governo do estado do parÁ fundaÇÃo santa casa de ... · ao hospital abelardo santos por permitir...
TRANSCRIPT
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ
DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E SAÚDE NA AMAZÔNIA
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO E SERVIÇO EM SAÚDE
RUTH DAVI DE GOIS
EXPERIÊNCIA E VIVÊNCIA DAS PUÉRPERAS QUANTO AO PARTO
HUMANIZADO: UMA PROPOSTA EDUCATIVA
BELÉM
2016
RUTH DAVI DE GOIS
EXPERIÊNCIA E VIVÊNCIA DAS PUÉRPERAS QUANTO AO PARTO
HUMANIZADO: UMA PROPOSTA EDUCATIVA
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Gestão e Saúde em na
Amazônia, linha de pesquisa Gestão e Planejamento
em Saúde.
Orientadora: Profª. Dra. Heliana Helena de Moura
Nunes.
BELÉM
2016
RUTH DAVI DE GOIS
EXPERIÊNCIA E VIVÊNCIA DAS PUÉRPERAS QUANTO AO PARTO
HUMANIZADO: UMA PROPOSTA EDUCATIVA
Dissertação de mestrado submetida ao processo de avaliação pela Banca Examinadora para
obtenção do Título de:
MESTRE EM GESTÃO E SERVIÇOS DE SAÚDE
e aprovada em 30 de março de 2016, atendendo às normas da legislação vigente do Programa
de Pós-Graduação em Gestão e Saúde na Amazônia - Mestrado Profissional em Gestão e
Serviços em Saúde, da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Linha de pesquisa
Gestão e Planejamento em Saúde. Área de Concentração: Gestão e Saúde.
_____________________________________
Dra. Vera Lúcia de Azevedo Lima
Coordenadora do Programa
Banca Examinadora
_________________________________________
Profª. Dra. Heliana Helena de Moura Nunes
Presidente
______________________________ _________________________________
Dra. Maria Goreth Silva Ferreira Dra. Vera Lucia de Azevedo Lima
Membro Membro
_______________________________ ________________________________
Dra. Maria Elizabete Castro Rassy Dra. Ingrid Magali de Souza Pimentel
Suplente Membro
BELÉM
2016
DEDICATÓRIA
A Deus pela minha existência. Às minhas filhas, Renata e Raphaela, por confiarem nas minhas escolhas, pelo incentivo e apoio nos momentos difíceis. Ao meu companheiro Ivanilson por compreender a minha ausência nesta trajetória, por escutar meus desabafos e pela cumplicidade em todas as fases deste percurso. Agradeço a Deus todos os dias da minha vida por vocês fazerem parte dela. Amo vocês.
AGRADECIMENTO
A Deus, fonte de todo o saber, por me dar a coragem e a
inteligência necessária durante toda a realização deste curso.
Às colegas de trabalho pelo incentivo para concluir o curso nos
momentos em que pensei em desistir.
As minhas filhas pelo carinho, incentivo e apoio.
A minha orientadora Heliana Moura pelo acolhimento e
confiança na trajetória de elaboração deste trabalho.
À Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará pela
oportunidade de realizar este curso.
Ao Hospital Abelardo Santos por permitir a realização da
pesquisa deste trabalho.
Às pacientes por aceitarem participar desta pesquisa.
À coordenação do Curso do Programa de Pós-Graduação em
Gestão e Saúde na Amazônia pelo empenho em ofertar novos
conhecimentos para nossas vidas.
Às colegas Maria de Lourdes e Aldenora que me ajudaram
indiretamente na elaboração deste trabalho.
À professora Natália pela paciência de me ajudar na elaboração
deste trabalho.
À Dra. Vera Lima pelo incentivo para concluir o curso no
momento em que pensei em desistir.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a
realização deste trabalho.
A todos os meus sinceros agradecimentos.
RESUMO
DE GOIS, R. D. Experiência e vivência das puérperas quanto ao parto humanizado: uma
proposta educativa. 2016. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Gestão e Saúde na Amazônia - Curso de Mestrado Profissional em Gestão e
Serviços em Saúde na Amazônia da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Belém-
PA, 2016.
A expressão “violência obstétrica” é utilizada para descrever e agrupar diversas formas de
violência e danos sofridos durante o cuidado obstétrico profissional. Inclui maus tratos físicos,
psicológicos, verbais e procedimentos desnecessários e danosos, tais como: episiotomias,
restrição ao leito no pré-parto, clister, tricotomia, ocitocina (quase) de rotina e ausência de
acompanhante. Diante dessa realidade, há um excesso de cesarianas, fenômeno esse crescente
no Brasil há décadas, apesar de haver algumas iniciativas governamentais para modificar esse
cenário. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi descrever a assistência prestada às
mulheres durante o trabalho de parto e parto no Hospital Público de Belém com base no
Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN). O presente trabalho teve
como cenário um hospital público, de pequeno porte, referência estadual em maternidade de
baixo risco, localizado na cidade de Belém. A metodologia utilizada é do tipo qualitativa
descritiva. Os dados foram coletados através de entrevistas semiestruturadas,
individualizadas, realizadas por meio de um instrumento com perguntas abertas e fechadas. O
processo analítico empregado foi análise temática. As narrativas apontaram para a emergência
de três categorias temáticas: experiência e vivência do trabalho de parto e parto,
conhecimento das puérperas sobre os seus direitos reprodutivos e violência obstétrica velada.
As categorias puderam explicitar que o tema precisa ser abordado cada vez mais, visto que a
maioria das mulheres reconhecem algumas atitudes como violência contra gestantes, mas o
problema é mais associado à violência urbana, física e sexual, cometida por parte do parceiro.
Por outro lado, as categorias puderam explicitar que a assistência prestada às mulheres
durante o trabalho de parto e parto no Hospital Público de Belém com base no Programa de
Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN) não é tão notável para as gestantes, porém a
maioria delas afirma ter sido bem assistida tanto no pré-natal como no período de internação.
A maioria mostrou-se bastante satisfeita com o tratamento dispensado durante toda sua
estadia no hospital. Quanto ao nível de conhecimento das mulheres sobre os conceitos de
violência obstétrica, parto humanizado e direitos reprodutivos, apenas uma entrevistada
demonstrou conhecer a lei do acompanhante. Por isso, acredita-se que o uso de tecnologia
educacional como dispositivo mediador do processo ensino-aprendizagem figura como
importante aliado do profissional de saúde diante desse cenário. A cartilha de orientação para
as gestantes irá favorecer a conscientização das mulheres acerca do conceito de parto
humanizado e sua repercussão ocorrerá dentro do contexto familiar, comunitário e social, a
fim de reduzir a invisibilidade da violência obstétrica, por intermédio das ações de educação
em saúde, abordadas pelas equipes da Atenção Básica. Como sugestão para trabalhos futuros,
e para que a tecnologia educacional proposta em formato de cartilha possa cumprir
adequadamente seu propósito, é recomendado que seu conteúdo e aparência sejam
previamente validados.
Descritores: Violência obstétrica; Trabalho de parto e parto; Humanização do parto; Serviços
de saúde materna; Direitos reprodutivos.
ABSTRACT
DE GOIS, R. D. Experience and experience of mothers as the humanized delivery: an
educational proposal. 2016. Master's thesis submitted to the Graduate in Management and
Health Program in the Amazon - Professional Master’s Degree in Management and Services
for Health in the Amazon Santa Para Mercy House Foundation Belem-PA, 2016.
The expression "obstetric violence" is used to describe and group various forms of violence
(and damage) during the professional obstetric care. Includes physical abuse, psychological,
and verbal, as well as unnecessary and harmful procedures - episiotomies, bed rest in the pre-
partum, enema, shaving and oxytocin (almost) routine, no companion - among which the
excess caesareans, growing in Brazil for decades, despite some government initiatives about.
In this sense, the objective of this study was to describe the care provided to women during
labor and delivery in public hospital in Bethlehem based on the Program for Humanization of
Prenatal and Birth (PHPN). Took place at a public hospital, small, state reference on
maternity low risk, located in the city of Bethlehem. The methodology used is descriptive
qualitative type. Data were collected through semi-structured interviews, individualized,
carried out through an instrument with open and closed questions. The analytical process used
was thematic analysis. The narratives pointed to the emergence of three thematic category:
experience and experiences of labor and childbirth and two subcategories: knowledge of
postpartum women about their reproductive rights and veiled obstetric violence. The
categories could explain that the issue needs to be addressed increasingly, since most women
recognize some attitudes to violence against pregnant women, but the problem is more
associated with urban, physical and sexual violence committed by the partner. On the other
hand, the categories could explain the assistance to women during labor and delivery in public
hospital in Bethlehem based on the Program for Humanization of Prenatal and Birth (PHPN)
is not as remarkable for pregnant women, but most of the women claims to have been well
attended both prenatally and during hospitalization. Most proved to be very satisfied with the
treatment during your stay in hospital. The level of knowledge of women on the concepts of
obstetric violence, humanized birth and reproductive rights, only one interviewed
demonstrated to know the law of the escort. Therefore, it is believed that the use of
educational technology as a mediating device of the teaching-learning process figure as an
important ally of the health professional on this scenario. The guidance booklet for pregnant
women will promote awareness among women about the concept of humanized birth, and its
impact will occur within the family, community and social context in order to reduce the
invisibility of obstetric violence, through the education of shares health, addressed by teams
of primary care. As a suggestion for future work and that educational technology proposed in
booklet format can adequately fulfill its purpose, it is suggested that its content and
appearance are previously validated.
Descriptors: Obstetric violence; Labor of parturition and parturition; Humanization of birth;
Maternal health services; Reproductive rights.
SUMÁRIO
I CAPÍTULO - CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................ 10
1.1. PROBLEMATIZANDO E JUSTIFICANDO A TEMÁTICA ................................................ 10
1.2. JUSTIFICATIVA / RELEVÂNCIA ......................................................................................... 12
1.3. QUESTÕES NORTEADORAS ................................................................................................ 14
1.4. OBJETIVOS .............................................................................................................................. 14
II CAPÍTULO - REFERÊNCIAS CONCEITUAIS E CONTEXTUAIS ........................................ 15
2.1. TRAJETÓRIA DO PARTO ...................................................................................................... 15
2.2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER ..................................... 19
2.3. PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO NO PRÉ-NATAL E NASCIMENTO .......................... 22
2.4. REFLEXÕES SOBRE O EVENTO ‘PARTO’ NA ATUALIDADADE ................................. 30
III CAPÍTULO – MÉTODOS ............................................................................................................. 33
3.1. TIPO DE PESQUISA ................................................................................................................ 33
3.2. PRODUÇÃO E ANÁLISE DE DADOS .................................................................................. 34
3.3. CARACTERIZAÇÃO DAS PARTICIPANTES DO ESTUDO............................................... 37
3.3.1. Critério de Inclusão ................................................................................................................... 39
3.3.2. Critérios de Exclusão ................................................................................................................. 39
3.4. CENÁRIO DA PESQUISA ...................................................................................................... 39
3.5. RISCOS E BENEFÍCIOS ......................................................................................................... 41
3.6. ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................................ 42
IV CAPÍTULO - ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ................................................ 42
Categoria I – experiência e vivência do trabalho de parto e parto ......................................................... 48
Categoria II - Conhecimento das puérperas sobre seus direitos reprodutivos ........................................ 50
Categoria III - A violência obstétrica velada .......................................................................................... 52
V CAPÍTULO - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 60
APÊNDICE ........................................................................................................................................... 68
ANEXOS ............................................................................................................................................... 85
10
I CAPÍTULO - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1. PROBLEMATIZANDO E JUSTIFICANDO A TEMÁTICA A SER ESTUDADA
A inquietação que deu origem a este estudo emergiu da minha prática profissional
cotidiana em uma maternidade pública, referência em gravidez de baixo risco, na cidade de
Belém, capital do Estado do Pará, onde, há mais de duas décadas, atuo como enfermeira
obstetra.
Nesse cenário, desenvolvo minhas atividades laborais no alojamento conjunto, sala de
parto e centro obstétrico, além de supervisionar os alunos da residência em Enfermagem
Obstétrica e do curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica da Rede Cegonha,
vinculados à Universidade Federal do Pará.
Como enfermeira assistencial surgiu a preocupação em saber como as mulheres
atendidas nessa maternidade se sentiam frente ao atendimento dispensado por todos os
profissionais envolvidos no processo do trabalho de parto e parto.
Há mais de vinte anos desenvolvo atividades profissionais na Maternidade do Hospital
Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS) e presencio várias situações inadequadas aplicadas às
grávidas em trabalho de parto. É comum a utilização de métodos invasivos tais como: o uso
de medicamentos para induzir o parto; a episiotomia desnecessária; o uso de palavras
grosseiras por parte dos obstetras e profissionais de enfermagem; o jejum durante o trabalho
de parto; a ausência do acompanhante durante a parturição; o agendamento de uma cesárea
sem a real necessidade como ocorre nas situações que, para evitar que a gestante sinta dor
durante o trabalho de parto, já se agenda a cesárea nos casos em que será feita a laqueadura;
recusar dar bebida ou comida para uma mulher durante o trabalho de parto; ou impedir
procedimentos simples como massagens, deambulação, banho morno ou uso de outras
tecnologias não invasivas de cuidados para o alívio da dor durante o trabalho de parto e parto.
Na maioria das vezes a violência sofrida não é nem identificada em razão do
desconhecimento dos direitos reprodutivos da mulher. Surgiu, então, o interesse em conhecer
o que essas mulheres sentem ao serem atendidas nessa maternidade e como avaliam o
atendimento dispensado pelos profissionais dessa instituição.
No Brasil, em 1993, foi fundada a Rede pela Humanização do Parto e Nascimento
(ReHuNa) que atualmente congrega centenas de participantes entre indivíduos e instituições.
A ReHuNa elaborou um documento denominado “Carta de Campinas” o qual relata
11
denúncias sobre as circunstâncias de violência e constrangimento que ocorrem durante a
assistência ao parto, especialmente as condições pouco humanas as quais são submetidas
mulheres e crianças no momento do nascimento (DINIZ, 2005).
O principal modelo de assistência ao parto no Brasil é hospitalar e com intervenções
inapropriadas no processo fisiológico. Para a melhoria da saúde de mulheres e crianças há
grandes desafios, como a redução de desigualdades socioeconômicas e regionais da saúde, das
elevadas taxas de cesarianas, dos nascimentos pré-termo e dos abortos ilegais (VICTÓRIA,
AQUINO, LEAL, 2011).
Atualmente, sabe-se, através de pesquisas que enfatizam a fala das mulheres, que
muitas delas comumente vivenciam o parto com ofensas, dor e humilhação (DINIZ e
CHACHAM, 2006; GOMES et al., 2008). Tal circunstância, antes invisível, uma vez que é
revelada, demonstra uma realidade cotidiana cruel que fere completamente os princípios dos
direitos da mulher e dos direitos humanos (MATTAR; DINIZ, 2012).
Em 2011 foi lançada, pelo Governo Federal, por iniciativa do Ministério da Saúde, a
Rede Cegonha (RC) com o objetivo de proporcionar melhor atenção e qualidade de saúde
para mulheres e crianças. A Rede Cegonha incentiva a inovação e a excelência na atenção
pré-natal, na assistência ao parto e pós-parto, bem como nas ações em torno do
desenvolvimento da criança durante os primeiros dois anos de vida. O foco estratégico da RC
está na redução da morbimortalidade materna e infantil, especialmente em seu componente
neonatal (MS/BRASIL, 2014).
Mesmo com a iniciativa do Governo em reduzir a violência contra a mulher grávida,
observamos que a violência se tornou um problema de saúde pública, o qual vem se tornando
uma temática muito discutida em eventos científicos, na mídia e em maternidades de todo o
mundo. Seja a violência física, sexual, psicológica ou emocional ela fica ainda mais grave
quando praticada contra mulheres grávidas, pois pode provocar consequências danosas para a
saúde da mãe e do filho, como baixo peso do recém-nascido, abortos, partos e nascimentos
prematuros e até a morte materna e fetal.
No Relatório Mundial de Saúde (2011) a organização sinaliza que, para evitar e
eliminar o desrespeito e os abusos contra as mulheres durante a assistência institucional ao
parto no mundo inteiro, as medidas a seguir devem ser tomadas:
1. Aumentar as opções dos governos e de parcerias do desenvolvimento social
para pesquisas e ações contra o desrespeito e os maus-tratos, sendo necessárias evidências
sobre a efetividade e a implementação de intervenções em diferentes contextos para oferecer a
orientação técnica necessária aos governos e profissionais da saúde.
12
2. Começar, apoiar e manter programas desenhados para melhorar a qualidade
dos cuidados da saúde materna com forte enfoque no cuidado respeitoso como componente
essencial da qualidade da assistência.
3. Enfatizar os direitos das mulheres a uma assistência digna e respeitosa durante
toda a gravidez e o parto.
4. Produzir dados relativos às práticas respeitosas e desrespeitosas na assistência à
saúde com sistemas de responsabilização e apoio significativo aos profissionais.
5. Envolver todos os interessados, incluindo as mulheres, nos esforços para
melhorar a qualidade da assistência e eliminar o desrespeito e as práticas abusivas.
A assistência obstétrica por enfermeiras tem sido foco de amplas discussões no que se
refere ao âmbito clínico, teórico, de formação e regulação profissional. A participação desses
profissionais na assistência ao parto se dá num contexto marcado por mudanças que refletem
a ampla discussão sobre a medicalização do corpo feminino e o uso de práticas sem
evidências científicas e que não são recomendadas pela Organização Mundial de Saúde
(LIMA et al., 2015).
Há desafios colocados aos profissionais da área obstétrica, como a adequação técnica
no modelo humanizado, que têm como proposta a compreensão do parto como um evento
fisiológico e social, no qual a assistência baseia-se na não invasão e considera a mulher como
protagonista do processo (GOMES e MOURA, 2012; NASCIMENTO, PROGIATI,
OLIVEIRA, et al.,2010).
Atualmente, sabe-se que o parto e o período pós-parto imediato são ocasiões de
especial vulnerabilidade tanto para a mãe quanto para o recém-nascido. Estima-se que durante
as primeiras 24 horas após o parto ocorrem entre 25% e 45% das mortes neonatais e 45% das
mortes maternas (MOREIRA et al., 2014).
Assim, as práticas de atenção ao parto e ao período pós-parto imediato, que estão
orientadas aos problemas mais sérios e imediatos da mãe como hemorragia pós-parto e
infecção do recém-nascido, asfixia, baixo peso ao nascer, prematuridade e infecções graves,
são as que recebem maior atenção no registro das intervenções em saúde pública (BRASIL,
2011).
1.2. JUSTIFICATIVA / RELEVÂNCIA
13
A violência obstétrica pode ser considerada como causa externa de morbimortalidade
do ponto de vista diagnóstico e está entre os inúmeros tipos de violência contra a mulher. Esse
tipo de violência pode ser caracterizado, no Brasil, como ações que interferem sobre o corpo
da mulher, ocasionam dor ou dano físico e são realizadas sem recomendações baseadas em
evidências científicas (ASSUMPÇÃO et al. p. 48, 2014).
A violência exercida durante o trabalho de parto e parto pode ter caráter físico ou
psicológico. São de caráter físico as violências de privação de alimento, proibição da
movimentação da mulher, realização da manobra de Kristeller, uso rotineiro da ocitocina,
cesariana eletiva sem indicação clínica e não utilização da analgesia quando tecnicamente
indicada. Em contrapartida, são violências de caráter psicológico as ações verbais ou
comportamentais que causem na mulher sentimentos de inferioridade, insegurança, medo,
entre outros (MALHEIROS, 2012).
Para a OMS, a violência contra a mulher é um problema de saúde pública por sua
dimensão e gravidade das sequelas orgânicas e emocionais que produz. Paralelamente, está a
violência obstétrica que é um problema recorrente presente nas práticas da atenção destinada à
mulher no parto e envolve questões sociais, econômicas, de gênero, de raça e institucionais
(DIAS et al. 2015).
Para que as enfermeiras obstétricas possam utilizar técnicas não invasivas para o alívio
da dor do parto, proporcionando, assim, melhor segurança para as mulheres, é importante
conhecer como elas se sentem nesse período, que é de grande importância para elas e seus
filhos.
A relevância desse estudo para a assistência, o ensino, a pesquisa e a extensão está em
conhecer como essas mulheres pensam, se identificam e reagem frente à assistência prestada
nesse período tão significante de suas vidas, bem como em trazer contribuições ao debate
sobre a humanização na assistência à saúde, principalmente no que se refere às políticas de
humanização do parto e nascimento.
