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GRUPO I – CLASSE V – Plenário TC-005.609/2005-2 (com 2 volumes e 10 anexos) Natureza: Relatório de Inspeção Entidade: Petróleo Brasileiro S/A - Petrobras Interessado: Congresso Nacional Advogado constituído nos autos: Marcos César Veiga Rios (OAB/DF n.º 10.610) SUMÁRIO: FISCOBRAS 2005. OBRAS DE MANUTENÇÃO DA INFRA- ESTRUTURA OPERACIONAL DO PARQUE DE REFINO DA PETROBRAS. INSPEÇÃO EFETUADA COM VISTAS A DIRIMIR DÚVIDAS QUANDO À EXISTÊNCIA DE DUPLICIDADE, OU NÃO, DE SERVIÇOS EM CONTRATOS CELEBRADOS NO ÂMBITO DA LUBRIFICANTES E DERIVADOS DE PETRÓLEO NO NORDESTE LUBNOR/CE. NÃO-CONFIRMAÇÃO DAS IRREGULARIDADES. INSUBSISTÊNCIA DA CAUTELAR. A ausência de comprovação de supostas irregularidades importa na insubsistência da medida cautelar adotada nos autos. Cuidam os autos de Levantamento de Auditoria efetuado pela 1ª SECEX, no âmbito do Fiscobras, junto à Petróleo Brasileiro S/A - Petrobras, com vistas a fiscalizar a execução de obras e serviços integrantes do Programa de Trabalho n.º 25753028841080001, referente à manutenção da infra-estrutura operacional do parque de refino. A equipe encarregada dos trabalhos apontou irregularidades na execução de alguns contratos, dentre elas as seguintes: 1) aprovação de boletim de medição e pagamento de serviços não-executados, no valor total de R$ 206.375,99, no âmbito do Contrato n.º 532.2.019.03-0, celebrado com a empresa Norteng Engenharia Ltda., conforme relacionado no Anexo 1 do Relatório de Auditoria; 2) assinatura do Contrato n.º 08000013519.05.2, celebrado com a mesma empresa Norteng Engenharia Ltda., contemplando em seu objeto serviços do escopo do Contrato n.º 532.2.019.03-0, no valor de R$ 506.448,75. Os referidos contratos estão relacionados com as obras e serviços de implementação de modificações na Unidade de Destilação a Vácuo (UVAC) da Lubrificantes e Derivados de Petróleo no Nordeste LUBNOR/CE. Quanto às irregularidades acima indicadas, foi /home/website/convert/temp/convert_html/ 5c0bfec709d3f208568b60eb/document.doc

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GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC-005.609/2005-2 (com 2 volumes e 10 anexos)Natureza: Relatório de InspeçãoEntidade: Petróleo Brasileiro S/A - PetrobrasInteressado: Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: Marcos César Veiga Rios (OAB/DF n.º 10.610)

SUMÁRIO: FISCOBRAS 2005. OBRAS DE MANUTENÇÃO DA INFRA-ESTRUTURA OPERACIONAL DO PARQUE DE REFINO DA PETROBRAS. INSPEÇÃO EFETUADA COM VISTAS A DIRIMIR DÚVIDAS QUANDO À EXISTÊNCIA DE DUPLICIDADE, OU NÃO, DE SERVIÇOS EM CONTRATOS CELEBRADOS NO ÂMBITO DA LUBRIFICANTES E DERIVADOS DE PETRÓLEO NO NORDESTE LUBNOR/CE. NÃO-CONFIRMAÇÃO DAS IRREGULARIDADES. INSUBSISTÊNCIA DA CAUTELAR.

A ausência de comprovação de supostas irregularidades importa na insubsistência da medida cautelar adotada nos autos.

Cuidam os autos de Levantamento de Auditoria efetuado pela 1ª SECEX, no âmbito do Fiscobras, junto à Petróleo Brasileiro S/A - Petrobras, com vistas a fiscalizar a execução de obras e serviços integrantes do Programa de Trabalho n.º 25753028841080001, referente à manutenção da infra-estrutura operacional do parque de refino.

A equipe encarregada dos trabalhos apontou irregularidades na execução de alguns contratos, dentre elas as seguintes:

1) aprovação de boletim de medição e pagamento de serviços não-executados, no valor total de R$ 206.375,99, no âmbito do Contrato n.º 532.2.019.03-0, celebrado com a empresa Norteng Engenharia Ltda., conforme relacionado no Anexo 1 do Relatório de Auditoria;

2) assinatura do Contrato n.º 08000013519.05.2, celebrado com a mesma empresa Norteng Engenharia Ltda., contemplando em seu objeto serviços do escopo do Contrato n.º 532.2.019.03-0, no valor de R$ 506.448,75.

Os referidos contratos estão relacionados com as obras e serviços de implementação de modificações na Unidade de Destilação a Vácuo (UVAC) da Lubrificantes e Derivados de Petróleo no Nordeste LUBNOR/CE.

Quanto às irregularidades acima indicadas, foi proposta, à época, pela unidade técnica, a retenção cautelar, nos pagamentos dos aludidos contratos, dos valores indicados, observando, para o Contrato n.º 532.2.019.03-0, que, caso não houvesse recursos disponíveis, a retenção, deveria ser feita no Contrato n.º 08000013519.05.2, ambos celebrados com a Norteng Engenharia.

Em Sessão de 10/08/2005, acolhendo as ponderações deste Relator no sentido de que havia tempo hábil para se proceder à oitiva prévia dos envolvidos, o Tribunal decidiu, mediante o Acórdão 1.125/2005 – Plenário (Ata n. 30), fixar o prazo de 5 (cinco) dias úteis, para que tanto a Petrobras quanto a empresa acima mencionada se pronunciassem acerca das questões levantadas pela equipe de auditoria.

Posteriormente, em nova instrução, a 1ª SECEX ressaltou que os Contratos n.º s 532.2.019.03-0 e 08000013519.05.2 teriam encerrado em 26/08/2005 e 29/08/2005, respectivamente, sendo que o último pagamento por conta dos contratos, mantidos os procedimentos normais da Petrobras, deveria ocorrer no dia 25 de setembro. Em decorrência, alertando para o fato de que, exauridos os pagamentos contratuais, somente caberia a instauração de tomada de contas especial para reaver os valores pagos, caso

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fossem realmente indevidos, propôs novamente a unidade técnica a retenção cautelar nos pagamentos dos contratos celebrados com a Norteng.

Entendendo que naquele momento estavam presentes os requisitos previstos no art. 276 do Regimento Interno, quais sejam o fundado receio de grave lesão ao erário ou a direito alheio (fumus boni iuris) e o risco de ineficácia da decisão de mérito (periculum in mora), este Relator, mediante Despacho, adotou medida cautelar, inaudita altera pars, sendo, em conseqüência, determinado à Petrobras que, no prazo de 5 (cinco) dias, tomasse as seguintes providências:

“a) retenha nos próximos pagamentos do Contrato n.º 532.2.019.03-0, firmado com a Norteng Engenharia Ltda., até decisão de mérito do Tribunal de Contas da União, o valor de R$ 206.375,99, em função de tratar-se de serviços pagos e não executados, exigindo da Norteng Engenharia Ltda. a execução de tais serviços e somente liberando a referida quantia após a sua conclusão;

b) na hipótese de não haver recursos disponíveis para a retenção dos valores mencionados na alínea anterior, proceda a retenção do mesmo montante no Contrato n.º 08000013519.05.2;

c) retenha nos próximos pagamentos do Contrato n.º 08000013519.05.2, firmado com a Norteng Engenharia Ltda., até decisão de mérito do Tribunal de Contas da União, o valor de R$ 506.448,75, conforme abaixo discriminado, em função de se tratar de serviços previstos e já pagos no Contrato n.º 532.2.019.03-0:

1) drenagem da área das dessalgadoras DL 210.101 A/B e das bombas B-210134 A/B e B-210136 A/B – serviço previsto no item 6.2.2.4 do Memorial Descritivo, Anexo I do Contrato n.º 532.2.019.03-0, no valor de R$ 10.182,00.

2) tubulação, incluindo suprimento de materiais, suportes, pintura, isolamento térmico e condicionamento, no valor de R$ 277.653,42:

2.1) interligação das dessalgadoras DL 210.101 A/B - serviço previsto nos itens 3.1.5, 3.1.8, 6.2.3.1.3 e 6.2.3.1.4 do Memorial Descritivo;

2.2) interligação das B-210134 A/B - serviço previsto nos itens 3.1.8, 6.2.3.1.3 e 6.2.3.1.4 do Memorial Descritivo;

2.3) interligação das B-210136 A/B - serviço previsto nos itens 3.1.8, 6.2.3.1.3 e 6.2.3.1.4 do Memorial Descritivo;

3) serviços de elétrica, incluindo suprimento de materiais - referentes à interligação das dessalgadoras e das bombas, todos previstos nos itens anteriores, no valor de R$ 218.613,32”.

Na mesma oportunidade, foi determinada também a concessão, a partir da ciência do presente Despacho, do prazo de mais 10 (dez) dias para que a Petrobras e a Norteng Engenharia Ltda. se pronunciassem sobre as questões apontadas nos autos.

A medida cautelar foi referendada pelo Plenário em Sessão de 06/09/2005.Inconformada com os termos do Despacho, a Petrobras interpôs Agravo contra a

medida cautelar, tendo a Norteng Engenharia Ltda., entrementes, apresentado documentação em atendimento à oitiva promovida.

Em Sessão de 09/11/2005, o Plenário, mediante o Acórdão 1.763/2005-Plenário (Ata n. 43), deliberou no sentido de:

“9.1. conhecer do Agravo interposto pela Petrobrás, nos termos do art. 289 do Regimento Interno do TCU, para, no mérito, considerá-lo parcialmente procedente;

9.2. tornar insubsistente a retenção de pagamentos constante do item 1 da alínea ‘c’ do Despacho de 06/09/2005 do Ministro-Relator;

9.3. esclarecer à Petrobras que, caso tenham sido concluídos os serviços relacionados no Anexo 1 do Relatório de Auditoria, poderá ser liberado o pagamento da quantia retida no montante de R$ 206.375,99, consoante o que dispõe a alínea ‘a’

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do Despacho de 06/09/2005 do Ministro-Relator, devendo ser informada ao Tribunal a efetivação do procedimento;

9.4. determinar à SECEX/CE que proceda à inspeção na Lubrificantes e Derivados de Petróleo no Nordeste LUBNOR/CE, com vistas a dirimir dúvidas quanto à existência de duplicidade, ou não, de serviços, relativamente ao escopo dos Contratos n.º s 532.2.019.03-0 e 08000013519.05.2, verificando a conformidade, no âmbito de cada contrato, dos materiais fornecidos, das medições efetuadas e dos pagamentos delas decorrentes, cotejados com os respectivos projetos que definem os serviços a serem executados;

9.5. dar ciência do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, à Petrobras e à Norteng Engenharia Ltda.”.

Procedidos os trabalhos de fiscalização, no âmbito da SECEX/CE, esta, em pareceres uniformes, assim se pronunciou:

“DO CONTEXTO DA OBRA14. As Modificações da Unidade de Destilação a Vácuo - UVAC da LUBNOR

visavam adaptá-la para processar o petróleo da região de produção de Fazenda Alegre, para aumentar sua capacidade de processamento de óleo cru de 1.000 m3/dia para 1.100 m3/dia e para implantar melhorias de segurança e de proteção ao meio ambiente.

15. A Petrobras realizou o Convite n.º 575.8.006.03-8, tendo apenas duas empresas apresentado propostas (R$ 32.500.000,00 e R$ 30.970.780,00), estas bem superiores ao orçamento estimativo (R$ 9.597.898,00; Relatório da Comissão de Licitação, vol. 2, fls. 30/32). A Petrobras resolveu promover a contratação mediante negociação direta com empresa local e de menor porte. O enquadramento da contratação no Decreto n.º 2.745/1998 foi justificado com base nos seguintes argumentos (fl. 38, vol. 2; tendo obtido Parecer Jurídico favorável: v. fls. 41/49, vol. 2):

‘a) a Torre de Destilação a Vácuo, as Torres Retificadoras e o Forno de Carga que estão instalados e em operação, estão no final de sua vida útil e, caso não sejam substituídos até meados de julho de 2004, poderão comprometer a segurança e a continuidade operacional da Unidade;

b) a confiabilidade operacional da UN-LUBNOR está ainda sendo agravada pelo uso de petróleos nacionais com elevado teor de sal e água, sem o tratamento adequado antes do processamento, levando à sobrecarga da Unidade de Despejos Industriais, devido à lavagem destes petróleos em tanques;

c) como a unidade não está adequada aos ‘novos petróleos’, ela está operando com carga reduzida, com prejuízos à produção de asfaltos e lubrificantes e conseqüente redução da rentabilidade da UN-LUBNOR;

d) a unidade está tendo dificuldades no enquadramento dos destilados para a produção de lubrificantes com prejuízo do atendimento ao mercado, que no momento está aquecido;

e) faz-se necessário implementar modificações da Unidade para adequá-la aos requisitos de segurança previstos na NR-13 e Norma N-2595;

f) a parada da UVAC deve necessariamente ser executada sem que haja prejuízo no atendimento ao mercado de asfaltos no segundo semestre, período em que a produção atual da UN-LUBNOR já é insuficiente para atender a esta demanda. Existem, ainda, fortes expectativas de uma elevada demanda de asfaltos em 2004, devido à demanda reprimida de 2003 (queda de 30% no consumo de asfaltos) e, somando ao fato que em 2004 será um ano eleitoral, que historicamente apresenta um alto consumo de asfalto por parte dos nossos clientes.

