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GRANDE ORIENTE DO BRASIL – GOB A. R. L. S. GENERAL MAC ARTHUR 2724 A RETÓRICA NA MAÇONARIA Irmão ROBERTO MELLO MILANEZE, Companheiro Maçom. Curitiba, novembro de 2017.

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GRANDE ORIENTE DO BRASIL – GOB A. R. L. S. GENERAL MAC ARTHUR 2724

A RETÓRICA NA MAÇONARIA

Irmão ROBERTO MELLO MILANEZE, Companheiro Maçom.

Curitiba, novembro de 2017.

2

APRESENTAÇÃO

O Respeitável Irmão Michel Karpe, 1º

Vigilante da Augusta e Respeitável

Loja Simbólica General Mac Arthur,

nº 2724, no exercício de suas

atribuições maçônicas e por

determinação do Venerável Mestre

Aldérico José Delatorre Júnior,

determinou ao Irmão Companheiro

Maçom, Autor do presente, a

elaboração de um trabalho com o

tema “A Retórica na Maçonaria”.

O resultado das pesquisas e

reflexões é o que abaixo se

apresenta, distribuído aos Irmãos em

arquivo formato PDF.

3

Sumário

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................................... 2

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................... 4

CONCEITO ................................................................................................................................................................. 6

HISTÓRIA .................................................................................................................................................................. 7

OS MEIOS DE PERSUASÃO..................................................................................................................................9

COMPOSIÇÃO DO DISCURSO RETÓRICO....................................................................................................10

RETÓRICA NA MAÇONARIA............................................................................................................................11

CONCLUSÃO .......................................................................................................................................................... 12

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................... 13

4

INTRODUÇÃO

A Maçonaria é baseada em símbolos e alegorias, esta é uma

premissa básica do conhecimento maçônico. Contudo, símbolos e

alegorias são passíveis de interpretação, e as explicações e reflexões

decorrentes se materializam na linguagem falada ou escrita. Um

maçom, além de falar e escrever sobre os temas típicos do conhecimento

maçônico, também precisa estar apto a escrever e falar sobre os mais

diversos assuntos.

O objetivo deste trabalho é demonstrar o resultado das

pesquisas e reflexões acerca do tema efetuadas pelo Companheiro

Maçom que o elaborou.

Considerando certa margem de liberdade na escolha,

autorizada pelo Ir. 1º Vigilante, este Companheiro optou pelo tema por

algumas razões, que se torna interessante ressaltar. Em primeiro lugar,

porque a Retórica é uma das Artes Liberais, e o Ritual do 1º Grau –

Aprendiz Maçom, do Rito de York1, ensina que é dever de todo o maçom

seu estudo. Vejamos:

Na preleção após a iniciação:

(...) Recomendo-vos da mesma forma que estudeis mais especialmente as Artes

Liberais e Ciências que se encontram no compasso de vossas aptidões e que,

sem negligenciardes os deveres comuns de vossa profissão, procureis fazer

progressos diários nos conhecimentos Maçônicos. (Sem grifo no original)

Igualmente assim leciona o Ritual do Segundo Grau2:

Na Alocução:

(...)Deixai-me acrescentar, ao que foi dito pelo 1º Vig., que a insígnia com a qual

fostes agora investido mostra que, como Comp., espera-se que fareis das artes

liberais e ciências o vosso futuro estudo, podendo assim melhor cumprir os

1 GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Ritual do 1º Grau: Cerimônias Aprovadas do Rito de

York – Aprendiz-Maçom (Ritual de Emulação Praticado no GOB)/Grande Oriente do

Brasil, - São Paulo, 2009, p. 88.

2 GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Ritual do 2º Grau: Cerimônias Aprovadas do Rito de

York – Companheiro-Maçom (Ritual de Emulação Praticado no GOB)/Grande Oriente

do Brasil, - São Paulo, 2009, Páginas 52, 53 e 66.

5

vossos deveres como maçom e melhor avaliar as maravilhosas obras do

Onipotente. (...).(sem grifo no original)

Na explanação da Tábua de Delinear do Segundo Grau:

(...)Há também uma outra alusão às sete artes liberais e ciências, a saber:

Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. .(sem

grifo no original)

Em segundo lugar, porque no mundo profano a palavra

“retórica” muitas vezes é tomada de forma pejorativa:

Em alguns casos, a palavra retórica pode ser usada com um sentido pejorativo,

podendo ser usada para descrever uma discussão inútil, ou presunção por

parte de uma determinada pessoa3.

