governo de estado do acre - faculdade de educação · trabalho pedagógico com as diferentes...

Governo de Estado do Acre SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCACcedilAtildeO

Seacuterie Cadernos de Orientaccedilatildeo Curricular

Orientaccedilotildees Curriculares

para o Ensino Meacutedio

CADERNO 1 - Filosofia

Rio Branco ndash Acre

2010

Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo

Introduccedilatildeo

O papel da escola hoje

Os adolescentes e jovens lsquoadotadosrsquo como alunos

Os propoacutesitos da Educaccedilatildeo Baacutesica nestes tempos que vivemos

Do que falamos quando falamos em objetivos conteuacutedos e atividades

Uma nota sobre conceitos de avaliaccedilatildeo

Breves consideraccedilotildees sobre os temas transversais ao curriacuteculo

O lugar da Histoacuteria e da Cultura Afro-Brasileira na educaccedilatildeo escolar

Referecircncias Curriculares

Breves consideraccedilotildees sobre o ensino de Filosofia

Contribuiccedilotildees agrave formaccedilatildeo dos alunos

Filosofia e as outras aacutereas curriculares

Objetivos do ensino

Referecircncias Curriculares Objetivos Conteuacutedos Propostas de Atividade e Formas de Avaliaccedilatildeo

Sugestotildees de materiais de apoio

Bibliografia

Todos teratildeo direito a receber educaccedilatildeo

Todos teratildeo direito a uma educaccedilatildeo capaz de promover a sua cultura geral e capacitaacute-los a em condiccedilotildees de iguais oportunidades desenvolver as suas aptidotildees sua capacidade de emitir juiacutezo e seu senso de responsabilidade moral e social e a tornar-se uacutetil na sociedade

Texto baseado na Declaraccedilatildeo Nacional dos Direitos d a Crianccedila


Cadernos para o professor

Esta publicaccedilatildeo integra a Seacuterie Cadernos de Orientaccedilatildeo Curricular que reuacutene subsiacutedios para o trabalho pedagoacutegico com as diferentes aacutereas curriculares e eacute destinada aos professores do Ensino Meacutedio de todas as escolas puacuteblicas do Acre

Em 2008 e 2009 foram elaborados subsiacutedios semelhantes para os professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental que vecircm se constituindo em importantes referecircncias para o planejamento pedagoacutegico nas escolas E para os anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio foi elaborada recentemente a publicaccedilatildeo Planejamento Escolar ndash Compromisso com a aprendizagem um texto complementar importante com enfoque nas questotildees de avaliaccedilatildeo planejamento e intervenccedilatildeo pedagoacutegica e com alguns toacutepicos coincidentes com o conteuacutedo deste Caderno

A finalidade dessas publicaccedilotildees eacute apoiar as equipes escolares no processo de concretizaccedilatildeo do curriacuteculo ndash um curriacuteculo que assegure a melhor aprendizagem possiacutevel para todos os alunos razatildeo de ser da educaccedilatildeo escolar e de tudo o que se faz nos sistemas de ensino Tambeacutem por essa razatildeo haacute um processo de formaccedilatildeo de professores em curso cujo conteuacutedo principal satildeo as Orientaccedilotildees Curriculares ora propostas que satildeo desdobramentos atualizados dos Paracircmetros e Referenciais Curriculares elaborados anteriormente

Em relaccedilatildeo a este material eacute importante natildeo perder de vista que por mais flexiacutevel que seja toda proposta curricular estabelece ainda que de modo geral quais satildeo as conquistas esperadas progressivamente a cada ano de escolaridade tendo em conta o que foi estabelecido nos anos anteriores Assim tomar como referecircncia o que preveem os quadros com as orientaccedilotildees curriculares deste Caderno pressupotildee avaliar os conhecimentos preacutevios e o processo de aprendizagem dos alunos tanto porque esse tipo de avaliaccedilatildeo eacute um princiacutepio pedagoacutegico como porque eacute condiccedilatildeo para ajustar as expectativas os conteuacutedos e as atividades especificadas Considerar o que estaacute indicado em cada quadro de cada uma das aacutereas curriculares implica considerar tambeacutem o fato de que os alunos natildeo necessariamente teratildeo os saberes previstos se nos anos anteriores o trabalho pedagoacutegico se orientou por outros pressupostos e por outros indicadores

A iniciativa de neste momento apresentar esses subsiacutedios para os professores acrianos eacute como toda iniciativa na aacuterea educacional decorrente de uma anaacutelise da situaccedilatildeo atual dos desafios hoje colocados e de uma concepccedilatildeo sobre o papel do professor na educaccedilatildeo escolar O propoacutesito central eacute contribuir com os professores do Ensino Meacutedio de todo o Estado do Acre na importante tarefa de ensinar a todos

Equipe de Elaboraccedilatildeo da Seacuterie Cadernos de Orientaccedilatildeo Curricular


Nesta Introduccedilatildeo satildeo abordadas questotildees relacionadas agrave funccedilatildeo social da escola os propoacutesitos Educaccedilatildeo Baacutesica como desdobramentos e alguns caminhos para alcanccedilaacute-los seguidos de algumas consideraccedilotildees importantes sobre objetivos conteuacutedos e atividades de aprendizagem e de avaliaccedilatildeo

O papel da escola hoje1

Hoje talvez mais do que nunca haacute um compromisso eacutetico e pedagoacutegico que natildeo podemos deixar de assumir com as crianccedilas e jovens que satildeo alunos das nossas escolas oferecer todas as possibilidades que estiverem ao nosso alcance para que eles conquistem o conhecimento sobre as lsquocoisas do mundorsquo interessaacute-los com propostas desafiadoras e significativas incentivaacute-los a procurar respostas para suas proacuteprias questotildees mostrar que as suas descobertas intelectuais e suas ideacuteias tecircm importacircncia encorajaacute-los a darem valor ao que pensam potencializar a curiosidade em relaccedilatildeo agraves diferentes aacutereas do conhecimento familiarizando-os ndash desde pequenos e progressivamente - com as questotildees da linguagem da matemaacutetica da fiacutesica da biologia da quiacutemica da tecnologia da arte da cultura da filosofia da histoacuteria da vida social do mundo complexo em que vivemos

Do ponto de vista pedagoacutegico o desafio portanto eacute propor boas situaccedilotildees de ensino e aprendizagem ou seja situaccedilotildees que de fato levem em conta as hipoacuteteses e os conhecimentos preacutevios dos alunos sobre o que pretendemos que eles aprendam e que lhes coloquem novos desafios Assim estaremos cumprindo uma tarefa essencial da educaccedilatildeo escolar favorecer um contato amistoso de todos com o conhecimento nas diferentes aacutereas desde pequenos Ou em outras palavras alimentar os alunos

A esse respeito eacute importante dizer que o professor e linguumlista Egon de Oliveira Rangel presenteou-nos recentemente com uma explicaccedilatildeo beliacutessima sobre o sentido da palavra lsquoalunorsquo e sobre essa condiccedilatildeo nem sempre bem-entendida em que crianccedilas jovens e adultos satildeo colocados na escola Ao referir-se agrave recente histoacuteria da educaccedilatildeo em nosso paiacutes comentando duas perspectivas opostas (uma a que chama de tradicional dominada por preocupaccedilotildees praticamente exclusivas com o que e como ensinar e outra muito diferente ndash e com a qual nos identificamos ndash em que a aprendizagem ou melhor o que jaacute sabemos a respeito dela comanda o ensino) recupera a histoacuteria e desloca o aluno para o lugar de sujeito

Circulou por muito tempo entre os educadores uma versatildeo fantasiosa da etimologia de aluno que atribuiacutea a essa palavra de origem latina a composiccedilatildeo a-lumnus O primeiro componente a- seria um prefixo com significado de lsquoprivaccedilatildeorsquo e o segundo seria uma das formas da palavra lumenluminis (luz) Assim alumnus significaria lsquosem-luzesrsquo Entretanto2 alumnus origina-se natildeo de lumen mas de um antigo particiacutepio de alere

1 Material produzido pela equipe do Instituto Abaporu de Educaccedilatildeo e Cultura e publicado parcialmente nos Cadernos 1 e 2 2 Tal como informam as professoras Maria Emiacutelia Barcellos da Silva e Maria Carlota Rosa da Universidade Federal do Rio de Janeiro que pesquisaram a fundo a etmologia da palavra

(alimentar) e significava lsquocrianccedila de peitorsquo lsquocrianccedila que se daacute para criarrsquo (RANGEL 2000)3

E aliando-se aos que defendem a centralidade do aluno no processo pedagoacutegico ndash que tem como metaacutefora e como razatildeo de ser alimentar as crianccedilas (e jovens) que foram adotadas pela escola ndash o autor acrescenta

Atentos aos movimentos estrateacutegias e processos tiacutepicos do aprendiz numa determinada fase de sua trajetoacuteria e num certo contexto histoacuterico e social haacute os educadores que procuram organizar situaccedilotildees e estrateacutegias de ensino o mais possiacutevel compatiacuteveis e adequadas Nesse sentido o esforccedilo empregado no planejamento do ensino e na seleccedilatildeo e desenvolvimento de estrateacutegias didaacutetico-pedagoacutegicas pertinentes acaba tomando o processo de aprendizagem como princiacutepio metodoloacutegico de base

Tal como indicam os propoacutesitos apresentados mais adiante a tarefa poliacutetica e pedagoacutegica na Educaccedilatildeo Baacutesica eacute tornar a escola de fato um espaccedilo-tempo de desenvolvimento integral dos alunos de ampliaccedilatildeo dos processos de letramento de muacuteltiplas aprendizagens de aquisiccedilatildeo do conhecimento considerado necessaacuterio hoje e de conviacutevio fecundo entre eles Nossa tarefa metaforicamente falando eacute lsquoalimentaacute-losrsquo o que significa garantir

acesso aos saberes praacuteticas e experiecircncias culturais relevantes para o desenvolvimento integral de todos ou seja para o desenvolvimento de suas diferentes capacidades ndash cognitivas afetivas fiacutesicas eacuteticas esteacuteticas de relacionamento pessoal e de inserccedilatildeo social

experiecircncias conhecimentos e saberes necessaacuterios para que possam progressivamente participar da vida social como cidadatildeos

desenvolvimento da personalidade pensamento criacutetico solidariedade social e juiacutezo moral contribuindo para que sejam cada vez mais capazes de conhecer e transformar (quando for o caso) a si mesmos e ao mundo em que vivem

domiacutenio das ferramentas necessaacuterias para continuar aprendendo para aleacutem da escola

Para tanto no que isso diz respeito agrave proposta curricular (que eacute apenas um dos muitos aspectos em jogo) haacute diferentes niacuteveis de concretizaccedilatildeo conforme indicam os Paracircmetros Curriculares Nacionais

Os Paracircmetros Curriculares Nacionais constituem o primeiro niacutevel de concretizaccedilatildeo curricular Satildeo uma referecircncia nacional estabelecem uma meta educacional () Tecircm como funccedilatildeo subsidiar a elaboraccedilatildeo ou a revisatildeo curricular dos Estados e Municiacutepios dialogando com as propostas e experiecircncias jaacute existentes incentivando a discussatildeo pedagoacutegica interna agraves escolas e a elaboraccedilatildeo de projetos educativos assim como servir de material de reflexatildeo para a praacutetica de professores

() O segundo niacutevel de concretizaccedilatildeo diz respeito agraves propostas curriculares dos Estados e Municiacutepios Apesar de apresentar uma estrutura curricular completa os Paracircmetros Curriculares Nacionais satildeo abertos e flexiacuteveis uma vez que por sua natureza exigem adaptaccedilotildees para a construccedilatildeo do curriacuteculo de uma Secretaria ou mesmo de uma escola Tambeacutem pela sua natureza eles natildeo se impotildeem como uma diretriz obrigatoacuteria o que se pretende eacute que ocorram adaptaccedilotildees atraveacutes do diaacutelogo entre estes documentos e as praacuteticas

3 RANGEL Egon de Oliveira Para natildeo Esquecer de que se lembrar na hora de escolher um livro do Guia ndash Livro didaacutetico e sala de aula cocircmodos de usar Brasiacutelia MECSEF 2000 (36) f BBE

jaacute existentes desde as definiccedilotildees dos objetivos ateacute as orientaccedilotildees didaacuteticas para a manutenccedilatildeo de um todo coerente

O terceiro niacutevel de concretizaccedilatildeo refere-se agrave elaboraccedilatildeo da proposta curricular de cada instituiccedilatildeo escolar contextualizada na discussatildeo de seu projeto educativo Entende-se por projeto educativo a expressatildeo da identidade de cada escola em um processo dinacircmico de discussatildeo reflexatildeo e elaboraccedilatildeo contiacutenua Esse processo deve contar com a participaccedilatildeo de toda equipe pedagoacutegica buscando um comprometimento de todos com o trabalho realizado com os propoacutesitos discutidos e com a adequaccedilatildeo de tal projeto agraves caracteriacutesticas sociais e culturais da realidade em que a escola estaacute inserida Eacute no acircmbito do projeto educativo que professores e equipe pedagoacutegica discutem e organizam os objetivos conteuacutedos e criteacuterios de avaliaccedilatildeo para cada ciclo

Os Paracircmetros Curriculares Nacionais e as propostas das Secretarias devem ser vistos como materiais que subsidiaratildeo a escola na constituiccedilatildeo de sua proposta educacional mais geral num processo de interlocuccedilatildeo em que se compartilham e explicitam os valores e propoacutesitos que orientam o trabalho educacional que se quer desenvolver e o estabelecimento do curriacuteculo capaz de atender agraves reais necessidades dos alunos

