governo de portugal vacinas extra programa fileas vacinas são o meio mais eficaz e seguro de...

17
ACES Grande Porto III Maia- Valongo ARSNorte IP Governo de Portugal Elaboração Data: Janeiro 2015 Por: Conceição Fontes (médica) Inês Filipe (enfermeira) Aprovação Conselho Geral Data: 17/2/2015 e VACINAS EXTRA PROGRAMA NACIONAL VACINAÇÃO AJUDA NA TOMADA DE DECISÕES UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR DE VALONGO

Upload: others

Post on 12-Sep-2019

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

ACES Grande Porto III Maia-

Valongo

ARSNorte IP

Governo de Portugal

Elaboração

Data: Janeiro 2015

Por:

Conceição Fontes (médica)

Inês Filipe (enfermeira)

Aprovação Conselho Geral

Data: 17/2/2015

e

VACINAS EXTRA PROGRAMA

NACIONAL VACINAÇÃO

AJUDA NA TOMADA DE DECISÕES

UNIDADE DE SAÚDE

FAMILIAR DE VALONGO

Page 2: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

As vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças,

garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total, maior capacidade de

resistência na eventualidade da doença surgir.

As vacinas funcionam «ensinando» o sistema imunitário (as defesas naturais do

organismo) a defender-se contra uma doença. Quando um indivíduo recebe a vacina, o

seu sistema imunitário reconhece as partes da bactéria contidas na vacina como

«corpos estranhos» e fabrica anticorpos para as combater. A partir dessa altura, o seu

sistema imunitário será capaz de produzir anticorpos mais rapidamente em caso de

nova exposição à bactéria. A vacina contribui para aumentar a capacidade de defesa

contra a doença. Pode ser necessário receber várias doses da mesma vacina para que

esta seja eficaz podendo ainda ser administradas doses de reforço.

O Plano Nacional de Vacinação (PNV) é da responsabilidade do Ministério da

Saúde e integra as vacinas consideradas mais importantes para defender a saúde da

população portuguesa. A sua administração é gratuita.

As vacinas extra PNV só podem ser obtidas mediante receita médica. A decisão

sobre a vacinação deve ser tomada em conjunto com o médico assistente e os pais.

Estes deverão ser informados do estado de conhecimento atual sobre a vacinação,

nomeadamente quanto à sua segurança e eficácia.

Page 3: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

2 [VACINAS EXTRA PNV- AJUDA NA TOMADA DE DECISÕES]

Vacina conjugada contra Streptococcus pneumoniae

Que doença pretende prevenir?

Streptococcus pneumoniae é uma bactéria que pode causar desde otite média

aguda, pneumonia, meningite e/ou sepsis. Estas infeções são frequentes em idade

pediátrica, particularmente abaixo dos 2 anos de idade. O seu reservatório é a

nasofaringe humana. Os portadores são a fonte principal de transmissão da bactéria.

Tem havido uma redução da incidência de Doença Invasiva Pneumocócica (DIP)

no grupo etário abaixo dos 18 anos, de 8.2 casos/100,000 em 2008-09 para 4.5/100,00

em 2011-12.

Quais as vacinas disponíveis?

Atualmente existem dois tipos de vacinas antipneumocócicas em Portugal:

a) A vacina polissacarida 23-valente (VPP23) que protege contra os serotipos 1, 2, 3,

4, 5, 6B, 7F, 8, 9N, 9V, 10A, 11A, 12F, 14, 15B, 17F, 18C, 19A, 19F, 20, 22F,

23F,33F. Esta vacina é pouco eficaz abaixo dos 2 anos de idade, sendo a sua

utilização reservada para grupos de risco acima desta idade.

b) As vacinas conjugadas com resposta eficaz mesmo em lactentes e em crianças com

menos de 2 anos, grupo etário que apresenta risco mais elevado de DIP. Têm ainda

a vantagem de induzirem memória imunológica, atuarem no estado de portador

nasofaríngeo e consequentemente conferirem proteção indireta a não vacinados.