Tal fato despertou a curiosidade deste Companheiro, pois

como poderia uma Arte Liberal, de estudo recomendado pela Maçonaria,

ser considerada no mundo profano como algo “inútil” ou “que soa

presunçoso”? A pesquisa sobre o assunto serviria para sanar tal dúvida.

Como terceira razão para a escolha do tema está o interesse

pessoal no assunto, por uma busca pessoal no aprimoramento da

habilidade de falar e defender ideias, principalmente em razão dos

trabalhos em Loja, e secundariamente por ser esta uma necessidade no

mundo profano.

Contextualizando a Retórica dentre os temas do Grau de

Companheiro Maçom, cumpre ressaltar que no Rito Escocês Antigo e

Aceito as Artes Liberais são objeto da Terceira Viagem, sendo elas

Gramática, Retórica, Lógica, Música, Astronomia, Geometria e

Aritmética. As primeiras três compõe o chamado Trivium, e as quatro

últimas o Quadrivium. O Trivium e o Quadrivium compunham a

metodologia de ensino ou por assim dizer a formação acadêmica dos

homens livres na Idade Média, especialmente nobreza e clero. Opunha-

se às Artes Mechanicae (artes mecânicas), que integravam a formação

dos escravos ou servos. Ao contrário de algumas versões da história,

que apregoam a Idade Média como uma época de trevas e ignorância,

em verdade a formação daqueles que tinham acesso a tal metodologia

era de alto nível, bem mais ampla que a atual, que se apresenta mais

focada na formação de profissionais, e não de “homens completos”. A

educação nas artes liberais se caracterizava por formar homens (e até

3 https://www.significados.com.br/retorica/

6

algumas mulheres) com muitas habilidades e competências que são

relegadas a segundo plano na educação formal contemporânea.

CONCEITO:

Conceituar é sempre tarefa arriscada, pois se corre o risco de

limitar algo que pode ser bem maior que a frase ou sentença estanque

consegue abranger. Mesmo assim, e principalmente em razão do já

citado uso comum do sentido pejorativo da palavra, cabe destacar

alguns conceitos:

Do latim rhetorica, literalmente a arte ou técnica de bem falar, o uso da linguagem

para comunicar de forma eficaz e persuasiva. 4

A arte de falar bem, de se comunicar de forma clara e conseguir transmitir ideias

com convicção. 5

O uso da comunicação para definir as coisas de maneira como desejamos que os

outros as vejam. 6

É a faculdade de considerar, para cada questão, o que pode ser apropriado para

persuadir. Para Chaim Perelman.7

É o estudo das técnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar a

adesão dos espíritos às teses apresentadas ao seu assentimento8.

Há também um conceito na 2ª. Preleção, 4ª. Seção, do Grau

de Companheiro:

P. - A RETÓRICA?

R. - A RETÓRICA nos ensina-nos a falar fluentemente sobre qualquer assunto; não somente com precisão, mas também com força e elegância, sabiamente contribuindo para cativar os ouvintes pelo peso dos argumentos e pela beleza da expressão, seja para instruir, exortar, advertir ou aplaudir.

Os conceitos acima, extraídos das referências citadas, deixam

transparecer, se a leitura for atenta, uma sutil, mas muito importante

distinção da Retórica em relação à Oratória. Esta última é bem mais

4 Wikipedia, disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Ret%C3%B3rica (consulta em

28/09/2017).

5 MENDES, IBA. Disponível em http://www.ibamendes.com/2011/10/agostinho-e-

retorica-crista.html (consulta em 28/09/2017).

6 www.significados.com.br/retorica (consulta em 29/9/17).

7 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/marketing/oratoria-ou-

retorica/18897(consulta em 30/09/17). 8 Ibdem

7

simples, pois tem por objetivo apenas ser agradável, prender a atenção

do ouvinte, ser bela. Já a Retórica é mais elaborada, pois tem por

objetivo o convencimento com base em argumentos válidos. A Oratória,

de acordo com alguns autores, seria historicamente ligada a regimes

totalitários, como no Império Romano, ao passo que a Retórica Grega

nasceu em ambiente democrático. O orador romano não argumentava,

apenas comunicava. Já o retórico grego construía seu argumento para a

persuasão.

Importante também trazer a lume a diferença da Retórica em

relação à Dialética, eis que esta última tem por objetivo a busca da

verdade, através da contraposição de ideias, até se chegar a um

resultado. Para a Retórica, a ideia ou verdade a ser transmitida já está

pronta para aquele que a transmite, e seu objetivo é justamente

convencer os ouvintes ou mesmo leitores, já que a Retórica não é

necessariamente oral, mas também e comumente utilizada na forma

escrita. Alguns colocam a Dialética como sinônimo da Lógica, o que faz

sentido, pois a Lógica utiliza premissas que levam a uma conclusão, e a

Dialética utiliza tese e antítese, para se chegar à síntese.