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g) um novo processo licitatório, na modalidade Convite, demandaria, no mínimo, 90 (noventa) dias úteis para sua efetivação e impossibilitaria o início dos serviços em tempo hábil para a realização da parada para interligação até o final de julho de 2004, levando, inevitavelmente, a parada da UVAC para o segundo semestre de 2004, o que compromete sobremaneira a rentabilidade comercial da UN-LUBNOR;

h) através da negociação direta, existe a possibilidade da obtenção de proposta com preços compatíveis com a estimativa da ENGENHARIA e o orçamento da UN –LUBNOR’.

16. Em 15/12/2003, foi assinado entre a Petrobras e a Norteng Engenharia Ltda. o Contrato n.º 532.2.019.03-0, cujo objeto era a ‘execução, pela CONTRATADA, sob o regime de empreitada por Preço Global, dos serviços de projeto, construção e montagem das modificações da Unidade de Destilação a Vácuo – UVAC da UN-LUBNOR, de conformidade com os termos e condições nele estipulados e em seus anexos’. O valor global do contrato é de R$ 17.150.000,00 (dezessete milhões, cento e cinqüenta mil reais), composto de (vol. 2, fls. 76/78):

Serviços: no valor de R$ 10.008.200,00, sendo:Serviços Preliminares: R$ 499.000,00;Projeto: R$ 1.978.800,00;Construção e Montagem: R$ 7.374.500,00;Serviços Complementares (comissionamento, testes, pré-operação, partida,

assistência técnica à operação, desmobilização e documentação final: R$ 155.900,00;Materiais: no valor de R$ 4.732.300,00;Equipamentos: valor de R$ 2.409.500,00 , referente aos fornecimentos de

instrumentos e sobressalentes17. Verifica-se através do Cronograma Físico (vol. 2, fl. 238) que a Atividade

‘Projeto’ deveria ter duração de cinco meses, iniciando-se a Atividade ‘Construção e Montagem’ a partir do segundo mês, tendo, portanto, execução simultânea em quatro meses (enquanto o projeto era desenvolvido, a construção e montagem era executada paralelamente, em relação ao que já fora projetado).

18. O primeiro contrato com a Norteng foi realizado apenas com o projeto básico, cabendo à contratada desenvolver o projeto executivo e efetivar o fornecimento e montagem dos materiais, sob a modalidade de preço global. A obra teve início com as primeiras especificações executivas, sendo definido o critério de pagamento: os pagamentos seriam efetuados de forma proporcional ao andamento da obra, isto é, como o detalhamento do projeto executivo ainda estava em andamento, nem todos os serviços executados eram medidos para efeito de pagamento (o acompanhamento da execução, contudo, era pari passu, com os necessários testes de controle de qualidade), mas eram pagos de forma proporcional. Uma descrição detalhada sobre a forma de pagamento encontra-se no tópico 4 da presente instrução, abaixo.

19. O Demonstrativo de Formação de Preços da proposta contratada encontra-se no vol. 2, fls. 80/88. Verifica-se tratar-se de um demonstrativo extremamente sintético, não trazendo informações relevantes para o entendimento da obra. Há informações do seguinte tipo: categorias de mão-de-obra contratada, horas trabalhadas, valor por hora, total por categoria; alimentação; transporte; materiais de consumo; equipamentos utilizados, quantidade, custo mensal, custo total do equipamento; outros custos; lucros, taxas, impostos; materiais de aplicação (no valor de R$ 3.583.547,92, v. fl. 87), sem indicação de quais materiais seriam aplicados; fornecimento de equipamentos, sem discriminação das quantidades, mas somente indicação do tipo, v.g.: válvulas de controle, quantidade 1, custo total: R$ 1.926.579,03, v. fl. 88).

20. Ressalte-se que:

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- os serviços de modificações da UVAC foram orçados diversas vezes, apresentando os valores mais diversos, v.g: anexo 2, fls. 10/24: Estimativa de ampliação e modificações da UVAC: R$ 24.081.097,00 (US$ 8,600,392.00), em 14/03/2003, com previsão de 01 dessalgadora (sem informações de características - fl. 14) e 34,19 ton. de tubulação (fl. 12); anexo 2, fl. 52: ‘a estimativa original, elaborada em Dez/02 pela ENGENHARIA/SL/ECP, foi realizada considerando dados preliminares de projeto utilizados para efeito de EVTE, resultando num valor de R$ 9.597.898,00 (nove milhões, quinhentos e noventa e sete mil, oitocentos e noventa e oito reais)’; anexo 2, fl. 98, em 26/09/2003, no valor de R$ 16.799.845,00 ;

- o setor encarregado de realizar os orçamentos denomina-se PETROBRAS/ENGENHARIA/SL/ECP (setor de Estimativa de Custos e Prazos da Engenharia);

- o Relatório da Comissão de Negociação (de 24/11/2003, vol. 2, fls. 89/93) observou que o preço inicialmente ofertado pela Norteng foi de R$ 18.774.100,00, tendo sido concedido um desconto de R$ 1.624.100,00 e acordado o valor do contrato em R$ 17.150.000,00; este valor contratual estaria 2,39% acima da estimativa da Petrobras, que seria de R$ 16.799.845,43 (contida no documento RESUMO DO PREÇO TOTAL (EPC) (anexo 2, fl. 98, no qual consta a seguinte observação: ‘Com base na referência bibliográfica do SL/ECP, o desvio provável desta estimativa está na faixa de 6,0% a 10,92%, calculado através do software 'Risk')’, elaborado pela PETROBRAS/ENGENHARIA/SL/ECP;

- neste mesmo relatório da comissão de negociação ficou assente, in verbis: ‘2.4.1.2 Ficou acordado com a NORTENG o prazo contratual de 300 (trezentos) dias, para a execução dos serviços, de forma a atender ao cronograma da UN-LUBNOR, que prevê a Parada da Unidade em julho de 2004, Partida/Teste/Especificação de Produto em agosto de 2004 e Desmobilização em setembro de 2004’; no que tange aos aspectos comerciais, nova EAP - Estrutura Analítica de Projeto (v. descrição mais adiante) foi proposta e aceita (v. item 2.4.2.1).

21. Foram assinados dois contratos referentes à obra em questão: o primeiro contrato (n.º 532.2.019.03-0) tem por objeto a modernização da Unidade (UVAC), ao passo que o segundo (n.º 08000013519.05.2.) tem por objeto a montagem e instalação das dessalgadoras. Ambos os contratos foram celebrados com a empresa NORTENG ENGENHARIA LTDA.

22. A equipe da 1ª SECEX, ao firmar entendimento de que os serviços de fabricação e montagem da tubulação que interligaria a Dessalgadora à Unidade Operacional - UVAC foram objetos de um segundo Contrato (n.º 0800.0013519.05-2) firmado com a mesma empresa com a qual a PETROBRAS celebrara o primeiro Contrato (n.º 532.2.019.03-0), reconheceu a ocorrência de duplicidade na contratação dos mesmos serviços (com base no item 3.1.5 do Memorial Descritivo), e formulou proposta de retenção, no valor deste último contrato, de R$ 506.448,75 (memória de cálculo fl. 58, anexo 4), valor este que posteriormente foi reduzido para R$ 496.266,75, uma vez refeita a memória de cálculo anterior, em decorrência de acatamento de justificativas acerca do item referente a Drenagem no valor de R$ 10.180,00.

CONCEITOS TÉCNICOS23. Trata-se de matéria eminentemente técnica, da área de Engenharia

Petroquímica. Assim, para facilitar o entendimento da matéria, faz-se necessária a definição de alguns conceitos básicos, tais como: pré-parada e parada; isométricos e limite de bateria.

24. Consta do Relatório FISCOBRAS (fl. 216, vol. principal) o seguinte conceito: ‘Antes, porém, cabe esclarecer, para melhor entendimento, os termos PRÉ-PARADA e

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PARADA. Em uma unidade de produção, busca-se executar quaisquer serviços, sejam de manutenção, de ampliação ou outros, com a unidade em operação, por motivos óbvios. Ocorre que, por motivos de segurança ou impedimentos técnicos, nem sempre isso é possível, razão pela qual são programadas PARADAS dos equipamentos, que deverão ocorrer sempre no menor tempo possível. Com vistas a alcançar este objetivo, os serviços são adiantados ao máximo na chamada PRÉ-PARADA, período que antecede à PARADA, deixando para execução nesta etapa apenas as interligações com os sistemas, equipamentos e tubulações cuja execução não poderia ser liberada com a unidade em operação’.

25. O Memorial Descritivo MD-5260.00-2112-40-PEI-001 (anexo 1, fl. 07) descreve sobre a filosofia básica do projeto de detalhamento da obra: ‘3.4.4 O detalhamento deverá ter como filosofia básica a maximização da montagem com a Unidade em operação na fase da PRÉ-PARADA e as interligações com os sistemas existentes no tempo previsto para a fase da PARADA da Unidade, conforme o Memorial Descritivo anexo à minuta do CONTRATO’.

26. A empresa Norteng, na apresentação de suas justificativas (anexo 7, fl. 10), assim define ‘limite de bateria’: ‘quando há mais de um fornecedor - vários contratos com diversas companhias - dentro de uma mesma Unidade, delimita-se uma área, a partir da qual cessa o fornecimento de uma das contratadas e inicia o fornecimento da outra, ou da própria PETROBRAS’.

27. A Petrobras também se referiu ao limite de bateria nos seguintes termos (anexo 8, fl. 10): ‘Foi exatamente por este motivo que o primeiro contrato estabeleceu que a estrutura de interligação seria construída somente até um ponto intermediário, de onde partiria o restante dessa estrutura até as dessalgadoras, obviamente somente após a instalação destas. Esse ponto intermediário - tecnicamente chamado de ‘limite de bateria de fornecimento’ - é o marco de onde partiria a estrutura de interligação até as dessalgadoras, serviços esses que integram o objeto do segundo contrato’.

28. O anexo 2 da presente instrução - GLOSSÁRIO - contém uma descrição técnica (fornecida pela Petrobras) mais aprimorada sobre o termo Isométrico. Em poucas linhas, ‘desenhos isométricos são elaborados em perspectiva axonométrica regular e não possuem escala’; ‘cada desenho isométrico deve conter uma linha ou um grupo de linhas próximas, que sejam interligadas’; devem conter, no mínimo, as seguintes informações: ‘a) identificação de todas as tubulações e seu sentido de fluxo; b) elevação de todos os tubos a partir da linha de centro; nos trechos em que se tornar indispensável, indicar a elevação de fundo de tubo; c) todas as cotas e dimensões necessárias para a fabricação e montagem das tubulações (de trechos retos, angulares, raios de curvatura, acessórios, válvulas e outros acidentes); d) representação de todas as válvulas e acessórios de tubulação, inclusive os secundários, como drenos, respiros, conexões para instrumentação, tomadas de amostras, purgadores; e) orientação (norte de projeto); f) identificação, posição de linha de centro e bocais de interligação de equipamentos (vasos, bombas, compressores); g) lista dos materiais referentes ao isométrico; h) plantas de tubulação de referência, com indicação das suas revisões; i) relação das linhas detalhadas nos desenhos isométricos; j) indicação se as linhas são isoladas ou aquecidas; k) indicação de condições especiais (tratamento térmico, revestimento, utilização de materiais alternativos); l) indicação das condições de operação, projeto e teste de cada linha; m) indicação das abreviaturas utilizadas; n) cada desenho isométrico deve conter apenas uma linha; somente em casos especiais, tais como: sucção de bombas A e B ou similares, podem ser admitidas 2 linhas em um mesmo isométrico; em nenhum caso um mesmo isométrico pode incluir linhas de padronização de material diferentes; o) tomadas tamponadas para ligações futuras,

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cujo comprimento não ultrapasse de 1.000 mm devem fazer parte do isométrico da linha tronco; p) todos os suportes soldados à tubulação devem ser indicados no isométrico’.

