurança pública, como segue:

Coerente com a realidade de 1988, as guardas municipais não foram incluídas como órgãos de segurança pública, cabendo-lhes apenas função de simples proteção de bens patrimoniais do município. Esse modelo mostra-se esgotado e, na prática, o que vemos são muitas guardas municipais exercendo funções que, de direito, elas não tem respaldo constitucional para realizar, mas que acabam sendo por elas executadas em função da falência dos órgãos de segurança pública estadual. A conseqüência disso é a atuação do Estado brasileiro – por uma necessidade prática – com desrespeito à norma constitucional que lhe cabe preservar. Para corrigir-se essa inconstitucionalidade que decorre, frise-se,

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35

em razão da defesa de um bem maior que é a segurança do munícipe, estamos apresentando a presente Proposta de Emenda à Constituição que tem por objetivo reconhecer as guardas municipais como órgãos de segurança pública e atribuir-lhes competência para desempenhar também e de forma complementar as funções de policiamento ostensivo e preservação da ordem pública, atribuídas à polícia militar.

(RANDS, 2010, sp) Segundo José Eduardo Cury, Municipalizar a segurança pública conforme

entendimentos de especialistas na área, reverteria os impostos gerados e

arrecadados para o aparelhamento da Polícia Municipal, assim não precisando mais

fazer constantes pedidos ao Estado, por mais viaturas, mais agentes policiais.

Dessa forma tirando do Estado a faculdade de escolher para qual município ele

mandaria mais efetivo policial, pois assim, o gestor municipal teria a sua guarnição

sempre pronta para atuar nos delitos da sua cidade. (CURY, 2008)

O ex-prefeito de São Bernardo do Campo, Mauricio Soares, expõe a sua

opinião sobre a municipalização da segurança pública:

A municipalização da segurança pública é um tema recorrente em quase todas as discussões sobre essa matéria. Vou adiantar minha opinião. Sou amplamente a favor da municipalização. Tenho certeza de que o município, por estar mais perto do cidadão, por entender melhor suas necessidades, por ser fiscalizado mais de perto pela população pode, sem dúvida, prestar melhores serviços que o Estado que está distante e que a União que, para a maioria do povo, está em outro planeta. Os melhores exemplos estão na educação e na saúde. (SOARES, apud, CURY, 2008, p.78)

Com a criação da Lei 9.503 de 23 de setembro de 1997, no seu Artigo 24, o

legislador amplia as atribuições dos municípios no que diz respeito a fiscalização do

trânsito, dessa forma, os gestores municipais estariam balizados a instruírem seus

agentes municipais, a ficarem aptos a exercer tal função.

A Lei descreve entre outras, toda a matéria de competência dos entes

federados, União, Estados e Municípios no que abrange a fiscalização de trânsito,

isto posto, mostra a autonomia das entidades federadas imposta pela Constituição

Federal de 1988.

Está autonomia está disciplinada no Artigo 18 da Constituição Federal de

1988, quando diz:

“Artigo 18 - A organização político-administrativa da República Federativa

do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos

autônomos, nos termos desta Constituição.”

Tratando-se do atual Código de Trânsito Brasileiro – CTB -, vemos que a

ampliação das competências designadas aos municípios tiveram um destaque

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36

importante, sendo como uma das principais a organização de todo o trânsito urbano

e de aplicar sanções aos condutores infratores.

Art. 280 - Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual constará:

(...)

§ 4º. O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua competência”. (CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO, 1997)

Ao estado reservou-se a competência, para licenciar, emplacar e realizar

vistorias. Cabe ressaltar que o estado não perdeu a função de fiscalização dos

veículos nos limites territoriais dos municípios, mas, não é mais o seu dever.

Com novo CTB os condutores receberam mais uma ferramenta de defesa

diante das notificações recebidas pelos funcionários municipais, esse novo

dispositivo chama-se, Junta Administrativa de Recursos da Autuação, JARA,

tornou-se a primeira instância para os condutores recorrerem de possíveis infrações

que julguem improcedentes. Esta junta é composta por funcionários do próprio

município e com amplo conhecimento na área do trânsito.

Art. 24 - Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição:

I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições;

II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e promover o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas;

III - implantar, manter e operar o sistema de sinalização, os dispositivos e os equipamentos de controle viário;

IV - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre os acidentes de trânsito e suas causas;

Com a municipalização do trânsito os municípios sentiram-se obrigados a se

adequar a nova realidade a eles imposta. Com o advento da Lei 9.503/07 a

fiscalização e a manutenção das vias urbanas e rurais dos limites de cada município

ficaram a cargo das autoridades municipais, sendo que alguns municípios

demoraram a se adequar ao novo dispositivo legal, com isso, tiveram que efetuar

convênios de reciprocidade com o estado, para que este, fizesse a fiscalização até

que os municípios conseguissem a adequação.

V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de polícia ostensiva de trânsito, as diretrizes para o policiamento ostensivo de trânsito;

VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar as medidas administrativas cabíveis, por infrações de circulação, estacionamento e parada previstas neste Código, no exercício regular do Poder de Polícia de Trânsito;

Page 37: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

37

VII - aplicar as penalidades de advertência por escrito e multa, por infrações de circulação, estacionamento e parada previstas neste Código, notificando os infratores e arrecadando as multas que aplicar;

VIII - fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e medidas administrativas cabíveis relativas a infrações por excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como notificar e arrecadar as multas que aplicar;

IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no art. 95, aplicando as penalidades e arrecadando as multas nele previstas;

X - implantar, manter e operar sistema de estacionamento rotativo pago nas vias;

XI - arrecadar valores provenientes de estada e remoção de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas superdimensionadas ou perigosas; XII - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de segurança relativas aos serviços de remoção de veículos, escolta e transporte de carga indivisível;

Nos incisos VI, VII, VIII, IX, X, XI e XII, o Código de Trânsito está

autorizando o município a fiscalizar e aplicar todas as medidas cabíveis em relação

a fatos ocorridos no trânsito em geral.

Dentre essas autorizações está prevista a possibilidade de autuar os

veículos e os respectivos condutores em infrações de trânsito que ocorram nos

limites territoriais de cada cidade e adotar meios de controle preventivo e educativo.

Tais medidas foram a colocação de lombadas eletrônicas nas vias locais e

os chamados furões nos semáforos. Após a implantação dos equipamentos

eletrônicos nas ruas dos municípios o Banco Interamericano de Desenvolvimento –

BID, realizou uma pesquisa e constatou que a implantação dos fiscais eletrônicos

ajudou significativamente para a redução dos acidentes com vítimas fatais:

(...) revelou que a implantação de radares eletrônicos em alguns Municípios brasileiros reduziu em pelo menos 1.500 o número de mortes anuais no trânsito. Segundo o órgão, esse recurso pode diminuir em 30% o índice de acidentes e em 60% o de vítimas fatais. (MACEDO, 2010, sp)

Mesmo com essas medidas e também com as regras preventivas e

educativas, cabe salientar que o crescente número de mortes, são decorrentes da

irresponsabilidade dos condutores de veículos em todos os municípios brasileiros,

os gestores municipais começaram a adotar novas formas que viessem a diminuir os

acidentes causados, principalmente, pelo excesso de velocidade e avanços de sinal

vermelho.

A partir de um contexto mais amplo, os municípios receberam autonomia

para propor trabalhos voltados para a educação no trânsito em escolas e

comunidade em geral, esse trabalho requer tempo e disponibilidade de profissionais

habilitados para ministrar essas oficinas é o que se deprende os incisos:

Page 38: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

38

(...) XIV - implantar as medidas da Política Nacional de Trânsito e do

Programa Nacional de Trânsito; XV - promover e participar de projetos e programas de educação

e segurança de trânsito de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN;

XVI - planejar e implantar medidas para redução da circulação de veículos e reorientação do tráfego, com o objetivo de diminuir a emissão global de poluentes;

Com a Lei os municípios passaram a ter a autonomia de controlar, registrar

e autorizar a circulação todo e qualquer veículo que tenha como sede a cidade onde

vai ocupar os espaços.

Fiscalizar a poluição emitida pelos veículos, desde as suas cargas, e

vistoriar veículos que precisem de autorização expressa para circular, como exemplo

os veículos de transporte escolar.

XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação, ciclomotores, veículos de tração e propulsão humana e de tração animal, fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e arrecadando multas decorrentes de infrações;

XVIII - conceder autorização para conduzir veículos de propulsão humana e de tração animal;

XIX - articular-se com os demais órgãos do Sistema Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do respectivo CETRAN;

XX - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio às ações específicas de órgão ambiental local, quando solicitado;

XXI - vistoriar veículos que necessitem de autorização especial para transitar e estabelecer os requisitos técnicos a serem observados para a circulação desses veículos.

§ 1º - As competências relativas a órgão ou entidade municipal serão exercidas no Distrito Federal por seu órgão ou entidade executivos de trânsito.

§ 2º - Para exercer as competências estabelecidas neste artigo, os Municípios deverão integrar-se ao Sistema Nacional de Trânsito, conforme previsto no art. 333 deste Código. (CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO, 1997)

Também como forma preventiva a fiscalização em alguns municípios é

efetuada por empresas públicas, criadas pelos legisladores, como a exemplo de

Porto Alegre, onde a fiscalização do trânsito é efetuada pela Empresa Pública de

Transporte e Circulação, EPTC, Lei municipal nº 8133/98. (http://www.fesdt.org.br,

2010)

O que se coloca em questão por intermédio dos municípios é a respeito da

legalidade das autuações dessas empresas. Com a privatização do serviço de

fiscalização, o município está transferindo à estas empresas, de caráter privado, o

Page 39: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

39

poder de polícia administrativa, de fiscalizar e autuar os veículos e condutores

infratores nos domínios dos municípios.

Partindo desta premissa, elencamos um fato ocorrido no Estado de Minas

Gerais, na capital Belo Horizonte, com a empresa BHTrans, que servirá como forma

de entendimento a cerca das atribuições do município, diante da possibilidade ou

não, de delegar poderes a uma empresa privada. (http://www.hojeemdia.com.br,

2010)

Com entendimento favorável aos agentes de trânsito municipais o

presidente da Ordem dos Advogados do Brasil seção Minas Gerais, Luis Cláudio da

Silva Chaves, da sua opinião à respeito do possível posicionamento do Supremo

Tribunal Justiça – STJ sobre a proibição de fiscalização e aplicação de multas por

parte da empresa BHTrans, pois ele acredita que o STJ irá acatar ao recurso do

Ministério Público de Minas Gerais, interposto contra decisão do Tribunal de Justiça

do mesmo estado:

“Por ser uma empresa de capital misto, que visa lucros, a empresa não

pode ter poder de polícia, conforme decidiu os ministros do Tribunal de Justiça. A

saída para a Prefeitura é a criação de uma autarquia”. (SILVA, 2010, sp)

O Ministério Público de Minas Gerais interpos recurso contra a decisão do

Tribunal de Justiça de Minas Gerais, TJMG, que havia emitido acórdão favorável à

competência da empresa BHTrans na aplicação das multas em Belo Horizonte.

Neste ato, o trânsito era fiscalizado pela empresa particular, e com essa decisão, o

TJMG tinha balizado tal atribuição. (http://www.hojeemdia.com.br, 2010)

Com o recurso interposto pelo MP, o Supremo Tribunal de Justiça, STJ,

concedeu provimento ao Ministério Público por unânimidade. Campbell Marques, em

seu voto, afirmou:

O Poder Público não pode passar essa função a particulares. A BHTrans também não pode multar os motoristas, uma vez que a empresa não tem poder de polícia e nem é autorizada pelo Código de Trânsito Brasileiro. (http://www.stj.gov.br, 2010, sp)

O STJ decidiu que a empresa não pode aplicar multas de trânsito. A

segunda Turma do Supremo Tribunal de Justiça afirmou ser impossível o município

transferir o poder de polícia para uma sociedade de economia mista.

(http://www.jusbrasil.com.br, 2010).

Page 40: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

40

Após o Supremo Tribunal de Justiça acolher o recurso especial do Ministério

Público de Minas, afirmando que a BHTrans não teria poder para aplicar multas e

fiscalizar o trânsito, foi a vez da prefeitura municipal optar pelos Guardas Municipais

para efetuar esse serviço.