HISTÓRIA:

O estudo dos meios de persuasão através da linguagem

remonta à Idade Antiga. Atribuem-se ao filósofo grego Empédocles (444

AC) os primeiros estudos e sistematização. O primeiro livro sobre

Retórica seria de autoria de Córax e seu pupilo Tísias, também na

Grécia antiga.

Contudo, é importante salientar que teriam sido os chamados

“Sofistas” que tornaram popular a Retórica. Seriam eles grupos de

mestres no assunto, que no século V antes de Cristo viajavam pelas

cidades gregas realizando discursos públicos, para atrair estudantes, de

quem cobravam taxas para ministrar os estudos. São citados como

mais conhecidos Protágoras (481-420 A.C.), Górgias (483-376 A.C.) e

Isócrates (436-338 A.C.).

Aristóteles (384-322 A.C.) foi autor de um livro com o nome

desta importante Arte Liberal:

8

Figura 1: capa de edição do livro “Retórica”, de Aristóteles.

Fonte: site da Amazon

Isso nos leva a refletir acerca da profundidade e complexidade

do assunto. Mais adiante citaremos a forma como Aristóteles explicava e

fundamentava a Retórica.

Seguindo na evolução histórica da Retórica, tem-se como

nome de destaque na Idade Média Santo Agostinho, que sempre foi

estudioso da Oratória e Retórica. Depois de sua conversão ao

Cristianismo, Agostinho passou a estudar e escrever sobre a Retórica

Cristã, e sua obra De doctrina christiana (A Doutrina Cristã, em quatro

livros) é citada como referencial do assunto (397 a 426 DC).

Figura 2: vitral de Igreja não identificada com imagem

atribuída a Santo Agostinho. Fonte: Internet

9

Agostinho defendia que a retórica não deveria ser usada de forma errada, ou seja, para persuadir em desfavor da verdade. Destaca-se

a seguir interessante frase extraída da obra mencionada:

Amar nas palavras a verdade e não as próprias palavras. Para que serve uma

chave de ouro, se ela não pode abrir o que desejamos? No que é prejudicial uma

chave de madeira, se ela pode abrir?9

Na Idade Moderna e Contemporânea a Educação Formal foi

evoluindo de tal forma que já não contempla mais a Retórica como

disciplina autônoma, pelo menos não nos cursos regulares. Isso não

significa que perdeu sua importância. Segue amplamente utilizada em

várias atividades da vida profana, especialmente no meio jurídico e na

publicidade. Quanto ao seu uso na Política, não se pode afirmar com

certeza em nosso país, e abordaremos mais adiante ao focar o tema das

premissas falsas e falácias.

OS MEIOS DE PERSUASÃO:

O discurso retórico, seja ele oral, escrito, ou mesmo através de

imagens (como ocorre em peças de propaganda e publicidade), utiliza

meios de persuasão. Aristóteles classificou os meios de persuasão, que

segundo ele são combinados, ou idealmente deveriam ser em todo

discurso retórico; são eles os apelos enfatizando o ethos, o pathos e o

logos.

O Ethos é a maneira como o orador ou formulador do discurso

busca se legitimar ou legitimar seus argumentos perante os

destinatários do discurso, baseado na sua qualificação, na sua

autoridade ou em qualificação ou autoridade emprestados de outra

pessoa ou instituição. Alguns denominam de “argumento de

autoridade”, principalmente quando a ele se referem de forma

pejorativa. Pathos é a busca de convencimento através de apelo

emocional. Entonação de voz, gestual, inclusão de histórias de forte

apelo em meio ao discurso, para buscar comover a platéia ou os

leitores. O Logos é o uso do raciocínio lógico no decorrer do discurso,

colocando premissas que levam a uma conclusão. Quando as premissas

são verdadeiras, tem-se um discurso coerente e “lógico”, pois se as

premissas são verdadeiras a conclusão decorrente será. O que muitas

vezes ocorre é a inclusão de premissas verdadeiras e também outras

9 MENDES, citando a obra “A Doutrina Cristã, 4,11.26”.

10

falsas, que levam a falsas conclusões, o que se denomina “Falácia”. O

mal uso da retórica em política partidária em nosso país usualmente

utiliza tal “técnica”. Por isso mencionado em tópico anterior deste

trabalho que nossos políticos em sua maioria não usam da Retórica,

mas sim da Falácia.