29. Para uma análise dos documentos da Petrobras mencionados ao longo desta instrução, é importante ressaltar a sua padronização, regulamentada pela Norma N-1710, de onde extraímos o excerto abaixo (o anexo 4 apresenta uma listagem da referida Norma e dos seus Anexos A, B e D):

ANEXO A ANEXO B ANEXO C ANEXO DGRUPO O GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 GRUPO 5 GRUPO 6IDENTIFICAÇÃO DO IDIOMA

CATEGORIA DO DOCUMENTO

IDENTIFICAÇÃO DA INSTALAÇÃO

ÁREAS DE ATIVIDADES

CLASSE DE SERVIÇOS EQUIPAMENTOS E MATERIAIS

ORIGEM DO DOCUMENTO

CRONOLÓGICO

L LL ABBB.CC ABBBB AAA LLL AAA1) 2) 3)

‘5.2 Os grupos básicos que constituem o número codificado, conforme a FIGURA 1, são os descritos abaixo:

a) GRUPO 0 - Identificação do Idioma;b) GRUPO 1 - Categoria;c) GRUPO 2 - Identificação da Instalação;d) GRUPO 3 - Área de Atividade;e) GRUPO 4 - Classe de Serviço, Materiais e Equipamentos;f) GRUPO 5 - Origem;g) GRUPO 6 - Cronológico.

7.5.1 Exemplo 1Trata-se do 1º Memorial Descritivo (MD) de sondagem do laboratório do

Terminal de Guarulhos, elaborada pelo ABAST-LOG/GGO-TRAN (antigo ABAST-TRAN).

MD - 4300.06-8222-114-PDT-001.Categoria: MD - Memorial Descritivo;Instalação: 4300.06 - Terminal de Guarulhos;Área de Atividade: 8222 - Laboratório;Classe de Serviço: 114 - Sondagem;Origem: PDT - ABAST-TRAN;Cronológico: 001.

Os aludidos Anexos A, B, C e D da Norma N-1710 contém, em síntese:

ANEXO A - GRUPO 1 CATEGORIA DOS DOCUMENTOSCE - CertificadoCR - Cronograma DB – ‘Data-Book’DE - Desenho ET - Especificação TécnicaEC - Estimativa de CustosFD - Folha de DadosIM - Imagem IS - Isométrico

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LA - LaudoLD - Lista de Documentos LI - ListaMA - ManualMC - Memória de Cálculo MD - Memorial DescritivoMO - ModeloPT - Parecer Técnico RL - Relatório RM - Requisição de Material

ANEXO B - IDENTIFICAÇÃO DAS INSTALAÇÕES

ANEXO C - ÁREA DE ATIVIDADE1000 - PERFURAÇÃO, PRODUÇÃO E TRATAMENTO DE ÓLEO 2000 - UNIDADES DE PROCESSO - REFINAÇÃO3000 - UNIDADES DE PROCESSO - QUÍMICA, PETROQUÍMICA E

FERTILIZANTES4000 - UNIDADES DE PROCESSO - FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA 5000 - UTILIDADES, UNIDADES E SISTEMAS AUXILIARES 6000 - TRANSPORTE, TRANSFERÊNCIA E TANCAGEM 7000 - SISTEMAS ESPECIAIS PARA DISTRIBUIÇÃO 8000 - ÁREAS, EDIFICAÇÕES E INSTALAÇÕES DE APOIO E PROVISÓRIAS 9000 - CUSTOS DE RATEIO E/OU NÃO INCORPORÁVEIS À OBRA

ANEXO D - CLASSES DE SERVIÇO 100 - CONSTRUÇÃO CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO; 200 - TUBULAÇÃO300 - MÁQUINAS 400 - TRANSFERÊNCIA DE CALOR500 - CALDEIRARIA600 - EQUIPAMENTOS MECÂNICOS700 - ELETRICIDADE, ELETRÔNICA E TELECOMUNICAÇÕES800 - INSTRUMENTAÇÃO E AUTOMAÇÃO 900 - SERVIÇOS E CUSTOS DIVERSOS’

31. A leitura das Leitura de Linhas nas plantas obedece o seguinte padrão (exemplos):

4”-HC-210-915-Ca-VA51 >>>> tubulação de 4 polegadas, de Hidrocarboneto, Código Interno de Área (210 = destilação), linha 915, sendo as demais especificações as Condições Físicas do Fluido (Pressão e Temperatura), Especificação de Isolamento, Espessura do Isolamento (51 milímetros).

2”-AO-210-494-Cd-PP25 >>>> tubulação de 2 polegadas, Água Oleosa, linha 494, Espessura do Isolamento (25 milímetros).

2. DA DIVERGÊNCIA DE ENTENDIMENTOS ENTRE A 1ª SECEX E A PETROBRAS

32 Conforme mencionado anteriormente, foram assinados dois contratos referentes à obra em questão: o primeiro contrato (n.º 532.2.019.03-0) tem por objeto a modernização da Unidade (UVAC), ao passo que o segundo (n.º 08000013519.05.2.)

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tem por objeto a montagem e instalação das dessalgadoras. Ambos os contratos foram celebrados com a mesma empresa, a NORTENG ENGENHARIA LTDA.

33. A redação do Memorial Descritivo do Contrato n.º 532.2.019.03-0 (primeiro contrato com a empresa Norteng) não deixou assente, de forma clara e inquestionável, que o objeto do contrato, no que se relaciona às Dessalgadoras, seria até um limite conceitual denominado ‘limite de bateria das Dessalgadoras’. Todo o questionamento tratado nos presentes autos originou-se dessa omissão: entende a 1ª SECEX que, ante a omissão deste termo, o primeiro contrato contemplaria a fabricação e montagem de tubulação (assim como outros serviços, incluindo parte elétrica) até as dessalgadoras. O ponto de vista da Petrobras é diverso: o objeto do primeiro contrato iria até o limite de bateria.

34. Para o perfeito entendimento da questão, transcrevemos os aludidos itens do Memorial Descritivo do Contrato n.º 532.2.019.03-0 (grifos nossos):

‘3.1.5 A montagem e os testes da dessalgadora DL-210101 A/B não fazem parte do escopo deste contrato. A contratada deverá projetar, fornecer todos os materiais, pré-fabricar e montar as tubulações que interligarão o equipamento à unidade operacional’.

................................................................................................................................................................

‘3.1.8 As localizações do novo forno de carga F-210101, da nova dessalgadora DL-210101 A/B, das bombas: B-210102 A/B, B-210102 A/B, B-210123, B-210124 A/B, B-210134 A/B, B-210135 A/B, B-210136 A/B e B-4000016 A/B permitirão a construção das bases e montagem desses equipamentos na fase de PRÉ-PARADA’.

................................................................................................................................................................

‘6.2.3.1.3 Serviços de tubulação a serem realizados na PRÉ-PARADADeverão ser realizados na fase de PRÉ-PARADA os seguintes serviços:- Pré-fabricação de todos os sistemas de tubulação e respectivos suportes;- Pré-fabricação de ‘steam trace’;- Identificação e marcação, através de placas metálicas, das tubulações a serem

removidas;- Pré-montagem dos sistemas possíveis de serem montadas com a planta em

operação;- Pré-montagem de tubulação do flare;- Teste e condicionamento de todas as válvulas, segundo os critérios da API 598;- Montagem de trecho das linhas de sucção e descarga das bombas (...)- Montagem de trecho das linhas dos vasos (...)- Montagem de trecho das linhas das torres (...)- Montagem de trecho das linhas dos permutadores- Montagem de trechos das linhas da dessalgadora (deve ser previsto o projeto, a

fabricação e a montagem de spools para a futura interligação com o equipamento)- Montagem de trechos das linhas de Forno (F-210101)- Montagem da linha DN-MEDIA, a partir do limite de baterias da UVAC até o

tanque de armazenamento TQ-40002- Montagem da linha de saída de salmoura da dessalgadora até o tanque

drenador’.

‘6.2.3.1.4 Serviços de tubulação a serem realizados durante a PARADA Deverão ser realizados no período de PARADA os serviços abaixo relacionados:- Desmontagem das linhas existentes conforme o Plano de Desmonte

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- Montagem e interligação de tubulações aos equipamentos e sistemas montados na PRÉ-PARADA e na PARADA

- Montagem dos demais sistemas de tubulação constantes do projeto- Recalibração de suporte de molas existentes, instalados nas linhas que sofrerem

modificações e/ou forem deslocadas- Teste hidrostático dos sistemas- Demais serviços necessários à conclusão da montagem dos sistemas’.35. O Exmo Sr. Ministro-Relator ressaltou que (Acórdão 1.763/2005 – Plenário,

fls. 211/223, vol. principal):- da leitura do item 3.1.5, não há dúvidas de que a montagem e os testes da

dessalgadora não fazem parte do escopo do Contrato n.º 532.2.019.03-0;- a ‘contratada deveria não só projetar, como também fornecer todos os materiais

e montar as tubulações necessárias à interligação do aludido equipamento à unidade’;- ‘entretanto, quanto aos serviços de interligação propriamente ditos, o texto não

expressa com clareza se os mesmos estariam ou não dentro daqueles objeto do contrato’;

- ‘diferentemente do que defende a 1ª SECEX, a redação do item pode dar, sim, margem à interpretação de que a interligação seria uma atividade posterior’;

- ‘com relação ao item 3.1.8, pode-se extrair tão-somente que a construção das bases, bem como a montagem do forno, da dessalgadora e das bombas dar-se-iam na fase de PRÉ-PARADA, não sendo categórico a respeito dos serviços de interligação’;

- no que pertine ao item 6.2.3.1.3, ‘que trata dos serviços a serem realizados na PRÉ-PARADA, faz várias alusões a trechos de linhas, levando a crer que poderiam, realmente, haver serviços a serem efetuados na unidade não previstos no Contrato n.º 532.2.019.03-0, como, a propósito, alegam a recorrente e a contratada’;

- ‘dessa forma, mesmo que no item 6.2.3.1.4, atinente aos serviços a serem realizados durante a PARADA, estejam incluídas ‘a montagem e interligação de tubulações aos equipamentos e sistemas montados na PRÉ-PARADA e na PARADA’, não se pode afirmar com segurança, ante o que dispõe o item 6.2.3.1.3, que tal interligação abrangeria o sistema’.

36. Desta forma, entendeu o Exmo Sr. Ministro-Relator determinar à SECEX/CE que realizasse inspeção na Lubrificantes e Derivados de Petróleo no Nordeste LUBNOR/CE, com vistas a dirimir dúvidas quanto à existência de duplicidade, ou não, de serviços, relativamente ao escopo dos Contratos n.º s 532.2.019.03-0 e 08000013519.05.2, verificando a conformidade, no âmbito de cada contrato, dos materiais fornecidos, das medições efetuadas e dos pagamentos delas decorrentes, cotejados com os respectivos projetos que definem os serviços a serem executados.

2.1 POSICIONAMENTO DA 1ª SECEX37. A 1ª SECEX adotou a premissa da inexistência do limite de bateria, uma vez

que não previsto no aludido Memorial Descritivo. 38. Assim, desenvolveu seu raciocínio baseado no desenho DE-5260.00-2112-

944-PDA-002=B (v. fl. 76, anexo 4): as linhas/isométricos que chegavam às dessalgadoras (e adentravam ao conceitual limite de bateria, área tracejada) estariam contempladas no primeiro contrato. Neste desenho conceitual não havia qualquer identificação das linhas (ou mesmo dos isométricos - que são desenhos em 3D da linha de tubulação; dimensão das mesmas; classe de pressão da tubulação; v. item 28, acima).

39. Ressalte-se que, diante da omissão do Memorial Descritivo em referência ao limite de bateria, esta abordagem encontra-se firmada na interpretação literal do MD, como bem observado pela competente 1ª SECEX. Resta, contudo, verificar se outra

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interpretação, conforme defendem a Petrobras e a Norteng, também encontra lógica cristalina, sobrepondo-se a esta interpretação da SECEX.

40. Após a elaboração do projeto executivo, e com o detalhamento agora existente, a 1ª SECEX procurou identificar os isométricos constantes do desenho simplificado (quais sejam -ISO marcados a lápis-: ISO 374, 376, 391, 394, 395, 396, 397, 398, 407, 419, 421) e os quantificou (uma vez já conhecidos os detalhes dos mesmos; v. tabela de fl. 57, anexo 4), assim como a outros serviços complementares (serviços de elétrica, incluindo suprimento de materiais – referentes à interligação das dessalgadoras e das bombas), totalizando os valores mencionados no texto da medida cautelar acima descrita.

41. Os mencionados isométricos somente foram desenvolvidos a partir de outubro de 2004, conforme referência no quadro abaixo:

Isométrico DataDesenvolvimento Fl. anexo374 22-out-04 66 4376 26-out-04 65 4391 29-out-04 75 4394 30-out-04 74 4395 01-nov-04 73 4396 30-out-04 72 4397 30-out-04 71 4398 01-nov-04 69 4407 03-nov-04 70 4419 08-nov-04 68 4421 08-nov-04 67 4

42. A Petrobras e a Norteng sustentam que à época do primeiro contrato (15/12/2003) não haveria condições técnicas de realizar o orçamento não só desses isométricos, como dos demais objetos do segundo contrato. A razão seria o fato de que não haveria ainda, ante a não-aquisição das dessalgadoras, detalhamento técnico desse equipamento.

