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Riscos Ambientais e Formação de Professores (Actas das VI Jornadas Nacionais do Prosepe) 95 Grandes incêndios florestais registados na área situada entre as superfícies culminantes das serras do Açor e da Estrela* Adriano Nave ([email protected]) Luciano Lourenço ([email protected]) Resumo Nos dias de hoje, os incêndios florestais constituem um dos principais riscos associados ás áreas montanhosas de Portugal e constituem o principal agente modificador da paisagem serrana. Com efeito, para além das consequências directas, que se revelam imediatamente, quer através do envolvimento de numerosos meios de combate, quer dos milhares de hectares de floresta queimada, da destruição de áreas sociais ou da evacuação dos seus residentes mais vulneráveis (crianças e idosos), há que também ter em conta as consequências indirectas que resultam do desequilíbrio desencadeado pelos incêndios, com efeitos subsequentes na paisagem e que podem perdurar no tempo, ao longo de vários anos. Para melhor perceber esta realidade, analisou-se o número de ocorrências e a área ardida em seis concelhos situados na transição entre as serras do Açor e da Estrela, por serem frequentemente afectados por grandes incêndios florestais. De forma a vincar a frequência e a intensidade deste fenómeno, elaborou-se o mapa das áreas ardidas ao longo de 30 anos, mais precisamente, entre 1975 e 2005. No final, foi possível cartografar a reincidência das áreas ardidas, através de um simples exercício de álgebra cartográfica, o qual permitiu identificar as áreas mais afectadas pelos incêndios. Por outro lado, foi dado especial enfoque a dois momentos particularmente dramáticos para a área de estudo, correspondentes aos anos de 1987 e, mais recentemente, de 2005, destacando-se o papel que os campos agrícolas em socalcos, existentes ao longo dos vales e em redor das povoações, desempenharam ou poderiam ter desempenhado tanto na compartimentação da floresta e, por conseguinte, na progressão do fogo, como na defesa das aldeias afectadas por estes dois grandes incêndios. Palavras-chave: incêndio florestal, prevenção, socalcos. * Este texto corresponde a uma actualização do trabalho apresentado nas Jornadas sobre terrazas y prevención de riesgos naturales, realizadas nos dias 14, 15 e 16 de Setembro de 2006 em Palma de Maiorca, Ilhas Baleares, Espanha.

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Riscos Ambientais e Formação de Professores(Actas das VI Jornadas Nacionais do Prosepe) 95

Grandes incêndios florestais registados na áreasituada entre as superfícies culminantes das serras

do Açor e da Estrela*

Adriano Nave ([email protected])Luciano Lourenço ([email protected])

Resumo

Nos dias de hoje, os incêndios florestais constituem um dos principais riscosassociados ás áreas montanhosas de Portugal e constituem o principal agentemodificador da paisagem serrana.

Com efeito, para além das consequências directas, que se revelamimediatamente, quer através do envolvimento de numerosos meios de combate,quer dos milhares de hectares de floresta queimada, da destruição de áreas sociaisou da evacuação dos seus residentes mais vulneráveis (crianças e idosos), há quetambém ter em conta as consequências indirectas que resultam do desequilíbriodesencadeado pelos incêndios, com efeitos subsequentes na paisagem e que podemperdurar no tempo, ao longo de vários anos.

Para melhor perceber esta realidade, analisou-se o número de ocorrências e aárea ardida em seis concelhos situados na transição entre as serras do Açor e daEstrela, por serem frequentemente afectados por grandes incêndios florestais. Deforma a vincar a frequência e a intensidade deste fenómeno, elaborou-se o mapadas áreas ardidas ao longo de 30 anos, mais precisamente, entre 1975 e 2005.

No final, foi possível cartografar a reincidência das áreas ardidas, através deum simples exercício de álgebra cartográfica, o qual permitiu identificar as áreasmais afectadas pelos incêndios.

