Água virtual no sector dos lacticínios na região autónoma dos … · 2017. 8. 18. · figura 2...
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Joana Brum Machado
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na
Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Universidade dos Accedilores
Departamento de Biologia
Ponta Delgada
2012
Joana Brum Machado
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na
Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em
Ambiente Sauacutede e Seguranccedila
Orientadores
Professor Doutor Joseacute Virgiacutelio Cruz
Professora Doutora Regina Cunha
Universidade dos Accedilores
Departamento de Biologia
Ponta Delgada
2012
i
AGRADECIMENTOS
Aos orientadores Professor Doutor Joseacute Vigiacutelio Cruz e Professora Doutora Regina
Cunha pela sugestatildeo do tema pelo apoio e incentivo por todo o tempo despendido
pelos ensinamentos que me proporcionaram e por toda a orientaccedilatildeo prestada durante a
realizaccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Agraves faacutebricas de lacticiacutenios pela colaboraccedilatildeo na entrega de dados sobre as suas produccedilotildees
e consumos E tambeacutem pela simpatia e disponibilidade sempre que solicitava
informaccedilotildees
Agrave Associaccedilatildeo Agriacutecola de Satildeo Miguel pelas informaccedilotildees sobre as suas Raccedilotildees Santana
e agrave Associaccedilatildeo dos Jovens Agricultores Micaelenses pelas informaccedilotildees sobre o ciclo de
vida das vacas leiteiras
E por uacuteltimo e natildeo menos importante aos meus pais que me apoiam muito e tornam
tudo possiacutevel na minha vida
ii
IacuteNDICE
Agradecimentos i
Iacutendice ii
Anexos iii
Iacutendice de Tabelas iv
Iacutendice de Figuras v
Lista de abreviaturas e acroacutenimos vii
Resumo viii
Abstract ix
1 INTRODUCcedilAtildeO 2
11 Enquadramento 2
12 Acircmbito e Objetivos 3
13 Estrutura do Trabalho 4
2 A AacuteGUA COMO RECURSO 5
21 Distribuiccedilatildeo da Aacutegua na Terra 5
22 Consumo de Aacutegua na Europa 8
23 Consumo de aacutegua em Portugal 10
231 Consumo de Aacutegua em Portugal 10
232 Qualidade da aacutegua em Portugal 11
233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores 12
3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL 14
4 METODOLOGIA 16
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra 16
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo 16
421 Ciclo de vida do gado leiteiro 18
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos 18
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA 20
51 Arquipeacutelago dos Accedilores 20
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental 23
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo 24
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A 26
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2 32
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C 39
534 Empacotamento do leite 42
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite 42
5342 Enchimento 43
54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro 45
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro 45
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro 46
iii
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto 47
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49
7 CONCLUSOtildeES 59
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 61
ANEXOS
Anexo I Questionaacuterio agraves Induacutestrias de lacticinios
Anexo II Fluxograma geral do processo produtivo da empresa A
Anexo III Fluxograme geral do processo produtivo da empresa B1
iv
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo 6
Tabela 2 Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental
Tabela 3 Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) 25
Tabela 4 Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011) 26
Tabela 5 Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008
e 2011)
28
Tabela 6 Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
30
Tabela 7 Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008
e 2011)
31
Tabela 8 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1
(2008-2011)
34
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais
emitidas (m3) na empresa B2 (2008-2011)
38
Tabela 10 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 -
2011)
39
Tabela 11 Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal
mensal (m3) emitida pela empresa C em 2011
41
Tabela 12 Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL
44
Tabela 13 Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
49
Tabela 14 Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a
Ilha de Satildeo Miguel
54
Tabela 15 Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
56
v
IacuteNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5
Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7
Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial 8
Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9
Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo
(B)
10
Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de
estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)
11
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua
virtual
17
Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20
Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria
incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos
automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e
restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -
atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos
22
Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008
- 2011)
29
Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30
Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31
Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa
A (2008 ndash 2011)
32
Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
35
Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
37
Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1
(m3) (2010 - 2011)
37
Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008
- 2011)
38
Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
39
Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa
C (2011)
41
vi
Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42
Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic
44
Figura 24 Modelo ACV 47
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48
Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A
B1 e C (2011)
52
Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
53
Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e
C (2011)
53
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido
diretamente da produccedilatildeo na RAA
57
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS
ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida
AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos
Liacutequidos
AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores
APA Agencia Portuguesa do Ambiente
DL Decreto de Lei
DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos
Hiacutedricos
EA Environment Agency
EEA European Environment Agency
GEO3 Global Environment Outlook 3
INE Instituto Nacional de Estatiacutestica
ISO International Standardization Organization
ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
QA Quercus Ambiente
PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo
PNA Plano Nacional de Aacutegua
RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas
SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos
SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores
UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization
WWF Water Wildlife Fund
VAB Valor Acrescentado Bruto
VMA Valor Maximo Admicivel
VMR Valor Minimo Admicivel
viii
RESUMO
A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento
socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa
que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica
Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo
sustentaacutevel dos recursos
A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua
virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a
associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave
determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo
Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para
o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de
base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os
processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No
presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado
leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa
abordagem do tipo ciclo de vida
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da
produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que
corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram
adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta
pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores
obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos
lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga
Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos
lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores
ix
ABSTRACT
Nowadays despite been essential to life and to economical development water is
subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water
shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water
resources associated to the implementation of sustainable management practices is
extremely urgent and necessary
The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores
extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel
island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk
butter cheese and milk powder
It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk
collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume
corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected
corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption
of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy
industries and finally the water used in the production of packaging for one year also
The value obtained is called Virtual Water dairy products
Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 2
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Enquadramento
O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre
em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre
Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito
de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel
socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua
Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou
serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no
conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado
ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto
ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos
Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela
nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O
planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria
salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser
usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia
Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o
desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da
mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel
um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja
inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica
O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo
agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da
captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades
domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial
Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os
140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante
(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 3
Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua
virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011
em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o
forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada
dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter
origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)
Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior
peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o
comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com
61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)
Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52
m3hab
ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e
mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for
adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura
aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel
pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)
12 Acircmbito e objetivos
O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na
produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs
faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do
tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo
A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de
produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo
inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo
Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute
tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 4
13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 6
Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 7
Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 8
Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 9
lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 10
23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
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232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
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233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
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Joana Machado Paacutegina 13
Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
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3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
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O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
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4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
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Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
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Joana Machado Paacutegina 18
uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
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H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
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Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
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A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
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Joana Machado Paacutegina 22
A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
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O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
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Joana Machado Paacutegina 24
Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
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Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 49
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 50
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 51
Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 52
A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 54
Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 55
Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 56
Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
Joana Brum Machado
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na
Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em
Ambiente Sauacutede e Seguranccedila
Orientadores
Professor Doutor Joseacute Virgiacutelio Cruz
Professora Doutora Regina Cunha
Universidade dos Accedilores
Departamento de Biologia
Ponta Delgada
2012
i
AGRADECIMENTOS
Aos orientadores Professor Doutor Joseacute Vigiacutelio Cruz e Professora Doutora Regina
Cunha pela sugestatildeo do tema pelo apoio e incentivo por todo o tempo despendido
pelos ensinamentos que me proporcionaram e por toda a orientaccedilatildeo prestada durante a
realizaccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Agraves faacutebricas de lacticiacutenios pela colaboraccedilatildeo na entrega de dados sobre as suas produccedilotildees
e consumos E tambeacutem pela simpatia e disponibilidade sempre que solicitava
informaccedilotildees
Agrave Associaccedilatildeo Agriacutecola de Satildeo Miguel pelas informaccedilotildees sobre as suas Raccedilotildees Santana
e agrave Associaccedilatildeo dos Jovens Agricultores Micaelenses pelas informaccedilotildees sobre o ciclo de
vida das vacas leiteiras
E por uacuteltimo e natildeo menos importante aos meus pais que me apoiam muito e tornam
tudo possiacutevel na minha vida
ii
IacuteNDICE
Agradecimentos i
Iacutendice ii
Anexos iii
Iacutendice de Tabelas iv
Iacutendice de Figuras v
Lista de abreviaturas e acroacutenimos vii
Resumo viii
Abstract ix
1 INTRODUCcedilAtildeO 2
11 Enquadramento 2
12 Acircmbito e Objetivos 3
13 Estrutura do Trabalho 4
2 A AacuteGUA COMO RECURSO 5
21 Distribuiccedilatildeo da Aacutegua na Terra 5
22 Consumo de Aacutegua na Europa 8
23 Consumo de aacutegua em Portugal 10
231 Consumo de Aacutegua em Portugal 10
232 Qualidade da aacutegua em Portugal 11
233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores 12
3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL 14
4 METODOLOGIA 16
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra 16
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo 16
421 Ciclo de vida do gado leiteiro 18
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos 18
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA 20
51 Arquipeacutelago dos Accedilores 20
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental 23
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo 24
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A 26
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2 32
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C 39
534 Empacotamento do leite 42
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite 42
5342 Enchimento 43
54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro 45
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro 45
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro 46
iii
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto 47
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49
7 CONCLUSOtildeES 59
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 61
ANEXOS
Anexo I Questionaacuterio agraves Induacutestrias de lacticinios
Anexo II Fluxograma geral do processo produtivo da empresa A
Anexo III Fluxograme geral do processo produtivo da empresa B1
iv
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo 6
Tabela 2 Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental
Tabela 3 Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) 25
Tabela 4 Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011) 26
Tabela 5 Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008
e 2011)
28
Tabela 6 Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
30
Tabela 7 Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008
e 2011)
31
Tabela 8 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1
(2008-2011)
34
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais
emitidas (m3) na empresa B2 (2008-2011)
38
Tabela 10 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 -
2011)
39
Tabela 11 Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal
mensal (m3) emitida pela empresa C em 2011
41
Tabela 12 Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL
44
Tabela 13 Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
49
Tabela 14 Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a
Ilha de Satildeo Miguel
54
Tabela 15 Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
56
v
IacuteNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5
Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7
Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial 8
Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9
Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo
(B)
10
Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de
estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)
11
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua
virtual
17
Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20
Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria
incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos
automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e
restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -
atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos
22
Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008
- 2011)
29
Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30
Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31
Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa
A (2008 ndash 2011)
32
Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
35
Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
37
Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1
(m3) (2010 - 2011)
37
Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008
- 2011)
38
Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
39
Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa
C (2011)
41
vi
Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42
Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic
44
Figura 24 Modelo ACV 47
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48
Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A
B1 e C (2011)
52
Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
53
Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e
C (2011)
53
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido
diretamente da produccedilatildeo na RAA
57
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS
ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida
AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos
Liacutequidos
AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores
APA Agencia Portuguesa do Ambiente
DL Decreto de Lei
DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos
Hiacutedricos
EA Environment Agency
EEA European Environment Agency
GEO3 Global Environment Outlook 3
INE Instituto Nacional de Estatiacutestica
ISO International Standardization Organization
ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
QA Quercus Ambiente
PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo
PNA Plano Nacional de Aacutegua
RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas
SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos
SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores
UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization
WWF Water Wildlife Fund
VAB Valor Acrescentado Bruto
VMA Valor Maximo Admicivel
VMR Valor Minimo Admicivel
viii
RESUMO
A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento
socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa
que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica
Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo
sustentaacutevel dos recursos
A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua
virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a
associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave
determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo
Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para
o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de
base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os
processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No
presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado
leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa
abordagem do tipo ciclo de vida
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da
produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que
corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram
adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta
pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores
obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos
lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga
Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos
lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores
ix
ABSTRACT
Nowadays despite been essential to life and to economical development water is
subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water
shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water
resources associated to the implementation of sustainable management practices is
extremely urgent and necessary
The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores
extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel
island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk
butter cheese and milk powder
It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk
collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume
corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected
corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption
of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy
industries and finally the water used in the production of packaging for one year also
The value obtained is called Virtual Water dairy products
Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 2
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Enquadramento
O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre
em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre
Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito
de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel
socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua
Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou
serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no
conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado
ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto
ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos
Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela
nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O
planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria
salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser
usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia
Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o
desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da
mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel
um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja
inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica
O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo
agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da
captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades
domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial
Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os
140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante
(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 3
Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua
virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011
em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o
forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada
dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter
origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)
Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior
peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o
comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com
61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)
Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52
m3hab
ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e
mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for
adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura
aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel
pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)
12 Acircmbito e objetivos
O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na
produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs
faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do
tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo
A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de
produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo
inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo
Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute
tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 4
13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 6
Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 7
Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 8
Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 9
lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 10
23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
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Joana Machado Paacutegina 11
232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
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233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 13
Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 15
O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 16
4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 17
Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 18
uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 19
H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
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Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
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Joana Machado Paacutegina 21
A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
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Joana Machado Paacutegina 22
A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
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O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
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Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