43. Resta, por oportuno, uma importante observação: sem o detalhamento técnico (tipo de material, comprimento dos isométricos, peso dos mesmos) dos isométricos desenvolvidos a partir de OUT/2004, não seria possível a elaboração da tabela de fl. 57, anexo 4, Memória de Cálculo.

2.2 POSICIONAMENTO DA PETROBRAS44. A Petrobras ofereceu resposta aos ofícios de audiência. Interpôs ainda um

Agravo, apreciado no Acórdão 1.763/2005-Plenário, Ata n. 43. 45. Promovidas as audiências, a Petrobras e a Norteng Engenharia Ltda., por

sua vez, em contraposição ao pensamento da 1ª SECEX, argumentaram, em uníssono, que os serviços de interligação das dessalgadoras DL 210.101 A/B e das bombas B-210136 A/B, bem como os serviços de elétrica inerentes, não estavam no escopo do Contrato n.º 532.2.019.03-0, já que este previa que a estrutura de interligação seria construída somente até um ponto intermediário, chamado de limite de bateria de fornecimento. A partir de tal ponto, partiria a interligação até as dessalgadoras, serviço esse objeto do Contrato n.º 08000013519.05.2.

46. Argumentam que, uma vez que não havia um conjunto de especificações técnicas relativas às dessalgadoras, à época da celebração do primeiro contrato, foi previsto que o fornecimento dos serviços seria até um limite conceitual, o limite de bateria das dessalgadoras. A definição mais precisa do escopo do segundo contrato

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somente poderia ocorrer após a escolha das dessalgadoras, acompanhada de todo o conjunto de especificações técnicas (fornecidas pelo fabricante) inerentes a este tipo de equipamento.

3. ABORDAGEM DA SECEX/CE - Descrição Sucinta3.1 Alternativas consideradas para deslinde da questão:47. A equipe de inspeção da SECEX/CE, durante os trabalhos in loco, examinou

três alternativas para verificar a ocorrência/ou não dos pagamentos em duplicidade, que serão descritas nos itens a seguir.

3.1.1 1ª Abordagem: verificação das medições48. Inicialmente, a equipe da SECEX/CE vislumbrou realizar o cotejo dos

isométricos pagos no primeiro contrato com os pagos no segundo. Tal verificação permitiria identificar a eventual existência de pagamentos dos mesmos isométricos nos dois contratos.

49. Contudo, conforme detalhado no tópico 4 abaixo, a Petrobras, em função de sistemática de pagamentos (EAP – Estrutura Analítica de Projetos), alguns isométricos, embora construídos (e pagos), não compuseram o rol de isométricos medidos para efeito de pagamento na EAP: alguns isométricos foram pagos de forma proporcional. Em outras palavras, nem todos os isométricos compuseram o rol daqueles que deveriam ser medidos, o que inviabilizou esta linha de atuação.

50. Esta abordagem será descrita em detalhes no tópico 4, abaixo.3.1.2 2ª Abordagem: orçamentos dos dois contratos 51. Uma vez que há lógica nos dois raciocínios, tanto da 1ª SECEX, quanto

aquele desenvolvido pela Petrobras (conforme mencionado nos tópicos anteriores), e não sendo possível cotejar o pagamento de todos os isométricos, atribuindo-os aos seus respectivos contratos (o que permitiria comprovar o eventual pagamento em duplicidade), entendeu a equipe de Auditoria da SECEX/CE que seria oportuno analisar o orçamento básico dos dois contratos, a fim de averiguar se aquele do primeiro contrato contemplaria recursos suficientes para custear os itens do segundo contrato, impugnados no primeiro trabalho de auditoria, realizado pela 1ª SECEX.

52. Esta linha de atuação também revelou-se infrutífera, tendo em vista a falta de elementos analíticos sobre os orçamentos, a complexidade e especificidade da obra e à exigüidade de tempo para os trabalhos de auditoria.

53. Esta abordagem será descrita no tópico 5, abaixo.3.1.3 3ª Abordagem: interpretação do MD – Memorial Descritivo54. Uma vez que não foi possível comparar os isométricos pagos no primeiro

contrato com aqueles pagos no segundo (1ª abordagem), e tampouco foi possível verificar a viabilidade orçamentária de execução dos itens de serviço do segundo contrato em questão nos presentes autos dentro do objeto do primeiro (2ª abordagem), e uma vez que o questionamento do indício de irregularidade tratado neste processo originou-se de informações constantes no Memorial Descritivo - MD (Anexo I do Contrato n.º 532.2.019.03-0), levantado pela competente equipe de auditoria da 1ª SECEX, a equipe da SECEX/CE entendeu por bem retornar a abordar o MD, no sentido de se ater ao objetivo da presente inspeção.

55. Esta abordagem será descrita no tópico 6.56. Decerto, a análise acurada dos orçamentos dos contratos é que melhor

poderia dirimir a questão. É o que se expõe abaixo.4. 1ª ABORDAGEM: MEDIÇÕES57. A 1ª SECEX, ao não admitir o limite de bateria, ante sua ausência expressa

no MD, produziu, segundo esta premissa, resultados compatíveis com a abordagem admitida, qual seja, a de que alguns serviços, aqueles que adentram ao desenho DE-

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5260.00-2112-944-PDA-002=B (v. fl. 76, anexo 4), deveriam ter sido realizados no âmbito do primeiro contrato.

58. A PETROBRAS, por sua vez, afirmou que executou o primeiro contrato até o limite conceitual do limite de bateria, deixando o objeto do segundo contrato apenas dentro desse limite. A verificação contida no presente tópico (4- 1ª Abordagem: Medições), permite concluir que somente foram medidos os serviços de fabricação e montagem dos isométricos do segundo contrato apenas dentro do limite de bateria, o que permite observar a coerência entre o alegado e o executado pela estatal. É o que se expõe abaixo.

59. A obra somente teve início físico após a liberação e aprovação dos detalhamentos executivos iniciais. Enquanto eram desenvolvidos os detalhamentos executivos restantes, a obra, paralelamente, se desenvolvia com as especificações existentes.

60. O primeiro contrato foi firmado sob a modalidade de preço global, em que a estatal forneceu o projeto básico, um conjunto de especificações técnicas sobre os serviços pretendidos, cabendo à contratada a elaboração dos projetos executivos (v. anexo 3, para uma verificação mais detalhada das informações constantes do projeto básico).

61. Inicialmente, cabe observar que a Engenharia da PETROBRAS adota na execução de suas obras uma Estrutura Analítica de Projetos – EAP (fls. 236/237, anexo 2), na qual os grandes serviços são descritos em uma coluna, identificados por item, que se desdobram em subitens, ladeados por colunas que percentualmente indicam a participação de cada item ou subitem na composição de todo o serviço do empreendimento.

62. Dentre as aplicações da Estrutura Analítica de Projetos, cite-se o Sistema de Medição, que adota uma metodologia de cálculo do avanço físico através da planilha EAP, na qual as apropriações dos serviços e dos fornecimentos de materiais (quantidades representadas por diversas unidades de medida que são convertidas em percentuais) são feitas de forma a guardarem correlação e proporção com os itens distribuídos que compõem o orçamento do contrato. É o que se expõe a seguir.

63. Tratando-se de contrato envolvendo uma variedade de serviços (tais como: elaboração de projetos, construção civil, montagem de equipamentos rotativos, estáticos, construção e montagem de estrutura metálica, de tubulações, isolamento térmico, pintura, montagem de instalações elétricas, instrumentação, testes), a Petrobras adota uma sistemática de rateio de pagamento dos serviços realizados segundo critério definido na EAP - Estrutura Analítica de Projeto (v. fls. 229/239, anexo 2).

64. Os serviços são classificados em 4 níveis (níveis 1, 2, 3 e 4), sendo que a cada nível inferior há a definição percentual de quanto cada item que o compõe corresponde no nível imediatamente superior. O exemplo seguinte facilitará a compreensão (v. fls. 236/237, anexo 2):

- primeiro nível: indica quais itens compõem 100% do valor do contrato; no caso específico, o item ‘1- Planilha de Serviços’ representa para efeitos de desembolso financeiro, independentemente de seu custo, o percentual de 58,40% do valor do contrato, cabendo ao item ‘2-Suprimento’ o restante, 41,60%;

segundo nível: indica quais itens compõem o primeiro nível; assim, tome-se o seguinte exemplo: os itens ‘1.1 - Serviços Preliminares’, ‘1.2 – Projeto’, ‘1.3 - Construção e Montagem’ e ‘1.4 - Serviços Complementares’ representam, respectivamente, os percentuais 4,99%, 19,77%, 73,68% e 1,56% do item

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imediatamente acima, item ‘1-Planilha de Serviços’, que por sua vez corresponde a 58,40% do valor total do contrato; a lógica para os níveis 3 e 4 é a mesma.

65. O critério para medir os serviços de Construção e Montagem de Tubulação (item 1.3.5) é o peso da tubulação (o item representa 25% do item 1.3, que por sua vez representa 73,68% do item 1, que corresponde a 58,40% do valor do contrato). Para cada tipo de serviço (estrutura metálica, pintura, etc.) há um critério específico de medição.

66. Verifica-se em cada medição o percentual realizado sobre o total projetado para cada item da EAP. A obra desenvolvia-se paralelamente ao detalhamento do projeto executivo. A adoção da sistemática EAP de desembolso diverge daquela correspondente ao pagamento por preço unitário: os itens são pagos conforme duas proporções: 1) realizado/projetado; 2) peso do item na estrutura do contrato (conforme os níveis acima mencionados).

67. Esta modalidade de pagamento é adotada pela Petrobras nos casos em que o contrato é por preço global. A EAP constitui-se, assim, numa sistemática de desembolso financeiro, de forma proporcional ao avanço da obra e ao peso do item na estrutura da EAP.

68. Desta forma, a cada medição, o avanço físico dos serviços realizados é representado de forma percentual, para em seguida ser convertido em valores financeiros, uma vez que na EAP correlaciona-se o avanço físico de determinado item ao desembolso financeiro proporcional do mesmo no valor do contrato.

69. Adotando-se esta forma de medição e pagamento, mesmo que alguns itens específicos (v.g., isométricos) não sejam medidos, o pagamento de forma proporcional à execução do item ao qual pertence garantirá a remuneração ao contratado.

70. De forma reduzida, o critério adotado na Memória de Cálculo de fls. 57/58 do anexo 4, em que foram impugnados os valores de que se trata nos presentes autos, foi verificar o peso da tubulação relativa aos isométricos 374, 376, 391, 394, 395, 396, 397, 398, 407, 419, 421, todos desenvolvidos a partir de OUT/2004, para, de forma proporcional, quantificar os valores relativos a estrutura metálica, isolamento térmico e pintura.

71. A verificação das medições dos isométricos em questão permitiria identificar em quais contratos foram pagos e se houve, ou não, pagamentos em duplicidade. Contudo, nem todos os isométricos foram medidos (v. acima característica de pagamento de serviços não medidos, mas pagos de forma proporcional, conforme EAP): a tabela seguinte identifica que os isométricos 395, 396, 397, 398 e 421 não foram medidos em nenhum dos contratos. Os demais isométricos questionados (374, 376, 391, 394, 407, 419) somente foram medidos no segundo contrato (v. anexo 7 da presente instrução).

72. Ao se analisar a planilha ‘Memória de Cálculo de Peso de Tubulação e Acessórios’ (fl. 57, anexo 4), elaborada pela equipe de auditoria da 1ª SECEX, pode-se observar alguns detalhes relevantes que merecem destaque no que concerne aos quantitativos de tubulação de maior materialidade em cada coluna da planilha mencionada, conforme se observa no quadro seguinte. A Petrobras argumenta que o objeto do primeiro contrato seria até o limite de bateria. O Boletim de Medição de SET/05 (anexo 7) do segundo contrato (0800.0013519.05.2), relativo às dessalgadoras, permitiu concluir que, embora alguns isométricos constem na referida Memória de Cálculo de conformidade com os quantitativos presentes nas fls. 22/55 do anexo 4, especificados pela Norteng Engenharia, as medições fazem referência a quantitativos menores, supostamente os limites de bateria, pois, como alega a Petrobras, somente fariam parte do Contrato n.º 0800.0013519.05.2 os trechos dentro do limite de bateria.

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O quadro mostra que a Petrobras adotou o critério de somente realizar as medições dos isométricos observados no aludido contrato dentro do limite de bateria (trechos dos isométricos medidos menores que aqueles constantes dos projetos), o que guarda uniformidade com o argumento que vem sustentando em suas diversas manifestações nos presentes autos.

