grupo wilson - escola como burocracia e escola como democracia

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Page 1: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Departamento de Ciências da Educação

Ano Lectivo: 2009/2010

2º Ano / 2º Semestre

1º Ciclo em Ciências da Educação

Unidade Curricular de Gestão de Projectos em Educação

IMAGENS ORGANIZACIONAISDA ESCOLA

Docente: Nuno Fraga

Discentes:

Fábio Sousa;

Isabel Ferraz;

Mónica Oliveira;

Petra Gaspar;

Sónia Freitas;

Wilson Barros.

Page 2: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

CAPÍTULO II

ESCOLA COMO BUROCRACIA

Page 3: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Segundo Weber “A razão decisiva para o progresso da organização burocrática foi

sempre a superioridade puramente técnica sobre qualquer outra forma de organização.”

(Costa, 2003, p. 39 citando Weber, 1979)

O modelo burocrático de organização desenvolveu um quadro conceptual e teórico

que consiste na caracterização dos sistemas educativos e das escolas, que são os seguintes:

-centralização das decisões dos órgãos dos ministérios da educação, devido a ausência de

autonomia das escolas;

-regulamentação de todas as actividades devidamente pormenorizadas;

-previsibilidade de funcionamento da organização escolar;

Page 4: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

-formalização, hierarquização e centralização da estrutura organizacional dos

estabelecimentos de ensino;

-obsessão pelos documentos escritos (arquivomania)

-actuação rotineira com base no cumprimento de normas;

-uniformidade e impessoalidade nas relações humanas;

-pedagogia uniforme: organização pedagógica; os mesmos conteúdos disciplinares e

metodologias para todas as situações;

-concepção burocrática da função do docente.

(Costa, 2003, p.39 )

Page 5: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

1. Fundamentação Teórica

Max Weber foi pioneiro no que concerne à teorização burocrática enquanto

modelo organizacional. Segundo Weber (1979) e Giddens (1984), entendem dois

conteúdos significativos da teoria weberiana.

Por um lado o desenvolvimento do capitalismo, a tendência geral para a

racionalização insere-se numa interacção de alguns factores, do qual o principal cinge-se

na expansão do mercado capitalista. Por outro lado, o desenvolvimento das exigências da

democracia, “O crescimento do estado burocrático relaciona-se com o progresso da

democratização política (…)” (Costa, 2003, p. 41 citando Giddens, 1984)

Page 6: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Segundo Weber (1979) o estado moderno, capitalista e democrático, depende

de um desenvolvimento incondicional da burocracia.

“(…) Estado moderno é absolutamente dependente de uma base burocrática.” (Costa,

2003, p. 41 citando Weber, 1979)

A burocracia desenvolvida por Weber como tipo ideal traduz-se na igualdade

de tratamento perante a lei no carácter universal e abstracto. Ou seja, relaciona-se com a

democracia em massa. “ (…) princípio característico da burocracia: a regularidade

abstracta da execução da autoridade que por sua vez resulta da procura de «igualdade

perante a lei» no sentido pessoal e funcional. ” (Costa, 2003, p. 42 citando Weber, 1979)

Page 7: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Assim sendo, Weber conclui que a burocracia constitui o modelo mais puro da

autoridade legal e portanto de organização administrativa.

“ A experiência tende a mostrar universalmente que o tipo burocrático mais

puro da organização administrativa (…) é capaz de atingir o mais alto grau de eficiência

(…)” (Costa, 2003, p. 42 citando Weber, 1971)

Enquanto tipo ideal, a burocracia surge como modelo organizacional

caracterizada globalmente pela racionalidade e eficiência (objectivos da administração

cientifica de Taylor).

Page 8: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Weber (1979) propõe-nos seis grupos de características da organização

burocrática, que são:

1. Existência de normas e regulamentos que fixam cada “área de jurisdição”;

2. Estruturação hierárquica da autoridade;

3. Administração com base em documentos escritos devidamente preservados;

4. Princípio da especialização e do “treinamento” específico do cargo;

5. Exigência ao funcionário de “plena capacidade” de dedicação ao trabalho;

6. Desempenho de cada cargo com base na universalidade, uniformidade e estabilidade das

regras gerais.