Por outro lado, foi dado especial enfoque a dois momentos particularmentedramáticos para a área de estudo, correspondentes aos anos de 1987 e, maisrecentemente, de 2005, destacando-se o papel que os campos agrícolas em socalcos,existentes ao longo dos vales e em redor das povoações, desempenharam oupoderiam ter desempenhado tanto na compartimentação da floresta e, porconseguinte, na progressão do fogo, como na defesa das aldeias afectadas porestes dois grandes incêndios.

Palavras-chave: incêndio florestal, prevenção, socalcos.

* Este texto corresponde a uma actualização do trabalho apresentado nas Jornadassobre terrazas y prevención de riesgos naturales, realizadas nos dias 14, 15 e 16 deSetembro de 2006 em Palma de Maiorca, Ilhas Baleares, Espanha.

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Introdução

Na parte inicial, o presente estudo pretende caracterizar, em termoshistóricos e geográficos, a manifestação do risco de incêndio florestal,em seis municípios de montanha.

Posteriormente, o trabalho centra-se na análise de dois incêndiosflorestais de grandes dimensões, ocorridos na área de estudo, nos anosde 1987 e 2005. Estes dois momentos, para além de terem ficado nahistória pela dimensão que a área ardida atingiu, despertaram tambémo nosso interesse, não só pelas trágicas consequências imediatas, mastambém e sobretudo devido ás consequências subsequentes, que sefizeram sentir nos anos seguintes e que, os leitores, terão oportunidadede constatar nos artigos seguintes.

Na verdade, esta abordagem assume um papel preponderante,pois a manifestação do risco de incêndio florestal, já por si bastantegrave, origina outros riscos, de natureza hidrológica e geomorfológica.

Por outro lado, dá-se especial enfoque à problemática dos incêndiosflorestais, nomeadamente em termos de frequência e magnitude e nasua relação com as paisagens de socalcos. Com efeito, pretende avaliar-se a importância dos campos agrícolas de socalcos, na prevenção dosincêndios florestais e na mitigação dos seus efeitos.

O risco dendrocaustológico, ou seja, de incêndio florestal, resultade um complexo conjunto de factores repartidos por causas de naturezafísica e humana. De entre os aspectos de natureza física, as condiçõesmeteorológicas são fundamentais para justificar a ocorrência de grandesincêndios florestais, pois estes só se desenvolvem quando as situaçõesmeteorológicas se revelam favoráveis (temperatura do ar elevada,humidade relativa baixa e existência de vento).

De igual modo, certas condições geomorfológicas podem favorecero desenvolvimento de grandes incêndios florestais. Estas referem-seessencialmente aos declives e à exposição das vertentes. Quanto maisacentuados forem os declives, tanto mais difícil será a extinção dofogo, quer devido a dificuldades de acessibilidade aos meios de combate,quer ao facto de mais facilmente se formarem ventos locais, sobretudoem zonas com orografia acidentada que, em regra, aumentam avelocidade de progressão das chamas.

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Também a composição e a estrutura do coberto vegetal influenciam ocomportamento do incêndio florestal numa determinada área. Com efeito, ograu de combustibilidade varia, consoante o tipo e o estado das espécies aíexistentes. Por outro lado, a existência ou não, de diversos estratos (arbóreo,arbustivo e herbáceo), bem como de manta morta, determinará uma maior oumenor carga de combustível. Além disso, a continuidade vertical e/ou horizontaldos combustíveis é determinante para explicar o comportamento do fogo.

Como, de modo geral, todos estes factores se conjugam favoravelmente naárea de estudo, não admirará que ela registe uma elevada reincidência de incêndiosflorestais.

Na verdade, a área de estudo integra-se no mais importante conjuntomontanhoso português, a Cordilheira Central, designadamente na área de ligaçãoentre as duas formas de relevo que atingem maiores altitudes, as Serras do Açor(1342 m) e da Estrela (1993 m) (fig. 1).

Fig.1 - Localização dos concelhos abrangidos e da área de estudo de pormenor.