ISOMÉTRICO – ISO

LINHA TUBULAÇÕES Qtde. Medida(2º contrato)

Quantidadeconstantena Planilhafl. 57, anexo 4

Admitindo-sea existênciada Linha deBateria (LB),qtde. medidaou realizadaestaria dentroda LB

Existindoa linha debateria,a qtde.na planilhade fl. 57,anexo 4seriareduzidaem:

válvulas(unid.)

374 853 tubo de 4” 28,6 m 35,5 m 28,6 m 6,9 m 9376 852 tubo de 4” 29,0 m 29,0 m 29,0 m - 11391 793 tubo de 2” 29,4 m 48,0 m 29,4 m 18,6 m 8394 787 tubo de 2” 11,6 m 11,6 m 11,6 m - 1395 791 tubo de 1 1/2” ISO não

consideradona medição,mas realizado

1,4 m 1,4 m - 1

396 790 tubo de 1 ½” ISO nãoconsideradona medição,mas realizado

4,0 m 4,0 m - 3

tubo de 1” ISO nãoConsideradona medição,mas realizado

0,3 m 0,3 m -

397 789 tubo de 1 ½”sch 80

ISO nãoConsideradona medição,mas realizado

1,4 m 1,4 m - 5

tubo de 1 ½”sch 160

ISO nãoConsideradona medição,mas realizado

8,0 m 8,0 m -

398 792 tubo de 1” ISO nãoconsideradona medição,mas realizado

0,3 m 0,3 m - 4

tubo de 1 ½” ISO nãoConsideradona medição,mas realizado

9,4 m 9,4 m -

407 788 tubo de 1” 0,3 m 0,3 m 0,3 m - 2tubo de 2” 3,3 m 3,5 m 3,3 m 0,2 m

419 785 tubo de 2” Item nãoconsiderado namedição, masrealizado

2,0 m 2,0 m - 11

tubo de ½” Item nãoconsiderado

0,6 m 0,6 m -

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namedição, masrealizado

tubo de 1 ½” 15,6 m 45,5 m 15,6 m 29,6 m421 786 tubo de 1 ½” ISO não

consideradona medição,mas realizado

7,0 m 7,0 m - 1

Total de válvulas 55

73. Em relação ao quadro acima, cabe ressaltar o que se segue:- considerando que as quantidades da coluna ‘Quantidade constante na Planilha

fl. 57’ foram retiradas da planilha ‘Memória de Cálculo de Peso de Tubulação e Acessórios’ (fl. 57, anexo 4), que por sua vez foi elaborada com quantidades retiradas das planilhas denominadas ‘Levantamento de Materiais de Tubulação Adicionais das Dessalgadoras Conforme ISOs’ (fls. 22/55, anexo 4), elaboradas pela Norteng com base nos isométricos de tubulação das linhas de interligação das dessalgadoras, e que o segundo contrato (n.º 08000013519.05.2) foi firmado com base nessas estimativas, verifica-se que há um descompasso entre as quantidades que foram orçadas (contratadas) e as efetivamente medidas, o que vem a demonstrar que uma análise criteriosa dos orçamentos das obras de engenharia da PETROBRAS torna-se imprescindível.

74. Outra tentativa para verificar se houve ou não duplicidade de serviços, relativamente ao escopo dos Contratos, foi a de solicitar as medições referentes às linhas que vão da unidade operacional até a dessalgadora, passando pela linha de bateria ou linha de fornecimento (linha tracejada do fluxograma simplificado, desenho DE- 5260.00-2112-944-PDA-002, fl. 76, anexo 4), ou seja, linhas que foram contempladas com serviços tanto no 1º como no 2º contrato. A equipe presumiu que, com as medições dos isométricos que compõem tais linhas e que foram objeto do 1º contrato, teria condições de levantar quantitativos pagos e compará-los com os quantitativos de isométricos que compõem aquelas mesmas linhas, dentro do limite da linha de bateria, apresentados nas medições do 2º contrato, e constatar se houve ou não sobreposição de serviços de um contrato com o outro.

75. Cite-se como exemplo a linha de tubulação 4”–HC–210-853-Ca, constante no desenho DE-5260.00-2112-200-JNP-013 (Documento 4 do anexo 5, da presente instrução), e que apresenta o isométrico IS-5260.00-2112-200-JNP-374 (fl. 66 do anexo 4). Foi possível levantar os quantitativos executados de tubulação da linha 853 dentro da linha de bateria, visto que as medições foram realizadas com indicativo do isométrico 374 (serviços do 2º contrato); no entanto, não foi possível levantar os quantitativos desta mesma linha 853 fora da linha de bateria, em decorrência de não existirem medições para tais serviços (1º contrato), frustando, portanto, a pretensão inicial.

76. A justificativa apresentada pelos engenheiros da PETROBRAS para a não-existência das medições é que como os projetos de tais isométricos só foram liberados para construção em 15/04/2005, não havia mais necessidade de medir os serviços executados, dado o fato de que a EAP – Medição já apresentava percentual realizado acumulado próximo de 100% para o item de tubulação.

5. 2ª ABORDAGEM: ORÇAMENTO77. Uma vez que tanto a abordagem da 1ª SECEX quanto aquela desenvolvida

pela Petrobras produziram resultados plausíveis (conforme destacado nos itens anteriores), guardando lógica nos dois raciocínios, entendeu a equipe da SECEX/CE oportuno analisar o orçamento básico dos dois contratos, a fim de averiguar se aquele

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do primeiro contrato contemplaria recursos suficientes para custear os itens do segundo contrato, impugnados no primeiro trabalho de auditoria, realizado pela 1ª SECEX.

78. Trata-se, contudo, de obra de porte considerável, com grande especificidade técnica, com serviços de várias áreas da engenharia (civil, elétrica, petroquímica), requerendo diversas categorias de profissionais, etc. Em contrapartida ao porte e complexidade da obra, o orçamento apresentado encontra-se extremamente simplificado, não contendo detalhamento algum que permitisse um aprofundamento da matéria. Um orçamento de obra deste porte contempla inúmeras planilhas de cálculos, envolvendo inúmeras particularidades.

79. Somando-se a complexidade da obra, à falta de elementos analíticos dos orçamentos apresentados (v.g.: fls. 82/88 do anexo 2 e 128/135 do anexo 3) e à exigüidade de tempo para execução dos trabalhos de averiguação de campo, a equipe da SECEX/CE ponderou que não haveria condições para o desenvolvimento de auditoria seguindo essa linha de atuação.

6. 3ª. ABORDAGEM: interpretação do MD80. Tendo resultado infrutíferas as abordagens anteriores, restou novamente ser

necessário perscrutar a melhor interpretação do MD - Memorial Descritivo.81. O subitem 3.1.5, conforme se observa abaixo, realmente deixa dúvida quanto

aos serviços que fazem parte do escopo do contrato em comento, in verbis: ‘3.1.5 A montagem e os testes da Dessalgadora DL –210101 A/B não fazem parte

do escopo deste contrato. A contratada deverá projetar, fornecer todos os materiais, pré-fabricar e montar as tubulações que interligarão o equipamento à unidade operacional’. (grifo nosso).

82. Cabe observar cuidadosamente o subitem 3.1.4, a seguir transcrito, a fim de que se compare as diferenças entre suas redações, in verbis:

‘3.1.4 A Montagem do Forno de Carga F –210102 e o Tambor de Knockout de Coque V- 210 117 não fazem parte do escopo da contratada. Estes serão montados e testados pelo próprio fornecedor. Caberá a contratada a interligação destes equipamentos com a unidade operacional’.

83. A Petrobras quando pretendeu deixar assente a obrigação da contratada quanto à interligação do equipamento o fez de forma expressa no item 3.1.4. A diferente redação desses dois itens provoca questionamentos no leitor: qual seria a razão de emprestar redação diferente ao item seguinte, o 3.1.5, se não tivesse uma especificidade peculiar em relação a este item?; por que utilizar o verbo no futuro (‘interligarão’), se a interligação contida no item 3.1.4 também seria realizada no futuro, mas em relação a este item, o mesmo verbo não foi empregado?

84. O item 3.1.5 do Memorial Descritivo do Contrato n.º 532.2.019.03-0 utiliza o verbo interligar no futuro, o que causa ao leitor a primeira impressão de que haveria um lapso de tempo considerável entre a celebração do contrato e a anunciada interligação, como se essas fossem em fases distintas, não simultâneas, nem sincronizadas. Esta é a interpretação que a Petrobras e a Norteng pugnam por prevalecer. Vejamos se os fatos levantados em campo permitem firmar a conclusão de que realmente essa é a interpretação mais consentânea com o que foi realizado nas instalações da LUBNOR.

85. Durante os trabalhos in loco, mediante solicitação da equipe de inspeção, os responsáveis técnicos da Petrobras, Engenheiros Jorge Triandópolis e José Clealmir de Souza, elaboraram documento em que procuraram melhor expor a questão. Esses elementos integram o Anexo V da presente instrução.

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86. Os esclarecimentos procuram realçar cronologicamente como foram desenvolvidos os serviços contratados. Em síntese, afirmam o seguinte (Anexo V):

- quando o serviço de montagem da UVAC foi licitado, a Petrobras dispunha de todos os desenhos básicos do projeto bem como os projetos básicos dos principais equipamentos (torre, forno, etc.); com tais definições, a Petrobras/ENGENHARIA, no Rio de Janeiro, através de setor específico de orçamentação, na sede da empresa, pôde elaborar a estimativa de custo da obra;

- contudo, quanto às dessalgadoras, o documento disponível era o desenho simplificado DE-5260.00-2112-944-PDA-002 (v. anexo 8, fl. 39), sem qualquer informação sobre os diâmetros das linhas, especificação de material, isolamento térmico, etc.; tratava-se de um projeto conceitual, simplificativo e orientativo;

- o processo de compra das dessalgadoras encontrava-se ainda em fase de definição de tecnologia (eram três os possíveis fornecedores: a PETRECO, a NATCO e empresa BAKER, com tecnologias diferentes, tratando-se de escolher a solução que melhor se adequasse à dessalgação do petróleo enviado como amostra);

- o Contrato n.º 532.2.019.03-0 foi celebrado em 15/12/2003 com a Norteng, ao passo que a Autorização de Fornecimento de Material - AFM (que é o contrato de compra das dessalgadoras, encaminhada como anexo) das Dessalgadoras somente foi assinada em 20/04/2004, mais de 4 (quatro) meses após a assinatura do contrato com a Norteng;

- ainda não se sabia, naquela ocasião, como seria o sistema de Mud-Wash (lavagem do fundo das dessalgadoras);

- ‘quando se compara o nível de detalhes do projeto básico da UVAC, enviado para as empresas licitantes com as informações do projeto conceitual das dessalgadoras, é possível perceber que não se poderia fazer uma estimativa de custo com base nesse projeto conceitual’;

- ‘além disso, a Petrobras não tinha qualquer conhecimento do projeto da dessalgadora e sequer da tecnologia adotada pelo futuro fornecedor’;

- ‘na ata de reunião em anexo (Ata entre PETROBRAS e NATCO em 19/05/2004) [anexo 3] se pode constatar em seu item 10, que naquele momento a NATCO entregou a primeira remessa de documentos para aprovação e ainda ficaram pendentes os primeiros desenhos de instrumentação’;

- um projeto básico deveria apresentar diversas características técnicas, como as do quadro abaixo, não presentes no desenho conceitual das dessalgadoras:

TABELA COMPARATIVA

InformaçõesProjeto Básico Desenho conceitual

Diâmetro das linhas/especificação de materiais S NClasses de pressão S NCoordenadas dos equipamentos S NPeso dos equipamentos S NElevação dos bocais S NQuantidade e tipo de instrumentos S NInformações para dimensionar cargas elétricas S NLocalização dos painéis elétricos S NEspessura e área do isolamento S NQuantificação dos traços de vapor S NEsquema de pintura S N

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Área de pintura S N

- o chamado desenho conceitual, DE-5260-00-2112-944-PDA-002, fornecido também no mesmo contrato como documento referente à dessalgadora, não se caracterizaria como um documento de projeto básico;

- desta forma, seria ‘possível se confirmar a impossibilidade de a Petrobras e das empresas licitantes fazerem qualquer orçamento do projeto das dessalgadoras com a precisão requerida e ainda contratar um projeto que ainda estava em definição de tecnologia’;

- um argumento erigido que daria maior robustez a estas informações, ‘a planta de tubulação das dessalgadoras DE-5260-00-2112-200-JPN-013 [anexo 4] teve sua emissão inicial em julho de 2004 e a revisão para construção em abril de 2005’ (o referido desenho apresenta como título: ‘Planta de Tubulação Dessalgadoras’);

- apresentaram também o Desenho ‘I-DE-5260.00-2112-562-NTG-001 (Vessel General Arrangement) [anexo 5]’ (da NATCO), afirmando que ‘com isso foi possível gerar os isométricos citados na primeira auditoria, referentes à dessalgadora, que tiveram sua emissão em outubro de 2004 e sua liberação para construção em abril de 2005’; o referido desenho é datado de 05/04/2004;