O quarto niacutevel de concretizaccedilatildeo curricular eacute o momento da realizaccedilatildeo da programaccedilatildeo das atividades de ensino e aprendizagem na sala de aula Eacute quando o professor segundo as metas estabelecidas na fase de concretizaccedilatildeo anterior faz sua programaccedilatildeo adequando-a agravequele grupo especiacutefico de alunos A programaccedilatildeo deve garantir uma distribuiccedilatildeo planejada de aulas distribuiccedilatildeo dos conteuacutedos segundo um cronograma referencial definiccedilatildeo das orientaccedilotildees didaacuteticas prioritaacuterias seleccedilatildeo do material a ser utilizado planejamento de projetos e sua execuccedilatildeo Apesar da responsabilidade ser essencialmente de cada professor eacute fundamental que esta seja compartilhada com a equipe da escola atraveacutes da co-responsabilidade estabelecida no projeto educativo

A perspectiva agora em se tratando da proposta atual para o Estado do Acre eacute desenvolver uma parceria lsquoexperientersquo para apoiar as escolas na efetivaccedilatildeo do terceiro niacutevel de concretizaccedilatildeo do curriacuteculo ou seja na definiccedilatildeo dos desdobramentos do que estaacute previsto nos documentos curriculares existentes em algo que se assemelhe a um plano geral de ensino especiacutefico da disciplina ndash a que chamaremos aqui de quadro curricular Desse modo entendemos que seraacute possiacutevel contribuir para a consolidaccedilatildeo dos propoacutesitos especificados mais adiante e consequumlentemente com a melhor aprendizagem possiacutevel para os alunos das seacuteries mais avanccediladas da Educaccedilatildeo Baacutesica


A instituiccedilatildeo escolar soacute poderaacute cumprir com a tarefa social de garantir acesso e permanecircncia do aluno na escola qualidade de sua aprendizagem e desenvolvimento das capacidades que contribuam para sua formaccedilatildeo como pessoa se souber minimamente lsquoquem eacutersquo esse aluno ndash tendo em conta os processos de construccedilatildeo do conhecimento de socializaccedilatildeo de constituiccedilatildeo da identidade de construccedilatildeo de projetos de vida de interaccedilatildeo com o mundo em que vive Avanccedilar na compreensatildeo de como se datildeo esses processos eacute um desafio necessaacuterio

Em condiccedilotildees ideais a faixa etaacuteria dos alunos do 5o ao 9o ano seria a de 11 a 14 anos caracterizada como preacute-adolescecircncia e adolescecircncia e no Ensino Meacutedio de 15 a 17 anos final da adolescecircncia No entanto em funccedilatildeo da acentuada defasagem idade-seacuterie caracteriacutestica da

escola brasileira hoje nessa etapa da escolaridade haacute alunos mais velhos ndash o percentual de crianccedilas e adolescentes do Ensino Fundamental com idade acima da correspondente agrave seacuterie eacute superior a 60 e a isso se soma uma grande variaccedilatildeo de faixa etaacuteria sobretudo nas seacuteries mais avanccediladas e nos cursos noturnos Por isso atualmente o universo de alunos natildeo soacute do Ensino Meacutedio mas tambeacutem do 5o ao 9o ano pode ser caracterizado como juvenil uma vez que a noccedilatildeo de juventude inclui tanto os mais novos como os mais velhos

Uma reflexatildeo sobre quem eacute afinal o aluno a quem a educaccedilatildeo escolar se destina exige entretanto ir aleacutem das caracteriacutesticas etaacuterias mais elementares eacute preciso considerar especialmente os aspectos de ordem cognitiva e sociocultural Natildeo pode ignorar as singularidades da populaccedilatildeo juvenil que frequenta a escola sob risco de natildeo ser possiacutevel mediar adequadamente o processo de construccedilatildeo de conhecimento e de cidadania de seus alunos

Infelizmente ainda hoje natildeo haacute conhecimento suficiente sobre a juventude no Brasil - o que existe diz respeito sobretudo a jovens dos grandes centros urbanos o que natildeo daacute conta da diversidade que caracteriza essa fase da vida quase nada se sabe por exemplo sobre a vivecircncia juvenil no meio rural

Considerando uma mesma faixa de idade o que se verifica eacute que geralmente satildeo bem diferentes os adolescentes e jovens que vivem em famiacutelias de classe meacutedia ou de camadas mais populares em um grande centro urbano ou no meio rural com maior ou menor acesso aos bens culturais agrave informaccedilatildeo ao conhecimento Aleacutem disso apesar de todas as transformaccedilotildees fiacutesicas proacuteprias da juventude esta eacute um fenocircmeno social e natildeo haacute definiccedilotildees riacutegidas de iniacutecio e fim isso eacute algo que depende do momento histoacuterico do contexto social e da proacutepria trajetoacuteria familiar e individual de cada um

Em qualquer caso entretanto a sociabilidade ocupa um lugar central na vida dos adolescentes e jovens o grupo de amigos constitui-se em um espaccedilo importantiacutessimo de conviacutevio e busca de respostas para as inquietaccedilotildees preocupaccedilotildees duacutevidas Eacute nesse espaccedilo entre iguais que eles podem vivenciar novas experiecircncias criar siacutembolos de identificaccedilatildeo e laccedilos de solidariedade meios proacuteprios para realizar descobertas (sobre o mundo e sobre si mesmos) necessaacuterias agrave constituiccedilatildeo da proacutepria identidade e dos projetos de vida

Entretanto nem sempre as peculiaridades desse momento da vida tecircm sido consideradas em sua real importacircncia porque a concepccedilatildeo predominante tanto na sociedade como na escola tem o foco no futuro no que seraacute preciso para a vida que viraacute Isso faz com que as necessidades do agora as potencialidades e os valores que devem ser privilegiados na formaccedilatildeo dos adolescentes e jovens para se situarem em relaccedilatildeo ao mundo a si mesmo e aos outros na fase da vida em que estatildeo nem sempre sejam levadas em conta

A possibilidade da escola se constituir de fato em um espaccedilo privilegiado de construccedilatildeo de referecircncias para os alunos em um espaccedilo efetivamente formativo depende do conhecimento que conseguir obter sobre como se daacute o seu processo de constituiccedilatildeo da identidade Natildeo se pode perder de vista por exemplo que particularmente os adolescentes e jovens dos setores populares vecircm sendo socializados no interior de uma cultura da violecircncia marcada por discriminaccedilatildeo e estereoacutetipos socialmente construiacutedos que tende a produzir uma identidade influenciada pelo sentimento de inferioridade Essa cultura estaacute presente em diferentes instacircncias da sociedade inclusive na escola e acaba por prejudicar o desenvolvimento pleno de cada um

Tambeacutem eacute importante considerar que a identidade natildeo deve ser restrita agrave dimensatildeo de auto-imagem individual ou grupal Natildeo eacute apenas a pergunta lsquoquem sou eursquo que os jovens procuram responder enquanto experimentam expressotildees de identidade mas tambeacutem lsquopor onde e para onde voursquo A identidade individual e coletiva de alguma forma interfere na invenccedilatildeo de caminhos para a vida a partir do presente e requer a construccedilatildeo de um conjunto de valores relacionados a estas questotildees existenciais nucleares para todo indiviacuteduo quem eu sou

quem eu quero ser o que quero para mim e para a sociedade Isso exige uma busca de autoconhecimento compreensatildeo da realidade e do lugar social em que se estaacute inserido

Todo jovem de um jeito ou de outro tem projetos que satildeo fruto de suas escolhas conscientes ou natildeo bem como de suas condiccedilotildees afetivas e das oportunidades oferecidas (ou natildeo) socialmente Essas escolhas satildeo ancoradas em uma avaliaccedilatildeo da realidade seja ela qual for conforme as possibilidades de compreensatildeo que cada um tenha de si mesmo e do contexto em que estaacute inserido Os projetos de vida natildeo dizem respeito apenas a um futuro distante mas ao contraacuterio implicam um posicionamento do jovem no presente em relaccedilatildeo ao meio social e ao contexto em que vive tendo em conta os recursos que encontra para lidar com o seu cotidiano Podem ser individuais eou coletivos mais amplos ou restritos com perspectiva de curto ou meacutedio prazo De qualquer modo tendem a ser dinacircmicos transformando-se na medida do amadurecimento dos proacuteprios adolescentes e jovens eou conforme as mudanccedilas no campo das possibilidades que estatildeo dadas ou que satildeo conquistadas

Em relaccedilatildeo aos adolescentes e jovens mais pobres eacute importante considerar que nesse caso agraves inseguranccedilas da proacutepria condiccedilatildeo juvenil somam-se as dificuldades de sobrevivecircncia e tambeacutem natildeo raro os efeitos de uma baixa auto-estima produzida pelas discriminaccedilotildees que geralmente sofrem Esse conjunto de adversidades tende a dificultar a constituiccedilatildeo de projetos que afirmem a dignidade Como instituiccedilatildeo puacuteblica e educacional que eacute a escola pode desempenhar um importante papel para melhorar a auto-estima desses alunos e contribuir natildeo soacute para o seu desenvolvimento como pessoa e como estudante mas tambeacutem para a construccedilatildeo de referecircncias para seus projetos de vida

Propoacutesitos da Educaccedilatildeo Baacutesica nestes tempos em que vivemos4

O que aqui se apresenta satildeo compromissos necessaacuterios para favorecer a ampliaccedilatildeo progressiva de capacidades conhecimentos saberes e experiecircncias que se pretende que os alunos conquistem na escola

Quais satildeo os propoacutesitos5

Oferecer aos alunos um conjunto de conhecimentos saberes e praacuteticas relevantes definido a partir de diferentes ciecircncias e outros campos da cultura assim como promover a compreensatildeo do caraacuteter histoacuterico puacuteblico coletivo e mutante desses tipos de conhecimento

Consolidar contextos institucionais apoiados nos valores de liberdade toleracircncia igualdade verdade justiccedila solidariedade e paz e promover a reflexatildeo do sentido desses valores em contextos particulares

Contribuir para que os alunos desenvolvam o sentido de pertencimento social e ciacutevico-poliacutetico

Favorecer o desenvolvimento de atitudes favoraacuteveis de cuidado consigo mesmo e com os outros a partir do conhecimento de praacuteticas construtivas e de zelo com a sauacutede

4 A formulaccedilatildeo destes propoacutesitos teve como referecircncia os seguintes documentos Paracircmetros Curriculares de Liacutengua

Portuguesa (MEC 1997) Disentildeo Curricular para la Escuela Primaacuteria de la Ciudad de Buenos Aires (2004) Matrizes de Referecircncia em Liacutengua Portuguesa para o 1ordm Ciclo da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Campinas (2007) e Caderno de Orientaccedilotildees Para o Ensino de Liacutengua Portuguesa e Matemaacutetica no Ciclo Inicial (Secretaria Estadual do Acre e Secretaria Municipal de Rio Branco 2008) 5 A formulaccedilatildeo destes propoacutesitos teve como referecircncia o documento Disentildeo Curricular para la Escuela Primaacuteria de la Ciudad de Buenos Aires (2004)

Criar oportunidades para que os alunos conheccedilam e valorizem o patrimocircnio natural e cultural da cidade e do paiacutes tomando-os como temas de estudo em diferentes aacutereas curriculares e incluindo nas propostas didaacuteticas o acesso ao patrimocircnio artiacutestico arquitetocircnico recreativo informativo e de serviccedilos da cidaderegiatildeo

Desenvolver propostas que partindo do reconhecimento das situaccedilotildees de desigualdade no acesso aos bens materiais e simboacutelicos assegurem aprendizagens fundamentais e enriqueccedilam a perspectiva universal da cultura a que todos alunos tecircm direito sem desqualificar ou desconsiderar suas referecircncias pessoais familiares e culturais

Garantir o direito de expressatildeo do pensamento e das ideias dos alunos mesmo que divergentes das posiccedilotildees do professor e dos colegas e o exerciacutecio de discutir diferentes pontos de vista acolher e considerar as opiniotildees dos outros de defender e fundamentar as proacuteprias opiniotildees e de modificaacute-las quando for o caso

Fazer de cada sala de aula um ambiente de trabalho colaborativo para que os alunos possam enfrentar os desafios colocados sabendo que o erro faz parte do processo de aprendizagem e que contam com apoio para darem o melhor de si

Estimular e ajudar os alunos a se comprometerem com sua proacutepria aprendizagem confiarem em seus recursos pessoais e em suas possibilidades e desenvolverem uma adequada postura de estudante

Promover o respeito e a valorizaccedilatildeo das atividades escolares e a praacutetica de haacutebitos de estudo e trabalho criando condiccedilotildees para que os alunos faccedilam escolhas em relaccedilatildeo agraves formas de trabalho administraccedilatildeo do tempo atividades a serem desenvolvidas e aacutereas de conhecimento a aprofundar

Planejar instacircncias que permitam aos alunos avaliar suas proacuteprias tarefas e dos demais colegas bem como o percurso pessoal de aprendizagem dispondo de informaccedilotildees sobre o ponto em que se encontram em relaccedilatildeo agraves expectativas de alcance para poderem analisar seus avanccedilos e suas dificuldades

Preservar ao longo da escolaridade a continuidade da experiecircncia escolar dos alunos identificando prioridades e estabelecendo criteacuterios para a inclusatildeo de diferentes projetos que enriqueccedilam o trabalho pedagoacutegico

Equilibrar as propostas de trabalho individual e grupal enfatizando em todos os casos a necessidade e importacircncia de compromisso com a proacutepria aprendizagem e com a cooperaccedilatildeo entre os pares

Garantir a participaccedilatildeo dos alunos no planejamento realizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de projetos a curto meacutedio e longo prazo

Constituir normas adequadas para a convivecircncia o trabalho escolar o cuidado com os materiais equipamentos e espaccedilos comuns zelando para que essas normas sejam efetivamente cumpridas com as ajudas que se fizerem necessaacuterias