Em Portugal está disponível a vacina conjugada 13-valente (VCP13v –

Prevenar13®) que inclui os serotipos 1, 3, 4, 5, 7F, 6A, 6B, 9V, 14, 18C, 19A, 19F e

23F.

A Direcção-Geral da Saúde (DGS), na sua circular normativa n.º 12/DSPCD de

9/6/2010, definiu a VCP13v como a recomendada para Portugal. De acordo com os

dados epidemiológicos nacionais do GEDIP, de 2010-2012, a VCP13v cobre 71,1% dos

casos de DIP, mantendo-se assim esta recomendação.

Como é administrada a vacina?

A VCP13v é administrada por injeção intramuscular. Tem indicações para

utilização entre as 6 semanas e os 17 anos de idade na prevenção de DIP, pneumonia

e otite média aguda.

Page 4: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

Quais os efeitos secundários da vacina?

Qualquer medicamento pode ter efeitos indesejáveis, como uma reação alérgica

grave. No entanto, o risco de efeitos graves ou morte em resultado da vacina é muito

reduzido. Os efeitos secundários mais frequentes observados com a vacina (mais de 1

em cada 10 crianças) são: diminuição do apetite, febre, irritabilidade, reações no local

da injeção (vermelhidão ou endure- cimento da pele, inchaço, dor ou sensibilidade à

palpação), sonolência e sono agitado.

Os ensaios clínicos de boa qualidade a que a vacina foi sujeita foram realizados

nos Estados Unidos, África, Filipinas e Finlândia. Há alguma incerteza na transposição

dos resultados para a realidade sociogeográfica portuguesa.

Quais as contraindicações da vacina?

A VCP13v está contraindicado em pessoas hipersensíveis (alérgicas) às

substâncias ativas, a qualquer outro componente da vacina ou ao toxoide diftérico (uma

toxina enfraquecida da bactéria que causa difteria). Em caso de febre alta, a

administração da vacina deve ser adiada até os indivíduos estarem recuperados; no

entanto, em caso de infeção ligeira como, por exemplo, uma constipação, a vacina pode

ser administrada.

Sociedade de Infecciologia Pediátrica / Sociedade Portuguesa de Pediatria - Comissão de

Vacinas, Recomendações sobre vacinas: Actualização 2014, Junho 2014.

Direcção-Geral de Saúde – Circular Normativa n.º 12/DSPCD de 9/6/2010. Ministério da

Saúde. Portugal. 2010.

European Medicines Agency - Resumo do EPAR destinado ao publico Prevenar 13, 06-

2013.

Recomendações publicadas pelas Secções de Infecciologia e de Gastrenterologia e Nutrição

Pediátrica da SPP em 2007

Page 5: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

4 [VACINAS EXTRA PNV- AJUDA NA TOMADA DE DECISÕES]

Vacina contra Neisseria meningitidis serogrupo B

Que doença pretende prevenir?

A doença invasiva meningocócica (DIM) é uma infeção grave causada por

Neisseria meningitidis. É endémica no mundo inteiro e constitui um problema de saúde

pública devido à sua elevada morbilidade (incidência, gravidade e sequelas),

principalmente em crianças menores de dois anos de idade.

O homem é o único reservatório conhecido de N. meningitidis colonizando o

trato respiratório superior. A duração do estado de portador é variável de apenas alguns

dias a semanas ou mesmo meses. A transmissão faz-se pessoa a pessoa pelas

secreções respiratórias de um portador são ou indivíduo doente. O período de

incubação é, habitualmente, de três a quatro dias mas pode variar de dois a sete dias.

As formas mais graves são a sépsis e a meningite podendo apresentar-se as duas

formas no mesmo doente.