Logo, o MP promoveu uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, ADIN,

junto ao Tribunal de Justiça de Minas, alegando ser o trânsito um assunto de

segurança pública e que os agentes municipais não poderiam ir contra os preceitos

elecandos nas constituições, Estadual e Federal. (http://www.hojeemdia.com.br,

2010)

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, não acolheu a ADIN do Ministério

Público, e a decisão só saiu com o voto de minerva do presidente do TJMG, Sérgio

Resende, que decidiu a favor das multas por parte dos Guardas Municipais mineiros,

alegando que: “...O trânsito é de interesse local, não podendo a fiscalização ser uma

atribuição exclusiva do Estado”. (http://www.hojeemdia.com.br, 2010, sp)

Ao desempatar os votos o Presidente do Tribunal de Justiça de Minas

Gerais, Sérgio Resende, citou o Artigo 171 da Constituição Mineira, relatando:

“O Município tem competência para legislar sobre assuntos de interesse

local, notadamente no que se refere à polícia administrativa, em matéria de trânsito

e tráfego". (http://www.tjmg.jus.gov.br, 2010, sp)

Após os municípios assumirem a competência à eles imposta, e atribuírem

tal serviço às Guardas Municipais, surgiram inúmeras ações junto aos tribunais de

justiça, com alegações de inconstitucionalidade nas funções exercidas pelos

agentes municipais, dentre elas, surgiu um comunicado do DENATRAN –

Departamento Nacional de Trânsito – informando à polícia Militar de São Paulo

sobre o parecer nº 256/2004/CGIJF/DENATRAN, de 12/03/2004, emitido em razão

de consulta da PM do Estado de São Paulo, Processo Administrativo nº

80001.000904/2004-04):

(...) concluímos que a Guarda Municipal não tem competência para atuar na fiscalização de trânsito e nem, como decorrência, admissibilidade com vistas a aplicar multas de trânsito sob pena de nulidade das mesmas (...) (http://www.transitobrasil.com.br, 2010, sp)

Nesta época os adeptos da impossibilidade da Guarda Municipal atuar no

trânsito firmavam-se diretamente no dispositivo do Artigo 144, §8º da Constituição

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41

Federal de 1988, alegando que o legislador não previu tal atribuição de fiscalizar o

trânsito , impondo aos Guardas apenas a preservação dos bens públicos.

Uma outra alegação da impossibilidade dos agentes municipais fiscalizarem

o trânsito era referente a necessidade de concurso público para agente de trânsito,

pois balizavam-se no Artigo 280, §4º do Código de Trânsito Brasileiro, dizendo que

somente o policial militar deve ser designado e não servidor civil como um Guarda

Municipal. (http://www.transitobrasil.com.br, 2010)

Cabe destacar as atribuições da Guarda Municipal e da Polícia Militar, no

que diz respeito à atuação de um agente de trânsito:

É importante ficar claro que o agente de trânsito, seja ele servidor civil (guarda municipal ou não) ou policial militar, não aplica multa de trânsito, mas tão-somente realiza a autuação da infração, através da lavratura do auto (art. 280, § 4º, codificado), tendo em vista que a aplicação da penalidade é atribuição da autoridade de trânsito, após julgar consistente o auto de infração lavrado pelo agente, como consta no caput do artigo 281 do mesmo diploma legal. (http://www.transitobrasil.com.br, 2010, sp)

Em 22 de outubro de 2008 o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

começa a balizar à fiscalização do trânsito por parte da Guarda Municipal.

Em decisão unânime o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo voltou a

afirmar a legitimidade dos serviços prestados pelo agentes municipais na

fiscalização e orientação do trânsito, o acórdão anulou a deliberação 05 do Conselho

Estadual de Trânsito – CETRAN :

“.Que dispunha que as guardas municipais não tinham atribuição para atuar

no trânsito e registrar, no exercício do poder de polícia, as infrações cometidas.”

(www.tjsp.jus.gov.br, 2010, sp)

Informações obtidas junto ao site trânsito Brasil, instruem a maneira correta

de atribuir a função de fiscalização do trânsito por parte das Guardas Municipais:

No tocante à atribuição para fiscalizar o trânsito, pode esta ser acrescida às demais atribuições da Guarda Municipal mediante decreto, tendo em vista que o artigo 48 da Constituição Federal, o qual trata da competência do Congresso Nacional, foi modificado pela Emenda nº 32/2001, sendo retirada da sua redação a referência à estruturação e atribuições dos Ministérios e órgãos da Administração Federal. Pelo princípio da simetria, tal norma se aplicava ao Município, tendo sido dispensada a estruturação e a definição de atribuições por lei, sendo possível a sua feitura por Decreto, ou seja, é possível que o prefeito organize o trânsito, inclusive sua fiscalização, desde que isto ocorra mediante um decreto, o que ocorreu em vários municípios.

(http://www.transitobrasil.com.br, 2010, sp)

A Lei de trânsito trouxe responsabilidades aos municípios que não estavam

mais sendo atendidas pelo Estado, a exemplo da municipalização da saúde e

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42

educação o trânsito também sofreu está mudança e ao contrário desses outros dois

institutos o trânsito causa mortes e intrigas no meio social, isso dá-se devido ao

grande crescimento na circulação de veículos nos municípios, construções de

viadutos, expansões de ruas e estradas e os já conhecidos estacionamentos

rotativos, pois tiram o espaço destinado ao homem e a natureza, e isso, faz com

que as pessoas sintam-se cada vez mais presas a evolução. (www.mj.gov.br, 2009)

Diante desta realidade, nota-se que a diversidade e o grande espaço que

envolve o trânsito, faz com que as pessoas sintam-se protegidas pelo anonimato, e

este, mostra que a personalidade das pessoas que se reúnem nas vias de trânsito,

pode ser a mais diversificada, pois elas tem as mais variadas reações que muitas

vezes não condizem com o seu comportamento na sua vida social.

Atitudes de comportamento inadequado aliado a imprudência e negligência

no trânsito, levam os condutores a cometerem inúmeras infrações, essas ocasionam

o grande número de mortes em acidentes de trânsito que lideram as estatísticas em

todo o mundo.

2.2 – GUARDA MUNICIPAL E A LEI DO DESARMAMENTO

A Lei 10.826 denominada Estatuto do Desarmamento, surgiu como um dos

melhores mecanismos de controle para uso de arma de fogo tanto para os

profissionais que atuam na área de segurança quanto para as pessoas civis.

No que diz respeito as Guardas Municipais a Lei veio a nortear os órgãos

municipais elencando dispositivos diretamente direcionados as corporações

municipais.

O Estatuto do Desarmamento surgiu como uma ferramenta de amparo para

os municípios, regulou a forma e especificou quando e como os agentes municipais

podem portar arma de fogo, regulou tanto o porte funcional quanto o porte particular

de cada Guarda. (MARCÃO, 2009)

Antes da Lei 10.826 as Guardas Municipais eram fiscalizadas por órgãos

internos das Polícias Militares dos estados. No Rio Grande do Sul o departamento

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43

que fiscalizava e controlava as Guardas Municipais era o DSVG – Departamento de

Supervisão de Vigilância e Guarda -, com a criação do Estatuto esta fiscalização

ficou a cargo da Polícia Federal e o controle de aquisição de armamento e munição

de uso permitido, a cargo do Exército Brasileiro.

No surgimento do Estatuto, o porte de arma de fogo em serviço, era

permitido apenas por parte dos integrantes das Guardas Municipais dos municípios

com mais de 250.000 (duzentos e cinqüenta mil) habitantes e menos de 500.000

(quinhentos mil) habitantes, acima de 500 mil habitantes era permitido o porte fora

de serviço.

A medida provisória número 157/2003 alterou o inciso IV do Artigo 6º da Lei

10.826 de 22 de dezembro de 2003, pois os legisladores começaram a sentir a

necessidade de alterar o dispositivo que estava impedindo uma grande parte dos

municípios da federação a ter uma Guarda Municipal mais efetiva e equipada nas

respectivas cidades.

Na mensagem número 06/2004 do Congresso Nacional o Deputado Mauro

Lopes afirma:

Na Mensagem que acompanha a Medida Provisória, expõe se que a disposição legal atual inviabiliza que os agentes de segurança dos Municípios com população entre 50.000 e 250.000 habitantes possam atuar

armados na proteção do patrimônio municipal, o que traria enormes dificuldades a esses Municípios na adequada proteção dos seus bens. No que se refere aos Municípios de populações ainda menores que 50.000 habitantes, segundo a Mensagem, não se justificaria a concessão de porte de armas aos guardas municipais. (LOPES, 2004 p.1)

Se nos reportarmos até a Constituição Federal de 1988 no parágrafo 8º, do

Artigo 144, vamos ver que o legislador silenciou sobre a autorização para o porte de

arma para os integrantes das Guardas Municipais.

Está omissão abriu inúmeras interpretações a respeito do tema, pois em

certos momentos entende-se que os órgãos municipais não têm o poder de Polícia,

e por esse motivo não lhe seria permitido o porte da arma de fogo. Mas o silêncio da

Constituição reporta a autorização para uma lei ordinária, pois a CF/88 não proíbe a

utilização de armas por parte dos Guardas Municipais.

Com a Lei 10.826/2003 os legisladores trouxeram um terceiro entendimento,

pois condicionou os municípios a terem o direito de suas corporações municipais

portarem arma de fogo especificamente vinculadas às dimensões populacionais de

cada município. (LOPES, 2004)

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44

Diante dessas interpretações, o Deputado Mauro Lopes apresenta o seu

entendimento:

Entendemos como inadequada essa interpretação legal, pois, certamente, o crime não escolhe o Município onde é praticado pela quantidade de seus habitantes, argumentando para tanto com a lógica do absurdo. Nos Municípios onde for vedada a autorização de porte de arma de fogo aos seus guardas ocorre um curioso paradoxo, em face da autorização expressa, constante da Lei nº. 7.102/1983, para o porte de arma de fogo para os vigilantes das empresas de segurança privada. Desse modo, num Município de menor população, onde talvez não exista sequer uma delegacia da Polícia Civil ou um destacamento da Polícia Militar, os vigilantes da segurança privada, contratados para proteger a propriedade privada, são autorizados ao uso de armas de fogo em serviço, ao passo que os funcionários nomeados para proteger os bens municipais (escolas, hospitais, fórum, sedes dos poderes executivo e legislativo, etc.) têm que se conformar em exercer as suas funções armados apenas com cassetetes. Em tal situação, coexistem no espaço urbano uma instituição privada armada e uma única instituição pública responsável pela manutenção da lei e da ordem: a guarda municipal, desarmada. Em nosso entendimento, isso se constitui em um absurdo. (LOPES, 2004, p3)

Cabe ressaltar que de acordo com o decreto n° 5.123/2004 os municípios

ficam obrigados a criar mecanismos de fiscalização e apuração de infrações por

parte dos Guardas Municipais, ou seja, devem ser criados uma Ouvidoria e

Corregedoria, independentes e autônomas, e não devem ser subordinadas a

ninguém, os órgãos devem ser plenamente imparciais.

O Decreto 5.123/2004 no seu Artigo 44, e parágrafo único, disciplina em

qual momento a Polícia Federal concederá porte de arma para as Guardas

Municipais:

Art. 44. A Polícia Federal poderá conceder Porte de Arma de Fogo, nos termos no §3o do art. 6o, da Lei no 10.826, de 2003, às Guardas Municipais dos municípios que tenham criado corregedoria própria e autônoma, para a apuração de infrações disciplinares atribuídas aos servidores integrantes do Quadro da Guarda Municipal.

Parágrafo único. A concessão a que se refere o caput dependerá, também, da existência de Ouvidoria, como órgão permanente, autônomo e independente, com competência para fiscalizar, investigar, auditorar e propor políticas de qualificação das atividades desenvolvidas pelos integrantes das Guardas Municipais. (DECRETO nº 5123/2004)

A ouvidoria deverá ser um órgão da Guarda Municipal, mas sem

subordinação, com a finalidade de manter o controle externo, ficando com poder

investigatório próprio.

Do mesmo modo a corregedoria precisa ser própria e autônoma, deve ser

exclusiva para apuração de infrações disciplinares atribuídas aos componentes das

Guardas Municipais e de maneira alguma tem que existir subordinação ao comando

da Instituição à qual representa. (DECRETO, nº 5.123/2004)

Page 45: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

45

O município, na figura da Guarda Municipal, ficou sendo considerado pelo

estatuto o responsável pelo porte de arma funcional dos agentes, dessa forma,

respondendo solidariamente pelo uso do armamento por parte do seu funcionário.

Cabe salientar que na Lei 10.826/03 existe duas formas de porte para os Guardas:

- Porte Funcional. – Somente quando o agente está em serviço;

DO PORTE Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território

nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: (...) III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos

Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;

IV – os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;

§ 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI deste artigo terão direito de portar arma de fogo fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, na forma do regulamento, aplicando-se nos casos de armas de fogo de propriedade particular os dispositivos do regulamento desta Lei.

(...) § 3º A autorização para o porte de arma de fogo das guardas

municipais está condicionada à formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do Ministério da Justiça.

(...) § 6º Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que

integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço.

Para portar arma em serviço, a Prefeitura de cada município deve

encaminhar junto a Polícia Federal convênio de reciprocidade entre ambos,

estipulando todas as diretrizes impostas pelo Estatuto do Desarmamento no que diz

respeito ao porte de arma de fogo dos agentes municipais. Tal convênio deve ser

dirigido ao Departamento da Polícia Federal, pois é o órgão responsável por

controlar toda a burocracia imposta pelo Estatuto.

Para que o porte aos integrantes das Guardas seja deferido, os agentes da

GM devem passar por um rigoroso teste psicológico, ministrado por Psicólogo

credenciado pela Polícia Federal. Após a aprovação no psicotécnico o Guarda deve

passar por um intenso curso de emprego de armas letais e não-letais. Tratando-se

de pistola, o curso deverá ter 100 (cem) horas aula teóricas e a obrigação de efetuar

no mínimo 80 (oitenta) disparos. O curso deverá ser realizado em Estande de Tiro

Page 46: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

46

regularizado pelo Exército e pela Polícia Federal e o instrutor deverá ser

credenciado pela PF.