(Costa, 2003, p. 43)

Page 9: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Segundo Beetham (1988), reduz esse grupo em quatro conceitos:

-hierarquia;

-continuidade;

-impessoalidade;

-competência.

Por outro lado, seguindo o quadro conceptual de Weber, Richard Hall (1971)

utilizando onze características da organização:

1. Hierarquia da autoridade;

2. Divisão do trabalho;

3. Competência técnica;

Page 10: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

4. Normas de procedimento para a actuação no cargo;

5.Normas que controlam o comportamento dos empregados;

6.Autoridade limitada do cargo;

7.Gratificação diferencial do cargo;

8.Impessoalidade dos contactos pessoais;

9.Separação entre propriedade e administração;

10.Ênfase nas comunicações escritas;

11.Disciplina racional.

Page 11: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

A Burocracia é cada vez mais alvo de críticas através da literatura.

Peter e Hull (1973) em “O Princípio de Peter” tentam investigar a competência dos

trabalhadores nas organizações bem como seu percurso de promoção hierárquica.

Princípio de Peter:

“Numa hierarquia todo o empregado tende a ser promovido, até o seu nível de

incompetência. (Costa,2003, p.46 citando Peter e Hull,1973)

2. Sátiras à Burocracia

Page 12: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

- Lodi faz-nos uma crítica sobre alguns autores, que apontam nas suas

obras apenas as falhas da organização, ao invés de propor soluções.

- Vemos então que a sátira e a crítica fazem com que as pessoas se

questionem sobre os procedimentos, comportamentos e a verdadeira realidade

de muitas organizações

Page 13: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

 

A educação tornou-se uma das funções do Estado. A lógica burocrática tomou

conta das várias funções do Estado e consequentemente do Sistema educativo.

Interpretação de vários autores na linha de Max Weber (associam a expansão

quantitativa e complexificação organizacional ao desenvolvimento

burocrático).

Crozier (1963), autor do livro Le Phénomère Bureaucratique depois de caracterizar o

Sistema Social francês como burocrático, refere-se ao Sistema Educativo

igualmente burocrático, em que a centralização e a impessoalidade são

extremas.

3. Organização Burocrática da Escola

Page 14: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Pedagogia e Acto de Ensino - existência de um “fosso” entre o mestre e o aluno.

Reproduz a separação estratificada do Sistema Burocrático

Conteúdos Abstractos

Inexistência de contacto com problemas do quotidiano e vida pessoal do aluno

Confere demasiada importância à selecção de “pequenas elites”

Burocracia - Modelo caracterizador da Administração Pública

- Modelo caracterizador dos Sistemas Educativos

- Relação Pedagógica

- Conteúdos leccionados

- Selecção e preparação das elites

Page 15: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

“ De facto, a vida escolar apresenta os mesmos grandes traços das carreiras nas grandes

burocracias públicas e privadas para onde se destinam os “frutos” da escola” (Costa, 2003,

p. 49 citando Crozier 1963)

Hoy e Miskel (1986)

Conflito entre o comportamento profissional e o comportamento Burocrático.

As Instituições de Ensino são organizações Formais partilhando das mesmas características

das organizações burocráticas.

Modelo Burocrático – adoptado pela maioria dos administradores escolares

“ (…) razão pela qual a utilização do modelo pode prever com correcção

certos tipos de comportamentos nas escolas” (Costa, 2003, p. 50 citando Muñoz e

Roman,1987)

Page 16: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Imagem Burocrática da Escola

objecto de estudo de investigadores em Educação

É mais comum em países em que a administração é mais centralizada.

As escolas usufruem de margens mínimas de autonomia e são sujeitas a uma

regulamentação mais rigorosa e pormenorizada.

“Esta visão burocrática encontra-se facilmente no nosso país, porque o modelo

centralizado de administração escolar tem levado, desde há muitos anos, a uma

regulamentação minuciosa dos centros escolares públicos” (1989:122)

Page 17: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Portugal

Segundo investigações realizadas sobre a administração do Sistema Educativo e

organização da Escola, a Teoria da Burocracia tem vindo a ocupar um lugar de

destaque.