A taxa de incidência global da doença meningocócica em 2012 em Portugal foi

de 0,7 por 100 000 habitantes. Entre 2008 e 2012, a incidência média anual nos

menores de 1 ano de idade foi de 20,2 casos/100.000 habitantes, diminuindo para

6,3/100.000 habitantes no grupo etário 1-4 anos e para 1,9/100.000 habitantes no grupo

etário 5-9 anos. A média anual da incidência foi inferior a 1/100.000 habitantes nos

restantes grupos etários. A taxa de letalidade situa-se entre os 5% e os 14% sendo que

11 a 19% sobrevivem com alguma sequela a longo prazo. Entre elas, sequelas

neurológicas, perda de audição, alterações cognitivas, cicatrizes cutâneas e

amputações. A forma mais eficaz de controlo da infeção meningocócica é a vacinação.

Vacinas disponíveis?

A vacina 4CMenB (Bexsero®) demonstrou ser imunogénica, segura e induzir

memória imunológica em todos os grupos etários. A Agência Europeia do Medicamento

(EMA) aprovou a utilização da vacina em crianças a partir de dois meses de idade, com

administração de doses intervaladas de um ou dois meses

Foi desenvolvido um sistema para calcular a percentagem de estirpes

circulantes numa dada região que expressam, pelo menos, um dos antigénios da vacina

e, desta forma, calcular a probabilidade de serem mortas pelos anticorpos induzidos

pela vacinação. A cobertura estimada para a Europa é de 78% contudo as estirpes

portuguesas não foram testadas pelo que não é possível calcular com precisão a

cobertura estimada para Portugal.

A informação atualmente disponível sobre a única vacina conjugada licenciada

para meningococos do serogrupo B, a vacina 4CMenB, não é ainda suficiente para

Page 6: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

fundamentar uma eventual política de vacinação em Portugal, uma vez que não são

ainda conhecidos: a concordância dos antigénios da vacina com as estirpes invasivas

em circulação em Portugal responsáveis por DIM por serogrupo B; o efeito de

imunidade de grupo conferido pela vacina; e a duração da imunidade após vacinação.

Como é administrada a vacina?

A vacina é administrada por injeção profunda num músculo, preferivelmente no

músculo do ombro, ou no músculo da coxa.

Segundo o Resumo das Características do Medicamento (RCM), a vacina

4CMenB pode ser utilizada a partir dos dois meses de idade, com esquemas de

vacinação que dependem da idade à data da primeira inoculação.

Quais os efeitos secundários da vacina?

Os efeitos secundários esperados como febre (10 a 15%) e reações locais têm

uma incidência semelhante às vacinas do PNV e são facilmente controláveis com

paracetamol.

Os efeitos secundários mais frequentes associados à vacina nas crianças até

aos 10 anos de idade (observados em mais de 1 doente em cada 10) são perda de

apetite, sonolência, choro invulgar, diarreia, vómitos, erupção cutânea, febre e

irritabilidade, bem como sensibilidade, tumefação, induração e vermelhidão da pele no

local de injeção. Os efeitos secundários mais frequentes associados nos adolescentes

(observados em mais de 1 doente em cada 10) são dores de cabeça, náuseas

(sensação de enjoo) e mal-estar geral, mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular),

bem como dor, tumefação, induração e vermelhidão da pele no local de injeção.

A administração, em simultâneo, com as vacinas do PNV e pneumocócica

conjugada foi, também, avaliada verificando-se compatibilidade. No entanto, os

resultados para a imunogenicidade para o pneumococo serotipo 6B, vírus polio

inativado tipo 2 e pertactina foram inconsistentes desconhecendo-se a relevância clínica

destes achados. Por outro lado, a frequência de efeitos secundários, locais e

sistémicos, é maior quando administrada em simultâneo com as vacinas do PNV.

Quais as contraindicações da vacina?

Não deve ser utilizado em pessoas que são hipersensíveis (alérgicas) às

substâncias ativas ou a qualquer outro componente do medicamento.