Criar instacircncias apropriadas quando necessaacuterio para o debate de insatisfaccedilotildees reivindicaccedilotildees e divergecircncias utilizando a discussatildeo fraterna ndash e dispositivos deliberativos se for o caso ndash como forma de encontrar respostas para situaccedilotildees de conflito tendo em conta diferentes alternativas e as respectivas consequumlecircncias

Contribuir para que os alunos assumam responsabilidades e participem das decisotildees coletivas aceitando os riscos e aprendendo a partir dos erros cometidos

Planejar propostas especiacuteficas relacionadas aos temas em estudo e aproveitar situaccedilotildees cotidianas e acontecimentos ocasionais oportunos para ajudar os alunos a compreenderem as implicaccedilotildees de diferentes posiccedilotildees eacuteticas e morais

Organizar os tempos e espaccedilos de trabalho que favoreccedilam o melhor desenvolvimento possiacutevel das propostas

Promover situaccedilotildees que incentivem a participaccedilatildeo dos alunos em atividades comunitaacuterias e que lhes permitam compreender as problemaacuteticas que afetam os diferentes grupos de pessoas comprometendo-os com propostas que extrapolem os limites da sala de aula e lsquoganhem a ruarsquo campanhas na comunidade correspondecircncia com os meios de comunicaccedilatildeo emitindo opiniatildeo sobre problemas que lhes preocupam intercacircmbio com outras instituiccedilotildees etc

Criar contextos ndash projetos atividades de comunicaccedilatildeo real situaccedilotildees de publicaccedilatildeo dos escritos - que evidenciem as produccedilotildees dos alunos e justifiquem a necessidade da escrita correta e da adequada apresentaccedilatildeo final dos textos

Elaborar e desenvolver um amplo programa de leitura na escola articulando todas as propostas em andamento e outras consideradas necessaacuterias accedilotildees que envolvam intercacircmbio com os familiares e uso dos recursos disponiacuteveis na comunidade de modo a constituir uma ampla rede de leitores que se estenda para aleacutem do espaccedilo escolar

Garantir o acesso permanente dos alunos a diferentes portadores de texto gecircneros textuais situaccedilotildees de leitura e escrita e propoacutesitos sociais que caracterizam essas praacuteticas

Preservar o sentido que tecircm as praacuteticas de leitura e escrita fora da escola buscando a maacutexima coincidecircncia possiacutevel entre os objetivos de ensino destas praacuteticas na escola e os seus objetivos sociais ou seja utilizando todo o conhecimento pedagoacutegico para natildeo lsquoescolarizaacute-lasrsquo

Criar oportunidades para que os alunos conheccedilam e usem tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e que desfrutem de todos os meios de acesso ao conhecimento e bens culturais disponiacuteveis como bibliotecas museus centros de cultura e lazer videotecas etc

Assegurar que os alunos possam exercer os seus direitos de leitores escritores e estudantes das diferentes aacutereas do conhecimento Ou seja como leitores podem fazer antecipaccedilotildees quando leem formular interpretaccedilotildees proacuteprias e verificar sua validade perguntar o que natildeo sabem questionar as intenccedilotildees do autor emitir opiniatildeo sobre o assunto lido criticar as mensagens de que eacute destinataacuterio direto ou indireto Como escritores devem produzir textos que faccedilam sentido em situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo real com tempo suficiente para escrever e revisar conforme a necessidade podendo solicitar ajuda quando preciso e elegendo leitores para analisar a qualidade dos proacuteprios textos Como estudantes das diferentes aacutereas do conhecimento podem expressar suas hipoacuteteses e seus saberes sobre qualquer assunto recebendo ajuda para fazecirc-lo e para avanccedilar em seu processo de compreensatildeo

Priorizar metodologias pautadas no trabalho com hipoacuteteses conjecturas ou suposiccedilotildees que os alunos possam testar validar ou refutar experimentando diferentes formas de pensar aprender e se expressar

Considerar os indicadores das provas externas como uma demanda contextual necessaacuteria a serem tomados como referecircncia na organizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico mas natildeo como lsquoarsquo razatildeo da educaccedilatildeo escolar porque a funccedilatildeo social da escola natildeo pode em hipoacutetese alguma se confundir com a tarefa exclusiva de preparar os alunos para lsquoirem bemrsquo nas provas externas

Como alcanccedilaacute-los

Para que a escola possa constituir-se e consolidar-se como esse lugar de aprendizagem e de produccedilatildeo de conhecimento para todos6 eacute preciso que se converta em um contexto propiacutecio para relaccedilotildees interpessoais solidaacuterias trabalho coletivo e desenvolvimento profissional contiacutenuo apoiado no estudo na reflexatildeo sobre a praacutetica na discussatildeo de situaccedilotildees-problema e na investigaccedilatildeo de questotildees relevantes para a comunidade escolar

O fato eacute que tal como alimentaccedilatildeo sauacutede conviacutevio social e lazer o conhecimento tambeacutem eacute fundamental para a qualidade de vida das pessoas ndash alunos e profissionais Quanto mais se sabe mais se pode saber ndash o que sabemos nos faz melhores observadores melhores inteacuterpretes e por certo melhores cidadatildeos

Nesse sentido a escola eacute uma instituiccedilatildeo poderosa porque tanto pode dar agrave luz o conhecimento e o prazer de aprender para todos como ao contraacuterio pode obscurecer Se considerarmos que o magisteacuterio eacute a maior categoria profissional do paiacutes (satildeo mais de um milhatildeo e seiscentos mil professores) e que os alunos passam cerca de quatro horas na escola durante 200 dias letivos por vaacuterios anos teremos a real dimensatildeo de sua potencialidade como instituiccedilatildeo educativa

Utilizando como referecircncia o conceito de professor reflexivo hoje bastante difundido e aceito Isabel Alarcatildeo desenvolve7 por analogia o conceito de escola reflexiva e apresenta dez ideacuteias que traduzem o seu pensamento a esse respeito aqui resgatadas no conteuacutedo mas formuladas com algumas adaptaccedilotildees e apresentadas como pressupostos

Tomar como princiacutepio que em uma escola o mais importante satildeo as pessoas

Considerar que lideranccedila diaacutelogo e reflexatildeo-accedilatildeo satildeo fundamentais na gestatildeo escolar

Construir e consolidar um projeto educativo proacuteprio expliacutecito e compartilhado

Compatibilizar a dimensatildeo local e universal da educaccedilatildeo escolar

Garantir o exerciacutecio da cidadania no interior da proacutepria escola

Articular as accedilotildees de natureza poliacutetico-administrativa e curricular-pedagoacutegica

Criar contextos que favoreccedilam o protagonismo e a profissionalidade dos professores

Incentivar o desenvolvimento profissional e a accedilatildeo refletida de todos

Produzir conhecimento sobre a praacutetica pedagoacutegica e a vida da escola buscando resposta para os desafios

Considerar que a escola e as pessoas satildeo lsquosistemas abertosrsquo isto eacute estatildeo em permanente interaccedilatildeo com o ambiente externo

Esses satildeo segundo nos parece os principais desafios da gestatildeo de uma escola para fazecirc-la de qualidade se entendermos que uma escola boa de fato eacute aquela que natildeo apenas daacute acesso ao conhecimento para todos que nela convivem mas tambeacutem cria condiccedilotildees para que todos se desenvolvam

E se concentrarmos o foco lsquocolocando o zoomrsquo especificamente na gestatildeo da sala de aula podemos considerar que os desafios satildeo semelhantes para os professores

6 Haacute quem prefira chamar uma escola desse tipo de lsquoreflexivarsquo como eacute o caso de Isabel Alarcatildeo (2001) haacute quem prefira

chamaacute-la de lsquoorganizaccedilatildeo aprendentersquo como Michael Fullan Andy Hargreaves (2000) e outros tantos Rui Canaacuterio (2000) por exemplo afirma que esse sentido metafoacuterico de lsquoorganizaccedilatildeo aprendentersquo de lsquoescola que aprendersquo se coloca quando aprendem coletivamente os seus atores os seus autores os sujeitos que nela atuam 7 In Escola reflexiva e nova racionalidade Porto Alegre Artmed 2001

Seriam estes de modo geral

Tomar como princiacutepio que em uma sala de aula o mais importante satildeo os alunos

Considerar que lideranccedila diaacutelogo e reflexatildeo-accedilatildeo satildeo fundamentais na gestatildeo do trabalho pedagoacutegico

Construir e consolidar tanto quanto possiacutevel projetos expliacutecitos e compartilhados com os alunos

Compatibilizar no trabalho pedagoacutegico a dimensatildeo local ndash as necessidades especiacuteficas da turma ndash e a dimensatildeo geral ndash as demandas do projeto educativo da escola e do sistema de ensino

Garantir o exerciacutecio da cidadania no conviacutevio cotidiano da sala de aula

Articular na accedilatildeo docente a perspectiva do ensino e da gestatildeo da classe

Criar contextos que favoreccedilam o protagonismo dos alunos

Incentivar o desenvolvimento de uma adequada postura de estudante pelos alunos e de compromisso com a proacutepria aprendizagem

Produzir conhecimento sobre o que acontece no cotidiano buscando respostas para os desafios ndash sempre que possiacutevel coletivamente

Considerar a sala de aula e os alunos satildeo lsquosistemas abertosrsquo isto eacute estatildeo em permanente interaccedilatildeo com tudo o que estaacute aleacutem deles proacuteprios e da porta da classe

Evidentemente nenhum educador conseguiraacute facilmente dar conta dessas tarefas sozinho Para realizaacute-las eacute importante contar com o apoio de um coletivo forte e solidaacuterio Mas para poder contar com o apoio de um grupo desse tipo eacute preciso se empenhar em construiacute-lo cotidianamente a forccedila de um coletivo vem do envolvimento de cada um

Esse investimento na construccedilatildeo de um verdadeiro espiacuterito de equipe eacute fundamental por infinitas razotildees Uma delas nos lembra Anton Makarenko eacute uma incoerecircncia pretender educar um coletivo sem ser o educador parte de um coletivo tambeacutem


As consideraccedilotildees que se seguem representam de certo modo o marco conceitual em relaccedilatildeo agrave abordagem curricular e ao conhecimento didaacutetico estatildeo explicitadas nesta parte as concepccedilotildees de objetivo e conteuacutedo de ensino de atividade para ensinar e avaliar de planejamento e avaliaccedilatildeo e de modalidades de organizaccedilatildeo didaacutetica dos conteuacutedos

Os objetivos

A formulaccedilatildeo dos objetivos indicados nos Cadernos de Orientaccedilatildeo Curricular apresenta as capacidades possiacuteveis de serem desenvolvidas pelos alunos quando a proposta de ensino eacute organizada segundo os pressupostos e os desdobramentos pedagoacutegicos defendidos nesses materiais Se os propoacutesitos da Educaccedilatildeo Baacutesica aqui enunciados indicam algumas das principais tarefas das escolas para garantir o desenvolvimento das diferentes capacidades de seus alunos nos objetivos que compotildeem as referecircncias curriculares das diferentes aacutereas de conhecimento estatildeo indicadas quais satildeo estas capacidades ndash que coincidem com expectativas de alcance com o que se considera desejaacutevel e necessaacuterio que todos os alunos aprendam durante o periacuteodo letivo Dessa perspectiva o desenvolvimento das diferentes capacidades dos alunos eacute a razatildeo de ser da educaccedilatildeo escolar

A definiccedilatildeo dessas expectativas de alcance evidentemente natildeo tem a intenccedilatildeo de padronizar as possibilidades dos alunos haacute aqueles que com certeza iratildeo muito aleacutem do que estaacute estabelecido como expectativa e haacute outras que por razotildees vaacuterias natildeo teratildeo condiccedilotildees de conquistar os saberes previstos A clareza a esse respeito natildeo pode justificar entretanto a omissatildeo por parte das Secretarias de Educaccedilatildeo que tecircm a responsabilidade institucional de zelar pelo direito agrave melhor aprendizagem possiacutevel para todos os alunos de apresentar indicadores de referecircncia para o ensino e de contribuir para minimizar as desigualdades no acesso ao conhecimento

Os conteuacutedos

Na tradiccedilatildeo pedagoacutegica o termo lsquoconteuacutedo escolarrsquo foi utilizado para referir-se aos ensinamentos claacutessicos das disciplinas ou seja sempre esteve muito relacionado aos principais conceitos das aacutereas de conhecimento Poreacutem o que hoje se tem eacute uma ampliaccedilatildeo da concepccedilatildeo de conteuacutedo escolar tomado como o que se ensina explicitamente ou se favorece que os alunos aprendam a fim de desenvolver diferentes capacidades ndash natildeo soacute as de natureza cognitiva mas todas as demais fiacutesicas afetivas eacuteticas esteacuteticas de inserccedilatildeo social e de relaccedilatildeo interpessoal

Sabemos que as capacidades humanas se inter-relacionam de alguma forma mas a depender do tipo um ou outro aspecto predomina mais aleacutem daquelas em que o aspecto cognitivo eacute preponderante como pensar ler e calcular haacute as capacidades fiacutesicas como correr danccedilar e saltar afetivas como desenvolver autoestima e demonstrar sentimentos eacuteticas como respeitar o outro e conviver com as diferenccedilas esteacuteticas como desenhar e apreciar a arte de inserccedilatildeo social e de relacionamento interpessoal como participar de grupos e conviver solidariamente

Tal como hoje defendem vaacuterios estudiosos satildeo quatro os principais tipos de conteuacutedo escolar Cada tipo requer tratamento didaacutetico diferenciado porque satildeo aprendidos de modo diferente

conforme demonstra a caracterizaccedilatildeo elaborada8 com base no que propotildee Antoni Zabala em lsquoA praacutetica educativa como ensinarrsquo (1998) que segue abaixo