Esse estudo é relevante, pois irá oferecer subsídios para melhorar a assistência
prestada às gestantes durante o trabalho de parto, parto e no período do puerpério, com base
nas expectativas e vivências relatadas por essas mulheres.
Portanto, acredita-se que, com isso, poderão ser aprimoradas as práticas assistenciais
da equipe multidisciplinar de saúde, contribuindo para a efetivação das diretrizes do programa
de humanização do parto e nascimento.
A partir do exposto, este estudo se justifica na medida em que se faz necessário
caracterizar as publicações brasileiras sobre o tema, de modo a permitir intervenções da
14
equipe de saúde, garantindo à mulher o direito à gestação e ao parto seguros, livres de
violência.
1.3. QUESTÕES NORTEADORAS
As experiências vividas por mulheres durante o período do trabalho de parto e parto é
uma temática atual e ampla em todo o mundo e que objetiva dar voz para essas mulheres,
fazendo com que elas sejam protagonistas do processo da humanização do parto. Com base no
objeto de estudo deste trabalho, que é a experiência e a vivência das puérperas quanto ao parto
humanizado, foram elaboradas as seguintes questões norteadoras:
Como as mulheres percebem sua assistência durante o período do trabalho de
parto e parto?
As mulheres atendidas na maternidade do HRAS têm conhecimento sobre seus
direitos reprodutivos?
É importante propor tecnologias educativas voltadas para a equipe de saúde
quanto à importância das ações humanizadas?
1.4. OBJETIVOS
Objetivo Geral
Descrever a assistência prestada às mulheres durante o trabalho de parto e parto
em Hospital Público de Belém com base no Programa de Humanização do Pré-natal e
Nascimento (PHPN).
Objetivos Específicos
Analisar o conhecimento das mulheres sobre os direitos reprodutivos e a
experiência vivida no período do trabalho de parto e parto;
Elaborar uma tecnologia educativa (cartilha com ações humanizadas) sobre os
direitos reprodutivos no trabalho de parto e parto.
15
II CAPÍTULO - REFERÊNCIAS CONCEITUAIS E CONTEXTUAIS
2.1. TRAJETÓRIA DO PARTO
O nascimento é historicamente um evento natural. Como é indiscutivelmente um
fenômeno mobilizador, mesmo as primeiras civilizações agregaram a este acontecimento
inúmeros significados culturais que através de gerações sofreram transformações e, assim,
ainda hoje, comemoramos o nascimento como um dos fatos marcantes da vida (PETER et al.,
2010).
A Igreja Católica descrevia o sofrimento no parto como desígnio divino, pena pelo
pecado original, sendo dificultado e mesmo ilegalizado qualquer apoio que aliviassem os
riscos e dores no parto (DINIZ, 2005).
De acordo com Diniz (2005), o cenário do parto era predominantemente feminino,
com a presença de cânticos, rezas e benzeduras. Com o passar dos anos, e com o
fortalecimento da Igreja como instituição que exercia poder e domínio sobre a sociedade, a
figura da parteira passou a ser negativada. Acusadas de praticar bruxaria, as parteiras
começaram a sofrer perseguições pela Igreja católica através da Santa Inquisição.
A obstetrícia assumiu o papel de salvadora. As mulheres - que antes eram condenadas
pela Igreja a pagar pelo chamado pecado original e, portanto, segundo os preceitos bíblicos,
deveriam passar por uma experiência de parto sofrida (parirás com dor) - passaram a ser
vítimas da natureza, sendo dever do obstetra intervir para antecipar os perigos do
“desfiladeiro transpelvino” e combatê-lo (DINIZ, 2005).
A Sagrada Escritura cita que as dores durante o parto são punições que a mulher deve
sentir por ter cometido o pecado original, interferindo em seus sentimentos e percepções
acerca desse momento, substituindo o sentimento de prazer durante a concepção pelo castigo
(BEZERRA; CARDOSO, 2006).
A replicação desse pensamento no arcabouço histórico e cultural da sociedade leiga e
de profissionais de saúde expõe a mulher à violência obstétrica e de gênero, sendo a dor
inerente à experiência da maternidade (ANDRADE; DE MELO AGGIO, 2014).
Um famoso obstetra brasileiro, Moisés Paciornick, atuou no Paraná e enfatizou a
importância de atores não médicos no parto, como as parteiras indígenas, bem como a
importância de compreender sua fisiologia e, em 1979, publicou Parto de cócoras - Aprenda
a Nascer com os Índios (MUNIZ, 2013).
16
O obstetra uruguaio Roberto Caudeyro-Barcia, pesquisador de ponta da fisiologia
obstétrica, publicou, em 1979, Bases fisiológicas y psicológicas para El manejo humanizado
Del parto normal (MUNIZ, 2013).
A partir da segunda metade da década de 1980, tomou corpo um movimento
internacional chamado Medicina Baseada em Evidências (MBE) (RATTNER, 2009). Esse
movimento surgiu do reconhecimento de que “boa parte da prática médica não é respaldada
por estudos de qualidade sobre a segurança e a eficácia dos procedimentos utilizados, quer
sejam os medicamentos, os exames, as cirurgias, entre outros” (MOURA et al., 2007).
A visão que prevalece sobre o parto transformou maternidades pelo mundo afora em
laboratórios de alta tecnologia e os seres humanos em objetos passivos (DIAS, 2009). Uma
série de atitudes rotineiras é tomada assim que as mulheres entram na maternidade para darem
à luz. Tais rotinas médicas são, muitas vezes, baseadas em tipos de pesquisas tendenciosos, os
quais vêm favorecendo “práticas inúteis, arriscadas ou danosas” (DINIZ, 2005).
O obstetra brasileiro José Galba de Araújo apoiava as parteiras tradicionais no Ceará e
utilizava recursos humanos disponíveis em favor das mulheres no parto, uma de suas
preocupações era a busca do equilíbrio entre a tecnologia, os costumes e as tradições regionais
na assistência ao parto. Em 1987 publicou o livro Parteiras Tradicionais na Atenção
Obstétrica no Nordeste. (MUNIZ, 2013).
Frederick Leboyer, obstetra francês, escreveu seu primeiro livro em 1976, Birth
Without Violence, e enfatizou que o parto é um processo simples e natural e o bebê é um ser
sensível que deveria ser recebido em um ambiente físico e emocional acolhedor e não de
sofrimento e dor. Sua contribuição ainda é considerada importante referência nessa área
(VALE, 2014).
Também na década de setenta, Michel Odent, outro obstetra francês, ficou famoso por
introduzir a piscina de parto em uma maternidade francesa, em Pithiviers, e pela divulgação
das experiências de partos humanizados e prazerosos que ali ocorriam (MOURA, 2007). Este
autor ainda hoje é um dos nomes mais importantes na campanha mundial pela humanização
do parto, tendo publicado 12 livros a esse respeito que foram traduzidos para 21 línguas
(MUNIZ, 2013).
Esse obstetra enfatiza a importância do conhecimento produzido recentemente sobre a
fisiologia do parto para o entendimento das necessidades das mulheres em trabalho de parto,
bem como a possibilidade de se viver uma experiência prazerosa neste momento. Tais
concepções diferem em grande medida do modelo médico hegemônico chamado
intervencionista ou tecnocrático (DE MENEZES; PORTELLA; BISPO, 2012).
17
Frente à banalização do intervencionalismo no cuidado ao parto, em 1996 a
Organização Mundial de Saúde lança um manual de recomendações
baseadas em evidências científicas para o cuidado humanizado ao parto
normal de risco habitual, buscando, assim, combater a “adoção sem críticas
de uma variedade de intervenções inúteis, inoportunas, inadequadas e/ou
desnecessárias” onde o parto normal era conduzido da mesma forma que o
parto complicado, culminando, em grande parte dos casos, na transformação
de um evento fisiológico em um evento potencialmente patológico (OMS,
1996).
Assim, começa a surgir no contexto obstétrico uma nova visão de assistência à
parturiente: a visão da medicina baseada em evidências (BRASIL, 2014).
A Medicina Baseada em Evidências (MBE) consiste em um uso consciencioso,
explícito e judicioso das melhores evidências científicas correntemente disponíveis para tomar
decisões relativas ao cuidado de pacientes individuais. A prática da MBE traduz-se na
integração da experiência clínica individual com as melhores evidências clínicas disponíveis
obtidas em pesquisas sistemáticas e com as características e expectativas dos pacientes
(AMORIM, 2011).
Ao analisar a história do parto no decorrer dos anos, podemos observar inúmeras
transformações relacionadas ao modelo assistencial prestado (CARVALHO; MERIGUI,
2007).
O progresso tecnológico e científico da obstetrícia e a institucionalização do parto
foram de grande valia para a assistência à gestante e ao parto de alto risco, porém a
mortalidade materna e perinatal permaneceu alta, haja vista que o parto de evolução
fisiológica se tornou de risco, devido ao excesso de intervenções desnecessárias e de
assistência desumanizada (CRIZÓSTOMO; NERY; LUZ, 2007).
Historicamente, os partos e cuidados pós-parto eram realizados por mulheres
conhecidas popularmente como aparadeiras, comadres ou mesmo parteiras leigas. Essas
mulheres eram de inteira confiança e detinham um saber empírico sobre gestação, parto e
puerpério (ROCHA, 2011).
A imposição da posição deitada para a mulher durante o trabalho de parto e durante o
próprio período expulsivo do parto coincidiu com a emergência da disciplina Obstetrícia que
emergiu na Europa, no século XVII (DIAS, 2009).
Nessa época, médicos obstetras quiseram observar de perto o processo de trabalho de
parto e nascimento, visando intervir quando necessário. Para tal observação, era adotada a
posição antinatural que se tornou rotineira em função do favorecimento do trabalho médico: o
18
parto horizontal ganhou propagação com o início da utilização de manobras técnicas, tais
como o fórceps (DIAS, 2009).
Ao falar da publicação de pesquisas científicas acerca do posicionamento assumido
pela mulher durante o trabalho de parto e durante o período expulsivo, Dias (2009) destaca os
seguintes benefícios de uma posição mais verticalizada:
(I) a sintonia com a ação da gravidade, (II) a não compressão dos grandes
vasos maternos, o que acarretaria em comprometimento da oxigenação fetal,
(III) o aumento do diâmetro do canal do parto ( na posição específica de
cócoras), (IV) o ângulo de encaixe menos agudo, ou seja, mais aberto, (V)
bons resultados relativos à ventilação pulmonar e ao equilíbrio ácido-básico
materno e fetal, (VI) contrações uterinas mais eficientes, (VII) forças de
puxo maiores, (VIII) menos pressões vaginais, (IX) menor duração do
período de dilatação e expulsivo, (X) menor utilização de drogas e
anestesias, (IX) menores complicações no parto e puerpério.
Até o final do século XIX, os partos ocorriam, em sua grande maioria, em domicílios.
Naquele momento, as maternidades não representavam um lugar seguro para as mulheres
darem à luz (BRASIL, 2010).
Foi somente após a Segunda Guerra Mundial, com a absorção de novos
conhecimentos e habilidades nos campos da cirurgia, da assepsia, da anestesia, de
hemoterapia e da antibioticoterapia, que os médicos conseguiram diminuir significativamente
os riscos de um parto hospitalar e, conseguintemente, os índices da morbimortalidade materna
e neonatal. A partir de então, o parto passou progressivamente a ser institucionalizado
(BRASIL, 2012a).
Considerando a história dos modelos de atenção ao parto, no século XX, em especial o
modelo hegemônico estava baseado em uma visão negativa, de sofrimento e dor para a
mulher e para o bebê (DINIZ, 2003).
Modelos de atenção à saúde se configuram como construtos sociais, ou seja, são
permeáveis à cultura e às configurações de papéis de gênero. O parto, assim, era visto como
um castigo para a mulher pelo prazer sexual. A partir do pressuposto do sofrimento, o bem-
estar físico e emocional da mulher não fazia parte da concepção desse processo fisiológico,
que era considerado patológico pela medicina (BERGER e LUCKMANN, 1966).
Por muito tempo a assistência ao parto foi considerada uma atividade exclusivamente
feminina. Durante esse período as mulheres em trabalho de parto recebiam ajuda de outras
mulheres, que podiam ser do seu ambiente mais próximo (parentes, vizinhas e amigas) ou
19
mulheres reconhecidas pela sua experiência e habilidade para tal acompanhamento, as
parteiras (BRASIL, 2012a).
Com relação à história do parto no Brasil, sabe-se que o avanço do conhecimento
acerca da reprodução e do próprio parto, conseguido através da hospitalização, promoveu
melhorias. Entretanto o preço a ser pago foi a desumanização do serviço e a transformação do
lugar da mulher, que passou do estatuto de sujeito para objeto nesse processo. (NAGAHAMA
e SANTIAGO, 2005).
Nessa perspectiva, a filósofa Marilena Chauí (1985) afirma que a violência contra as
mulheres é resultado de uma ideologia que define a condição feminina como inferior à
condição masculina. Assim, essa diferença é transformada em uma relação hierárquica de
desigualdade com fins de dominação, exploração e opressão. A mulher, ao ser tratada como
objeto, vivencia a experiência de violência real, conforme a definição de Chauí (1985).
Nesse sentido, Teixeira e Mota (2011) acreditam que a pertinência científica das
tecnologias educacionais produzidas na área da enfermagem gera novos conhecimentos que
podem ser institucionalizados nos processos de formação técnica e superior.
Para Nascimento (2012),
a tecnologia educacional é considerada uma estratégia que, mediante o uso
sistemático dos conhecimentos disponíveis, visa a elaborar uma nova
intervenção já existente, ou ainda elaborar ou melhorar um instrumento, um
dispositivo ou um método de mediação.
2.2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Nas primeiras décadas do século XX, a saúde da mulher passou a fazer parte das
políticas públicas de saúde, sendo limitada, nesse período, às demandas relativas à gravidez e
ao parto (FARAH, 2004).
Em 1984, o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde
da Mulher (PAISM), marcando uma ruptura conceitual com os princípios norteadores da
política de saúde das mulheres e os critérios para eleição de prioridades nesse campo
(TAVARES et al., 2009).
O PAISM incorporou como princípios e diretrizes as propostas de descentralização,
hierarquização e regionalização dos serviços, bem como a integridade e a equidade da
atenção, num período em que, paralelamente, no âmbito do Movimento Sanitário, se conceba
20
o arcabouço conceitual que embasa a formulação de Sistema Único de Saúde (SUS)
(TAVARES et al., 2009).
Apesar dos avanços da Constituição de 1988 no que diz respeito à igualdade de
homens e mulheres, o Código Penal era insuficiente para abarcá-los, sendo necessária a
criação de uma lei específica para prevenir, punir e erradicar a violência contra as mulheres
(DA COSTA, 2015).
Assim, em 07 de agosto de 2006, o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da
Silva, sancionou a Lei nº 11.340/2006 de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que
recebeu o nome de Lei Maria da Penha Maia, cujos objetivos estão descritos na ementa:
“Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226
da Constituição Federal, da Convenção sobre a
eliminação de todas as formas de discriminação contra as
mulheres e da convenção interamericana para prevenir,
punir e erradicar a violência contra a mulher; dispõe
sobre a criação dos Juizados de violência doméstica e
familiar contra a mulher; altera o Código Penal e a Lei de
Execução Penal; e dá outras providências” (BRASIL,
2006, seção 1, p.1).
No ano de 2003, a Área Técnica de Saúde identifica a necessidade de articulação com
outras técnicas e de propor novas ações para a atenção das mulheres rurais com deficiência,
negras, indígenas, presidiárias, lésbicas e a participação nas discussões e atividades sobre a
saúde da mulher e o meio ambiente (ASSIS et al., 2013).
Segundo Fortes (2004), começaram a surgir no final da década de 90 as políticas
governamentais a respeito da humanização na atenção à saúde.
As políticas relacionadas ao processo de humanização do parto/nascimento foram
regulamentadas através da portaria nº 163, de 22 de setembro de 1998, que permite a
realização do parto sem distorcias por enfermeiros obstetras (BARBOSA, 2013).
No ano de 2000 foi criado o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento do
SUS (PHPN), que apresenta o direito à humanização da assistência obstétrica e neonatal como
condição para o acompanhamento adequado a mulheres e recém-nascidos (BRUGGEMANN,
2003; OMS, 2009).
Já em 2001, o Ministério da Saúde apresentou o Programa Nacional de Humanização
da Assistência Hospitalar (PNHAH). Esse programa tinha como objetivo tornar o ambiente
hospitalar mais humano, no que diz respeito ao atendimento ao usuário (FORTES, 2004).
21
No ano de 2003, o Ministério de Saúde põe em prática a Política Nacional de
Humanização (PNH) também denominada Humaniza SUS. O Humaniza SUS traz relevantes
melhorias nos serviços de saúde, permitindo o desenvolvimento de atividades humanizadas
que resgatam os princípios e diretrizes da construção do SUS, como a regionalização,
universidade, assistência integral, hierarquização e a participação social (FORTES, 2004).
A PNH vem apostando, compondo e articulando estratégias, promovendo e
agenciando experiências de apoio no SUS. Queremos aqui destacar a experiência de apoio
institucional voltada para a humanização do parto e nascimento, experimentada no Plano de
Qualificação de Maternidades e Redes Perinatais da Amazônia Legal e Nordeste Brasileiro
(PQM) ∕ 2009-2011 (VASCONCELOS; MARTINS; MACHADO, 2014).
O Plano serviu de baliza para a concepção do processo de trabalho da Rede Cegonha
(RC), lançada em 2011 pelo governo federal, configurando-se uma rede de cuidados que visa
assegurar à mulher e à criança, o direito à atenção humanizada durante o pré-natal,
parto/nascimento, puerpério e atenção infantil em todos os serviços de saúde do Sistema
Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2014).
Com o funcionamento do PQM e posteriormente da RC buscou-se – e ainda se busca –
criar condições políticas, institucionais e técnicas para mudanças de processos de trabalho,
tendo em vista a qualificação da gestão e da atenção materna e infantil, a humanização do
cuidado, a garantia de direitos dos usuários e a redução das taxas de mortalidade infantil/
neonatal e materna (BRASIL, 2014).
Desde 2012, a Rede Cegonha, por sua vez, propõe a organização e a qualificação da
atenção e gestão materna e infantil em todo âmbito nacional, com incentivos técnicos e com
financiamento atrelados às mudanças do modelo obstétrico e neonatal (BRASIL, 2012).
Pode-se dizer que a RC amplia o PQM sob o ponto de vista da extensão territorial,
como também reforça a trajetória já iniciada com o PQM de se trabalhar com o apoio
institucional realizado nas maternidades com as equipes, atrelada a uma perspectiva de
produção de redes de cuidados materno e infantil (VASCONCELOS; MARTINS;
MACHADO, 2014).
Com esse intuito, a RC vem agregando às diretrizes de humanização do PQM
(acolhimento com classificação de risco/vulnerabilidade, cogestão, direito à acompanhante de
livre escolha da gestante e ambiência) outras questões fundamentais, tais como a defesa dos
direitos sexuais e reprodutivos, aumento da abrangência do cuidado a crianças de até dois
anos de idade, mudanças no modelo de gestão da rede materna e infantil com indução
22
financeira, implementação de Centros de Parto Normal (CPN) e casas da Gestante, Bebê e
Puérpera (CGBP) (BRASIL,2012).
Conforme o modelo tecnocrático de atenção ao parto demonstrou seu caráter
prejudicial, como apontado nas evidências científicas que baseiam as diretrizes da OMS, foi
organizado pelo Ministério da Saúde o Programa Nacional de Humanização do Parto e
Nascimento (MS, 2000).
A partir de então, o ideário da humanização passou a nortear todas as instâncias do
SUS. O objetivo principal dessa política é a melhoria do atendimento oferecido (GARCIA, A.
et al., 2009).
Um ponto central da implantação dessa política de humanização é a elevada
mortalidade materna, que apesar dos avanços científicos na área, continua a ser um fator
preocupante no Brasil (MORSE et al., 2011).
Segundo Leal (2008), mesmo com os avanços produzidos por medidas tomadas pelo
governo na atenção básica à gestante, não foi alcançado o objetivo maior de diminuir a
mortalidade materna. Ainda segundo essa autora: “As principais causas vigentes de morte
continuam a serem hemorragias e hipertensão arterial, ambas evitáveis por meio de assistência
de qualidade ao pré-natal e ao parto [...]” (LEAL, 2008, pg.1724).