- Porte Pessoal. – Quando o agente está fora do serviço com sua arma

particular;

Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.

§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente:

I - demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física; (ESTATUTO DO DESARMAMENTO, 2003)

As Leis sobre o tema Guarda Municipal, ainda carecem de muita

regulamentação em relação ao armamento da GM, pois se sabe que as Instituições

Municipais apresentam peculiaridades e demandas específicas e que o seu

tratamento jurídico deve ser próprio e sempre com a supervisão do Departamento da

Polícia Federal.

Diante da nova Lei as Secretarias e os Departamentos das Guardas

Municipais devem manter um forte esquema de controle indireto do armamento

particular de cada servidor, juntando as pastas funcionais a relação completa das

armas obtidas pelo funcionário.

Quando houver envolvimento em ocorrências em que o funcionário precisar

utilizar sua arma, funcional ou particular, e o mesmo estiver sem condições físicas,

psiquicas, sob o efeito de substância alucinógena ou em qualquer situação que

provoque alteração em seu desenvolvimento seja ele, na forma de raciocinar ou

estando com os reflexos prejudicados, o administrador deve afatá-lo de imediato das

funções, designando o mesmo para tratamento especializado. (CARVALHO, 2005)

Cabe lembrar que este mecanismo deve estar previsto em regulamentações

internas, como, regimes disciplinar ou até mesmo no momento de apuração por

parte da corregedoria, pois trata-se diretamente de uma falta do servidor para com o

uso do armamento.

Está falta deve ser apurada pela corregedoria da Guarda Municipal e será

meramente administrativa, e a sanção ao agente será a perda dos portes de arma,

tanto funcional quanto particular.

Diante da situação do Guarda ser apanhado nesta falta funcional, e por

consequência, venha a perder os seus direitos de portar arma, a Corregedoria da

Page 47: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

47

Guarda deve propor ao comando do respectivo departamento, a readaptação do

funcionário, para desempenhar funções administrativas, até que o processo

administrativo seja concluso ou que seus problemas que o empediram de portar

arma sejam resolvidos. (CARVALHO, 2005)

No estado de São Paulo algumas decisões das comarcas daquela região

estão autorizando os Guardas a portar armas fora do horário de trabalho.

As decisões favoraveis ao porte de arma fora do serviço, estão partindo da

premissa que bandido é bandido em qualquer lugar, e que os Guardas Municipais

precisam se sentir seguros ao retornar às suas famílias.

(http://www.guardasmunicipais.com.br, 2009)

Baseado em fundamentos como este que a a 9ª Câmara Criminal do

Tribunal de Justiça paulista concedeu salvo conduto aos Guardas Municipais de

Campo Limpo Paulista, autorizando-os a portar arma da corporação fora do horário

de serviço. Para a turma julgadora, a guarda municipal desempenha um papel de

cooperação com as polícias Civil e Militar e a proibição do uso de arma deixaria a

corporação em desvantagem em relação aos marginais que praticam crimes à mão

armada. O TJ concedeu Habeas Corpus a favor da guarda municipal:

Não tem o menor cabimento deixar os bandidos armados e desarmados os guardas municipais, sem um meio eficaz de ajudarem a reprimir a criminalidade, pois está comprovado que prestam relevantes serviços colaborando com as polícias civil e militar. A proibição da corporação das Guardas Municipais de cidades com índices populacionais inferiores ao previsto no Estatuto do Desarmamento estar equipadas com armas de fogo, pode aumentar em muito o número de delitos em seus territórios, tornando-os a atração dos bandidos‟ A justiça paulista já concedeu Habeas Corpus a favor de Guardas de outros municípios de São Paulo. (MIDOLLA, 2009, sp)

Quando o Tribunal de Justiça do estado de São Paulo coloca-se a favor dos

agentes municipais, afirmando ser descabido deixar um Guarda Municipal

desarmado perante os criminosos, está de certa forma, balisando e reafirmando em

um contexto geral que o Guarda, embora não faça diretamente parte dos órgãos de

segurança pública elencados no Artigo 144 da Constituição Federal de 1988, está

periodicamente correndo riscos e enfrentando os criminosos que estão todos os dias

nas ruas dos nossos municípios.

Page 48: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

48

2.3 – POLÍCIA AMERICANA, POLÍCIA FEDERAL E GUARDA MUNICIPAL

Se sabe que em uma democracia nunca poderá existir apenas um corpo

armado destinado a proteção e fiscalização das pessoas, pois a quem se recorreria

em caso de uma possível corrupção. Devido a esse eminente problema a

democrácia faz com que os povos convivam em uma pluralidade e diversidade em

organizações policiais.

Os Estados Unidos por ser um Estado Federal, multicultural e com

dimensões similares às do Brasil é o País ao qual devemos estudar. Esses estudos

se dá pela sua arganização e estrutura policial.

A nomenclatura dos órgão policiais existentes nos Estados Unidos é muito

parecida com à existente no Brasil.

La existem as policias judiciarias, federais, estaduais, locais e uma polícia

que cuida quase sempre das rodovias, nos EUA não há apenas uma força policial

federal, há várias agências que investigam a violação da Lei federal e efetuam as

necessárias prisões.

Entre as mais importantes estão:

Alfândega, a Agência de Narcóticos, hoje DEA, a Agência de Tabaco e Armas de Fogo, o Serviço de Renda Interna, o Serviço Secreto e a Guarda Costeira, todos no Departamento do Tesouro. A Guarda Costeira faz parte da Marinha, obedece a seus regulamentos mas opera em tempo de paz sob o controle do Tesouro. Há uma polícia postal subordinada ao Postal Inspector, no Departamento de Correios, a FDA e o servi-ço de saúde pública, no Departa-mento de Saúde; o Serviço de Imigração e Naturalização, no Departamento de Justiça. (BORGES, 2002, p5)

Cabe lembrar que os departamentos americanos correspondem aos nossos

ministérios aqui no Brasil.

Uma das organizações mais antigas dos Estados Unidos da América é o

serviço secreto de 1860, que tem a denominação de polícia da moeda e suas

falsificações, deve ser ressaltado, que não pode ser confundida com as agência de

proteção ao Presidente e demais autoridades daquele País e as famosas agências

de inteligência, chamadas de serviço secreto, como, a National Defense Agency,

Page 49: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

49

NDA, ou a mais conhecida, Central de Inteligência Americana, CIA, e tampouco com

os serviços secretos militares e os serviços secretos de monitoramento por satélites.

(BORGES, 2002)

Nos EUA a Polícia é mais organizada hierarquicamente, não tem tantos

cargos como a Polícia do Brasil. No nosso País cada Polícia tem incumbência de

realizar uma missão, a Polícia Militar reprime e previne o crime e a Polícia Civil

investiga fazendo o papel de Polícia Judiciária.

Uma das grandes diferenças entre as Polícias dos Estados Unidos e do

Brasil, sem dúvida nenhuma são os salários, um policial brasileiro ganha em média

R$1.500 (mil e quinhentos reais) quanto um policial americano recebe em média

U$2.500 (dois mil e quinhentos dólares) mensais. (http://pt.wikipedia.org, 2010)

A Polícia Americana, é a instituição responsável pela ordem pública dos

condados e é puramente municipal. A Polícia dos Estados Unidos nada mais é do

que a Guarda Municipal do Brasil. (http://pt.wikipedia.org, 2010)

Nos condados americanos o Chefe Oficial da Policia é o Prefeito, que

devido a estrutura só é consultado em casos graves, existe um Comissário que é

indicado pelo Prefeito, como os cargos de confiança aqui no Brasil , e serve como

um coordenador administrativo, existe um Delegado que é nomeado pelo

Comissário e um Chefe de Departamento, que é responsável pelos setores como

por exemplo o setor de homicídios, entorpecentes etc... (http://pt.wikipedia.org,

2010)

Os conhecidos Xerifes atendem as cidades pequenas e se necessário

pedem auxilio para as cidades vizinhas. Lá existem policiais fardados e civis, - sem

usar uniformes – depois de um tempo nas ruas fardados os policias podem começar

a concorrer a vagas para trabalharem nos setores investigativos, deixando o

uniforme de lado. Nos Estados Unidos existem programas de treinamento para as

pessoas das comunidades, para aprenderem a denunciar atos suspeitos em seus

bairros. (http://pt.wikipedia.org, 2010)

Ao contrário do Brasil, nos EUA só existe um grupo especial para eventos

mais perigosos. Esse grupo é denominado, Special Weapons and Tatics, SWAT, –

Armas e Táticas Especiais – a origem desta nomenclatura, surgiu em 1967 criada

pela Polícia de Los Angeles – LAPD –.

Page 50: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

50

Essa equipe especial foi criada para executar operações para às quais os

outros policiais não estivessem preparados.

Entre essas operações estão as situações de sequestro, suícidio, risco de

bombas, assalto a bancos e outras que representem alto risco para a comunidade

ou até mesmo para a Polícia. Todos os componentes da equipe recebem um

treinamento diferenciado e o seu amamento é especifico para cada situação

enfrentada.

Para a surpresa de muitos a SWAT é municipal.

A Polícia Federal dos Estados Unidos é conhecida como F.B.I., investigam

os crimes que envolvem a segurança nacional, como a proteção das fronteiras,

espionagens e terrorismo, ao contrário da Polícia brasileira, o próprio F.B.I. tem seus

químicos e engenheiros responsáveis pela criação de equipamentos que auxiliam na

perícia e detectores de documentos falsos. (http://pt.wikipedia.org, 2010)

No Brasil a Polícia Federal tem seu grupo especial, denominado Comando

de Operações Táticas, COT, e é uma das que mais se aproxima da Polícia de elite

dos Estados Unidos, pela forma de seleção e treinamento dos agentes.

O Comando de Operações Táticas da PF é treinado exclusivamente para o

combate ao terrorismo, tráfico de drogas e toda ocorrência que necessite de ações

táticas, onde os policiais que compõe o grupo são submetidos a um intenso curso de

formação em ações táticas, passando por avaliações prévias com testes e

entrevistas, sendo que toda essa formação tem um tempo de 16 semanas de regime

completamente integral, e os critérios de avaliação são tanto na postura policial

tática como em resistência físico e mental aos mais diversos ambientes.

A exemplo da SWAT o COT dispõe de agentes especializados em diversas

áreas tais como operações rurais, urbanas, aquáticas, aéreas, explosivas, atiradores

de elite, controle de distúrbios civis, combate corpo a corpo, socorrismo e entradas

táticas. Todos os policias do COT devem ficar altamente capacitados para o uso de

armas curtas e longas e especialistas em técnicas de combate corpo a corpo.

(http://pt.wikipedia.org, 2010)

O auto controle do policial do Comando de Operações Táticas é o ponto

forte que os treinamentos tentam alcançar, o agente deve permanecer com o

psicológico voltado para a atividade de alto risco.

Page 51: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

51

Cabe destacar que o aperfeiçoamento do policial do COT é continuo, pois

como os policiais da SWAT eles estão constantemente aprimorando suas técnicas

de precisão de tiro e destreza na área tático policial. (http://pt.wikipedia.org, 2010)

Embora os policiais passem por um rigoroso treinamento, todos os agentes

devem ser voluntários a integrar o COT, a fase de seleção após a inscrição dá-se

por uma rigorosa análise curricular do agente, aplicação de testes físicos e

entrevista sobre as atividades que serão desenvolvidas no grupamento.

Os testes físicos consistem em, correr 3 km em 15 minutos, correr 100m em

até 15 segundos, efetuar 10 flexões na barra fixa, efetuar 35 flexões de braço no

solo, efetuar 50 abdominais, tipo remador em 80 segundos, sustentar-se na barra

fixa por 60 segundos, subir 6 metros de corda.

Após o agente passar por todas essas etapas e for integrado ao grupo o

mesmo passará por um estágio probatório com duração de seis meses e 2 semanas

que serão avaliados todo os conhecimentos adquiridos durante o curso de formação

e aplicações no dia-a-dia. O policial do COT durante o tempo que estará servindo a

unidade deverá a cada seis meses passar por testes de aptidão física.

(http://pt.wikipedia.org, 2010)

As instituições municipais de um modo geral já possuem seus grupos

especiais, mas a exemplo das policias brasileiras, já existem várias denominações

para esses grupos.

Os nomes são variados, mas a operacionalidade deve ser a mesma. Os

serviços especiais das Guardas Municipais devem ser voltados para solução

imediata de conflitos específicos como, calamidades públicas, tumulto, desastres,

emergências de alto risco como apoio as policias do município, situações de defesa

civil e escolta e proteção de autoridades.

Deve-se ter em mente que os profissionais de um grupamento especial

precisam manter-se sempre em treinamento continuo para manter um serviço de

excelência, pois sabe-se que em certas situações esses profissionais deverão estar

altamente qualificados.