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Por sua vez, em termos litológicos estas serras comportam duas unidadesdistintas, a primeira essencialmente xistosa e a segunda granítica, o que constituium quadro morfo-estrutural diversificado numa área que, do ponto de vistamorfológico, é relativamente movimentada e, por isso, apresenta declives muitoacentuados.

Em termos administrativos, a área de estudo geral, abrange seismunicípios e três distritos, respectivamente Arganil, Oliveira do Hospitale Pampilhosa da Serra, do distrito de Coimbra, Seia, do distrto daGuarda e Fundão e Covilhã, do distrito de Castelo Branco.

Posteriormente, foi analisada, com maior detalhe, a área de estudo,estendendo aos respectivos concelhos as análises decorrentes deelementos estatísticos organizados de acordo com os limitesadmistrativos. Por último, caracterizam-se algumas situações relativas àárea de pormenor, correspondente a seis bacias hidrográficas tributáriasdos rio Alva e Alvoco, nomeadamente as da rib.ª de Pomares, da rib.ªde Aldeia das Dez, da rib.ª do Avelar, da rib.ª do Piódão, da rib.ª deRio de Mel e rib.ª de Loriga (fig. 2).

Fig.2 - Localização das bacias hidrográficas estudadas.

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Fruto da adaptação da rede hidrográfica à estrutura e devido à fragilidadedas rochas, o conjunto das bacias hidrográficas caracteriza-se por apresentaruma orografia acidentada, onde se destacam vales estreitos, sinuosos e comelevados declives (fot. 1).

Fot. 1 - Vista panorâmica da bacia hidrográfica da Ribeira de Mourisía.

Assim, cerca de 90 % da área de estudo possui declives superiores a 21 %,destacando-se cerca de 39 km2 com declives superiores a 50 % (fig. 3). Estefactor, torna-se crucial na análise do risco dendrocaustológico, pois se, por umlado, potencia o risco de propagação do fogo, por outro, dificulta a progressãono terreno dos meios de combate e socorro.

Fig. 3 - Distribuição da área de estudo, por classe de declive.

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Floristicamente, esta região de montanha caracteriza-se pela existência deextensas áreas de monocultura de pinheiro bravo (Pinus pinaster) (fot. 2) e eucalipto(Eucalyptus glubolus).

Fot. 3 - Detalhe da giesta em flor(Cyt i sus sp . ) .

Fot. 4 - Medronheiro, com flor efruto (Arbutus unedo).

Fot. 2 - Entre as formações arbóreas existentes, a monocultura do pinheirobravo ainda prevalece.

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As formações arbustivas são constituídas, na sua maioria, por matos,compostos por espécies mediterrâneas de elevada inflamabilidade,nomeadamente, urzes (Erica sp.), giestas (Cytisus sp.) (fot. 3), medronheiro (Arbutusunedo) (fot. 4), carqueja (Chamaespartium tridentatum) (fot. 5), tojo (Ulex sp) e esteva(Cistus ladanifer) (fot. 6).

1. Os incêndios florestais.Número de ocorrências e dimensão da área ardida.

Analisando a evolução do número de ocorrências e consequenteárea ardida entre os anos 1980 e 2005, as linhas de tendência apontam,em ambos os casos, para um claro aumento nos primeiros anos, seguidode uma certa estabilidade. Sensivelmente a partir de 1988 e até 1996-97 passam a ter um desenvolvimento contrário, com o número deocorrências a tender para um contínuo aumento e a área ardida, pelocontrário, a apresentar uma tendência para diminuição progressiva.

Fot. 5 - Carqueja (Chamaespartiumtr identa tum) .

Fot. 6 - Esteva, pormenor da flor(Cistus ladanifer).

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Após 1998, as tendências invertem-se de novo. O número deocorrências tende a diminuir enquanto que a área ardida tende aaumentar consideravelmente, sobretudo em consequência da situaçãovivida no ano de 2005 (fig. 4).