Com isso, comprova-se que a má qualidade da assistência à gestação e ao parto no
Brasil ocasiona um alto número de mortes que poderiam ser evitadas (PAIM et al., 2011).
De fato, a Razão de Morte Materna (RMM) alcança índices altos no Brasil
(TANAKA, 2000) e por isso tornou-se prioridade na agenda da saúde coletiva no Brasil,
desvelado primeiramente pelos altos índices de intercorrências na gravidez e no parto que
levam à morte, marca extrema da violência.
Os dados sugerem valores mais elevados nas mulheres de menor renda e escolaridade,
da raça negra e com pouco acesso à assistência, sendo um importante indicador das condições
de vida e injustiça social (MORSE et al.,2001).
2.3. PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO NO PRÉ-NATAL E NASCIMENTO
O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) foi instituído pelo
Ministério da Saúde, por meio da Portaria/GM nº 569 de 01/06/2000, subsidiado nas análises
23
da necessidade de atenção específica à gestante, ao recém-nascido e à mãe no período pós-
parto (CORRÊA; BONADIO; TSUNECHIRO, 2011).
O objetivo primordial do PHPN é assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da
qualidade do acompanhamento do pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e
ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos de cidadania (SERRUYA; LAGO; CECATTI,
2004).
O PHPN fundamenta-se nos preceitos de que a humanização da Assistência Obstétrica
e Neonatal é a condição primeira para o adequado acompanhamento do parto e do puerpério
(CARVALHO et al., 2012)
Puerpério1 é o período que compreende a fase pós-parto, quando a mulher passa por
alterações físicas e psíquicas até que retorne ao estado anterior a sua gravidez. Inicia-se no
momento em que se dá o descolamento placentário, logo após o nascimento do bebê.
A discussão sobre a humanização surgiu, na década de 80, devido ao aumento das
taxas de mortalidade de mulheres durante o trabalho de parto, provocando mudanças nas
políticas públicas de atenção à saúde da mulher. A primeira mudança ocorreu no Programa de
Atenção Integral à Saúde da mulher, que visava adotar uma assistência mais humanizada em
todos os âmbitos da saúde (GRIBOSKI; GUILHEM, 2006).
A humanização do parto normal é um processo que tem início no pré-natal, nesse
momento os profissionais planejam o parto e os possíveis procedimentos realizados,
objetivando o benefício da mãe e do bebê, promovendo um parto e nascimento saudáveis e
seguros, prevenindo, assim, possíveis intervenções desnecessárias (OMS, 2009).
Existem vários conceitos sobre a humanização no parto, dentre eles o que diz que
“humanizar o parto é respeitar e criar condições para que todas as dimensões do ser humano
sejam atendidas: espirituais, psicológicas, biológicas e sociais” (BUSANELLO et al., 2011).
Quando dizemos que a violência obstétrica é uma realidade, estamos partindo de
dados confiáveis, científicos, obtidos por meio de pesquisas sérias. O padrão que se vê na
assistência ao parto no Brasil é violento. Essa é a realidade (TAVARES et al., 2009).
Durante gerações e em todas as culturas humanas, o surgimento de um novo ser
sempre despertou corações e mentes. Principalmente para a mulher, a gravidez e o
nascimento, em particular, são eventos únicos repletos de fortes sentimentos e emoções
(BRASIL, 2014).
1 Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/enfermagem/artigos/37399/o-que-e
24
O ambiente em que a mulher é cuidada não deve ser um ambiente hostil, com rotinas
rígidas e imutáveis, onde ela não possa expressar livremente seus sentimentos e suas
necessidades. Deve receber cuidados individualizados e flexíveis de acordo com suas
demandas. É necessário que a mulher se sinta segura e protegida por todos que a cercam.
(BRASIL, 2014).
O objetivo principal da assistência materna de qualidade é favorecer experiência
positiva para a mulher e sua família, mantendo a sua saúde física e emocional. Ela deve
receber apoio contínuo da equipe assistencial e suas angústias e questionamentos devem ser
esclarecidos com linguagem clara e acessível e com tom de voz que traduza calma e
serenidade. (BRASIL, 2014).
Figura 1: Gestante presidiária algemada aguardando atendimento.
Fonte: http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2012/03/guest-post-nao-da-mais-pra-ignorar.html
Para Sena (2011), “a falta de informação, é apenas um dos fatores que contribuem para
a invisibilidade e o desconhecimento da violência obstétrica”. Um agravante é o “produto
final” do evento de nascimento: a chegada de um filho.
É um momento tão especial, marcado por tantas emoções e surpresas, que, muito
embora as mulheres tenham sofrido agressões e violências, acabam minimizando o que
sofreram em função da alegria do momento. Apesar de ser invisível, é uma violência
institucionalizada: “as mulheres acham que são tratadas daquela maneira” porque “é assim
que acontece mesmo” ou “faz parte” (SENA, 2011).
25
A definição de violência obstétrica2, como um tipo de violência contra a mulher,
consiste em qualquer ato realizado por profissionais da saúde em relação ao corpo e aos
processos reprodutivos das mulheres, sejam antes, durante ou depois do parto. Sendo exercido
através do excesso de intervenções e onde os processos fisiológicos sejam medicalizados e
patologizados (ANDRADE; AGGIO, 2014).
Projetos e iniciativas buscam dar visibilidade à questão da violência obstétrica, lutando
para que mulheres tenham partos dignos e para que os direitos reprodutivos sejam respeitados
e do conhecimento das mulheres.
O surgimento do termo “Direitos Reprodutivos” possui sua raiz na luta das mulheres
quando elas entraram em marcha para garantir a sua autodeterminação sexual, a capacidade
de decidir quando e como querem ter filhos e o controle do seu próprio corpo (DOS
SANTOS; CANCIANI; DA SILVA, 2015).
Segundo Dos Santos, Canciani e Da Silva (2015), pode-se afirmar que os direitos
sexuais e os direitos reprodutivos (DSDR) são uma geração recente dos direitos humanos e,
no Brasil, é um campo de reflexão relativamente novo. No entanto a enorme distância entre a
elaboração dos direitos humanos e sua efetivação, por meio de políticas públicas, exige um
esforço coletivo e transdisciplinar para que tais direitos beneficiem a quem de direito.
O termo direitos reprodutivos veio a público no I Encontro Internacional de Saúde da
Mulher, realizado em Amsterdã, Holanda, em 1984. Houve uma concordância plena de que
essa qualificação traduzia um conceito mais completo e adequado do que “saúde da mulher”
para a ampla pauta de autodeterminação reprodutiva das mulheres (DOS SANTOS;
CANCIANI; DA SILVA, 2015).
A parteira Ana Cristina Duarte3 descreve atos que podem ser considerados violência
obstétrica:
Impedir que a mulher seja acompanhada por alguém de sua preferência
familiar ou do seu círculo social;
Tratar uma mulher em trabalho de parto de forma agressiva, zombeteira ou
qualquer forma que a faça se sentir mal pelo tratamento recebido, incluindo tratá-la de forma
inferior, dando-lhe comandos e nomes infantilizados e diminutivos;
2 Violência contra a mulher é definida enquanto qualquer ato ou conduta baseada em ser mulher e causa dano ou
sofrimento físico, psicológico ou sexual, podendo levar até à morte, independente de ser em ambientes públicos
ou privados (ANDRADE; AGGIO, 2014). 3 Disponível em: <http://www.maternidadeativa.com.br/anacris.html>. Acesso em: 24 fev 2016.
26
Submeter a mulher a procedimentos dolorosos desnecessários ou humilhantes,
como lavagem intestinal, raspagem de pelos pubianos, posição ginecológica com pernas
abertas;
Impedir a mulher de se comunicar com o “mundo exterior”, tirando-lhe a
liberdade de usar o celular, caminhar até a sala de espera, etc.:
Fazer graça ou recriminar por qualquer característica ou ato físico como
obesidade, pelos, estrias, evacuações e outros, assim como por comportamentos como: gritar,
chorar, ter medo, vergonha, etc.;
Fazer qualquer procedimento sem explicar antes o que é, porque está sendo
oferecido e, acima de tudo, sem pedir permissão;
Submeter a mulher a mais de um exame de toque (ainda assim quando
estritamente necessário), especialmente por mais de um profissional e sem o seu
consentimento, mesmo que para ensino e treinamento de alunos;
Cortar a vagina (episiotomia) da mulher quando não há necessidade; dar um
ponto final da vagina de forma a deixá-la menor e mais apertada, supostamente para aumentar
o prazer do cônjuge;
Subir na barriga da mulher para expulsar o feto (manobra de Kristeller);
Submeter a mulher e/ou o bebê a procedimentos exclusivamente para treinar
estudantes e residentes ou permitir a entrada de pessoas estranhas ao atendimento para “ver o
parto”, principalmente sem o consentimento prévio da mulher e de seu acompanhante com a
chance clara e justa de dizer não;
Fazer uma mulher acreditar que precisa de uma cesariana quando ela não
precisa, utilizando riscos imaginários ou hipotéticos não comprovados;
Dar bronca, ameaçar, chantagear ou cometer assédio moral contra qualquer
mulher ou casal por qualquer decisão que tenha tomado, quando essa decisão for contra as
crenças, a fé ou os valores morais de qualquer pessoa da equipe;
Submeter bebês saudáveis à aspiração de rotina, injeções e procedimentos na
primeira hora de vida, antes que tenham sido colocados em contato pele a pele e de terem tido
a chance de mamar.
27
Figura 2: Enfermeira faz manobra de Kristeller na parturiente.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/na-hora-de-fazer-nao-gritou
A violência obstétrica é, portanto, física, emocional e também simbólica, pois a
informação que chega às parturientes é carregada de simbolismos e valores que as conduzem
a uma condição de medo e desempoderamento (BUSANELLO et al., 2011).
A violência institucional também é determinada pela “crise de confiança” na área de
saúde, entendida como uma crise ética mais global de fragilidade dos vínculos de confiança
nas relações entre profissionais de saúde e pacientes, com a despersonalização do cuidado e o
predomínio do uso de tecnologia como forma de integração, exacerbando a transformação do
paciente em objeto de intervenção (FRANCO; RACY; SIMONETTI, 2015).
As “Boas Práticas” para a condução do parto normal
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) têm apoiado
práticas de cuidado ao parto e ao nascimento que garantam uma atenção materno-infantil
qualificada, humanizada e segura (OMS, 2013).
Em 1996, a OMS publicou o informe Maternidade Segura que recomenda o uso de
boas práticas na assistência obstétrica, classificando as recomendações em quatro categorias:
a. Práticas comprovadamente benéficas e que devem ser estimuladas;
b. Práticas claramente prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas;
28
c. Práticas em relação às quais não existem evidências suficientes para apoiar uma
recomendação clara e que devem ser utilizadas com cautela, até que mais pesquisas
esclareçam a questão;
d. Práticas frequentemente utilizadas de modo inadequado.
A OMS instituiu o Programa Nacional de Pré-natal e Nascimento (PHPN) por meio da
Portaria GM nº 569, de 1º de junho de 2000, que tem como objetivo primordial assegurar a
melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência
ao parto, ao puerpério e ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos de cidadania
(SERRUYA, 2003).
Após a criação do PHPN foram elaboradas outras legislações, cujo objetivo é garantir
a humanização e qualificação do cuidado obstétrico e neonatal, ressaltando-se a Lei 11.108,
de 07 de abril de 2005, que garante às parturientes o direito à acompanhante durante o
trabalho de parto, parto e puerpério imediato no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)
(OLIVEIRA et al., 2014).
Práticas benéficas e que devem ser estimuladas
Plano individual determinando onde e por quem o parto será realizado, feito
em conjunto com a mulher durante a gestação e comunicado a seu marido/companheiro e, se
aplicável, a sua família.
Avaliação do risco gestacional durante o pré-natal reavaliado a cada contato
com o sistema da saúde e no momento do primeiro contato com o prestador de serviços
durante o trabalho de parto e parto.
Monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher ao longo do trabalho de
parto e parto, assim como ao término do processo do nascimento.
Oferecer líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto.
Respeitar a escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido
informações.
Fornecimento da assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for
viável e seguro e onde a mulher se sinta segura e confiante.
Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto.
29
Apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e
parto.
Respeito à escolha da mulher quanto ao acompanhante durante o trabalho de
parto e parto.
Fornecer às mulheres todas as informações e explicações que desejarem.
Métodos não invasivos e não farmacológicos para alívio da dor, como
massagem e técnica de relaxamento, durante o trabalho de parto.
Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente.
Uso de materiais descartáveis apenas uma vez e descontaminação adequada de
materiais reutilizáveis durante o trabalho de parto e parto.
Usar luvas no exame vaginal, durante o nascimento do bebê e na dequitação da
placenta.
Liberdade de posição e movimento durante o trabalho de parto.
Estímulo a posições não supinas (deitadas) durante o trabalho de parto e parto.
Monitoramento cuidadoso do progresso do trabalho de parto (uso de
partograma da OMS).
Utilizar ocitocina profilática na terceira fase do trabalho de parto (dequitação
placentária) em mulheres com um risco de hemorragia pós-parto, ou que correm perigo em
consequência de uma perda de sangue.
Condições estéreis ao cortar o cordão.
Prevenir hipotermia do bebê.
Contato cutâneo direto, precoce entre mãe e filho e apoio ao início da
amamentação na primeira hora do pós-parto, conforme diretrizes da OMS sobre o aleitamento
materno.
Examinar rotineiramente a placenta e as membranas ovulares.
Práticas prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas
Uso rotineiro de enema (lavagem intestinal).
Uso rotineiro de tricotomia (raspagem dos pelos).
Infusão venosa rotineira em trabalho de parto.
Cateterização venosa periférica de rotina.
Uso rotineiro da posição supina (deitada) durante o trabalho de parto.
Exame retal.
30
Uso de pelvimetria por raios-X.
Administração de ocitócitos (medicação que aumenta a contratilidade uterina)
em qualquer momento antes do parto de modo que não permita controlar seus efeitos.
Uso rotineiro da posição de litotômica.
Esforços de puxo prolongados e dirigidos durante o segundo estágio do
trabalho de parto.
Massagens e distensão do períneo durante o segundo estágio do trabalho de
parto.
Uso de comprimidos orais de ergometrina na dequitação para prevenir ou
controlar hemorragias.
Uso rotineiro de ergometrina por via parenteral (intravenoso) no terceiro
estágio do trabalho de parto (dequitação placentária).
Lavagem rotineira do útero depois do parto.
Revisão rotineira (exploração manual) do útero depois do parto.
2.4. REFLEXÕES SOBRE O EVENTO ‘PARTO’ NA ATUALIDADADE
O parto pode ser discutido através da perspectiva de um evento necessário para o
nascimento e como o ponto de partida para uma vida em conjunto com o bebê, contudo não se
reduz a esses elementos individuais (FARIAS, 2014).
Pulhez (2013) reflete sobre o parto como um momento chave na vivência da
maternidade, sobretudo nesse momento também são manejadas questões que ultrapassam o
íntimo e atingem questões de saúde pública, especialmente a saúde da mulher, direitos sexuais
e reprodutivos, no que cerne à igualdade e liberdade na esfera reprodutiva e sexual.
Obviamente, o parto é um momento único e inesquecível na vida da mulher, quando o
cuidado prestado pelos profissionais de saúde deveria ser singular e pautado no protagonismo
da mulher, tornando-o mais natural e humano possível. Portanto, respeitar a autonomia, a
individualidade e a privacidade são condições imprescindíveis para que ocorra o parto
humanizado (GARCIA, 2015).
Diferente de outros acontecimentos que necessitam de cuidados hospitalares, o
processo de parturição é fisiológico, normal, necessitando, na maioria das vezes, apenas de
31
apoio, acolhimento, atenção e, o mais importante, humanização (FONEITE; FEU; MERLO,
2012).
A humanização da assistência ao parto vem ao encontro dos desejos das mulheres de
que a vivência do parto aconteça conforme suas perspectivas (DIAS; DOMINGUES, 2005).
A violência caracteriza-se como um grave fenômeno social que está em franca
expansão em todas as suas formas e, de modo especial, contra a mulher ao longo da história e,
nos dias atuais, ganhou caráter endêmico, fazendo-se cotidianamente presente em
comunidades e países de todo o mundo, sem discriminação social, racial, etária ou religiosa
(FONEITE; FEU; MERLO, 2012).
O conceito internacional de violência obstétrica define qualquer ato ou intervenção
direcionada à mulher grávida, parturiente, puérpera (que deu à luz recentemente) ou ao seu
bebê, praticado sem o consentimento explícito e informado da mulher e/ou em desrespeito a
sua autonomia, integridade física e mental, aos seus sentimentos, opções e preferências
(BISCEGLI, et al., 2015).
Entende-se por violência obstétrica qualquer ato exercido por profissionais da saúde
no que cerne ao corpo e aos processos reprodutivos das mulheres, exprimindo, através de uma
atenção desumanizada, abuso de ações intervencionistas, medicalização e transformação
patológica dos processos de parturição fisiológicos (JUAREZ et al; 2012).
Embora no Brasil o crime não seja tipificado, o Ministério Público instaurou
inquéritos públicos que investigam as práticas nos hospitais e maternidades de São Paulo.
“Ninguém vai ser criminalizado por isso, mas pode haver uma indenização. Nossa intenção
nem é processar ninguém, mas sensibilizar de que tem que ser o mais humano possível”,
afirmou Ana Paula Meirelles, coordenadora do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa
dos Direitos da Mulher, da Defensoria Pública do Estado de São Paulo4.
A violência obstétrica pode acontecer durante a gestação, no momento do parto -
incluindo trabalho de parto, o parto em si e o pós-parto - e no atendimento de complicações
causadas por abortamento. Alguns exemplos são: comentários constrangedores ou
preconceituosos, negligência no atendimento, cesárea agendada sem recomendação por
evidências científicas, aplicação de soro com ocitocina sintética sem o conhecimento da mãe,
sucessivos exames de toque no momento do parto, exigir posição ginecológica, impedir ou
4 Disponível em: http://www.bolsademulher.com/bebe/gravida/materia/violencia-obstetrica-saiba-o-que-e-e-
como-denunciar.
32
retardar contato da mãe com o bebê, introduzir leite artificial ou chupeta sem autorização, e
muitos outros5.
A assistência ao parto e nascimento no Brasil apresenta aspectos bastante próprios. O
modelo tecnocrático hegemônico é responsável por resultados maternos e perinatais piores
que os encontrados em outros países com igual ou mesmo menores índices de
desenvolvimento socioeconômico (FONEITE; FEU; MERLO, 2012).
O Brasil possui o maior índice de cesarianas do planeta. Segundo a pesquisa “Nascer
no Brasil: Inquérito Nacional sobre parto e nascimento” (2014), coordenada pela Fundação
Oswaldo Cruz, a cirurgia cesariana é realizada em 52% dos nascimentos, já em relação ao
setor privado, as cesarianas correspondem a um total de 88%. Entretanto apenas 5%
realizaram partos normais sem intervenção e a pesquisa ainda mostra como no parto normal
ainda predomina um modelo extremamente medicalizado, com intervenções excessivas,
procedimentos de rotina desaconselhados pela OMS, provocando dor e sofrimento
desnecessários.
Os dados oficiais revelam que as taxas de cesariana nos serviços privados são
superiores a 80%, número sem correspondente em qualquer outro lugar do planeta. As taxas
de mortalidade materna ainda são desproporcionalmente elevadas, considerando-se que nas
últimas décadas houve melhoria de inúmeros indicadores de saúde das mulheres (DIAS,
2011).
No Brasil, ao longo das últimas décadas, o movimento das mulheres, organizações não
governamentais, profissionais de diferentes áreas e também formuladores de políticas públicas
de saúde têm se articulado em um movimento que tem entre outros objetivos devolver às
mulheres o protagonismo no momento do parto e nascimento (BISCEGLI, et al., 2015).
A autonomia e a apropriação da prática dos enfermeiros obstetras são
legitimadas e faz valer o direito como enfermeiro obstetra, entretanto, a
autonomia da assistência ao parto está limitada por seu desconhecimento
sobre o respaldo legal para atuar nesta área do cuidado, por conta do
impedimento e preconceito do exercício profissional proveniente de
instituições de saúde e da equipe médica por meio de violência verbal e de
suas derivações, gerando implicações negativas para a qualidade da atenção
e sua prática (BRASIL, 2014).