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Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Joana Machado Paacutegina 31
Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Joana Machado Paacutegina 32
Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Joana Machado Paacutegina 34
Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
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6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
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Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 56
Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
i
AGRADECIMENTOS
Aos orientadores Professor Doutor Joseacute Vigiacutelio Cruz e Professora Doutora Regina
Cunha pela sugestatildeo do tema pelo apoio e incentivo por todo o tempo despendido
pelos ensinamentos que me proporcionaram e por toda a orientaccedilatildeo prestada durante a
realizaccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Agraves faacutebricas de lacticiacutenios pela colaboraccedilatildeo na entrega de dados sobre as suas produccedilotildees
e consumos E tambeacutem pela simpatia e disponibilidade sempre que solicitava
informaccedilotildees
Agrave Associaccedilatildeo Agriacutecola de Satildeo Miguel pelas informaccedilotildees sobre as suas Raccedilotildees Santana
e agrave Associaccedilatildeo dos Jovens Agricultores Micaelenses pelas informaccedilotildees sobre o ciclo de
vida das vacas leiteiras
E por uacuteltimo e natildeo menos importante aos meus pais que me apoiam muito e tornam
tudo possiacutevel na minha vida
ii
IacuteNDICE
Agradecimentos i
Iacutendice ii
Anexos iii
Iacutendice de Tabelas iv
Iacutendice de Figuras v
Lista de abreviaturas e acroacutenimos vii
Resumo viii
Abstract ix
1 INTRODUCcedilAtildeO 2
11 Enquadramento 2
12 Acircmbito e Objetivos 3
13 Estrutura do Trabalho 4
2 A AacuteGUA COMO RECURSO 5
21 Distribuiccedilatildeo da Aacutegua na Terra 5
22 Consumo de Aacutegua na Europa 8
23 Consumo de aacutegua em Portugal 10
231 Consumo de Aacutegua em Portugal 10
232 Qualidade da aacutegua em Portugal 11
233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores 12
3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL 14
4 METODOLOGIA 16
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra 16
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo 16
421 Ciclo de vida do gado leiteiro 18
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos 18
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA 20
51 Arquipeacutelago dos Accedilores 20
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental 23
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo 24
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A 26
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2 32
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C 39
534 Empacotamento do leite 42
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite 42
5342 Enchimento 43
54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro 45
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro 45
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro 46
iii
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto 47
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49
7 CONCLUSOtildeES 59
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 61
ANEXOS
Anexo I Questionaacuterio agraves Induacutestrias de lacticinios
Anexo II Fluxograma geral do processo produtivo da empresa A
Anexo III Fluxograme geral do processo produtivo da empresa B1
iv
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo 6
Tabela 2 Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental
Tabela 3 Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) 25
Tabela 4 Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011) 26
Tabela 5 Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008
e 2011)
28
Tabela 6 Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
30
Tabela 7 Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008
e 2011)
31
Tabela 8 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1
(2008-2011)
34
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais
emitidas (m3) na empresa B2 (2008-2011)
38
Tabela 10 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 -
2011)
39
Tabela 11 Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal
mensal (m3) emitida pela empresa C em 2011
41
Tabela 12 Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL
44
Tabela 13 Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
49
Tabela 14 Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a
Ilha de Satildeo Miguel
54
Tabela 15 Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
56
v
IacuteNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5
Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7
Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial 8
Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9
Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo
(B)
10
Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de
estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)
11
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua
virtual
17
Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20
Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria
incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos
automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e
restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -
atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos
22
Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008
- 2011)
29
Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30
Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31
Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa
A (2008 ndash 2011)
32
Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
35
Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
37
Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1
(m3) (2010 - 2011)
37
Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008
- 2011)
38
Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
39
Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa
C (2011)
41
vi
Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42
Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic
44
Figura 24 Modelo ACV 47
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48
Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A
B1 e C (2011)
52
Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
53
Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e
C (2011)
53
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido
diretamente da produccedilatildeo na RAA
57
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS
ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida
AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos
Liacutequidos
AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores
APA Agencia Portuguesa do Ambiente
DL Decreto de Lei
DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos
Hiacutedricos
EA Environment Agency
EEA European Environment Agency
GEO3 Global Environment Outlook 3
INE Instituto Nacional de Estatiacutestica
ISO International Standardization Organization
ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
QA Quercus Ambiente
PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo
PNA Plano Nacional de Aacutegua
RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas
SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos
SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores
UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization
WWF Water Wildlife Fund
VAB Valor Acrescentado Bruto
VMA Valor Maximo Admicivel
VMR Valor Minimo Admicivel
viii
RESUMO
A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento
socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa
que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica
Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo
sustentaacutevel dos recursos
A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua
virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a
associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave
determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo
Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para
o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de
base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os
processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No
presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado
leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa
abordagem do tipo ciclo de vida
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da
produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que
corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram
adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta
pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores
obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos
lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga
Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos
lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores
ix
ABSTRACT
Nowadays despite been essential to life and to economical development water is
subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water
shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water
resources associated to the implementation of sustainable management practices is
extremely urgent and necessary
The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores
extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel
island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk
butter cheese and milk powder
It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk
collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume
corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected
corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption
of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy
industries and finally the water used in the production of packaging for one year also
The value obtained is called Virtual Water dairy products
Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 2
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Enquadramento
O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre
em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre
Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito
de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel
socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua
Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou
serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no
conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado
ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto
ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos
Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela
nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O
planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria
salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser
usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia
Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o
desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da
mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel
um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja
inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica
O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo
agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da
captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades
domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial
Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os
140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante
(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 3
Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua
virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011
em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o
forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada
dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter
origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)
Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior
peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o
comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com
61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)
Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52
m3hab
ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e
mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for
adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura
aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel
pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)
12 Acircmbito e objetivos
O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na
produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs
faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do
tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo
A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de
produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo
inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo
Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute
tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 4
13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 6
Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 7
Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 8
Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 9
lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 10
23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 11
232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 12
233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
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Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
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3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
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O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
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4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
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Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
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uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
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H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
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5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
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A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
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A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
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O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
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Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
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Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
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6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 50
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 51
Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 52
A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 53
Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 54
Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 55
Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 56
Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
ii
IacuteNDICE
Agradecimentos i
Iacutendice ii
Anexos iii
Iacutendice de Tabelas iv
Iacutendice de Figuras v
Lista de abreviaturas e acroacutenimos vii
Resumo viii
Abstract ix
1 INTRODUCcedilAtildeO 2
11 Enquadramento 2
12 Acircmbito e Objetivos 3
13 Estrutura do Trabalho 4
2 A AacuteGUA COMO RECURSO 5
21 Distribuiccedilatildeo da Aacutegua na Terra 5
22 Consumo de Aacutegua na Europa 8
23 Consumo de aacutegua em Portugal 10
231 Consumo de Aacutegua em Portugal 10
232 Qualidade da aacutegua em Portugal 11
233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores 12
3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL 14
4 METODOLOGIA 16
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra 16
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo 16
421 Ciclo de vida do gado leiteiro 18
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos 18
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA 20
51 Arquipeacutelago dos Accedilores 20
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental 23
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo 24
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A 26
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2 32
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C 39
534 Empacotamento do leite 42
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite 42
5342 Enchimento 43
54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro 45
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro 45
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro 46
iii
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto 47
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49
7 CONCLUSOtildeES 59
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 61
ANEXOS
Anexo I Questionaacuterio agraves Induacutestrias de lacticinios
Anexo II Fluxograma geral do processo produtivo da empresa A
Anexo III Fluxograme geral do processo produtivo da empresa B1
iv
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo 6
Tabela 2 Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental
Tabela 3 Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) 25
Tabela 4 Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011) 26
Tabela 5 Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008
e 2011)
28
Tabela 6 Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
30
Tabela 7 Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008
e 2011)
31
Tabela 8 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1
(2008-2011)
34
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais
emitidas (m3) na empresa B2 (2008-2011)
38
Tabela 10 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 -
2011)
39
Tabela 11 Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal
mensal (m3) emitida pela empresa C em 2011
41
Tabela 12 Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL
44
Tabela 13 Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
49
Tabela 14 Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a
Ilha de Satildeo Miguel
54
Tabela 15 Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
56
v
IacuteNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5
Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7
Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial 8
Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9
Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo
(B)
10
Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de
estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)
11
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua
virtual
17
Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20
Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria
incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos
automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e
restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -
atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos
22
Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008
- 2011)
29
Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30
Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31
Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa
A (2008 ndash 2011)
32
Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
35
Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
37
Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1
(m3) (2010 - 2011)
37
Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008
- 2011)
38
Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
39
Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa
C (2011)
41
vi
Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42
Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic
44
Figura 24 Modelo ACV 47
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48
Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A
B1 e C (2011)
52
Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
53
Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e
C (2011)
53
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido
diretamente da produccedilatildeo na RAA
57
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS
ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida
AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos
Liacutequidos
AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores
APA Agencia Portuguesa do Ambiente
DL Decreto de Lei
DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos
Hiacutedricos
EA Environment Agency
EEA European Environment Agency
GEO3 Global Environment Outlook 3
INE Instituto Nacional de Estatiacutestica
ISO International Standardization Organization
ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
QA Quercus Ambiente
PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo
PNA Plano Nacional de Aacutegua
RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas
SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos
SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores
UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization
WWF Water Wildlife Fund
VAB Valor Acrescentado Bruto
VMA Valor Maximo Admicivel
VMR Valor Minimo Admicivel
viii
RESUMO
A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento
socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa
que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica
Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo
sustentaacutevel dos recursos
A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua
virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a
associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave
determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo
Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para
o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de
base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os
processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No
presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado
leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa
abordagem do tipo ciclo de vida
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da
produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que
corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram
adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta
pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores
obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos
lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga
Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos
lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores
ix
ABSTRACT
Nowadays despite been essential to life and to economical development water is
subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water
shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water
resources associated to the implementation of sustainable management practices is
extremely urgent and necessary
The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores
extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel
island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk
butter cheese and milk powder
It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk
collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume
corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected
corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption
of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy
industries and finally the water used in the production of packaging for one year also
The value obtained is called Virtual Water dairy products
Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 2
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Enquadramento
O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre
em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre
Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito
de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel
socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua
Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou
serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no
conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado
ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto
ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos
Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela
nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O
planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria
salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser
usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia
Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o
desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da
mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel
um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja
inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica
O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo
agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da
captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades
domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial
Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os
140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante
(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 3
Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua
virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011
em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o
forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada
dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter
origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)
Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior
peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o
comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com
61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)
Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52
m3hab
ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e
mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for
adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura
aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel
pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)
12 Acircmbito e objetivos
O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na
produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs
faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do
tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo
A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de
produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo
inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo
Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute
tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA
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Joana Machado Paacutegina 4
13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
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Joana Machado Paacutegina 6
Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
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Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
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Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
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lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
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23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
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232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
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233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
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Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
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3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
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Joana Machado Paacutegina 15
O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
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Joana Machado Paacutegina 16
4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 17
Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
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Joana Machado Paacutegina 18
uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
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Joana Machado Paacutegina 19
H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
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Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 21
A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
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Joana Machado Paacutegina 22
A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
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O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
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Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
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Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Joana Machado Paacutegina 32
Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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Joana Machado Paacutegina 33
reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Joana Machado Paacutegina 34
Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Joana Machado Paacutegina 40
Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
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6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
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Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