Um primeiro tipo de conteuacutedo reuacutene fatos acontecimentos situaccedilotildees dados e fenocircmenos concretos ndash que satildeo informaccedilotildees de pouca ou nenhuma complexidade Por exemplo nomes de lugares pessoas e objetos em geral endereccedilos nuacutemeros de telefones instruccedilotildees simples Esse tipo de conteuacutedo eacute aprendido basicamente mediante atividades de repeticcedilatildeo eou coacutepia mais ou menos literal a fim de serem memorizados ndash natildeo requerem construccedilatildeo conceitual e satildeo compatiacuteveis com uma abordagem transmissiva baseada no uso da linguagem verbal De qualquer forma para ensinar esse tipo de conteuacutedo eacute conveniente sempre que possiacutevel associaacute-lo a um ou mais conceitos para que a aprendizagem natildeo seja exclusivamente mecacircnica e que se apoacuteie em relaccedilotildees estabelecidas com outros conteuacutedos mais significativos

Outro tipo de conteuacutedo reuacutene conceitos e princiacutepios Os conceitos se referem ao conjunto de fatos objetos ou siacutembolos que tecircm caracteriacutesticas comuns e os princiacutepios se referem agraves mudanccedilas que se produzem em um fato objeto ou situaccedilatildeo em relaccedilatildeo a outros fatos objetos ou situaccedilotildees em geral relaccedilotildees de causa-efeito ou correlaccedilotildees Por exemplo energia fotossiacutentese territoacuterio cultura sistema alfabeacutetico de escrita sistema de numeraccedilatildeo decimal divisatildeo Esse tipo de conteuacutedo9 implica necessariamente compreensatildeo e eacute aprendido por um processo de elaboraccedilatildeo e construccedilatildeo pessoal por aproximaccedilotildees sucessivas por lsquoerros e acertosrsquo nas interpretaccedilotildees que vatildeo se depurando conforme avanccedila o entendimento Satildeo boas atividades nesse caso as que favoreccedilam que aquilo que eacute objeto de conhecimento dos alunos se relacione com seus conhecimentos preacutevios que mobilizem e potencializem essas relaccedilotildees que apresentem desafios ajustados agraves necessidades e possibilidades de aprendizagem que confiram significado e funcionalidade ao que estaacute sendo estudado que requeiram o uso dos conceitos para descobrir interpretar e verificar outras situaccedilotildees construir outras ideias adquirir outros saberes

Esses dois tipos de conteuacutedo satildeo os que a escola ao longo da histoacuteria tem se ocupado em ensinar embora cometendo o equiacutevoco ndash geralmente de seacuterias consequecircncias para a (natildeo)aprendizagem dos alunos ndash de ensinar conceitos e princiacutepios complexos com estrateacutegias de repeticcedilatildeo-fixaccedilatildeo-memorizaccedilatildeo ou seja como se fossem informaccedilotildees simples de faacutecil assimilaccedilatildeo Jaacute os tipos de conteuacutedo descritos a seguir tambeacutem por um equiacutevoco de efeitos semelhantes em geral natildeo tecircm sido tomados pela escola como lsquoconteuacutedos em sirsquo mas como derivaccedilotildees do conhecimento de fatos e conceitos o que na praacutetica natildeo se verifica

Procedimentos meacutetodos teacutecnicas destrezas ou habilidades e estrateacutegias configuram outro tipo de conteuacutedo Em geral envolvem um conjunto de accedilotildees ordenadas natildeo satildeo necessariamente observaacuteveis e conforme a natureza e complexidade dependem do conhecimento de conceitos que permitam proceder desta ou daquela forma Alguns exemplos ginaacutestica danccedila leitura escrita reflexatildeo estudo pesquisa caacutelculo mental comparaccedilatildeo Conteuacutedos dessa natureza soacute se aprendem pela praacutetica (pois eacute fazendo que se aprende a fazer) e a qualidade do desempenho requer exercitaccedilatildeo frequente aplicaccedilatildeo em contextos diferenciados e reflexatildeo sobre a proacutepria atividade o que possibilita a tomada de consciecircncia da accedilatildeo desenvolvida para poder proceder melhor eacute importante poder refletir sobre a maneira como procedemos As atividades devem entatildeo funcionar como contextos favoraacuteveis para o uso desses recursos e portanto as atividades permanentes satildeo privilegiadas porque se caracterizam pela constacircncia e pela regularidade

Por fim o outro tipo de conteuacutedo reuacutene valores atitudes e normas Valores satildeo princiacutepios ou afirmaccedilotildees eacuteticas que permitem agraves pessoas emitir juiacutezo sobre condutas e seus respectivos

8 Caracterizaccedilatildeo elaborada por Rosaura Soligo 9 Tambeacutem as teorias - conjunto de regras ou leis mais ou menos sistematizadas aplicadas a uma aacuterea especiacutefica ndash podem ser incluiacutedas nesse tipo de conteuacutedo

sentidos Atitudes satildeo tendecircncias ou predisposiccedilotildees relativamente estaacuteveis para atuar de certo modo de acordo com determinados valores E normas satildeo padrotildees ou regras de comportamento a serem seguidos em determinadas situaccedilotildees e que orientam a conduta de todos os membros de um grupo social constituindo a forma pactuada de pocircr em praacutetica certos valores compartilhados por uma coletividade que indicam o que podedeve ou natildeo ser feito Alguns exemplos solidariedade cooperaccedilatildeo respeito responsabilidade liberdade cuidado com o meio ambiente gosto pela leitura Os processos vinculados agrave compreensatildeo de conteuacutedos associados a valores em geral exigem reflexatildeo tomada de posiccedilatildeo e elaboraccedilotildees complexas de caraacuteter pessoal Ao mesmo tempo a apropriaccedilatildeo e a interiorizaccedilatildeo do que estaacute sendo compreendido requer envolvimento afetivo o que por sua vez tem relaccedilatildeo com necessidades individuais com o ambiente com o contexto Nesse sentido satildeo situaccedilotildees adequadas de ensino e de aprendizagem aquelas que de fato contribuem para estimular esses processos e funcionam como situaccedilotildees exemplares pois apenas o discurso do lsquodever serrsquo eacute totalmente ineficaz nesse caso a coerecircncia na postura na abordagem e nas eventuais lsquocobranccedilasrsquo de conduta eacute essencial

Mas o fato de poder identificar as caracteriacutesticas predominantes nos conteuacutedos bem como as principais estrateacutegias de aprendizagem e em consequecircncia as abordagens metodoloacutegicas mais adequadas natildeo significa que as apropriaccedilotildees do sujeito que aprende se datildeo de maneira isolada em cada caso muito pelo contraacuterio

Ainda que no quadro de referecircncias curriculares das diferentes aacutereas os conteuacutedos natildeo sejam apresentados separadamente conforme os tipos indicados acima eacute importante ressaltar que predominam os procedimentos Isso acontece porque embora os diferentes componentes curriculares contem com conteuacutedos de todos os tipos eacute a capacidade de uso do conhecimento o que mais importa Em relaccedilatildeo aos conceitos por exemplo o lsquosaber sobrersquo estaacute sempre a serviccedilo do lsquosaber fazerrsquo ou seja tudo o que o aluno aprende deve potencializar sua capacidade de proceder Portanto neste documento natildeo se veraacute os conteuacutedos relacionados da maneira convencional ao inveacutes de breves listas com conceitos temas e informaccedilotildees quase sempre a forma de apresentaacute-los faz referecircncia mesmo que nem sempre direta a um certo modo de trabalhar com eles ou seja estaacute explicitado o que exatamente ensinar

As atividades de ensino e aprendizagem

As atividades tarefas ou situaccedilotildees de ensino e aprendizagem satildeo as propostas feitas aos alunos para trabalhar um ou mais conteuacutedos Haacute uma relaccedilatildeo muito estreita entre objetivos conteuacutedos e atividades porque os conteuacutedos selecionados em funccedilatildeo do tipo de capacidade que se espera dos alunos satildeo trabalhados a partir das propostas de atividade Ou dito de outro modo eacute por meio das atividades que se tratam os conteuacutedos para que sejam desenvolvidas as capacidades indicadas como objetivos Dessa perspectiva o conteuacutedo lsquoestaacutersquo potencialmente no objetivo porque eacute este que define o que eacute preciso ensinar e lsquoestaacutersquo potencialmente na atividade agrave medida que ela eacute uma forma de abordaacute-lo

As atividades de avaliaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo agraves formas de avaliar algumas consideraccedilotildees satildeo necessaacuterias

A primeira delas eacute que nem sempre as atividades especiacuteficas para avaliar satildeo as mais informativas sobre o processo de aprendizagem a observaccedilatildeo cuidadosa do professor e a anaacutelise do conjunto da produccedilatildeo escolar do aluno geralmente satildeo muito mais informativas sobre o seu niacutevel de conhecimento

Outra consideraccedilatildeo importante eacute que qualquer atividade planejada especificamente para avaliar deve ser semelhante agraves que o aluno conhece isto eacute natildeo deve se diferenciar na forma das situaccedilotildees de ensino e aprendizagem propostas no cotidiano Isso natildeo significa entretanto que as atividades devam ser iguais mas sim que o aluno tenha familiaridade com a tarefa proposta e com a consigna (a forma de solicitar a tarefa) Se a tarefa nunca foi solicitada antes e o tipo de consigna eacute estranho ao que ele estaacute acostumado natildeo seraacute possiacutevel saber ao certo se o desempenho apresentado eacute o lsquoseu melhorrsquo ou se foi influenciado negativamente pelo desconhecimento daquele tipo de proposta Natildeo faz sentido por exemplo avaliar o entendimento dos textos com questotildees de responder ou completar se no cotidiano elas satildeo de muacuteltipla escolha e vice versa Esse eacute inclusive um dos principais problemas que podem surgir nas avaliaccedilotildees externas quando elas se organizam de modo diferente do que eacute utilizado no cotidiano Por essa razatildeo eacute importante incorporar ao trabalho pedagoacutegico tambeacutem as formas de avaliar usadas nas provas externas para que os alunos possam se familiarizar com elas naturalmente

E haacute atividades que satildeo as melhores para o aluno aprender mas natildeo servem para avaliar uma situaccedilatildeo de aprendizagem deve favorecer que o aluno ponha em jogo o que jaacute sabe estabeleccedila relaccedilotildees conecte o que estaacute aprendendo ao seu conhecimento preacutevio e daiacute por diante jaacute uma situaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo deve favorecer que ela explicite o que jaacute sabe Portanto satildeo tarefas bastante diferentes que nem sempre satildeo compatiacuteveis no mesmo tipo de proposta Se o objetivo eacute por exemplo desenvolver o gosto pela leitura e o interesse pelos livros e demais portadores textuais uma excelente proposta seraacute o professor ler em voz alta bons textos de diferentes gecircneros e portadores para os alunos Mas ler em voz alta para eles natildeo permite avaliar se estatildeo de fato desenvolvendo interesse pela leitura pelos textos e portadores Isso eacute algo que se poderaacute verificar observando as escolhas que fazem os seus comentaacuterios as atitudes durante as situaccedilotildees de leitura Ou seja nem tudo que eacute bom para ensinar eacute bom para avaliar

A avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos pressupotildee ter em conta natildeo soacute os resultados obtidos nos momentos especiacuteficos para avaliar mas tambeacutem (e principalmente) o conhecimento preacutevio que eles tinham sobre aquilo que se pretendia que aprendessem o seu percurso de aquisiccedilatildeo de conhecimento e a qualidade das propostas (atividades agrupamentos intervenccedilotildees) para poder redimensionaacute-las quando os resultados natildeo forem os esperados Dessa perspectiva o processo de avaliaccedilatildeo deve apoiar-se em trecircs tipos de propostas

Observaccedilatildeo sistemaacutetica - acompanhamento do percurso de aprendizagem do aluno utilizando instrumentos de registro das observaccedilotildees

Anaacutelise das produccedilotildees ndash observaccedilatildeo criteriosa do conjunto de produccedilotildees do aluno para que fruto de uma anaacutelise comparativa se possa ter um quadro real das aprendizagens conquistadas

Anaacutelise do desempenho em atividades especiacuteficas de avaliaccedilatildeo verificaccedilatildeo de como o aluno se sai nas situaccedilotildees planejadas especialmente para avaliar os seus conhecimentos preacutevios sobre o que se pretende ensinar e para avaliar o quanto aprendeu sobre o que jaacute foi trabalhado

Conforme o objetivo que se tenha a proposta mais adequada seraacute uma ou outra

a observaccedilatildeo dos alunos em atividade eacute essencial para avaliar atitudes e procedimentos

a anaacutelise comparativa de suas produccedilotildees e dos registros das observaccedilotildees feitas eacute o que indicaraacute o percurso de aprendizagem e a evoluccedilatildeo do seu conhecimento

o uso de atividades especiacuteficas para avaliar determinados conteuacutedos eacute importante quando se pretende verificar seou quanto esses foram aprendidos em um periacuteodo de tempo

Quando a proposta eacute esta uacuteltima de avaliaccedilatildeo de desempenho e o aluno jaacute sabe o que isso significa e para que serve eacute importante entatildeo deixar claro o que se pretende avaliar (e por que razatildeo) para que ela procure lsquodar o melhor de sirsquo nesses momentos E devem ser atividades

a serem realizadas individualmente e sem ajuda a menos que o propoacutesito seja analisar como ele procede em parceria com os demais colegas ou com a ajuda do professor A prova eacute portanto apenas um dos instrumentos possiacuteveis de avaliaccedilatildeo e natildeo o uacutenico e nem o mais adequado a depender do tipo de conteuacutedo Se bem planejada a prova eacute um recurso que pode ser oportuno para avaliar o conhecimento do aluno sobre fatos e conceitos mas nem sempre serviraacute para avaliar atitudes e procedimentos que satildeo os conteuacutedos mais recorrentes nos anos iniciais