Page 7: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

6 [VACINAS EXTRA PNV- AJUDA NA TOMADA DE DECISÕES]

Simões, M.J.; Fernandes, T.; Gonçalves, P.; Bettencourt, C.; Furtado C. - Doença

meningocócica do serogrupo B (MenB) em Portugal: uma reflexão sobre estratégias de

imunização, pp. 28-32 Boletim Epidemiológico Observacões, Volume 3 - Número

10, Outubro - Dezembro 2014 ISSN: 0874-2928 | ISSN: 2182-8873 (em linha)

European Medicines Agency - Resumo do EPAR destinado ao publico Bexero, 12-2012.

Page 8: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

Vacina contra rotavírus

Que doença pretende prevenir?

A gastrenterite aguda (GEA) é uma patologia comum nos primeiros anos de

vida, tanto em países industrializados como em vias de desenvolvimento. Existem

vários tipos de rotavírus que provocam gastroenterite. Nos países desenvolvidos,

grande parte dos casos de GEA por rotavírus não necessita de hospitalização, mas o

impacto desta patologia na saúde pública é muito significativo.

Vacinas disponíveis?

Em Portugal estão disponíveis duas vacinas contra o Rotavirus. A Rotarix

contém uma forma viva atenuada (enfraquecida) do rotavírus humano (estirpe

RIX4414); a RotaTeq contém cinco estirpes vivas de rotavírus, cada qual com um

antigénio diferente (G1, G2, G3, G4 e P1[8]).

Encontram-se disponíveis sob a forma de solução, apresentada numa bisnaga

unidose.

Vacina RotaTeq® Rotarix®

Laboratório SPMSD GSK

Tipo Viva Viva

Composição Reagrupamento bovino-humano

G1, G2, G3, G4; P(8)

Humana atenuada

G1; P(8)

Número de doses 3 2

Via de administração Oral Oral

Tabela 1 – Características das vacinas contra Rotavírus

Como é administrada a vacina?

A vacina é administrada via oral. Pode ser administrada a partir das seis

semanas sendo o intervalo entre cada dose de pelo menos quatro semanas.

Pode ser administrada com outras vacinas.

Quais os efeitos secundários da vacina?

Page 9: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

8 [VACINAS EXTRA PNV- AJUDA NA TOMADA DE DECISÕES]

Os efeitos adversos mais comuns com a Rotarix® (entre 1 e 10 crianças em

100) são diarreia e irritabilidade e, com a RotaTeq® (1 criança em 10), são a febre,

diarreia e vómitos.

Quais as contraindicações da vacina?

A vacina monovalente (Rotarix®) está contra-indicada se história clínica de alergia ao látex e deverá ser administrada com precaução se o lactente tiver espinha bífida ou extrofia vesical (alergia cruzada ao látex). O uso do RotaTeq é também contraindicado em bebés com antecedentes de intussusceção (invaginação do intestino delgado) ou que tenham problemas intestinais que possam predispor a casos de intussusceção, bem como em bebés com o sistema imunitário debilitado.

Sociedade de Infecciologia Pediátrica Secção de Gastrenterologia e Nutrição Pediátrica da

Sociedade Portuguesa de Pediatria - Recomendações para a Vacina Contra Rotavírus, 7 de Fevereiro de 2009

Actualização das Recomendações publicadas pelas Sociedade de Infecciologia Pediátrica e Secção de Gastrenterologia e Nutrição Pediátricas da SPP, em 2009.

Page 10: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

Vacina contra o vírus da hepatite A

Que doença pretende prevenir?

A Hepatite A é uma infeção provocada pelo vírus da Hepatite A (VHA) que entra

no organismo através do aparelho digestivo e multiplica-se no fígado, causando neste órgão a inflamação denominada hepatite A.