Com efeito, em termos de área ardida, pode concluir-se que, decerto modo, a evolução é cíclica, ou seja, após fases de maioresquantitativos, seguem-se anos a registar menores áreas ardidas.

De facto, até 1984 os valores anuais da área ardida foramrelativamente baixos. Entre 1985 e 1992, foram quase sempre elevados.Pelo contrário, entre 1993 e 1999, voltaram a ser reduzidos. A partirde 2000 a situação voltou a agravar-se, tendo alcançado o seu augeem 2005.

Embora a regeneração natural das espécies herbáceas e arbustivas,se faça notar logo nos meses seguintes ao incêndio, no entanto, sóapós alguns anos, estas áreas voltam a atingir níveis de combustibilidadee propagação elevados, capazes de originar grandes incêndios.

Na verdade, quanto maior for a frequência dos incêndios sobreuma determinada área, menor será a possibilidade de espécies arbóreas

Fig. 4 - Evolução anual do número de ocorrências e área ardida nos concelhos deArganil, Covilhã, Fundão, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra e Seia, entre

1980 e 2005.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da DGRF.

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se regenerarem e desenvolverem. Consequentemente, nestes casos, as espéciesherbáceas e arbustivas, de crescimento rápido, acabam por dominar a paisagem(fot. 7).

Fot. 7 - Pormenor da regenaração natural da urze e carqueja.

Fig. 5 - Valores médios anuais do número de ocorrências e da área ardida,registados entre 1980 e 2005.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da DGRF.

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Quanto ao número de ocorrências, a distribuição é mais irregular e,aparentemente, não se pode estabelecer um padrão evolutivo, com igual certeza,dado que os valores máximos atingidos apresentam uma distribuição mais oumenos aleatória, correspondente aos anos de 1985,1989, 1995 e 2005.

Os anos com maior número de ocorrências nem sempre correspondemaos de maiores áreas ardidas, pelo que do ponto de vista dendrocaustológico,houve anos caracterizados pela ocorrência de incêndios florestais de grandesdimensões.

Em termos médios, os concelhos da Pampilhosa da Serra e Arganil, foramaqueles que registaram os incêndios de maiores dimensões.

Fig. 6 - Extensão da área ardida durante o grande incêndio florestal de 1987.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da antiga CircunscriçãoFlorestal de Coimbra.

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Fonte: Elaboração própria a partir de dados da DGRF.

Fig. 8 - Extensão da área ardida durante o grande incêndio florestal de 2005.

Fig. 7 - Área ardida no grande incêndio de 1987, por concelho.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da DGRF.

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Contrariamente, o de Oliveira do Hospital registou uma área ardida diminutaquando comparada com o número de ocorrências (fig. 5).

Após esta análise, de carácter generalista, baseada apenas nos elementosestatísticos, apresenta-se agora a cartografia das áreas ardidas, relativa a dois dosmomentos particularmente trágicos para a Serra do Açor e seus habitantes.

Com efeito, os incêndios florestais de 1987 e 2005 destacam-se, não só pelasua anormal dimensão, mas também pelas consequências nefastas quedesencadearam, não só aquando da ocorrência, mas também nos anos seguintes,permitindo a formação de enxurradas que provocaram danos avultados e,inclusivamente, levaram à perda de vidas humanas.

Fig. 9 - Área ardida no grande incêndio de 2005, por concelho.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da DGRF.

Assim, o incêndio de 1987 consumiu uma área de aproximadamente 10.900ha e percorreu três concelhos do distrito de Coimbra, nomeadamente, Arganil,Pampilhosa da Serra e Oliveira do Hospital (figs.6 e 7).

Por sua vez,em termos de áreas protegidas, o incêndio afectou a PaisagemProtegida da Serra do Açor em cerca de 260 ha e, em particular, a Mata daMargaraça, uma relíquia da flora autóctone com espécies como o carvalho-alvarinho (Quercus robur) e o azereiro (Prunus lusitanica). Além disso, alberga também,alguns endemismos ibéricos ameaçados ou em vias de extinção.