Para avaliar adequadamente a aprendizagem eacute preciso ter sempre como referecircncia trecircs paracircmetros tomados simultaneamente como criteacuterio geral o aluno em relaccedilatildeo a ele mesmo em relaccedilatildeo ao que se espera dele e em relaccedilatildeo aos demais colegas que tiveram as mesmas oportunidades escolares

Avaliar o aluno em relaccedilatildeo a ele mesmo significa considerar o que ele sabia antes do trabalho pedagoacutegico realizado pelo professor e comparar esse niacutevel de conhecimento preacutevio com o que ele demonstra ter adquirido no processo

Avaliar o aluno em relaccedilatildeo ao que se espera dele pressupotildee ter expectativas de aprendizagem previamente definidas (o que neste Caderno estaacute indicado como objetivos e conteuacutedos) e utilizaacute-las como referecircncia para orientar as propostas de ensino e de avaliaccedilatildeo

E avaliar o aluno em relaccedilatildeo aos demais que tiveram as mesmas oportunidades escolares eacute apenas uma forma de complementar as informaccedilotildees obtidas a partir dos dois primeiros paracircmetros a comparaccedilatildeo do desempenho dos alunos soacute tem alguma utilidade se contribuir para entender melhor porque eles aprenderam ou natildeo o que se pretendia ensinar

Considerar ao mesmo tempo esses trecircs paracircmetros eacute condiccedilatildeo para avaliar de maneira justa


Vivemos tempos em que a praacutetica da avaliaccedilatildeo externa nos sistemas de ensino tem se intensificado provocando certos mal-entendidos em relaccedilatildeo a algo nem sempre bem compreendido a razatildeo de ser a real funccedilatildeo da avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos

Em hipoacutetese alguma o processo de avaliaccedilatildeo de aprendizagem desenvolvido pelo professor pode se confundir com a proposta de avaliaccedilatildeo externa que hoje se faz baseada em alguns indicadores bastante especiacuteficos

Vejamos por que

Avaliaccedilatildeo de aprendizagem eacute o processo de verificaccedilatildeo do niacutevel de conhecimento demonstrado pelo aluno e do niacutevel de desenvolvimento das capacidades colocadas como objetivos do ensino com a finalidade de subsidiar o trabalho pedagoacutegico do professor de possibilitar que ele ajuste as propostas de ensino agraves possibilidades e necessidades de aprendizagem de sua turma Ou seja a avaliaccedilatildeo de aprendizagem estaacute a serviccedilo do planejamento do ensino E dessa perspectiva como dissemos pressupotildee avaliar o aluno em relaccedilatildeo a si mesmo ao que se espera dele e ao que conquistaram os demais alunos da turma Isso eacute algo que somente o professor pode fazer

Jaacute a avaliaccedilatildeo externa que se realiza atraveacutes de provas estruturadas com base em uma matriz de referecircncia uacutenica (como as do SAEB - Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica e Prova Brasil realizadas pelo MEC bem como as avaliaccedilotildees elaboradas e aplicadas pelas proacuteprias Secretarias de Educaccedilatildeo) tem a finalidade de identificar o niacutevel de desempenho dos alunos em relaccedilatildeo a alguns objetivos e conteuacutedos considerados relevantes em um determinado momento para consequentemente poder identificar como estatildeo se saindo os sistemas de ensino e suas escolas

no que diz respeito ao trabalho com esses objetivos e conteuacutedos A perspectiva central eacute orientar as poliacuteticas puacuteblicas e em alguns casos tambeacutem a destinaccedilatildeo de recursos para a educaccedilatildeo

Assim esses dois tipos de avaliaccedilatildeo natildeo se coincidem e nem se excluem com as provas externas se pretende avaliar exclusivamente o desempenho dos alunos em alguns aspectos e dadas as suas caracteriacutesticas e os seus limites as provas natildeo ldquoalcanccedilamrdquo o processo de aprendizagem como um todo tanto porque se pautam em apenas uma parte dos objetivosconteuacutedos do ensino como porque natildeo incluem um dos principais paracircmetros a considerar a anaacutelise dos saberes conquistados pelo aluno por comparaccedilatildeo ao proacuteprio conhecimento antes

Confundir esses dois processos avaliativos ndash ou atribuir agrave avaliaccedilatildeo externa maior importacircncia ndash teria como consequecircncia pelo menos trecircs equiacutevocos inaceitaacuteveis com efeitos desastrosos para os alunos

considerar como conteuacutedo relevante apenas o que eacute priorizado nas provas

usar como criteacuterios de avaliaccedilatildeo justamente os paracircmetros que menos consideram o sujeito da aprendizagem (isto eacute o desempenho do aluno em relaccedilatildeo ao que dele se espera e em relaccedilatildeo a como se saem os demais alunos do anoseacuterieturma)

tomar como referecircncia uacutenica para todos os alunos de uma escola ou de uma cidade indicadores que natildeo levam em conta certas peculiaridades que por vezes justificam projetos e conteuacutedos especiacuteficos ajustados agraves necessidades que se identifica

A cada uma o seu devido lugar portanto a avaliaccedilatildeo externa eacute importante e necessaacuteria mas natildeo eacute ela a orientar o ensino no dia-a-dia da sala de aula Como indicam os propoacutesitos das escolas relacionados anteriormente eacute preciso considerar os indicadores das provas externas como uma demanda contextual necessaacuteria que devem sim ser tomados como referecircncia na organizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico mas natildeo como ldquoardquo razatildeo da educaccedilatildeo escolar porque a funccedilatildeo social da escola natildeo pode de forma alguma se confundir com a tarefa exclusiva de preparar os alunos para ldquoirem bemrdquo nas provas externas

Nenhuma iniciativa concebida ldquode forardquo pode substituir uma proposta de avaliaccedilatildeo criteriosa qualitativa formativa planejada e desenvolvida e pelo professor para iluminar suas escolhas pedagoacutegicas


A questatildeo dos temas transversais como componentes do curriacuteculo ganhou relevacircncia especialmente a partir da publicaccedilatildeo dos paracircmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental A perspectiva na eacutepoca (1997) era de que algumas questotildees sociais precisavam ser abordadas no curriacuteculo escolar de todas as escolas do paiacutes ndash eacutetica sauacutede meio ambiente orientaccedilatildeo sexual e pluralidade cultural ndash e outras deveriam ser selecionadas localmente no acircmbito da Secretaria de Educaccedilatildeo ou das escolas conforme a importacircncia que tivessem

Seguindo a tendecircncia predominante naquele momento a proposta para esses temas era de um tratamento transversal nas aacutereas curriculares afins muito mais compatiacutevel com sua natureza e complexidade do que seria a abordagem em uma uacutenica disciplina Natildeo se constituiacuteam em novas disciplinas muito pelo contraacuterio mas em um conjunto de temas transversalizados em vaacuterias contempladas na concepccedilatildeo nos objetivos nos conteuacutedos e nas orientaccedilotildees didaacuteticas de cada uma delas A transversalidade pressupotildee sempre um tratamento integrado das aacutereas curriculares relacionadas aos temas selecionados

Como esse tipo de abordagem era pouco familiar aos educadores ateacute entatildeo a opccedilatildeo ndash nos Paracircmetros Curriculares de Ensino Fundamental ndash foi por uma apresentaccedilatildeo das propostas de trabalho com esses temas sociais considerados relevantes em duas perspectivas as propostas natildeo soacute foram transversalizadas na concepccedilatildeo nos objetivos nos conteuacutedos e nas orientaccedilotildees didaacuteticas de cada disciplina mas foram tambeacutem reunidas em publicaccedilotildees especiacuteficas de cada um dos temas onde se aprofundou a fundamentaccedilatildeo metodoloacutegica

Passada mais de uma deacutecada e com esses subsiacutedios todos disponiacuteveis nestas Orientaccedilotildees Curriculares a opccedilatildeo natildeo foi por organizar documentos especiacuteficos por temas as questotildees da eacutetica da sauacutede do meio ambiente da sexualidade e da pluralidade cultural estatildeo transversalizadas no quadro curricular das disciplinas afins


Desde 2003 a Lei 10639 tornou obrigatoacuterio o ensino sobre Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira nas escolas o que representa uma importante conquista resultado da luta de professores pesquisadores e militantes comprometidos com o justo tratamento dessa questatildeo na educaccedilatildeo escolar Para tanto cabe agrave toda escola assegurar o estudo da histoacuteria da Aacutefrica e dos africanos da opressatildeo resistecircncia e luta dos negros no Brasil das influecircncias dos negros na formaccedilatildeo da sociedade brasileira do ponto de vista cultural social econocircmico e poliacutetico

A perspectiva eacute a de garantir que os alunos aprendam sobre o processo histoacuterico que teve como caracteriacutestica a presenccedila do negro no Brasil sobre as causas que determinaram ndash e determinam ateacute hoje ndash as suas condiccedilotildees de vida e trabalho bem como a exclusatildeo social de grande parte da populaccedilatildeo negra em nosso paiacutes E por outro lado garantir que os alunos aprendam sobre a dimensatildeo e riqueza da contribuiccedilatildeo trazida pela cultura e pelo povo africano para a formaccedilatildeo da nossa identidade como brasileiros e para que possam acima de tudo desenvolver atitudes positivas e natildeo discriminatoacuterias em relaccedilatildeo natildeo apenas aos negros mas a todas as pessoas quaisquer que sejam as suas caracteriacutesticas

Segundo o que prevecirc a Lei 10639 esses conteuacutedos deveratildeo ser trabalhados de modo geral em todo o curriacuteculo escolar mas mais especificamente nas aacutereas de Arte Literatura e Histoacuteria Quando a escola ainda natildeo desenvolve plenamente uma praacutetica pedagoacutegica nesse sentido uma alternativa valiosa eacute o planejamento de projetos interdisciplinares que favoreccedilam a abordagem dos conteuacutedos a partir de perspectivas das diferentes aacutereas curriculares O trabalho coletivo necessaacuterio para planejar e realizar projetos integrados tem sempre a vantagem de favorecer o avanccedilo do conhecimento docente sobre os temas e as possibilidades didaacuteticas mais interessantes para abordaacute-los de maneira adequada

Uma escola inclusiva e comprometida com a formaccedilatildeo de todos os alunos eacute aquela capaz de comunicar as praacuteticas culturais e os conhecimentos historicamente produzidos que satildeo tomados como conteuacutedo nas diferentes aacutereas curriculares e ao mesmo tempo eacute capaz de instrumentalizaacute-los para que desenvolvam valores eacuteticos e atitudes necessaacuterias a um conviacutevio social fraterno pautado na aceitaccedilatildeo da diferenccedila na justiccedila e no repuacutedio a qualquer forma de discriminaccedilatildeo



A presenccedila da Filosofia no curriacuteculo de Ensino Meacutedio eacute uma conquista que demandou vaacuterios anos de luta Foram 46 anos de ausecircncia e natildeo obrigatoriedade do ensino de Filosofia em Niacutevel Meacutedio na educaccedilatildeo brasileira Com a recente (junho de 2008) aprovaccedilatildeo pelo Congresso Nacional da lei que altera o artigo 36 da LDB 939496 tornando a Filosofia e a Sociologia disciplinas obrigatoacuterias no curriacuteculo do Ensino Meacutedio o ensino da Filosofia retoma seu espaccedilo de onde nunca deveria ter saiacutedo Trata-se portanto agora de legitimar esta nova realidade ainda que as condiccedilotildees de seu retorno do ponto de vista legal sejam bastante inseguras

Tanto a produccedilatildeo do saber filosoacutefico quanto o seu ensino caminharam sob o fio da navalha Os 25 seacuteculos de atividades ininterruptas de criacutetica sistemaacutetica de criaccedilatildeo conceitual de busca de soluccedilotildees para os principais problemas da existecircncia humana ao longo dos tempos datildeo agrave Filosofia um estatuto invejaacutevel mas natildeo suficiente para legitimaacute-la como disciplina curricular Tampouco eacute suficiente para sua condiccedilatildeo de legitimidade a garantia de um espaccedilo obrigatoacuterio no curriacuteculo Natildeo que isso natildeo seja algo importante mas mais importante do que o espaccedilo eacute como este seraacute ocupado

Garantida a sua obrigatoriedade a aceitaccedilatildeo e a permanecircncia da mesma no curriacuteculo deveraacute ser legitimada por meio de um programa que possibilite aos jovens nesta etapa de formaccedilatildeo o exerciacutecio de uma reflexatildeo criacutetica radical e de sistematicidade Para tanto haacute que se tomar o preceito kantiano de que natildeo se aprende Filosofia mas a filosofar como diretriz maacutexima Seja por meio do estudo da Histoacuteria da Filosofia ou de seus problemas o exerciacutecio filosoacutefico eacute que deve orientar o estudo desta disciplina Desta forma o que se propotildee como trabalho docente eacute que o mesmo possibilite aos alunos o exerciacutecio autocircnomo da razatildeo

Kant destaca em seu projeto de esclarecimento que tal intento soacute pode ser alcanccedilado por meio da autonomia do sujeito ldquosem a direccedilatildeo de outremrdquo Ou seja a autonomia natildeo eacute algo dado ou consentido por terceiro mas uma conquista Desta forma o ensino de Filosofia natildeo se confunde com doutrinamento muito menos com ldquoachismosrdquo ou ldquoverborragismosrdquo

No entanto como trabalhar o ensino de Filosofia em Niacutevel Meacutedio no que tange natildeo somente aos conteuacutedos mas que metodologia seguir para desenvolver um tal projeto de esclarecimento Estudar a Histoacuteria da Filosofia pelos seus problemas ou estudar a biografia dos grandes filoacutesofos e seus sistemas Abrir matildeo da tradiccedilatildeo filosoacutefica e discutir questotildees pertinentes agrave Filosofia como se as mesmas ainda natildeo tivessem sido pensadas ou trabalhar por temas recorrendo agrave Histoacuteria da Filosofia Fazer uso do texto filosoacutefico em sala de aula ou usar apenas os livros didaacuteticos disponiacuteveis ou ainda ficar com aulas expositivas a partir do acervo filosoacutefico do professor e de suas pesquisas Ou ainda fazer uso de textos natildeo-filosoacuteficos Fazer uso puacuteblico ou uso privado da razatildeo em sala de aula As questotildees de conteuacutedo estatildeo descoladas das questotildees metodoloacutegicas e mesmo epistemoloacutegicas Ou lhes satildeo inerentes