Cabe lembrar que o grupo de profissionais selecionados, não ficariam

restritos só aos acontecimentos que envolvessem trabalhos especiais ou

qualificados, continuariam prestando rondas periódicas pela cidade, mas, sempre

Page 52: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

52

em prontidão para agir em detrimento de qualquer chamado que exigissem táticas

especiais. (CARVALHO, 2005)

3 – GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

3.1 – AÇÃO DIRETA DAS GUARDAS MUNICIPAIS NA SEGURANÇA

PÚBLICA

A cerca do tema polêmico que envolve a Guarda Municipal e o poder de

Polícia conforme o professor de Direito da USP José Cretella Junior, percebendo as

inúmeras manifestações a respeito das atribuições dos agentes municipais, dá o seu

parecer técnico a respeito, dizendo que as “instituições municipais podem e devem

combater a criminalidade”. (http://gmnatal.wordpress.com, 2010, sp)

Segundo ele as Guardas podem promover ações que visem a prevenção

contra a violência nos municípios e zelar também pela proteção das pessoas.

(http://gmnatal.wordpress.com, 2010)

O poder de Polícia de modo concreto, na atualidade, é exercido pelos

órgãos de segurança elencados nos incisos I, II, III, IV e V do Artigo 144 da

Constituição Federal de 1988, mas torna-se, uma faculdade discricionária do poder

público, englobando assim, todos os entes federados.

Está faculdade discricionária dos entes federados, deve ser argüida sempre

que for necessária e principalmente em prol do interesse público.

O exercício poder de polícia deve ter o seguinte entendido: Poder de Policia deve ser entendida como o exercício de poder

sobre as pessoas e as coisas, para atender ao interesse publico inclui todas as restrições, impostas pelo poder publico, aos indivíduos, em beneficio do interesse coletivo, saúde, ordem publica, segurança e, ainda mais, os interesses econômicos e sociais. (http://gmnatal.wordpress.com, 2010, sp)

Neste sentido, é notável que as instituições municipais colaboram com os

órgãos policiais, pois a sua presença ostensiva, incide, diretamente sobre as

pessoas e o patrimônio.

Page 53: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

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Colaborar com os órgãos de segurança pública em um sentido amplo,

amparando e executando ações que visem a excelência no atendimento ao público

e ao bem comum é o que as instituições municipais estão realizando. Ações

integradas com as polícias do País estão sendo cada vez mais freqüentes.

As ações de apoio aos órgãos de segurança mostram uma integralização

dessas instituições, demonstrando espírito de inovação e grupo. Neste sentido os

Guardas Municipais das cidades de Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Porto Alegre e

Uruguaiana demonstraram.

Os integrantes dessas Guardas estavam participando de um seminário na

cidade de Uruguaiana, quando ao passarem pelo posto da Polícia Rodoviária

Federal, depararam-se com uma abordagem suspeita, de pronto retornaram, e

foram em apoio aos policiais rodoviários. (http://lh3.ggpht.com, 2010)

Sobre este fato, o Inspetor Nilson Chefe da Delegacia da Polícia Rodoviária

Federal disse:

Está foi uma ação de grande valor e contou com o apoio grandioso e pontual dos Guardas Municipais.

A grande sensibilidade e empenho que os Guardas Municipais tiveram ao passar pelo posto da PRF na BR 290 e, ao se depararem com uma abordagem estranha, de pronto voltaram e deram apoio aos PRFs, que estavam em menor número no posto, contribuiu para o sucesso da operação. (http://www.sindiguardasrs.com.br, 2010, sp)

Na operação foram aprendidos em flagrante 45 (quarenta e cinco) tijolos de

maconha, totalizando 48,5 kg, 4 pessoas e 2 veículos.

(http://www.sindiguardasrs.com.br, 2010)

As competências das Guardas Municipais, onde diz respeito nas atribuições

de Polícia de Trânsito, expandem-se por todo o território municipal, não ficando

assim, restritas apenas as instalações dos bens e prédios das cidades. Com isso,

sua fiscalização passa a ser de vigiar as pessoas no âmbito municipal.

Ora, se o Guarda flagrar qualquer ato de vandalismo nos prédios

municipais, ou qualquer ofensa a funcionário público no exercício da função, e no

ato de agir, estará exercendo o seu poder de Polícia. Por isso, o agente municipal

enquadra-se perfeitamente no conceito policial, pois ele coibiu o crime que estava

sendo praticado. (http://gmnatal.wordpress.com, 2010)

No sentido da prisão em flagrante efetuada por integrante da Guarda

Municipal, temos a narrativa do seguinte acórdão do Tribunal de Justiça do Rio

Grande do Sul:

Page 54: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

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RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. FURTO QUALIFICADO TENTADO. PRISÃO RESTABELECIDA PARA O RESGUARDO DA ORDEM PÚBLICA. POSSIBILIDADE CONCRETA DE REITERAÇÃO DELITUOSA. 1. REQUISITOS DO ART. 312, CPP. Suficientemente configurado o fumus delicti (prova da materialidade e indícios de autoria): o caso é de prisão em flagrante delito, pela prática, em tese, do crime de furto qualificado tentado; réu flagrado por agente da guarda municipal de Canoas pulando o muro de um estacionamento, na posse da res furtiva. Evidente, ainda, o periculum libertatis (necessidade de se garantir a ordem pública) considerando os antecedentes do acusado, a indicar sua personalidade voltada para a prática de crimes contra o patrimônio. Segregação cautelar que se justifica como forma de prevenir a reiteração delituosa, ainda que o crime, em tese, tenha sido perpetrado sem violência ou grave ameaça à pessoa. 2. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. A manutenção do preso em regime fechado, por força de decreto preventivo, não implica ofensa ao princípio da proporcionalidade. Trata-se de prisão de cunho processual, que se justifica quando presentes as hipóteses fáticas previstas na lei, ou seja, pelos fundamentos da garantia da ordem pública (como no caso), da conveniência da instrução criminal e da segurança da aplicação da lei penal, que não se confunde com aquela decorrente de sentença condenatória. Ademais, apresenta-se inviável, neste momento, a análise das circunstâncias judiciais que envolvem o delito em questão e a pessoa do indiciado, capazes, em tese, de provocar o cumprimento da pena em regime mais rigoroso ou obstar a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, ainda que o quantum da pena aplicada autorizasse o regime mais brando ou a substituição. Recurso ministerial provido. Recurso em Sentido Estrito Nº 70032546632, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Dálvio Leite Dias Teixeira, Julgado em 04/11/2009 (www.tjrs.jus.gov.br, 2010, sp)

As interpretações a respeito das atribuições das Guardas Municipais são

todas fixadas no parágrafo 8º do Artigo 144 da Constituição Federal de 1988, com os

pressupostos que a Lei deve ser interpretada a risca. Mas quando o parágrafo fala

em bem público municipal, está se referindo aos carros, computadores, móveis, etc.

Mas, o funcionário municipal no estrito cumprimento do seu dever, ou um

contribuinte efetuando o pagamento do seu Imposto Territorial Urbano, IPTU,

também tornam-se um bem municipal, mas um bem municipal vivo, e por isso, o

Guarda deverá efetuar a sua segurança, tornando-se assim, um serviço de

segurança pública, pois estará protegendo a vida.

J. Cretella Junior posiciona-se a respeito do poder de Polícia por parte dos

municípios afirmando:

Entende-se a razão pela qual o poder de polícia, no âmbito municipal, deva ser mais favorecido e mais amplo do que nas outras áreas, já que, nas coletividades publicas locais, a ação da administração é mais direta, intensa, profunda e freqüente, em razão do maior numero de conflitos que surgem entre o poder publico e o administrado, reclamando-se, por isso mesmo, ação policial continua e eficiente. (CRETELLA, 2010, sp)

O município sente-se na obrigação de se fazer presente em todos os

acontecimentos que venham a ocorrer desordens. O prefeito deve primar pela paz e

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harmonia da sua cidade, diante disso, devendo contar com todo o aparato policial e

a sua Guarda

O interesse público em manter a ordem, a paz e a tranqüilidade, sem dúvida

nenhuma vem ao encontro com os anseios dos órgãos de segurança pública. Está

tarefa é imposta diretamente as policias que recebem o auxilio das Guardas

Municipais.

As Guardas Municipais do Rio Grande do Sul vem demonstrando à sua

importância nos auxílios aos órgãos de segurança pública do estado, como mostra o

seguinte acórdão do Tribunal de Justiça do estado:

EMENTA: APELAÇÃO CRIME. ROUBO MAJORADO. CONCURSO DE AGENTES. 1. MÉRITO CONDENATÓRIO. MANUTENÇÃO. A materialidade e autoria do delito estão sobejamente demonstradas nos autos. Réu preso em flagrante, com fração dos objetos subtraídos da vítima, sendo por ela reconhecido como um dos autores da rapina. Confissão levada a efeito em juízo que vai ao encontro das narrativas do lesado e sua namorada, ofertadas somente na fase inquisitorial, e dos dizeres dos agentes da Guarda Municipal, que participaram das buscas que resultaram na prisão do apelante e um de seus comparsas. Condenação imperativa. 2. CO-AUTORIA. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. IMPROCEDÊNCIA DA TESE. MAJORANTE DO CONCURSO DE AGENTES. CARACTERIZAÇÃO. Tendo o réu contribuído decisivamente à prática da infração, desde o seu nascedouro, com divisão de tarefas para a retirada de bens do lesado, deve responder como co-autor do delito. Relevância da ação desenvolvida pelo recorrente, dirigida ao fim delituoso, em conjugação de vontades e esforços. Participação de menor importância. Não-reconhecimento. Concurso de agentes. Desnecessário o prévio ajuste entre os agentes á configuração da majorante, bastando, para tanto, a comunhão de esforços na perpetração do ilícito. Majorante caracterizada. 3. TENTATIVA. NÃO-RECONHECIMENTO. ROUBO CONSUMADO. A consumação do delito de roubo, segundo entendimento jurisprudencial dominante, se dá no momento em que o agente torna-se possuidor da coisa alheia móvel subtraída, sendo prescindível até mesmo que a res saia da esfera de vigilância da vítima ou que o agente exerça a posse tranqüila daquela. Teoria da amotio. Hipótese na qual há mero erro material no ato sentencial, quando em seu dispositivo refere o art. 14, inc. II do CP. Ao mais, no caso concreto, parte do produto do roubo não foi recuperado, pois um terceiro assaltante, que conseguiu fugir, levou-a consigo. De outra parte, chegaram os agentes a exercer a posse tranqüila da ¿res¿, ainda que por curto espaço de tempo, enquanto os guardas municipais procediam às buscas auxiliados pelo ofendido. Roubo consumado. 4. REGIME INICIAL PARA CUMPRIMENTO DA PENA. SEMI-ABERTO. ADEQUADO AO APENAMENTO FINAL DEFINIDO. ART. 33, § 2º, LETRA ¿B¿ DO CP. APELO IMPROVIDO. Apelação Crime Nº 70025571134, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Fabianne Breton Baisch, Julgado em 17/12/2008 (www.tjrs.jus.gov.br, 2010, sp)

Diante das várias interpretações equivocadas a respeito do tema

englobando as atribuições das Polícias Militares e das Guardas Municipais, J.

Cretella Junior, manifesta-se:

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A Segurança publica é dever do Estado‚ direito e responsabilidade de todos; Nesse caso‚ é poder-dever das Guardas Municipais zelar pela segurança publica dos munícipes e de todas as pessoas que‚ mesmo transitoriamente‚ transitem pela Coluna; O combate a criminalidade não é exclusivo ou privativo da Policia Militar‚ mas de todo o cidadão que‚ nesse particular‚ é detentor de fração do poder de policia‚ o combate ao crime é também da competência das Guardas Municipais‚ a tal ponto que se o organismo se omitir‚ em um caso concreto‚ será responsabilidade por omissão‚ tendo culpa „in omitindo‟. A atividade da Guarda Municipal concorre com a da Policia Militar‚ prevenindo e reprimindo o crime; Subordinação das Guardas Municipais à Polícia Militar configuraria ingerência‚ representando infração a regra constitucional da autonomia municipal. O combate ao crime‚ de modo algum‚ é exclusivo da Polícia Militar. Sob este aspecto‚ a atividade das Guardas Municipais‚ reprimindo e prevenindo todo o tipo de crime é concorrente com a atividade da Policia Militar. Trata-se de atividades paralelas e não conflitantes. Nem uma se subordinam as outras. Devem‚ ambas as organizações‚ no amplo exercício do poder de policia‚ combater o crime‚ não devendo‚ as Guardas Municipais‚ ficar sob a Orientação ou dependência da Policia Militar. (CRETELLA, 2010, sp)

Em São Paulo as Guardas Civis Municipais, como são chamadas neste

estado, são consideradas Polícias. Pois as suas ações de repressão contra o crime

e combate ao tráfico de drogas são cotidianas sendo que o Tribunal de Justiça do

Estado de São Paulo já se pronunciou a respeito em mais de 900 acórdãos em

casos de prisões realizadas pelos Guardas, onde os Juízes e Desembargadores

decidiram que o Guarda Municipal é Policial e tem o dever de atender ocorrências

onde envolvam roubo, furto e tráfico de drogas e que em um depoimento o Guarda

goza de legitimidade tanto quanto o depoimento de outros policiais:

Acordão TJ - SP nº: 02083466 – prisão por furto – inexistindo qualquer ilegalidade na prisão efetuada pela guarda municipal, não se olvidando que esta é agente público e tem o dever de agir em defesa da coletividade... (Disponível http://esaj.tj.sp.gov.br 2010 sp)