Mais recentemente, em 2005, parte desta área voltou a ser percorrida porum incêndio florestal de grandes dimensões. Com uma área ardida superior a16.000 ha, este incêndio afectou ao longo de uma semana, seis municípios,nomeadamente, Seia, Oliveira do Hospital, Arganil, Pampilhosa da Serra, Covilhãe Fundão (figs. 8 e 9).

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Para além disso, o incêndio afectou uma área significativa no interior doParque Natural da Serra da Estrela, ultrapassando 4.000 ha.

Mas, apesar destes dois momentos terem sido aqueles, cujas consequênciasdirectas e indiretas, foram sentidas de forma mais intensa e trágica, a Serra doAçor, vai-se ressentindo, ano após ano, com os efeitos dos incêndios florestaisque, lentamente, desvirtuam um ecossistema riquíssimo e depauperam opatrimónio cultural já por si muito vulnerável pelos muitos anos de exôdopopulacional (fot. 8).

Fot. 8 - Vista parcial do lugar abandonado do Colcurinho.

Fot. 9 - Vista parcial dos campos em socalcos, em torno da vila de Loriga.

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Para se ficar com uma ideia da incidência dos incêndios florestais, recorremosa levantamentos cartográficos das áreas ardidas nos últimos 30 anos, desde 1975até 2005.

Desta forma foi possível quantificar a área ardida e, sobretudo,localizá-la no espaço, revelando com maior exactidão a frequência emagnitude dos incêndios florestais, através da sua representação numacarta de reincidência das áreas ardidas (fig. 10).

Por outro lado, a localização das áreas ardidas ao longo dos últimos 30anos permitiu identificar as áreas mais afectadas e quantificar as diferençasexistentes entre os campos em socalcos próximos dos aglomeradospopulacionais e os espaços agro-florestais circundantes (Fot. 9).

2. A área de estudo pormenorizado

Embora a área de estudo corresponda a um rectângulo (fig. 9), a caracterizaçãomais pormenorizada diz respeito às seis bacias hidrográficas nela discriminadas,já antes referidas e onde se estudaram em detalhe os seus socalcos.

Com efeito, o Homem, enquanto agente modelador do espaço, suavizoudeclives, criou patamares e reconduziu linhas de água, de forma a criar condiçõespara o cultivo. A manutenção regular desses espaços permite que se possamconservar por muitos anos, o que nem sempre se verifica.

No entanto, a diminuição da população que afecta grande parte das freguesiasdo interior destes concelhos teve, como uma das consequências, o abandonoprogressivo da agricultura bem como do espaço agricultado que tinha sidomodelado para esse fim (fig. 11).

Assim, a degradação de alguns desses espaços é inevitável e a natureza, apouco e pouco, vai reconquistando esses patamares, reorientando o “perfil deequilíbrio dinâmico das vertentes, se o homem, entretanto, deixar de as conservar”(L. LOURENÇO, 1992).

Consequentemente, as terras férteis acabam por ser ocupadas comestratos arbustivos e arbóreos de surgimento espontâneo ou são alvoda reconversão dos campos agrícolas em áreas florestais.

Nas freguesias mais isoladas, o envelhecimento da população e o fim daactividade agrícola (fig. 12), levou á falta de manutenção dos socalcos, originando

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Fig. 11 - Evolução da população residente nas freguesias da área depormenor, entre os anos de 1900 e 2001.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do INE.

Fig. 12 - Evolução do índice de envelhecimento e do sector primário, da população dasfreguesias da área de pormenor.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do INE.

o aumento da carga combustível nos campos abandonados e, consequentemente,do risco de ignição e propagação de incêndios nestas áreas serranas (fot. 10).