A hepatite A transmite-se de pessoa para pessoa quando os alimentos ou a água estão contaminados por dejetos contendo o vírus, daí que seja mais frequente em países menos desenvolvidos, devido à precariedade do saneamento básico, e incida, principalmente, em crianças e adolescentes (50 por cento dos casos acontece antes dos 30 anos). A infeção pelo vírus da Hepatite A (VHA) na criança é geralmente benigna, evolui naturalmente para a cura, e muitas vezes não produz sintomas, sendo a prevalência de insuficiência hepática aguda inferior a 1/1.000 casos.

As crianças com maior risco são as crianças com doenças hepáticas, residentes em instituições ou que pretendam viajar para países de risco, devido às más condições sanitárias.

Vacinas disponíveis?

A vacina contra a hepatite A foi obtida a partir do vírus inativo, é considerada

bastante eficaz e não tem quaisquer contraindicações. É uma vacina de vírus inactivado, segura, com elevado grau de imunogenicidade, confere protecção duradoira e não interfere com as outras vacinas. Dado o VHA ter reservatório quase exclusivamente humano, a erradicação da doença será possível com a vacinação universal, associada à melhoria das condições sanitárias dos países mais desfavorecidos.

Em Portugal, existem duas vacinas: uma que previne a infeção causada pelo VHA (Havrix®) e outra, conhecida por combinada, que protege igualmente contra a hepatite B (Twinrix®).

A vacina da hepatite A pode ainda ser usada na profilaxia pós-exposição, em vez da imunoglobulina, com resultados sobreponíveis.

Como é administrada a vacina? As vacinas são administradas por via intramuscular no músculo recto lateral

(coxa) ou deltóide (braço). Num ensaio clínico que envolveu mais de 40 mil crianças tailandesas, com 1-16

anos, a eficácia na prevenção de episódios de hepatite A foi de 94%, após uma segunda dose, e de 98%, após uma terceira dose.

Quais os efeitos secundários da vacina?

Page 11: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

10 [VACINAS EXTRA PNV- AJUDA NA TOMADA DE DECISÕES]

Os efeitos secundários são raros e, caso se façam sentir, são ligeiros, prendem-

se com a própria toma, ou seja: dor, vermelhidão e inchaço no local da picada. Em alguns casos, verificam-se sintomas semelhantes aos da gripe (febre, dor de cabeça, arrepios, dores nos músculos e articulações) mas, normalmente, duram um dia. Mais raros ainda são os casos em que origina diarreia ou urticária.

Quais as contraindicações da vacina?

Não se recomenda abaixo dos 12 meses de idade. Admite-se que os anticorpos

maternos, eventualmente presentes no primeiro ano de vida, possam neutralizar a vacina.

Sociedade Portuguesa De Pediatria RECOMENDAÇÕES PARA A VACINAÇÃO CONTRA O

VÍRUS DA HEPATITE A Secções de Infecciologia e de Gastrenterologia e Nutrição Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria, pp: 268-270, Vol 38, Nº 6, Novembro – Dezembro, 2007

Page 12: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

Vacina contra o vírus da Varicela

Que doença pretende prevenir?

A varicela, causada pelo vírus Varicella-zoster (VZV), é uma doença contagiosa

de origem viral que afeta, sobretudo, crianças. Inicia-se no trato respiratório e dissemina-se depois pelo organismo atingindo a pele.

A varicela é uma infecção banal durante a infância. Caracteriza-se por uma erupção na pele que se generaliza por todo o corpo, com prurido associado, muitas vezes precedido por febre e mal-estar. As complicações da doença são raras. Em regra, a doença deixa imunidade permanente, pelo que as pessoas só contraem varicela uma vez na vida.

Como outros herpesvírus o VZV tem capacidade de permanecer latente nos gânglios nervosos e pode reativar originando uma doença conhecida por zona. A infeção por VZV é passível de ser prevenida por vacinação.

Vacinas disponíveis?