- sobre a interligação de equipamentos montados em diferentes fases, fazem referência a um ponto de interface: ‘ao se fazer o projeto de ampliação da UVAC, informando aos licitantes, que determinados equipamentos e seus projetos associados somente serão montados e construídos no futuro, se faz necessário estabelecer um ponto de interface (até onde o projeto será limitado). Este ponto, chamado de limite de bateria de fornecimento, foi informado através do DE-5260.00-2112-944-PDA-002 com os demais desenhos, memoriais e anexos do contrato’;

- as dessalgadoras chegaram em Fortaleza em abril de 2005, conforme uma das faturas da Companhia Docas do Ceará [anexo 5];

- sobre como fazer a unidade entrar em produção sem as dessalgadoras, portanto após a Pré-Parada e a Parada, explicaram que: ‘para permitir que a planta (UVAC), ao final da obra do Contrato n° 532.2.019.03-0, entrasse em operação sem as dessalgadoras, foi elaborado um estudo para permitir que todas as linhas de interligação entre a unidade e as dessalgadoras fossem contempladas com uma válvula de bloqueio. Tal procedimento iria permitir a unidade operar sem o sistema de dessalgação e que futuramente continuassem as obras sem que houvesse interferência na UVAC. Além disso, este foi o ponto de interligação onde a partir daí as linhas das dessalgadoras foram construídas e interligadas em um segundo contrato’;

- anexou fotos que comprovariam o afirmado: no momento da instalação das dessalgadoras (colocação em suas bases), somente as tubulações previstas no referido contrato estavam presentes, ou seja, até o limite de bateria;

- ‘a planta de destilação - UVAC entrou em operação no início de abril de 2005 sem qualquer problema operacional e ainda sem a instalação das dessalgadoras, com a utilização das válvulas de bloqueio permitindo isolar os dois sistemas (UVAC - Unidade de destilação à vácuo e as dessalgadoras)’.

87. Urge que se confrontem os argumentos esposados pela Petrobras com aqueles contidos na análise do Agravo:

Trecho da análise do Agravo (vol. principal, fl. 216):‘Conforme nota relativa à revisão 'A' do fluxograma simplificado, nele é

'indicado o LB (limite de bateria) de fornecimento das dessalgadoras'. Não há qualquer menção ao escopo de instalação dos equipamentos. A interpretação de que esta também estaria contida no limite de bateria já é extensiva, pois isso não está escrito’.

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88. A instrução faz referência ao LB, limite de bateria. Contudo, uma vez que não houve detalhamento expresso no MD, não admite interpretação diversa daquela de que a montagem da tubulação que interligaria a UVAC às dessalgadoras estaria incluída no primeiro contrato.

Trecho da análise do Agravo (vol. principal, fl. 216):‘A instalação só é definida no Memorial Descritivo do Contrato n.º

532.2.019.03-0, cujo item 3.1.5 define que a montagem das dessalgadoras não faz parte do escopo do contrato, porém deixa claro que 'a contratada deverá projetar, fornecer todos os materiais, pré-fabricar e montar as tubulações que interligarão as dessalgadoras à unidade operacional' (destaques nossos). Observe-se que, em nenhum momento, o Memorial Descritivo faz menção ao limite de bateria. Não resta dúvida, então, que toda a tubulação, das dessalgadoras à unidade operacional, deveria ser fornecida e instalada pela contratada, no caso, a Norteng’.

89. A instrução entende que, uma vez que o Memorial Descritivo não faz menção ao limite de bateria, não restaria, então, dúvida de que toda a tubulação, das dessalgadoras à unidade operacional, deveria ser fornecida e instalada pela Norteng.

90. Restaria, aqui, diante das informações supervenientes trazidas à lume pela Petrobras, algumas interrogações: tanto pela Norteng quanto pela Petrobras, como poderia ser realizado o orçamento da interligação das dessalgadoras à UVAC em 15/12/2003, data da celebração do primeiro contrato, antes mesmo de ter sido escolhido o fornecedor dos equipamentos (dessalgadoras), que se deu em abril/2004? Como poderiam ser elaborados os projetos executivos da interligação antes da remessa dos dados técnicos necessários pela NATCO, fornecedora das dessalgadoras? Como poderiam ser desenvolvidos os isométricos (v. item 28, acima) de interligação, através do desenho conceitual 5260.00-2112-944-PDA-002, sem que este tivesse informações essenciais, tais como as descritas na Tabela Comparativa acima, dentre outras: diâmetro das linhas/especificação de materiais; classe de pressão; elevação dos bocais; quantidade e tipo de instrumentos; espessura e área do isolamento, quantificação dos traços de vapor?

Trecho da análise do Agravo (vol. principal, fl. 216):‘Também mostram-se incoerentes as alegações da Norteng mencionadas nos itens

'k' e 'l' retro. O desenho DE-5260.00-2112-944-PDA-002 não delimita quantidades, pois não apresenta quaisquer medidas de comprimento. Nem mesmo o fluxograma detalhado o faz, cabendo essa função às plantas e isométricos de tubulação, que eram objeto do próprio contrato’.

91. O questionamento que se faz aqui é idêntico aos acima: como poderia ser contratada a execução de trecho (difere, contudo, de contratar o projeto executivo, que seria possível de ser elaborado tão logo fossem adquiridas as dessalgadoras) de obra desconhecido, sem detalhamento suficiente? Ressalte-se que as tecnologias em análise se apresentavam distintas e com características próprias. Até mesmo a quantificação efetuada pela 1ª SECEX (fl. 57, anexo 4) não poderia ser efetuada na época do primeiro contrato, uma vez que não havia os detalhes dos isométricos (e, portanto, outras estimativas de custos), que somente se tornaram disponíveis após a definição das dessalgadoras.

92. O Documento Técnico PT-5260.00.00-2112-562-PDA-001, contido no CD, pasta das Dessalgadoras, contém o Parecer Técnico, de 01/03/2004, conclusivo e definitivo em relação à proposta de fornecimento da empresa NATCO, considerando-a ‘tecnicamente aceitável sem restrições’ (v. anexo 6).

Trecho da análise do Agravo (vol. principal, fl. 216):

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‘Já o fato de que a Petrobras não havia adquirido as dessalgadoras à época da proposta também não é evidência de que o serviço não pudesse ser orçado, pois o mesmo ocorria com diversos outros equipamentos, conforme registra os itens 3.1.1 e 3.1.2 do Memorial Descritivo. Em ambos os casos, a estimativa de material e serviço deveria ser feita por meio da análise da documentação do projeto básico e de visita técnica’.

93. O subitem 3.1.1 do Memorial Descritivo (fl. 193, vol. 2) relaciona os equipamentos novos a serem usados na UVAC: F-210101 - Forno de Carga; T-210101 - Torre de Vácuo; T-210102/3/4 - Torre Retificadora de Destilados Leve, Médio e Pesado; DL-210101 A/B - Dessalgadora (com 2 estágios); P-210103 - Permutador de Cru x Refluxo Circulante; P-210104 A/B - Permutadores de Cru x CAP; P-210111 - Resfriador de Água de Selagem; B-210102 A/B - Bombas de Gol Diluente; B-210123 - Bomba de Selagem das Bombas de Vácuo; B-210124 A/B - Bombas de Água de Diluição; B-210127 A/B - Bombas de Slop Wax; B-210129 A/B - Bombas de Refluxo de Topo; B-210132 A/B - Bombas de Destilado Leve; B-210133 A/B - Bombas de Destilado Pesado; B-210134 A/B - Bombas de Salmoura; B-210135 A/B - Bombas de Esgotamento do Vaso F-108; B-210136 A/B - Bombas de Mud Wash; B-400016 A/B - Bombas de Desemulsificante; V-210101 - Vaso Acumulador de Refluxo; V-210111 - Vaso de Recuperação de Nafta; V-210117 - Tambor de Knock Out de Coque.

94. Já o subitem 3.1.2 informa que os equipamentos novos listados no item anterior seriam comprados pela PETROBRAS.

95. O CD fornecido pela Petrobras (rótulo ‘LUBNOR MODIFICAÇÕES DA UVAC PROJETOS BÁSICOS’), que contém os Projetos Básicos, inclui no item ‘6. RM'S E PT'S DE EQUIPAMENTOS’, pastas específicas para cada um dos equipamentos mencionados, com o detalhamento técnico correspondente. Quanto às dessalgadoras, contudo, não há a riqueza de detalhes contidas na especificação dos demais equipamentos.

96. Observando-se o referido CD encaminhado pela Petrobras, pode-se evidenciar, em relação às dessalgadoras, a inexistência de informações no mesmo nível de detalhamento presentes em relação, por exemplo, à Tubulação e outros equipamentos (v. anexo 6 da presente instrução, em que foram listados os documentos técnicos aqui referenciados), v.g.: FD-5260.00-2112-200-PPC-101=B, Lista de Linhas; ‘AF-1GLDA4-001-lista de documentos Rev E’, que menciona, por exemplo os arquivos ‘AF-1-P-FD-A4-012’ e ‘AF-1-P-FD-A4-031’, respectivamente da Bomba J-123 A/B - Selagem das B.Vácuo e Vaso F-101 - Novo V-210.101, que trazem informações técnicas precisas sobre os equipamentos mencionados: temperatura, peso, bocais, diâmetro, sucção, viscosidade, características dos fluidos, pressões, vazões, tensão, freqüência e várias outras; ‘FD-5260.00-2112-540-PPC-101=B’, sobre o Vaso Acumulador de Refluxo V-210101, com informações sobre o desenho esquemático, fluidos, temperatura, pressão, bocais, contaminantes, diâmetros...)

Trecho da análise do Agravo (vol. principal, fl. 216):‘Assim, não há outra interpretação possível para o item 3.1.5 que não seja a de

que a contratada deveria montar as tubulações até as dessalgadoras. A alegação de que o termo 'interligarão' (no futuro) refere-se apenas a um trecho de tubulação, a partir do qual, em ocasião posterior, seria feita a interligação de fato, já carece de sentido no contexto do próprio item 3.1.5. Seria ilógico contratar a montagem de tubulações somente até um ponto intermediário entre o equipamento e a unidade operacional e comprar o equipamento sem o restante do trecho, deixando essa lacuna para contratação futura. Mesmo porque o limite de bateria não define o comprimento de tubulação que estaria dentro ou fora dele’.

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97. A instrução afirma ser ilógico contratar a montagem de tubulações somente até um ponto intermediário entre o equipamento e a unidade operacional. Surgem aqui mais indagações: porque a Petrobras firmaria contrato para realizar apenas uma parte da interligação (isométricos impugnados), deixando o restante dos isométricos de interligação para outro contrato? Seria razoável que a Petrobras contratasse duas empresas para fazer a interligação: a Norteng, por hipótese, faria apenas os isométricos impugnados (como constante do primeiro contrato), sendo contratada outra empresa (a própria Norteng ou outra empreiteira) para finalizar a interligação das dessalgadoras à UVAC? Por que a Petrobras contrataria a tubulação até determinado trecho (hipoteticamente, um trecho de interface, ou limite de bateria) se já dispusesse de condições de fazer uma contratação completa? A única explicação plausível seria a de que a Petrobras tenha contratado a montagem de tubulações da UVAC até determinado trecho para o qual já dispusesse de todo o projeto executivo e aguardado para uma segunda fase, sem comprometimento da operação da unidade produtiva, a contratação de uma segunda etapa. O final do primeiro trecho poderia ser designado, nessa hipótese, de trecho de interface (a Petrobras o denomina, assim como a Norteng, de limite de bateria das dessalgadoras). A contratação de um trecho, seguido de um segundo, somente faz sentido segundo o ponto de vista da Petrobras, realmente não tendo nenhum sentido se não admitido um limite de bateria.

Trecho da análise do Agravo (vol. principal, fl. 216):‘O item 3.1.8 do Memorial Descritivo do Contrato n.º 532.2.019.03-0 afirma que

a construção das bases das dessalgadoras DL-210101 A/B e a sua montagem serão executadas na fase da PRÉ-PARADA. Não faz sentido, então, a afirmação da Petrobras (item 'g' retro) de que a interligação dos equipamentos não era objeto do contrato, uma vez que 'somente poderia viabilizar-se após a construção da estrutura mencionada no item (3.1.5)' (destaque nosso). As dessalgadoras já estariam disponíveis para interligação após sua montagem na PRÉ-PARADA e não há sentido em se falar em interligação após a 'construção da estrutura', pois a 'estrutura' prevista pelo item 3.1.5 é, na verdade, a própria interligação.

Pelo mesmo motivo, afasta-se a alegação de que os itens 3.1.5, 3.1.8, 6.2.3.1.3 e 6.2.3.1.4 'não tratam de interligação das dessalgadoras e sim de atividades de construção de tubulação para posterior interligação, quando da chegada das dessalgadoras à Fortaleza e sua posterior montagem'. Como já demonstrado, a montagem das dessalgadoras era programada para a PRÉ-PARADA.