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Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
iii
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto 47
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49
7 CONCLUSOtildeES 59
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 61
ANEXOS
Anexo I Questionaacuterio agraves Induacutestrias de lacticinios
Anexo II Fluxograma geral do processo produtivo da empresa A
Anexo III Fluxograme geral do processo produtivo da empresa B1
iv
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo 6
Tabela 2 Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental
Tabela 3 Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) 25
Tabela 4 Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011) 26
Tabela 5 Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008
e 2011)
28
Tabela 6 Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
30
Tabela 7 Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008
e 2011)
31
Tabela 8 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1
(2008-2011)
34
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais
emitidas (m3) na empresa B2 (2008-2011)
38
Tabela 10 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 -
2011)
39
Tabela 11 Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal
mensal (m3) emitida pela empresa C em 2011
41
Tabela 12 Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL
44
Tabela 13 Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
49
Tabela 14 Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a
Ilha de Satildeo Miguel
54
Tabela 15 Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
56
v
IacuteNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5
Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7
Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial 8
Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9
Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo
(B)
10
Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de
estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)
11
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua
virtual
17
Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20
Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria
incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos
automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e
restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -
atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos
22
Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008
- 2011)
29
Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30
Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31
Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa
A (2008 ndash 2011)
32
Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
35
Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
37
Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1
(m3) (2010 - 2011)
37
Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008
- 2011)
38
Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
39
Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa
C (2011)
41
vi
Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42
Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic
44
Figura 24 Modelo ACV 47
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48
Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A
B1 e C (2011)
52
Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
53
Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e
C (2011)
53
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido
diretamente da produccedilatildeo na RAA
57
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS
ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida
AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos
Liacutequidos
AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores
APA Agencia Portuguesa do Ambiente
DL Decreto de Lei
DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos
Hiacutedricos
EA Environment Agency
EEA European Environment Agency
GEO3 Global Environment Outlook 3
INE Instituto Nacional de Estatiacutestica
ISO International Standardization Organization
ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
QA Quercus Ambiente
PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo
PNA Plano Nacional de Aacutegua
RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas
SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos
SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores
UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization
WWF Water Wildlife Fund
VAB Valor Acrescentado Bruto
VMA Valor Maximo Admicivel
VMR Valor Minimo Admicivel
viii
RESUMO
A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento
socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa
que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica
Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo
sustentaacutevel dos recursos
A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua
virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a
associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave
determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo
Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para
o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de
base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os
processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No
presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado
leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa
abordagem do tipo ciclo de vida
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da
produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que
corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram
adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta
pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores
obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos
lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga
Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos
lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores
ix
ABSTRACT
Nowadays despite been essential to life and to economical development water is
subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water
shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water
resources associated to the implementation of sustainable management practices is
extremely urgent and necessary
The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores
extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel
island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk
butter cheese and milk powder
It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk
collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume
corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected
corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption
of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy
industries and finally the water used in the production of packaging for one year also
The value obtained is called Virtual Water dairy products
Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 2
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Enquadramento
O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre
em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre
Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito
de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel
socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua
Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou
serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no
conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado
ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto
ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos
Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela
nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O
planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria
salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser
usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia
Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o
desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da
mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel
um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja
inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica
O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo
agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da
captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades
domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial
Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os
140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante
(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 3
Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua
virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011
em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o
forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada
dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter
origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)
Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior
peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o
comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com
61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)
Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52
m3hab
ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e
mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for
adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura
aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel
pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)
12 Acircmbito e objetivos
O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na
produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs
faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do
tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo
A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de
produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo
inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo
Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute
tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 4
13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 6
Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 7
Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 8
Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 9
lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 10
23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
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232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 15
O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 16
4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 17
Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 18
uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 19
H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 21
A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 22
A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 23
O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 24
Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 28
consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Joana Machado Paacutegina 48
Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
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6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
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Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
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Joana Machado Paacutegina 52
A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 53
Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 54
Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 55
Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 56
Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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novembro de 2011
World Wide Foundation for Nature (2011)Disponiacutevel em
httpwwwwwfpto_que_fazemospor_um_planeta_vivopegada_hidrica_em_portugal
_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011
ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
iv
IacuteNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo 6
Tabela 2 Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental
Tabela 3 Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) 25
Tabela 4 Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011) 26
Tabela 5 Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008
e 2011)
28
Tabela 6 Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
30
Tabela 7 Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008
e 2011)
31
Tabela 8 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1
(2008-2011)
34
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais
emitidas (m3) na empresa B2 (2008-2011)
38
Tabela 10 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 -
2011)
39
Tabela 11 Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal
mensal (m3) emitida pela empresa C em 2011
41
Tabela 12 Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL
44
Tabela 13 Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
49
Tabela 14 Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a
Ilha de Satildeo Miguel
54
Tabela 15 Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
56
v
IacuteNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5
Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7
Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial 8
Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9
Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo
(B)
10
Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de
estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)
11
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua
virtual
17
Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20
Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria
incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos
automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e
restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -
atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos
22
Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008
- 2011)
29
Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30
Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31
Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa
A (2008 ndash 2011)
32
Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
35
Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
37
Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1
(m3) (2010 - 2011)
37
Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008
- 2011)
38
Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
39
Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa
C (2011)
41
vi
Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42
Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic
44
Figura 24 Modelo ACV 47
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48
Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A
B1 e C (2011)
52
Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
53
Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e
C (2011)
53
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido
diretamente da produccedilatildeo na RAA
57
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS
ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida
AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos
Liacutequidos
AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores
APA Agencia Portuguesa do Ambiente
DL Decreto de Lei
DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos
Hiacutedricos
EA Environment Agency
EEA European Environment Agency
GEO3 Global Environment Outlook 3
INE Instituto Nacional de Estatiacutestica
ISO International Standardization Organization
ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
QA Quercus Ambiente
PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo
PNA Plano Nacional de Aacutegua
RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas
SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos
SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores
UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization
WWF Water Wildlife Fund
VAB Valor Acrescentado Bruto
VMA Valor Maximo Admicivel
VMR Valor Minimo Admicivel
viii
RESUMO
A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento
socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa
que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica
Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo
sustentaacutevel dos recursos
A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua
virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a
associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave
determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo
Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para
o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de
base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os
processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No
presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado
leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa
abordagem do tipo ciclo de vida
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da
produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que
corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram
adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta
pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores
obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos
lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga
Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos
lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores
ix
ABSTRACT
Nowadays despite been essential to life and to economical development water is
subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water
shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water
resources associated to the implementation of sustainable management practices is
extremely urgent and necessary
The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores
extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel
island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk
butter cheese and milk powder
It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk
collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume
corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected
corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption
of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy
industries and finally the water used in the production of packaging for one year also
The value obtained is called Virtual Water dairy products
Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 2
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Enquadramento
O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre
em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre
Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito
de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel
socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua
Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou
serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no
conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado
ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto
ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos
Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela
nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O
planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria
salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser
usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia
Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o
desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da
mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel
um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja
inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica
O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo
agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da
captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades
domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial
Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os
140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante
(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 3
Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua
virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011
em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o
forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada
dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter
origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)
Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior
peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o
comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com
61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)
Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52
m3hab
ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e
mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for
adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura
aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel
pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)
12 Acircmbito e objetivos
O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na
produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs
faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do
tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo
A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de
produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo
inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo
Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute
tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 4
13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 6
Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 7
Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 8
Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 9
lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 10
23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
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Joana Machado Paacutegina 11
232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
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Joana Machado Paacutegina 12
233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
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Joana Machado Paacutegina 13
Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
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3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
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O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
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Joana Machado Paacutegina 16
4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
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Joana Machado Paacutegina 17
Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
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Joana Machado Paacutegina 18
uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
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Joana Machado Paacutegina 19
H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 21
A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
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Joana Machado Paacutegina 22
A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
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Joana Machado Paacutegina 23
O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
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Joana Machado Paacutegina 24
Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 25
Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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Joana Machado Paacutegina 36
C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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Joana Machado Paacutegina 47
ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Joana Machado Paacutegina 48
Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 49
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
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Joana Machado Paacutegina 51
Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores (SREA) disponiacutevel em
httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 10 de janeiro de 2012
Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores- Recenseamento agriacutecola 2009 disponiacutevel
em httpestatisticaazoresgovpt Acedido a 28de Outubro
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httpwwwwwfpto_que_fazemospor_um_planeta_vivopegada_hidrica_em_portugal
_2011 Acedido a 5 de novembro de 2011
ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
v
IacuteNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua 5
Figura 2 Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua 7
Figura 3 Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial 8
Figura 4 Uso sectorial da aacutegua na Europa 9
Figura 5 Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo
(B)
10
Figura 6 Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de
estaccedilotildees em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B)
11
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 15
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual 16
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua
virtual
17
Figura 10 Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores 20
Figura 11 VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria
incluindo energia 3 ndash construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos
automoacuteveis e de bens de uso pessoal e domeacutestico alojamento e
restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e comunicaccedilotildees 5 -
atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos
22
Figura 12 Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008
- 2011)
29
Figura 13 Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 30
Figura 14 Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011) 31
Figura 15 Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa
A (2008 ndash 2011)
32
Figura 16 Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
35
Figura 17 Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
37
Figura 18 Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1
(m3) (2010 - 2011)
37
Figura19 Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008
- 2011)
38
Figura 20 Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
39
Figura 21 Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa
C (2011)
41
vi
Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42
Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic
44
Figura 24 Modelo ACV 47
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48
Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A
B1 e C (2011)
52
Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
53
Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e
C (2011)
53
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido
diretamente da produccedilatildeo na RAA
57
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS
ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida
AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos
Liacutequidos
AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores
APA Agencia Portuguesa do Ambiente
DL Decreto de Lei
DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos
Hiacutedricos
EA Environment Agency
EEA European Environment Agency
GEO3 Global Environment Outlook 3
INE Instituto Nacional de Estatiacutestica
ISO International Standardization Organization
ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
QA Quercus Ambiente
PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo
PNA Plano Nacional de Aacutegua
RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas
SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos
SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores
UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization
WWF Water Wildlife Fund
VAB Valor Acrescentado Bruto
VMA Valor Maximo Admicivel
VMR Valor Minimo Admicivel
viii
RESUMO
A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento
socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa
que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica
Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo
sustentaacutevel dos recursos
A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua
virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a
associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave
determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo
Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para
o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de
base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os
processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No
presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado
leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa
abordagem do tipo ciclo de vida
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da
produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que
corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram
adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta
pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores
obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos
lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga
Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos
lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores
ix
ABSTRACT
Nowadays despite been essential to life and to economical development water is
subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water
shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water
resources associated to the implementation of sustainable management practices is
extremely urgent and necessary
The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores
extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel
island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk
butter cheese and milk powder
It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk
collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume
corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected
corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption
of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy
industries and finally the water used in the production of packaging for one year also
The value obtained is called Virtual Water dairy products
Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 2
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Enquadramento
O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre
em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre
Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito
de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel
socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua
Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou
serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no
conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado
ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto
ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos
Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela
nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O
planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria
salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser
usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia
Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o
desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da
mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel
um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja
inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica
O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo
agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da
captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades
domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial
Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os
140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante
(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 3
Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua
virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011
em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o
forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada
dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter
origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)
Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior
peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o
comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com
61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)
Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52
m3hab
ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e
mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for
adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura
aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel
pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)
12 Acircmbito e objetivos
O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na
produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs
faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do
tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo
A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de
produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo
inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo
Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute
tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 4
13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
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Joana Machado Paacutegina 6
Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
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Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
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Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
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Joana Machado Paacutegina 9
lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
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23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
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232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
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233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
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Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
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3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
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Joana Machado Paacutegina 15
O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
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Joana Machado Paacutegina 16
4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
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Joana Machado Paacutegina 17
Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
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Joana Machado Paacutegina 18
uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
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Joana Machado Paacutegina 19
H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
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Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 21
A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
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Joana Machado Paacutegina 22
A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
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Joana Machado Paacutegina 23
O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
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Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
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Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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Joana Machado Paacutegina 26
atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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Joana Machado Paacutegina 47
ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Joana Machado Paacutegina 48
Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
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6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
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Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
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Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
vi
Figura 22 Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) 42
Figura 23 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic
44
Figura 24 Modelo ACV 47
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo 48
Figura 26 Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A
B1 e C (2011)
52
Figura 27 Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
53
Figura 28 Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e
C (2011)
53
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido
diretamente da produccedilatildeo na RAA
57
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS
ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida
AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos
Liacutequidos
AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores
APA Agencia Portuguesa do Ambiente
DL Decreto de Lei
DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos
Hiacutedricos
EA Environment Agency
EEA European Environment Agency
GEO3 Global Environment Outlook 3
INE Instituto Nacional de Estatiacutestica
ISO International Standardization Organization
ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
QA Quercus Ambiente
PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo
PNA Plano Nacional de Aacutegua
RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas
SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos
SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores
UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization
WWF Water Wildlife Fund
VAB Valor Acrescentado Bruto
VMA Valor Maximo Admicivel
VMR Valor Minimo Admicivel
viii
RESUMO
A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento
socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa
que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica
Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo
sustentaacutevel dos recursos
A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua
virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a
associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave
determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo
Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para
o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de
base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os
processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No
presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado
leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa
abordagem do tipo ciclo de vida
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da
produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que
corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram
adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta
pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores
obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos
lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga
Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos
lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores
ix
ABSTRACT
Nowadays despite been essential to life and to economical development water is
subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water
shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water
resources associated to the implementation of sustainable management practices is
extremely urgent and necessary
The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores
extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel
island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk
butter cheese and milk powder
It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk
collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume
corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected
corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption
of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy
industries and finally the water used in the production of packaging for one year also
The value obtained is called Virtual Water dairy products
Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 2
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Enquadramento
O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre
em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre
Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito
de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel
socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua
Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou
serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no
conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado
ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto
ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos
Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela
nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O
planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria
salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser
usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia
Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o
desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da
mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel
um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja
inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica
O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo
agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da
captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades
domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial
Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os
140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante
(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 3
Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua
virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011
em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o
forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada
dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter
origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)
Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior
peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o
comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com
61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)
Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52
m3hab
ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e
mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for
adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura
aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel
pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)
12 Acircmbito e objetivos
O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na
produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs
faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do
tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo
A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de
produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo
inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo
Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute
tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 4
13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 6
Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 7
Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 8
Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 9
lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
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Joana Machado Paacutegina 11
232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
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233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 13
Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 14
3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 15
O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 16
4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 17
Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 18
uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 19
H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 21
A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
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Joana Machado Paacutegina 22
A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
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O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
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Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
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Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
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6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
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Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
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Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E ACROacuteNIMOS
ACV Avaliaccedilatildeo Ciclo de Vida
AFCAL Associaccedilatildeo dos Fabricantes de Embalagens de cartatildeo para Alimentos
Liacutequidos
AJAM Associaccedilatildeo Jovens Agricultores
APA Agencia Portuguesa do Ambiente
DL Decreto de Lei
DROTRH Direccedilatildeo Regional do Ordenamento do Territoacuterio e dos Recursos
Hiacutedricos
EA Environment Agency
EEA European Environment Agency
GEO3 Global Environment Outlook 3
INE Instituto Nacional de Estatiacutestica
ISO International Standardization Organization
ONU Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas
QA Quercus Ambiente
PAC Portal do Ambiente e do Cidadatildeo
PNA Plano Nacional de Aacutegua
RAA Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
SISAB Salatildeo Internacional do Sector Alimentar e Bebidas
SNIRH Sistema Nacional de Informaccedilatildeo dos Recursos Hiacutedricos
SREA Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores
UNESCO United Nations Educational Scientific and Cultural Organization
WWF Water Wildlife Fund
VAB Valor Acrescentado Bruto
VMA Valor Maximo Admicivel
VMR Valor Minimo Admicivel
viii
RESUMO
A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento
socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa
que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica
Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo
sustentaacutevel dos recursos
A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua
virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a
associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave
determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo
Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para
o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de
base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os
processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No
presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado
leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa
abordagem do tipo ciclo de vida
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da
produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que
corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram
adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta
pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores
obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos
lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga
Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos
lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores
ix
ABSTRACT
Nowadays despite been essential to life and to economical development water is
subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water
shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water
resources associated to the implementation of sustainable management practices is
extremely urgent and necessary
The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores
extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel
island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk
butter cheese and milk powder
It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk
collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume
corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected
corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption
of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy
industries and finally the water used in the production of packaging for one year also
The value obtained is called Virtual Water dairy products
Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 2
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Enquadramento
O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre
em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre
Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito
de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel
socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua
Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou
serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no
conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado
ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto
ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos
Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela
nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O
planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria
salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser
usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia
Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o
desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da
mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel
um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja
inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica
O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo
agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da
captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades
domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial
Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os
140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante
(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 3
Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua
virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011
em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o
forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada
dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter
origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)
Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior
peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o
comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com
61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)
Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52
m3hab
ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e
mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for
adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura
aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel
pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)
12 Acircmbito e objetivos
O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na
produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs
faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do
tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo
A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de
produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo
inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo
Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute
tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 4
13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
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Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
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Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
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23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
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232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
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233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
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Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
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3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
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O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
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4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 17
Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
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Joana Machado Paacutegina 18
uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
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Joana Machado Paacutegina 19
H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
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Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
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Joana Machado Paacutegina 21
A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
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A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
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O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
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Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
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Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Joana Machado Paacutegina 31
Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Joana Machado Paacutegina 34
Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
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6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
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Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 56
Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
viii
RESUMO
A aacutegua apesar de ser um recurso essencial agrave vida e imprescindiacutevel ao desenvolvimento
socioeconoacutemico encontra-se submetida a crescentes pressotildees quantitativa e qualitativa
que se manifestam a muacuteltiplos niacuteveis desde a escassez agrave poluiccedilatildeo quiacutemica e bioloacutegica
Torna-se assim necessaacuterio promover a sua preservaccedilatildeo associada a medidas de gestatildeo
sustentaacutevel dos recursos
A presente dissertaccedilatildeo tem por principal objetivo proceder agrave determinaccedilatildeo da aacutegua
virtual no sector dos lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores nomeadamente a
associada agrave produccedilatildeo de leite queijo manteiga e leite em poacute Para tal procedeu-se agrave
determinaccedilatildeo da aacutegua virtual em trecircs empresas do sector de Lacticiacutenios da Ilha de Satildeo
Miguel e respetiva evoluccedilatildeo ao longo do tempo e extrapolou-se esta determinaccedilatildeo para
o sector de lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A determinaccedilatildeo da aacutegua virtual requer a recolha de um amplo conjunto de dados de
base nomeadamente sobre a quantidade de aacutegua que entra e sai de cada empresa os
processos de fabrico e o volume de produtos final de acordo com a sua tipologia No
presente estudo as fronteiras da avaliaccedilatildeo foram definidas a montante pelo gado
leiteiro e a jusante pelos produtos feitos por cada empresa e suas embalagens numa
abordagem do tipo ciclo de vida
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores a meacutedia anual de leite recolhido diretamente da
produccedilatildeo para as induacutestrias de lacticiacutenios ronda os 523 milhotildees de litros o que
corresponderaacute a cerca de 419 milhotildees de litros de aacutegua por ano A este volume foram
adicionados os volumes anuais de aacutegua do ciclo de vida do gado leiteiro a aacutegua gasta
pelas faacutebricas de lacticiacutenios e a aacutegua associada agrave produccedilatildeo das embalagens Os valores
obtidos satildeo uma estimativa por defeito da aacutegua virtual associada ao sector dos
lacticiacutenios nos Accedilores nomeadamente no que concerne ao leite ao queijo e agrave manteiga
Este estudo constitui a primeira abordagem agrave determinaccedilatildeo da aacutegua virtual no sector dos
lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Palavras-chave Recursos hiacutedricos Aacutegua Virtual Lacticiacutenios Satildeo Miguel Accedilores
ix
ABSTRACT
Nowadays despite been essential to life and to economical development water is
subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water
shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water
resources associated to the implementation of sustainable management practices is
extremely urgent and necessary
The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores
extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel
island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk
butter cheese and milk powder
It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk
collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume
corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected
corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption
of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy
industries and finally the water used in the production of packaging for one year also
The value obtained is called Virtual Water dairy products
Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 2
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Enquadramento
O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre
em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre
Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito
de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel
socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua
Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou
serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no
conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado
ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto
ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos
Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela
nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O
planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria
salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser
usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia
Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o
desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da
mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel
um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja
inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica
O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo
agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da
captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades
domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial
Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os
140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante
(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 3
Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua
virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011
em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o
forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada
dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter
origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)
Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior
peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o
comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com
61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)
Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52
m3hab
ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e
mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for
adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura
aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel
pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)
12 Acircmbito e objetivos
O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na
produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs
faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do
tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo
A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de
produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo
inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo
Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute
tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 4
13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 6
Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
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Joana Machado Paacutegina 7
Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 9
lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
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232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
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233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
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Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
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3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
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O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
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Joana Machado Paacutegina 16
4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 17
Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 18
uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
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Joana Machado Paacutegina 19
H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
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Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
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Joana Machado Paacutegina 21
A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
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Joana Machado Paacutegina 22
A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
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Joana Machado Paacutegina 23
O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
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Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
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Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Joana Machado Paacutegina 30
Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
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6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
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Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 55
Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 56
Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
ix
ABSTRACT
Nowadays despite been essential to life and to economical development water is
subject of increasing quantitative and quality pressures reflected by problems as water
shortage and chemical and biological pollution Therefore preservation of water
resources associated to the implementation of sustainable management practices is
extremely urgent and necessary
The subject of the present thesis is the virtual water on the dairy industry in the Azores
extrapolated from results obtained in three major industries located in Satildeo Miguel
island Results were estimated in what concerns several dairy products such as milk
butter cheese and milk powder
It was possible to conclude that the Azores has in average 523x106 Lyr of milk
collected directly from production to the dairy milk industries As 80 of this volume
corresponds to water content the amount of water in the milk that is collected
corresponds to 523x106 Lyr of water To this amount was added the water consumption
of the cattle in the pasture land plus the average of water spent over one year in dairy
industries and finally the water used in the production of packaging for one year also
The value obtained is called Virtual Water dairy products
Keywords Water resources Virtual Water Dairy Satildeo Miguel Azores
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 2
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Enquadramento
O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre
em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre
Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito
de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel
socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua
Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou
serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no
conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado
ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto
ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos
Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela
nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O
planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria
salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser
usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia
Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o
desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da
mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel
um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja
inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica
O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo
agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da
captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades
domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial
Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os
140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante
(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World
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Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua
virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011
em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o
forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada
dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter
origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)
Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior
peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o
comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com
61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)
Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52
m3hab
ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e
mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for
adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura
aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel
pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)
12 Acircmbito e objetivos
O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na
produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs
faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do
tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo
A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de
produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo
inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo
Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute
tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA
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13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
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2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
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Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
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Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
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Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
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lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
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23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
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232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
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233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
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Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
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3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
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O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
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4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 17
Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
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uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
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Joana Machado Paacutegina 19
H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
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Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
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Joana Machado Paacutegina 21
A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
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Joana Machado Paacutegina 22
A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
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O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
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Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
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Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
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6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
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Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 56
Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 2
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Enquadramento
O presente trabalho insere-se no acircmbito da dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo do grau de Mestre
em Ambiente Sauacutede e Seguranccedila pela Universidade dos Accedilores e foi realizado entre
Dezembro e Outubro de 2012 A importacircncia desse estudo resulta do proacuteprio conceito
de aacutegua virtual abordado pela primeira vez num estudo sobre a realidade na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores (RAA) e da relevacircncia do sector dos lacticiacutenios quer ao niacutevel
socioeconoacutemico quer como consumidor de aacutegua
Aacutegua virtual eacute conhecida por ser a aacutegua gasta na produccedilatildeo de um bem produto ou
serviccedilo Sendo que aacutegua envolvida nos processos de produccedilatildeo tambeacutem estatildeo no
conceito de aacutegua virtual De certo modo o conceito de ldquopegada hiacutedricardquo estaacute associado
ao conceito de aacutegua virtual ambos calculam a aacutegua envolvida num determinado produto
ou serviccedilo efetuando um balanccedilo entre as importaccedilotildees e exportaccedilotildees dos produtos
Eacute sabido que a aacutegua eacute um recurso natural uacutenico e essencial agrave vida e que sem ela
nenhuma espeacutecie vegetal ou animal incluindo o ser humano poderia sobreviver O
planeta Terra tem cerca de 70 da sua superfiacutecie coberta por aacutegua na sua maioria
salgada Contudo menos de 001do volume total desta aacutegua estaacute disponiacutevel para ser
usada pelos seres humanos o que faz desta um bem escasso hoje em dia
Neste contexto eacute necessaacuterio utilizar a aacutegua de forma equilibrada e racional evitando o
desperdiacutecio e a poluiccedilatildeo e criando mecanismos que levem ao uso correto e eficiente da
mesma Atualmente grande parte da populaccedilatildeo mundial sofre da falta de aacutegua potaacutevel
um recurso natural indispensaacutevel que eacute um direito de qualquer um e cuja
inacessibilidade coloca questotildees criacuteticas de sauacutede puacuteblica
O desenvolvimento de uma sociedade tecno-industrial ao qual se associou a expansatildeo
agriacutecola e pecuaacuteria incrementou uma procura de aacutegua em grande quantidade Parte da
captaccedilatildeo dos recursos de aacutegua doce resulta da procura para satisfazer as necessidades
domeacutesticas assim como as associadas aos sectores agriacutecola e industrial
Segundo o relatoacuterio Planeta Vivo 2008 Portugal estaacute posicionado no 6ordm lugar entre os
140 paiacuteses analisados com a Pegada Hiacutedrica de consumo mais elevada por habitante
(WWF 2012) Em resultado a equipa portuguesa do Programa Mediterracircnico do World
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 3
Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua
virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011
em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o
forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada
dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter
origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)
Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior
peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o
comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com
61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)
Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52
m3hab
ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e
mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for
adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura
aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel
pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)
12 Acircmbito e objetivos
O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na
produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs
faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do
tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo
A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de
produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo
inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo
Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute
tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 4
13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 6
Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 7
Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 8
Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 9
lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
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232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
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233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 13
Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 15
O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 16
4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 17
Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 18
uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 19
H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
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Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
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Joana Machado Paacutegina 21
A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
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A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
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O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
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Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
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Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Joana Machado Paacutegina 31
Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Joana Machado Paacutegina 34
Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
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6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
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Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 56
Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 3
Wild Fund (WWF) avanccedilou para um estudo mais detalhado sobre o consumo de ldquoaacutegua
virtualrdquo em Portugal vindo a publicar os resultados nos relatoacuterios de 2010 e de 2011
em que ambos se complementam e confirmam os resultados obtidos entre os quais o
forte peso do sector agriacutecola no total da pegada hiacutedrica do paiacutes e a sua elevada
dependecircncia externa com mais da metade da aacutegua virtual consumida em Portugal a ter
origem em outros paiacuteses como por exemplo Espanha (WWF 2012)
Em siacutentese os resultados sugerem tambeacutem que em 2010 e 2011 o sector com maior
peso na pegada hiacutedrica de Portugal foi o sector Agriacutecola Em relaccedilatildeo agrave pecuaacuteria o
comeacutercio de aacutegua virtual de Portugal estaacute fortemente concentrado em Espanha com
61 do total de importaccedilotildees e 56 de exportaccedilotildees (WWF 2012)
Estima-se que em Portugal a utilizaccedilatildeo de aacutegua domeacutestica seja de aproximadamente 52
m3hab
ano variando a capitaccedilatildeo diaacuteria regional entre cerca de 130 litros nos Accedilores e
mais de 290 litros no Algarve (WWF 2012) Mas se a este consumo pessoal for
adicionada toda a aacutegua utilizada para produzir os bens consumidos desde a agricultura
aos usos industriais chega-se agrave conclusatildeo que cada habitante em Portugal eacute responsaacutevel
pela utilizaccedilatildeo de 2 264 m3ano (WWF 2012)
12 Acircmbito e objetivos
O objetivo desta dissertaccedilatildeo consiste na determinaccedilatildeo da aacutegua virtual envolvida na
produccedilatildeo de produtos laacutecteos como o leite a manteiga o queijo e as natas em trecircs
faacutebricas de lacticiacutenios da ilha de Satildeo Miguel examinando a sua evoluccedilatildeo ao longo do
tempo e tendo em conta a sua variaccedilatildeo em aacutereas de produccedilatildeo
A determinaccedilatildeo do volume de aacutegua virtual importada e exportada referente ao ciclo de
produccedilatildeo destas empresas do sector dos lacticiacutenios que consubstancia um balanccedilo
inputoutput de aacutegua virtual possibilitaraacute a extrapolaccedilatildeo de resultados para a ilha de Satildeo
Miguel e consequentemente para a realidade da Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
A contabilizaccedilatildeo da aacutegua virtual do sector dos lacticiacutenios no arquipeacutelago proporcionaraacute
tambeacutem avaliaccedilotildees mais precisas da pegada hiacutedrica da RAA
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 4
13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 6
Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
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Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
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23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
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232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
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233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
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Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
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3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 15
O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
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Joana Machado Paacutegina 16
4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 17
Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
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Joana Machado Paacutegina 18
uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
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Joana Machado Paacutegina 19
H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
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Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 21
A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
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Joana Machado Paacutegina 22
A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
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O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
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Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
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Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Joana Machado Paacutegina 32
Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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Joana Machado Paacutegina 33
reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Joana Machado Paacutegina 34
Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Joana Machado Paacutegina 40
Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
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6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
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Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
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A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
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Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
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Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 4
13 Estrutura do trabalho
A dissertaccedilatildeo encontra-se organizada em 8 capiacutetulos que genericamente contemplam os
seguintes aspetos
No capiacutetulo I apresenta-se o enquadramento do tema da dissertaccedilatildeo na Regiatildeo
Autoacutenoma dos Accedilores e o seu acircmbito e objetivos
O capiacutetulo II aborda as consideraccedilotildees geneacutericas sobre a Aacutegua sua importacircncia
quer a niacutevel mundial ou a niacutevel europeu
No capiacutetulo III apresenta-se o estado da arte do conceito de aacutegua virtual
O capiacutetulo IV apresenta-se a metodologia adotada para a realizaccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo descrevendo-se as diversas etapas desenvolvidas ao longo da
investigaccedilatildeo e as equaccedilotildees utilizadas no capiacutetulo VI
No capiacutetulo V descreve-se o sector de lacticiacutenios a niacutevel regional e nacional e
as suas atividades
O capiacutetulo VI apresentam-se os resultados obtidos na investigaccedilatildeo e procede-se
agrave respetiva discussatildeo
No capiacutetulo VII estabelecem-se as conclusotildees da investigaccedilatildeo
Por uacuteltimo o capiacutetulo VIII apresenta-se a bibliografia que serviu de base agraves
fundamentaccedilotildees cientiacuteficas para a elaboraccedilatildeo da presente dissertaccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 6
Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 7
Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 8
Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 9
lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 10
23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 11
232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 12
233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 13
Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 14
3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 15
O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 16
4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 17
Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 18
uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
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Joana Machado Paacutegina 19
H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 21
A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 22
A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 23
O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 24
Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
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Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
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atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
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Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 48
Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
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Joana Machado Paacutegina 49
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
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Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
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Joana Machado Paacutegina 51
Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
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Joana Machado Paacutegina 52
A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
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Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
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Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
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Joana Machado Paacutegina 55
Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
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Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
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Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 5
2 A AacuteGUA COMO RECURSO
21 Distribuiccedilatildeo da aacutegua na Terra
A Aacutegua eacute um recurso natural essencial agrave vida na Terra Nenhuma espeacutecie vegetal ou
animal incluindo o ser humano poderia sobreviver sem aacutegua Encontra-se praticamente
em toda a parte e ocupa aproximadamente 70 da superfiacutecie da Terra
Como substacircncia natural a aacutegua pode apresentar-se em diferentes formas salgada ou
doce pura ou mineralizada agrave superfiacutecie ou subterracircnea em gelo neve granizo
nevoeiro chuva vapor e ainda como principal constituinte dos seres vivos A sua
distribuiccedilatildeo na Terra eacute variaacutevel uma vez que a aacutegua se encontra em permanente
movimento como ilustra o ciclo natural da aacutegua ou ciclo hidroloacutegico (Figura 1)
Figura 1 - Representaccedilatildeo do ciclo da aacutegua (USGS)
A sua distribuiccedilatildeo na Terra na atmosfera e nos seres vivos encontra-se dividida por
mares e oceanos glaciares aacuteguas subterracircneas lagos de aacutegua doce rios e outros cursos
atmosfera seres vivos Do volume total de aacutegua existente na Terra (14x109 km
3) apenas
08 pode ser considerada doce e apenas uma fraccedilatildeo deste valor eacute passiacutevel de captaccedilatildeo
para abastecimento humano (Tabela 1)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 6
Tabela 1 ndash Reparticcedilatildeo da aacutegua pelos vaacuterios reservatoacuterios do ciclo (Cech 2005)
Reservatoacuterio Total Aacutegua doce
Oceanos
Gelo e neve
965
18
966
Aacutegua
subterracircnea
Doce 076 301
Salgada 093
Aacutegua superficial
Aacutegua no solo
Lagos (aacutegua doce) 0007 026
Lagos (aacutegua
salgados)
0006
Pacircntanos 00008 003
Rios 00002
00012
0006
005
Atmosfera 0001 004
Biosfera 00001 0003
Como a aacutegua eacute um recurso natural de extrema importacircncia e de valor inestimaacutevel e por
se tratar de um recurso cada vez mais escasso eacute necessaacuterio proceder agrave sua gestatildeo
usando-o de um modo mais equilibrado e racional recorrendo a teacutecnicas de recuperaccedilatildeo
eou reutilizaccedilatildeo e sobretudo agrave prevenccedilatildeo da poluiccedilatildeo
A aacutegua natildeo se encontra distribuiacuteda de igual forma a niacutevel Mundial existem Paiacuteses com
escassez fiacutesica de aacutegua ou quase no limiar dessa escassez (Figura 2) Outros locais
sofrem da problemaacutetica escassez econoacutemica de aacutegua ou seja os recursos hiacutedricos satildeo
abundantes em relaccedilatildeo ao uso de aacutegua (com menos de 25 da aacutegua captada para uso
humano) (Figura 2) No entanto o grupo com maior representaccedilatildeo eacute formado por
paiacuteses com pouca ou nenhuma escassez de aacutegua (recursos hiacutedricos abundantes relativos
ao uso) conjunto em que Portugal Continental e as Regiotildees Autoacutenomas se enquadram
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 7
Figura 2 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica mundial da escassez fiacutesica de aacutegua (RICC2012)
Por sua vez a distribuiccedilatildeo geograacutefica da disponibilidade de aacutegua por m3hab
ano em
Portugal e Regiotildees Autoacutenomas situa-se numa zona de 2 100-2 500 m3hab (Figura 3)
A niacutevel Mundial o volume total de aacutegua eacute de 14 milhotildees de km3 sendo que apenas 25
desse volume (35 milhotildees de km3) corresponde a aacutegua doce Mas desses e como jaacute
foi acima referido soacute 001 estaacute disponiacutevel para consumo humano e daiacute a necessidade
de se preservar estes recursos hiacutedricos (GEO3 2002) Cerca de 10 da aacutegua
disponibilizada eacute utilizada em abastecimento publico aproximadamente 23 na
induacutestria mas a maior percentagem (67) eacute utilizada no sector agriacutecola (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 8
Figura 3 - Distribuiccedilatildeo de aacutegua (m3 hab
ano)
a niacutevel mundial (Hoekstra e Chapagain
2007b)
22 Consumo de aacutegua na Europa