Acordão TJ - SP nº: 02088024 – roubo com arma de fogo - GCM Pedro... Com base nas características físicas que lhe foram passadas, efetuou diligências e logrou localizar os réus .. e os prendeu. (Disponível http://esaj.tj.sp.gov.br 2010 sp)

Acordão TJ - SP nº: 01988357 – roubo – Guarda civil metropolitano o qual logrou deter o apelante na posse de parte dos bens subtraídos ... E não há razão alguma para desmerecer o depoimento do policial, pois, como agente municipal, goza da presunção de legitimidade.(http://esaj.tj.sp.gov.br 2010 sp)

O Desembargador Luís Soares de Mello relata o ocorrido na ação dos

Guardas Civis Municipais, conforme acórdão abaixo:

Acordão TJ - SP nº: 02083138 – trafico de drogas no interior de residência - Nenhuma a irregularidade da ação, na parte em que se desenvolveu dentro da residência, pois ali se cometia delito, justificando a ação de flagrância, independentemente, por óbvio, de "mandado judicial. ... pois a situação flagrancial em que se encontrava o acusado apresenta os elementos legitimadores da ação, não só da Polícia, mas de Guardas Municipais. (Disponível http://esaj.tj.sp.gov.br 2010 sp)

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Guardas Civis Municipais, com patrulhamento de rotina em via pública, determinam a parada de uma motocicleta, momento cm que o acusado lenta empreender fuga a pé, sendo logo em seguida detido.Na revista pessoal, encontram nada menos do que 104 invólucros com pedrinhas de crack e 2 pedras maiores, da mesma substância, mais 10 gramas de cocaína, em pó. O acusado confessa informalmente a prática da Iraficãncia e, levado à sua residência, após buscas autorizadas por sua mãe, os Guardas Municipais encontram mais 15 invólucros de cocaína em pó, o valor de R$ 180,00 em dinheiro, e um rolo de fita usado para embalar drogas. (http://esaj.tj.sp.gov.br 2010 sp)

Como o efetivo das Guardas Municipais quase que na sua maioria é bem

mais expressivo do que todas as Policias, em muitos municípios as instituições

municipais auxiliam diretamente os órgãos de segurança.

Em Paulínia, cidade do interior paulista, a Guarda Municipal auxiliou com

eficiência a Policia Civil daquela cidade, em uma grande operação, que contou com

a participação dos GMs até mesmo nos momentos investigativos, pois o local a ser

investigado era em frente a uma unidade básica de saúde municipal, onde a Guarda

Municipal efetua a segurança.

Os agentes municipais efetuaram filmagens do local identificando os

possíveis traficantes a serem presos, a dedicação e presteza dos Guardas nas

investigações propiciaram o êxito da operação. (http://portaldepaulinia.com.br, 2010)

A operação conjunta das instituições, foi classificada pelo Secretário de

Segurança do Município Cel. Ronaldo Pontes Furtado como um sucesso. E assim

ele explicou como a operação teve o êxito almejado:

Após receber uma denuncia anônima de que traficantes estariam agindo na praça, a Secretaria Municipal de Segurança Pública começou uma investigação. Nas últimas semanas, GMs começaram a filmar o local identificando quem eram os traficantes e como funcionava o esquema da venda de drogas. Após semanas de filmagens, que serão usadas como prova contra os acusados, a Secretaria decidiu agir com a ajuda da SIG da Polícia Civil de Paulínia.

Foi então que nessa sexta-feira, dia 12, agentes de segurança das duas corporações se dirigiram ao local. Quando chegaram à praça, um olheiro alertou os traficantes de que a Polícia e a GM estavam no local, começou então uma grande correria, os traficantes começaram a esconder as drogas dentro de arbustos e canteiros. Mas a operação foi muito rápida, em questão de segundos os guardas e polícias cercaram o local e detiveram 19 pessoas. Duas pessoas conseguiram fugir.

A polícia conseguiu identificar que eram os traficantes através das gravações feitas ao logo das semanas. O chefe do tráfico no local, Daniel Bueno de Abreu foi preso e confessou que já possui 12 passagens pela polícia. Para o secretário de Segurança de Paulínia, coronel Ronaldo Pontes Furtado a operação foi um sucesso. (PEREIRA, 2010, sp)

As Guardas Municipais em São Paulo estão com as suas funções bem mais

estruturadas do que o restante dos municípios brasileiros, neste estado o clamor da

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sociedade por segurança torna-se bem maior que nos demais municípios da

federação, e isso faz com que as interpretações sobre as atribuições e nomenclatura

da GCM sejam automaticamente ampliadas como se Policias fossem.

Os freqüentes ataques aos órgãos policiais por facções criminosas, colocam

a Guarda hierarquicamente como órgão policial, sendo inserida como possível

empecilho ao crime e certamente um alvo certo para ataques dos criminosos deste

estado.

Esses ataques mostram que até mesmo os traficantes e assaltantes vêem a

Guarda Municipal como um órgão que pode reprimir e acabar com as suas

intenções.

3.2 – NA SEARA GAÚCHA O EMBATE DO USO DAS ARMAS

Quando fala-se em Guarda Municipal e Polícias em geral temos que ter em

mente que o assunto precisa ser muito bem explanado, pois aborda diretamente a

segurança pública do município.

Na atualidade o aumento da violência nas cidades brasileiras definem e

direcionam o papel da Guarda Municipal para novas tarefas que venham a suprir as

necessidades da comunidade.

Um dos fatos mais controversos é a respeito do porte de arma para os

integrantes das Guardas Municipais, que hoje é permitido apenas o calibre ponto 38,

ponto 380, ponto 12 e os outros calibres disponibilizados ao público em geral.

Estudos mostram que o calibre indicado para uso policial é o calibre ponto

40, por possuir um stopping power – poder de parada – bem maior que os calibres

liberados para os agentes da Guarda Municipal. (TOCCHETTO, 2005)

O poder de parada consiste em o agente efetuar o disparo com a sua arma

com o intuito de cessar a ação de um agressor instantaneamente, sem ocasionar

possíveis danos a terceiros que não nada a ver com a ocorrência delituosa.

Os biótipos das pessoas são diferentes uma das outras, umas mais fortes,

outras mais fracas, umas mais obesas, outras mais esbeltas, e isso sem falar nos

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indivíduos alcoolizados ou sob efeitos de alucinógenos que muitas vezes nem

sentem que foram atingidos, por estarem com o mecanismo de comunicação com o

cérebro prejudicados devido ao seu estado clínico. (TOCCHETTO, 2005)

As pessoas tem opinião formada pelos filmes que vêem na televisão e nos

cinemas. Ficam com a idéia pré estabelecida que quando se leva um tiro, o atingido

será impulsionado em grande vôo para trás. Mera ilusão. Sobre este fato

DomingosTocchetto esclarece:

Muitas pessoas tem a cultura do cinema, o que não traduz a realidade, pois uma pessoas atingida por um projétil dificilmente vai voar alguns metros para trás. Na grande maioria das vezes, a pessoa que leva um tiro, desde que não seja no cérebro, não sente absolutamente nada ou alguns referem como se fosse uma picada de injeção, mas que, no momento, não se deu conta. No caso de pessoas drogadas ou alcoolizadas, o mecanismo de condução da informação ao cérebro fica prejudicado e a pessoa pode levar vários tiros e não perceber. (TOCCHETTO, 2005, p184)

Neste mesmo sentido temos o seguinte entendimento a cerca do real poder

de parada de qualquer arma de fogo:

Quando um projétil de arma de fogo atinge o cérebro ou o tronco cerebral e destrói estruturas responsáveis pela consciência ou pelotônus muscular dos músculos que mantém o corpo ereto, ou quando o tiro atinge a medula espinhal e interrompe o comando nervoso das pernas ou mesmo dos braços e das pernas, dependendo da altura da medula atingida, ou, ainda, em algumas pessoas, quando atingido um vaso calibroso importante, provocando o chamado choque hipovolêmico, ou seja, a rápida perda de grande quantidade de sangue, há grande probabilidade de que ele cesse imediatamente suas ações. Nesses casos, o agressor deve cair instantaneamente. (BEATO, 2010, sp)

A Guarda Municipal está autorizada a portar todos os calibres que não

sejam de uso restrito das policias, ou seja, podem portar armas nas ruas que

causam muito mais danos do que as de uso restrito.

Conforme explicação de Fernando Beato, o projétil de uma arma de calibre

ponto 380 por tratar-se de um calibre perfurante, ele atravessa as chapas dos

veículos “e vai buscar o oponente dentro do veículo, até mesmo se estiver

escondido atrás de um banco”. (BEATO, 2010, sp)

Ora, se a Guarda necessita portar arma de fogo, o legislador deve ter a

consciência que essa arma deverá ter o maior poder de parada de todas as armas

existentes, ou seja, o agressor ao qual o agente municipal desferir um disparo

deverá alojar o projétil sem que este tenha o poder de transfixar o alvo e por

conseqüência atingir um segundo ou terceiro alvo em potencial.

Os calibres restritos às Policias brasileiras são as armas de calibre ponto

40, que foi desenvolvida nos Estados Unidos da América, EUA, especialmente para

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uso da Polícia Federal Norte Americana. Para o calibre ponto 40 entrar no nosso

País e ser autorizado à sua utilização, no inicio houve muita resistência, pois antes,

era permitido somente para os participantes de tiro esportivo. (BEATO, 2010)

Para Fernando Beato o calibre ponto 40 foi implantado nas forças policiais

devido a uma comoção nacional, pois derrubaria antigos paradigmas:

O calibre 9mm Luger e 357 magnum eram permitidos para Polícia Federal e a .45 somente para Forças Armadas, assim, permitir o calibre .40SW que é superior ao 9mm e intermediário entre o 357 magnum e o .45 teria que advir de uma comoção nacional. (BEATO, 2010, sp)

A primeira força policial a receber as armas ponto 40 foi a Polícia Rodoviária

Federal, que no ano de 1998 reformulou todo o seu armamento. De acordo com

Beato, os americanos apontam a real diferença e porque as polícias devem usar o

calibre ponto 40:

Estatísticas norte-americanas apontam o calibre .40 S&W como uma das mais efetivas munições para defesa, com o seu stopping power chegando a 96% - superando o calibre .45, historicamente conhecido como mais eficaz. O calibre .40 S&W ainda pode ser considerado uma munição que ainda encontra-se na sua infância, em termos de mercado, pois foi lançada há pouco mais de dez anos. Projétil libera muita energia e paralisa o alvo Uma das vantagens reconhecidas nesse poderoso calibre é o Stopping Power – termo que teve origem no final do século XIX, para expressar a capacidade de um determinado projétil em neutralizar um agressor, pondo-o fora de combate, sem necessariamente matá-lo. Ao contrário do calibre .380 ACP, a .40 amplia o poder destrutivo em tecido humano, causando hemorragias e um efeito psicológico tremendo no alvo. (BEATO, 2010, sp)

Na grande maioria as Guardas Municipais usam munições ogivais ponto

380 ou ponto 38, que tem o mesmo poder de impacto que uma 9mm, são projéteis

com características perfurantes e não deformantes. Os projéteis ogivais tem uma

grande tendência a transfixar os alvos, pelo seu formato perfurante e velocidade que

atingem, devido a isso o seu poder de parada varia entre 51% à 65,9%. Das

munições utilizadas pela Guarda Municipal a mais indicada, com stopping power

mais eficaz é para o calibre ponto 38 SPL 4”, WW 158 grLHP +P que chega a

75,22%. (TOCCHETTO, 2005)

Considerando que a arma autorizada a ser utilizada pela Guarda Municipal

varia em eficiência de parada de 51% à 75,22¨% a probabilidade desde projétil

alcançar um segundo alvo também irá variar de 49% à 24,78% sendo uma margem

de erro expressiva. No entanto se a Guarda fosse autorizada a portar armas do

calibre ponto 40 a margem de erro conforme a munição utilizada, ficaria de 4 à 11%,

pois o poder de parada deste calibre chega até 96% e na maioria das vezes a

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munição utilizada é a chamada bollow point, que caracteriza-se por ser uma

munição deformante. (TOCCHETTO, 2005)

As munições bollow point são as que tem o maior poder de parada, o seu

poder de transformação nos tecidos é bem mais eficaz pois ela não tem

característica perfurante e sim uma grande capacidade de deformação dos tecidos.

Em relação aos calibres de armas utilizados pelos policiais Tocchetto

explica: “As vantagens dos calibres citados, com munição bollow point, é que

dificilmente irão ultrapassar uma pessoa, ao passo que o calibre 9mm apresenta

uma grande probabilidade de ultrapassar uma pessoa.” (TOCCHETTO, 2005, p.192)

Nesse sentido Fernando Beato explica sobre testes que foram realizadas

com a munição ponto 40:

Essa munição foi testada em bovinos vivos e em cadáveres humanos, registrando-se os efeitos observados. Nos cadáveres, suspensos no ar, era observada a capacidade de um projétil de fraturar ossos e de transferir energia, mostrada pela oscilação dos corpos pendentes. Nos animais, pretendiam ver o poder de incapacitação proporcionado pelos diferentes calibres. Pelos resultados desse teste, verificou-se que o calibre .40 S&W apresenta um desempenho excelente, superior a qualquer coisa alcançada pelos antigos calibres permitidos no Brasil .38 SPL e .380 ACP e até por algumas munições 9 mm e .45 ACP. (BEATO, 2010, sp)

Diante do entendimento que as instituições municipais só podem portar

armas de calibre permitido, é que vemos a fragilidade na falta de entendimento dos

nossos legisladores, pois assim, o Guarda Municipal fica muito mais exposto a um

possível erro. Pois em um eventual disparo com a sua arma pode vir a atingir outro

alvo que não seja o desejado.