João Formosinho (1987) dá importância a seis características apontadas por Max

Weber:

- legalismo;

- uniformidade;

- impessoalidade;

- formalismo;

- centralismo;

- hierarquia.

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João Formosinho descreve o sistema escolar português como uma administração

burocrática centralizada (relação com o Estado Novo)

Educação para a passividade/ conformismo

Objectivos políticos (transmitir uma cultura geral e uniforme).

“O Estado Novo era um Estado Administrativo, ou seja, um estado onde todas as

decisões, mesmo as decisões políticas são feitas por uma Administração Pública

centralizada (…) nesta situação a participação dos cidadãos na vida pública é

impossível e mesmo participação de muitas áreas da elite é desencorajada – a

passividade é efectivamente perseguida. ” (Costa, 2003, p.51 citando Formosinho,

1987)

Page 19: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

CAPÍTULO III

ESCOLA COMO DEMOCRACIA

Page 20: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Surgiu um conceito polissémico indicando a imagem organizacional como:

- Desenvolvimento de processos participativos na tomada de decisões;

- Utilização de estratégias de decisão colegial através da procura de consensos partilhados;

- Valorização dos comportamentos informais na organização relativamente à sua estrutura formal;

- Incremento do estudo do comportamento humano (necessidades, motivação,

satisfação, liderança) e defesa da utilização de técnicos para a “correcção” dos desvios

(psicólogos, assistentes sociais, terapeutas comportamentais);

- Visão harmoniosa e consensual da organização;

- Desenvolvimento de uma pedagogia personalizada;

(Costa, 2003, p. 55-56)

Page 21: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

1.Fundamentação Teórica

É dada agora mais atenção ao comportamento das pessoas em grupo: “o homem não é

uma máquina, mas um ser social” (Costa, 2003, p. 57), invertendo o que anteriormente era

vigente nas investigações.

O homem passa a ser visto como humano, de maneira a que o trabalho seja mais

produtivo.

“É necessário […] procurar ter empregados psicologicamente satisfeitos, o rendimento

seguir-se-á mais durável, caso contrário depressa conhecerá o declínio. Chega-se lá

através dos sentimentos, da vida em grupo, do sistema informal, do afectivo” (Costa,

2003, p.57 citando Aktouf, 1989)

Page 22: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

A Teoria das Relações Humanas de Elton Mayo é a responsável pela fundamentação

teórica sobre esta imagem organizacional e teve por base as Experiências de

Hawthorne .

Imagem 1 - Fonte: teoria geral da ADM

Page 23: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Segundo Etzioni (1984), citado por Costa (2003, p. 58), podemos sistematizar em cinco

as conclusões da Experiência de Hawthorne:

- O nível de produção não depende da capacidade fisiológica do trabalhador, mas é

estabelecido por normas sociais;

- As recompensas e sanções não - económicas (em particular as de tipo simbólico como,

por exemplo, o respeito e a afeição dos colegas) influenciam significativamente o

comportamento dos trabalhadores;

- Os trabalhadores não agem ou reagem como indivíduos (de forma isolada) mas como

membros de grupos (por exemplo, é difícil que um indivíduo estabeleça por si mesmo a

sua quota de produção);

- O reconhecimento do fenómeno de liderança, formal ou informal, é visto como

pressuposto básico para o estabelecimento e imposição das normas do grupo;

- A comunicação entre as diversas posições hierárquicas, a participação nas decisões e a

liderança democrática passaram a ser salientadas como processos essenciais na actuação no

contexto organizacional.

Page 24: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

As Experiências de Hawthorne vieram demonstrar que os gestores não só necessitam de

planificar, organizar, dirigir e controlar o trabalho, mas também de construir

constantemente uma organização social humana. (Costa, 2003, p. 58 citando Hampton,

1986)

A perspectiva taylorista é substituída pelo estudo do homem social em constante

interacção com os outros. A administração passou, então, a olhar para os fenómenos

grupais que acabou por cair num culto do grupo:

“ Esta abordagem teve um forte impacto na teoria e prática da gestão, especialmente

porque era tão contrária aos pressupostos da administração científica. O impacto foi de tal

ordem que o culto do grupo começou a dominar o pensamento da gestão” (Handy, 1985:

441).