Na Europa a aacutegua eacute geralmente usada de uma forma natildeo sustentaacutevel No Norte da
Europa a problemaacutetica natildeo se resume agrave falta de aacutegua mas sim agrave falta de qualidade da
mesma No entanto a Sul da Europa ocidental o problema eacute mesmo a falta de aacutegua que
eacute necessaacuteria para um exigente sector agriacutecola que por sua vez representa maior
percentagem de consumo de aacutegua com 80seguindo o sector industrial e domeacutestico
(figura 4) (Karavatis)
Quer a niacutevel europeu quer a niacutevel mundial os maiores problemas de disponibilidade de
aacutegua ocorrem em paiacuteses onde se regista baixa pluviosidade e elevada densidade
populacional bem como em aacutereas amplas de terrenos agriacutecolas como acontece nos
paiacuteses Mediterracircneos Nesta regiatildeo a irrigaccedilatildeo intensiva da agricultura faz deste sector
o que tem a maior pegada hiacutedrica do paiacutes
A extraccedilatildeo de aacutegua destinada agrave rega na Europa ronda os 105 068 hm3ano sendo que a
meacutedia de aacutegua destinada a abastecimento da agricultura diminuiu passando de 5 499
para 5 170 m3hab
ano entre 1990 e 2001 (Karavatis) No sector industrial o uso total
de aacutegua ronda os 34 194 hm3ano o que representa 18 do seu consumo Por sua vez o
consumo de aacutegua destinado ao uso domeacutestico ronda os 53 294 hm3ano (Karavatis) Que
eacute um sector que consome muita aacutegua e a maioria da aacutegua utilizada nas casas eacute para
descargas sanitaacuterias banhos chuveiro (na higienizaccedilatildeo pessoal) e para maacutequinas de
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 9
lavar roupa e loiccedila A aacutegua gasta para cozinhar e beber tem uma percentagem muito
miacutenima quando comparado aos gastos de higiene pessoal
No sector domeacutestico tal como no sector industrial verifica ndash se um decreacutescimo per
capita no periacuteodo de 1990-2001 que estaacute relacionado com a mudanccedila no estilo de vida
das populaccedilotildees o uso de novas tecnologias que por sua vez satildeo mais eficientes na
poupanccedila de aacutegua (Karavatis)
Figura 4 - Uso sectorial da aacutegua na Europa (EEA 1999)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 10
23 Consumo de aacutegua em Portugal
231 Consumo de aacutegua em Portugal
Como jaacute foi referido Portugal apresenta uma das mais elevadas pegadas hiacutedricas por
habitante do mundo Para aleacutem de Portugal mais quatro paiacuteses da regiatildeo Mediterracircnica
Greacutecia Itaacutelia Chipre e Espanha estatildeo entre os seis primeiros lugares (WWF 2012)
Um estudo detalhado sobre o consumo de aacutegua virtual em Portugal foi publicado
posteriormente ecom base nas conclusotildees obtidas jaacute enunciadas no capiacutetulo 1 da
presente dissertaccedilatildeo o passo seguinte foi perceber quais os principais paiacuteses que
exportam mais aacutegua virtual para Portugal e o resultado foi que Espanha era o principal
parceiro comercial e hiacutedrico do paiacutes (WWF 2010) Em siacutentese 54 da pegada hiacutedrica
do paiacutes eacute externa sendo 80 do valor consumido por cada habitante em (2 264m3ano)
referente agrave produccedilatildeo e consumo de produtos agriacutecolas e mais de metade corresponde agrave
importaccedilatildeo de bens para consumo (WWF 2010)
Em Portugal o sector agriacutecola consume 87 de aacutegua seguindo-se com 8 o sector
industrial e com 5 no sector urbano (Figura 5A) Em relaccedilatildeo aos custos de produccedilatildeo
o sector urbano eacute o mais caro com 46 seguindo-se o sector agriacutecola com 28 e o
sector industrial com 26 (Figura 5B) (PNA 2012)
Figura 5 - Procura nacional de aacutegua por sector (A) e respetivos custos de produccedilatildeo (B)
(PNA 2012)
A B
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 11
232 Qualidade da aacutegua em Portugal
Natildeo obstante haver distritos que apresentam uma maacute qualidade de aacutegua de consumo na
generalidade do territoacuterio de Portugal continental a aacutegua eacute de muito boa qualidade
realidade extensiacutevel agrave RAA Nos uacuteltimos 16 anos (1995-2011) a qualidade da aacutegua
evolui muito em Portugal com notoacuteria melhoria sobretudo a partir de 2008 ateacute ao
presente (Figura 6A)
A qualidade da aacutegua de consumo em Portugal estaacute classificada maioritariamente como
boa para consumo (38) sendo 141 aacutegua de excelecircncia Cerca de 12 eacute aacutegua de maacute
qualidade 54 aacutegua com muito maacute qualidade e 12 aacutegua de qualidade razoaacutevel
(Figura 6B)
Figura 6 - Evoluccedilatildeo da qualidade da aacutegua em Portugal (A) e percentagem de estaccedilotildees
em cada classe de qualidade da aacutegua entre 1995 e 2011 (B) (SNIRH 2012)
B A
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 12
233 Consumo de Aacutegua nos Accedilores
Na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores o cenaacuterio eacute um pouco diferente do continente as
necessidades de aacutegua para abastecimento urbano rondam os 56 seguindo-se cerca de
20 para a induacutestria e para a agropecuaacuteria dois quais 3 satildeo referente agrave induacutestria de
energia e ao turismo (DROTRH-INAG 2001) O facto de a agricultura ter um baixo
consumo justifica-se pela quase ausecircncia de regadio na RAA o uma vez que esta
teacutecnica soacute eacute utilizada em algumas hortas particulares
Relativamente agrave origem da aacutegua de abastecimento da Regiatildeo 97 proveacutem da captaccedilatildeo
de nascentes e do bombeamento de furos (Cruz e Coutinho 1998) Dessas captaccedilotildees
82 apresentavam qualidade para consumo humano segundo os paracircmetros da
legislaccedilatildeo (Valores Maacuteximos Recomendaacuteveis -VMR para que a aacutegua possa ser
considerada em oacutetimas condiccedilotildees) enquanto a restante percentagem mostrava
paracircmetros improacuteprios (Valores Maacuteximos Admissiacuteveis -VMA acima dos quais a aacutegua
deve ser considerada improacutepria para consumo) (PAC 2012) Estes factos estaratildeo
ligados a atividades antropogeacutenicas embora tambeacutem possam refletir mecanismos
naturais o que pode criar problemas de sauacutede puacuteblica (Oliveira 2008) Algumas das
atividades antropogeacutenicas estatildeo associadas ao sector agriacutecola nomeadamente a
atividades de empresas agroalimentares como as induacutestrias de lacticiacutenios que para
aleacutem de poderem corresponder a focos de poluiccedilatildeo consomem quantidades
significativas de aacutegua
Numa induacutestria de lacticiacutenios os processos de higienizaccedilatildeo e refrigeraccedilatildeo entre outros
podem representar 25 a 40 do consumo total da aacutegua volume que pode superar o do
proacuteprio leite transformado (Tavares 2008) A maior parte da aacutegua consumida eacute
convertida em aacuteguas residuais
De acordo com Tavares (2008) o sector dos lacticiacutenios seraacute aquele que representa a
maior fonte de poluiccedilatildeo para os recursos hiacutedricos das Ilhas accedilorianas Contudo outros
focos de poluiccedilatildeo pontual ou difusa tecircm impactes sobre a qualidade da aacutegua nos Accedilores
(Cruz et al 2010a 2010b) poluiccedilatildeo agriacutecola difusa associada a praacuteticas intensivas
com uso excessivo de adubos (orgacircnicos e inorgacircnicos) e pesticidas emissotildees de
poluentes industriais e descarga de aacuteguas residuais domeacutesticas
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 13
Os resiacuteduos originados na pecuaacuteria atividade agriacutecola dominante na RAA tambeacutem tecircm
a sua cota parte na poluiccedilatildeo em efluentes liacutequidos que incluem (1) mistura de fezes
urina e aacutegua (2) estrumes que satildeo dejetos e quantidades significativas de material
utilizado na cama dos animais (3) aacuteguas sujas que resultam das operaccedilotildees de lavagem
de salas de ordenha e aacutereas adjacentes bem como das aacuteguas das chuvas com os dejetos
dos parques descobertos e (4) aacuteguas lixiviantes dos silos resultantes dos processos de
fermentaccedilatildeo que ocorrem na ensilagem de forragens (PAC 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 14
3 O CONCEITO DE AacuteGUA VIRTUAL
Na conferecircncia sobre Aacutegua e Meio Ambiente que teve lugar em Dublin em 2002 foi
reconhecido internacionalmente que a aacutegua eacute um recurso embora escasso Assim a
aacutegua passou a ser um bem econoacutemico com condiccedilotildees de oferta e procura dependentes
do mercado e com regulaccedilatildeo por preccedilos Nesse contexto as transferecircncias de bens entre
os paiacuteses passam a tomar uma nova dimensatildeo no sentido de manter a sustentabilidade
dos recursos hiacutedricos de cada paiacutes ao longo do tempo (Godoy e Lima 2008)
Uma das abordagens que surge para dimensionar economicamente as relaccedilotildees
internacionais eacute a da Aacutegua Virtual conceito que foi proposto em 1994 pelo Professor
John Antony Allan do Departamento de Geografia do King College (Londres)
Segundo este autor Aacutegua Virtual eacute a aacutegua utilizada para a produccedilatildeo de produtos
agriacutecolas e natildeo-agriacutecolas natildeo contabilizada nos custos de produccedilatildeo (Godoy e Lima
2008)
A Aacutegua Virtual eacute assim a quantidade de aacutegua gasta para produzir um bem produto ou
serviccedilo e estaacute inserida no produto natildeo apenas no sentido visiacutevel ou fiacutesico mas tambeacutem
no sentido lsquovirtualrsquo considerando a aacutegua necessaacuteria aos processos produtivos Eacute uma
medida indireta dos recursos hiacutedricos consumidos por um bem Desta forma para se
estimarem os valores envolvidos no comeacutercio de aacutegua virtual dever-se ter em conta a
aacutegua envolvida em toda a cadeia de produccedilatildeo (Riszomas 2012)
Para consubstanciar o conceito de aacutegua virtual Allan (2003) propocircs trecircs novos iacutendices
quantitativos nomeadamente escassez de aacutegua dependecircncia de aacutegua importada e
autossuficiecircncia de aacutegua
Nos produtos primaacuterios como por exemplo os cereais ou frutas a quantidade de aacutegua
virtual neles existentes eacute relativamente simples de se calcular pela relaccedilatildeo entre a
quantidade total de aacutegua usada no cultivo e a produccedilatildeo obtida (m3t)
Para alguns casos jaacute foram estudados o volume de aacutegua necessaacuterio agrave produccedilatildeo dum
bem por exemplo cada chaacutevena de cafeacute que bebemos implica a utilizaccedilatildeo de 140 litros
de aacutegua ou por cada quilo de carne de vaca que consumimos consumimos 16 000 litros
de aacutegua Ateacute o fabrico de uma t-shirt de algodatildeo exige o consumo de 2 000 litros de
aacutegua (Eroski 2012 QA 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 15
O conceito de ldquopegada hiacutedricardquo inclui informaccedilatildeo baseada no conceito de ldquoAacutegua
Virtualrdquo definida como o volume de aacutegua necessaacuterio para produzir um bem ou serviccedilo
Para calcular a ldquopegada hiacutedricardquo de um paiacutes eacute indispensaacutevel considerar tambeacutem os
fluxos de aacutegua que entram ou saem do paiacutes atraveacutes das importaccedilotildees e exportaccedilotildees de
produtos e serviccedilos (Eroski 2012 QA 2012)
O mesmo se aplica aos fluxos de aacutegua envolvidos num determinado produto laacutecteo uma
vez que neste estatildeo impliacutecitas as quantidades de aacutegua que entram e saem do paiacutes atraveacutes
das importaccedilotildees e exportaccedilotildees destes produtos laacutecteos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 16
4 METODOLOGIA
41 Fase 1 ndash Seleccedilatildeo da amostra
A metodologia aplicada nesta dissertaccedilatildeo com o objetivo de analisar a Aacutegua Virtual no
sector dos lacticiacutenios na RAA baseia-se em duas fases diversas
A Fase 1 pode ser considerada como a mais importante e de certo modo fundamental
para alcanccedilar os objetivos propostos para a dissertaccedilatildeo (Figura 7) Sendo que o primeiro
passo foi selecionar o grupo de anaacutelise (produtos laacutecteos) para um determinado periacuteodo
(2008-2011) Na recolha bibliograacutefica o principal foco foi bibliografia especializada de
acircmbito regional nacional e internacional O INE e o SREA foram organismos na
internet importantes na aacuterea das estatiacutesticas que tornaram possiacutevel adquirir dados
referentes agrave quantidade de leite de vaca recolhido diretamente nos produtores por ilha de
leite para o sector industrial
Figura 7 Fase 1 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Os questionaacuterios junto das empresas de lacticiacutenios foram fundamentais para se perceber
como funciona essa parte da induacutestria recolher dados relativos aos consumos de aacutegua
que as empresas efetuam para produzir seus produtos e avaliar as produccedilotildees finais
mensais e anuais para o periacuteodo de tempo estudado (Anexo 1)
42 Fase 2 ndash Aplicaccedilatildeo
Nos decursos da 2ordf fase do trabalho procede-se ao processamento dos dados e agrave anaacutelise
e interpretaccedilatildeo dos resultados (Figura 8)
Figura 8 Fase 2 da metodologia na anaacutelise da aacutegua virtual
Seleccedilatildeo do grupo de
anaacutelise Recolha Bibliograacutefica Questionaacuterios junto das
empresas
Anaacutelise dos dados Balanccedilo entre input e
outputs Interpretaccedilatildeo dos
Resultados
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 17
Neste sentido e de forma sucinta apresentam-se as vaacuterias entradas de aacutegua ateacute que se
chegue agrave produccedilatildeo laacutectea (Figura 9) A montante inicia-se na pastagem com o ciclo de
vida do gado leiteiro Neste ciclo estatildeo aglomeradas a aacutegua consumida diretamente e
aquela ingerida indiretamente por via da alimentaccedilatildeo do gado (raccedilotildees forragens e ervas
na pastagem incluindo nesta uacuteltima parcela a precipitaccedilatildeo atmosfeacuterica e os adubos
necessaacuterios ao crescimentos das ervas) Nos resultados a alimentaccedilatildeo natildeo seraacute
contabilizada por natildeo se ter informaccedilatildeo de base soacutelida e completa ficando assim um
deacutefice nas contas O ciclo seguinte eacute a faacutebrica onde eacute contado o leite e a aacutegua que
entram necessaacuterios agrave produccedilatildeo laacutectea Este eacute o ciclo com maior importacircncia nos
resultados e a unidade fabril corresponde ao limite fiacutesico do sistema alvo do presente
estudo
Por uacuteltimo a jusante resume-se aos produtos terminados para o mercado mas este ciclo
natildeo seraacute caracterizado no presente estudo pelo que apenas se utiliza a informaccedilatildeo
relativa agrave produccedilatildeo final num dado periacuteodo de tempo
Figura 9 Esquema simplificado das vaacuterias fases do estudo na anaacutelise da aacutegua virtual
Em suacutemula para calcularmos a Aacutegua Virtual existente nos produtos laacutecteos haacute que
calcular a aacutegua envolvida no ciclo de vida do gado leiteiro bem como no leite que entra
na faacutebrica e em todo o processo que o leite passa dentro da faacutebrica ateacute chegar ao produto
final O ciclo de vida do gado leiteiro natildeo seraacute faacutecil calculaacute-lo com exatidatildeo por haver
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 18
uma falha nos dados da alimentaccedilatildeo do gado sendo soacute possiacutevel calcular com alguma
precisatildeo a quantidade de aacutegua que o gado leiteiro ingere por dia eou por ano
421 Ciclo de vida do gado leiteiro
Para determinar as vaacuterias componentes da aacutegua virtual associada ao sector dos laticiacutenios
propotildeem-se as seguintes expressotildees numeacutericas
Ingestatildeo diaacuteria de aacutegua por vaca (eq1)
Uma vez que natildeo existem dados soacutelidos relativos agrave alimentaccedilatildeo do gado e respetivo
metabolismo a equaccedilatildeo (1) eacute apenas referida a tiacutetulo indicativo
Nordm de vacas a produzir para uma dada unidade transformadora (eq 2)
Nota Para se chegar agrave quantidade de leite produzida anualmente por cada vaca calcula-
se 35 L x 365 d= 12 775 L
Fraccedilatildeo de aacutegua () existente no produto final (eq 3)
422 Processo de transformaccedilatildeo do leite em produtos
Para determinar o volume de Aacutegua Virtual envolvida nos produtos laacutecteos de uma
determinada faacutebrica por ano recorre-se a expressotildees numeacutericas diversas da empresa e
do tipo de produto
H2O que a vaca ingere pdia = (H2O Raccedilotildees + misturas + H2O que a vaca bebe)
Leite produzido por ano na faacutebrica12 775= ldquoZrdquo
ldquoZrdquo x 95 LH2O X 365 D= deH2O existente no Produto Final
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 19
H2O no leite UHT (empresas B2 e C) (eq 4)
Aacutegua no queijo (empresa B1) (eq 5)
Aacutegua na manteiga (empresa B1) (eq 6)
Aacutegua na manteiga lactosoro e leite em poacute (empresa A) (eq 7)
Com os dados estatiacutesticos do Serviccedilo Regional de Estatiacutestica dos Accedilores extrapolam-se
os resultados para a ilha de Satildeo Miguel com a seguinte expressatildeo numeacuterica (eq 8)
Para obter a Aacutegua Virtual associada aos produtos laacutecteos na RAA propotildee-se a seguinte
equaccedilatildeo (eq 9)
H2O do leite produzido na Ilha de SMiguel = Leite recolhido diretamente da vaca (L) pano na ilha x 80
H2O no leite recolhido diretamente das ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria = Leite recolhido diretamente da
vaca (L) pano nas ilhas x 80
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento) + (Produccedilatildeo Final X H2O nos pacotes de leite)
( (80 X Leite por ano) X 60) + (H2O abastecimento para o queijo+ (H2O C1 + C3 X
50))
( (80 X Leite por ano) X 40) + (H2O abastecimento para a manteiga+ (H2O C1 + C3 X
50))
(80 X Leite por ano) + (H2O abastecimento da rede municipal+ H2O de aacutegua salgada)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 20
5 O SECTOR DOS LACTICIacuteNIOS NA RAA
51 Arquipeacutelago dos Accedilores
O arquipeacutelago dos Accedilores estaacute localizado no Oceano Atlacircntico norte entre os paralelos
36˚ 55rsquo 43rdquo e 39˚ 43rsquo 23rdquo N e os meridianos 024˚ 46rsquo 15rdquo e 031˚ 16rsquo 24rdquo W e eacute
formado por nove ilhas divididas em trecircs grupos o Ocidental com Flores e Corvo o
Central com Terceira Faial Pico Satildeo Jorge e Graciosa e o Oriental com Satildeo Miguel e
Santa Maria (Figura 10) A superfiacutecie territorial emersa total do arquipeacutelago eacute de cerca
de 2 322 km2
Figura 10 - Localizaccedilatildeo do arquipeacutelago dos Accedilores (PIP 2012)
O arquipeacutelago tem 246 746 residentes (2011) a maioria dos quais se distribui nas ilhas
de Satildeo Miguel (559) e Terceira (229) Do ponto de vista administrativo o
territoacuterio compreende 19 municiacutepios com concelhos em que a densidade populacional
varia entre 219 e 3418 habkm2
De acordo com o anexo 1 do Dec lei nordm 192003A a caracterizaccedilatildeo climaacutetica no
arquipeacutelago eacute classificado como temperado mariacutetimo e a circulaccedilatildeo geral atmosfeacuterica eacute
condicionada pelo posicionamento do denominado ldquoanticiclone dos Accediloresrdquo A
amplitude teacutermica anual do ar (14ordmC - 25ordmC) e da aacutegua do mar (16ordmC - 22ordmC) eacute reduzida
e a humidade relativa meacutedia eacute da ordem de 80
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 21
A distribuiccedilatildeo anual da precipitaccedilatildeo eacute regular A precipitaccedilatildeo meacutedia anual eacute de 1930
mm e a evapotranspiraccedilatildeo real meacutedia eacute de cerca de 581 mm (DROTRH-INAG 2001)
O relevo do arquipeacutelago dos Accedilores eacute dominado pelas formas de modelado vulcacircnico
refletindo desta forma os processos geoloacutegicos que originaram o arquipeacutelago e eacute no
geral vigoroso As altitudes maacuteximas observadas variam entre os 405 m na ilha
Graciosa (Caldeira) e os 2351 m atingidos no Piquinho (ilha do Pico) (Cruz et al 2009)
A anaacutelise hipsomeacutetrica potildee em evidecircncia que 498 do territoacuterio insular se situa a
cotas inferiores a 300 m 45 entre os 300 m e os 800 m de altitude e apenas 52
acima dos 800 m com grande homogeneidade na distribuiccedilatildeo verificada nas vaacuterias ilhas
(CRUZ et al 2007) As uacutenicas exceccedilotildees correspondem agraves ilhas de Santa Maria e da
Graciosa onde respetivamente 864 e 943 do territoacuterio se desenvolve a altitudes
menores que os 300 m enquanto que no Pico 164 da aacuterea da ilha estaacute acima dos 800
m de altitude (Cruz et al 2009)
O litoral dos Accedilores estende-se ao longo de cerca de 943 km refletindo em grande
parte desta extensatildeo uma orientaccedilatildeo preferencial resultante do controle das estruturas
tectoacutenicas dominantes efeito que se sobrepotildee agrave capacidade construtiva da atividade
vulcacircnica(Cruz et al 2009)
Na sua maioria os solos dos Accedilores satildeo do tipo Andossolos fruto da sua origem
vulcacircnica Estes solos tecircm boa permeabilidade geralmente satildeo ricos em potaacutessio e
azoto Cerca de 65 do solo accediloriano eacute utilizado para fins agriacutecolas (DROTRH-INAG
2001)
O enquadramento geodinacircmico do arquipeacutelago explica a intensa atividade sismo
vulcacircnica observada nos Accedilores traduzida pelas mais de 20 erupccedilotildees histoacutericas
registadas desde a descoberta e o povoamento dos Accedilores (Weston 1964) O uacuteltimo
destes eventos correspondeu a uma erupccedilatildeo submarina localizada a cerca de 10 km para
NW da ilha Terceira que ocorreu entre finais de 1998 e 2000 (Gaspar et al 2001)
Natildeo obstante a origem vulcacircnica do arquipeacutelago na ilha de Santa Maria ocorrem
intercalaccedilotildees de rochas sedimentares marinhas e terrestres em posiccedilotildees estratigraacuteficas
diversas (Serralheiro et al 1987) A ilha do Pico eacute a mais recente do arquipeacutelago tendo
o derrame laacutevico mais antigo sido datado de 300 000 anos (Chovelon 1982)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 22
A histoacuteria vulcanoloacutegica do arquipeacutelago potildee em evidecircncia a ocorrecircncia de variados
estilos eruptivos ao longo da construccedilatildeo das ilhas A edificaccedilatildeo de Santa Maria Satildeo
Jorge e Pico bem como de extensas aacutereas noutras ilhas como o Faial e Satildeo Miguel
relaciona-se com atividade vulcacircnica havaiana e estromboliana Neste contexto podem
observar-se escoadas laacutevicas dos tipos pahoehoe e aa de natureza basaacuteltica sl bem
como cones de escoacuterias e de spatter muitas vezes dispostos ao longo de alinhamentos
tectoacutenicos (Cruz 2004) A regiatildeo ocidental da ilha do Pico corresponde a um imponente
vulcatildeo central basaacuteltico que atinge 2351 m de altitude construiacutedo por uma sucessatildeo de
erupccedilotildees de escoadas laacutevicas basaacutelticas sl muito fluidas intercaladas com depoacutesitos
piroclaacutesticos da mesma natureza e menos importantes (Cruz 2004)
A anaacutelise do VAB (Valor Acrescentado Bruto) permite constatar que o sector dos
serviccedilos eacute o mais importante no contexto da economia regional (Figura 11) Apesar das
atividades do sector primaacuterio (agricultura caccedila silvicultura pescas e aquicultura)
estarem a perder terreno no contexto regional verifica-se que em 2007 eram
responsaacuteveis por 111 da riqueza gerada (VAB) nos Accedilores (ie 318 milhotildees de Euros
contra um total regional de 2 866 milhotildees de Euros) e por 13 do emprego total
(valores superiores aos nacionais respetivamente iguais a 25 e 118)
Figura 11 ndash VAB em do total da RAA por sector de atividade em 2007 (1 -
Agricultura caccedila e silvicultura pesca e Aquicultura 2 - induacutestria incluindo energia 3 ndash
construccedilatildeo 4 - comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automoacuteveis e de bens de uso pessoal e
domeacutestico alojamento e restauraccedilatildeo (restaurantes e similares) transportes e
comunicaccedilotildees 5 - atividades financeiras imobiliaacuterias alugueres e serviccedilos prestados agraves
empresas 6 - outras atividades de serviccedilos) (SREA 2007)
111
109
61
228156
336 1
2
3
4
5
6
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 23
O sector terciaacuterio eacute o mais importante como criador de postos de trabalho na RAA com
601 dos empregados a niacutevel regional (593 em Portugal) seguindo-se o sector
secundaacuterio Neste uacuteltimo salientam-se as induacutestrias transformadoras nomeadamente as
ligadas agrave alimentaccedilatildeo bebidas e tabaco e agrave madeira
52 O Sector dos Lacticiacutenios na RAA e em Portugal Continental
Portugal eacute um paiacutes de boas pastagens principalmente na RAA e a agricultura sempre
foi uma importante atividade como modo de subsistecircncia O sector dos lacticiacutenios em
Portugal Continental e na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores distingue-se pela elevada
quantidade e qualidade do leite produzido que torna o nosso paiacutes mais que
autossuficiente embora e grande parte da produccedilatildeo esteja destinada agrave exportaccedilatildeo
Quando falamos em sector leiteiro em Portugal associamos aos queijos de elevada
qualidade e com vaacuterios tipos e sabores destinados ao mercado nacional e internacional
Estes queijos satildeo produzidos em diversas regiotildees em que frequentemente o gado eacute
criado ao ar livre Dos vaacuterios tipos de queijo existentes fabricados com leite de ovelha
vaca cabra ou de mistura a consistecircncia da pasta o paladar e o grau de gordura variam
de regiatildeo para regiatildeo (SISAB 2012)
Segundo dados do INE referentes agrave produccedilatildeo de leite de vaca para o periacuteodo de 2007 a
2011 verifica-se que Portugal continental teve uma quebra na produccedilatildeo entre 2009 a
2010 voltando a aumentar a sua produccedilatildeo no ano de 2011 (Tabela 2) Essa quebra na
produccedilatildeo pode ter sido motivada por vaacuterios fatores entre os quais a seca e a falta de
apoio aos produtores agriacutecolas (INE 2012)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 24
Tabela 2 - Produccedilatildeo de leite de vaca (2007-2011) em Portugal continental (INE 2012)
Ano Produccedilatildeo de Leite de Vaca (Lano)
2007 1 909 440
2008 1 960 899
2009 1 938 641
2010 1 860574
2011 1 860 831
Na RAA o setor dos laticiacutenios eacute uma aacuterea fundamental na economia com expressatildeo em
todas as ilhas agrave exceccedilatildeo da ilha de Santa Maria A induacutestria transformadora associada a
este setor estaacute tambeacutem presente em oito das nove ilhas dos Accedilores produzindo leite
UHT queijo manteiga leite em poacute e natas Trata-se de um tipo de induacutestria com
impactes ambientais significativos nomeadamente no que diz respeito agrave produccedilatildeo de
aacuteguas residuais produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos e emissotildees gasosas
Nos uacuteltimos anos o sector leiteiro dos Accedilores cresceu mais de 47 melhorando muito
a qualidade do leite produzido e as exploraccedilotildees aumentaram a sua aacuterea Isto eacute em
parte o resultado de uma reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro promovida pelo Governo
Regional dos Accedilores (GRA) junto dos produtores e que contou com o apoio das
associaccedilotildees agriacutecolas regionais Esta reestruturaccedilatildeo do sector leiteiro fez com que o
GRA apostasse na melhoria geneacutetica dos animais na formaccedilatildeo dos empresaacuterios
agriacutecolas e nas reformas antecipadas dos agricultores mais velhos (GR 2012)
Para a ilha de Satildeo Miguel a produccedilatildeo de leite aumentou 10 nos uacuteltimos dois anos
sendo possiacutevel analisar a evoluccedilatildeo mensal em cada um destes periacuteodos anuais (Tabela
3) Em 2010 de janeiro a junho verifica-se um aumento na receccedilatildeo do leite sendo que
maio e junho foram os meses com maior pico de receccedilatildeo De junho a dezembro verifica-
se uma diminuiccedilatildeo na quantidade leite recebido sendo que novembro e dezembro foram
os meses com menor recccedilatildeo de leite O mesmo acontece em 2011 que teve uma
evoluccedilatildeo ateacute maio e de maio a novembro uma diminuiccedilatildeo da receccedilatildeo de leite com a
diferenccedila que aumenta ligeiramente em dezembro Os valores em 2010 variam entre 24
326 655 L (valor miacutenimo) e 34 156 283 L (valor maacuteximo) de leite recebido Para 2011
os valores miacutenimos e maacuteximos foram 25 040 257 L e 35 321 861 L de leite recebido
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 25
Tabela 3 - Produccedilatildeo de leite de vaca na ilha de Satildeo Miguel (2010-2011) (SREA 2012)
Periacuteodo Produccedilatildeo (L) 2010 2011
Janeiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo
26
367 375
25 966 137
Fevereiro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
25 858 430 25 289 152
Marccedilo Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
29 867 949 30 313 630
Abril Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 513 001 31 933 104
Maio Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
34 156 283 35 321 861
Junho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
32 761 050 33 910 081
Julho Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo ndash Litro
31 480 274 32 716 997
Agosto Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
27 941 816 29 101 970
Setembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 413 105 26 506 695
Outubro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
25 007 653 26 610 025
Novembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 326 655
25 040 257
Dezembro Leite de vaca recolhido diretamente
da produccedilatildeo - Litro
24 894 278 26 955 549
Total 339 587 869 349 665 458
No acircmbito da RAA a ilha de Satildeo Miguel eacute a que tem maior produccedilatildeo e recolha de leite
para a induacutestria transformadora seguindo-se a ilha Terceira A ilha do Corvo estaacute
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 26
atualmente sem produccedilatildeo por questotildees de reestruturaccedilatildeo do sector mas regra geral eacute a
que menos produz (Tabela 4)