Jaacute se tornou lugar-comum o entendimento que natildeo podemos falar de Filosofia no singular mas de Filosofias no plural Isto natildeo se coloca como uma indefiniccedilatildeo mas expressa a multiplicidade de conceitos que o termo filosofia tem bem como algo que eacute caracteriacutestico da Filosofia a multiplicidade e a diversidade de conceitos sobre um mesmo termo

Desta forma o ldquoimperativordquo do Templo de Delfos ldquoGnocircthi seauacutetonrdquo ndash Conhece-te a ti mesmo ndash praticado por Soacutecrates e o projeto kantiano de esclarecimento mais do que nunca ainda se mostram atuais e necessaacuterios E a Filosofia assim como o filoacutesofo e o professor de Filosofia tecircm

uma funccedilatildeo imprescindiacutevel que eacute contribuir para um pensar com clareza lanccedilar luz sobre a penumbra (PORTA 2004 p 44 49) E isto soacute eacute possiacutevel por meio do esclarecimento Pois ldquoEsclarecimento (Aufklaumlrung) eacute a saiacuteda do homem de sua menoridade da qual ele proacuteprio eacute culpado A menoridade eacute a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direccedilatildeo de outro indiviacuteduordquo (KANT 1985 100)

O princiacutepio fundamental da pedagogia kantiana estaacute relacionado agrave palavra aufklaumlrung que significa esclarecimento sair das trevas Esclarecimento que eacute dado pelas luzes da razatildeo e que possibilita ao indiviacuteduo abandonar a ignoracircncia e permite sua ascensatildeo a um niacutevel superior de cultura educaccedilatildeo e formaccedilatildeo Haacute uma crenccedila na possibilidade da perfectibilidade do ser humano Assim como a ideia de esclarecimento em Kant estaacute ligada agrave autonomia a ideia de perfectibilidade soacute pode estar ligada agrave liberdade ldquoPara este esclarecimento [lsquoAufklaumlrunglsquo] poreacutem nada mais se exige senatildeo LIBERDADE E a mais inofensiva entre tudo aquilo que se possa chamar liberdade a saber a de fazer um uso puacuteblico de sua razatildeo em todas as questotildeesrdquo (KANT 1985102-4) A condiccedilatildeo de ser livre possibilita ao ser humano a busca de perfectibilidade

O conjunto de saberes filosoacuteficos elaborados ao longo dos seacuteculos pode e deve ser utilizado tanto no ensino de Filosofia como no e para o exerciacutecio filosoacutefico No entanto como fazer uso desta tradiccedilatildeo Este tem sido um dilema e agraves vezes o calcanhar de Aquiles de algumas experiecircncias e propostas de ensino de Filosofia Eacute possiacutevel perceber desde a sua rejeiccedilatildeo taacutecita como tambeacutem o seu uso na forma de discurso privado por parte de quem ensina ou mesmo como um conjunto de saberes a serem memorizados e reproduzidos pelos alunos nos momentos de avaliaccedilatildeo O ensinar Filosofia por meio daquilo que a caracteriza ndash reflexatildeo criacutetica radical e de sistematicidade ndash eacute muitas vezes simplesmente deixada de lado

Diferentemente das demais aacutereas do conhecimento humano onde os conteuacutedos jaacute estatildeo dados e a necessidade de justificaacute-los toma-se como desnecessaacuterio com o ensino de Filosofia ocorre o contraacuterio Ao mesmo tempo segundo Coutel (1996) quando um filoacutesofo se pergunta sobre o que significa aprender antes de se por uma questatildeo pedagoacutegica ele apresenta uma reflexatildeo epistemoloacutegica e eacutetica E continua ainda o mesmo Coutel (1996) a escola eacute o lugar onde se aprende E esta com o advento do Estado de direito republicano tem o compromisso de formar o espiacuterito criacutetico de seus cidadatildeos Segundo Fabbrini (2005 p 8) citando Lebrun um estudante natildeo busca a Filosofia porque aspira a verdade mas porque tem necessidade de uma liacutengua de seguranccedila possuir uma retoacuterica de seguranccedila que lhe permita denunciar a ldquoingenuidaderdquo do ldquocientistardquo ou a ldquoideologiardquo de quem natildeo pensa como ele Assim se a escola deve possibilitar este espiacuterito compete agrave Filosofia dada a sua especificidade desenvolver este espiacuterito criacutetico Para tanto faz-se necessaacuterio pensar de que maneira ensinar Filosofia para que esta natildeo se torne apenas um conjunto de conteuacutedos a serem apreendidos mas um aprender a filosofar como defendia Kant Que natildeo seja um fazer pedagoacutegico em que o professor determina ldquoPense issordquo mas ldquoPense nissordquo Isso significa pensaacute-la como repetimos um conjunto de atividades que possibilitem ao aluno o esclarecimento necessaacuterio para o uso do entendimento sem a direccedilatildeo de outrem Esclarecimento este que o aluno deveraacute visualizar em seu professor-filoacutesofo

Trata-se de pensar numa Filosofia escolarizada que natildeo prescinda da tradiccedilatildeo filosoacutefica e daquilo que lhe eacute caracteriacutestico ndash criticidade radicalidade sistematicidade ndash e ao mesmo tempo tenha no texto filosoacutefico sua centralidade Natildeo como um fim em si mesmo mas como mediaccedilatildeo para o exercitar filosoacutefico Ao mesmo tempo natildeo se trata de fazer uso de qualquer texto em sala de aula Se eacute bem verdade que se pode fazer uma leitura filosoacutefica de um texto natildeo-filosoacutefico a utilizaccedilatildeo do texto eacute e deve ser sempre intencional Assim o mesmo deve ser pensado dentro de um contexto e dos objetivos propostos Ateacute porque tambeacutem eacute possiacutevel fazer uma leitura natildeo-filosoacutefica de texto filosoacutefico Pois como afirma Lyotard reforccedilado por Favaretto ldquoEacute preciso acentuar que uma leitura natildeo eacute filosoacutefica apenas porque os textos satildeo tidos por filosoacuteficos ndash ou

porque seus autores satildeo considerados autores da histoacuteria da Filosofiardquo (1993 p 117) Como tambeacutem continua ainda o proacuteprio Lyotard ldquo se pode ler textos filosoacuteficos sem filosofarrdquo

Segundo Cossutta (2000 p 6) uma obra filosoacutefica eacute um todo que se engendra e se desfaz aberta ao mundo e ao sentido mas igualmente redobrada sobre o universo que ela gera daiacute que a dificuldade em se compreender um texto filosoacutefico se apresenta dada agrave multiplicidade de filosofias poreacutem mais do que a existecircncia de uma multiplicidade o que parece dificultar eacute o fato de que toda obra filosoacutefica ndash esta eacute uma caracteriacutestica do gecircnero ndash elabora ou pretende elaborar as condiccedilotildees de sua proacutepria validade e portanto enuncia as proacuteprias regras da leitura que se pode fazer dela (COSSUTTA 2001 p 3) Assim para se realizar uma leitura filosoacutefica adequada de um texto filosoacutefico faz-se necessaacuterio explicitar as regras de funcionamento que ligam os conceitos as proposiccedilotildees as argumentaccedilotildees seja a partir das indicaccedilotildees pistas proposiccedilotildees explicitadas no proacuteprio texto por seu autor seja do exterior quando noacutes mesmos fazemos com que esses diferentes paracircmetros variem (COSSUTTA 2001 p 7)


No mito de Thoth deus egiacutepcio que inventou a escrita Platatildeo fala do medo de a escrita tornar as pessoas menos atentas mais esquecidas pois confiariam que tudo estaacute escrito como tambeacutem teriam suas memoacuterias enfraquecidas dependentes de sinais exteriores o que as tornariam pessoas ignorantes e saacutebios imaginaacuterios (PLATAtildeO 2000 p 121) Como para Platatildeo a essecircncia do que as coisas satildeo de fato estaacute no mundo das ideias o conhecimento verdadeiro estaacute no indiviacuteduo e natildeo representado nos livros Uma vez que as informaccedilotildees contidas nos livros natildeo passariam de aparecircncia Desta forma segundo ele com o advento da escrita ldquo transmites aos teus alunos natildeo a sabedoria em si mesma mas apenas uma aparecircncia de sabedoria pois passaratildeo a receber uma gama de informaccedilotildees sem a respectiva educaccedilatildeordquo (PLATAtildeO 2000 p 121)

Na realidade o medo de Platatildeo se refere mais ao conhecimento sepulto em livros da natildeo leitura do que propriamente da escrita (TIBURI 2004) Isto eacute de como o conhecimento registrado perpetuado pela escrita seria tratado Poreacutem uma vez que natildeo nos eacute mais permitido entrar em contato direto com o pensamento dos filoacutesofos jaacute consagrados pela tradiccedilatildeo a natildeo ser pela reflexatildeo sobre seus textos ndash e partimos do princiacutepio de que esses textos satildeo fundamentais para o exerciacutecio da reflexatildeo filosoacutefica em sala de aula ndash eacute preciso criar condiccedilotildees para que isso ocorra da melhor forma possiacutevel E segundo Severino ldquoum texto natildeo pode ser abordado fora de seu contexto fora das circunstacircncias constituiacutedas pelas malhas histoacuterico-culturais que entrelaccedilam sentidos que foram sendo produzidos amealhados e articulados ao longo do tempo histoacutericordquo (2006 p 76)

Continua ainda Severino (2006 p 77) ldquoO mundo soacute se revela por meio do texto se ele estiver inserido no contextordquo Assim para que possamos interpretar um texto filosoacutefico o mais apropriado possiacutevel haacute que se contextualizaacute-lo Este eacute um processo que se subdivide em pelos menos trecircs momentos o primeiro contexto eacute o momento histoacuterico em que o autor viveu o segundo eacute o da obra de onde foi extraiacutedo o fragmento e o terceiro eacute o contexto na tradiccedilatildeo filosoacutefica do pensamento e do problema tratado pelo filoacutesofo no referido texto Sem estas contextualizaccedilotildees a reflexatildeo filosoacutefica estaraacute prejudicada

Feita a contextualizaccedilatildeo eacute hora de fazer as leituras necessaacuterias para uma interpretaccedilatildeo adequada do texto bem como a reflexatildeo filosoacutefica proposta Uma interpretaccedilatildeo adequada de um texto filosoacutefico pressupotildee pelo menos quatro leituras intercaladas com algumas atividades complementares Assim apresentamos outro elemento fundamental no processo de reflexatildeo filosoacutefica o tempo Este eacute acompanhado de uma virtude pouco valorizada nos tempos hodiernos a paciecircncia Segundo Fabbrini ldquoLyotard () caracteriza a leitura filosoacutefica metoniacutemia da

atividade filosoacutefica em geral como sendo um lsquoexerciacutecio de paciecircnciarsquordquo (2005 p 14) E aiacute encontramos um problema ao trabalharmos com a leitura filosoacutefica em sala de aula pois segundo ainda Fabbrini ldquoA maior dificuldade do professor de filosofia eacute desse modo exigir do aluno a paciecircncia necessaacuteriardquo para uma leitura filosoacutefica

Eacute proacuteprio da juventude querer viver tudo intensamente Ao mesmo tempo acreditar que se estaacute imune ao tempo Como se este fosse algo que passasse para outros e natildeo para si mesmo Da mesma forma que natildeo se tem pressa para fazer determinadas coisas por outro lado se quer fazer vaacuterias coisas ao mesmo tempo como se este natildeo fosse suficiente Assim fazer com que os jovens exercitem a paciecircncia seraacute um desafio ao professor que pretenda que seus alunos realizem leituras filosoacuteficas em sala de aula Sim Leituras Isto porque natildeo basta uma uacutenica leitura para a compreensatildeo adequada de um texto filosoacutefico muito menos interpretar e quiccedilaacute refletir sobre o problema apresentado O recomendaacutevel eacute que se inicie com uma primeira leitura de aproximaccedilatildeo sem muito compromisso Apenas como forma de se familiarizar com a linguagem A partir da segunda leitura eacute que se deve comeccedilar a compreensatildeo do texto com algumas accedilotildees que se desdobraratildeo em outras quais sejam sublinhar palavras expressotildees eventos eou nomes desconhecidos para em seguida serem esclarecidos antes de se fazer uma terceira leitura Feitos os esclarecimentos necessaacuterios eacute hora de se fazer a terceira leitura Nesta deve-se identificar qual o problema apresentado pelo autor a tese defendida bem como os argumentos apresentados em sua defesa ndash e ao mesmo tempo se os mesmos satildeo consistentes e coerentes entre si

Feitas as leituras recomendadas bem como os esclarecimentos apropriados eacute hora de materializar objetivar o conhecimento adquirido por meio da elaboraccedilatildeo de uma siacutentese do texto lido Natildeo se trata ainda de manifestar opiniatildeo a respeito do texto ou do tema trabalhado O que se espera eacute verificar o niacutevel de compreensatildeo obtido sobre o texto lido Isto porque tal compreensatildeo eacute fundamental para o proacuteximo passo uma vez que o uso do texto filosoacutefico em sala de aula eacute mediaccedilatildeo natildeo um fim em si mesmo O proacuteximo passo eacute a reflexatildeo sobre o tema a partir dos elementos indicados no texto relacionando-os com questotildees atuais do cotidiano dos alunos