Page 25: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Imagem 2 – Fonte: http://historiadadministracao.blogspot.com/2009/05/elton-mayo-biografia.html

Page 26: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Com Hawthorne fica de parte a tradicional visão racionalista e mecanicista do

indivíduo e dá luz a um novo entendimento do trabalhador, que deixa de ser visto como

mais um elemento para trabalhar, para aparecer como pessoa pertencente a uma sociedade

com interesses pessoais, com emoções, sentimentos e desejos.

“Hawthorne é onde o «trabalhador sentimental» se constitui como objecto da

ciência social […] foi nesta altura que o trabalhador foi formalmente descoberto como

detentor de sentimentos […] e de necessidades interpessoais” (Costa, 2003, p. 59 citando

Hollway, 1991).

Page 27: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Teoria Comportamental

“uma das mais democráticas teorias administrativas” (Costa, 2003, p. 60 citando

Chiavenato, 1983)

O interesse pelas pessoas assume uma dimensão mais profunda.

Porquê??

Porque os objectivos prioritários desta perspectiva são a completa utilização das

habilidades e capacidades dos indivíduos em ordem à sua satisfação e crescimento

pessoal, e à sua realização e desenvolvimento interior (Bowditch & Buono, 1992: 12)

Page 28: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Perspectiva do Desenvolvimento Organizacional

É vista como…

- Uma aplicação e um prolongamento da teoria comportamental ao desenvolvimento da

organização, traduzindo-se numa maior e mais sistemática atenção prestada ao

desenvolvimento da competência e eficácia no funcionamento geral da organização

(Costa, 2003, p. 60-61 citando Bowditch & Buono, 1992)

- Uma perspectiva que resulta da necessidade de adaptação, flexibilidade e mudança

com que as organizações, que pretendem o sucesso se deparam, tendo em conta os

ambientes cada vez mais instáveis e turbulentos.

- Diferentes estratégias de mudança que deixam de ser efectuadas somente a partir das

pessoas e dos grupos e passam a decorrer com base num modelo mais amplo situado

ao nível da alteração de toda a organização.

Page 29: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Em suma…

“A teoria das relações humanas, […] ao valorizar as pessoas e os grupos, a visão

harmoniosa e consensual da organização, os fenómenos de cooperação e participação, a

satisfação e realização dos trabalhadores – constitui a fundamentação teórica, em termos

organizacionais, da imagem democrática da escola” (Costa, 2003: 61) .

Page 30: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Um dos autores marcantes no desenvolvimento da concepção democrática da escola, foi John

Dewey.

Este concebe a educação como preparação para a vida em sociedade e a escola como cadinho

onde essa preparação se processa.

“ (…) deveremos criar nas escolas uma projecção do tipo de sociedade que desejaríamos realizar;

e formando os espíritos de acordo com esse tipo, modificar gradualmente os principais e mais

recalcitrantes aspectos da sociedade adulta”. ( Costa, 2003, p.62 citando Dewey, 1959)

As escolas devem estar ao serviço da sociedade e da mudança social, onde Dewey defende um

modelo de estabelecimento de ensino (…), de acordo com um processo educativo activo

(learning by doing). – Baseado na experiência e no trabalho manual, moldando o indivíduo para

a vida social.

2. A Escola Democrática

Page 31: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Este autor idealizava, “(…) transformar cada uma das nossas escolas numa

comunidade embrionária de vida, repleta de ocupações que sejam o reflexo da vida da

sociedade no seu todo e permeada por um espírito de arte, de história e ciência (…)” (Costa,

2003, p.63 citantando Dewey,1959)

Dewey apresenta-nos uma concepção de educação como experiência democrática e

uma escola para a cidadania que, supõe uma organização baseada nos princípios e nas

práticas da sociedade democrática (escola-comunidade democrática),

Metodologias activas, participativas (self-governement).