A população dos municípios ficam a mercê das decisões dos governantes,

que demoram para agir e muitas vezes só o fazem devido a uma grande comoção

gerada por algum incidente indesejado.

Com isso o aumento da criminalidade nos nossos municípios, vem ao

encontro com a disparidade social que enfrentamos, onde uns tem muito e outros

tem tão pouco e essas pessoas com conhecimento ou não, apenas querem

segurança, venha ela da onde vier, querem se sentir seguras.

Diante disso, elas vêem a Guarda Municipal como um órgão de segurança

pública, embora a nossa Constituição Federal de 1988, não permita tal comparação.

Mas o fato é que o Estado está distante das pessoas e o município é o ente

federativo mais próximo do seu contribuinte e precisa atender todos os anseios da

sua comunidade, que muitas vezes não consegue, ou não da tempo, de diferenciar

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ou escolher entre um Policial Militar ou um Guarda Municipal para lhe auxiliar.

(CARVALHO, 2005)

Na atual fase dos municípios frente a Constituição Federal de 1988, as

pessoas passam por um dilema, sobre, o que saber se é certo ou errado no tocante

as atribuições de cada órgão de segurança pública.

A situação não é nada confortável, pois hoje, cada pessoa deve andar com

uma cartilha em baixo do braço para saber a quem e quando deve recorrer, diante

dos inúmeros órgãos uniformizados que temos nas nossas cidades.

O dilema passa dos cidadãos até os Guarda Municipais. Pois os agentes na

falta da Polícia Militar, muitas vezes atuam as margens da Lei, pois deparam-se com

situações onde a sua ação deve ser imediata, assim, garantindo a proteção de

terceiros. (CARVALHO, 2005)

A incompetência em atuar nos delitos contra a vida ou contra patrimônio de

terceiros está prevista no parágrafo 8º do Artigo 144 da CF/88, pois o legislador

limitou o campo de atuação das Guardas Municipais, deixando claro, que os

municípios poderiam criar Guardas Municipais para a proteção de seus bens

serviços e instalações, ficando as competências de segurança pública exclusivas

dos órgãos policiais.

Na criação da Lei maior do nosso País o legislador não pensou nos

infortúnios do dia-a-dia. Pois o ladrão, o assaltante e até mesmo o ofendido, não vai

parar para perguntar se aquele agente uniformizado pode prendê-lo ou pode ajudá-

lo. Aos olhos do delinqüente o Guarda é uma ameaça, é um obstáculo que deve ser

batido, e aos olhos da vítima, o Guarda é o seu salvador. (CARVALHO, 2005)

Por outro lado, se o Guarda Municipal atender o chamado do cidadão que

foi assaltado, pode vir a responder por usurpação pública, denunciado muitas vezes

pelo Ministério Público das cidades ou por Policiais que temem pelo progresso desta

instituição. E se não atender, poderá responder por omissão.

O fato é que alguns Juízes do Estado de São Paulo já estão reconhecendo

as atuações dos Guardas Municipais como se Policias fossem.

Enquanto a criminalidade cresce, os nossos governantes não tomam

coragem de mostrar que estão dispostos a regularizar a situação dessas instituições

que surgiram para auxiliar e sem dúvida proteger todo o patrimônio municipal dentre

eles, o mais precioso de todos, a vida. (CARVALHO, 2005)

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O que os governantes devem ter em mente é que quando as pessoas são

atacadas nas ruas dos nossos municípios por um delinqüente, não pensam como

anda a saúde, a educação ou a previdência social e, muito menos, de qual

instituição de segurança tem mais prestigio no País ou no município. Primeiro e

acima de tudo querem a sua integridade física e patrimonial extremamente

protegidas, não interessando quem vá fazer isso., querem estar seguros. (BORGES,

2002)

Quando falamos de segurança pública a primeira coisa que nos vem na

cabeça é temos um policial treinado e preparado em cada esquina das nossas

cidades. A Constituição Federal de 1988 no Artigo 144 caput e seus incisos afirma

que a segurança pública é um dever do estado, direito e responsabilidade de todos,

mas o motivo principal que ela nos dá é muito interessante, pois assim, relata

Gallimard Oeuvres:

A força destinada a reprimir esses delitos deve ser absolutamente diferente do exército de linha.

Todo cidadão deve assistência ao magistrado na imposição da lei, mas essa obrigação tem o inconveniente de impor ao cidadão deveres odiosos e perigosos. E em nossas cidades populosas, diz, a cada dia cem cidadãos seriam presos por se recusar a prender um só. É necessário que homens assalariados (e treinados) se encarreguem dessas tristes funções. (OEUVRES, apud, BORGES, 2002, p. 2)

Se o cidadão sentir que na falta de um policial, altamente treinado e

capacitado é ele quem deverá tomar a iniciativa na obrigação de conter aquele mal

ao qual está presenciando, vamos partir para a desordem total.

Sabe-se que a polícia preventiva existe para manter a ordem, e nesses

casos é ela quem deve inibir atos de delinqüentes que venham a perturbar a paz das

pessoas.

O patrulhamento preventivo muitas vezes serve para executar a

aproximação do agente com as comunidades, que deve ser uma das funções

principais das Guardas Municipais no nosso País, com atribuição voltada a

solucionar focos de violência que surgem dentro dos bairros, reprimindo o uso de

entorpecentes e evitando delitos que surgem a todo instante nas comunidades

municipais. (BORGES, 2002)

Nos países mais adiantados essa espécie de polícia já existe e são

controlados pelas prefeituras.

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O que tens que terminar no Brasil são os preconceitos existentes quanto,

ao poder de policia às Guardas Municipais e a diferenciação ao uso do armamento

pelos integrantes de municípios onde não atinja o limite mínimo de habitantes

exigido pelo estatuto do desarmamento.

No Brasil temos muitas outras instituições de caráter privado que se utilizam

do aparato das armas de fogo e não estão elencadas no contexto da segurança

pública. Como:

- Empresas de Vigilância. Que por sua vez, fazem segurança de bancos,

transportadoras de valores, estacionamentos, empresas e em algumas vezes até

fazendo a segurança de alguns órgãos públicos, onde há uma exposição muito

ostensiva de todo o armamento disponível pela empresa, e tal exposição não é

levado em conta se está sendo realizada em um município de 10.000 (dez mil)

habitantes ou em um com 60.000 (sessenta mil) habitantes. (BORGES, 2002)

A respeito da falta de organização na criação de entidades privadas com o

intuito de segurança, Ubiratan Borges de Macedo da sua opinião:

Torna-se urgente criar uma agência reguladora e fiscalizadora do poder público sobre a disseminação descontrolada de polícias privadas no país. É o tipo de serviço que se o Estado não presta ou presta mal, acaba substituído clandestinamente por pessoas ou empresas não qualificadas e que alimentam, por sua incompetência ou pela difusão de armas, a criminalidade. Urge regular e fiscalizar tal atividade e não tentar um monopólio impossível e contrário à nossa tradição para as polícias militares, como o conseguiu o lobby das PMs na Constituição de 1988. (BORGES, 2002, p. 4)

Para termos uma segurança mais digna, temos que ter menos violência nas

nossas cidades, é necessário que nossos legisladores tomem ciência dos fatos

cotidianos que envolvem a nossa sociedade, por isso, devem escutar o clamor

popular e transformar todas as idéias em correntes favoráveis ao progresso e a

evolução da segurança em todo o País, sem menosprezar uma ou outra instituição.

O governo precisa valorizar todos os profissionais de segurança, sem

distinção alguma, deve começar unificando esforços de um bem comum a todos,

pois os policiais tem que estar do lado do bem e estes não precisam brigar entre si

para ver quem tem mais ou menos poder de decidir pela segurança de outrem.

(BORGES, 2002)

A cerca da pluralidade e especialização das policias Ubiratan Borges de

Macedo afirma:

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A concepção presente em todo o mundo civilizado é a da pluralidade e especialização dos organismos policiais. A especialização dá melhores resultados, e a pluralidade dos órgãos retira sua força de pressão interna, estabelecendo um sistema de vasos comunicantes que permite um melhor sigilo das investigações e uma barreira eficaz à corrupção, sempre possível e temível num serviço policial. Do ponto de vista liberal e democrático, os diferentes corpos armados devem ser plurais quanto ao estilo, ao armamento, ao recrutamento e à autoridade sob a qual servem imediatamente, e sobretudo devem ser especializados, isto é, o treinamento, o equipamento e a subordinação precisam levar em conta o objetivo de sua missão principal (BORGES, 2002, p. 6)

Na atualidade as Guardas Municipais são as instituições que mais

cresceram no Brasil, as suas formações foram disciplinadas e uniformizadas de

acordo com a matriz curricular das Guardas Municipais, editada pela Secretaria

Nacional de Segurança Pública, SENASP.

Diante de tal crescimento nas sua diretrizes, a instituição vem carecendo

de regulamentação nas suas funções pois está dia-a-dia enfrentando conflitos com a

legislação decorrentes da interpretação do Artigo 144 da Constituição Federal de

1988.

A Lei no seu contexto geral, no que diz respeito a Constituição federal de

1988 e o Código de Processo Penal abre precedentes para interpretações

controversas, pois quando ela faculta a prisão para qualquer pessoa, está

delimitando a todos, ou seja, as autoridades policiais e seus agentes e a qualquer

um do povo. Ora como diz José Eduardo Cury: “...Se qualquer do povo pode, o

Guarda Municipal na pior das hipóteses poderia ser reconhecido como qualquer do

povo” (CURY, 2008, p. 75)

Mas se o Guarda Municipal pode efetuar uma prisão em flagrante, com

fundada suspeita, algumas opiniões, como a do autor Danillo Ferreira, em um blog

chamado Abordagem Policial, direcionado a assuntos de Segurança Pública, alega

que o Guarda em hipótese alguma pode efetuar uma busca pessoal, pois estaria

incorrendo em abuso de autoridade.

Sobre a busca pessoal por parte de integrante da Guarda Municipal ele

afirma:

Entretanto, como já disse, muitas vezes os guardas municipais excedem sua competência. A busca pessoal, por exemplo, não pode ser realizada por um guarda municipal. Talvez, no afã da nova profissão, na “vibração”, os guardas cheguem a se arvorar a realizar tal procedimento, o que constitui abuso de autoridade. (FERREIRA, 2009, sp)

A questão é muito controversa. Um Guarda Municipal nunca poderá efetuar

uma prisão, embora sendo em flagrante, sem efetuar a busca pessoal. Se não o

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fizer, o agente sem dúvida nenhuma, estará incorrendo em uma total falta de

conhecimento e despreparo para com a sua segurança e de sua guarnição.

Pois o infrator, detido em flagrante, pode ter consigo drogas, pertences das

vítimas e o que é pior armas que podem vir a ser usadas contra os agentes

municipais no momento da condução do preso até a delegacia. Esses são princípios

básicos de segurança e que no momento de uma prisão devem sempre ser

seguidos.

Sobre a interpretação das funções públicas, Julio Fabbrini Mirabete tem o

seguinte posicionamento:

[...] funcionário público alude a todo aquele que exerce função pública, considerada esta a atribuição ou conjunto de atribuições que a Administração confere a cada categoria profissional, ou comete individualmente a determinados servidores para execução de serviços eventuais. Nesse conceito amplo, para efeitos penais são funcionários públicos o Presidente da República, o prefeito municipal, os membros das casas legislativas, o serventuário da Justiça de cartório não oficializado, o guarda municipal, o inspetor de quarteirão etc. (FABBRINI, apud, CURY, 2008, p. 75)

Como a legislação a cerca do poder de Polícia ainda carece de avanços

para que as Guardas Municipais venham a ter em seus institutos o respaldo da

proteção das suas populações.

De acordo com José Eduardo Cury, existem algumas correntes contrárias

ao poder de Polícia às Guardas Municipais, pois alegam que os prefeitos estariam

formando milícias com o intuito de oprimir a sociedade com mais uma Polícia

armada e repressiva. (CURY, 2008)

Idéias contrárias às Guardas Municipais assumirem ou adquirirem o poder

de Polícia, toma força, diante de alguns acontecimentos considerados excesso por

parte dos agentes municipais.

Cabe lembrar que a respeito da Guarda Municipal e segurança pública,

existem inúmeras pessoas que se dizem peritas em todas as ações realizadas por

esses agentes, mas que apenas, fazem da Lei a interpretação puramente teórica,

sem nunca ter presenciado como é o dia-a-dia de um agente operacional, seja ele,

defensor da ordem pública ou patrimonial.

No dia 23 de abril de 2010, um incidente envolvendo um Guarda Municipal

da cidade de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, com disparos de arma de fogo

veio a levantar novamente o fato das Guardas portarem armas.