A vacina contra a varicela é uma vacina viva atenuada que visa a proteção de

adultos e crianças contra o vírus Varicela-Zoster. A vacina não confere total imunidade contra o vírus, no entanto pode ajudar a diminuir as consequências mais graves associadas ao desenvolvimento da doença.

Existem duas vacinas comercialmente disponíveis: a Varivax® e a Varilix®. A Varivax® contém o vírus da varicela vivo, atenuado, da estirpe Oka

(Oka/Merck), produzido em células diploides humanas. Esta vacina pode ser administrada a pessoas com idade igual ou superior a 12 meses. Pode também ser utilizada pós-exposição para pessoas sem história prévia de varicela, mas que tiveram contato com alguém infetado, durante o período contagioso, um vez que a vacinação no período de 3 a 5 dias após a exposição ao vírus pode ajudar a prevenir ou, pelo menos, reduzir a gravidade da doença, resultando num menor número de lesões na pele e na diminuição da duração da doença. É necessário ter em atenção que, até 6 semanas após a administração da vacina, a criança (ou adulto) deve evitar contatar indivíduos suscetíveis, nomeadamente, grávidas e recém-nascidos, imunocomprometidos e adultos que nunca tiveram varicela.

A Varilix® contém também o vírus atenuado da varicela-zoster (estirpe OKA). Tal como a vacina anterior, pode ser administrada em indivíduos saudáveis com idade igual ou superior a 12 meses e poderá também ser utilizada em situações de profilaxia, em casos de doentes sem antecedentes de varicela, ou como prevenção da doença em indivíduos que mantenham contato com doentes de alto risco de varicela grave, para reduzir o risco de transmissão de VZV selvagem a estes doentes.

A imunogenicidade das vacinas varia de acordo com o grupo de população vacinada, sendo os melhores resultados obtidos em crianças saudáveis, mas não existem, aparentemente, grandes diferenças entre as duas vacinas.

Page 13: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

12 [VACINAS EXTRA PNV- AJUDA NA TOMADA DE DECISÕES]

Enquanto que a imunidade natural que resulta da exposição à doença, é para

toda a vida, desconhece-se a duração da imunidade induzida pela vacinação a longo prazo.

Como é administrada a vacina? As vacinas são administradas por via intramuscular no músculo recto lateral

(coxa) ou deltóide (braço).

Quais os efeitos secundários da vacina?

De acordo com o folheto informativo que resume as características do

medicamento, aprovado pelo INFARMED em 2012, os efeitos secundários da Varivax incluem afeções do sistema nervoso, paralisia de Bell (músculos faciais descaídos e pálpebra descaída de um lado da face), instabilidade ao andar e tonturas, dormência das mãos e dos pés, faringite, manchas na pele (púrpura Henoch-Schönlein), infeções bacterianas secundárias da pele e tecidos moles, anemia aplástica e palidez grave.

No resumo das características do medicamento, aprovado pelo INFARMED em 2011, são identificados como efeitos secundários da Varilix dor e vermelhidão no local da injeção, muito frequentemente, e, frequentemente, erupções cutâneas, inchaço no local da injeção e febre, podendo também desenvolver infeções o nível do trato respiratório superior, faringite, linfadenopatia, irritabilidade, dores de cabeça e sonolência, tosse, rinite, náuseas e vómitos, erupções cutâneas tipo varicela e prurido, artralgia e mialgia, fadiga e mal-estar geral.

Quais as contraindicações da vacina?

As crianças com algum tipo de compromisso imunitário. Em caso de: antecedentes de alergia a qualquer dos constituintes da vacina

contra a varicela, à gelatina ou neomicina; doenças sanguíneas, leucemia, linfomas ou outras neoplasias malignas que afetem o sistema circulatório e linfático; imunodeficiência ou tratamento com imunossupressores (incluindo doses elevadas de corticosteroides); tuberculose ativa não tratada; qualquer afeção febril com temperatura acima de 38,5ºC.