Em Portugal, um dos seguidores das propostas Deweyianas, foi António Sérgio, filósofo e

pedagogo que criou o projecto de municípios escolares caracterizado como “(…) a boa vida

municipal, o bom cidadão, o bom munícipe , não valerá a consegui-lo nenhum processo de

instrução, menos ainda o dos discursos, mas o de habituar as crianças à acção municipal, à

própria vida da cidade (…)” ( Costa, 2003, p.63 citando Dewey, 1959)

Page 32: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

As preocupações básicas de Sérgio não eram de tipo organizacional e administrativo, mas

predominantemente pedagógica (prendiam-se com a educação dos alunos e a formação

dos

cidadãos).

O pensamento pedagógico de Dewey influenciou profundamente o quadro de análise

organizacional da escola (1)

O movimento da educação personalizada situa todo o processo educativo no

indivíduo, ou melhor na pessoa humana. (2)

A transposição dos três princípios inerentes à pessoa humana: a singularidade,

autonomia, e a abertura.

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Os pressupostos fundacionais do Código da Educação personalizada, que se traduzem

num conjunto de princípios metodológicos de organização da escola e das

Actividades educativas, que Martínez resume em doze:

1. “Organização participada.

2.Participação da família e da comunidade

3. Definição e classificação de objectivos.

4. Planificação dos núcleos de experiência e cultura sistemática.

5. Instrumentos técnicos ao serviço da educação.

6. Prioridade a actividade do aluno sobre a do professor.

7. Agrupamento flexível de alunos.

8. Actuação de equipas docentes.

9. Planificação das actividades de orientação.

10.Diagonóstico e prognóstico escolar.

11. Avaliação e promoção continuas.

12.Auto-avaliação por parte dos estudantes.”

Page 34: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Moreno propõe como resposta à situação de crise da escola e à consequente necessidade de

renovação e reforma, uma noção de escola como comunidade educativa democrática

assente nos princípios de interdependência e de solidariedade, cujas vantagens são

sintetizadas nos seguintes pontos:

- Reconhecimento da dignidade e igualdade da pessoa humana como pontos de partida

condicionantes de toda a acção;

- Aceitação de um projecto educativo comum polarizador dos esforços pessoais de todos

os elementos da comunidade;

- Participação dedicada dos quatro cogestores da escola (professores, alunos, pais e

sociedade) na elaboração e realização do projecto educativo comum;

- Desenvolvimento e manutenção de um clima de relações humanas afectivas através da

participação efectiva na tomada de decisões, da responsabilização e da consecução de

uma verdadeira e autêntica comunidade organizacional.

Page 35: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Lorenzo Delgado (1985) definiu a escola como empresa da escola comunidade

educativa, através da descentralização entre associação e comunidade.

Este autor apologista da educação personalizada, defendia que a comunidade educativa

deveria basear-se nestes pressupostos:

“Falar de comunidade educativa é conceber a escola como lugar de encontro de

professores, pais e alunos com o objectivo de realizar uma educação que se caracterize

pela comunicação, pela participação e pelo respeito da singularidade de cada pessoa e de

cada grupo” (Costa, 2003,p.66 citando Delgado, 1985)

Nos dias de hoje, muito se tem dito sobre a imagem da escola como democracia,

no que respeita á organização e administração das escolas, destacam-se duas temáticas:

a escola comunidade educativa e a gestão democrática das escola.

Page 36: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

A criação da escola como comunidade educativa chega-nos através da LBSE (Lei nº

46/86, de 14 de Outubro), baseando-se no desenvolvimento de princípios organizacionais e

administrativos da descentralização, participação e integração comunitária. Tem sido notório

o esforço e empenho nesta área, através dos muitos trabalhos de investigação e da

sistematização do conceito de comunidade educativa, após o processo de reforma do sistema

educativo, no que concerne á reforma da administração e gestão das escolas, destaca-se a

proposta de Formosinho. Costa,2003, p.68 citando Formosinho et al, 1988)

Para este autor, a escola-comunidade educativa surge como alternativa ao modelo

escolar vigente, defendendo que a escola não pode ser vista como serviço local do estado mas

sim operar com outros princípios, entre os quais a autonomia, a participação e a

responsabilização democrática para com os seus membros.