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Ao efetuar uma abordagem de trânsito nas ruas do município de Novo

Hamburgo, o Guarda relatou que o condutor do veículo teria tentado atropelá-lo e

que nesse momento ele teria disparado com sua arma 2 vezes contra os pneus do

veículo para tentar pará-lo e que um dos disparos haveria ricocheteado e atingido

um menino que estava em um outro veículo. O menino foi levado ao Hospital e no

dia 26 de abril recebeu alta. (www.zerohora.com.br, 2010)

Este foi um incidente isolado, que infelizmente atingiu uma terceira pessoa

que não estava envolvida na ocorrência. O Secretário de Segurança do município de

Novo Hamburgo, Luiz Fernando Farias fez questão em realizar uma reunião com

todos os integrantes da corporação para reafirmar a confiança do poder público na

instituição. Ressaltou ainda, que o Guarda responderá por procedimento

administrativo que foi instaurado pela Corregedoria da Guarda Municipal, e que tem

o prazo de 15 dias para ser concluído, explica ainda que o servidor poderá sofrer

tanto uma punição de advertência quanto a demissão.

O fato fez com que o Coronel da Brigada Militar de Novo Hamburgo,

Nicodemes Barros, criticasse duramente a ação do agente municipal.

A sua resistência pela instituição vem desde o ano passado quando

assumiu o comando da Brigada Militar do Vale dos Sinos, na oportunidade a disputa

foi pelo monitoramento das ruas da cidade de Novo Hamburgo.

Nessa disputa o Coronel deixou transparecer por completo seu

descontentamento e desconhecimento sobre a instituição azul marinho. No calor da

discussão chegou a chamar os Guardas Municipais de flanelinha. Ele subiu a tribuna

da Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo e dentre as inúmeras alegações

sobre os serviços da Guarda ele enfatizou: “...Guarda Municipal tem a mesma

competência que um flanelinha ou segurança privada, ou seja, nenhuma.”

(BARROS, apud, http://amigosdaguardacivil.blogspot.com, 2010, sp)

Na oportunidade o prefeito Tarcisio Zimmermann exigiu uma retratação do

comandante da BM, dizendo: ”Ele deveria se retratar com as guardas municipais do

Brasil inteiro e com os de Novo Hamburgo em particular. Não receberei mais o

coronel Barros no meu gabinete, porque ele não tem estatura para ocupar o cargo.”

(ZIMMERMANN, 2010, sp)

A troca de farpas seguiu entre os representantes das duas entidades. E ao

pedido de retratação o Coronel da Brigada Militar Barros, retrucou:

Page 68: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

68

“Não sou subordinado ao prefeito, não fiz concurso para a prefeitura e não

sou cargo de confiança. A minha responsabilidade é com o governo do Estado e

com o comando da BM.” (http://guardamunicipaljardimdoserido.blogspot.com, 2010,

sp)

Esta indisposição ocasionada no ano passado, auxiliou nos comentários do

Coronel à respeito da abordagem do Guarda Municipal. Ele classificou como uma

abordagem mal sucedida e completou:

À missão constitucional das guardas é cuidar do patrimônio público e não fazer o trabalho da polícia. Eles cuidam do trânsito armados e quando há situações como essa querem agir como policiais, o que não sabem fazer. (BARROS, 2010, sp)

O incidente fez com que as críticas do Coronel, ultrapassassem até a sua

competência, pois o mesmo declarou, erroneamente, que já havia solicitado ao

grupamento da Brigada responsável pela fiscalização, treinamento e supervisão de

vigilantes, que verificassem se as permissões e cursos de reciclagem dos Guardas

Municipais estavam em dia. (www.zerohora.com.br, 2010)

Ora, o Departamento de Supervisão, Vigilância e Guarda, DSVG, não é

mais o responsável pela fiscalização das Guardas Municipais e sim, a Polícia

Federal. Anteriormente aqui no Rio Grande do Sul as Guardas eram orientadas e

fiscalizadas por este departamento ou no País por Polícias Militares ou Polícias

Civis, isto dava-se porque não havia legislação especifica que determinasse quem

orientaria e fiscalizaria os cursos e as operações das instituições municipais.

Em 2002 o governo federal editou um projeto denominado Segurança

Pública para o Brasil, em um dos capítulos fala sobre questão municipal. Diante

desse fato alguns especialistas apontam algumas preocupações dizendo:

Hoje, muitas Guardas não têm metas claras e compartilhadas, não atuam segundo padrões comuns, não experimentam uma identidade institucional, que poderia ser a base para uma auto-estima coletiva elevada, e tampouco têm sido objeto de questionamento ou alvo de propostas reformadoras... sequer dispõem de um organograma bem composto... não têm hierarquia... Não há controle interno ou externo. Não há testes de rotinas ou recrutamento, formação e requalificação. Os equipamentos e a preparação física são precários [...] Os regimes de trabalho [...]não estão padronizados e não há uniformização nem mesmo no plano do vestuário ou no acesso a armamento [...] (GOVERNO FEDERAL, apud CURY, 2008, p. 76)

Passados oito anos da edição deste projeto as Guardas Municipais vieram

se adequando as diretrizes que foram sendo impostas a elas.

Page 69: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

69

Hoje as instituições municipais devem formar seus agentes seguindo as

diretrizes impostas pela Matriz Curricular da Secretaria Nacional de Segurança

Pública, e não mais como era antigamente, que a formação dos Guardas era mera

formalidade.

Com a advento da possibilidade dos Guardas Municipais poderem portar

armas de fogo, a Lei obrigou ao municípios que assim solicitavam o porte de arma, a

criação de mecanismos de fiscalização, como, a ouvidoria e corregedoria própria da

Guarda Municipal, ainda necessita padronizações nos sentidos de hierarquia e

treinamentos cada vez mais voltados a área de segurança.

O porte de arma de fogo destinado aos integrantes das Guardas é

concedido após rigorosos testes práticos e psicológicos, sendo efetuado pela Polícia

Federal até mesmo investigação da vida pregressa dos funcionários municipais.

Caso o agente não passe em uma das etapas dos testes, não será concedido o

porte de arma.

Em Vacaria os Guardas considerados inaptos no teste psicotécnico

tentaram argüir a nulidade do exame, tendo o seguinte parecer do TJ gaúcho:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. GUARDA MUNICIPAL. PORTE DE ARMA DE FOGO. LAUDO PSICOTÉCNICO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. EXIGÊNCIA DA REALIZAÇÃO DE EXAME PSICOLÓGICO PREVISTA NA LEGISLAÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE PROVAS RELATIVAS À NULIDADE DO EXAME. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. DEMONSTRAÇÃO DA SITUAÇÃO DE NECESSIDADE. A autorização de porte de arma de fogo foi conferida aos Guardas Municipais pela legislação federal, que prevê a realização de avaliação psicológica. Portanto, em que pese a legislação municipal ser posterior aos exames, a necessidade do exame já estava prevista em lei. Não há que se falar em nulidade dos exames em razão do não fornecimento de armas de fogo, mas sim do TASER. A entrega de arma de fogo é discricionariedade da Administração, e não direito subjetivo dos servidores. Ausência de elemento nos autos que aponte a inadequação do local em que aplicados os exames. Ônus que incumbia aos autores. Artigo 333, I, do Código de Processo Civil. O acesso às avaliações psicológicas deve ser pedido pelos servidores, de acordo com a Ordem de Serviço nº 001/04 do Ministério da Justiça. Se não o fizeram, não se pode falar em negativa de acesso ao conteúdo dos laudos. O prazo recursal da decisão que concluiu pela inaptidão do servidor está previsto na Ordem de Serviço nº 001/04, não podendo os apelantes alegar desconhecimento da norma. Tendo em vista que a ação foi direcionada contra o Município de Vacaria, impossível discutir a parcialidade ou a correção do método do examinador, uma vez que tal profissional é designado pela Polícia Federal, não havendo influência da Administração Municipal neste particular. Tendo em vista a insuficiência de recursos dos apelantes para suportar os valores das despesas processuais, restam satisfeitos os requisitos para a concessão do benefício da assistência judiciária gratuita. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. Apelação Cível Nº 70027587682, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça

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70

do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 18/02/2009 (www.tjrs.jus.gov.br, 2010, sp)

Com a implantação do Estatuto do Desarmamento, foram diaguinosticados

que os testes exigidos para a aquisição do porte de arma de fogo ficaram bem mais

rígidos, pois atualmente o agente deve passar por teste psicológico específico para

a função e ainda extenso curso prático com a arma.

3.2.1 – GUARDA MUNICIPAL E A TECNOLOGIA NÃO LETAL

As armas não letais denominadas Taser estão invadindo as instituições

municipais e trazendo uma segurança a mais para os Guardas Municipais e

comunidade em geral.

O armamento é mais um recurso utilizado pelos municípios na implantação

e inovação de equipamentos voltados para a segurança pública e patrimonial.

Nos municípios habilitados a portarem armas de fogo, conforme prevê o

Estatuto do Desarmamento, o Taser nada mais é que um complemento eficaz no

dia-a-dia do Guarda Municipal, sabendo o agente que a sua primeira arma é uma

arma não letal, utilizada especialmente para conter de imediato o transgressor.

Vacaria figurou no cenário nacional, quando a sua Guarda Municipal tornou-

se a primeira instituição de segurança da região sul a adquirir tal equipamento, na

oportunidade todos os integrantes da instituição foram habilitados a portarem a arma

até então denominada Taser – A arma da vida. (http://blog.opovo.com.br/, 2010)

A polícia do Canadá resolveu restringir o uso do armamento, pois após

investigar, constatou que os policiais estavam usando o Taser com muita freqüência

e sem necessidade. Para evitar esses abusos por parte de policias e guardas, que é

aconselhado que no curso de formação para Operador Taser, o candidato seja

submetido à um disparo de Taser, para que assim o Operador saiba o que está

ocasionando a seu oponente, ou seja, ele deve tratar o seu armamento não letal,

como se fosse letal, não usando ele a qualquer momento sem uma justa causa.

João Carlos Rodrigues defende o uso do Taser dizendo:

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71

Se o Taser for usado de forma abusiva, o Guarda Municipal ou Policial será imediatamente identificado porque o Taser armazena, na forma de um relatório que não pode ser alterado, a data e o horário exato de cada acionamento do gatilho da arma. Além disso, cada munição do Taser lança confetes identificadores na cena do disparo e cada confete contém o número de série da respectiva munição que foi disparada. Nenhuma arma não-letal sobre a face da terra é tão segura, eficiente e auditável como o Taser. (RODRIGUES, 2010,sp)

O Taser nada mais é que uma ferramenta a mais para os agentes

municipais. Até hoje não há se quer um atestado de óbito afirmando, causa a morte

o uso do Taser. È claro que toda a ação com o uso da arma deve ser interpretada,

pois ela não deve ser mal utilizada como: “atirar com um Taser em uma pessoa que

esteja tentando o suicídio no alto de um prédio, pois o disparo irá fazer com que a

pessoa seja paralisada e caia lá do alto.” (RODRIGUES, 2010,sp)

A intenção dos municípios em adquirir e equipar os Guardas Municipais com

a arma da vida, nada mais é que proporcionar um nível mais amplo no

escalonamento do uso progressivo da força, ou seja, os agentes poderão avaliar a

situação de como deverão agir.

Quando se vê um policial ou um guarda nas ruas, sabe-se que esses

homens tem o poder de decidir sobre a nossa paz, sobre a nossa vida. Mas o que

deve ser levado em conta que todos esses agentes são pessoas normais, apenas

investidas de autoridade de decidir como deve agir em questão de segundos, o que

os Juízes levarão meses para decidir se ele agiu certo ou não.

(http://blog.opovo.com.br/, 2010)

A respeito deste assunto, tem o seguinte entendimento:

Uma pessoa que recebe ordens para construir uma casa e dispõe apenas de um martelo, irá encarar tudo como se fosse um prego. Este exemplo ilustra a causa das milhares de mortes, estúpidas e desnecessárias, que acontecem nas ruas das cidades brasileiras, ou seja, se o policial só possui uma arma de fogo na cintura, toda ação será letal. (RIBEIRO, 2010, sp)

O que deve ser levado em conta é que todos os agentes de segurança

pública ou patrimonial são seres humanos, e por isso, são passiveis de erros, de

enganos assim como qualquer pessoa.

Por isso, quando um agente errar utilizando um Taser com certeza, poderá

ser reparado, ao contrário do que ocorre quando há erro com uma arma letal. O erro

com uma arma letal muitas vezes não tem volta. Diante disso os Estados e

municípios estão disponibilizando esse novo equipamento para esses profissionais,

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72

pois assim dão a possibilidade do Guarda ou ao policial de discernir sobre qual arma

utilizar. (http://www.abilitybr.com.br, 2010)

3.3 – A GUARDA MUNICIPAL E OS DELITOS NOS MUNICÍPIOS

A Guarda Municipal estando nas ruas do nosso município por ser uma

instituição caracterizada pelo uso de uniforme e em algumas cidades armada,

automaticamente traz segurança aos transeuntes dos municípios.

Sua ostensividade embora hoje seja balizada apenas para a proteção dos

bens, instalações e fiscalização do trânsito nos municípios afasta muitos

delinqüentes de efetuarem o seu objetivo maior, que é, obter vantagem ilícita diante

das pessoas.