No entanto para que o texto filosoacutefico cumpra o papel de mediador da reflexatildeo filosoacutefica haacute que se tomar alguns cuidados escolher um texto adequado ao tema que se estiver estudando que o grau de dificuldade de compreensatildeo do mesmo esteja agrave altura do amadurecimento psicoloacutegico de quem se destina que o tempo despendido para a sua leitura interpretaccedilatildeo e siacutentese seja adequado e natildeo aligeirado que se tenha agrave matildeo recursos para esclarecimento de possiacuteveis duacutevidas que surjam ao longo da leitura que o professor se coloque agrave disposiccedilatildeo dos alunos para orientar e esclarecer suas duacutevidas Tomando-se estes cuidados o texto filosoacutefico lido de maneira filosoacutefica seraacute mediaccedilatildeo para o ensinaraprender Filosofiafilosofar e natildeo um fim em si mesmo

Com relaccedilatildeo aos conteuacutedos a serem trabalhados os mesmos foram distribuiacutedos em grandes aacutereas

1ordm Ano

1 O que eacute Filosofia Como ela se caracteriza e como se diferencia das demais formas de conhecimento Quais as suas origens

2 Natureza e trabalho

3 O ser humano como um animal social

2ordm Ano

4 Conhecimento como um problema filosoacutefico

5 Loacutegica formal e dialeacutetica

6 Filosofia da Ciecircncia

3ordm Ano

7 Esteacutetica

8 Eacutetica

9 Filosofia Poliacutetica

Os conteuacutedos indicados nos quadros referenciais natildeo precisam ser necessariamente todos trabalhados Cabe ao professor a seleccedilatildeo de conteuacutedos que melhor se adequem agrave sua realidade e agraves suas condiccedilotildees objetivas As indicaccedilotildees de livros filmes e textos podem ser substituiacutedas por outras referecircncias de escolha do professor disponiacuteveis em cada contexto


A Filosofia eacute necessariamente interdisciplinar e tambeacutem transdisciplinar sendo assim sua presenccedila no curriacuteculo e os modos de operacionalizaacute-la na praacutetica devem ser vistos tambeacutem nesta perspectiva O estudo de Filosofia requer necessariamente o diaacutelogo com as demais aacutereas curriculares uma vez que natildeo existe Filosofia sem linguagem sem contexto histoacuterico econocircmico cultural sem as discussotildees eacuteticas pertinentes e relativas aos avanccedilos cientiacuteficos O desenvolvimento do fazer filosoacutefico pode e deve articular-se com projetos interdisciplinares acrescentando a contribuiccedilatildeo especiacutefica da Filosofia ao contexto mais geral de reflexatildeo e problematizaccedilatildeo da realidade dos alunos proposto nas diferentes aacutereas curriculares

Desta forma a Filosofia pode contribuir muito para uma compreensatildeo diversa das demais aacutereas do conhecimento presentes no curriacuteculo a partir daquilo que lhe eacute caracteriacutestico (criticidade radicalidade sistematicidade) ao mesmo tempo em que atraveacutes do diaacutelogo com as mesmas pode potencializar a capacidade de problematizaccedilatildeo dos alunos no acircmbito mais geral da vida e do cotidiano Mantendo esta postura interdisciplinar e criacutetica a Filosofia poderaacute contribuir a partir de seu referencial com a formaccedilatildeo de uma juventude mais autocircnoma e emancipada no dizer kantiano

Objetivos do ensino

Tomando-se como referecircncia os propoacutesitos da escola apresentados anteriormente e o conjunto de orientaccedilotildees pedagoacutegicas contidas neste documento a expectativa eacute de que os alunos sejam capazes de

Ateacute o final do 1ordm ano

Conhecer compreender e problematizar particularidades do fazer da Filosofia

Conhecer compreender e problematizar o fazer filosoacutefico como um rompimento com a cotidianidade que exige uma postura questionadora

Conhecer compreender e problematizar as origens gregas do pensar filosoacutefico atraveacutes da passagem do pensamento mitoloacutegico ndash imageacutetico-alegoacuterico - para um pensamento reflexivo ndash teoacuterico-conceitual

Conhecer compreender e problematizar conceitos de natureza e cultura e suas diferenccedilas

Conhecer compreender e problematizar conceitos de alienaccedilatildeo do trabalho e de ideologia

Conhecer compreender e problematizar o que eacute fetichismo da mercadoria e induacutestria cultural na atualidade

Conhecer compreender e problematizar a dimensatildeo poliacutetica das relaccedilotildees humanas sob a oacutetica de Aristoacuteteles

Conhecer compreender e problematizar a formaccedilatildeo do conceito de autonomia de Immanuel Kant e sua importacircncia para entender o movimento Iluminista

Conhecer compreender e problematizar o conceito sartreano de engajamento


Conhecer compreender e problematizar a possibilidade de conhecimento

Conhecer compreender e problematizar diferenccedilas entre o saber cientiacutefico e o saber filosoacutefico

Conhecer compreender e problematizar diferenccedilas entre ceticismo e dogmatismo

Conhecer compreender e problematizar conceitos fundamentais da loacutegica formal

Conhecer compreender e problematizar conceitos fundamentais da loacutegica dialeacutetica

Conhecer compreender e problematizar o meacutetodo cientiacutefico

Conhecer compreender e problematizar o mito da neutralidade cientiacutefica

Conhecer compreender e problematizar a importacircncia das reflexotildees sobre eacutetica no campo das ciecircncias


Conhecer compreender e problematizar os principais conceitos de esteacutetica

Conhecer compreender e problematizar a induacutestria do gosto e do belo

Conhecer compreender e problematizar diferenccedilas entre cultura popular e cultura de massa

Conhecer compreender e problematizar diferentes concepccedilotildees de eacutetica na Histoacuteria da Filosofia

Conhecer compreender e problematizar a noccedilatildeo de valores morais e as concepccedilotildees claacutessicas de virtude

Conhecer compreender e problematizar a noccedilatildeo de vontade livre no agir humano

Conhecer compreender e problematizar a dimensatildeo da responsabilidade na accedilatildeo humana a partir das filosofias de Aquino e Sartre

Conhecer compreender e problematizar a perspectiva nietzscheana da construccedilatildeo e desconstruccedilatildeo dos valores da sociedade

Conhecer compreender e problematizar alguns dos principais conceitos de poliacutetica

Conhecer compreender e problematizar as noccedilotildees de Estado de Natureza Contrato Social e Estado

Conhecer compreender e problematizar as noccedilotildees de Estado Moderno e Sociedade Civil

Conhecer compreender e problematizar a existecircncia de relaccedilotildees de forccedila dentro das estruturas de poder na filosofia de Antocircnio Gramsci

Conhecer compreender e problematizar a noccedilatildeo de democracia na sociedade atual

Conhecer compreender e problematizar algumas das relaccedilotildees entre poliacutetica e violecircncia

Referecircncias Curriculares para o 1ordm ano Objetivos

[Capacidades]

Conteuacutedos de diferentes tipos

[O que eacute preciso ensinar explicitamente ou criar condiccedilotildees para que os alunos aprendam

e desenvolvam as capacidades que satildeo objetivos]

Propostas de atividade

[Situaccedilotildees de ensino e aprendizagem para trabalhar com os conteuacutedos]

Formas de avaliaccedilatildeo

[Situaccedilotildees mais adequadas para avaliar]


Compreensatildeo do fazer filosoacutefico como natildeo cumulativo caracterizado por sistemas de pensamento historicamente circunscritos

Reconhecimento da filosofia como arte de problematizar as relaccedilotildees humanas e sua proacutepria histoacuteria dentro da formulaccedilatildeo Kantiana ldquoSoacute eacute possiacutevel aprender a filosofar ou seja exercitar o talento da razatildeo fazendo-a seguir os seus princiacutepios universais em certas tentativas filosoacuteficas jaacute existentes mas sempre reservando agrave razatildeo o direito de investigar aqueles princiacutepios ateacute mesmo em suas fontes confirmando-os ou rejeitando-osrdquo (Kant 1983 p 407 -408)

Conhecimento sobre o sentido e a utilidade da Filosofia

Reflexatildeo sobre as caracteriacutesticas da Filosofia enquanto discurso racional a partir de sua origem na Greacutecia antiga como superaccedilatildeo da explicaccedilatildeo mitoloacutegica da realidade

Registro em caderno ou outro meio de conceitos discutidos e estudados para elaboraccedilatildeo mais estruturada sobre eles

Leitura e anaacutelise de excertos dos filoacutesofos preacute-socraacuteticos sobre a origem do mundo

Leitura e discussatildeo sobre a doxa dos textos preacute-socraacuteticos formulada por filoacutesofos como Nietzsche Hegel e Heidegger contidos na ediccedilatildeo lsquoPreacute-Socraacuteticosrsquo da coleccedilatildeo lsquoOs Pensadoresrsquo principalmente o de Nietzsche sobre Tales de Mileto e nele anaacutelise da importacircncia da frase lsquoTudo eacute aacuteguarsquo com ecircnfase natildeo no elemento em si mas na possibilidade de se falar de um princiacutepio comum para tudo

Atividade de debate sobre o filme lsquoSociedade dos Poetas Mortosrsquo (EUA 1989) direccedilatildeo de Peter Weir com apresentaccedilatildeo de trechos para analisar o sentido e o lugar das artes e da filosofia em nossas vidas

Leitura e debate sobre o capiacutetulo 1 do livro lsquoConvite agrave Filosofiarsquo de Marilena Chauiacute em que destaca como primeiro ensinamento filosoacutefico a colocaccedilatildeo da pergunta ldquoO que eacute uacutetil O que eacute inuacutetil O quecirc e para quem algo eacute uacutetilrdquo

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre a histoacuteria da filosofia e os caminhos do filosofar utilizando a dinacircmica de perguntas e respostas (maiecircutica socraacutetica)

Observaccedilatildeo registro e anaacutelise da participaccedilatildeo e interesse do aluno em relaccedilatildeo agraves atividades e aos conteuacutedos tratados em sala

Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de doxa e episteme

Indicaccedilatildeo e orientaccedilatildeo de leituras filosoacuteficas com a finalidade de

exercitar a reflexatildeo sobre diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema

identificar os encadeamentos das ideias e a estrutura presente nos discursos

identificar problematizar e reconstruir conceitos

Produccedilatildeo de texto a partir de

Trabalho em grupo elaboraccedilatildeo de mitos e teorias cotejando as duas formas de explicaccedilatildeo dos fenocircmenos naturais e destacando as diferentes caracteriacutesticas dessas duas formas de conhecimento

Discussatildeo sobre a autoridade do discurso cientiacutefico nas sociedades modernastecnoloacutegicas

Leitura e socializaccedilatildeo dos textos produzidos pelos grupos de alunos

perguntas questotildees-problema temas ou polecircmicas relacionados ao conteuacutedo eou texto trabalhado em sala ou indicado para leitura

Produccedilatildeo escrita dos trabalhos em grupo


Problematizaccedilatildeo do que eacute atitude filosoacutefica

Reconhecimento de que a presenccedila constante de objetos de nosso cotidiano (as horas como no exemplo de Marilena Chauiacute) acaba por embotar nossa capacidade de questionar e que seu resgate exige uma atitude que rompa com a cotidianidade

Reconhecimento de que o questionamento das instacircncias eacute diferente de sua simples aceitaccedilatildeo

Meacutetodo socraacutetico ndash a ironia a e maiecircutica


Leitura e anaacutelise de excertos da filosofia que indiquem a atitude de ldquoquebra de padrotildeesrdquo por exemplo lsquoA Apologiarsquo de Soacutecrates quando o filoacutesofo explica em que consiste seu saber ou a lsquoMeditaccedilatildeo Primeirarsquo das lsquoMeditaccedilotildees Metafiacutesicasrsquo de Descartes em que o filoacutesofo trata da natureza da duacutevida hiperboacutelica

Atividade de discussatildeo do filme lsquoBlade Runner - o caccedilador de androidesrsquo (EUA 1982) direccedilatildeo de Ridley Scott

Atividade de consciecircncia da ignoracircncia realizaccedilatildeo de entrevista em que os alunos questionam o interlocutor agrave maneira socraacutetica ateacute este natildeo conseguir mais responder agraves questotildees propostas

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre a experiecircncia do pensar


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo do conceito de atitude filosoacutefica





Produccedilatildeo de texto a partir de perguntas questotildees-problema temas ou polecircmicas relacionados ao conteuacutedo eou texto

trabalhado em sala ou indicado para leitura


Conhecimento sobre o surgimento da filosofia a partir da Greacutecia antiga e como ela se diferencia de uma consciecircncia mitoloacutegica

Compreensatildeo do surgimento da Polis grega como fator decisivo para a mudanccedila de perspectiva do mito para o logos


Leitura de textos claacutessicos da literatura grega que apresentem cosmogonias (mitos originaacuterios)

Leitura e anaacutelise do texto lsquoAlegoria da Cavernarsquo no Livro VII da Repuacuteblica de Platatildeo

Debate sobre expressotildees idiomaacuteticas em que cada aluno deveraacute explicar o significado das expressotildees visando compreender a caracteriacutestica humana de conferir sentido e atribuir significado

Leitura e anaacutelise da alegoria da Caverna ilustrada com trechos dos filmes lsquoMatrixrsquo e lsquoO Show de Trumanrsquo

Atividade de discussatildeo do filme lsquoUlyssesrsquo (EUA 1954) direccedilatildeo de Mario Camerini e Mario Bava baseado na Odisseia que relata a volta de Ulysses agrave Iacutetaca apoacutes a Guerra de Troacuteia e toda a sua luta contra as armadilhas dos deuses Pode ser complementado com a histoacuteria de Prometeu e o roubo do fogo para os seres humanos

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre os conceitos de mito logos e Polis


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de mito logos e Polis





Produccedilatildeo de texto a partir de perguntas questotildees-problema temas ou polecircmicas relacionados ao conteuacutedo eou texto trabalhado em sala ou indicado para leitura