Tabela 4 - Leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo (2008 a 2011)
(SREA2012)
53 Descriccedilatildeo geral das empresas em estudo
Trecircs empresas de lacticiacutenios colaboraram na investigaccedilatildeo desenvolvida no presente
trabalho fornecendo dados sobre as suas produccedilotildees durante os uacuteltimos 4 anos Por
motivos de sigilo identificam-se estas empresas pelos acroacutenimos A B1 B2 e C assim
como se evita efetuar a identificaccedilatildeo das marcas produzidas
531 Descriccedilatildeo e Produccedilatildeo Empresa A
A histoacuteria da empresa A comeccedila na Suiacuteccedila em 1866 quando o seu fundador lanccedilou a
farinha laacutectea um alimento especial para crianccedilas elaborado agrave base de cereais e leite A
partir dessa iniciativa a empresa A tornou-se liacuteder mundial de alimentos e nutriccedilatildeo e
atua no mercado com uma vasta diversidade de produtos alimentares Tal como as
outras empresas a empresa A trabalha para o seu cliente com um lema de empresa
ldquoGood Food Good Liferdquo tendo em conta a inovaccedilatildeo seguranccedila e qualidade dos seus
produtos
Ilha
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2008
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2009
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2010
Leite de vaca
recolhido
diretamente
da produccedilatildeo ndash
(L)
2011
Satildeo Miguel 27 468 9184 28 367 1665 28 308 5682 26 520 53408
Terceira 10 776 0621 11 529 4886 11 376 3279 11 573 982
Graciosa 659 1045 676 0249 666 2037 653 0296
Satildeo Jorge 2 314 3195 2 487 3603 2 413 0462 2 381 3242
Pico 574 7286 712 0606 699 946 7134415
Faial 1 049 5288 1 098 966 1 029 2398 1 046 6736
Flores 65 4316 140 855 124 764 90 05908
Corvo 1 405 3 22441 0 2248
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 27
Nos Accedilores a empresa A encontra-se localizada na Lagoa na ilha de Satildeo Miguel e
produz variedades de leite em poacute e manteiga doce (sem sal)
O ciclo de produccedilatildeo da empresa inicia-se com a receccedilatildeo do leite e posteriormente o
arrefecimento e o respetivo armazenamento Fraccedilatildeo deste leite vai para o desnate e a
outra parte vai para a estandardizaccedilatildeo Da fraccedilatildeo desnatada parte vai para o
armazenamento de natas onde se daacute a produccedilatildeo de manteiga e o respetivo
armazenamento (produto final) e a parte remanescente destina-se ao armazenamento de
desnate que vai para a estandardizaccedilatildeo Da estandardizaccedilatildeo segue para a pasteurizaccedilatildeo
posteriormente vai para a concentraccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e secagem do leite e quando
pronto segue para o enchimento e armazenamento (Anexo 2)
Como forma de reduzir custos e poupar aacutegua a empresa procurou a partir de 2009
aplicar um sistema de reduccedilatildeo do consumo de aacutegua municipal Este sistema que a
empresa intitulou de ldquoaacutegua da vacardquo resume-se ao aquecimento do leite sendo a aacutegua
evaporada recuperada sobre forma de condensado armazenada num tanque e
posteriormente utilizada em atividades de limpeza e no proacuteprio processo industrial
desde que natildeo haja contacto com o produto
Nos uacuteltimos dois anos a empresa conseguiu maximizar a utilizaccedilatildeo desta ldquoaacutegua da
vacardquo conseguindo uma reduccedilatildeo de 41 no consumo de aacutegua municipal
Para aleacutem do sistema ldquoaacutegua da vacardquo a empresa possui mais um sistema designado
ldquoaacutegua salgadardquo com o objetivo de reduzir o consumo da aacutegua municipal Tendo em
conta o facto da localizaccedilatildeo geograacutefica da faacutebrica ser junto ao mar esta possui uma
licenccedila de captaccedilatildeo de aacutegua salgada que por dia capta cerca de 80 m3h A aacutegua captada
entra em circuitos para arrefecimento e eacute posteriormente devolvida ao mar nas mesmas
condiccedilotildees natildeo provocando por isso nenhum tipo de impacte ambiental
A utilizaccedilatildeo mista de ambos os sistemas referidos torna este exemplo uacutenico em
Portugal e essencial agrave empresa A que contribui assim para o meio ambiente
produzindo o mesmo volume com uma reduccedilatildeo substancial de aacutegua municipal
Em 2008 a empresa A consumiu anualmente cerca de 66 973m3 de aacutegua da rede
municipal poreacutem quando deu iniacutecio aos sistemas de ldquoaacutegua da vacardquo e ldquoaacutegua salgadardquo
conseguiu reduzir o consumo de aacutegua municipal para 346 entre 2008 e 2011 ou seja
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consumiu cerca de 47 410m3 de aacutegua da rede municipal em 2009 39 558m
3 em 2010 e
43 763 m3 em 2011 (Tabela 5)
Quanto ao consumo de ldquoaacutegua salgadardquo haacute uma variaccedilatildeo entre 5617 m3
t e 8592 m3
t
para o periacuteodo de 2008 a 2011 Satildeo volumes de aacutegua significativos e que permitiram agrave
empresa reduzir quase para metade o consumo de aacutegua da rede municipal (Tabela 5)
Em relaccedilatildeo agrave descarga de aacuteguas residuais o volume emitido foi de 123 114m3 (2008)
102 65200 m3 (2009) 22 24900 m
3 (2010) sendo que durante trecircs meses natildeo houve o
registo de descargas residuais e em 2011 31 01270 m3 (Tabela 5)
Tabela 5 - Consumo de aacutegua municipal e de aacutegua salgada (m3) na empresa A (2008 e
2011)
Consumo
de aacutegua
municipal
2008
Consumo
de aacutegua
salgada
2008
Consumo
de aacutegua
municipal
2009
Consumo
de aacutegua
salgada
2009
Consumo
de aacutegua
municipal
2010
Consumo
de aacutegua
salgada
2010
Consumo
de aacutegua
municipal
2011
Consumo
de aacutegua
salgada
2011
Jan 4 369 46 386 4 727 48 924 3 501 53982 3 357 57 692
Fev 5 845 46 872 1 788 36 261 3 596 52 813 3 229 48 492
Mar 8 774 50 166 4 247 82 618 3 166 60 027 3 563 55 927
Abr 6 727 48 015 4 317 78 648 3 793 55 2748 4 030 61 734
Mai 4 628 48 330 5 521 96 575 3 729 58 3232 3 940 58 622
Jun 4 482 45 738 4 169 71 235 3 252 52 796 3 939 66 732
Jul 4 976 49 572 4 581 76 749 3 188 72 416 3 760 63 995
Ago 8 194 49 429 3 740 65 284 2 929 58 801 3 796 76 263
Set 5 110 44 929 4 602 68 039 3 243 53 932 1 980 27 526
Out 4 988 36 612 3 570 63 605 3 059 61 033 3 325 40 213
Nov 4 816 38 826 2 986 38 859 2 837 48 511 3 082 6 874
Dez 4 064 44 929 3 162 49 730 3 265 47 636 5 162 63 885
Total
anual
66 973 549 804 47 410 776 527 39 558 675 545 43 763 689 835
Meacutedia
anual
5 581 45 817 3 951 64 711 3 297 56 295 3 647 57 486
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Os maiores consumos de aacutegua municipal foram registados em marccedilo e em agosto de
2008 e o menor consumo foi registado para em agosto e novembro de 2010 (Figura
12)
Para o consumo de aacutegua salgada o ano com maior consumo foi o de 2009 nos meses de
marccedilo abril e maio Jaacute o ano de menor consumo de aacutegua salgada foi o de 2008 (ano que
se iniciou o sistema de aacutegua salgada) em outubro e novembro
Figura 12 - Consumo de aacutegua da rede municipal e aacutegua salgada na empresa A (2008 -
2011)
Os meses em que o volume de leite recebido foi mais elevado foram maio junho e julho
de 2008 seguindo-se marccedilo abril maio junho julho e agosto de 2010 e 2011 (Tabela
6 Figura 13)
No caso do soro recebido fevereiro e marccedilo de 2008 foram os que registaram volumes
mais elevados (31688 t) seguindo-se julho agosto e novembro de 2010 (21953 t)
sucedendo-se 2009 (20891 t) com abril em melhor receccedilatildeo (Tabela 6 Figura 14) Por
uacuteltimo para 2011 foram agosto e maio os maiores meses de recccedilatildeo de soro
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2011
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2011
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2010
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2010
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2009
Consumo de aacutegua salgada (m3) 2009
Consumo de aacutegua municipal (m3) 2008
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Tabela 6 - Leite e Soro recebidos na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Leite
recebido
2011
Soro
recebido
2011
Leite
recebido
2010
Soro
recebido
2010
Leite
recebido
2009
Soro
recebido
2009
Leite
recebido
(2008
Soro
recebido
2008
Jan 6 208 0225 6 033 177909 6 810 171 6 884 210
Fev 5 675 0237 5 617 216128 2 109 0 6 298 437
Mar 7 281 0221 6 670 217965 7 005 227 6 877 401
Abr 6 992 0266 6 834 180786 6 706 368 6 746 368
Mai 7 317 0282 7 132 137 7 276 233 7 022 219
Jun 7 091 0226 6 604 250559 7 024 235 6 942 265
Jul 6 898 0227 6 897 274442 7 223 238 7 082 235
Ago 6 964 0343 6 285 275214 6 155 229 6 508 364
Set 2 537 0042 5 785 227583 6 149 229 4 827 376
Out 2 435 0029 5 271 22344 4 852 254 5 011 338
Nov 5 871 0181 4 788 27111 4 539 168 4 959 350
Dez 6 834 0136 5 364 182315 5 296 155 5 351 239
Total
anual
72 103 2415 73 280 2
634451
71 144 2 507 74 507 3 802
Meacutedia
anual
6 009 0201 6 107 219538 5 929 208917 6 209 316833
Figura 13 - Leite recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Leite recebido (ton) 2011
Leite recebido (ton) 2010
Leite recebido (ton) 2009
Leite recebido (ton) 2008
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Figura 14 - Soro recebido mensalmente na empresa A (t) (2008 ndash 2011)
Em relaccedilatildeo ao volume de produccedilatildeo de leite em poacute e manteiga fabricada na empresa A
entre 2008 ndash 2011 houve um aumento desde 2008 com variaccedilatildeo entre 2010 e 2011
com um leve decreacutescimo (Tabela 7)
Tabela 7 - Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) na empresa A (m3) (2008 e
2011)
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2008
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2009
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2010
Volume de
produccedilatildeo (leite
em poacute +
manteiga) 2011
Jan 859 906 784 83059
Fev 868 256 748 71868
Mar 929 913 839 935755
Abr 889 909 872 8792
Mai 895 933 875 96577
Jun 847 914 859 896085
Jul 918 927 943 836515
Ago 860 793 811 882075
Set 688 812 781 33077
Out 678 667 698 2103
Nov 719 627 661 667125
Dez 689 704 659 79611
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Soro recebido (ton) 2011
Soro recebido (ton) 2010
Soro recebido (ton) 2009
Soro recebido (ton) 2008
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Total anual 9 839 9361 9 530 8 948975
Meacutedia
anual
820 780083 794 7457479
Verifica ndashse que os meses mais fortes de produccedilatildeo nos quatro anos analisados foram
janeiro marccedilo abril maio julho e agosto (Figura 15) por serem aqueles com maior
produccedilatildeo de leite e soro (Figuras 13 e 14)
Figura 15 - Volume de produccedilatildeo mensal de leite em poacute e manteiga (m3) na empresa A
(2008 ndash 2011)
532 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da Empresa B1 e B2
A empresa B deteacutem trecircs faacutebricas em territoacuterio nacional uma em Portugal Continental e
duas em Satildeo Miguel nomeadamente na Ribeira Grande (B1) e na Covoada (B2) nas
quais satildeo produzidos queijo leite UHT manteiga e produtos industriais como o leite em
poacute e lactosoro em poacute
Na unidade fabril da Ribeira Grande satildeo produzidos os queijos X e Y Na unidade fabril
da Covoada eacute desenvolvida a produccedilatildeo de leite UHT Z e W
A empresa B1 situa-se no Concelho da Ribeira Grande ilha de Satildeo Miguel De acordo
com o Plano Diretor Municipal do referido concelho a envolvente da Faacutebrica resume-se
a espaccedilos integrados nas categorias de zona urbana espaccedilo de meacutedia densidade uma
0
200
400
600
800
1000
1200
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2011
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2010
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2009
Volume de produccedilatildeo (leite em poacute + manteiga) 2008
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reserva agriacutecola regional zonas mistas agriacutecolas e florestais e reserva ecoloacutegica
regional
A empresa iniciou a sua atividade meados do seacuteculo XX com um nome diferente do
atual e foi evoluindo no sentido de aumentar a sua produccedilatildeo e a diversidade de
produtos passando tambeacutem a produzir soro e nata para aleacutem de queijo
Quando a empresa evoluiu para o ldquonome atualrdquo iniciou um novo ciclo de modernizaccedilatildeo
e rentabilizaccedilatildeo com novas vertentes como a qualidade a seguranccedila e o ambiente
Ampliou as instalaccedilotildees com novas aacutereas fabris e remodelaccedilatildeo de algumas aacutereas jaacute
existentes (Tavares 2008)
A faacutebrica B1 estaacute preparada para laborar diversos produtos laacutecteos queijo manteiga
leite em poacute e lactosoro em poacute tendo como base mateacuteria-prima o leite Neste tipo de
induacutestria a produccedilatildeo envolve uma grande variedade de operaccedilotildees unitaacuterias sendo
grande parte delas comuns a vaacuterios processos envolvidos no fabrico de diferentes tipos
de produtos como a bactofugaccedilatildeo e a pasteurizaccedilatildeo como se verifica no Anexo 3
(Tavares 2008)
Por seu turno a empresa B2 localizado na Covoada soacute produz leite UHT e envia a
nata do desnate do leite agrave empresa B1 para produccedilatildeo de manteiga
Na empresa B1 a aacutegua consumida proveacutem de duas origens diferentes uma eacute da
captaccedilatildeo de aacutegua subterracircnea (AC1) que por sua vez eacute constituiacuteda por vaacuterias nascentes
situadas em terrenos privados da empresa Estes encontram-se localizados na freguesia
dos Cachaccedilos no concelho da Ribeira Grande A segunda fonte proveacutem de uma
captaccedilatildeo de aacutegua superficial (AC2) localizada na Ribeira das Gramas na Freguesia da
Ribeirinha pertencente ao mesmo concelho (Tavares 2008)
O consumo de aacutegua captada na empresa industrial teve um decreacutescimo de 2008 para
2010 a que se seguiu um aumento para 2011 de cerca de 4 (Tabela 8 Figura 16)
O caudal de efluente tratado sofreu um decreacutescimo de 41 de 2008 ateacute 2010 e um
aumento de 4 em 2011 (Tabela 8 Figura 16) O pico mais alto do caudal de efluente
tratado foi em maio de 2008 (63 226 m3) e o mais baixo em novembro de 2009 (21 144
m3) (Tabela 8)
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Tabela 8 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado (m
3) na empresa B1 (2008-
2011)
Total
Consumo
de aacutegua
2008
Caudal
efluente
tratado
2008
Total
Consumo
de aacutegua
2009
Caudal
efluente
tratado
2009
Total
Consumo
de aacutegua
2010
Caudal
efluente
tratado
2010
Total
Consumo
de aacutegua
2011
Caudal
efluente
tratado
2011
Jan 37 428 52 537 35 220 48 342 36 997 27 342 37 924 33 092
Fev 36 752 45 555 33 213 50 112 33 480 28 566 32 609 27 669
Mar 38 479 45 452 34 438 44 491 34 668 28 837 32 365 27 933
Abr 37 577 54 411 30 584 36 308 33 499 28 573 31 530 28 247
Mai 36 736 63 226 34 923 45 379 32 881 28 586 37 265 31 346
Jun 37 564 54 724 31 772 42 510 31 975 28 623 39 267 33 236
Jul 40 483 55 208 36 261 46 327 35 028 30 421 37 364 33 174
Ago 40 791 55 469 40 310 51 100 37 033 30 520 38 448 32 873
Set 35 920 49 463 38 241 51 701 34 839 28 522 39 220 33 785
Out 34 343 49 194 38 793 48 703 36 935 28 690 38 650 30 505
Nov 32 395 46 075 31 859 21 144 35 387 31 188 36 430 28 644
Dez 28 337 33 038 33 389 31 635 35 359 32 772 34 029 26 757
Total 436 805 604 352 419 003 517 752 418 080 352 639 435 100 367 261
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Figura 16 - Consumo de aacutegua (m3) e efluente residual tratado mensalmente (m
3) na
empresa B1 (2008 - 2011)
A estrutura da empresa B1 estaacute subdividida em vaacuterias aacutereas teacutecnicas
C1 que corresponde aos vaacuterios edifiacutecios de apoio agrave produccedilatildeo como armazeacutens
(peccedilas oacuteleos produtos quiacutemicos e restantes materiais) os serviccedilos
administrativos as oficinas de manutenccedilatildeo o banco de gelo a central de vapor
os vestiaacuterios e o refeitoacuterio
C2 onde se procede agrave produccedilatildeo do leite em poacute do lactosoro em poacute e da
manteiga De uma forma mais precisa pode resumir-se o processo de fabricaccedilatildeo
do lactosoro o soro obtido do processo de fabrico de queijo eacute filtrado
desnatado e refrigerado Seguidamente eacute pasteurizado e concentrado ateacute cerca
de 52 de extrato seco num concentrador de quatro efeitos Apoacutes a etapa da
concentraccedilatildeo o soro eacute cristalizado ocorrendo o abaixamento gradual da
temperatura de forma a cristalizar a lactose e melhorar as caracteriacutesticas
higroscoacutepicas do produto final Segue-se a secagem na torre de atomizaccedilatildeo
onde se remove a humidade do poacute ateacute ao valor de 25 de humidade final
seguida da embalagem do lactosoro em unidades de 25 kg paletizaccedilatildeo e
expediccedilatildeo
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total Consumo de aacutegua (m3) 2011
Caudal efluente tratado (m3) 2011
Total Consumo de aacutegua (m3) 2010
Caudal efluente tratado (m3) 2010
Total Consumo de aacutegua (m3) 2009
Caudal efluente tratado (m3) 2009
Total Consumo de aacutegua (m3) 2008
Caudal efluente tratado (m3) 2008
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C3 o leite eacute descarregado no cais de receccedilatildeo do leite na faacutebrica onde satildeo
retiradas uma serie de amostras do leite para realizaccedilatildeo de anaacutelises quiacutemicas eacute
efetuada a anaacutelise da qualidade e o teste de preservaccedilatildeo do leite Posto isso o
leite eacute submetido a uma operaccedilatildeo de termizaccedilatildeo que consiste no aquecimento
num permutador de placas durante alguns segundos para destruiccedilatildeo da maior
parte da carga microbiana depois eacute reposta a temperatura do leite a 4 - 5ordm C
para que este possa ser armazenado nos tanques cisterna da unidade fabril
C4 o fabrico do queijo baseia-se na coagulaccedilatildeo da caseiacutena do leite ou das
proteiacutenas do soro Depois eacute feita a moldagem e pesagem para o queijo ganhar
forma Quando tiver no ponto eacute feita a desmoldagem do queijo este passa na
salga (adiccedilatildeo de sal) onde ficam submersos na salmoura (certos queijos pode
ser adicionado o sal diretamente) Quando tiver pronto vai para a cura este ciclo
eacute importante pois para cada tipo de queijo devem ser combinadas e mantidas a
temperatura e humidade nas diferentes cacircmaras de cura
Nos anos de 2008 e 2009 o sector C2 foi o que mais consumiu aacutegua nomeadamente nos
meses de julho e agosto para o ano de 2008 e janeiro e fevereiro para o ano de 2009
(Figura 17) No mesmo periacuteodo os sectores que menos aacutegua consumiram foram o C4
em maio de 2008 e o C1 em junho de 2009
No periacuteodo de 2010 a 2011 os sectores com consumos de aacutegua mais elevados satildeo o C2 e
o C4 em 2011 (meses de maio junho e setembro) e o C3 e o C4 em 2010 (janeiro e
agosto) (Figura 18) O que menos consumiu para esse mesmo periacuteodo foi o sector C1
nomeadamente o mecircs de dezembro em ambos os anos (Figura 18)
Verifica-se que ocorreram ligeiras descidas de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua
residual 2008 para 2011 (Figuras 17 18 e 19)
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Figura 17 - Quantificaccedilatildeo de aacutegua em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3) (2008 -
2009)
Figura 18 -Quantificaccedilatildeo de aacutegua consumida em cada aacuterea teacutecnica na faacutebrica B1 (m3)
(2010 - 2011)
Na empresa B2 verifica-se que o maior consumo de aacutegua e consequentemente uma
maior produccedilatildeo de aacuteguas residuais eacute para 2008 (Figura 19 Tabela 9) No entanto o que
se torna evidente eacute o decreacutescimo acentuado que a empresa sofre em termos de consumo
aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas residuais de 2008-2011 (Figura19Tabela9) O que pode ser
explicado com a quantidade de leite que a empresa recebe anualmente e
consequentemente a sua produccedilatildeo final e anual (Figura20 Tabela 10)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
20000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 ndash 2009
C2 - 2009
C3 ndash 2009
C4 ndash 2009
C1 ndash 2008
C2 - 2008
C3 ndash 2008
C4 ndash 5
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
C1 - 2011
C2 - 2011
C 3 - 2011
C 4 - 2011
C1 - 2010
C2 - 2010
C3 - 2010
C4 - 2010
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Joana Machado Paacutegina 38
Figura 19 - Aacutegua consumida e produccedilatildeo de aacutegua residual (m3) na empresa B2 (2008 -
2011)
Tabela 9 Aacutegua consumida da rede municipal e quantidade de aacuteguas residuais emitidas
(m3) na empresa B2 (2008-2011)
Conforme a figura 20 o ano que mais recebeu leite foi 2008 e por esse motivo tambeacutem
foi o que teve mais produto final (Tabela 10) Ao contraacuterio o ano de 2011 foi o que
menos recebeu e como consequecircncia foi o que menos produziu leite (Figura 20 Tabela
10) Os picos mais altos eou mais baixos de consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacuteguas
residuais complementam-se Neles evidenciam-se para o mesmo ano (2008) com os
maiores consumos e produccedilotildees e 2011 com os menores consumos e produccedilotildees
As empresas B1e a B2 embora estejam instaladas em zonas diferentes evidenciam
resultados de consumo e produccedilatildeo muito semelhantes entre si o que parece incidir a
estrateacutegia empresarial comum (Figuras 17 18 19 e 20)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) de aacutegua consumida na instalaccedilatildeo fabril e origem na Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas residuais
Volume (m3) de aacutegua consumida
na instalaccedilatildeo fabril e origem na
Rede Municipal
Quantidade (m3) de aacuteguas
residuais
2008 87 313 60 110
2009 65 851 45 248
2010 54 752 36 338
2011 41 4315 2 565
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Joana Machado Paacutegina 39
Figura 20 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 a
2011)
Tabela 10 - Leite recebido na empresa B2 e volume de produto final (m3) (2008 - 2011)
Quantidade leite
recebido
Quantidade produto final
2008 34 1216 30 3916
2009 33 391 29 076
2010 33 0979 27 5678
2011 28 454 24 0993
533 Descriccedilatildeo e produccedilatildeo da empresa C
A empresa C foi constituiacuteda em 1954 tendo por objetivo criar uma estrutura
transformadora do produto das suas exploraccedilotildees (leite) que lhe garantisse uma menor
dependecircncia das empresas natildeo pertencentes aos produtores e possibilitasse a criaccedilatildeo de
uma mais-valia superior agrave que existia Com um plano rigoroso de atuaccedilatildeo a empresa C
estabilizou-se criando condiccedilotildees para lanccedilar um ambicioso projeto empresarial de raiz
cooperativa que se iniciou com a construccedilatildeo de uma nova unidade industrial e que teve
continuidade numa sucessatildeo de projetos de modernizaccedilatildeo e desenvolvimento das suas
estruturas e da sua atividade Esta empresa estaacute situada nos Arrifes o coraccedilatildeo da maior
bacia leiteira dos Accedilores
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
2008 2009 2010 2011
Quantidade (m3) leite recebido
Quantidade (m3) produto final
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Joana Machado Paacutegina 40
Quanto agrave produccedilatildeo da empresa C o que conseguimos apurar foram registos referentes
ao ano de 2011 Segundo a empresa C a quantidade de leite que entra na empresa por
ano satildeo aproximadamente 82 714 420 L ano o que daacute em meacutedia 6 892 868 Lmecircs
Os principais produtos que a empresa C produz satildeo o Leite UHT (50 521 646 Lano)
manteiga (2 058 721 kgano) queijo (31 859 953 Lano) Tambeacutem satildeo produzidas natas
mas natildeo foram cedidos dados sobre a sua produccedilatildeo
Segundo a empresa em meacutedia satildeo usados 17 L de aacutegua na produccedilatildeo de 1 kg de queijo
No entanto para chegar a esse quilograma de queijo eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo Natildeo existem dados relativos a esse consumo na
Queijaria uma vez que em 2011 ainda natildeo existiam contadores de aacutegua seccionados
Para a manteiga satildeo usados 20 L de aacutegua na produccedilatildeo de kg de manteiga mas no
entanto para fabricar essa quantidade de manteiga eacute necessaacuteria mais aacutegua durante o
processo de fabrico e higienizaccedilatildeo tal como no processo do queijo e agrave semelhanccedila do
mesmo tambeacutem natildeo existem dados relativos a esse gasto na Manteigaria Para a
produccedilatildeo de natas UHT natildeo eacute adicionada aacutegua apenas sendo utilizada na higienizaccedilatildeo
Como tal tambeacutem natildeo haacute forma de contabilizar esse dado relativo a 2011
Toda a aacutegua utilizada na empresa quer em higienizaccedilatildeo quer em produccedilatildeo tem origem
na rede municipal e numa captaccedilatildeo privada (Tabela 11 Figura 21) O maior consumo
de aacutegua da rede na empresa C ao longo de 2011 foi em janeiro embora natildeo se aviste
nenhuma barra a encarnado que faz referecircncia agrave captaccedilatildeo de aacutegua do furo uma vez que
nesse mecircs houve uma avaria do equipamento e natildeo foi possiacutevel contabilizar Fevereiro
apresenta os registos semelhantes ao de janeiro por consequecircncia da avaria Observa-se
um leve crescimento nos dois meses seguintes seguindo ndash se um valor constante nos
restantes meses ateacute ao final de 2011
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Tabela 11 - Aacutegua consumida da rede municipal e do furo e aacutegua residualcaudal mensal
(m3) emitida pela empresa C em 2011 ( avaria)
Ano 2011 Aacutegua da Rede
Municiapl
Aacutegua do Furo Aacutegua residual
Caudal mensal
Janeiro 15 344 0 2 928
Fevereiro 13 996 446 18 494
Marccedilo 11 105 3 642 34 899
Abril 12 726 4 466 12 758
Maio 10 460 7 798 12 038
Junho 11 362 8 142 9 968
Julho 12 413 8 097 12 182
Agosto 9 365 7 851 9 721
Setembro 9 623 8 442 12 413
Outubro 10 296 7 753 11 294
Novembro 8 628 6 976 10 637
Dezembro 9 390 6 679 10 799
Total 134 708 5 858 158 131
Figura 21 - Consumo de aacutegua e produccedilatildeo de aacutegua residual mensal (m3) na empresa C
(2011)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Aacutegua da Rede Municiapl
Aacutegua do Furo
Agua residual Caudal mensal
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534 Empacotamento do leite
5341 Composiccedilatildeo dos Pacotes de leite
Segundo a empresa Tetra Pak as embalagens asseacutepticas de cartatildeo para alimentos
liacutequidos como as embalagens do leite satildeo obtidas por um processo de laminagem de
camadas alternadas de polietileno cartatildeo e folha de alumiacutenio Satildeo utilizadas para
embalar alimentos liacutequidos sem gaacutes atraveacutes da combinaccedilatildeo dos trecircs materiais da
seguinte forma do interior para o exterior (AFCAL 2012) (Figura 22)
Camadas interiores de Polietileno as duas camadas de polietileno evitam
qualquer contacto do alimento com as demais camadas protetoras da embalagem
e facilitam a soldadura
Folha de Alumiacutenio Protege o produto e assegura a sua longa duraccedilatildeo evitando
a passagem de oxigeacutenio luz e microrganismos
Camada de Polietileno Laminado Confere a aderecircncia da folha de alumiacutenio
ao cartatildeo
Cartatildeo Confere resistecircncia agrave embalagem e fornece superfiacutecie para impressatildeo
Camada Exterior de Polietileno Protege a embalagem da humidade exterior
Figura 22 - Estrutura de embalagens de cartatildeo para alimentos liacutequidos (leite) (Vale-
Paiva 2003)
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5342Enchimento
As maacutequinas de enchimento satildeo alugadas pela Tetra Pak Os rolos satildeo colocados na
maacutequina e as embalagens separadas automaticamente atraveacutes da accedilatildeo do calor (Figura
23) A selagem eacute tambeacutem efetuada atraveacutes de induccedilatildeo de calor A esterilizaccedilatildeo da
embalagem eacute adquirida agrave medida que esta passa por um banho de peroacutexido de
hidrogeacutenio Por accedilatildeo de uns rolos eacute retirado o excesso de peroacutexido sendo os resiacuteduos
evaporados com o auxiacutelio de ar quente esterilizado
O enchimento propriamente dito eacute efetuado numa cacircmara fechada e asseacuteptica onde eacute
dada forma agraves embalagens vazias que se encontram nos rolos O liacutequido eacute inserido e as
embalagens seladas (Paiva e Vale 2003)
Para que todo esse processo de enchimento se decirc satildeo necessaacuterios ter-se gastos com
eletricidade peroxido de hidrogeacutenios vapor e de aacutegua portanto a aacutegua envolvida nas
embalagens eacute inserida nas equaccedilotildees referentes ao leite UHT Desse modo satildeo
necessaacuterios 383 X10^10
L de aacutegua para o processo de embalamentoenchimento por
cada embalagem (Tabela 11)
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Figura 23 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica da fase de enchimento em embalagens Tetra
Brik Aseacuteptic (Vale-Paiva 2003)
Tabela 12 - Consumos meacutedios de materiais e de energia associados ao processo de
enchimento e embalamento por embalagem primaacuteria ECAL (Tetra Pak 2012)
Eletricidade [kW]
Vapor [kg]
Aacutegua [L]
Peroacutexido de
Hidrogeacutenio [L]
166times102
300times10-4
383times10-1
250times10-4
Selagem por induccedilatildeo
de calor
Tubo de
enchiment
o abaixo
do niacutevel do
liacutequido
Extremidades
seladas por
induccedilatildeo de
calor
Soluccedilatildeo
esterilizador
a (Peroacutexido
de
hidrogeacutenio)
Aacuterea de esterilizaccedilatildeo
fechada
Embalagem final
cheia e fechada
Rolo de embalagens
preacute-impresso
1Produto esterilizado introduzido na maacutequina de
enchimento
2Esterilizaccedilatildeo das embalagens antes de
entrarem na zona de enchimento
3Leite e embalagens combinados na zona
esterilizada
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54 Aacutegua associada ao ciclo de vida do gado leiteiro
O gado leiteiro tecircm uma longevidade meacutedia de 6 a 10 anos Em meacutedia produzem cerca
de 34 a 37 L de leite por dia volume este que seria para amamentar os novilhos mas
que vai diretamente para as maacutequinas de ordenha Estes novilhos quando retirados agraves
matildees satildeo alimentados com colostro e leite em poacute ateacute poderem consumir raccedilotildees e