5 Disponível em: http://www.bolsademulher.com/bebe/atriz-vitima-de-violencia-obstetrica-relata-momentos-do-
parto-entenda-o-caso.
33
A humanização da assistência ao parto e nascimento exige uma percepção de que a
qualidade da assistência depende exatamente do resgate do protagonismo da gestante e do
profissional de saúde como coadjuvante no processo (FARIAS, 2014).
Assim, por se tratar de um momento ímpar onde a mulher sente-se responsável não só
por si, mas também por seu filho, a gravidez muitas vezes leva as mulheres a sentirem-se
frágeis e inseguras. Nesse sentido, o enfermeiro deve atuar como agente empoderador dessa
mulher (BISCEGLI, et al., 2015).
Ainda sobre a importância do enfermeiro no cenário obstétrico para a humanização do
parto e combate à violência obstétrica, destaca-se que o enfermeiro também tem competência
para a assistência ao parto, sendo, portanto, essa mais uma estratégia importante para reaver o
protagonismo da gestante (DIAS, 2011)
III CAPÍTULO – METÓDOS
3.1. TIPO DE PESQUISA
A presente investigação constituiu-se como uma pesquisa qualitativa, descritiva.
De acordo com Polit, Beck e Hungler (2011), para o alcance dos objetivos propostos o
estudo adotou uma abordagem qualitativa descritiva, que consistiu em descrever a assistência
prestada às mulheres durante o trabalho de parto e parto em Hospital Público de Belém com
base no Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN).
A opção por utilizarmos a pesquisa qualitativa foi considerada a partir do delineamento
para obtenção do produto final deste estudo, que é protótipo de uma cartilha (tecnologia
educacional) contendo orientações para um parto humanizado, visto que as informações
fornecidas pelas participantes, parte fundamental do processo de investigação, possibilitou
alcançar a compreensão dos objetivos propostos.
Conforme descreve Minayo (2010, p.57) o método qualitativo pode ser definido como:
“...o que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das
percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de
como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam”.
34
Esse tipo de pesquisa possibilita ainda um vínculo entre o pesquisador e o
entrevistado, surgindo assim um laço de confiança entre eles.
3.2. PRODUÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
A entrevista semi-estruturada mostrou-se adequada a esta pesquisa, servindo como
eixo orientador ao desenvolvimento dela. Entendemos como entrevista semi-estruturada
aquela que combina perguntas abertas e fechadas, possibilitando ao entrevistado discorrer
sobre o tema sugerido sem que o entrevistador fixe a priori determinadas respostas ou
condições.
As entrevistas foram realizadas após contato prévio com as gestantes no ato da
admissão, ocasião em que foram expostos os objetivos, procedimentos e o caráter sigiloso da
pesquisa. Ficando acordado, entre a entrevistadora e as entrevistadas, após a minha visita
enquanto enfermeira assistencial, o melhor horário disponível. As entrevistas foram
desenvolvidas em local privativo, na sala de acolhimento da maternidade, localizada na
entrada do setor de maternidade ao lado do posto de enfermagem, por ser uma sala
climatizada, próxima ao ALCON – Alojamento Conjunto e de fácil deslocamento para as
puérperas. Ficou a critério das entrevistadas a presença ou não de seus acompanhantes.
As principais vantagens das entrevistas semiestruturadas são: possibilidade de acesso à
informação além do que se listou; esclarecer aspectos da entrevista; geração de ponto de vista,
orientações e hipóteses para o aprofundamento da investigação e definir novas estratégias e
outros instrumentos (TOMAR, 2007).
Manzini (2013) afirma que esse tipo de entrevista está focalizado em um assunto sobre
o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras
questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista.
Com as 20 puérperas foram realizadas as entrevistas semi-estruturadas,
individualizadas, realizadas por meio de um instrumento interativo elaborado com perguntas
abertas e fechadas (APENDICE B) para contemplar o objetivo do estudo sem perder o foco e,
ao mesmo tempo, permitir uma flexibilidade durante a produção dos dados.
35
As entrevistas só ocorreram após a autorização da Direção do HRAS para que a pesquisa
fosse desenvolvida na maternidade do hospital, bem como após a aprovação no Comitê de
Ética da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, com aplicação do TCLE (APÊNDICE
A).
Para observação dessa categoria foi utilizada a análise de conteúdo temático que,
segundo Bardin (2011), é um conjunto de técnicas de análises de comunicações, visando obter
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens e indicadores
- quantitativos ou não - que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção dessas mensagens.
Enquanto esforço de interpretação, a análise de conteúdo oscila entre os dois polos: do
rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade. Absorve e ampara o investigador por
esta atração pelo escondido, o latente, o não aparente, o potencial de inédito - do não dito -
retido por qualquer mensagem (BARDIN, 2011).
A análise de conteúdo possui três polos cronológicos que são: a pré-análise, a
exploração do material e o tratamento do material. Para o desenvolvimento do corpo de
análise utilizamos os três polos cronológicos propostos por Bardin (2011).
O primeiro momento correspondeu à fase de organização dos dados propriamente dita.
A pré-análise corresponde a um período de intuições, mas tem por objetivo tornar
operacionais e sistematizar as ideias iniciais, de maneira a conduzir a um esquema preciso do
desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise.
A atividade inicial, chamada de leitura “flutuante”, consistiu em estabelecer contato
com os documentos a serem analisados e em conhecer o texto deixando-se invadir por
impressões e orientações. Estando o universo demarcado, foi necessário proceder à
constituição do corpus, que é o conjunto de documentos para ser submetido a procedimentos
analíticos, o que implica em atender as principais regras, como as da exaustividade,
representatividade, homogeneidade e pertinência.
No segundo momento, realizamos a exploração do material, no qual se constituíram
conjuntos diferenciados de informações e significações através de Unidades de Registro. As
unidades de registro foram construídas a partir do critério semântico, ou seja, categorias
temáticas dos recortes das falas das puérperas, possibilitando a elaboração e a construção da
categorização (BARDIN, 2011).
No terceiro momento, o tratamento dos resultados, que corresponde à inferência e à
interpretação, caracterizou-se pela fase da reflexão, da intuição, com embasamento dos
36
materiais empíricos. Procedemos a leitura e releitura de cada grupo, a classificação por temas
e a construção das categorias.
37
Por último, realizamos o confronto das categorias sob orientação dos referenciais teóricos que evidenciam a “qualidade nos serviços de
saúde” demarcados pela referencialidade dos teóricos da Qualidade no marco conceitual de Avedis Donabedian (1992 e 2000). Seguindo as
etapas de desenvolvimento definidas nesse percurso analítico, emergiram as unidades de registro para cada uma das questões abertas (Apêndice
D).
3.3. CARACTERIZAÇÃO DAS PARTICIPANTES DO ESTUDO
Esta pesquisa contou com a participação de 20 puérperas, maiores de 18 anos, independentemente do número de gestações, que se
encontravam no puerpério imediato6 de parto normal ou cesárea, atendidas na maternidade do HRAS, no período de novembro e dezembro de
2015.
Tabela 1: Perfil Socioeconômico das puérperas participantes da pesquisa. Belém/PA.
ID Entrevistada (Pseudônimo) Idade Escolaridade Estado Civil Ocupação Raça Renda
Mensal
E1 TULIPA 24 Fundamental Incompleto Casada Do Lar Parda 1 SM
E2 ROSA 24 Médio Incompleto Solteira Do Lar Parda < 1 SM
E3 GIRASSOL 34 Médio Completo Casada Costureira Branca 3 SM
E4 ORQUÍDEA 18 Médio Incompleto Solteira Estudante Parda 1 SM
E5 CICLAME 43 Fundamental Incompleto Solteira Serviços Gerais Parda < 1 SM
E6 LÍRIO 18 Fundamental Incompleto Solteira Garçonete Negra 2 SM
E7 DÁLIAS 20 Fundamental Incompleto Solteira Do Lar Parda 2 SM
6 Puerpério imediato – inicia logo após a saída da placenta e dura aproximadamente duas horas. Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO – Disponível em:
http://www.portaleducacao.com.br/enfermagem/artigos/37399/o-que-e#ixzz41U1zXmKW. Acesso em: 12 jan. 2016.
38
E8 ACÁCIA 35 Superior Incompleto Solteira Esteticista Parda 4 SM
E9 AÇUCENA 35 Médio Completo Solteira Autônoma Parda 7 SM
E10 ALFAZEMA 30 Médio Completo União Estável Técnica de Enfermagem Branca 4 SM
E11 BEGÔNIA 19 Médio Completo Solteira Estudante Parda 1 SM
E12 CAMÉLIA 37 Médio Completo Casada Autônoma Negra 1 SM
E13 COPO-DE-LEITE 26 Fundamental Incompleto Solteira Do Lar Parda 1 SM
E14 CRISÂNTEMO 23 Médio Completo Solteira Do Lar Parda < 1 SM
E15 DÁLIA 19 Médio Incompleto Solteira Do Lar Parda 2 SM
E16 GARDÊNIA 18 Médio Incompleto Solteira Do Lar Parda 2 SM
E17 HORTÊNSIA 30 Médio Completo Casada Técnica de Enfermagem Parda 3 SM
E18 ÍRIS 20 Fundamental Incompleto Solteira Do Lar Parda 1 SM
E19 MARGARIDA 26 Fundamental Incompleto Solteira Do Lar Parda 1 SM
E20 VIOLETA 20 Fundamental Incompleto Solteira Do Lar Parda 1 SM
Fonte: Dados resultantes da pesquisa. Belém/PA. 2015.
39
3.3.1. Critério de Inclusão
Puérperas, maiores de 18 anos, independentemente do número de gestações, que se
encontravam no puerpério imediato de parto normal ou cesariano, atendido na maternidade do
HRAS, no período de novembro e dezembro de 2015, que aceitaram, voluntariamente,
participar da pesquisa e que leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) (APÊNDICE A), conforme Resolução nº 466/2012-CNS.
3.3.2. Critérios de Exclusão
Apontaram-se as puérperas portadoras de deficiências: auditivas, visual e cognitiva; ou
desorientadas quanto ao tempo e espaço ou que no momento apresentavam complicações
obstétricas ou clínicas que impossibilitassem a entrevista e/ou o preenchimento do
instrumento da pesquisa.
3.4. CENÁRIO DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada no Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS) que é um
Hospital Público, referência em parto de baixo risco, credenciado pelo Sistema Único de
Saúde (SUS). Em janeiro de 2013, foi desativada sua sede, localizada no bairro da Agulha, no
Distrito de Icoarací, em Belém (PA), passando a funcionar no seguinte endereço: TV.
Itaboraí, 110 – Icoarací, Belém/PA.
Neste cenário, encontra-se uma maternidade credenciada à Rede Cegonha, de
referência em atendimento de obstetrícia (alojamento conjunto), dividida em três enfermarias
de quatro leitos, uma sala para parto normal, uma sala de pré-parto, parto e puerpério, duas
salas para realização de parto cirúrgico e outra para curetagem uterina e aspiração manual
intrauterina (AMIU).
40
Figura 3: Frente do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos, em Icoaraci.
Fonte: http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=94194
O hospital conta ainda com ambulatório nas especialidades de cardiologia,
dermatologia, cirurgia geral, cirurgia pediátrica, cirurgia vascular, pneumologia, ortopedia,
traumatologia, mastologia, geriatria, nutrição, enfermagem, serviço social e psicologia, além
dos serviços de clínica médica e pediátrica, eletrocardiograma, cateterismo vesical e gástrico,
pequenas cirurgias e ultrassonografia. O hospital também desempenha papel fundamental na
articulação de todas as unidades de saúde próximas, principalmente em relação ao
atendimento de saúde básica nos postos municipais.
Segundo a direção, atualmente em instalação provisória, no Hospital Abelardo Santos
são realizados cerca de sete mil atendimentos ambulatoriais e de urgência e emergência ao
mês. A urgência e emergência realizam atendimento em clínica médica e pediátrica (com
auxílio de exames laboratoriais, raio-x, ultrassonografia e ECG). São ofertados nove leitos
adultos (três para graves, seis para internação e cinco poltronas para observação) e na
pediatria são ofertados seis leitos para internamento, sendo um para graves e cinco poltronas
para observação. Na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) Neonatal dispomos de dez leitos.
Na maternidade possuímos doze leitos (para parto normal e∕ou parto cesariano, curetagem
uterina e para AMIU) e dez poltronas para observação.
41
O Hospital, em parceria com a Fundação Hemopa, dispõe também do serviço de
Coleta de sangue de Cordão Umbilical - BSCUP, tornando o HRAS o segundo hospital do
Estado do Pará a possuir esse tipo de serviço. E, em parceria com o Serviço de Registro Civil
do Cartório Gilvaldo Araújo, foi implantada a emissão de Certidão de Nascimento que
permite a adesão gratuita do Registro de Nascimento da criança nascida no hospital.
O quadro de profissionais que atuam no setor de maternidade na referida instituição é
composto de: médicos obstetras (11); neonatologistas (10) que atuam na Unidade de Cuidados
Intermediários (UCI) e prestam assistência na sala de parto e Alojamento Conjunto
(ALCON); fonoaudióloga (01); assistentes sociais (05) e fisioterapeuta (01).
Destaca-se a composição da equipe de enfermagem, a qual tem participação implícita
neste trabalho, cuja configuração é a seguinte: uma coordenadora da equipe de enfermagem,
oito enfermeiras obstétricas e vinte e cinco técnicos de enfermagem. Contamos também com a
residência de enfermagem em obstetrícia (em convênio da Universidade Federal do Pará).
Conforme informação do comitê hospitalar de prevenção da mortalidade materna e
neonatal do referido hospital, foi realizado na maternidade, durante o ano de 2015, um total de
1.405 partos (925 normais e 480 cesarianos), em média 117 partos∕mês.
3.5. RISCOS E BENEFÍCIOS
Riscos
Com a finalidade de reduzir os riscos apresentados, esta pesquisa disponibilizou o
devido encaminhamento para serviço jurídico e/ou psicológico, caso fosse necessário,
mediante o consentimento da direção do hospital. Com a finalidade de resguardar as
participantes do risco da perda do anonimato e perda da privacidade, as entrevistas foram
realizadas em local reservado e sem a presença de terceiros (exceto os acompanhantes das
puérperas), e foram utilizados nomes fictícios como codinomes para as depoentes, evitando,
assim, sua exposição.
Benefícios
Informar as puérperas sobre os direitos reprodutivos para que elas busquem os meios de
tornar a prática do parto natural o mais usual, traduzindo-o como um processo fisiológico, por
42
meio do qual as parturientes se preparam para deixar que todo o processo da parturição ocorra
de forma natural, sem intervenções e medicamentos, reduzindo os riscos tanto para a saúde da
mãe como do bebê.
Produzir uma cartilha educativa para as puérperas com enfoque na humanização do
parto.
3.6. ASPECTOS ÉTICOS
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Fundação Santa Casa de
Misericórdia do Pará (FSCMPA), sob protocolo nº 1.335.090 e todos os procedimentos
relativos à produção de dados somente foram iniciados com a autorização da direção do
Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS).
Para atender a Resolução nº 466∕2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), a
participação das puérperas foi consentida mediante assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (APÊNDICE A), por meio do qual puderam conhecer detalhadamente os
objetivos, procedimentos metodológicos e todos os aspectos relevantes que envolveram a
proteção das participantes da pesquisa e, com o propósito de garantir a preservação da
identidade das entrevistadas, foi adotado um pseudônimo (APÊNDICE E).
A privacidade e a garantia de total anonimato representaram elementos básicos da
interação metodológica, a fim de se obter a confiança e a receptividade de todas as
entrevistadas, deixando-as à vontade para que pudessem falar sem receios sobre as vivências
no período do pré-parto, parto e puerpério.
IV CAPÍTULO - ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Esta pesquisa foi dividida em três momentos para efetivação da análise: perfil
socioeconômico das puérperas, histórico obstétrico das puérperas e conhecimento das
puérperas sobre os direitos reprodutivos. Quanto à caracterização das participantes da
pesquisa foram observadas as variáveis: faixa etária, escolaridade, estado civil, ocupação, raça
e renda mensal, além do histórico obstétrico e local do parto, conforme tabela 1 (pag. 34).
43
Ao analisar o delineamento de pesquisa na amostra estudada, identificou-se que a
faixa etária predominante entre as entrevistadas foi de 18 a 25 anos de idade, o que representa
cerca de 45% das puérperas, totalizando 11 mulheres. A idade média das puérperas é 25,95
anos.
A idade mínima das participantes foi 18 anos e a idade máxima 43 anos. Verifica-se
que 50% das entrevistadas possuem idade inferior a 24 anos. Ou seja, metade das puérperas é
predominantemente jovem, estando na faixa etária entre 20 e 29 anos, sendo, portanto,
consideradas pertencentes ao grupo de menor risco obstétrico. As puérperas com idade entre
42 e 49 anos representam a menor parcela da amostra, apenas 5%.
Dados de um estudo realizado em São Paulo, com o objetivo de caracterizar puérperas
e recém-nascidos, revelaram semelhanças com a presente pesquisa, na qual se demonstrou
que 52% das mulheres entrevistadas tinham entre 20 e 29 anos (LEITE et al., 2013).
Segundo Lettiere, Nakano e Bittar (2012), o perfil sociodemográfico tem sido
estudado como fator associado à violência obstétrica. Dentre as características correlacionadas
à incidência desse tipo de violência destacam-se a etnia, o baixo nível socioeconômico, ser
jovem e o baixo nível de suporte social, como o baixo nível de escolaridade.
Verificou-se que 40% das puérperas possuem ensino fundamental incompleto (8
entrevistadas) e apenas 5% das entrevistadas possuem ensino superior incompleto, o que
corresponde a apenas uma entrevistada. Observa-se que 75% das puérperas entrevistadas são
solteiras e 50% declararam ter como principal ocupação a atividade do lar. Esses dados são
discordantes aos encontrados em uma pesquisa realizada com gestantes inscritas no pré-natal
de uma unidade municipal de saúde de Fortaleza/Ceará em que verificaram que apenas 25%
da amostra era de mulheres solteiras enquanto a maioria (55%) manifestou ter uma união
estável (DIAS et al., 2015).
Constata-se que 40% declarou ter renda de um salário mínimo (SM) e 75% recebe até
2 salários mínimo por mês. De acordo com Dias (2015), estudos mostram que apesar da
violência obstétrica ocorrer em todas as classes sociais, está mais associada à baixa renda, por
ser mais prevalente em grupos mais empobrecidos, atendidos pelo SUS. A pobreza aliada à
baixa escolaridade e à falta de orientação de seus direitos leva, muitas vezes, as gestantes a
sofrer violência obstétrica sem nem saber do que se trata.
Nota-se neste estudo que há uma predominância das gestantes de cor parda, já que
80% das puérperas declararam ser parda. Segundo Primo et al. (2007), em relação à raça/cor,
as pesquisas mostram que o maior número de mulheres que relata ter sofrido violência
obstétrica (VO) é parda (69%).
44
A pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, divulgada
em 2010 pela Fundação Perseu Abramo, mostrou que uma em cada quatro mulheres sofre
algum tipo de violência durante o parto e a população mais acometida é a de mulheres pardas
(29%), com quatro ou cinco filhos (29%), habitantes da região nordeste (27%) e das capitais
(30%) (BRABO, 2015).
A tabela 2 mostra os antecedentes obstétricos das puérperas e nela verifica-se que o
número de gestações variou de 01 a 08 gestações (média = duas gestações). Sete (35%)
puérperas eram primigestas e primíparas. Quinze (75%) mães nunca haviam abortado. Do
total de 20 mulheres, ocorreram 49 gestações, sendo 51,61% de parto normal.
De acordo com Rodrigues et al. (2014), a maioria das gestantes em situação de
violência obstétrica são multigestas, com relatos de abortamentos anteriores e gravidezes não
planejadas, além de todas terem iniciado o pré-natal no segundo trimestre.
A prevalência de puérperas submetidas ao parto normal nesse estudo está em
concordância ao achado por outros autores que aponta que a maioria das mulheres não realiza
a cesariana (PRIMO et al., 2007). Vale enfatizar que o número de partos normais
identificados em nosso estudo supera, em muito, a taxa recomendada pela Organização
Mundial de Saúde, que é de 15% (PATAH e MALIK, 2011)
Além disso, observa-se que o número de gestações, partos e abortos, apresentados
pelas 20 puérperas participantes da pesquisa foram: 49 gestações, sendo 26 (53,06%) de parto
normal e 6 (12,24%) abortos espontâneos. Do total de 49 gestações, verifica-se que a maior
proporção (19 – 38,78%) ocorreu na faixa etária de 18 a 25 anos. Do total de 6 abortos
espontâneos, a maior quantidade (4 – 66,67%) ocorreu na faixa etária de 26 a 33 anos.