Ora, geralmente os campos em socalcos desenvolvem-se em redor daspovoações, o que facilita o seu cultivo e gera uma dinâmica produtiva que mantéma floresta densa afastada das zonas habitacionais.

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Deste modo, as descontinuidades da cobertura vegetal arbórea, criadas pelossocalcos não abandonados, actuam como “aceiros verdes produtivos” que,quando não impedem totalmente a propagação do fogo, pelo menos facilitamde sobremaneira o seu combate (fot. 11).

Paralelamente, a existência de culturas hortícolas e de vegetação herbáceanos prados e nas pastagens dos socalcos em uso, associadas à manutenção econservação de linhas e pontos de água, naturais ou artificiais, contribuem parao controlo dos níveis de humidade, que aqui são geralmente mais altos do quenas áreas de mato e floresta que envolvem os campos em socalcos, o quelocalmente, reduz o risco de incêndio.

Na maior parte das vezes, as áreas de socalcos ardidas, são aquelas que seencontram mais afastadas das povoações, votadas ao abandonoprematuramente e que, por isso, apresentam uma fisionomia vegetal propíciaà progressão do fogo.

No entanto, não foi possível estabelecer uma relação directa entre o estadode abandono e o aumento das áreas ardidas em campos de socalcos,designadamente por se desconhecer com precisão o ano em que ocorreu oabandono e porque a cartografia nem sempre beneficiou do mesmo rigor nosrespectivos levantamentos anuais.

Relativamente à área de pormenor propriamente dita, pode verificar-seque a área nunca atingida por incêndios florestais é de 22 % (fig. 13).

Fot. 10 - Socalcos ocupados por espécies vegetais (estratos herbáceo, arbustivo e arbóreo) criando a continuidade vertical e horizontal dos combustiveis.

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Fot. 11 - Em redor da povoação, é possível observar áreas não ardidas, correspondentesa campos em socalcos, Chão Sobral.

Fonte: Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital.

Fig. 13 - Distribuição da área ardida (ha) na área de pormenor, por grau de reincidênciaentre 1975 e 2005.

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Em contrapartida, as classes 1 e 2 registaram os maiores efectivos,correspondendo a 58,9 % de área ardida, na sua totalidade. Finalmente, dereferir a percentagem mínima de 0,35 % registada nas classes 5 e 6, num total de52,3 ha relativos a uma área de cabeceiras de linhas de água, localizada no Montedo Colcurinho e no Outeiro dos Penedos (fot. 12).

Quanto aos campos em socalcos, verifica-se que apenas nos grandes incêndiosde 1981, 1987 e 2005 ardeu uma área significativa, com especial destaque paraos grandes incêndios de 1987 e 2005 (fig. 14).

Fot. 12 - Ao fundo, é possível observar o Outeiro dos Penedos e o Monte do Colcurinho,á direita. A meio da vertente, do lado esquerdo, temos a aldeia de Chão Sobral.

Fig. 14 - Evolução da área ardida nas bacias hidrográficas em estudo, entre os anos de1975 e 2005.

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Em 1987, no conjunto das seis bacias hidrográficas, a área de campos emsocalcos afectada foi ligeiramente superior a 720 ha, na sua maioria situados emáreas com declives muito elevados e mais afastados dos aglomerados populacionaise, por isso, há muito abandonados (fig. 15).

Por sua vez, em 2005, a área ardida em campos em socalcos foi ligeiramenteinferior: 584,7 ha (fig. 16). A principal diferença, relativamente a 1987, foi o factodo incêndio ter ameaçado mais de perto os aglomerados populacionais, emfunção de um estado de abandono mais avançado dos campos em socalcossobranceiros ás povoações.

A intensidade e velocidade das chamas foi de tal ordem que, em grandeparte dos aglomerados populacionais espalhados pela serra, apenas as casas ficarampor arder, fruto da concentração de meios de combate nesses locais e do esforçodas populações.