A Petrobras afirma que os itens 6.2.3.1.3 e 6.2.3.1.4 (fls. 204/205) previam para a PRÉ-PARADA apenas a construção de trecho das linhas de sucção e descarga e, não, sua interligação. De fato, o item 6.2.3.1.3 previa apenas trechos das linhas referentes às bombas e às dessalgadoras, porém o item 6.2.3.1.4 definia que deveriam ser realizados no período de PARADA os serviços de 'montagem e interligação de tubulações aos equipamentos e sistemas montados na PRÉ-PARADA e na PARADA'. Lembre-se que era prevista a montagem das dessalgadoras na PRÉ-PARADA.

Em resumo:i) o fluxograma simplificado (projeto básico) delimitou o limite de bateria de

fornecimento das dessalgadoras, sem indicar comprimentos de tubulação e sem definir se o limite se referia somente ao fornecimento (suprimento) do equipamento e acessórios ou se incluía a montagem;

ii) o item 3.1.5 do Memorial Descritivo do Contrato n.º 532.2.019.03-0 definiu que o fornecimento e a montagem das dessalgadoras (equipamentos apenas) não faziam parte do escopo da Norteng, mas toda a tubulação de interligação das dessalgadoras à unidade operacional deveria ser fornecida e instalada por ela;

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iii) o Memorial Descritivo definiu que a montagem das dessalgadoras seria executada (por terceiros) na PRÉ-PARADA (item 3.1.8), período no qual também deveriam ser montados trechos das tubulações de interligação (item 6.2.3.1.3);

iv) a conclusão da montagem e da interligação de tubulações à dessalgadora deveria ser feita na PARADA, conforme definido pelo Memorial Descritivo (item 6.2.3.1.4).

Fica claro, então, que era obrigação da Norteng executar as interligações até as dessalgadoras, conforme concluído na auditoria’.

98. A instrução reforça que a montagem das dessalgadoras deveria ser realizada na Pré-Parada. A conclusão da montagem e da interligação de tubulações à dessalgadora deveria ser feita na Parada. Contudo, as dessalgadoras somente chegaram a Fortaleza em abril/2005, depois da Parada (conforme se depreende do trecho seguinte, constante do anexo 5: ‘a planta de destilação entrou em operação no início de abril de 2005 sem qualquer problema operacional e ainda sem a instalação das dessalgadoras, com a utilização das válvulas de bloqueio permitindo isolar os dois sistemas (UVAC - Unidade de destilação à vácuo e as dessalgadoras)’. Quando da realização dos trabalhos in loco pela equipe da SECEX/CE, em DEZ/2005, as dessalgadoras ainda não se encontravam em funcionamento. Ou seja, sua interligação dar-se-á após a Parada. A UVAC encontrava-se em condições operacionais, independentemente da não-utilização das dessalgadoras, em função de válvula de bloqueio nos limites de bateria de fornecimento de cada uma das linhas (v. item 86).

99. Os pronunciamentos da Petrobras e da Norteng são uniformes em defender que o primeiro contrato firmado (que poderia ser entendido como uma primeira ‘fase’) teria como objeto as modificações da UVAC. O segundo contrato, a partir do limite de bateria (que poderia ser entendido como uma segunda ‘fase’), após completa definição das dessalgadoras, teria como objeto a interligação da UVAC às dessalgadoras.

100. Se a instalação das dessalgadoras somente pudesse ser realizada na pré-parada, e sua interligação na Parada (conforme intrepretação da 1ª SECEX), a UVAC não poderia estar operando sem as dessalgadoras (que serão interligadas na ‘pós-parada’).

101. O conceito de limite de bateria de fornecimento adquire, portanto, uma conotação ainda mais lógica: induz ao leitor a idéia de limite entre dois sistemas (UVAC e dessalgadoras), ou de projeto que possa ser montado em fases distintas, ou ainda, de tratar-se da montagem de componente que não seja imprescindível para o funcionamento da unidade como um todo.

102. Resta apenas mais um ponto a ser apreciado. O Memorial Descritivo do primeiro Contrato não faz referência expressa ao limite de bateria das dessalgadoras, tendo causado a controvérsia objeto dos presentes autos. O objetivo do contrato era: ‘serviços de Projeto, Construção e Montagem com fornecimento de materiais e equipamentos, Desmontagem e Remoção de Equipamentos e Instalações Desativadas, Serviços de Assistência à Pré-Operação Assistida, visando a implementação das Modificações na Unidade de Destilação a Vácuo (UVAC) da UN-LUBNOR’. A primeira fase consiste no projeto. O item 6.1 do referido MD, contudo, faz referência ao ANEXO I-A (MD-5260.00-2112-940-PEI-001), que em seu item 3.3.3 faz referência expressa ao limite de bateria das dessalgadoras, que seriam definidos na reunião de abertura do projeto. É o que se expõe abaixo.

103. O Memorial Descritivo do Contrato n.º 532.2.019.03-0 (fls. 193/225, anexo 2) possui a seguinte estrutura:

ObjetivoEscopo dos Serviços

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Descrição das InstalaçõesRegime de Execução dos ServiçosCondições Locais dos ServiçosDescrição dos ServiçosEspecificações Técnicas dos ServiçosNormas e ProcedimentosEquipeObrigações da ContratadaObrigações da PetrobrasCanteiro de ObrasAnexos104. Entre os Anexos do referido Memorial Descritivo constam (v. fl. 225):ANEXO I-A MD-5260.00-2112-940-PEI-001 Descrição dos Serviços de Projeto;ANEXO I-B Revisão n.º 07 Índice de Registros de Qualificação de Procedimentos

de Soldagem - RQPS do AB-RE;ANEXO I-C Lista n.º 11 Lista de Consumíveis Certificados pela FBTS.105. O item 6.1 do Memorial Descritivo faz referência ao ANEXO I-A,

supracitado, in verbis (fl. 199, anexo 2):‘6. DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOSSERVIÇOS DE PROJETOPara o desenvolvimento dos Serviços de Projeto deverão ser seguidas as

diretrizes estabelecidas no Memorial Descritivo MD-5260.00-2112-940-PEI-001 - DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS DE PROJETO - Rev. D (ANEXO I-A)’.

106. O MD-5260.00-2112-940-PEI-001 (Revisão D, de 07/05/2003, consta no anexo 9 da presente instrução, assim como no CD: E:\UVAC - LUBNOR\NEGOCIAÇÃO - NORTENG\1. MD - DESCRIÇÃO SERVIÇOS DE PROJETO\MD-5260.00-2112-940-PEI-001=D) possui a seguinte estrutura básica:

1 OBJETIVO2 DOCUMENTAÇÃO DO PROJETO BÁSICO FORNECIDO PELA PETROBRAS3 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS DE PROJETO3.1 GERAL3.2 VERIFICAÇÃO DA CONSISTÊNCIA DOS PROJETOS BÁSICOS3.3 INTEGRAÇÃO E COMPLEMENTAÇÃO DOS PROJETOS BÁSICOS3.4 DETALHAMENTO DOS PROJETOS BÁSICOS3.5 DOCUMENTAÇÃO PARA COMPRA DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS3.6 ANÁLISE E APROVAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO DE FORNECEDORES3.7 CÓPIA EM AUTOCAD DE DOCUMENTOS TÉCNICOS EXISTENTES3.8 REVISÃO DOS DOCUMENTOS ‘CONFORME CONSTRUÍDO’3.9 PRONTUÁRIOS DOS EQUIPAMENTOS SEGUNDO A NR-134. FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE PROJETO5. QUALIFICAÇÃO DO PESSOAL DE PROJETO

107. O item 3.3.3 do MD de projeto faz menção explícita ao Limites de Bateria da UVAC e das dessalgadoras (in verbis):

‘3.3.3 Os Limites de Baterias dos projetos básicos do sistema de vácuo e da dessalgadora serão definidos na reunião de abertura do projeto’ (grifos nossos).

108. O item 3.1.5 do MD do contrato não menciona o limite de bateria, resultando em interpretação dúbia ao leitor. Contudo, o MD de projeto contempla

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referência expressa à existência dos limites de bateria, que seriam definidos na reunião de abertura do projeto. Reproduzimos, mais uma vez, a redação do item 3.1.5:

‘3.1.5 A montagem e os testes da Dessalgadora DL-210101 A/B não fazem parte do escopo deste contrato. A CONTRATADA deverá projetar, fornecer todos os materiais, pré-fabricar e montar as tubulações que interligarão o equipamento à unidade operacional’.

110. Duas são as interpretações possíveis: 1- não havendo o limite de bateria, a contratada deveria realizar a interligação: sentido das dessalgadoras para a UVAC (interligarão o equipamento - dessalgadora - à unidade operacional); 2- havendo o limite de bateria, a contratada deveria projetar, fornecer todos os materiais, pré-fabricar e montar as tubulações da UVAC até o limite de bateria, para numa fase posterior, após a definição das dessalgadoras, interligá-las à unidade operacional (sentido UVAC para dessalgadoras). A segunda interpretação é a defendida pela Petrobras e Norteng.

111. Por oportuno, com vistas a averiguarmos a plausibilidade do segundo entendimento, transcrevemos os seguintes trechos das defesas apresentadas pela Petrobras e Norteng nesse sentido:

NORTENG (anexo 7, fls. 10/12; grifos nossos):‘35. Ao analisarmos o fluxograma em anexo (doc. 5), documento integrante do

Contrato n° 532.2.019.03.0, relacionado na Lista de Documentos LD-5260.00.2112.940-PPC-001, verifica-se que: (i) o limite de bateria estava perfeitamente delimitado (realce em marrom); e (ii) a quantidade e quais as linhas que fariam parte do escopo do Contrato n.º 532.2.019.03.0 estavam delimitadas (realce em azul).

36. Se assim não fosse, baseada em quais documentos técnicos entregues pela PETROBRAS em 28/10/2003, data da solicitação da Contratante para a proposta NORTENG (ver anexo do Contrato n.º 532.2.019.03.0), a NORTENG poderia efetuar o levantamento de materiais e serviços das dessalgadoras?

37. Como poderia a NORTENG prever a quantidade de linhas, instrumentos, cabos elétricos que integrariam a sua proposta, se naquela data a PETROBRAS nem mesmo havia adquirido dessalgadoras e portanto não havia detalhes do projeto e interligação das mesmas?

38. Isto posto, torna-se claro que não houve qualquer sobreposição de serviços nos dois contratos e que apenas as tubulações, instrumentos e por conseqüência os cabos elétricos relacionados no limite de bateria do fluxograma (cf. doc. 5), faz parte do objeto do Contrato n.º 532.2.019.03.0’.

...42. Todavia, agora, diante de tão irrefutáveis esclarecimentos, bem como da

drástica situação fática, impõe-se a reconsideração da referida decisão ...’. PETROBRAS (anexo 8, fls. 09/10).:‘Resumidamente, o primeiro contrato (n.º 532.2.019.03-0) tinha por objeto a

modernização da Unidade (UVAC). Já o objeto do segundo (n.º 08000013519.05.2), por sua vez, consistia na montagem e instalação das dessalgadoras. Logo, quando da formalização do primeiro, o espaço destinado às dessalgadoras encontrava-se vazio e, por isso, o serviço de interligação destas à unidade não poderia ser realizado. Foi exatamente por este motivo que o primeiro contrato estabeleceu que a estrutura de interligação seria construída somente até um ponto intermediário, de onde partiria o restante dessa estrutura até as dessalgadoras, obviamente somente após a instalação destas. Esse ponto intermediário - tecnicamente chamado de ‘limite de bateria de fornecimento’ - é o marco de onde partiria a estrutura de interligação até as dessalgadoras, serviços esses que integram o objeto do segundo contrato.

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Portanto, o Contrato n.º 532.2.019.03-0 previa a construção de toda a tubulação e cabos necessários para a interligação com as dessalgadoras somente até o Limite de Bateria de fornecimento, como mostrado no Fluxograma Simplificado (DOC.07), na arte realçada em rosa, onde, no futuro, seriam instaladas as dessalgadoras e, aí sim, interligadas.

Destarte, corroborando o acima exposto, ao analisarmos o documento de fl. 57 do anexo 4 dos autos, percebemos, de forma cristalina, que o auditor equivocou-se ao considerar que os isométricos ali listados estavam contemplados no escopo do Contrato n.º 532.2.019.03-0. Essa afirmativa é comprovada pelo fato de que esses isométricos estão dentro do limite de bateria das dessalgadoras, como exemplificadamente elencado abaixo:

- Isométricos 374 e 391 (têm origem no bocal da dessalgadora DL210101B, até o limite de bateria desta);

- Isométrico 376 (interliga a dessalgadora DL 210101A até a dessalgadora DL 210101B)’.