Isso reforça a necessidade e a importância da assistência pré-natal a essas mulheres,
que são jovens, primigestas e precisam de informações e esclarecimentos sobre o processo de
gestação, parto e nascimento e seus direitos reprodutivos.
Segundo Rassy (2010), é importante reforçar, ainda, a necessidade de ampliar, motivar
e capacitar os profissionais para a prática do trabalho em equipe interdisciplinar e possibilitar
45
a realização das ações para que se possa oferecer uma assistência pré-natal humanizada e de melhor qualidade nos serviços de saúde.
Tabela 2: Histórico Obstétrico das Puérperas participantes da pesquisa. Belém/PA.
Nº
Gestações
Nº Partos
Normais
Nº Partos
Cesarianos
Nº Partos
Fórceps
Nº Abortos
Espontâneos
Nº Abortos
Provocados
Questão 11
(a)
Questão 11
(b) Local do Parto
2 1 1 0 0 0 Sim Sim São Sebastião da
Boa Vista/HRAS
1 1 0 0 0 0 Sim Não HRAS
2 1 1 0 0 0 Não Sim Hospital Amazônia
/HRAS
1 1 0 0 0 0 Sim Sim HRAS
6 6 0 0 0 0 Não Sim HRAS
2 0 2 0 0 0 Não Sim 1º Santa Casa/
2º HRAS
1 1 0 0 0 0 Sim Sim HRAS
2 1 1 0 0 0 Não Sim 1º Dalmácia Possi
/2º HRAS
3 0 2 0 1 0 Não Sim 1º Gaspar Viana/
2º HRAS
1 0 1 0 0 0 Sim Sim HRAS
1 1 0 0 0 0 Não Não HRAS
2 2 0 0 0 0 Sim Sim 1º Samaritano/
2º HRAS
8 4 2 0 2 0 Não Sim HRAS
3 3 0 0 0 0 Não Sim HRAS
1 0 1 0 0 0 Sim Sim HRAS
1 1 0 0 0 0 Não Sim HRAS
3 1 1 0 1 0 Sim Sim 1º Santa Casa/
2º HRAS
4 0 3 0 1 0 Não Não 1º Ordem terceira/
2º HRAS
3 0 2 0 1 0 Não Sim 1º Hospital de Portel/
2º HRAS
2 2 0 0 0 0 Não Sim HRAS
Fonte: Dados resultantes da pesquisa. Belém/PA. 2015.
46
As informações obtidas com base nas questões abertas foram transcritas logo após a
realização das entrevistas com as mulheres e analisadas segundo o método de análise de
conteúdo temático. Após a finalização de todas as transcrições das respostas das puérperas,
elas foram analisadas e selecionadas as colocações que condizem com as perguntas realizadas.
Posteriormente foi confeccionado um quadro para cada núcleo direcionador (pergunta aberta)
e utilizado o método de Análise de Conteúdo Temático descrito por Laurence Bardin, (2011)
que é um método interpretativo de análise de dados. Por meio da identificação, análise e
descrição de padrões ou temas permite apresentar e organizar os dados de uma forma
sintética, embora rica (VANZ, 2012).
Esse tipo de análise ocorre em três etapas: a pré-análise, a exploração do material e o
tratamento dos resultados obtidos. A leitura exaustiva dos dados coletados faz com que a
sensação de caos de uma primeira leitura seja superada e comecem a ser estabelecidas as
hipóteses e os objetivos emergentes dos procedimentos exploratórios.
Ao analisar e discutir as falas apresentadas pelas puérperas, considerando as respostas
para cada questão, após a transcrição, leitura, codificação, desdobramento, agrupamento e
síntese, emergiram três categorias analíticas:
Categoria I - Experiência e vivência do trabalho de parto e parto.
Categoria II - Conhecimento das puérperas sobre seus direitos reprodutivos.
Categoria III – A violência obstétrica velada.
Ao analisarmos as respostas categóricas dessa fase, verifica-se que, quando
questionadas se queriam engravidar, 60% (12) das puérperas declararam que não. Sobre o
apoio familiar, 85% (17) afirmou que durante a gestação recebeu apoio da família e 65% (13)
declarou não ter apresentado problemas durante o pré-natal. Para Santos et al. (2013), alguns
fatores como condições socioeconômicas precárias, presença de situações de violência
familiar e dificuldades de acesso aos serviços de saúde, bem como a má qualidade desses
serviços têm impacto nas elevadas taxas de mortalidade materna ligadas ao abortamento.
Quando indagadas sobre a lei do acompanhante, apenas 8 puérperas (40%) afirmaram
conhecer a lei. Todas as mulheres têm direito a receber informações sobre o seu estado de
saúde e sobre os procedimentos indicados, em linguagem clara, de modo respeitoso e
compreensível. A presença do acompanhante de livre escolha da parturiente favorece
sentimentos de segurança e conforto, além de ser um direito garantido pela lei federal 11.108
(BRASIL, 2005).
47
No Brasil, é comum os serviços alegarem desconhecer a lei e assim impedirem que a
mulher exerça seu direito. Uma questão que dificulta a aplicação da Lei 11.108 de 2005 pode
ser a falta de previsão de punição diante do descumprimento da referida Lei. Há casos de
mulheres que relatam o receio de buscar esses dispositivos com medo de desagradar às
equipes e sofrer retaliações durante seu atendimento. A vulnerabilidade da mulher na
assistência à saúde é evidente, sendo necessárias ações efetivas para sua proteção.
Com o intuito de identificar o tipo de assistência recebida durante a internação na
perspectiva das puérperas, procuramos buscar, junto às pesquisadas, como ocorreu o
atendimento e se tiveram algum tipo de problema durante esse período. Nota-se que a maioria
das puérperas declarou ter recebido um ótimo atendimento (12 – 60%), no geral a avaliação
foi 100% positiva. De acordo com Dias et al. (2015), existem algumas formas de violência
obstétrica muito claras que deixam marcas físicas e psicológicas nas mulheres como, por
exemplo, negligenciar o atendimento de qualidade. Segundo Rios et al. (2007), a realização de
ações educativas no decorrer de todas as etapas do ciclo grávido-puerperal é importante, mas
é no pré-natal que a mulher deverá ser melhor orientada para que possa viver o parto de forma
saudável, ter menos riscos de complicações no puerpério e mais sucesso na amamentação.
Para Assumpção et al. (2014), desde o pré-natal, a mulher precisa ter apoio de
profissionais e serviços de saúde capacitados que, acima de tudo, estejam comprometidos com
a fisiologia do nascimento e respeitem a gestação, o parto e a amamentação como processos
sociais e fisiológicos.
Os dados desta pesquisa estão em concordância com o que ficou evidente na Pesquisa
Nascer no Brasil, coordenada pela Fiocruz em parceria com a Agência Nacional de Saúde
Suplementar e instituições públicas de ensino superior, realizada em todo país, que revelou
que a lei do acompanhante – obrigatória para hospitais públicos e privados – não é respeitada,
além de muitas mulheres sequer a conhecerem. O estudo mostrou que 64% das mulheres
entrevistadas não tiveram acompanhante e sequer sabiam do direito.
Segundo a Dra. Maria Esther Vilela, coordenadora geral de Saúde da Mulher, do
Ministério da Saúde, a asfixia neonatal é a principal causa de morte neonatal e está
diretamente relacionada à qualidade de assistência ao parto.
Já a presença de doula, fisioterapeuta, obstetriz ou outro profissional sem vínculo com
o hospital ainda não é frequente, mas, utilizando técnicas de alívio da dor, esses profissionais
poderiam reduzir a chance de cesárea, tornar o trabalho de parto mais curto, diminuir a
utilização de ocitocina sintética, reduzir a necessidade de anestesia e de uso do fórceps. Além
48
disso, é indicado também o uso de objetos pessoais familiares como camisola, músicas,
essências e aromas, pois relaxam mais durante o parto (DUARTE; AMORIM, 2013).
Segundo Oliveira et al. (2010), apesar do parto se constituir uma rotina nos hospitais e
maternidades, cada mulher deve receber um atendimento diferenciado, pois a visão sobre o
que é o parto e a maneira como ele é vivenciado é única. Portanto, o cuidado e o conforto
devem ser proporcionados visando à singularidade de cada parturiente.
Da análise dos resultados obtidos das categorias empíricas, procuramos alcançar o
objeto deste estudo, delineando as categorias temáticas que constituíram o eixo norteador da
pesquisa em consonância aos objetivos do trabalho.
Seguindo as etapas de desenvolvimento definidas nesse percurso analítico, emergiram
três categorias temáticas e duas unidades temáticas para cada categoria, conforme tabela
(APÊNDICE D) e a análise qualitativa dessas categorias está dividida a seguir:
Categoria I – Experiência e vivência do trabalho de parto e parto
Diante das particularidades da mulher no âmbito da saúde reprodutiva, é importante
que o profissional de saúde conduza sua assistência junto à gestante, de modo a prepará-la na
concretização de um puerpério saudável, tendo em vista um restabelecimento adequado tanto
no sentido anatomofisiológico, quanto no psicossocial, pois, no pós-parto, diversos
sentimentos se mesclam no cotidiano das puérperas.
Nesse período, as mulheres são passíveis de experimentar sensações de vazio,
estranheza e vulnerabilidade, podendo levá-las ao limite de suas capacidades. A
vulnerabilidade a que estão expostas torna-as mais acessíveis a receber ajuda. Visto isso, a
assistência deve englobar questões de ordem físicas, emocionais e relacionais.
O cuidado, que é a essência do trabalho do enfermeiro, há tempos vem sendo
incorporado à prática na assistência à saúde da mulher no ciclo gravídico-puerperal, porém
com diversas conotações que variam de uma abordagem tecnicista a uma visão mais
humanística (GUERREIRO et al., 2012).
Nessa categoria foram obtidas duas unidades temáticas. Na primeira unidade temática,
verifica-se que a maioria das entrevistadas (18 URs/20) declarou que o período de internação,
trabalho de parto, parto, até a sua alta foi ótimo. Algumas se mostraram, inclusive, surpresas
com o tipo de assistência recebida no hospital, conforme observado nas seguintes falas:
49
“Foi uma experiência diferente mesmo já tendo passado por essa experiência foi diferente.
Aqui precisa melhorar a estrutura, mas a assistência foi ótima.”
(E8)
“Está sendo ótimo. Nunca imaginei que fosse tão bom. Fiquei surpresa.” (E9)
“Foi tudo de bom. Ajudaram-me muito.”
(E17)
“Eu achei tudo muito bom. Fui muito bem atendida. O parto foi ótimo. Sem problemas.”
(E4)
As falas acima deixam evidente que a implementação do Programa de Humanização
do Pré-natal e Nascimento (PHPN) no Hospital Abelardo Santos está cumprindo seu papel
que é assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-
natal, da assistência ao parto e puerpério, às gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva dos
direitos de cidadania, tornando essa fase da vida da mulher cada vez mais satisfatória.
Condutas violentas como o uso de jargões pejorativos, ameaças e reprimendas contra
as pacientes no cotidiano da assistência em maternidades e negligência no manejo da dor são
consideradas comuns e até consensuais entre os profissionais que por vezes as confundem
com o exercício da autoridade em um contexto “difícil” (DIAS et al., 2015).
Diferente do que ocorreu neste estudo, onde a maioria das entrevistadas declarou ter
sido muito bem atendida, o estudo de De Aguiar; D’oliveira; Schraiber (2013) apontou que os
profissionais justificam como possíveis causas para a violência institucional um ritmo de
trabalho alienante associado à precariedade de recursos, que resulta não só no esgotamento
físico e emocional do profissional como na dificuldade de refletir sobre sua prática; a falta de
comprometimento ético na formação profissional e a impunidade.
Quase todas as nossas entrevistadas relataram já terem utilizado ou presenciado o uso
de frases como: “Na hora de fazer não chorou, está chorando agora por quê?”, “Na hora de
fazer não chamou a mamãe, agora chama, né?”, “Ah, não chora não, ano que vem você está
aqui de novo”, “Se você ficar gritando o seu neném pode nascer surdo” (DE AGUIAR;
D’OLIVEIRA; SCHRAIBER, 2013).
As recomendações conforme os resultados da Pesquisa Nascer no Brasil (2014) e da
Organização Mundial de Saúde (2014) são bem parecidas e constituem orientações para uma
mudança na assistência ao parto e nascimento no Brasil.
50
Para tal, é necessário um envolvimento de gestores, profissionais de saúde,
pesquisadores, sociedade civil e, particularmente, uma organização das mulheres, no que diz
respeito ao acesso à informação e debates sobre o parto e a violência obstétrica (DIAS et al.,
2015).
Dessa forma, o parto humanizado é tido como uma saída possível para práticas
abusivas e medicalizadas, com o mínimo de intervenções e preservando a autonomia da
mulher ao máximo (FARIAS, 2014).
A mobilização de mulheres é essencial para esse tipo de situação mudar, mas, não
apenas isso, o governo, a população e os médicos devem se unir para acabar com esse tipo de
prática.
Na segunda unidade temática apenas duas entrevistadas (2 UR’s/20) relataram ter
vivenciado uma experiência “difícil” durante sua internação, trabalho de parto, parto até sua
alta, conforme observado nas falas seguintes:
“Para mim foi muito difícil. Sofri muito, senti muita dor. Depois que romperam minha bolsa,
a criança fez cocô dentro de mim fizeram a cesárea.” (E7)
“Foi horrível. Muita dor. Não quero mais. Foi difícil.” (E16)
Categoria II - Conhecimento das puérperas sobre seus direitos reprodutivos
Nessa categoria, evidenciamos os sentimentos maternos frente ao período de gestação
das entrevistadas, desde o pré-natal.
O período de gestação, parto e o puerpério abrange fen menos fisiológicos, como
também faz parte dos momentos de vida da mulher, nos quais ocorrem as mais intensas
mudanças org nicas, corporais, psicológicas e culturais. Durante essa fase, a mulher procura o
serviço de saúde em busca de ajuda, com vistas a ter resposta aos seus anseios e
preocupaç es. Assim sendo, é necessário encontrar um ambiente acolhedor e uma assistência
técnica competente e humanizada.
A gestação é uma fase cheia de sentimentos, com intenso potencial para estimular e
motivar o surgimento de vínculos, além de provocar verdadeira transformação pessoal
(LEAL; GAMA, 2014).
51
Portanto, esse momento especial da vida de uma mulher pode proporcionar uma troca
de experiências e conhecimentos que devem ser vivenciados entre as gestantes e os
profissionais de saúde por meio de informações, orientações e conhecimentos repassados às
mulheres no pré-natal, sendo essa considerada a melhor forma para se compreender o
processo de gestar e parir (BRASIL, 2006).
No intuito de identificar os tipos de sentimentos vivenciados na fase gestacional das
entrevistadas, foi solicitado a elas que falassem sobre sua gravidez e de como se sentiram, de
forma que duas unidades temáticas emergiram dos depoimentos das puérperas participantes
dessa pesquisa.
Na primeira unidade temática (12 URs/20) fica evidente o sentimento de felicidade e
realização que a gestação proporcionou para a mulher, como pode ser observado na fala das
entrevistadas:
“Senti-me muito feliz, pois vivia junto com o pai da criança há um ano
e queria muito.” (E4)
“Foi maravilhoso. Queria muito. Fiquei muito feliz.” (E15)
“Fiquei muito feliz. Estava tentando há cinco anos.” (E12)
Nos relatos acima, percebemos a forma positiva com que essas puérperas expressaram
ter vivenciando o momento da gestação. Este tipo de sentimento é de suma importância nesse
momento, pois dessa forma a mulher já inicia o processo de parto de forma confortável e
segura.
Na visão de Donabedian (2015) um dos componentes da qualidade é a aceitabilidade,
que é a adequação dos cuidados aos desejos e expectativas dos clientes e de seus
responsáveis. O que também envolve a relação profissional/cliente, fundamentada no respeito
recíproco, na escuta, na empatia, na lealdade e na ética.
Na categoria Surpresa (8 URs/20), verifica-se que a palavra “surpresa” está presente
na maioria das falas, demonstrando que a gravidez não era desejada. Algumas das puérperas
citam o fator que as impedia de desejar a gravidez como fica evidente nas seguintes
expressões:
“Foi um choque, pois minha filha mais velha já tem 12 anos, mas
depois aceitei.” (E4)
52
“Não foi planejado. Foi uma surpresa. Tive medo da família.” (E15)
Essa temática demonstrou que, após a descoberta da gestação inesperada, as mães
apresentaram um envolvimento emocional positivo, expresso através das aç es do cuidado e
envolvimento com o filho. No entanto fica evidente que a presença do novo ser reflete no
comportamento da família. Isso leva a considerar o nascimento como fator de mudanças e
alteraç es na vivência familiar, cuja compreensão entre os membros dessa família, nesse
momento, torna-se essencial.
A violência obstétrica, por não ter uma definição precisa, por vezes é relacionada
exclusivamente à experiência do parto. Contudo é importante notar que ela abrange todos os
outros domínios da saúde sexual e reprodutiva, inclusive, o planejamento familiar (BELLI,
2013).
Categoria III - A violência obstétrica velada
A violência obstétrica se refere a qualquer ato ou intervenção direcionado à mulher
grávida, parturiente ou puérpera, ou ao seu bebê, praticado sem o consentimento explícito e
informado da mulher e/ou em desrespeito a sua autonomia, integridade física e mental, aos
seus sentimentos, opções e preferências (DE CARVALHO et al., 2014).
Na primeira temática apenas quatro entrevistadas afirmaram que a violência contra a
mulher gestante é quando ocorre algum tipo de desrespeito (4URs/20) como, por exemplo, a
demora no atendimento, não disponibilizar um lugar para sentar, como podemos observar nas
seguintes falas:
“Ás vezes é falta de respeito. Ocorre em lugares públicos, porque falta o respeito pelo ser
humano.” (E1)
“Quando a mulher gestante chega no hospital e há demora no atendimento. Falta de
comunicação, humanidade e respeito. Fico indignada.” (E2)
“No ônibus a mulher gestante fica em pé, as pessoas não dão o lugar para sentar, é falta de
respeito. Muitas mulheres podem ter normal, mas os médicos escolhem fazer cesárea. Muitas
mulheres são mal atendidas no hospital.” (E4)
53
“Ocorre falta de respeito no ônibus, no posto de saúde, pois não dão prioridade para
gestante. Acho que são pessoas que ainda não passaram por isso.” (E11)
A resposta das entrevistadas para essa categoria deixa evidente que elas desconhecem
o conceito de violência obstétrica, apesar de que a violência a qual as puérperas se referem,
não deixa de ser tão grave quanto à violência obstétrica tratada nesse estudo.
De modo geral, as parturientes também desconhecem seus direitos, o que colabora
para manter e perpetuar tais condutas abusivas, configurando a crise da confiança e da ética
no exercício das relações.
No Brasil, uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto
e a desconhece. A violência obstétrica não se limita só à violência física, mas abrange também
os maus tratos e a agressão verbal. Desde a atenção básica, porta de entrada do serviço de
saúde, se deve começar essa educação em saúde voltada à clientela para que situações do tipo
possam ser coibidas (DE CARVALHO et al., 2014).
Entende-se por violência obstétrica qualquer ato exercido por profissionais da saúde
no que cerne ao corpo e aos processos reprodutivos das mulheres, exprimido através de uma
atenção desumanizada, abuso de ações intervencionistas, medicalização e a transformação
patológica dos processos de parturição fisiológicos (GUERREIRO et al., 2012)
Visando garantir e promover o exercício dos direitos humanos sexuais e reprodutivos
(DHSR), o Ministério da Saúde apresenta diversas propostas e diretrizes que vão desde a
elaboração e distribuição de manuais técnicos e cartilhas educativas sobre reprodução e
sexualidade, até a ampliação da oferta de métodos anticoncepcionais reversíveis e
esterilização cirúrgica voluntária no SUS (Sistema Único de Saúde) (MARQUES; PEREIRA,
2011).
Portanto, valorizar a percepção da mulher no que diz respeito a sua sexualidade é
fortalecer a ideia de proteção aos direitos sexuais e reprodutivos. E esses últimos representam
uma conquista da sociedade. Sem eles não há o pleno exercício dos próprios direitos
humanos.