Tal ficou a dever-se, em parte, ao estado de abandono de grande parte doscampos em socalcos. Com efeito, estas estruturas deveriam oferecer maiorresistência à propagação dos incêndios e, por isso, garantir maior protecção aosaglomerados populacionais, do que as restantes áreas das vertentes em que estãoinseridas.

De facto, a organização em terraços permite interromper a continuidadedos estratos arbustivos e arbóreo e, mesmo quando se trata de campos comespécies arbóreas, a sua continuidade, tanto horizontal como vertical, pode edeve ser reduzida, de modo a constituirem verdadeiras faixas de protecção aosaglomerados, de preferência formadas por folhosas de crescimento lento(castanheiros e carvalhos).

Como vimos, uma das primeiras consequências do abandono dos socalcosé o repovoamento das áreas, outrora produtivas, por espécies arbustivas (earbóreas numa segunda fase) de crescimento espontâneo. De facto, adecomposição progressiva dos sistemas agrários ordenados em socalcos, facilitao surgimento e progressão destas espécies, essencialmente devido aoenriquecimento químico e/ou orgânico a que os solos foram sujeitos paraaumentar a produtividade agrícola. Lentamente, a floresta aproxima-se daspovoações, trazendo consigo, o aumento do risco de incêndio florestal (fot. 13).

O mato, outrora aproveitado para «as camas» do gado ou para acender alareira e o fogão a lenha, cresce agora e alastra-se nos socalcos abandonados,criando por vezes zonas intransponíveis que chegam a esconder qualquer vestígioda existência de muros de suporte.

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Fig. 16 - Superfície ardida na área em estudo, no ano de 2005.

Fig. 15 - Superfície ardida na área em estudo, no ano de 1987.

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Fot. 13 - Socalcos anteriormente produtivos, pontualmente ocupados comformações arbustivas e arbóreas. Soito da Ruiva.

Esta biomassa combustível, não só potencia a ignição de incêndios comofavorece a sua propagação e, acima de tudo, dificulta a progressão no terreno dehomens, veículos e máquinas de combate a incêndios (fot. 14).

Consequentemente, o aumento do risco de incêndio nos socalcosabandonados origina também o aumento do perigo nas zonas habitadassobranceiras a estas estruturas.

Deste modo, a abordagem aos incêndios florestais, deve insistir na tónica daprevenção. As populações serranas devem ser protegidas dos incêndios florestais e,essa protecção não pode ficar apenas pelas medidas activas levadas a cabo, namaior parte das vezes, quando a crise já está instalada. Com efeito, por maismedidas defensivas que se adoptem, o fogo encontra sempre «elos fracos» poronde consegue progredir, dificultando a sua extinção antes de ter provocadodanos irreparáveis e a perda de vidas humanas.

Os campos em socalcos, enquanto matriz paisagística comum a todos ospovoados serranos, poderão ser entendidos como estruturas anti-fogo, isto é,áreas de defesa e contenção em redor dos espaços urbanizados, nos quais, ocoberto vegetal seja alvo de uma redução e uma gestão capaz de diminuir a

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intensidade das chamas e a velocidade de progressão em direcção àspovoações (fot. 15).

Paralelamente, também diminuirá tanto o risco de ignição de um fogo juntoàs casas, onde as actividades humanas são mais frequentes e variadas, como o deprogressão em direcção às áreas florestais circundantes, uma vez que aquele semanifesta se os socalcos funcionarem como efectivas faixas de protecção. Porexemplo, o grande incêndio de Julho de 2005 teve o seu ponto de ignição nolugar de Malhadas Cilhas, freguesia da Vide, numa área de socalcos bem próximadas habitações.

Considerações Finais

Conclui-se assim que o desbaste regular das espécies arbustivas invasoras eespontâneas, a poda anual das copas do estrato arbóreo (essencialmente árvoresde fruta) e o consumo do pasto pelo gado, constituem-se como factores deregulação e minimização do risco de incêndio nos campos em socalcos aindaprodutivos.