forragens
O volume anual de produccedilatildeo de leite tem-se mantido ao longo dos uacuteltimos anos No
entanto Portugal investiu no sector de lacticiacutenios por via das associaccedilotildees de produtores
e da instalaccedilatildeo de novas induacutestrias tornando o Paiacutes autossuficiente e inclusivamente
criando meios para exportaccedilotildees Neste contexto salienta-se que Espanha eacute um dos
principais importadores acrescenta valor aos produtos e vende-os novamente a
Portugal
Atualmente existem 13 369 exploraccedilotildees agriacutecolas Accedilores das quais com bovinos satildeo 6
670 exploraccedilotildees (SREA 2012)
541 Composiccedilatildeo das raccedilotildees para o gado leiteiro
Segundo informaccedilotildees da Faacutebrica de Raccedilotildees de Santana existem trecircs tipos de raccedilotildees
nomeadamente as raccedilotildees (1) para vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo (2) para vacas
leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo (3) para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo
Para as raccedilotildees destinadas a vacas leiteiras de meacutedia produccedilatildeo os ingredientes satildeo
cereais (milho geneticamente modificado) bagaccedilos e outros produtos azotados de
origem vegetal subprodutos provenientes do fabrico de accediluacutecar e substacircncias minerais
com gluacuteten (produzido a partir de milho geneticamente modificado) Em resultado a
respetiva composiccedilatildeo eacute dominada por proteiacutena bruta (143) gordura bruta (22)
fibra bruta (100) cinzas (80) caacutelcio (180) foacutesforo (060) vitamina A (6000
UIkg) vitamina D3 (2 000 UIkg) vitamina E (10mgkg) e Cu (15mgkg)
Para as raccedilotildees para vacas leiteiras de meacutediaalta produccedilatildeo os ingredientes satildeo os
mesmos com alteraccedilotildees ao niacutevel das fraccedilotildees misturadas que conduzem a uma
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Joana Machado Paacutegina 46
composiccedilatildeo dominada pelas seguintes substacircncias proteiacutena bruta (165) gordura
bruta (21) fibra bruta (90) cinzas (79) e caacutelcio (190)
No caso do das raccedilotildees para vacas leiteiras de alta produccedilatildeo e agrave semelhanccedila das do 2ordm
tipo supramencionado os ingredientes satildeo os mesmos apenas com alteraccedilotildees ao niacutevel
composicional que passa a ser caraterizado pelos seguintes teores proteiacutena bruta
(200) gordura bruta (46) fibra bruta (110) e cinzas (83)
A aacutegua adicionada a estas raccedilotildees varia consoante a percentagem de mateacuteria huacutemida
existente na sua composiccedilatildeo onde o limite maacuteximo admissiacutevel de humidade estaacute nos
12 Segundo as informaccedilotildees cedidas pela faacutebrica de raccedilotildees Santana para cada 1000
kg satildeo inseridos 10 a 12 L de aacutegua dependendo da percentagem de mateacuteria huacutemida jaacute
existente A faacutebrica natildeo faz a contagem de adiccedilatildeo de aacutegua por isso satildeo valores
estimados
542 Consumo de aacutegua por dia do gado leiteiro
Uma vaca leiteira necessita de beber muita aacutegua diariamente uma vez que tambeacutem
perde muita aacutegua quer por salivaccedilatildeo (recuperando parte) quer por excreccedilotildees (urina
fezes suor) evaporaccedilatildeo da superfiacutecie do corpo respiraccedilatildeo e por uacuteltimo e natildeo menos
importante pelo leite Daiacute a aacutegua ser um nutriente essencial para a vaca leiteira que
proveacutem diretamente da aacutegua que bebe e da aacutegua inserida nos alimentos que ingere
A restriccedilatildeo de aacutegua nas vacas leiteiras induz agrave queda da produccedilatildeo uma vez que as
vacas sofrem desidrataccedilatildeo mais rapidamente do que qualquer outra deficiecircncia
nutricional e do qualquer outro animal
Comparando com outros animais domeacutesticos as vacas leiteiras necessitam de maior
quantidade de aacutegua em proporccedilatildeo ao tamanho do corpo principalmente devido agrave
quantidade que perdem no leite produzido que representa 80 do liacutequido
O organismo da vaca leiteira apresenta aproximadamente 55 a 65 de aacutegua A
quantidade de aacutegua que as vacas consomem depende de vaacuterios fatores como ingestatildeo
de mateacuteria seca condiccedilotildees climaacuteticas composiccedilatildeo da dieta fase de lactaccedilatildeo entre
outros fatores (AJAM 2012)
A ingestatildeo de aacutegua pode ser estimada como 35 litros para cada quilo de mateacuteria seca A
temperatura da aacutegua de certo modo influecircncia a quantidade que a vaca leiteira ingere
por dia porque a aacutegua tem que permanecer limpa e fresca diariamente (temperatura
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Joana Machado Paacutegina 47
ambiente) de preferecircncia protegida do sol tem que estar relativamente proacutexima da vaca
leiteira e tem que estar disposta em grandes quantidades para que vaca leiteira beba o
que for necessaacuterio
Em suma uma vaca em idade adulta (ie com mais de dois anos) consome em meacutedia
mais de 21 kgdia de mateacuteria seca (forragem de milho feno e raccedilatildeo) e bebe em meacutedia
65 Ldia a 75 Ldia de aacutegua E produz em meacutedia 35 L de leitedia
543 Anaacutelise do Ciclo de vida do produto
A Anaacutelise do Ciclo de Vida (ACV) eacute uma metodologia que proporciona uma avaliaccedilatildeo
qualitativa e quantitativa dos aspetos ambientais e potenciais impactes associados a
sistemas de produtos e serviccedilos Essa anaacutelise eacute feita sobre toda a ldquovidardquo do produto
desde o seu iniacutecio com a extraccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute ao final da ldquovidardquo quando
chega a resiacuteduo passando pela produccedilatildeo pela distribuiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo (NP EN ISO
14040) Conforme a mesma norma ACV eacute executada em quatro fases a definiccedilatildeo de
objetivo e alcance do estudo a anaacutelise do inventaacuterio a avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais e a interpretaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo Esta metodologia tem muitas aplicaccedilotildees
diretas com destaque para a conceccedilatildeo e melhoria de produtos (Figura 24)
Figura 24 Modelo ACV (NP EN ISO 14040)
Modelo da Analise do Ciclo de
Vida
Definiccedilatildeo de
objetivo e
alcance
Anaacutelise do
inventaacuterio
Avaliaccedilatildeo de impactes
ambientais
Inte
rpre
taccedilatilde
o e
av
alia
ccedilatildeo
Aplicaccedilotildees diretas
Conceccedilatildeo e melhoria de
produtos
Planificaccedilatildeo estrateacutegica
Desenvolvimento de
poliacuteticas puacuteblicas
Marketing
Outros
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Joana Machado Paacutegina 48
Para o caso em estudo produtos laacutecteos o ciclo de vida do produto inicia se na recolha
de mateacuteria-prima o leite O produtor recolhe o leite e entrega-o na receccedilatildeo da faacutebrica
Onde este iraacute sofrer um arrefecimento satildeo realizadas anaacutelises quiacutemicas para confirmar a
qualidade do leite para consumo e depois este eacute armazenado Posteriormente daacute-se
iniacutecio ao processamento do leite numa sequecircncia de operaccedilotildees que envolvem a
normalizaccedilatildeo clarificaccedilatildeo pasteurizaccedilatildeo homogeneizaccedilatildeo e armazenamento Aqui o
leite eacute selecionado para o tipo de produto O processamento dos derivados inicia-se com
a esterilizaccedilatildeo do leite este eacute concentrado e depois secado passa pela fermentaccedilatildeo e
coagulaccedilatildeo realizaccedilatildeo do tipo de derivado arrefecimento e embalagem (IRA2011) No
fim todos os produtos satildeo armazenados e expedidos para o mercado para iniciar uma
ldquosegunda faserdquo a utilizaccedilatildeo do produto pelo consumidor
A ldquoterceira faserdquo seraacute com o fim do produto que soacute se daacute quando este jaacute foi consumido
e as suas embalagens vatildeo para resiacuteduosreciclagem
De um modo muito sucinto o ACV considera trecircs etapas como jaacute foram referidas fase
de produccedilatildeo fase de utilizaccedilatildeo e fase de deposiccedilatildeo final Para cada uma dessas etapas o
uso de recursos como mateacuterias-primas materiais eletricidade combustiacuteveis entre
outros satildeo designados como as Entradas ou ldquoInputsrdquo As saiacutedas ou ldquoOutputsrdquo satildeo os
produtos que saem da faacutebrica os gastos de aacutegua em aacuteguas residuais emissotildees
atmosfeacutericas entre outros que foram necessaacuterios ao longo do fabrico do produto Um
esquema simplificado das Entradas e Saiacutedas do ciclo de produccedilatildeo encontra-se resumido
na Figura 25
Figura 25 Balanccedilo de Entras e Saiacutedas da faacutebrica para o ciclo de produccedilatildeo
Faacutebrica
Ciclo de produccedilatildeo
Inputs
Mateacuteria - prima
Aacutegua
Combustiacuteveis
Eletricidade
Outputs
Produtos
Aacuteguas Residuais
Emissotildees
atmosfeacutericas
Resiacuteduos
Energia
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Joana Machado Paacutegina 49
6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
O processamento dos dados cedidos pelas empresas estudadas permitiu determinar
valores meacutedios no periacuteodo que media entre 2008 e 2011 para o consumo de aacutegua (rede
municipal eou furo) a produccedilatildeo de aacuteguas residuais o volume de leite recebido nas
faacutebricas e o produto final (Tabela 13)
Estes valores apresentados na tabela 13 foram obtidos a partir das equaccedilotildees 2-7
(dependendo do tipo de produto) apresentadas no capiacutetulo 4 Foram efetuados caacutelculos
para duas opccedilotildees onde (1) opccedilatildeo eacute referente aos caacutelculos realizados com os valores das
Entras na faacutebrica Isto eacute a aacutegua presente no leite anual e a aacutegua (anual) necessaacuteria agrave
produccedilatildeo dos produtos e restantes processos que estatildeo envolvidos na produccedilatildeo de
modo a calcular-se o valor de H2O presente no produto final por ano A (2) opccedilatildeo eacute o
somatoacuterio do resultado apresentado na (1) opccedilatildeo ao resultado da eq3 ou seja o
somatoacuterio da aacutegua presente num tipo de produto final anual agrave aacutegua envolvida
parcialmente no gado leiteiro por ano O valor resultante da (2) opccedilatildeo eacute divido pelo
valor da produccedilatildeo final anual da faacutebrica e obteacutem-se a percentagem de H2O na produccedilatildeo
final
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B2
Leite UHT
2008 1ordf 126 250 2628
2ordf 175 252 0509 65
2009 1ordf 103 699 908
2ordf 71 552 14286 6
2010 1ordf 91 788 7874
2ordf 162 712 8588 6
2011 1ordf 73 424 7319
2ordf 134 397 589 55
C
Leite UHT
2011 1ordf 290 521 3264
2ordf 467 766 5121 92
Queijo
2011
1ordf 206 985 1468
2ordf 384 230 3325 126
Manteiga
2011
1ordf 211 617 1536
2ordf 388 862 3393 95
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Joana Machado Paacutegina 50
Tabela 13 - Aacutegua envolvida no processo fabril de cada produto para as unidades
industriais estudadas (continuaccedilatildeo)
A empresa A apresenta um consumo de aacutegua virtual de 739 678 0356 Lano
contabilizando o que entra na faacutebrica (contando com parte do ciclo de vida do gado
leiteiro) os pacotes a aacutegua de abastecimento e a aacutegua contida no leite recebido Quanto
ao que sai da faacutebrica em produtos e aacutegua residuais resume-se a 50 962 41875 L ano
Natildeo esquecendo que esta empresa soacute produz leite em poacute e manteiga sem sal
Na empresa B1 obteve-se um consumo de aacutegua virtual de 449 666 3942 Lano
comparativamente ao que sai da faacutebrica que equivale a 474516152 Lano Realccedila-se
que esta unidade fabril soacute produz queijos manteiga leite e lactosoro em poacute
Relativamente agrave empresa B2 estimou-se um consumo de aacutegua virtual de 135 978 6604
Lano enquanto o que sai eacute igual a 172044675 Lano Salienta-se que esta unidade
fabril soacute produz Leite UHT apesar de fazer parte da mesma empresa que possui a
unidade B1
Empresa Produto Ano Opccedilatildeo L H2O
L Leite
L H2O Produto final
B1
Queijo
2008 1ordf 200 136 3641
2ordf 221 151 1789 234
2009 1ordf 246 905 4224
2ordf 466 797 9329 257
2010 1ordf 258 496 3994
2ordf 475 036 129 26
2011 1ordf 260 433 8293
2ordf 482 828 1566 25
B1
Manteiga
2008 1ordf 319 231 7427
2ordf 540 382 9216 153
2009 1ordf 254 190 7816
2ordf 474 083 2921 12
2010 1ordf 240 425 0996
2ordf 456 964 8292 127
2011 1ordf 257 692 3862
2ordf 480 086 7135 129
A
Manteiga
+
Leite em Poacute
2008 1ordf 621 599 5243
2ordf 634 517 000 32
2009 1ordf 828 542 0485
2ordf 840 877 000 45
2010 1ordf 719 846 301
2ordf 732 551 571 38
2011 1ordf 738 265 1845
2ordf 750 766 5715 41
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 51
Quanto agrave empresa C e na medida que soacute foram cedidos dados para um uacutenico ano soacute se
efetuaram estimativas com referecircncia a 2011 Neste caso o consumo de aacutegua virtual eacute
igual a 413 619 728 Lano e a saiacuteda foi calculada em 84 538 48825 Lano Esta
empresa soacute produz queijos manteiga leite UHT e natas
O uacutenico ano que se tem como referecircncia comum para as trecircs empresas eacute 2011 sendo
passiacutevel de comparaccedilatildeo para verificar quais as que consomem mais aacutegua virtual nos
seus produtos (Figuras 26 27 e 28) A empresa B1 eacute a que tem maior consumo de aacutegua
virtual nos seus produtos quer seja manteiga ou queijo em termos percentuais No caso
da empresa C esta tem maior consumo de aacutegua virtual nos produtos UHT comparando
com a empresa B2 O mesmo jaacute natildeo acontece para os restantes produtos que a empresa
C produz (queijos manteigas e leite em poacute) Ainda em valores percentuais os mais
baixos satildeo os valores da empresa A que eacute a que menos consome aacutegua virtual nos
processos dos seus produtos (Figuras 20 e 21)
O fabrico de cada tipo de produto necessita de uma determinada percentagem de leite
que entra na empresa Por exemplo uma empresa que tenha trecircs tipos de produtos
(queijo manteiga e leite em poacute) como a emrpesa B1 o leite que entra por mecircs eou por
ano cerca de 60 desse leite aproximadamente iraacute para a produccedilatildeo dos queijos e os
restantes 40 iratildeo para a produccedilatildeo de manteiga e leite em poacute No caso de empresa B2
100 do leite que entra na faacutebrica vai para o produto UHT
No caso da empresa C que produz leite UHT queijo e manteiga a percentagem de leite
teraacute que ser distribuiacuteda de forma diferente das outras empresas sendo aproximadamente
30 para o fabrico de queijo 20 divido para a manteiga e os restantes 50 para
UHT
Na empresa A 100 de leite que entra na empresa parte vai para a manteiga e outra
parte vai para o leite em poacute
A empresa B2 por conter dados mais completos e especiacuteficos que a empresa C
utilizamos como referecircncia para achar a quantidade de aacutegua virtual presente num Litros
de leite UHT Assim sendo e realizando uma meacutedia dos quatros anos de referecircncia 1L
de leite conteacutem 6 L de aacutegua (soacute referente ao ciclo de produccedilatildeo do produto)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 52
A empresa B1 seraacute utilizada como a empresa de referecircncia para o queijo e manteiga
deste modo 1kg de queijo conteacutem em meacutedia 23 L de aacutegua enquanto que a manteiga
num kg conteacutem 13 L de aacutegua virtual Estes satildeo nuacutemeros estimados
Todos os valores obtidos nos caacutelculos efetuados para os diferentes produtos laacutecteos satildeo
valores aproximados e neles natildeo constam os valores inerentes na pastagem Isto eacute natildeo
constam os valores da aacutegua envolvidos na alimentaccedilatildeo do gado leiteiro
Para se chegar estes valores seria necessaacuterio saber a quantidade de aacutegua envolvida nas
raccedilotildees na forragem e na erva (necessitaria saber tambeacutem a precipitaccedilatildeo anual da regiatildeo
e os adubosfertilizantes que os produtores colocam nas pastagens para produzir mais
erva)
Estes valores (alimentaccedilatildeo eou pastagem) somados aos valores do ciclo de produccedilatildeo
seriam valores proacuteximos semelhantes dos valores estimados por Hoekstra e Chapagain
(ex 200 ml de leite 200 L de aacutegua virtual neste sentido 1L leite 100 000 L aacutegua
virtual) (Hoekstra e Chapagain2007b)
Figura 26 - Percentagem de aacutegua virtual contida na manteiga para as empresas A B1 e
C (2011)
C 22
B1 70
A 8
Manteiga
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 53
Figura 27 - Percentagem de aacutegua virtual contida no queijo para as empresas B1 e C
(2011)
Figura 28 - Percentagem de aacutegua virtual contida no leite UHT para as empresas B2 e C
(2011)
B1 66
C 34
Queijo
63
37
Leite UHT
B2 C
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 54
Na ilha de Satildeo Miguel natildeo existem soacute as trecircs empresas de lacticiacutenios estudadas e desta
forma para se estimarem volumes de aacutegua virtual mais proacuteximos da realidade da RAA
recorreu-se aos dados do SREA referentes agrave recolha de leite diretamente do produtor
Neste contexto e recorrendo agrave oitava equaccedilatildeo do quarto Capitulo apresentam-se os
resultados finais estimados para os quatro anos do valor em litros de aacutegua contida no
leite que eacute recolhido diretamente do produtor na Ilha de Satildeo Miguel (Tabela 14) Dos
dados anuais apurados verifica-se um aumento de 2008 para 2009 seguido de um
decreacutescimo no periacuteodo de 2009 a 2011
Tabela 14 - Aacutegua virtual presente no leite recolhido diretamente do produtor para a Ilha
de Satildeo Miguel
2008 2009 2010 2011 Meacutedia Total
Ilha de
Satildeo
Miguel
329 627 021 X
80= 263 701
617 L
340 405 998 X
80= 272 324
798 L
339 702 819 X
80= 271 762
255 L
318 246 409 X
80= 254 597
127 L
331 995 618 X
80= 265 596
4494 L
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 55
Extrapolando para as restantes sete das oito ilhas com produccedilatildeo de leite para a induacutestria
de lacticiacutenios obtiveram-se os resultados constantes na Tabela 15
Satildeo Miguel inicialmente (2008-2009) aumentou os seus valores na recolha de leite
diretamente na produccedilatildeo para a induacutestria seguindo-se de uma diminuiccedilatildeo na recolha do
leite de 2009 ateacute 2011 Em meacutedia Satildeo Miguel recolhe de leite 331 995 618 L por ano o
que daacute um valor de aacutegua envolvida neste leite recolhido de 265 596 4494 L (80 de
aacutegua contida no leite) No caso da Terceira a evoluccedilatildeo da recolha do leite para a
industria tomou a mesma proporccedilatildeo que Satildeo Miguel sendo com valores de 108 614
0656 L de aacutegua em meacutedia total anual contida no leite recolhido (135 767 580 L de
leite) A terceira com maior produccedilatildeo eacute Satildeo Jorge com uma meacutedia total anual de 28 788
1505 L de leite para 23 030 5204 L de aacutegua presente no leite
As restantes cinco ilhas tiveram a mesma evoluccedilatildeo que as trecircs anteriores mas com
valores de recolha muito menores por serem ilhas de menor produccedilatildeo variando entres
12 560 084L de recolha de leite (10 048 067 L de aacutegua no leite) para o Faial e o menor
valor eacute no Corvo com 13 88825 L de recolha de leite (111106 L de aacutegua no leite)
Um total de 2 856 351 905 L de aacutegua virtual no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
refere-se agrave aacutegua virtual da RAA (o somatoacuterio de aacutegua virtual das 8 ilhas com produccedilatildeo
para a industria de lacticiacutenios) Eacute uma quantia de aacutegua muito significativa e que quando
se fala em produtos laacutecteos natildeo pensamos que no ciclo de produccedilatildeo de um produto
possa conter tanta aacutegua
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 56
Tabela 15 - Aacutegua virtual contida no leite de vaca recolhido diretamente da produccedilatildeo
para a induacutestria de lacticiacutenios na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
2008 329 627 021
X 80=
263
701 617 L
129 312
746 X
80= 103
450 1968 L
7 909 254
X 80= 6
327 403 L
27 771 834
X 80= 22
217 467 L
6 896 744 X
80= 5 517
395 L
12 594 346
X 80= 10
075 477 L
785 179 X
80= 628
1432 L
16 860 X
80= 13
488 L
2009 340 405 998
X 80=
272
324 798 L
138 353
863 X
80= 110
683 090 L
8 112 299
X 80= 6
489 839 L
29 848 324
X 80= 23
878 659 L
8 544 727 X
80= 6 835
782 L
13 187 592
X 80= 10
550 074 L
1 690 260
X 80= 1
352 208 L
38 693 X
80= 30
954 L
2010 339 702 819
X 80=
271 762 255
L
136 515
935 X
80= 109
212 748 L
7 994 445
X 80= 6
395 556 L
28 956 554
X 80= 23
165 243 L
8 399 352 X
80= 6 719
482 L
12 350 878
X 80= 9
880 702 L
1 497 168
X 80= 1
197 734 L
0 L
2011 318 246 409
X 80=
254 597 127
L
138 887
784 X
80= 111
110 22720
L
7 836 356
X 80= 6
269 085 L
28 575 890
X 80= 22
860 712 L
8 561 298 X
80= 6 849
038 L
12 560 084
X 80= 10
048 067 L
1 080 709
X 80=
864 567 L
0 L
Meacutedia total 331 995 618
X 80=
265 596
4494 L
135 767
580 X
80= 108
614 0656 L
7 963
0885 X
80 = 6
370 4708
L
28 788
1505
X80= 23
030 5204 L
8 089
28025
X80= 6
471 4242 L
9 524 641 X
80= 7 619
71331 L
1 263 329
X 80= 1
010 6632
L
13
88825
X80=
11 1106
L
Aacutegua
Virtual na
meacutedia total
1 593 578
696
651 684
3936
382 228
2248
138 183
1224
38 828
5452
45 718
27986
6 063
9792
66 6636
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 57
Satildeo Miguel eacute a ilha com maior recolha de leite diretamente de produccedilatildeo (64)
seguindo-se com 23 a Terceira posteriormente satildeo Jorge com 6 Pico Faial estatildeo
no meio com percentagens semelhantes 2 e por uacuteltimo Graciosa flores e corvo com
1 a minoria de recolha de leite (Figura 29)
Figura 29 Meacutedia da percentagem de aacutegua virtual contida no leite recolhido diretamente
da produccedilatildeo na RAA
Considerando os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto laacutecteo em Satildeo Miguel
para o ano de referecircncia 2011 nomeadamente de leite (74 654 170 L) de queijo (18 449
821 kg) e de manteiga (4 674 276 kg) (SREA 2012) e os respetivos valores unitaacuterios
de aacutegua virtual anteriormente mencionados pode ser estimado o volume de aacutegua
associado Neste contexto ao leite estatildeo associados cerca de 448 000 m3 ao queijo 424
00 m3 e agrave manteiga 61 000 m
3 Realccedila se novamente que estes valores natildeo incluem os
valores referentes agrave pastagem
Para a RAA os valores de produccedilatildeo de cada tipo de produto no mesmo ano de
referecircncia satildeo respetivamente iguais a 85 222 000 L (leite) 22 057 000 kg (queijo) e 6
773 000 kg (manteiga) (SREA 2012) Da mesma forma que a estimativa anterior os
64
23
1 6
2 2 1 1
Meacutedia da de H2O no leite recolhido diretamente da produccedilatildeo
na RAA
Satildeo Miguel Terceira Graciosa Satildeo Jorge Pico Faial Flores Corvo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 58
valores de aacutegua virtual associados satildeo elevados e respetivamente iguais 511 000 m3
(leite) 507 000 m3 (queijo) e 88 000 m
3 (manteiga)
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 59
7 CONCLUSOtildeES
A presente dissertaccedilatildeo eacute pioneira na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores e por tal motivo
existiram algumas limitaccedilotildees no presente estudo A ideia da presente dissertaccedilatildeo eacute
chegar o mais proacuteximo possiacutevel a nuacutemeros que mostram a realidade dos gastos de aacutegua
num determinado sector eou produto
Visto a aacutegua virtual ser um tema relativamente recente onde natildeo se averiguam estudos
em variados sectoresprodutos deparamo-nos com algumas limitaccedilotildees e dificuldades ao
longo deste estudo
De certo modo o ciclo do gado teve que ser estimado o mais proacuteximo possiacutevel natildeo
existindo assim um nuacutemero exato para a alimentaccedilatildeo Foi complicado achar dados
especiacuteficos sobre quantidades de aacutegua envolvente nas raccedilotildees forragens misturas etc As
empresas de raccedilotildees trabalham com dados estimados natildeo tecircm registo destas produccedilotildees
por exemplo
Outra limitaccedilatildeo foram algumas das empresas de lacticiacutenios natildeo nos cederam alguns os
dados pedidos que eram necessaacuterios neste estudo e entregaram os dados fora tempo
estipulado o que tornou o estudo mais generalista
Ainda assim com essas limitaccedilotildees foi possiacutevel calcular o valor da aacutegua virtual nos
produtos laacutecteos das empresas que colaboraram e no sector dos lacticiacutenios na RAA Nas
empresas verificou-se o que jaacute seria de esperar que o facto de uma receber mais leite e
consequentemente produzir mais implica que seja essa mesma empresa a consumir mais
aacutegua virtual nos seus produtos O caso da empresa B1 recebe mais logo produz mais
sendo que consome quase 50 a mais de aacutegua virtual relativamente agrave empresa C ou ate
mesmo a A (que eacute a que menos consome) Para as empresas com produccedilatildeo de queijo e
manteigas natildeo foi possiacutevel calcular valores de consumo de aacutegua para os pacotes
envolventes Esses caacutelculos foram na iacutentegra possiacuteveis para o raciocino do caacutelculo aacutegua
virtual no produto leite UHT Isto eacute para as empresas B2 e C em 2011 foi possiacutevel
calcular o valor da aacutegua virtual com os pacotes o que deu valores muito interessantes
em meacutedia e em proporccedilatildeo o valor de aacutegua envolvido em todo o processo de fabrico do
leite ate ao produto por ano sobre a aacutegua envolvida no produto finalano daacute cerca de 6
isto para a empresa B2 NO caso da C o valor foi menor mas tambeacutem porque soacute temos
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 60
como anaacutelise um uacutenico ano (2011) natildeo sabemos como evolui a produccedilatildeo nesta empresa
e tambeacutem porque recebe menos leite que a empresa B2
Para os queijos os valores satildeo de igual modo elevados na empresa B1 a meacutedia em
percentagem ronda os 25 de aacutegua envolvida no processo do produto (natildeo contanto
com valores exatos como o dos pacotes e o ciclo de vida do gado leiteiro por
completo) Na manteiga o valor eacute de 12 a 15 de aacutegua envolvida na produccedilatildeo do
produto nas mesmas condiccedilotildees que o queijo natildeo satildeo valores exatos mas satildeo muito
proacuteximos Jaacute as empresas C e A os valores satildeo bem menores que os valores da empresa
B1
Quanto ao consumo de aacutegua virtual na RAA eacute um consumo bastante acentuado
inclusive para as ilhas de maior produccedilatildeo como Satildeo Miguel Terceira e Satildeo Jorge Nas
contas realizadas agrave produccedilatildeo laacutectea na regiatildeo eacute preciso ter ndash se em conta que foram
caacutelculos simples baseados na recolha de leite diretamente da produccedilatildeo nesses caacutelculos
natildeo foram estimados valores como o ciclo do gado leiteiro ou ateacute mesmo os valores
gastos na produccedilatildeo da embalagens e pacotes Os valores dos gastos das faacutebricas
tambeacutem natildeo entram nesses caacutelculos da regiatildeo pois natildeo haviam dados suficientes que
dessem para calcular valores exatos ou proacuteximos
Em suma o consumo de aacutegua que diariamente envolve os processos quer de produccedilatildeo
laacutectea quer outra produccedilatildeo noutro sector envolve valores elevados de aacutegua com boa
qualidade boa para consumo e quiccedilaacute com qualidade a ldquomaisrdquo para ser gasta com certos
processos que talvez possam utilizar outro tipo de ldquoaacuteguardquo por exemplo Como o caso de
empresa A que criou ldquosistemas de aacuteguardquo que favoreccedila o lucro da produccedilatildeo
Aacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios na Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores
Joana Machado Paacutegina 61
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ANEXO 1
No acircmbito da dissertaccedilatildeo com o tema ldquoAacutegua Virtual no Sector dos Lacticiacutenios da
RAArdquo Segue-se o seguinte questionaacuterio Sobre os produtos Laacutecteos que a empresa
produz e sobre os consumos de aacutegua nos processos envolvidos na produccedilatildeo
Questotildees Respostas
1 Que quantidade de leite que entra
na faacutebrica por mecircs e por ano
2 Quais os produtos que produz a
faacutebrica
3 Que quantidades satildeo produzidas
por mecircs e por ano dos diferentes
produtos (separados)
4 Para 1Kg de queijo quantos L de
aacutegua satildeo usados
5 E para 1Kg manteiga quantos
litros de aacutegua satildeo usados
6 E para as natas satildeo necessaacuterios
quantos L de aacutegua
7 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada pela faacutebrica por mecircs e
por ano
8 Tecircm captaccedilatildeo privada na faacutebrica
Que quantidade de aacutegua eacute retirada
pelo furo por mecircs e por ano
9 Que quantidades de aacuteguas
residuais produzem na faacutebrica
10 Que quantidade de aacutegua eacute
utilizada para refrigeraccedilatildeo
11 Tecircm um esquema do ciclo de
produccedilotildees que possam
disponibilizar
Obrigada pela sua colaboraccedilatildeo
Joana Machado
ANEXO II
Processo produtivo
Armazenamento
Arrefecimento
Receccedilatildeo
Desnate
Armazenamento
desnatado
Armazenamento
nata
Produccedilatildeo
Manteiga Estandardizaccedilatildeo Armazeacutem
Enchimento
Secagem
Homogeneizaccedilatildeo
Concentraccedilatildeo
Pasteurizaccedilatildeo
ANEXO III
Anexo I - FIUxoGRAMA Genll oo Pnocesso Pnoourrvo
i-iacuteiacuteiacutea-----t-
AgravelG= l6-11
Acirccigravedez= E-17 C
NaCl r291sal e0 lsnal
lIgraveunitlaamp l6qocirc
Mrtr-gg
Expdrccedilatildeo
Qucilo Fabnco
Quumlcijo Aograveiumlbaacutemcnio | fictizaccedilatilde I
s9mq9mExpediccedilatildeo
_t-I Armazenageln llcnrP
ric--T--
t-llCotdo eml
I u l
t Epdtccedilatilde I
Sacos de 25Kg
I+IacutefilAtildeqol
IfPrlrrccedilagrave I-T-fgtpdiccedilatilde I
crnp lmbrcilla
l ll]j n u uo0
iacute lAcirccrdcz I - 2l Igrave)--Iacutet
IY
Tratamento do
Soro
lGi6otildeatildeatilde-lt5c 16 I I rrcras
J
tit=tstl
lfficcedillrrir iumlhnin-T--I Dtrhccedilatilde1
LeiteMago
em Poacute
Saco Atrn saco plaacutestico
roacutetulo celofane filmeplaacutestico tabuleiro placa
separadora caixa de callatildeo
I E-pdiccedilatilde I