A expressão gestão democrática é bastante ambígua numa perspectiva teórico-organizacional,

visto estar interligada por diversos sectores e forças organizacionais.

Page 37: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Licínio Lima (1992) constatou que a gestão democrática não resulta num modelo

único de organização da escola, mas sim em duas fases: o ensaio autogestionário (período

revolucionário 74-76, marcado pela descentralização do poder para as escolas e

posteriormente a normalização caracteriza-se pelo regresso do poder e pela reconstrução da

descentralização administrativa.

Dos aspectos mais significativos do modelo português na gestão democrática das

escolas, alguns permitem-nos manter uma ligação de proximidade com a imagem da escola

como democracia pois, trata-se de um modelo de gestão suportado por uma imagem

fortemente normativa; defende-se a autoridade profissional da classe docente traduzida no

seu predomínio progressivo na tomada de decisões escolares e posteriormente qualificada

como gestão neocorporativa dos professores. (Costa, 2003, p.68 citando Lima, 1992 e

Formosinho, 1992)

Page 38: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Para uma melhor compreensão sobre a imagem da escola como democracia,

podemos utilizar os indicadores cujo Tony Bush (1986) caracterizou o modelo democrático:

-modelo de organização fortemente normativo (os valores e crenças servem de base)

-reclama a autoridade profissional com base na competência dos professores. Segundo

Glater “ a imagem colegial realça a competência profissional e a especialização do corpo

docente e da sua colaboração em ir ao encontro das necessidades dos alunos” (1987: 67)

-a existência de um conjunto de valores, enquanto linhas orientadoras da acção pedagógica,

devem guiar o funcionamento da organização escolar

-os vários órgãos de gestão e coordenação devem ser constituídos por processos de

representação formal baseada em procedimentos eleitorais, precedida da consulta aos

colegas

- no modelo democrático, as decisões são tidas como um processo de consenso e não

decorrentes de procedimentos conflituais

Page 39: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

i

ESCOLA COMO BUROCRACIA ESCOLA COMO DEMOCRACIA

Conteúdos abstractos – conteúdos ensinados Valoriza as pessoas

Inexistência de contacto com problemas do quotidiano e vida pessoal do aluno

Aponta para modos de funcionamento participados e concertados entre todos os intervenientes na vida escolar

Confere demasiada importância à selecção de pequenas elites

Variabilidade, generalidade e interactividade no desempenho das tarefas

o excesso de leis que limitam a acção das escolas é um exemplo da tal arquivomania

Auto-disciplina e controlo exercido individual e colectivamente

Centralização das decisões dos elementos dos Ministérios da Educação

Empenho do grupo e consenso sobre os objectivos e os meios organizacionais

Regulamentação pormenorizada das actividades

Participação e democracia organizacional

Previsibilidade de funcionamento de uma planificação rigorosa e cuidada da organização

Quebra da visão burocrática e da empresa

Conclusão

Page 40: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Formalização e hierarquização e centralização da estrutura organizacional

Duplicação, certificação e arquivomania

Actuação contínua certificando-se do cumprimento das normas

Uniformidade e impossibilidade nas relações humanas

Pedagogia uniforme

Concepção burocrática da função do professor

Page 41: Grupo Wilson - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

Costa, Jorge Adelino. (2003). Imagens Organizacionais da Escola. (3.ª edição).

Porto: Edições ASA.

Imagem 1. Teoria geral da ADM (2009) Teoria geral da administração. Consultado a

2010-04-19 em:

http://teoriageraldaadm.blogspot.com/

Imagem 2. Curso de administração geral é aplicada (2009) História do pensamento

em administração. Consultado a 2010-04-19 em:

http://historiadadministracao.blogspot.com/2009/05/elton-mayo-biografia.html

Referências Bibliográficas