Os agentes municipais na maioria dos casos tem o dobro do contingente

policial que está nas cidades e por esse motivo torna-se na maioria das vezes o

Guarda sendo muito mais visível que o policial. Diante deste fato, em muitos casos,

torna-se inevitável a comparação da Guarda com a Polícia por parte das pessoas.

(CARVALHO, 2005)

Está comparação muitas vezes ocorre pela falta de conhecimento que

muitos tem a respeito das competências de cada instituição, e o que hoje é fato é

que a Guarda pode fazer e a Polícia deve.

Mas dentro de um contexto geral de segurança nos municípios nota-se que

muitos delitos ocorrem por descuido das próprias pessoas, que se deixam levar pelo

cotidiano, pela rotina e esquecem de princípios básicos que passarei a relatar.

A primeira diretriz de segurança, nada mais é que uma quebra na rotina, é

uma mudança de hábito, é surpreender para não ser surpreendido.

- A noite antes de entrar na garagem com seu veículo, cheque o local, e se conter pessoas estranhas ou algo anormal procure dar uma volta a mais no quarteirão sem parar em casa, e caso avalie ser necessário entre em contato com a Polícia. (http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

Após tomar as providência e precauções necessárias, as pessoas devem

continuar atentas, pois ainda não adentraram em suas casas. “- Ao chegar na

garagem de um edifício, fique atento à presença de carros ou pessoas próximas à

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73

porta, principalmente se essa for do tipo de abertura automática;”

(http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

No momento em que o veículo estiver estacionado ou estar nos

preparativos para tal, os procedimentos devem ser similares aos anteriores, nunca

deixar de observar toda área em que for parar ou entrar no veículo. “- Ao sair ou

chegar a um estacionamento, procure olhar ao redor, prevenindo-se da aproximação

de pessoas suspeitas” (http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

Antes de entrar no veículo deve-se sempre observar com muita cautela o

seu estado, principalmente o estado dos pneus. “- Ao sair do estacionamento de um

banco, verifique os pneus de seu carro;” (http://www.policiaeseguranca.com.br,

2010, sp)

Nunca deixar o veículo em lugares de difícil acesso, pois a dificuldade de

acesso certamente também poderá ser para uma possível ajuda. “- Quando

estacionar o veículo, procure protegê-lo com travas e alarmes, além de colocá-lo em

locais iluminados e de preferência bem visível;”

(http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

Pessoas desconhecidas, em lugares afastados do público, sempre serão

suspeitas, por isso a melhor coisa a fazer, é solicitar auxilio para esta pessoa, não

deve-se ser tão solicito, pois isso pode ser uma possível emboscada. “- Jamais dê

carona a estranhos;” (http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

Os cidadãos devem ser parceiros da segurança, mas não um atuante da

segurança. Existe pessoas qualificadas para resolver conflitos, por isso, comunique

as pessoas competentes do ocorrido e não faça mais nada. “- Em caso de

presenciar ações suspeitas, não participe descendo do seu veículo. Em muitos

casos, colisões e brigas de trânsito são para fazê-lo parar e sair do automóvel;”

(http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

Quando estamos transitando com o veículo e por algum motivo este avariar-

se de algum modo devemos procurar por lugares movimentados. “- Em caso de

defeito no veículo, procure estacionar em locais seguros, para, então, poder repará-

lo. È preferível perder um pneu cortado do que todo o carro ou até mesmo a vida;”

(http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

No momento em que estamos trafegando com o veículo devemos procurar

andar com os vidros fechados, principalmente em semáforos onde assaltantes se

Page 74: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

74

passam por vendedores e se aproximam somente com o intuito de assaltar. “-

Procure transitar com o vidro parcialmente ou totalmente fechado;”

(http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

A ostensividade dos pertences é uma grande isca para os delinqüentes. “-

Procure não transitar com o braço para fora do veículo ostentando relógios ou jóias

valiosas;” (http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

Manter atenção nas ruas e principalmente em travessias que possam

contem pessoas mal intencionadas.

- Na estrada, procure passar mudando de faixa por sobre passarelas e pequenas pontes para evitar que criminosos atinjam o pára-brisas de seu veículo com pedras ou objetos, forçando-o a parar; (http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

O Policial deve estar sempre atento, pois muitos policias morrem por serem

emboscados, então, as regras de segurança devem ser seguidas a risca.

“- O porta-luvas do carro não foi desenhado para guardar sua arma. Mantenha-a

próxima ao corpo e a mão, pois assim, terá condições de sacá-la rapidamente e em

segurança, se necessário;” (http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

A dúvida e a desconfiança deve ser continua, somente após ter certeza de

quem se trata, é que devemos ajudar. “- Lembre-se crianças, idosos ou mulheres

com crianças no colo, poderão ser cúmplices” (http://www.policiaeseguranca.com.br,

2010, sp)

A rotina é um grande inimigo, tanto dos policias, quanto das famílias.

- Procure variar sua rotina e horários de sua casa para o trabalho e vice-versa;

(http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

Não devemos sair enquanto os portões não fechem por completo. “-

Acompanhe o fechamento dos portões eletrônicos de sua garagem. É um momento

de extrema vulnerabilidade do qual os assaltantes se aproveitam;”

(http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

A atualização e as inovações do mercado em questão de segurança, devem

ser um dos princípios básicos para a segurança.

- O alarme mais recomendado é aquele o qual, depois de acionado, com o carro em movimento, para após 45 ( quarenta e cinco ) segundos, pois evita o roubo e protege a vítima. É comum quando não se consegue fazer funcionar o veículo o criminoso tornar-se violento, podendo investir contra a vida da vítima; (http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010, sp)

Page 75: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

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Não devemos julgar-se sabedor de tudo, devemos saber que o

discernimento a respeito do que é certo ou errado depende de cada um. “- Lembre-

se não existe local e/ou horário seguro.” (http://www.policiaeseguranca.com.br,

2010, sp)

O que as pessoas nunca podem esquecer é que para serem vítimas, elas

devem propiciar esta oportunidade ao delinqüente por isso devem seguir as

orientações de segurança.

Mas com certeza não existem procedimentos infalíveis e por isso se forem

surpreendidas por um assaltante, a vítima deve tentar manter a calma,não resistir,

cumprir a risca todas as ordens emanadas pelo assaltante, não conversar e

responder só o que lhe for perguntado e ter em mente que o objetivo principal dele é

pegar o que ele quer virar as costas e fugir. Por isso, tente manter sempre a calma,

por mais que esteja sob a mira de uma arma de fogo, mantenha a calma porque ele

está tão nervoso ou mais que você. (http://www.policiaeseguranca.com.br, 2010)

Deve-se ter em mente que o praticante de atos delituosos sempre vai se

valer da sua vida pregressa, justificando seus delitos sempre a acontecimentos

passados que possivelmente o deixaram traumatizados, diante deste contexto

chamou a atenção da população americana, uma carta publicada pelo jornal

Tallahassee Democrat, escrita por Gary W. Bomman, condenado a sete anos de

prisão por assalto a bancos, cumprindo a pena no Instituto de Correção da Flórida,

onde ele relatava o seguinte:

Estou seguro de que quando uma vítima está sendo estuprada ela não se preocupa se seu atacante foi uma criança abusada na sua infância. Tolerando alegações como esta estamos dizendo para toda a sociedade que está ok roubar e assassinar, desde que tenhamos uma boa desculpa. O que aconteceu com a necessidade de assumir a responsabilidade por suas ações? Como alguém que passou a maior parte de sua vida atrás das grades, eu nunca conheci um criminoso culpado. Ouvindo-os, todos, menos ele, é claro, devem ser criticados por fazê-lo cometer o crime: sua mãe, a vítima, a própria sociedade. Acho que já é tempo de pararmos com essa falta de sentido e começarmos a tornar os criminosos responsáveis por suas ações.(Benson, Apud Borges, 2002, p8)

É notório que não se pode colocar a culpa do aumento da criminalidade

apenas na família, mas que devemos fazer com que os criminosos paguem pelos

delitos que cometem sem transformá-los em discriminados pelo sistema. O sistema

deve ser mais ágil para que os delitos não pareçam permanecer na impunidade.

Page 76: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

76

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Guarda Municipal frente a sua evolução histórica mostra grande tendência

em tornar-se uma força policial de direito nos municípios. Desde os seus primórdios

os agentes das instituições municipais já auxiliavam diretamente as forças policiais e

até mesmo as forças armadas. As guardas sofreram com os golpes políticos que

influenciaram diretamente com a sua evolução, sendo em alguns municípios até

mesmo extintas por força das legislações da época. Com o advento da Constituição

Federal de 1988 as corporações municipais foram sendo reorganizadas, partindo da

premissa que as Guardas poderiam ser criadas somente por vontade dos prefeitos.

Quanto à criação das Guardas Municipais, que a princípio a Lei destinou

apenas para a proteção dos bens e instalações municipais. As cidades foram

sofrendo mudanças em que as instituições municipais foram sendo adaptadas a

elas, tendo como exemplo maior a municipalização do trânsito, que em um primeiro

momento trouxe conflitos de competências com as policias militares, surgindo

inúmeras discussões a respeito do poder de polícia administrativo. As Guardas

foram se organizando e com ações na justiça embasaram as suas funções como

fiscalizadores do trânsito nos municípios.

Apesar da Guarda estar presente no parágrafo 8º do Artigo 144 da

Constituição Federal de 1988, ela não é considerada frente à legislação como força

policial, e isso trouxe complicações para aquisição do porte de arma de fogo para os

integrantes das instituições municipais. Diante deste dilema, e com o advento da Lei

10.826 de 2003, denominada Estatuto do Desarmamento, foi que as Guardas

começaram a ter um norte a seguir para a legalização e utilização de armas de fogo

por parte de seus integrantes. A vitória conquistada diante desta legalização

começou a alavancar a caminhada das Guardas para obter o reconhecimento como

Polícia municipal, reconhecimento este, que no estado de São Paulo já existe, pois

as Guardas Municipais desse estado atuam periodicamente combatendo a

criminalidade nos municípios.

Nos demais estados a evolução das Guardas está sendo mais lenta, pois as

funções dos agentes são limitadas meramente ao controle dos bens públicos

Page 77: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

77

municipais e a fiscalização do trânsito de veículos, necessitando assim de um poder

de polícia mais abrangente que possa trazer mais respaldo junto à comunidade.

A aproximação do Governo Federal para com os municípios ficou visível a

ponto de começarem a implantar projetos de reestruturação e capacitação dos

Guardas Municipais, isso fez com que os municípios começassem a se adequar

mais a realidade da segurança pública colocando mais homens qualificados nas

ruas para o atendimento a comunidade.

O grande dilema encontrado pelos municípios sempre foi nas atribuições

dos agentes municipais nas ruas. Atualmente diante do crescimento dos delitos nos

municípios já existem jurisprudências que balisam as ações policias das Guardas

Municipais, pois os julgadores entendem que as ações são feitas para um bem

comum a todos, ou seja, a preservação da ordem pública.

Com o intuito de aumentar a segurança nos municípios é que está

tramitando no congresso nacional o projeto de emenda constitucional - PEC, nº 534-

02 que altera o parágrafo 8º do Artigo 144 da Constituição Federal de 1988,

autorizando aos municípios criar suas Guardas destinadas à proteção de suas

populações, de seus bens, serviços, instalações e logradouros públicos municipais.

Acrescentando assim, a proteção de suas populações, dando plenos poderes de

Polícia para os agentes municipais. A importância da aprovação desta emenda

constitucional para os municípios fica evidente, quando se percebe que a cada dia

temos menos policiais nas ruas devido à falta de efetivo nos quadros das Polícias

Militares e Civis dos estados.

Dessa forma a cada dia as forças polícias do Brasil vão encontrando

dificuldades para o combate a criminalidade devido à falta de recursos financeiros e

principalmente humanos. Devido a esse fato as Guardas Municipais servem como

um auxílio direto as instituições policiais para as ocorrências do dia-a-dia. Como no

Brasil, nos Estados Unidos da América também existem suas polícias divididas,

apenas com a grande diferença, que nos EUA os recursos para estrutura,

treinamento e salários dos agentes são bem mais consideráveis do que aqui no

Brasil.

Assim, conclui-se que os legisladores do Brasil devem olhar mais para os

nossos municípios, sem se importar com os anseios de uma ou outra corporação.

Page 78: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

78

As carências das pessoas nas cidades é que devem ser atendidas, e se a

população clama por segurança, segurança o país deve dar.

A solução para o impasse por parte da população, no que diz respeito aos

conhecimentos e atribuições dos Guardas Municipais, está no desenrolar dos

projetos de emendas constitucionais que regulam as instituições municipais e o

poder de atuar das polícias nos municípios, isso, com certeza trará um entendimento

bem mais específico por parte da comunidade. Esses projetos deveriam mostrar um

papel mais definido das atribuições inerentes ao âmbito de atuação da guarda

municipal, proporcionando a estes servidores uma identidade com sua profissão, em

conseqüência disso reduziríamos o preconceito a cerca da guarda, pois a população

saberia qual o seu verdadeiro papel e não necessitaria levantar questionamentos,

pois, o conhecido, não abre espaços para dúvidas.

Page 79: GUARDA MUNICIPAL E O PODER DE POLÍCIA

79

REFERÊNCIAS

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de Vacaria. Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Disponível:

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