Na segunda temática foram registradas 16 URs/20 para a Unidade de Registro “Física
e Verbal” como sendo o principal tipo de violência cometido contra gestantes, porém algumas
entrevistadas referem-se à violência cometida pelo parceiro, como podemos observar nas
seguintes falas:
54
“Para mim violência é apanhar de homem, apanhar injustamente. Homem nenhum deveria
encostar o dedo em mulher. Tem a violência verbal também.” (E6 )
“Bater na mulher. O homem é muito machista.” (E16)
“Mulher não tem defesa, é mais frágil. Deve ter um acompanhante. Maltrato. Homem que
não deixa a mulher sair.” (E7)
Apenas uma das entrevistadas citou a lei do acompanhante no sentido de que a
gestante deve ter um acompanhante no momento do parto. As demais entrevistadas insistiram
nos termos bater e palavras ofensivas como sendo as principais violências cometidas contra
gestantes.
A lei, que está em vigor desde 2005, existe, mas ainda muitos a desconhecem ou não
têm certeza de sua validade. Por essa lei é obrigatório que os hospitais, maternidades e
assemelhados permitam a presença de um acompanhante indicado pela gestante para
acompanhá-la durante o trabalho de parto, parto e pós-parto (período por até 10 dias). Isso
vale para todos os hospitais brasileiros, seja particular ou público. É o que diz a Lei 11.108, de
abril de 2005:
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da
rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença,
junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período
de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será indicado
pela parturiente7.
O Ministério da Saúde8 lançou uma portaria para regulamentar essa lei. Define como
“pós-parto imediato” o período de 10 dias após o parto e dá cobertura para que o
acompanhante possa ter acomodação adequada e receber as principais refeições. A Portaria nº
2.418 do Ministério da Saúde, de 2 de dezembro de 2005, regulamenta, em conformidade com
o art. 1º da Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005, a presença de acompanhante para mulheres
em trabalho de parto, parto e pós-parto imediato nos hospitais públicos e conveniados com o
Sistema Único de Saúde – SUS, conforme veremos a seguir:
7 Acompanhante no parto. Todas nós temos direito! Disponível em:
http://www.partodoprincipio.com.br/#!direito-ao-acompanhante/c18ym. Acesso em: 09 mar. 2016. 8 Ministério da Saúde. Portaria nº 2.418, de 02 de dezembro de 2005. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt2418_02_12_2005.html. Acesso em: 09 mar. 2016.
55
Art. 1º Regulamentar, em conformidade com o art. 1º da Lei nº 11.108, de 7
de abril de 2005, a presença de acompanhante para mulheres em trabalho
de parto, parto e pós-parto imediato nos hospitais públicos e conveniados
com o Sistema Único de Saúde - SUS.
§ 1º Para efeito desta Portaria entende-se o pós-parto imediato como o
período que abrange 10 dias após o parto, salvo intercorrências, a critério
médico.
§ 2º Fica autorizada ao prestador de serviços a cobrança, de acordo com as
tabelas do SUS, das despesas previstas com acompanhante no trabalho de
parto, parto e pós-parto imediato, cabendo ao gestor a devida formalização
dessa autorização de cobrança na Autorização de Internação Hospitalar -
AIH.
§ 3º No valor da diária de acompanhante, estão incluídos a acomodação
adequada e o fornecimento das principais refeições.
Art. 2º Os hospitais públicos e conveniados com o SUS têm prazo de 6 (seis)
meses para tomar as providências necessárias ao atendimento do disposto
nesta Portaria.
Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Além da Lei do Acompanhante, em vigor desde 2005, existem outras duas resoluções
que asseguram a presença de uma pessoa indicada pela mulher para o parto. A Agência
Nacional de Saúde (ANS) regulamentou a RN 211 e a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) regulamentou a RDC 36/08, as quais também discorrem sobre a
permissão para um acompanhante.
É importante deixar claro que fica a critério exclusivo da parturiente (mulher grávida)
a escolha do acompanhante para o momento do parto e outras atividades relacionadas ao
período de parto. Pode ser o marido, a mãe, uma amiga, uma doula. Não importa se há
parentesco ou não e tampouco o sexo.
Após a análise de conteúdo temática das respostas fornecidas pelas puérperas, ocorreu
a sistematização das informações para a elaboração da tecnologia educacional a ser proposta
com assuntos voltados ao conceito de humanização do parto, como deve agir a equipe de
saúde, condutas que não devem ser realizadas pelos profissionais, práticas que devem ser
incentivadas durante o trabalho de parto e a lei do acompanhante.
A edição da TE, denominada pela pesquisadora de Cartilha Piloto, foi elaborada
utilizando o programa Windows 8 além dos recursos que o programa oferece no software
Power Point.
É muito importante estar ciente sobre o que significa humanização do parto para que
quem sofra algum tipo de abuso durante a gestação possa denunciar. Campanhas feitas por
ativistas e ações do Ministério Público estão ajudando a melhorar esse cenário. Em São Paulo,
o Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher lançou um projeto que distribui cartilhas
56
informando as mulheres sobre os tipos de violência contra gestantes e também sobre seus
direitos na assistência ao parto.
Diante do exposto nesta pesquisa, e com base nos dados apresentados na análise de
conteúdo, ficou evidente que muitas mulheres são desrespeitadas ou sofrem maus tratos e
violência durante o trabalho de parto, parto ou pós-parto em instituições de saúde, porém não
reconhecem tais atos, por desconhecer o que é violência obstétrica ou por não conhecerem
quais são seus direitos reprodutivos, visto que apenas 1 (uma) entrevistada citou a lei do
acompanhante e as demais não demonstraram entendimento sobre o assunto.
Neste sentido, elaboramos, a exemplo de outras instituições de saúde, uma cartilha
com o intuito de orientar mulheres sobre o conceito de humanização do parto e os direitos
obstétricos das gestantes. Essa cartilha também objetiva ampliar o conhecimento dos
profissionais sobre os direitos da mulher, de forma a tornar a assistência cada vez mais
humanizada.
Para atingir esse objetivo, foi elaborada uma cartilha (tecnologia educacional)
contendo orientações sobre como saber se viveram experiências de violência obstétrica,
estratégias para obter o melhor atendimento, métodos cientificamente comprovados para a
proteção e a segurança das mulheres quando se tornam pacientes de obstetrícia.
As inovações tecnológicas não devem ser vistas pela área de saúde como uma
realidade distante ou como algo que seja inerente aos elementos construtivos da educação em
saúde. Salvador et al. (2012, p. 116) diz que:
Não há dúvidas quanto à melhoria assistencial proporcionada pelas
inovações tecnológicas, assim como é inquestionável a importância do
preparo profissional, do oferecimento de recursos adequados e da
preservação do cuidado acolhedor e humanizado para que tal processo seja
consolidado de maneira eficaz.
Vale dizer que temos diversos tipos de tecnologias, podemos citar as tecnologias
educacionais, as tecnologias assistenciais e as tecnologias gerenciais. Sobre essas tecnologias
pode-se ressaltar que a primeira atua como dispositivos para a mediação de processos de
ensinar e aprender, utilizados entre educadores e educandos nos vários processos de educação
– formal - acadêmica, formal - continuada. A segunda já atua como dispositivos para a
mediação de processos de cuidado, aplicada por profissionais com os clientes - usuários dos
sistemas de saúde e atenção primária, secundária e terciária. E a última como dispositivos
para a mediação de processos de gestão, utilizados por profissionais nos serviços e unidades
dos diferentes sistemas de saúde. (MERHY 2005 apud TEIXEIRA; MOTA, 2011, p. 15).
57
A tecnologia defendida nesse trabalho se trata da Educacional, ressaltando que muitas
tecnologias impressas do tipo folders, cartazes, cartilhas, manuais, cadernos de orientação ou
apostilas nem sempre ou, infelizmente, quase nunca são submetidas a um processo de
avaliação.
São de grande importância a avaliação e a validação do material informativo para que
ele possa ser implantado no serviço, respaldando a assistência prestada pela equipe
interdisciplinar e destacando o relevante papel educador dos profissionais de saúde
(RODRIGUES et al., 2013).
Destarte, realizada a fase da análise de conteúdo temática, iniciou-se o levantamento
bibliográfico para elaboração da cartilha. Foram selecionados artigos científicos, dissertações,
livros-textos além de manuais do Ministério da Saúde. A busca desse material foi guiada pelas
palavras chaves desta pesquisa. A finalidade dessa seleção foi reunir todo o conteúdo de
interesse para a elaboração da tecnologia educacional, sendo categorizado nos seguintes
grupos: conceito de violência obstétrica, humanização do parto, tecnologias não invasivas de
cuidados com a gestante e direitos reprodutivos. A seleção dessas temáticas teve como critério
as demandas de conhecimento das puérperas participantes desta pesquisa.
V CAPÍTULO - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verifica-se que a violência obstétrica pode se mostrar de diversas formas no trabalho
de parto e parto, desde a não explicação e solicitação de autorização para a realização de
procedimentos, até a injúria verbal, exprimida por palavras ofensivas, objetivando impedir a
mulher de demonstrar o que estava sentindo no momento antecedente e durante a parturição.
Ao longo de anos de discussão sobre a Política Nacional de Humanização ao Pré-Natal, Parto
e Puerpério, o processo de institucionalização do parto no Brasil continua interferindo na
medicalização do parto e no incremento dos índices de cesariana, reforçando a medicalização
do corpo feminino e o seu impedimento de ser sujeito pleno de sua história, perpetuando a
violência obstétrica.
Os direitos sexuais e reprodutivos fazem parte dos direitos humanos sustentados pelo
governo brasileiro e, por isso, devem ser garantidos a qualquer cidadão. Entretanto a ação ou
omissão de profissionais de saúde no campo da sexualidade e reprodução podem resultar em
violação de tais direitos.
58
A assistência adequada nas fases do pré-natal e puerperal objetiva acolher a mulher
desde o início da gestação, garantindo, ao fim da gestação, o nascimento de uma criança
saudável e o bem-estar materno e neonatal.
O suporte profissional no trabalho de parto e parto é um cuidado desenvolvido
principalmente pela equipe de enfermagem e que proporciona bem-estar para as parturientes,
contribuindo para a humanização da assistência.
A análise de conteúdo temática nesta pesquisa, com base nas respostas das mulheres
participantes, revelou que a assistência por parte dos profissionais de saúde ocorre permeada
de práticas satisfatórias e respeitosas no cotidiano da assistência a mulheres gestantes,
parturientes e puérperas. Esta pesquisa nos permitiu concluir que o tema humanização do
parto precisa ser abordado cada vez mais, visto que a maioria das mulheres entrevistadas nesta
pesquisa demonstrou compreender e citar algumas atitudes como sendo violência contra
gestantes, porém a palavra foi mais fortemente associada à violência urbana, física, sexual e
aquelas cometidas por parte do parceiro.
Episódios como agressões verbais, recusa de atendimento, privação de acompanhante,
lavagem intestinal, raspagem dos pelos, jejum, episiotomia e separação de mãe e bebê
saudável após o nascimento estão entre os itens da gigante lista de violências obstétricas,
porém nenhum desses episódios foi relatado pelas mulheres participantes desta pesquisa.
É notável a importância de o profissional de saúde promover a autonomia da mulher
no trabalho de parto, parto e puerpério, como o respeito ao direito de escolha de práticas
criticamente empregadas conforme os seus critérios de elegibilidade, os quais estão
respaldados em evidências científicas.
O profissional de saúde possui o dever de explicar a finalidade de cada intervenção ou
tratamento, assim como os riscos ou possíveis complicações e as alternativas disponíveis.
Com base nessas informações, a mulher tem o direito de recusar tratamentos ou
procedimentos em seu corpo, o que se chama direito à recusa informada.
Tais orientações são de suma importância para a gestante num momento como esse,
para que ela entenda o parto como um processo fisiológico e natural. A mulher deve ter
assegurado que o parto ocorra de forma humanizada e segura.
Os resultados deste estudo mostraram que a assistência prestada às mulheres durante o
trabalho de parto, parto e puerpério no Hospital Público de Belém com base no Programa de
Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN) não é tão notável para as gestantes, porém a
maioria das gestantes afirma ter sido bem assistida tanto no pré-natal como no período de
59
internação. A maioria mostrou-se bastante satisfeita com o tratamento dispensado durante
toda sua estadia no hospital.
No decorrer desta pesquisa ficou evidente que a violência obstétrica é ainda pouco
reconhecida enquanto um ato violento, pois no mesmo momento que ela ocorre, as mulheres
estão vivenciando grandes emoções, que as fazem manter-se caladas. É necessário abordar os
direitos da mulher durante a gestação, parto e pós-parto, especialmente nas consultas de pré-
natal, quando é possível realizarmos a abordagem de variados temas e direcioná-las para a
tomada de decisões no que se refere ao seu corpo e a sua parturição e para a identificação e
denúncia de situações de desrespeito.
Quanto ao nível de conhecimento das mulheres participantes desta pesquisa sobre os
direitos reprodutivos, apenas uma entrevistada demonstrou conhecer a lei do acompanhante,
que faz parte dos referidos direitos. A maioria das puérperas declarou que a experiência vivida
no período do trabalho de parto e parto foi ótima e sem problemas, algumas demonstraram até
mesmo surpresas com o atendimento encontrado no hospital.
Para as outras mulheres, a violência configura-se como uma situação da relação
conjugal com o parceiro atual, que se apresentou desde o início do relacionamento,
comprovando que o ambiente externo das participantes se mostrou como um cotidiano
violento e hostil.
Acredita-se que este estudo por meio da sugestão de uma tecnologia educativa
(cartilha com ações humanizadas) para todas as mulheres envolvidas no processo do trabalho
de parto e parto, que é o produto deste trabalho, irá favorecer a conscientização das mulheres
acerca do conceito da violência obstétrica e sua repercussão dentro do contexto familiar,
comunitário e social, a fim de reduzir a invisibilidade da violência obstétrica por intermédio
das ações de educação em saúde abordadas pelas equipes da Atenção Básica.
Após o que foi exposto neste estudo, considera-se que a tecnologia educacional
proposta em forma de cartilha e intitulada “Tecnologia educacional: a humanização do parto”
poderá contribuir para disseminar o conhecimento sobre os direitos reprodutivos, violência
obstétrica e o conceito de parto humanizado entre as gestantes e profissionais de saúde, a fim
de evitar que mais casos de violência obstétrica ocorram.
60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRE, Neusa Maria Costa; COLUCI, Marina Zambon Orpinelli. Validade de
conteúdo nos processos de construção e adaptação de instrumentos de medidas. Ciência &
Saúde Coletiva, v. 16, n. 7, p. 3061-3068, 2011.
AMORIM, Melania. Da medicina baseada em Evidências à pesquisa translacional:
refletindo sobre paradigma. 2011. Disponível em: <htpp://estudamelania. blogspot.com.
br>. Acesso em: 3 set. 2015.
ANDRADE, Briena Padilha; DE MELO AGGIO, Cristiane. Violência obstétrica: a dor que
cala. In: Anais do III Simpósio Gênero e Políticas Públicas. 2014. Universidade Estadual
de Londrina. Paraná, PR. Anais (on-line). Disponível em:
<http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/GT3_Briena%20Padilha%20Andrade.pdf>.
Acesso em: 12 nov. 2015.
ASSIS, Cleber Lizardo de; BORGES, Bruna Angélica; SOUZA, Luana Sampaio e MENDES,
Tatiane dos Santos P.. Intervenção psicossocial em grupo de mulheres gestantes do Centro de
Saúde da Mulher de Cacoal-RO. Aletheia. 2013, n.42, pp. 82-91. ISSN 1413-0394.
ASSUMPÇÃO, Tatiane Aparecida et al. A produção científica brasileira sobre a violência
obstétrica: uma revisão integrativa. VI conclave dos acadêmicos de enfermagem da
universidade positiva (CONAENF), p. 48, 2014.
BARBOSA, Tatiana Antunes. Percepção das puérperas frente ao cuidado das enfermeiras
obstetras no parto e nascimento. 2013.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BERGER, P.L.,LUCKMANN, T. The Social Construction of reality: A Teatrisein the
Sociology of Knowledge. New York: Ancor Books, 1966.
BEZERRA, M. G. A; CARDFOSO, M. V. L. M. L. Fatores culturais que interferem nas
experiências das mulheres durante o trabalho de parto e partos. Revista Latino Americana
de Enfermagem. v. 14, n. 3, p. 14-21, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci arttext&pid=S0104-11692006000300016>. Acesso em: 25 set. 2015.
BISCEGLI, Terezinha Soares et al. Violência obstétrica: perfil assistencial de uma
maternidade escola do interior do estado de São Paulo. CuidArte, Enferm, v. 9, n. 1, p. 18-
25, 2015.
BRASIL, Lei Nº 11.340, de 7 de Agosto de 2006.
BRASIL. CADERNOS HUMANIZA SUS, volume 4. Humanização do parto e do
nascimento, Brasília, DF, 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência integral à saúde da mulher: bases de ação
programática. Brasília: Centro de Documentação, Ministério da Saúde, 1984. Disponível
61
em: <www.bvsms.saude.gov.br/bvs/.../assistencia_integral_saude_mulher.pdf>. Acesso em:
20 mar. 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência pré-natal: normas e manuais técnicos, 3ed.
Brasília, DF, 1998.
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno do Facilitador. Curso de aprimoramento para
Enfermeiros Obstetras com Enfoque no componente Parto e Nascimento da Rede
Cegonha. Ministério da Saúde. Rio de Janeiro, 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno Humaniza SUS. Humanização do parto e do
nascimento. Brasília - D.F, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Humanização do parto e do nascimento / Ministério da
Saúde. Universidade Estadual do Ceará. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 465 p.: il. –
(Cadernos Humaniza SUS; v. 4). Acesso em: 20 dez. 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Humanização do parto e do nascimento / Ministério da
Saúde. Universidade Estadual do Ceará. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 465 p.: il. –
(Cadernos HUMANIZASUS; v. 4). 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Parto e nascimento domiciliares assistidos por parteiras
tradicionais. Programa trabalhando com parteiras tradicionais e experiências
exemplares/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Editora do
Ministério da Saúde, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Pré Natal e Puerpério. Atenção Qualificada e Humanizada.
Manual Técnico. Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos – Caderno nº5. Brasília –
DF, 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Humanização do Parto. Humanização no pré-natal e
nascimento. Brasília, DF, 2002.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas e Estratégicas. Além da sobrevivência: Práticas integradas de atenção ao
parto, benéficas para a nutrição e a saúde de mães e crianças / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Parto e nascimento
domiciliar assistido por parteiras tradicionais. Brasília: Editora do Ministério da Saúde,
2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Coordenação Nacional de
DST/HIV/AIDS, Áreas Técnicas de Saúde da Mulher e Nutrição. Manual para Oficina de
Capacitação Projeto Nascer-Maternidades. Brasília, DF. 2002.
BRUGGEMMAN, Maria Odaléa; OLIVEIRA, Maria Emília; ZAMPIEIRI, Maria de Fátima
M. A melodia da humanização: reflexões sobre o cuidado no processo do nascimento,
Florianópolis: Cidade Futura, 2001, p. 23-30.
62
BUSANELLO, Josefine et al. Parto humanizado de adolescentes: concepção dos
trabalhadores da saúde. 2011.
BRABO, Tânia Suely Antonelli Marcelino. Educação, mulheres, gênero e violência (org.). –
Marília: Oficina Universitária; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015. 334 p.
CARVALHO, Geraldo Mota. MERIGHI, Mirian Aparecida Barbosa. Parto humanizado.
Enfermagem em obstetrícia. 3. ed. São Paulo: E.P.U. 2007. cap. 185-189.
CARVALHO, Vanessa Franco de et al. Como os trabalhadores de um Centro Obstétrico
justificam a utilização de práticas prejudiciais ao parto normal. Rev. esc. enferm. USP
[online]. 2012, vol.46, n.1, pp. 30-37. ISSN 0080-6234.
CEZAR, Juraci A.; MENDOZA-SASSI, Raúl A.; GONZALEZ-CHICA, David A.; MANO,
Patrícia S.; GOULART-FILHA, Sirley M. Características sociodemográficas e de assistência
à gestação e ao parto no extremo sul do Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(5):
985-994, mai, 2011.
CHAPARRO CM, LUTTER C. Além da sobrevivência: Práticas integradas de atenção ao
parto, benéficas para a nutrição e a saúde de mães e crianças. Organização Pan-Americana
da Saúde: Washington D.C., dezembro de 2007.