Fot. 14 – Abertura de uma faixa de contenção com recurso a maquinariapesada. Bacia hidrográfica da Rib.ª de Rio de Mel.

Fonte: Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital.

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Nesta perspectiva, os campos em socalcos deverão ser olhados enquantomosaicos de parcelas de gestão de combustíveis, constituindo faixas de protecçãoaos aglomerados populacionais.

Por outro lado, as consequências dos incêndios florestais não se fazem sentirapenas a curto prazo, enquanto dura o combate às chamas. No imediato, asperdas económicas e sociais relacionadas com a destruição da floresta, com adestruição de património ou, no pior dos casos, com a perda de vidas humanas,são as mais sentidas. No entanto, os seus efeitos negativos perduram no tempo,ao longo de vários anos. (LOURENÇO, 1996)

A destruição do coberto vegetal, deixará estas áreas mais vulneráveis à erosão,ao escoamento torrencial e aos movimentos em massa. Assim, o incêndio florestaltorna-se a principal causa de outros riscos naturais poderem ocorrer e afectarpessoas e bens.

Apesar da reabilitação e preservação dos campos em socalcos na suatotalidade, se revelar uma tarefa utópica, pelos custos que implicaria, os agenteslocais deverão concentrar esforços na reabilitação paisagística e estrutural doscampos em socalcos das áreas circundantes aos aglomerados populacionais.

Fonte: Associação de Produtores Florestais do Concelho de Arganil.

Fot. 15 – Avanço da frente de fogo em direcção a Sobral Gordo, localizado na baciahidrográfica da Rib.ª de Pomares.

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Estas acções proporcionarão uma dualidade de benefícios complementares,capazes de aumentar a sustentabilidade destas regiões cada vez mais deprimidas.Em suma, aliar a defesa das populações ao turismo de natureza e aventura,diminuirá a sua vulnerabilidade e minimizará o isolamento que as afecta.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Sr. Arquitecto Miguel Pinheiro, da CâmaraMunicipal de Arganil, à Sr.ª Engenheira Cristina Almeida, da Junta de Freguesiado Piódão, à Associação de Produtores Florestais do Concelho de Arganil e aoSr. Engº. José Carlos, do Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal deOliveira do Hospital a cedência de fotografias relativas ao incêndio de Julho de2005, algumas presentes neste artigo e, outras, utilizadas na Comunicação proferidadurante as VI Jornadas do Prosepe.

Ao Sr. Engenheiro Miguel Cruz, da Direcção Geral dos Recursos Florestais,estão gratos pelos elementos estatísticos e cartográficos prontamentedisponibilizados.

Bibliografia

LOURENÇO, L. (1988) - Evolução de vertentes e erosão dos solos,nas serras de xisto do centro de Portugal, em consequência de incêndios florestais.Análise dos casos observados em 1987. Relatório Técnico, GMF, Coimbra.

LOURENÇO, L. (1992) - «Efeitos erosivos observados em campos agrícolasdas áreas montanhosas do Centro de Portugal na sequência de incêndiosflorestais». Actas do VI Colóquio Ibérico de Geografia, Porto.

LOURENÇO, L. (1996) - Serras de Xisto do Centro de Portugal - Contribuição parao seu conhecimento geomorfológico e geo-ecológico. Dissertação de Doutoramento.Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 757 p. (inédito).

LOURENÇO, L. e NAVE, A. (2006a) - «Importância dos socalcos na prevençãode incêndios florestais. Exemplos das bacias hidrográficas dos rios Alvae Alvoco (Serras do Açor e da Estrela)», Actas das Jornadas sobre terrazasy prevención de riesgos naturales, Palma de Maiorca, 2006.

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NUNES, A. (2002) - «Região Centro de Portugal: duas décadas de incêndiosflorestais». Territorium nº9, Coimbra.

REBELO, F. (2003) - «Riscos Naturais e Acção Antrópica. Estudose Reflexões». Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2ª EdiçãoRevista e Aumentada.