Cabe neste ponto destacar que a Lógica, por si só, é uma das

Artes Liberais, assim como a Gramática. Assim sendo, não se pode

olvidar que embora este trabalho tenha como foco a Retórica, uma das

três Artes Liberais que compõem o Trivium, o domínio da Retórica só

será pleno se existir conhecimento da Gramática e da Lógica. Um

discurso retórico que não respeite a correção gramatical, e que não seja

baseado em premissas verdadeiras que levem a uma conclusão lógica,

não pode ser considerado de boa técnica.

COMPOSIÇÃO DO DISCURSO RETÓRICO:

A doutrina acerca do tema enumera fases para elaboração e

apresentação de um discurso retórico. Tal divisão permite que se organize o discurso de forma estrutural, permitindo melhor compreensão e consequentemente maior potencial de convencimento, que é o objetivo da

Retórica. Os cinco cânones da retórica são: Na estrutura linguística: inventio, dispositio e elocutio. Inventio (invenção) é a fase de definir qual será o conteúdo do discurso.

Após definir o tema, selecionam-se os argumentos adequados para a

explanação e argumentação, sem perder de vista que o objetivo é o convencimento. Dispositio (disposição) é a estruturação do discurso, a

definição da ordem e da forma de apresentação dos argumentos. Quando

em estrutura bipartida, duas partes se contrapõe até se chegar à conclusão, porém esta estrutura é menos usual em Retórica, pois se

assemelha mais à Dialética, que adiante se comentará neste trabalho. A estrutura tripartida é a mais usual em Retórica, que consiste em dividir o discurso em três etapas: uma introdução ou “exórdio”, na qual se busca

atrair a atenção dos ouvintes; A fase intermediária é composta da “narratio”, que é a exposição em si do tema e o posicionamento do orador

em relação ao assunto, e da “argumentatio”, na qual são expostas as razões que sustentam o argumento. Por fim e ainda no dispositio, há uma recapitulação e um apelo aos ouvintes. A Elocutio (elocução) não é

propriamente uma fase, mas sim a composição linguística, a materialização do texto ou discurso.

Na expressão oral: Memoria (memória) e Actio

(pronunciação). Consistem na memorização do texto, importante para o

apelo emocional, e na ação de apresentar o discurso, proferi-lo.

11

RETÓRICA NA MAÇONARIA:

Até o tópico anterior, este trabalho buscou demonstrar o

conceito, história, e a metodologia da Retórica no mundo profano. Por

óbvio que as técnicas são basicamente as mesmas que para o uso no

mundo maçônico. A Retórica não é uma criação maçônica, mas sim

uma “Arte Liberal” do mundo profano, à qual a Maçonaria dá a devida

importância, eis que o Maçom deve buscar ser um formador de opinião,

seja no meio maçônico, seja no mundo profano. Assim sendo, o

presente tópico servirá para que ressaltemos a importância de tal arte

para os trabalhos maçônicos.

Em primeiro lugar, e como já mencionado anteriormente, a

Retórica difere da Dialética. Enquanto a primeira busca convencer os

ouvintes de algo tido como uma “verdade”, a segunda busca o debate e

contraposição de ideias para se tentar chegar a uma verdade ou a uma

conclusão. Em Maçonaria temos “Landmarks” que para nós Maçons são

tidas como “Verdades”, pelo menos em sua essência. A crença no

Grande Arquiteto do Universo, por exemplo, para nós Maçons é uma

verdade inafastável. Numa comparação simplista, poder-se-ia fazer um

paralelo com a Igreja Católica e seus dogmas. Tal comparação aqui feita

apenas à título didático, e sem nenhum objetivo de causar polêmica. O

que se quer destacar aqui, é que a Retórica não é um instrumento de

debate de ideias para se chegar a uma conclusão (verdade), como é a

Dialética (para alguns, Lógica). A Retórica é um instrumento de

convencimento (persuasão) de uma verdade tida como pronta.

A Retórica é uma Arte Liberal que remonta à Antiguidade, que

foi muito difundida nos meios da nobreza e do clero na Idade Média e

que se mostra importante até os dias atuais, mas que deve ser utilizada

com responsabilidade por todos, especialmente pelos Maçons, dentro e

fora do meio maçônico.

Os Rituais Maçônicos contêm Alocuções, Preleções e

Explanações que buscam transmitir conhecimentos e, por que não,

“verdades maçônicas”. Assim sendo, embora os Rituais já nos tragam

textos prontos e acabados, não nos cabendo alterar a estrutura

linguística dos discursos, é possível sim a cada um de nós buscar o

aprimoramento da expressão oral, nos aspectos “memoria” e “actio”,

acima mencionados. A leitura, entendimento, reflexão e memorização

dos textos possibilita uma explanação com mais convicção e, portanto,

com melhor potencial de convencimento, objetivo final da Retórica.