CHAUÍ, M. Participando do debate sobre mulher e violência. In: CHAUÍ, M.; CARDOSO,
R.; PAOLI, M.C. (Orgs.). Perspectivas antropológicas da mulher. Rio de Janeiro: Zahar,
1985. v.4. p.25-62.
CORRÊA, Claudia Regina Hostim; BONADIO, Isabel Cristina; TSUNECHIRO, Maria
Alice. Normative prenatal evaluation at a philanthropic maternity hospital in São
Paulo. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 45, n. 6, p. 1293-1300, 2011.
CRIZÓSTOMO, Cilene Delgado. NERU, Inez Sampaio. LUZ, Maria Helena Barros. A
vivência das mulheres no parto domiciliar e hospitalar. Esc. Anna Nery. Rev. Enf. 2007 mar;
11(1): 98-104.
DA COSTA, Silvia Emboaba. Lei Maria da penha e sua (in) aplicabilidade aos
homens. Intertem@ s ISSN 1677-1281, v. 28, n. 28, 2015.
DE MENEZES, Paula Fernanda Almeida; PORTELLA, Sandra Dutra Cabral; BISPO, Tânia
Christiane Ferreira. A situação do parto domiciliar no Brasil. Revista Enfermagem
Contemporânea, v. 1, n. 1, 2012.
DIAS, Ernandes Gonçalves et al. Percepções sobre a gravidez em um grupo de adolescentes
grávidas do município de Janaúba - MG. Gestão e Saúde, v. 6, n. 2, p. Pag. 1239-1253, 2015.
DIAS, Juliana de Freitas. O renascimento do parto: discurso e identidade. 2009.
DIAS, M. A. B; DOMINGUES, R. M. S. M. Desafios na implantação de uma política de
humanização da assistência hospitalar ao parto. Ciência e saúde Coletiva. v. 10, n.3, p. 699-
705.2005.
63
DIAS, Marcos Augusto Bastos. Humanização do parto: política pública, comportamento
organizacional e ethos profissional. Cad. Saúde Pública [online]. 2011, vol.27, n.5, pp.
1042-1043. ISSN 0102-311X.
DIAS, Raiane Lima et al. Violência obstétrica: perspectiva da enfermagem. Revista Rede de
Cuidados em Saúde, v. 9, n. 2, 2015.
DINIZ, Carmen Simone Grilo. Humanização da assistência ao parto no Brasil: os muitos
sentidos de um movimento. Ciência e Saúde Coletiva, São Paulo, v.10, n.3, p.627-37, 2005.
DINIZ, S.G. Cartilha: Humanização do parto e o exercício dos direitos sexuais e direitos
reprodutivos, 2003.
DOS SANTOS, Denise Tatiane Girardon; CANCIANI, Pamela Maiara Chaves; DA SILVA,
Roberta. A descriminalização do aborto como direito fundamental da mulher: uma análise dos
direitos sexuais reprodutivos. Salão do Conhecimento, v. 1, n. 1, 2015.
DOSSIÊ elaborado pela Rede Parte do Princípio para a CPMI da Violência Contra as
Mulheres. Violência Obstétrica. “Parirás com dor”. 2012, p.08.
FARAH, M.F.S. Gênero e Políticas Públicas. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis,
12(1): 360, janeiro-abril/2004.
FARIAS, Kamila Gadelha. Quando a lente muda o retrato: um olhar sobre a violência
obstétrica. 2014.
FONEITE, J:FEO,A; MERLO,J.T. Grado de conocimento de violência obstétrica por El
personal de salud. Revista Obstetrícia e Ginecologia/Venezuela v.72, n.1, 2012.
FORTES, Paulo Antonio de Carvalho. Ética, direitos dos usuários e políticas de humanização
da atenção à saúde. Saúde e Sociedade, v. 13, n. 3, p. 30-35, 2004.
FRANCO, Maria Helena; RACY, Vera Lúcia Simonetti; SIMONETTI, Maria Cecília
Moraes. Direitos sexuais e reprodutivos de jovens e adolescentes. Revista Brasileira
Adolescência e Conflitualidade, n. 7, 2015.
FRASER, Diane. M.; COOPER, Margaret. A. Assistência Obstétrica: um guia prático para
enfermagem. In: ________. Problemas Físicos e Complicações no Puerpério. 1 ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2010. p. 434 – 448.
FREITAS, Lydia Vieira et al. Physical examination during prenatal care: construction and
validation of educational hypermedia for nursing. Acta Paulista de Enfermagem, v. 25, n. 4,
p. 581-588, 2012.
GARCIA, A.V.; ARGENTA, C.E. SANCHES, K.R.; SÃO THIAGO, M.L. Humanizar o
humano: bases para a compreensão da proposição de humanização na assistência à saúde.
Revista Saúde Pública. Santa Catarina, Florianópolis, v.2, n.1, jan./jul.,2009.
GARCIA, Gisseila Andrea Ferreira. Assistência ao Parto em Cabo Verde. 2015. Tese de
Doutorado. Universidade de Coimbra. 2015.
64
GOMES, ML; MOURA, MAV. Modelo humanizado de atenção ao parto no Brasil:
evidências na produção científica. Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n.2, p.248- 53,
2012.
GONÇALVES, R; AGUIAR, A.C; MERIGH, B.A. M; JESUS, P.M. C. Vivenciando o
cuidado no contexto de uma casa de parto: o olhar das usuárias. Revista Escola de
Enfermagem USP, v.45; n.1; p.62-70, 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.br.br/pdf/reeups/v45n1/09. Pdf>. Acesso em: 20 set. 2015.
GRIBOSKI, R.A.; GUILHEM, D. Mulheres e profissionais de saúde: o imaginário cultural na
humanização ao parto e nascimento. Texto e Contexto em Enfermagem, Florianópolis, v.15,
n.1, mar. 2006.
JUAREZ, DIANA Y OTRAS. Violência sobre las mujeres: herramientas para el trabajo de los
equipos comunitarios/Diana Juárez y outras; edición literária a cargo de Ángeles Tessio.- 1ª
ed. – Buenos Aires : Ministério de Salud de la Nacion, 2012.
LEAL, M.C. Desafio do milênio: a mortalidade materna no Brasil. Caderno de Saúde Pública,
v.24.n.8,p.1724-1725, 2008.
LEITE, Franciéle Marabotti Costa et al. Perfil socioeconômico e obstétrico de puérperas
assistidas em uma maternidade filantrópica. Cogitare Enfermagem, v. 18, n. 2, 2013.
LETTIERE, Angelina; NAKANO, Ana Márcia Spanó; BITTAR, Daniela Borges. Violence
against women and its implications for maternal and child health. Acta Paulista de
Enfermagem, v. 25, n. 4, p. 524-529, 2012.
LIMA, Ana Elisa Fernandes et al. Assistência ao parto após a implementação do Programa
Cegonha Carioca: a perspectiva da enfermagem. Revista da Rede de Enfermagem do
Nordeste-Rev Rene, v. 16, n. 5, p. 631-638, 2015.
MAIA, Jamila; PRAZERES, Michelle. Corpos roubados: panorama da violência obstétrica no
Brasil. A quem pertence o corpo da mulher. 2014. Disponível em:
<http://www.cientistaqueviroumae.com.br/2012/05/teste-da-violência...>. Acesso em: 12 mar.
2015.
MALHEIROS, Paolla Amorim et al. Parto e nascimento: saberes e práticas
humanizadas. Texto and Contexto Enfermagem, v. 21, n. 2, p. 329, 2012.
MALTA, D.C. Lista de causas de mortes evitáveis por intervenções do Sistema Único de
Saúde do Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 16, n. 4, p. 233-244, out.-dez./2007.
MANZINI, Eduardo José. Uso da entrevista em dissertações e teses produzidas em um
programa de pós-graduação em educação. Revista Percurso, p. 149-171, 2012.
MARQUES, Danielle Moreira; PEREIRA, Adriana Lemos. Assistência pautada nos direitos
sexuais e reprodutivos: uma condição para promover a saúde da mulher. Revista Eletrônica
de Enfermagem, v. 13, n. 3, p. 449-55, 2011.
65
MARTINS, Alessandra Bazaglia; RIBEIRO, Juliana; SOLEN, Zaida Aurora Sperli Geraldes.
Proposta de exercícios físicos no pós-parto. Um enfoque na atuação do enfermeiro obstetra.
Invest. Educ Enferm 2011. p. 40-46.
MATTAR, Laura Davis; DINIZ, Carmen Simone Grilo. Hierarquias reprodutivas. Interface
(Botucatu), v. 16, n. 40, p. 107-120, 2012.
MINAYO, M.C.S. (Org) Pesquisa Social; Teoria Método e Criatividade. 29ª Ed. Petrópolis:
Vozes, 2010.
MOREIRA, Maria Elizabeth Lopes et al. Práticas de atenção hospitalar ao recém-nascido
saudável no Brasil. Cadernos de saúde pública = Reports in public health. Vol. 30, supl.
(2014), p. S128-S139, 2014.
MORSE, M.L.; FONSECA, S.C.; BARBOSA, M.D.; CALL, M.B.; EYER, F.P.C.
Mortalidade materna no Brasil: o que mostra a produção científica nos últimos 30 anos?
Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n.4, Apr. 2011.
MOURA, Fernanda Maria de Jesus S. et al. A humanização e a assistência de enfermagem ao
parto normal. Rev. bras. enferm, v. 60, n. 4, p. 452-455, 2007.
MOURA, Maria Aparecida Vasconcelos; COSTA, Gabrielle Rodrigues Mattos; TEIXEIRA,
Claudia Silva. Momentos de verdade da assistência de enfermagem à puérpera: um enfoque
na qualidade. Rev. enferm UERJ, 2010. p. 429-434.
MUNIZ, Beatriz Maia de Vasconcelos. A experiência do parto na voz das mulheres.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Psicossociologia de Comunidades e
Ecologia Social, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2013.
NAGAHAMA, E., SANTIAGO, S. A institucionalização médica do parto no Brasil. Ciência
e Saúde coletiva, v.10, n. 3, p.651-657, 2005.B
NASCIMENTO, Marcia Helena Machado. Tecnologia para mediar o cuidar - educando no
acolhimento de “familiares cangurus” em unidade neonatal: Estudo de Validação. 172 f.
Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2012.
NASCIMENTO, NM., PROGIANTI, JM., NOVOA, RL., OLIVEIRA, TR., VARGENS,
OMC. Tecnologias não invasivas de cuidado no parto realizadas por enfermeiras: a percepção
de mulheres. Esc. Anna Nery, 14(3), 456-461, 2010.
OLIVEIRA, Arnildes Rodrigues de et al. Percepção das enfermeiras sobre a participação
do acompanhante no centro obstétrico e estratégias para o fortalecimento desta prática.
2014.
OLIVEIRA, Maria Marly de Oliveira. Como fazer pesquisa qualitativa. Rio de Janeiro:
Editoras Vozes Ltda., 2007.
OMS - Organização Mundial da Saúde (OMS). Maternidade segura. Assistência ao parto
normal: um guia prático. Brasília; 2009.
66
OMS, Organização Mundial de Saúde. Maternidade Segura. Assistência ao Parto Normal:
um guia prático. Genebra, 1996.
PATAH, Luciano Eduardo Maluf; MALIK, Ana Maria. Modelos de assistência ao parto e
taxa de cesárea em diferentes países. Rev Saúde Pública, v. 45, n. 1, p. 185-94, 2011.
PAIM, J.; TRAVASSOS, C.; ALMEIDA, C.; BAHIA, L.; MACINKO, J. O sistema de saúde
brasileiro: história, avanços e desafios, 2011. Série Saúde no Brasil, The Lancet. Disponível
em: <www.thelancet.com>.
PETER, Ana Paula Confortin et al. O cuidado cultural no processo de ser e viver da
mulher, recém-nascido e família que vivenciam o parto, no domicílio e no Hospital, com
ênfase no contexto domiciliar: abrindo novos caminhos para a enfermagem. TCC.
Graduação em Enfermagem apresentado à disciplina Enfermagem Assistencial Aplicada
alocada na VIII unidade curricular da UFSC. Florianópolis – SC. 2010.
POLIT D. F, BECK C. T, HUNGLER B. P. Fundamentos de pesquisa em enfermagem:
métodos, avaliação e utilização. 7th ed. Porto Alegre: Artmed; 2011. p. 406-26.
RATTNER, Daphne. Humanização na atenção a nascimentos e partos. Breve referencial
teórico. Interface–Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 13, n. supl I, p. 759-768,
2009.
ROCHA, Jacicleide Nunes da. Perfil epidemiológico das gestantes do Município de Serra
Talhada. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Unidade Acadêmica de Serra Talhada,
2011.
RODRIGUES, Andressa Peripolli et al. Validação de um álbum seriado para promoção da
autoeficácia em amamentar. Acta Paulista de Enfermagem, p. 586-593, 2013.
SENA, Ligia Moreiras. Violência Obstétrica e o Movimento de Mulheres Usuárias dos
Sistemas de Saúde. 2013. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).2014.
SERRUYA, Suzanne Jacob. A experiência do Programa de Humanização no Pré-natal e
Nascimento (PHPN) do Ministério da Saúde no Brasil. Campinas: Faculdade de Ciências
Médicas, Universidade Estadual de Campinas, 2003.
SERRUYA, Suzanne Jacob; LAGO, Tânia Di Giácomo; CECATTI, José Guilherme. The
scenario of pre-natal care in Brazil and the Humanizing of Prenatal Care and Childbirth
Program. Revista Brasileira de Saúde Materna Infantil, v. 4, n. 3, p. 269-279, 2004.
SILVA, Janize. Manual Obstétrico: um guia prático para a enfermagem. In: _________.
Assistência de Enfermagem no Puerpério. 2 ed. São Paulo: Corpus, 2011. p.145-154.
STEFANELLO, J.; NAKANO, A. M. S; GOMES, F. A. Crenças e tabus relacionados ao
cuidado no pós-parto: o significado para um grupo de mulheres. Acta Paulista Enfermagem,
2008. p. 275-281.
67
STRAPASSON, Marcia Rejane; NEDEL, Maria Noêmia Birck Puerpério imediato:
desvendando o significado da maternidade. Revista Gaucha de Enfermagem, v 31 no. 3.
Porto Alegre 2010. p. 521-528.
TANAKA, A.C. Dossiê Mortalidade Materna. Rede Nacional Feminista de Saúde e
Direitos Reprodutivos, 2000.
TAVARES. A.S.; ANDRADE, M.; SILVA, J. L. L. Do programa de assistência integral à
saúde da mulher à política nacional de atenção integral à saúde da mulher: breve histórico.
Informe-se em promoção da saúde, v.5, n.1.p.30-32, 2009.
TELES, Liana Mara Rocha et al. Construção e validação de manual educativo para
acompanhantes durante o trabalho de parto e parto. Revista da Escola de Enfermagem da
USP, v. 48, n. 6, p. 977-984, 2014.
TOMAR, M. S.: A Entrevista semi-estruturada. Mestrado em Supervisão Pedagógica"
(Edição 2007/2009) da Universidade Aberta. 2007.
VALE, Karina Cyrino. Shantala e winnicott: o toque a partir do vínculo. Estudos
Interdisciplinares em Psicologia, v. 5, n. 1, p. 119-125, 2014.
VANZ, Símile Andréa de Souza. A bibliometria no Brasil: análise temática das publicações
do periódico. Ciência da Informação (1972-2002). 2012.
VASCONCELOS, Michele de Freitas Faria de; MARTINS, Cátia Paranhos; MACHADO,
Dagoberto de Oliveira. Institutional support as a conducting wire for the Maternity Hospital
Qualification Plan: the National Humanization Policy defending Brazilian women and
children’s lives. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 18, p. 997-1011, 2014.
VETTORE M. V; DIAS M., DOMINGUES R. M. S. M.; LEAL M. C. Cuidados pré-natais e
avaliação do manejo da hipertensão arterial em gestantes do SUS no Município do Rio de
Janeiro, Brasil. Caderno Saúde Publica. 2011; 27(5):1021-34.
VICTORIA, Cesar G; AQUINO, Estela ML.; LEAL, Maria do Carmo. Saúde de mães e
crianças no Brasil: progressos e desafios. The Lancet 2011; Supl. Saúde no Brasil.
Disponível em: <www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-574.pdf>. Acesso: 12 set. 2015.
APÊNDICE
69
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO
GESTÃO E SAÚDE NA AMAZÔNIA
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - (T.C.L.E)
Conforme Resolução Nº 466/2012-CNS
Título: “EXPERIÊNCIA E VIVÊNCIA DAS PUÉRPERAS QUANTO AO PARTO
HUMANIZADO: UMA PROPOSTA EDUCATIVA”
Você está sendo convidada para participar desta pesquisa intitulada “Experiência e
vivência das puérperas quanto ao parto humanizado: uma proposta educativa” de
autoria da RUTH DAVI DE GOIS, mestranda do Programa de Pós-graduação em Gestão
e Saúde na Amazônia - Mestrado Profissional em Gestão e Serviços em Saúde da
Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, sob orientação da Professora Doutora
HELIANA HELENA DE MOURA NUNES. Esta pesquisa que tem por objetivo: Conhecer
as opiniões das puérperas em relação à assistência recebida pela equipe de saúde
durante o trabalho de parto, parto, nascimento e puerpério, no período compreendido
entre outubro e novembro de 2015.
Mas antes de concordar em participar desta pesquisa é importante que você
compreenda as seguintes informações, que dizem respeito a sua participação nesta pesquisa:
Sua participação é muito importante e ela se daria da seguinte forma: consistirá em
responder às perguntas da pesquisadora durante entrevista que terá auxílio de um gravador de
voz. Porém, você tem a liberdade de aceitar ou não sem que isto acarrete qualquer ônus ou
prejuízo ao seu tratamento no hospital ou a sua pessoa.
Após receber os esclarecimentos e as informações a seguir, no caso de aceitar fazer
parte do estudo, este documento deverá ser assinado em duas vias e em todas as páginas,
sendo a primeira via de guarda e confidencialidade da Pesquisadora responsável e a segunda
via ficará sob sua responsabilidade para quaisquer fins.
70
Para coletarmos as informações desejadas será utilizado um instrumento de pesquisa
com perguntas referentes a dados sociodemográficos, antecedentes gestacionais e cinco
perguntas sobre sua vivência no trabalho de parto, parto e nascimento.
A entrevista será realizada em uma sala reservada previamente agendada no hospital.
Só será necessária disposição para responder às perguntas que lhe serão feitas, o que
levará em torno de 20 minutos.
Após, as suas informações gravadas serão transcritas, por mim, de maneira a
resguardar a fidedignidade dos dados.
Em caso de dúvida sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com a
pesquisadora responsável RUTH DAVI DE GOIS no telefone: (91) 98515-0440 ou através
do E-mail: [email protected] ou com a orientadora da pesquisa Profª. Dra.
HELIANA HELENA DE MOURA NUNES no telefone: (91) 98152-7677 ou através do E-
mail: [email protected].
Em caso de dúvida sobre a ética aplicada a pesquisa, você poderá entrar em contato
com o Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará
(CEP/FSCMPA), localizado na Rua Oliveira Belo, 395 Umarizal - Belém/Pará. Telefone:
(91) 4009-2264. E-mail: [email protected]. Se necessário, você também
pode fazer contato com a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) na página:
http://www.conselho.saude.gov.br/Web_comissoes/conep/index.html. Também pode ver na
internet a relação dos projetos aprovados nos CEP, na página:
www.saude.gov.br/plataformabrasil.
Os procedimentos adotados nesta pesquisa “Experiência e vivência das puérperas
quanto ao parto humanizado: uma proposta educativa” obedecem aos Critérios da Ética
em Pesquisa com Seres Humanos conforme disposto na Resolução nº. 466/12 do Conselho
Nacional de Saúde (CNS), seus complementares e demais normas legislativas vigentes.
É importante que você compreenda que nenhum dos procedimentos usados oferece
riscos a sua dignidade, pois estão assegurados o anonimato e o caráter privativo das
informações fornecidas exclusivamente para a pesquisa. Você não será identificado em
nenhum momento, mesmo quando os resultados desta pesquisa forem divulgados sob
qualquer forma, pois será adotada a letra ‘E’ (E1, E2, E3, E4...), por ser a letra inicial da
palavra Experiência, seguida de um número que não corresponde à sequência de sua
participação na pesquisa.