Ribeiro, F. Varicela: Vacinação e Epidemiologia Universidade Fernando Pessoa, Porto 15 de

Julho de 2013 [Em linha: consultado a 7 de Fevereiro de 2014]

Page 14: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

Vacina contra vírus da gripe

Que doença pretende prevenir?

A gripe sazonal é uma doença viral contagiosa provocada pelo vírus Influenza,

que ocorre de forma epidémica durante os meses de Inverno. É uma das doenças transmissíveis mais significativas e mais comuns, constituindo uma causa importante de morbilidade e mortalidade.

Em alguns casos, as complicações vão além de uma infeção respiratória autolimitada, resultando numa pneumonia grave ou noutras complicações secundárias, por vezes fatais. Estas complicações são muito mais comuns entre os idosos e entre as pessoas com patologias crónicas subjacentes.

Vacinas disponíveis?

A vacina é composta pelo vírus influenza inativado e fragmentado. É indicada

principalmente para pessoas que têm um risco elevado de complicações associadas A gripe sazonal pode ser atenuada através da vacinação, mas o vírus sofre

alterações frequentes da sua composição antigénica, pelo que a composição das vacinas é regularmente revista pelos peritos da Organização Mundial da Saúde (OMS). Desta forma, pode ser necessário o reforço da vacina todos os anos.

O período de incubação da gripe é de poucos dias, pelo que se a pessoa vacinada foi exposta ao vírus da gripe imediatamente antes ou após a vacinação, pode ainda desenvolver a doença.

A seroproteção é geralmente obtida em 2 a 3 semanas. A duração da imunidade, pós-vacinação, a estirpes homólogas, ou a estirpes estreitamente relacionadas com as estirpes da vacina, varia, mas é normalmente de 6 a 12 meses.

Como é administrada a vacina? As vacinas são administradas por via intramuscular no músculo recto lateral

(coxa) ou deltóide (braço).

Quais os efeitos secundários da vacina?

São efeitos secundários frequentes: dores de cabeça, sudaçãodores

musculares, dores nas articulações, febre, mal-estar geral, arrepios, fadiga e reações locais: vermelhidão, inchaço, dor, nódoa negra, endurecimento à volta da área onde a vacina é injetada. Também estão descritos efeitos secundários de maior gravidade, mas são raros.

Page 15: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

14 [VACINAS EXTRA PNV- AJUDA NA TOMADA DE DECISÕES]

Quais as contraindicações da vacina?

Hipersensibilidade às substâncias ativas, a qualquer dos excipientes ou aos

componentes que podem estar presentes em quantidades residuais, tais como ovos (ovalbumina, proteínas de galinha), formaldeído, sulfato de gentamicina e deoxicolato de sódio.

A resposta imunológica pode ser diminuída em doentes submetidos a terapêutica imunossupressora.

Jornal Oficial da União Europeia - Recomendação do Conselho da União Europeia de 22 de Dezembro de 2009 sobre a vacinação contra a gripe sazonal (2009/1019/UE)

Page 16: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

Vacina contra o papiloma vírus humano

Que doença pretende prevenir?

O Papiloma Vírus Humano é um vírus que atinge pele e mucosas com

transmissão preferencialmente por via sexual, com uma taxa de transmissibilidade muito alta. O vírus infecta as camadas basais do epitélio, penetrando através de microtraumatismos, que costumam produzir-se durante as relações sexuais, não necessariamente coitais. Práticas sexuais potencialmente traumáticas, como o coito anal são mais facilitadoras da transmissão.

A prevalência da infeção por HPV em Portugal, no grupo etário dos 20-24 anos, foi de 28,8%, diminuindo em valores à volta dos 10% em mulheres até aos 49 anos e nas mulheres dos 50 aos 65 anos a prevalência foi cerca de 6%. Estima-se que em Portugal cerca 5% das mulheres, dos 25 aos 65 anos, apresenta uma citologia anormal.