Por outro lado, mas na mesma toada, a apresentação de

trabalhos possibilita uma maior liberdade na construção do discurso

12

retórico, permitindo que o Maçom utilize todos os recursos da “Arte”.

CONCLUSÃO

A Maçonaria não busca os “gênios” ou os altamente

capacitados, pelo contrário. Sendo uma escola para aqueles que

buscam o aprimoramento, ela recruta homens que dominam e também

os que não dominam ou não tem o dom natural da oratória ou da

escrita. Cabe a cada maçom, com apoio dos Irmãos, buscar seu

aprimoramento através do estudo. Nossa Ordem recomenda, ou

determina, que dentre nossos estudos esteja o de preparar-se para bem

“falar”, mas não o bem falar da oratória emocional e sem conteúdo

importante ou válido, e sim o do uso da Retórica, do convencimento

eficaz e com argumentos válidos.

Os trabalhos em Loja servem como oficina para o

desenvolvimento de cada um dos Irmãos nesta arte. É em Loja, entre

irmãos, que os Maçons podem se expressar sem medo de errar, pois

serão compreendidos em suas eventuais falhas. É claro que isso não

pode ser argumento para não se esforçar ou preparar adequadamente.

Recordo-me da minha primeira apresentação de trabalho em

Loja, quando iniciei como faria em minha vida profana, dizendo

“Senhores, gostaria de lhes falar....” e fui carinhosamente interrompido

por um Mestre que me disse algo como: “Dispense a formalidade, você

está entre Irmãos”, o que me fez perceber que a Maçonaria estava me

recebendo com a compreensão de minhas limitações, e como uma

escola para aprimoramento.

Como a Maçonaria também nos recomenda - ou determina - a

busca por outras virtudes, ao dominar a Retórica não deve o Maçom

deixar de lado a humildade, pois se domina a capacidade de convencer

a outrem, isso não deve ser motivo para tripudiar ou desrespeitar as

opiniões alheias. Também não deve abusar de sua capacidade (ou dom)

para monopolizar o uso da palavra, impedindo assim que Irmãos em

outras fases de evolução tenham menos espaço para se desenvolver.

O desejo do autor deste trabalho é que os Irmãos reflitam

sobre a importância da Retórica para um Maçom. Há técnicas que

permitem que mesmo aqueles que não detém o “dom natural da

palavra” - seja ela falada ou escrita - busquem seu aprimoramento e

assim convençam aos demais daquilo que acreditam.

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REFERÊNCIAS

BUCKINGHAM, Will e vários colaboradores, tradução: KIM, Douglas.

THE PHILOSOPHY BOOK(O LIVRO DA FILOSOFIA). Editora Globo, São

Paulo, 2011.

CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do 2º. Grau - Companheiro. Editora

Aurora. Rio de Janeiro/RJ, 1976.

D’ELIA JUNIOR, Raymundo. Maçonaria: 50 instruções de

companheiro. Editora Madras. São Paulo/SP, 2017.

ENCICLOPÉDIA BARSA, ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA EDITORES

LTDA, Rio de Janeiro, São Paulo, 1973.

GRANDE LOJA DO PARANÁ. Ritual do Grau de Companheiro-Maçom,

R:.E:.A:.A:.. Curitiba/PR, 2008.

GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Ritual do 1º Grau: Cerimônias

Aprovadas do Rito de York – Aprendiz-Maçom (Ritual de Emulação

Praticado no GOB)/Grande Oriente do Brasil, - São Paulo, 2009.

GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Ritual do 2º Grau: Cerimônias

Aprovadas do Rito de York – Companheiro-Maçom (Ritual de

Emulação Praticado no GOB)/Grande Oriente do Brasil, - São Paulo,

2009.

GRANDE ORIENTE DO BRASIL – PARANÁ, Compêndio de Trabalhos do

XXXIX ERAC-PR, “ARTES LIBERAIS”, Giuliano de Freitas (pgs.

127/135). Curitiba, Maio de 2017.

MENDES, IBA. Disponível em

<http://www.ibamendes.com/2011/10/agostinho-e-retorica-

crista.html> (consulta em 28/09/2017).

WIKIPEDIA. Disponível em

<https://pt.wikipedia.org/wiki/Ret%C3%B3rica> (consulta em

28/09/2017).

https://www.significados.com.br/retorica (consulta em 29/9/17).

https://focoartereal.blogspot.com.br/2015/09/a-maconaria-e-as-sete-

artes-liberais-e.html (consulta em 30/9/17).

http://robertomacom.blogspot.com.br/2014/08/as-sete-ciencias-do-