71
As informações serão mantidas em arquivo confidencial no computador, sob a
responsabilidade da pesquisadora responsável por cinco anos. Após este período, os dados
serão destruídos. Os dados coletados, depois de organizados e analisados, deverão ser
divulgados e publicados, ficando a pesquisadora, juntamente com a professora, responsável
por apresentar o relatório da pesquisa para a instituição, na qual será realizado este estudo.
Comunico que a sua participação na entrevista não representará, a princípio, risco à
dimensão física, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual em qualquer fase da pesquisa.
No entanto, poderá gerar algum desconforto como lembranças, questionamentos e/ou
conflitos à dimensão emocional pelo fato da pesquisadora realizar uma entrevista na qual você
irá refletir sobre o seu cotidiano. Essa situação poderá ser minimizada pelo atendimento da
equipe de profissionais do próprio serviço vinculados ao Hospital (Psicólogos) que será
previamente contatado.
Ao participar desta pesquisa você não terá nenhum benefício direto. Entretanto poderá
haver benefícios no que se refere à melhoria na qualidade das práticas referentes ao cuidado
oferecido pela equipe de saúde durante o trabalho de parto, parto, nascimento e puerpério.
Através desta pesquisa também poderemos identificar situações de violências obstétricas e
como isso repercute na sua vida, de forma que o conhecimento que será construído a partir
desta pesquisa possa favorecer um ganho na qualidade deste serviço, bem como à produção
do conhecimento, pois com o término da pesquisa será elaborada uma Dissertação de
Mestrado em Gestão e Saúde na Amazônia e, na sequência, artigos para publicação em
Revistas da área em âmbito nacional. Ademais, os resultados estarão a sua disposição quando
finalizada a pesquisa e serão apresentados aos profissionais deste hospital, publicados e
divulgados em outros eventos científicos.
Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para
participar desta pesquisa. Portanto, preencha, por favor, os itens que se seguem: confirmo que
recebi uma via deste termo de consentimento e autorizo a execução do trabalho de pesquisa e
a divulgação dos dados obtidos neste estudo.
Obs.: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito.
72
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Ciente e de acordo com o que fui anteriormente exposto, eu _________________________,
estou concordo em participar desta pesquisa, assinando este consentimento em duas vias,
ficando com a posse de uma delas. Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o
consentimento livre e esclarecido deste sujeito de pesquisa ou representante legal para a
participação neste estudo.
__________________________________
Nome do Participante da Pesquisa
_________________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa
__________________________________
Assinatura do Pesquisador
_________________________________
Assinatura do Orientador
Belém,______de__________de______2016.
73
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E SAÚDE NA AMAZÔNIA
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO E SERVIÇO EM SAÚDE
APÊNDICE B
CARACTERIZAÇÃO DAS PARTICIPANTES
Iniciais da Entrevistada: ___________ Nº Registro: ____________
Data: ___/___/____ Horário do início: _________
I - PERFIL DA ENTREVISTADA
1. Código alfanumérico (codinome):
2. Idade:
3. Profissão:
4. Escolaridade:
5. Estado civil:
6. Ocupação:
7. Raça etnia declarada:
8. Renda mensal:
9. Histórico obstétrico:
a. Quantas vezes você engravidou? _____
b. Quantos partos você teve? Normais (____). Cesarianos (____). Fórceps (____)
c. Quantos abortos você teve? Espontâneos (___). Provocados (____)
10. Local do parto:
II - EXPLORAÇÃO TEMÁTICA:
11. Fale-me sobre sua gravidez. Como se sentiu?
a. Você queria engravidar?
b. Você teve apoio de sua família?
12. Como foi seu pré-natal? Apresentou algum problema?
13. Fale como foi sua experiência durante sua internação, trabalho de parto, parto até sua
alta.
III - PERCEPÇÃO DE VIOLÊNCIA:
14. Você já ouviu falar sobre a lei do acompanhante?
15. O que você considera violência contra a mulher gestante? Porque você acha que isso
acontece?
16. Como você avalia a assistência recebida durante esse período que ficou internada
nesse hospital?
74
17. Você gostaria de falar ou explicar algo que não foi lhe perguntado durante essa
entrevista?
Hora do término da entrevista:
APÊNDICE C
LISTA DE PSEUDÔNIMO
ID ENTREVISTADA
E1 TULIPA
E2 ROSA
E3 GIRASSOL
E4 ORQUÍDEA
E5 CICLAME
E6 LÍRIO
E7 DÁLIAS
E8 ACÁCIA
E9 AÇUCENA
E10 ALFAZEMA
E11 BEGÔNIA
E12 CAMÉLIA
E13 COPO-DE-LEITE
E14 CRISÂNTEMO
E15 DÁLIA
E16 GARDÊNIA
E17 HORTÊNSIA
E18 ÍRIS
E19 MARGARIDA
E20 VIOLETA
75
APÊNDICE D - ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS RESPOSTAS DAS PUÉRPERAS
Quadro 1: Codificação segundo Bardin (2011) – Entrevistadas. Belém/PA. 2016.
Questão
Entrevistada Categorias
Temáticas
Unidades de
Contexto
Unidade de
Registro
UR’s
11. Fale-me sobre
sua gravidez.
Como se sentiu?
E2 Felicidade Fiquei feliz, pois pensava que não podia engravidar. Feliz 12/20 UR's
E3 O pai queria mais do que eu. Passei a desejar a gravidez e me senti feliz.
E4 Me senti muito feliz, pois vivia junto com o pai da criança há 1 ano e queria muito.
E7 Muito feliz.
E10 Me senti muito feliz.
E12 Fiquei muito feliz. Estava tentando há 5 anos.
E13 Não sabia que estava gestante, descobri quando fiz um ultrassom, pois estava
menstruando. Fiquei feliz.
E14 Não foi planejada, mas quando soube me senti bem feliz.
E15 Foi maravilhoso. Queria muito. Fiquei muito feliz.
E17 Fiquei muito feliz.
E18 Um pouco feliz, pois minha filha havia falecido há 3 meses.
E20 Normal, fiquei feliz.
E5 Surpresa Foi um choque, pois minha filha mais velha já tem 12 anos, mas depois aceitei. Surpresa 8/20 UR's
E6 Foi um susto, pois só soube no 7º mês, mas não tomei remédio para abortar.
E8 Foi tudo muito casual, eu estava tomando anticoncepcional.
E9 Foi surpresa, não foi planejado.
E11 Fiquei assustada, mas não quis tirar (abortar).
E16 Não foi planejado. Foi uma surpresa. Tive medo da família.
E19 Triste. Aceitei depois. Foi inesperado.
E1 Foi um susto. Me sentia muito mal, com muitas dores, tive PA.
76
Quadro 2: Codificação segundo Bardin (2011) – Entrevistadas. Belém/PA. 2016.
Questão
Entrevistada Categorias
Temáticas
Unidades de Contexto Unidade de
Registro
Frequência
12. Como foi seu
pré-natal? E1
Insatisfação Demorou muito pra iniciar, pois a UBS sempre me encaminhava para outro local
e iniciei no 5º mês.
Incompleto 9/20 UR's
E5 Fiz pré-natal tarde, foi incompleto, pois iniciei somente no 7º mês, não gostava do
médico.
E6 Não fiz pré-natal, pois não sabia que estava grávida. Não tive problemas.
E7 Fiz só uma consulta no Acará. Foi incompleto.
E8 Comecei bem tarde, já no 4º mês. Tive rinite, um sangramento no inicio e um
desconforto.
E15 Fiz 4 consultas. Foi incompleto. Sem problemas
E16 Foi incompleto. Poucas consultas. Era muito distante o médico.
E17 Fiz 5 consultas, mas demorei para conseguir marcar. Sem problemas.
E19 Não fiz completo. Tive muita tonteira.
E2 Satisfação Fiz pré-natal, fui bem atendida, porém tive infecção urinária no 4º mês e tratei. Bem
Atendida
11/20 UR's
E3 Foi bom, mas tive que correr atrás. No SUS foi difícil, não tive consultas com
médicos, somente uma consulta.
E4 Foi bom. Fiz desde o primeiro mês. Sem problemas.
E9 Fiz pré-natal, foi bom. Tive infecção urinária, mas tratei.
E10 Fui bem atendida, mas não gostei da médica, falava muito e nunca me examinou.
E11 Fiz 9 consultas, comecei no 2º mês. Atenderam-me bem. Não tive problema.
E12 Fui bem atendida. Tive um problema de corrimento no início, mas tratei.
E13 Fui bem atendida. Fiz 3 consultas com as enfermeiras somente. Tive infecção
urinária e pressão alta.
E14 Foi boa, fui bem atendida. Sem problemas.
E18 Tive anemia e infecção urinária. Fui bem tratada.
E20 Fui muito bem atendida.
77
Quadro 3: Codificação segundo Bardin (2011) – Entrevistadas. Belém/PA. 2016.
Questão
Entrevistada Categorias
Temáticas
Unidades de Contexto Unidade de
Registro
UR
13. Fale
como foi
sua
experiência
durante a
internação,
trabalho
de parto,
parto até a
sua alta.
E1
Satisfatório Quando cheguei ao hospital estava perdendo líquido há três dias então fiz uma USG e não havia
mais líquido e fui para a cesárea. Parte do atendimento foi ótimo. Tive alta, porém não me
repassaram nada sobre o exame do meu filho.
Ótimo 18/20 UR's
E2 Logo que cheguei aqui fui atendida. Gostei muito do atendimento.
E3 Gostei muito. Não tive espera nenhuma. As enfermeiras foram muito atenciosas, me orientaram
bem. Só acho que demorou muito o resultado do exame do bebê.
E4 Eu achei tudo muito bom. Fui muito bem atendida. O parto foi ótimo. Sem problemas.
E5 Foi boa. Quando cheguei não fui bem atendida pelo médico, mas depois fui bem atendida por
todos.
E6 Gostei bastante daqui. Atenderam-me muito bem.
E8 Foi uma experiência diferente, mesmo já tendo passado por essa experiência foi diferente. Aqui
precisa melhorar a estrutura, mas a assistência foi ótima.
E9 Está sendo ótimo. Nunca imaginei que fosse tão bom. Fiquei surpresa.
E10 Aqui foi um lugar que gostei, larguei o plano da Hapvida para ficar aqui. Fui muito bem tratada.
E11 Fui bem atendida. Foi tranquilo.
E12 Fui bem atendida.
E13 Foi bom, deu tudo certo.
E14 Tudo ótimo.
E15 Foi ótimo.
E17 Foi tudo de bom. Ajudaram-me muito.
E18 Foi bom. Muito bom o atendimento.
E19 Foi ótimo.
E20 Fui logo atendida. Gostei muito.
E7 Insatisfação Para mim foi muito difícil. Sofri muito, senti muita dor. Depois que romperam minha bolsa, a
criança fez cocô dentro de mim e fizeram a cesárea.
Difícil 2/20 UR's
E16 Foi horrível. Muita dor. Não quero mais. Foi difícil.
78
Quadro 4: Codificação segundo Bardin (2011) – Entrevistadas. Belém/PA. 2016.
Questão
Entrevistada Categorias
Temáticas
Unidades de Contexto Unidade de
Registro
UR
15. O que você considera
violência contra a
mulher gestante?
Porque você acha
que isso acontece?
E1 Desrespeito Ás vezes é falta de respeito em lugares públicos por que falta o respeito pelo ser humano. Falta de
Respeito
4/20 UR's
E2 Quando a mulher gestante chega no hospital e há demora no atendimento. Falta de comunicação,
humanidade e respeito. Fico indignada.
E4
No ônibus a mulher gestante fica em pé, as pessoas não dão o lugar para sentar, é falta de respeito.
Muitas mulheres podem ter normal, mas os médicos escolhem fazer cesárea. Muitas mulheres são
mal atendidas no hospital.
E11 Ocorre falta de respeito no ônibus, no posto de saúde, pois não dão prioridade para gestante. Acho
que são pessoas que ainda não passaram por isso.
E3 Agressão
Física e
Verbal
É um agravante. Contra a mulher já é grave e se for gestante é mais grave ainda. A ofensa verbal
também é um tipo de violência, pois diminui a mulher.
Bater e
Palavras
Ofensivas
16/20 UR's
E5 As pessoas que batem na mulher, mas a violência pode ser uma palavra que dói mais que um tapa.
E6 Para mim violência é apanhar de homem, apanhar injustamente. Homem nenhum deveria
encostar o dedo em mulher. Tem a violência verbal também.
E7 Mulher não tem defesa, é mais frágil. Deve ter um acompanhante. Maltrato.
Homem que não deixa a mulher sair.
E8
Eu tenho certeza, que tudo que você permite, o outro vê o momento frágil, exerce essa pressão
psicológica e a mulher fica acuada, até mesmo palavras que ofendem. Embora exista a lei Maria
da penha, ainda acontece. As pessoas acham que é um problema social, mas eu acho uma covardia.
E9 Bater é um crime. Maltratar uma mulher já é um crime, grávida é pior ainda.
As leis deveriam ter mais rigor.
E10 Acho que é os maltrato contra a mulher. Palavras também é violência. Existe muita gente má.
E12 Palavras e atitudes grosseiras que ferem até a autoestima da mulher.
E13 Bater, rejeição, palavras de ofensa, a família maltratar.
E14 As vezes são muito ignorantes, principalmente quando não é o primeiro filho.
Falam palavras ofensivas que não queremos ouvir. Vi muito isso durante o pré-natal. Tratam mal.
E15 Ofensas e palavras ofensivas. Muita crueldade com a mãe e o bebê.
E16 Bater na mulher. O homem é muito machista.
E17 Agressão física e emocional. Palavras de ofensa.
E18 Bater e verbal. A mulher tem medo de denunciar.
E19 Não sei responder. Mas acho que palavras ofensivas é muito ruim.
E20 Bater na mulher.
APÊNDICE E
CARTILHA “A HUMANIZAÇÃO DO PARTO”
HOSPITAL DR. ABELARDO SANTOS
TECNOLOGIA EDUCACIONAL: A
HUMANIZAÇÃO DO PARTO
Belém/PA - 2016
HUMANIZAÇÃO DO PARTO
A HUMANIZAÇÃO DO PARTO
Informações práticas sobre seus direitos
O parto é um momento marcado pela importância da chegada de
um novo ser. É um momento de emoções e significado para a mãe e
seus familiares.
Esta cartilha apresenta os principais direitos relacionados à
humanização do parto. Esperamos com ela promover o respeito e a
dignidade do parto e nascimento no Hospital Abelardo Santos.
O QUE É HUMANIZAÇÃO DO PARTO?
É o respeito à mulher como pessoa única, em um momento da sua vida
em que necessita de atenção e cuidado.
A HUMANIZAÇÃO DO PARTO É UM DIREITO DA MÃE E DO BEBÊ
A humanização do parto é um processo que tem início no pré-natal.
Os profissionais planejam o parto e os possíveis procedimentos realizados.
Devemos respeitar e criar condições para que todas as necessidades da mulher
HUMANIZAÇÃO DO PARTO
sejam atendidas, sejam elas espirituais, psicológicas, biológicas ou sociais.
No parto humanizado se presta uma assistência digna com a garantia de direitos, atenção e segurança.
COMO DEVE AGIR A EQUIPE DE SAÚDE
Agir de forma ética e solidária, informando a mulher sobre sua
saúde, evitando intervenções desnecessárias e ouvindo sua opinião
sobre os procedimentos indicados de forma clara, respeitando seu
saber e o conhecimento do seu corpo.
Explicar a finalidade de cada intervenção, seus riscos e as
alternativas disponíveis. Com base nessas orientações, a mulher tem o
direito de escolher tratamentos ou procedimentos que serão feitos em
seu corpo.
Dar apoio psicológico a mulher e aos familiares, monitorar o
andamento do trabalho de parto e os sinais vitais do bebê, além de
prestar um atendimento digno, respeitoso, valorizando a fisiologia do
parto.
CONDUTAS QUE NÃO DEVEM SER REALIZADAS PELOS PROFISSIONAIS
O atendimento de saúde no pré-natal sem acolhimento às necessidades e dúvidas da gestante;
Os comentários constrangedores à mulher, por sua cor, raça, etnia, idade, escolaridade, religião ou crença, condição socioeconômica, estado civil ou situação conjugal, orientação sexual, número de filhos, etc.;
As ofensas, humilhações ou xingamentos pessoais ou direcionados a algum membro da família;
HUMANIZAÇÃO DO PARTO
As ameaças à mulher em caso de não aceitação de algum procedimento; A realização de episiotomia (corte na parede da vagina) de maneira indiscriminada – sem que haja indicação clínica;
A infusão intravenosa para acelerar o trabalho de parto (ocitocina sintética) sem informação e concordância da mulher;
A realização de intervenções no corpo da mulher sem que elas sejam explicadas e sem que haja o consentimento dela;
O direito ao acompanhante negado;
Amarrar a mulher durante o parto;
A retirada dos pelos pubianos (tricotomia);
A pressão sobre a barriga da parturiente para empurrar o bebê (manobra de Kristeller);
O uso rotineiro de lavagem intestinal (enema);
A realização frequente de exame de toque, de forma dolorosa, para verificar a dilatação;
A ausência de hidratação ou alimentação da parturiente durante o trabalho de parto;
A proibição de se levantar e de se locomover durante o trabalho de parto;
O agendamento de cesárea sem a devida recomendação e sem consentimento da mulher;
Obrigar a mulher a permanecer sempre deitada, entre outros.
HUMANIZAÇÃO DO PARTO
PRÁTICAS QUE DEVEM SER INCENTIVADAS DURANTE O TRABALHO DE PARTO
LEI DO ACOMPANHANTE
VOCÊ SÓ ESTARÁ SOZINHA SE QUISER
Segundo a Lei 11.108/2005, toda mulher tem direito a um acompanhante indicado por ela.
O acompanhante é escolhido livremente pela mulher, independente do sexo, tanto nos partos normais quanto nas cesáreas.
Você pode exigir a presença do acompanhante em hospitais públicos, privados, civis, militares e até em hospitais–escola.
A mulher tem direito de ser acompanhada desde a sua entrada, até os dias após o parto.
A presença do acompanhante é a forma mais eficaz de prevenir a
violência obstétrica e é um direito da mulher.
Ambiente acolhedor; Alimentação; Hidratação; Chás; Deambulação; Liberdade de
movimentos; Inclusão da família; Respiração; Massagens; Bamboleio; Banqueta;
Ausculta dos batimentos cardíacos fetais. Bola; Cócoras; Cavalinho; Banquinho; Aromaterapia; Reboza; Musicoterapia (música
ambiente); Acompanhante; Banho;
HUMANIZAÇÃO DO PARTO
SEUS DIREITOS
O programa de Humanização no
Pré-natal está estruturado nos
seguintes principios:
Toda gestante tem direito de saber e ter assegurado o
acesso à maternidade em
que será atendida no momento do
parto.
Toda gestante tem direito ao
atendimento digno e de
qualidade no decorrer da
gestação, parto e puérperio.
Todo recém-nascido tem
direito à assistencia
neonatal de forma humanizada e
segura.
COMO DENUNCIAR A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA SOFRIDA?
Reunir documentos como cópia do prontuário médico e o cartão de
acompanhamento da gestação.
Além de providências judiciais, você também pode fazer uma
denúncia contra a pessoa que praticou a violência em seus Conselhos
de classe.
Autoria:
Ruth Davi de Gois – pesquisadora
Universidade Federal do Pará (UFPA)
E-mail: [email protected]
Profª. Dra. Heliana Helena de Moura Nunes – orientadora
Universidade Federal do Pará (UFPA)
ANEXOS
86
ANEXO A
CARTA DE ACEITE
Aceitamos a execução da pesquisa na Maternidade deste hospital sobre o tema: “Experiência
e vivência das puérperas quanto ao parto humanizado: uma proposta educativa”, de
autoria da mestranda do Programa de Pós-graduação em Gestão e Saúde na Amazônia –
Mestrado Profissional da Fundação Santa casa de Misericórdia do Pará, Ruth Davi de Gois.
Sob a condição da mestranda apresentar cópia impressa da versão final do trabalho de
conclusão de curso encadernada e em formato PDF no Setor de Educação Permanente deste
hospital, assim como realizar a apresentação oral para os servidores em data a ser definida
pela Gestão do Hospital.
Período da coleta de dados: Outubro/Novembro de 2015
Belém/PA, ___ de __________ de 2016.
Andréia Gomes de Aragão
Diretora HRAS / SESPA