Vacinas disponíveis?

Existem duas vacinas – Gardasil® e Cervarix® - e são compostas por partículas

semelhantes aos vírus (VLP). Estas VLPs têm grande semelhança com os viriões do HPV, mas não contêm material genético, pelo que não são infeciosas, nem oncogénicas. Alem das VLPs, que estimulam a resposta dos anticorpos, as vacinas contêm adjuvantes com o objetivo de prolongar a imunidade com menor dose de antigénio e ter uma resposta imune 60-100 vezes superior à da infeção natural.

O Gardasil é uma vacina, sob a forma de suspensão injetável contendo proteínas purificadas para quatro tipos do papilomavírus humano (tipos 6, 11, 16 e 18). O Cervarix apresenta-se na forma de uma suspensão injetável contendo proteínas purificadas para dois tipos do papilomavírus humano (tipos 16 e 18).

O objetivo principal da vacinação consiste na prevenção do Cancro do Colo do Útero (CCU) Os objetivos associados são a prevenção de outros cancros relacionados com HPV. O objetivo de médio prazo é a prevenção das neoplasias precursoras do CCU. A Gardasil® pode também prevenir as neoplasias precursoras da vulva e vagina. O objectivo a curto prazo da vacinação contra a infecção por HPV é uma redução significativa dos resultados citológicos cervicais anómalos, que incluem atipias incertas, escamosas ou glandulares (ASC-US e AGC) e lesões intra-epiteliais de baixo grau (LSIL) que não representam mais do que a resposta cito-histológica aguda à presença vírica, transitória na maioria das vezes. A Gardasil® oferece também protecção a curto prazo para as verrugas genitais e provavelmente para a papilomatose respiratória recorrente, causada pelos tipos 6 e 11 do HPV.

A evidência de memória imunológica demonstrada por ambas as vacinas é um indicador muito promissor de uma longa e eficaz protecção.

As vacinas contra o HPV não são vacinas vivas. Podem potencialmente ser administradas em simultâneo ou em qualquer altura, antes ou após vacinas vivas ou inactivadas. O uso de anticonceptivos não teve influência demonstrada nos ensaios clínicos, nem na resposta imunológica para nenhuma das vacinas.

Estão indicadas para administração a raparigas e rapazes a partir dos 9 anos.

Page 17: Governo de Portugal VACINAS EXTRA PROGRAMA fileAs vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças, garantindo imunidade ou, no caso de esta não ser total,

16 [VACINAS EXTRA PNV- AJUDA NA TOMADA DE DECISÕES]

Como é administrada a vacina? A administração é intramuscular para ambas as vacinas. O local de

administração recomendado é a região deltóide, da parte superior do braço. Está demonstrado, que as vacinas podem ser administradas de forma

concomitante com a vacina da Hepatite B (recombinante), mas em local diferente, bem como com a vacina de reforço combinada contra a Difteria, Tétano, Tosse Convulsa com ou sem Poliomielite inactivada.

Quais os efeitos secundários da vacina?

Os efeitos secundários mais frequentes associados (observados em mais de 1

indivíduo em cada 10) são dores de cabeça, mialgia (dores musculares), reações no local da injeção, incluindo dor, vermelhidão e inchaço, e fadiga (cansaço).

Quais as contraindicações da vacina?

A vacinação deve ser adiada em indivíduos com doença aguda grave que cursa

com febre. No entanto, a presença de infecção ligeira não é uma contra-indicação para a imunização.

As vacinas estão contra-indicadas quando há hipersensibilidade à substância activa ou a qualquer dos excipientes.

Sociedade Portuguesa de Ginecologia - Secção Portuguesa de Ginecologia oncológica, Vacinas contra o HPV, Reunião de Consenso Nacional Cascais, 19 e 20 de Março de 2010