PETROBRAS:‘Dessa forma, decorrido em torno de um ano de obra, com a unidade em

operação, foi necessária sua parada para que todas as interligações necessárias fossem executadas, exceto com as dessalgadoras’. (anexo 8, fl. 14; grifos nossos).

‘Saliente-se que essas dessalgadoras foram desenvolvidas exclusivamente para a UVAC, com peso, dimensões e especificidades técnicas únicas’; (anexo 9, fl. 08).

‘em outras palavras, o escopo do primeiro contrato (n.º 532.2.019.03-0) inclui apenas a construção de um trecho da tubulação e dos cabos elétricos que possibilitaria a futura interligação da unidade às dessalgadoras: da unidade até o ‘limite de bateria de fornecimento’. O segundo contrato (n.º 08000013519.05.2), por sua vez, previu a instalação das dessalgadoras e do outro trecho da tubulação e dos cabos de interligação: das dessalgadoras até o ‘limite de bateria de fornecimento’. Assim, a interligação propriamente dita somente ocorreu após a conclusão do segundo contrato (n.º 08000013519.05.2), quando toda a tubulação e cabos elétricos encontravam-se prontos: tanto o trecho do primeiro contrato quanto o trecho do segundo’ (anexo 9, fl. 13).

‘Além disso, ressalte-se que o Fluxograma de Engenharia das dessalgadoras, documento final, número DE-5260.00-2112-944-JPE-006 (doc. 8) foi elaborado muito tempo após a assinatura do contrato 532.2.019.03-0, em 08/12/2004’ (anexo 9, fl. 14; doc. 8 - fl. 56).

‘Como se observa, o item 3.1.5 acima menciona expressamente que ‘A CONTRATADA deverá projetar, fornecer todos os materiais, pré-fabricar e montar as tubulações que interligarão o equipamento à unidade operacional’ (grifos nossos). Aliada à primeira parte desse item, que diz que ‘A montagem e os testes da Dessalgadora DL 210101 A/B não fazem parte do escopo deste contrato’, resta claro que não há que se falar em interligação como objeto desse contrato, vez que esta somente poderia viabilizar-se após a execução dos serviços predecessores: a construção dos trechos de tubulação mencionados no item.

O termo ‘interligar’ expressa a atividade de ‘ligar-se entre si (duas ou mais coisas, etc.)’, nos termos do dicionário Aurélio. Em sentido estrito, contextualizado à situação presente, significa a última etapa desse processo: o ato de juntar a tubulação objeto do primeiro contrato com a do segundo. Em sentido lato, por sua vez, abrange a execução de todos os serviços predecessores: a construção da tubulação e cabos que viabilizaria o ato final de interligação. E, como não poderia deixar de ser, não é diferente a acepção utilizada no item 3.1.5 acima: ‘...montar as tubulações que

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interligarão o equipamento à unidade...’ (grifos nossos). Como se observa, o verbo ‘interligar’ foi empregado no futuro, deixando claro que o objeto do primeiro contrato é apenas construir a tubulação e cabos necessários para que, após a instalação das dessalgadoras e construção das mesmas linhas de tubulação e cabos, a partir delas, seja implementada, de fato, a interligação, em seu sentido estrito, como objeto do segundo contrato’ (anexo 9, fl. 16).

‘Assim, com base nesses itens do Memorial Descritivo, observa-se que o limite de bateria de fornecimento encontrava-se absolutamente claro desde o início do projeto, delimitado pelo que era possível executar antes da instalação das dessalgadoras. Não restam dúvidas, portanto, de que os serviços realizados em um e outro contratos são absolutamente distintos, restando sobejamente esclarecida e demonstrada a inocorrência de irregularidade na forma apontada pelos ilustres auditores’ (anexo 9, fl. 17).

NORTENG (anexo 7, fls. 08/09):(ao referir-se à canaleta - que inicialmente admitiu-se ser de drenagem, mas

verificou-se tratar de canaleta para passagem de tubulações de processo - menciona que esta foi criada para atender às condições específicas no projeto das dessalgadoras, adquiridas em etapa muito posterior ao primeiro contrato):

‘Note-se que as tubulações que passam na referida canaleta não estavam previstas no ‘Fluxograma Simplificado DE- 5260.00-2112-944-PDA-002 Rev. B’ , documento apresentado pela PETROBRAS para a elaboração da proposta de Modificações da UVAC em Nov-03, objeto do Contrato n° 532.2.019.03-0. A canaleta somente foi criada para atender às condições específicas no projeto das dessalgadoras adquiridas pela PETROBRAS em meados de 2004, etapa muito posterior ao processo de negociação do primeiro contrato.

Portanto, canaleta para passagem de tubulações de processo jamais poderia estar no escopo dos serviços contratados para o Contrato n° 532.2.019.03-0, uma vez que:

(i) ela não é uma canaleta de drenagem e sim uma passagem para os tubos das linhas de processo;

(ii) ela só foi criada pela necessidade de atender às condições de projeto de um equipamento adquirido pela PETROBRAS em etapa bastante posterior às negociações do contrato de Modificações da UVAC; e

(iii) as linhas lançadas nesta canaleta não fazem parte do escopo do Contrato n° 532.2.019.03-0’.

7. CONCLUSÃO:Considerando que:- a equipe não conseguiu evidenciar as medições de todos os isométricos

compreendidos nos contratos firmados pela Petrobras, referentes às modificações na UVAC, em razão da sistemática da EAP - Estrutura Analítica de Projetos (v. item 3.1.1 acima);

- não se verificou a existência de isométricos pagos em duplicidade nos dois contratos firmados com a Norteng (v. item 3.1.1 acima);

- não foi possível a análise minuciosa no orçamento dos contratos que a questão requeria, em função: da complexidade da obra; da ausência de elementos analíticos; da especificidade dos serviços objeto dos contratos;

- a análise da questão ateve-se ao estudo do Memorial Descritivo do primeiro Contrato firmado com a Norteng;

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- a interpretação manifestada pela 1ª SECEX guarda coerência lógica ao não se admitir o limite de bateria (sustentados pela Petrobras e pela Norteng), uma vez não haver menção expressa no MD do contrato;

- as justificativas da Petrobras e da Norteng guardam coerência ao se admitir o limite de bateria das dessalgadoras;

- as informações suplementares (análise do CD; do MD-5260.00-2112-940-PEI-001 - Memorial Descritivo de Projeto, que faz referência explícita aos limites de baterias das dessalgadoras; as informações sobre a época em que houve a definição das dessalgadoras, posterior à celebração do contrato em alusão) reforçam a tese defendida pela Petrobras e pela Norteng.

Desta forma, não se pode afirmar que houve a definição de serviços em duplicidade nos contratos firmados com a Norteng.

Alvitramos, assim, que:- os argumentos da Petrobras e da Norteng sejam acolhidos, a vista do análise

contida na presente instrução; e- a remessa dos presentes autos ao Gabinete do Exmo Sr. Ministro-Relator, em

atendimento ao item 9.4, do Acórdão 1.763/2005 - Plenário, para posterior encaminhamento à 1ª SECEX, para análise das audiências (v. item 13 acima) determinadas na mesma assentada”.

É o Relatório.

VOTO

Aprecia-se, nesta oportunidade, o Relatório de Inspeção realizada na Lubrificantes e Derivados de Petróleo no Nordeste LUBNOR/CE, unidade da Petrobras, em atendimento à determinação contida no Acórdão 1.763/2005-Plenário (Ata n. 43), exarado nestes autos.

Os trabalhos de fiscalização objetivaram dirimir dúvidas quanto à existência, ou não, de duplicidade dos serviços de interligação das dessalgadoras DL 210.101 A/B e das bombas B-210134 A/B e B-210136 A/B, bem como dos serviços de elétrica referentes a essas interligações, no escopo dos Contratos n.º s 532.2.019.03-0 e 08000013519.05.2, consoante indicado pela 1ª SECEX. Ressalte-se que tais dúvidas motivaram a manutenção da retenção cautelar dos pagamentos referentes a esses serviços (itens 2 e 3 da alínea “c” do Despacho de 06/09/2005), quando da apreciação do agravo por este Colegiado, até o esclarecimento da questão.

Convém relembrar que a inspeção ficou a cargo da SECEX/CE, ante a premência de tempo e a carência de pessoal disponível na 1ª SECEX, conforme consignado inclusive no Voto condutor do Acórdão 1.763/2005-Plenário.

De início, destaco que os serviços objeto da fiscalização guardam considerável complexidade, porquanto abrangem várias áreas de engenharia e compreendem grande especificidade técnica.

Como se pode depreender do Relatório que precede este Voto, a equipe encarregada dos trabalhos concluiu que não há como asseverar que houve, de fato, o pagamento de serviços em duplicidade quando da execução dos Contratos n.º s 532.2.019.03-0 e 08000013519.05.2, celebrados com a Norteng Engenharia Ltda.

Consoante observado pela unidade técnica, nada obstante guardar coerência lógica a interpretação manifestada anteriormente pela 1ª SECEX, que levou à adoção da medida cautelar, igualmente são plausíveis as justificativas, uníssonas, da Petrobras e da

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Norteng, no sentido de que havia um limite de bateria de fornecimento das dessalgadoras, demarcando o contorno dos dois contratos.

Ademais, as informações complementares coligidas pela Secretaria (análise do CD, do MD-5260.00-2112-940-PEI-001 - Memorial Descritivo de Projeto, das informações sobre a época em que houve a definição das dessalgadoras, posterior à celebração do contrato em alusão) robusteceram a tese defendida tanto pela Petrobras quanto pela Norteng.

Com efeito, o fato de a interligação das dessalgadoras ocorrer posteriormente à Parada da Unidade de Destilação a Vácuo (UVAC) conduz, realmente, ao entendimento de que as mesmas poderiam ser montadas de forma independente, não sendo imprescindíveis para o funcionamento da unidade.

Além disso, conforme assinalado pela SECEX/CE, são várias as evidências no Memorial Descritivo de que havia uma delimitação entre os dois contratos, o que corrobora as alegações da entidade e da contratada.

Diante desses fatos, afigura-se-me pertinente a proposição da unidade técnica no sentido de se acolher os argumentos oferecidos pela Petrobras e da Norteng, tornando insubsistente a retenção cautelar de pagamentos constante do Despacho de 06/09/2005, da lavra deste Relator.

Observo, outrossim, que os problemas atinentes à ausência de detalhamento adequado no orçamento das obras e serviços já foram objeto de determinação quando da primeira apreciação dos autos por este Colegiado (Acórdão 1.125/2005 – Plenário, Ata n.º 30).

De outra parte, considerando as audiências procedidas nos autos, cujo exame está sob a responsabilidade da 1ª SECEX, devem os autos retornar àquela Secretaria para prosseguimento do feito.

Ante o exposto, acolho, na íntegra, os pareceres e VOTO por que seja adotada a deliberação que ora submeto à apreciação deste Plenário.

Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 24 de maio de 2006.

GUILHERME PALMEIRAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 773/2006 – TCU – Plenário

1. Processo n.º TC-005.609/2005-2 (com 2 volumes e 10 anexos)2. Grupo I; Classe de Assunto: V – Relatório de Inspeção3. Interessado: Congresso Nacional4. Entidade: Petróleo Brasileiro S/A - Petrobras5. Relator: Ministro Guilherme Palmeira6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará –

SECEX/CE8. Advogados constituídos nos autos: Marcos César Veiga Rios (OAB/DF n.º

10.610)

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Levantamento de Auditoria

efetuado pela 1ª SECEX, no âmbito do Fiscobras, junto à Petróleo Brasileiro S/A -

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Petrobras, com vistas a fiscalizar a execução de obras e serviços referentes à manutenção da infra-estrutura operacional do parque de refino, em que se examina Relatório de Inspeção efetuada pela SECEX/CE, na Lubrificantes e Derivados de Petróleo no Nordeste LUBNOR/CE, objetivando dirimir dúvidas quanto à existência de duplicidade, ou não, de serviços, relativamente ao escopo dos Contratos n.º s 532.2.019.03-0 e 08000013519.05.2.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. tornar insubsistente a retenção de pagamentos constante do Despacho de 06/09/2005 do Ministro-Relator;

9.2. determinar o retorno dos autos à 1ª SECEX, para que sejam efetivadas as análises das audiências procedidas junto aos responsáveis;

9.3. dar ciência do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, bem como à Petrobras e à Norteng Engenharia Ltda.

10. Ata n° 20/2006 – Plenário11. Data da Sessão: 24/5/2006 – Ordinária12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0773-

20/06-P 13. Especificação do quórum: 13.1. Ministros presentes: Adylson Motta (Presidente), Valmir Campelo,

Guilherme Palmeira (Relator), Ubiratan Aguiar e Augusto Nardes.13.2. Auditores convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer

Costa.

ADYLSON MOTTA GUILHERME PALMEIRAPresidente Relator

Fui presente:

LUCAS ROCHA FURTADOProcurador-Geral

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