governo nega reajuste

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GOVERNO NEGA REAJUSTE SALARIAL PARA A PM Descontentamento da tropa pode comprometer grandes eventos. Depois de um mês de negociações, o Secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, comunicou por telefone ao Presidente da CERPM - Coordenadoria das Entidades Representativas dos Policiais Militares do Estado de São Paulo, Ângelo Criscuolo, que o Governador Geraldo Alckmin decidiu não conceder nenhum aumento aos policiais militares. Durante os últimos 30 dias, a Coordenadoria negociou com o Governo. Foram realizadas 08 reuniões com os secretários de Planejamento, Júlio Semeghini; com o Chefe da Casa Civil, Edson Aparecido; com o Comandante Geral da PM, Cel. Benedito Meira, e com o Secretário de Segurança Pública, Fernando Grella. A maioria desses encontros foi de caráter técnico, em que foram apresentados todos os números que comprovam a defasagem salarial dos policiais e um estudo sobre o impacto do reajuste no orçamento do Estado, pois esse era o alegado entrave para o sucesso da negociação. Em reunião da CERPM, realizada nesta terça-feira, 15 de abril, as entidades representativas dos policiais decidiram organizar uma série de manifestações em todo o Estado, nos meses de maio e junho, para conscientizar a

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governo reajuste negativa

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Page 1: Governo Nega Reajuste

GOVERNO NEGA REAJUSTE

SALARIAL PARA A PM

Descontentamento da tropa pode comprometer grandes eventos.

Depois de um mês de negociações, o Secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, comunicou por telefone ao Presidente da CERPM - Coordenadoria das Entidades Representativas dos Policiais Militares do Estado de São Paulo, Ângelo Criscuolo, que o Governador Geraldo Alckmin decidiu não conceder nenhum aumento aos policiais militares.

Durante os últimos 30 dias, a Coordenadoria negociou com o Governo. Foram realizadas 08 reuniões com os secretários de Planejamento, Júlio Semeghini; com o Chefe da Casa Civil, Edson Aparecido; com o Comandante Geral da PM, Cel. Benedito Meira, e com o Secretário de Segurança Pública, Fernando Grella. A maioria desses encontros foi de caráter técnico, em que foram apresentados todos os números que comprovam a defasagem salarial dos policiais e um estudo sobre o impacto do reajuste no orçamento do Estado, pois esse era o alegado entrave para o sucesso da negociação.

Em reunião da CERPM, realizada nesta terça-feira, 15 de abril, as entidades representativas dos policiais decidiram organizar uma série de manifestações em todo o Estado, nos meses de maio e junho, para conscientizar a população sobre o descaso do Governo com o trabalho da polícia militar.

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São Paulo, 14 de abril de 2014.

Ao Exmo. Sr.Fernando Grella

Secretário de Segurança Pública

Prezado Senhor:

É com imensa consternação que me dirijo aos srs., após receber um telefonema do Secretário da Segurança Pública, Dr. Fernando Grella, na manhã desta segunda-feira, 14 de abril, informando que o Governador Geraldo Alckmin decidiu por não conceder nenhum aumento aos policiais militares.

Quero registrar aqui minha decepção e indignação para com o resultado desta negociação, que durou mais de um mês e envolveu horas de trabalho em 08 desgastantes reuniões, onde foi exaustivamente apresentados nossa defasagem salarial e os estudos sobre o impacto no orçamento do Estado da concessão de um reajuste. Nossa disposição em negociar foi incansável e canalizamos todos os nossos esforços em apaziguar uma tropa descontente e incrédula, que não acreditava mais nesse Governo, e achava que as negociações estavam se arrastando demais, inclusive postando nas redes sociais insinuações de conchavos e acordos entre a Coordenadoria e o Governo.

Foram inúmeras as vezes em que acreditei firmemente que o Governo demonstrava boa vontade em chegar a um bom termo, ainda que não atendesse plenamente às nossas necessidades. Hoje me sinto como se tivesse sido ingenuamente enganado e estou decepcionado com a atuação dos srs., pois acreditávamos que tantas informações prestadas durante nossos encontros fossem o bastante para que V. Sras. conduzissem e embasassem a decisão do Governador de forma favorável aos nossos valorosos policiais.

A família policial militar está de luto. A nós o Governo recorre quando precisa manter o estado de direito, quando almeja diminuir os índices de criminalidade para usá-los como propaganda, quando os vândalos incendeiam a cidade e quando a população está em pânico. O Governo não se sente atingido quando mais de 30 policiais morrem em apenas 04 meses, no

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“cumprimento do dever”, como se perder a vida e deixar os filhos órfãos fosse apenas uma questão de “ossos do ofício”. Nós merecíamos mais atenção, mais respeito, mais consideração.

Não há o que dizer à tropa em favor dos srs., desse Governo que apenas cobra resultados sem fornecer condições de trabalho e sobrevivência. Não há o que dizer à tropa em favor do civilizado uso da negociação, tendência mundial para se chegar a qualquer bom termo, quando a parte que precisa decidir não respeita o direito básico de qualquer trabalhador, que é o de receber uma remuneração digna. E este trabalhador, no nosso caso, é um homem dedicado, cujo labor é imprescindível e essencial, e cuja vida está permanentemente em risco.

Hoje me sinto derrotado, mas quero que os srs. tenham claro que V. Sas. também falharam. Foram interlocutores ineficazes e eu, em vosso lugar, me envergonharia disso.

Lamento profundamente.

Ângelo Criscuolo

Presidente CERPM