Conceito de cultura e de natureza (universal necessaacuteria)

Identificaccedilatildeo da linguagem como


Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno

mediadora entre o homem e o mundo (a linguagem eacute a expressatildeo do pensamento do homem)

Entendimento da linguagem como caracteriacutestica humana diferenciadora dos animais

Reflexatildeo sobre a toleracircncia cultural como possibilidade de construccedilatildeo de uma sociedade justa e igualitaacuteria

Pesquisa a ser realizada em pequenas equipes sobre o conceito grego de natureza cultura arte e educaccedilatildeo e a visatildeo da filosofia medieval moderna e contemporacircnea com posterior apresentaccedilatildeo dos trabalhos em sala de aula buscando identificar as diferenccedilas conceituais de cada periacuteodo histoacuterico

Pesquisa da linguagem em diferentes culturas modernas escolher algumas palavras e descobrir o seu significado nas mais diferentes culturas

Pesquisa dos costumes em diferentes culturas modernas escolher alguns costumes ou rituais e destacar o seu significado nas mais diferentes culturas

Debate e registro por escrito das ldquovantagensrdquo e ldquodesvantagensrdquo de cada processo cultural pesquisado como forma de evidenciar a necessidade de aceitaccedilatildeo das diferenccedilas

Leitura de fragmentos de textos como por exemplo lsquoIdeologia Alematildersquo de Marx e Engels paacuteginas 27-28 e 35-39 e lsquoDiscurso do Meacutetodorsquo de Reneacute Descartes paacutegina 76

sobre natureza e cultura


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de natureza e cultura







Conceito de ideologia e alienaccedilatildeo

Compreensatildeo de aspectos da reflexatildeo de Marx e da Escola de Frankfurt sobre o trabalho

Conceito de alienaccedilatildeo e trabalho alienado


Produccedilatildeo escrita sobre a importacircncia da consciecircncia frente agraves caracteriacutesticas da cultura atual que

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre alienaccedilatildeo e ideologia

Observaccedilatildeo registro e anaacutelise da participaccedilatildeo e interesse do aluno em

valoriza a aparecircncia e o luxo em detrimento do trabalho

Atividade em grupo para problematizar a relaccedilatildeo entre liberdade e submissatildeo do homem na sociedade capitalista (explorar o entendimento e o sentido do conceito ontoloacutegico de trabalho e apropriaccedilatildeo do trabalho na sociedade de classes)

Atividade de discussatildeo dos primeiros vinte minutos do filme lsquoTempos modernosrsquo de Charles Chaplin como forma de destacar a alienaccedilatildeo e perda de sentido no trabalho

Trabalho em grupo destacar as caracteriacutesticas diferenciadoras de um objeto ou bem de consumo produzido em seacuterie de um objeto ou bem de consumo produzido de forma artesanal ou caseira

Leitura e debate a partir do poema lsquoOperaacuterio em construccedilatildeorsquo de Vinicius de Moraes

relaccedilatildeo agraves atividades e aos conteuacutedos tratados em sala

Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de alienaccedilatildeo e ideologia em Marx e na Escola de Frankfurt







Localizaccedilatildeo histoacuterica de aspectos da Escola de Frankfurt suas pesquisas integrantes e relaccedilotildees com a filosofia de Marx

Anaacutelise dos produtos culturais nas sociedades modernas (enlatados)


Leitura e debate do poema lsquoEu etiquetarsquo de Carlos Drummond de Andrade

Leitura e anaacutelise de excertos da filosofia de Frankfurt que contenham o conceito de Induacutestria Cultural

Leitura e anaacutelise de excertos de Marx que contenham o conceito de

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre consumo e cultura


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do

Fetichismo da Mercadoria

Atividade de discussatildeo do filme lsquoO Show de Trumanrsquo (EUA 1998) direccedilatildeo de Peter Weir

Atividade de discussatildeo do filme lsquoSimonersquo em que uma atriz artificial faz as vezes do ser humano como forma de evidenciar a esterilidade das relaccedilotildees humanas em uma sociedade voltada para o consumismo

Discussatildeo de mensagens subliminares em anuacutencios publicitaacuterios e marcas famosas

Leitura coletiva do livro lsquoInduacutestria Cultural e Sociedadersquo de Adorno e apresentaccedilatildeo na forma de seminaacuterio

questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de fetichismo da mercadoria e induacutestria cultural







Conceito de poliacutetica (arte de gerir a polis) e o conceito aristoteacutelico de zoon politikoacutes (animal social animal poliacutetico)

Discussatildeo do papel da poliacutetica na definiccedilatildeo de ser humano enquanto animal poliacutetico

Caracterizaccedilatildeo do ser humano como ldquopolitairdquo ou Citizen ou seja o animal capaz de participar da ldquocidaderdquo o cidadatildeo


Leitura e anaacutelise dos primeiros excertos de lsquoPoliacuteticarsquo de Aristoacuteteles

Atividade em grupo que problematize a necessidade que o homem tem de viver em comunidade e da necessidade da criaccedilatildeo de regras para o conviacutevio coletivo (o intuito eacute enfatizar o conceito de animal poliacutetico em Aristoacuteteles)

Atividades de exerciacutecio de cidadania

pesquisar sobre as formas de participaccedilatildeo poliacutetica possiacuteveis na realidade do aluno e apresentaacute-las

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre poliacutetica


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo do conceito de poliacutetica em Aristoacuteteles


exercitar a reflexatildeo sobre diferentes

escrever o nome de alguns poliacuteticos e seus respectivos cargos formulando perguntas sobre os papeacuteis dos diferentes cargos da administraccedilatildeo puacuteblica principalmente no poder executivo e judiciaacuterio

Atividade de discussatildeo da frase de Marx ldquoOs filoacutesofos jaacute se esforccedilaram em explicar a realidade cabe agora transformaacute-lardquo

Atividade de discussatildeo dos filmes

lsquo2001 uma odisseia no espaccedilorsquo (primeira meia hora) em que se apresenta o processo de humanizaccedilatildeo enquanto capacidade de construccedilatildeo de sentido

lsquoEdukatorsrsquo sobre a criacutetica social por meio da manifestaccedilatildeo poliacutetica e supostamente revolucionaacuteria

lsquoFarenheit 11 de setembrorsquo sobre a imperiacutecia da diplomacia poliacutetica enquanto causa de guerras e conflitos

lsquoO uacuteltimo rei da Escoacuteciarsquo sobre a poliacutetica como forma de manipulaccedilatildeo das massas e causa do terror

lsquoUm candidato alopradorsquo com Robin Williams direccedilatildeo de Barry Levinson que faz uma saacutetira ao processo eleitoral norte americano com muitas semelhanccedilas com as eleiccedilotildees brasileiras que merecem ser debatidas

pontos de vista sobre um mesmo tema




Conhecer compreender e problematizar a formaccedilatildeo do conceito de autonomia de Immanuel Kant e sua

Conhecimentos sobre o pensamento de Immanuel Kant em relaccedilatildeo ao iluminismo situando-o historicamente


Algumas propostas


importacircncia para entender o movimento Iluminista Conceito de Aufklaumlrung

Compreensatildeo da diferenccedila entre autonomia e heteronomia

Entendimento acerca dos conceitos de autonomia do sujeito esclarecimento uso da razatildeo puacuteblica e uso da razatildeo privada

Atraveacutes de excerto de lsquoResposta agrave pergunta O que eacute Esclarecimentorsquo elaboraccedilatildeo de dissertaccedilatildeo sobre a importacircncia da autonomia e os problemas da heteronomia

Atividade coletiva de debate confrontando o significado da ideia de sujeito dependente e sujeito autocircnomo na sociedade atual

Situaccedilotildees que permitam que os alunos estabeleccedilam um diaacutelogo entre o texto de Kant e a lsquoAlegoria da Cavernarsquo sobre a importacircncia do conhecimento como forma de constituiccedilatildeo do sujeito autocircnomo

sobre autonomia (independecircncia)


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo do conceito de autonomia em Kant







Conhecimentos sobre a filosofia de Jean-Paul Sartre contextualizando-a historicamente

Conceito de engajamento

Reflexatildeo sobre a noccedilatildeo sartreana de existecircncia e da essecircncia que natildeo precede a existecircncia


Leitura e anaacutelise de excertos de lsquoO Existencialismo eacute um Humanismorsquo e lsquoO que eacute Literaturarsquo de Sartre visando explorar o conceito de projeto e autonomia nessas leituras

Exibiccedilatildeo e anaacutelise de cenas do filme

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre engajamento (participaccedilatildeomilitacircncia)


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de

1984 (Inglaterra 1984) direccedilatildeo de Michael Radford

Situaccedilotildees de anaacutelise da frase ldquoA existecircncia precede a essecircnciardquo de Sartre em contraponto agrave ideia de uma essecircncia naturalmente humana divina

Atividade de debate sobre a questatildeo da liberdade sob os termos ateacute que ponto somos ou podemos ser realmente livres

exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo do conceito de engajamento em Sartre






3


[Capacidades]








Conhecer compreender e problematizar a questatildeo da possibilidade de conhecimento

Compreensatildeo inicial sobre a problemaacutetica da possibilidade de conhecimento

Estabelecimento de relaccedilatildeo entre conhecimento pensamento e linguagem

Reconhecimento dos diferentes modos de conhecer o mundo

Desenvolvimento de diferentes percepccedilotildees produzidas pelas diferentes concepccedilotildees e visotildees de mundo de cada pessoa

Conceitos de conhecimento epistemologia pensamento e linguagem

Registro dos conceitos trabalhados em sala de aula

Indicaccedilatildeo de leitura lsquoO mundo assombrado por democircniosrsquo do fiacutesico Carl Sagan Haacute neste livro uma interessante e breve experiecircncia do autor sobre anaacutelise chamada lsquoUm dragatildeo na garagemrsquo Nela Sagan procura mostrar o que seria um objeto de anaacutelise para a ciecircncia a partir da caccedilada dessa ldquocriatura imaginaacuteriardquo que natildeo seria passiacutevel de anaacutelise

Trabalho em grupo sobre diferentes visotildees de mundo em que cada grupo desenvolve uma espeacutecie de relato sobre uma regiatildeo diferente em diversos paiacuteses espalhados pelo globo em que possam indicar como imaginam que seriam suas vidas e haacutebitos se laacute vivessem

Situaccedilatildeo de levantamento de hipoacuteteses sobre quais imaginam que sejam os conhecimentos de povos isolados do contato com a ldquocivilizaccedilatildeordquo a partir da apresentaccedilatildeo de caracteriacutesticas desses povos com registro escrito dos resultados

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre o conhecimento


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de conhecimento epistemologia pensamento linguagem


exercitar a escuta



Produccedilatildeo de texto a partir de perguntas questotildees-problema temas ou polecircmicas relacionadas ao conteuacutedo eou texto trabalhado em sala ou indicado para leitura


Conceito de episteme e empiria

Compreensatildeo da ciecircncia como ligada a fazeres filosoacuteficos como por exemplo nas filosofias de Bacon e


Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre os conceitos de episteme e

3

Descartes

Discussatildeo do status quo do discurso cientiacutefico moderno da ciecircncia como detentora da autoridade explicativa da realidade

Reconhecimento das diferentes abordagens da filosofia (problematizaccedilatildeo e racionalizaccedilatildeo) e da ciecircncia (verificaccedilatildeo e experimentaccedilatildeo)

Reflexatildeo sobre a radicalidade do pensamento filosoacutefico que vai ateacute as uacuteltimas consequecircncias na explicaccedilatildeo da realidade fiacutesica

Anaacutelise e leitura de textos que apresentem o caraacuteter epistecircmico da filosofia (o pensar da possibilidade dos conceitos) e o caraacuteter empiacuterico das ciecircncias

Atividade em grupo com leitura dirigida de um pequeno texto no qual seja possiacutevel perceber a diferenccedila do meacutetodo cientiacutefico para o modo filosoacutefico de pensar tomando a distinccedilatildeo realizada no livro lsquoO que eacute Filosofiarsquo de Deleuze e Guattari ou trechos de lsquoDiscurso do Meacutetodorsquo de Descartes

Apresentaccedilatildeo do paradoxo de Olbers (que coloca o enigma da escuridatildeo da noite) em que se evidencia a fragilidade da explicaccedilatildeo cientiacutefica nas questotildees mais fundamentais

Atividade de debate com os alunos divididos em dois grupos em que um defenderaacute a versatildeo cientiacutefica para a criaccedilatildeo do universo por meio da teoria cientiacutefica mais aceita atualmente (Teoria do Big Bang) e o outro grupo defenderaacute uma posiccedilatildeo mais religiosa explicando a origem do universo segundo os livros sagrados do cristianismo (Adatildeo e Eva) do hinduiacutesmo bem como dos negros dos povos indiacutegenas para identificar as semelhanccedilas entre as explicaccedilotildees

Aula dialogada em que apoacutes o debate sobre as versotildees sobre a criaccedilatildeo do universo seraacute discutido o papel da filosofia enquanto mantenedora da visatildeo criacutetica sobre o assunto natildeo pendendo em definitivo para nenhuma das explicaccedilotildees apresentadas que satildeo obviamente insuficientes para explicar a origem de todas as coisas mas destacando a

empiria


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de ciecircncia em Bacon e Descartes






3

intenccedilatildeo humana de compreender e explicar o mundo


O ceticismo e a impossibilidade do conhecimento

O dogmatismo e a possibilidade do conhecimento

Aulas expositivas em que apresente as (im)possibilidade do conhecimento segundo o ceticismo e o dogmatismo

Estudo dos principais filoacutesofos ceacuteticos e dogmatistas bem como seus argumentos sobre possibilidade ou natildeo do conhecimento


Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre loacutegica


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos fundamentais da loacutegica


exercitar a escuta





Reconhecimento do lugar histoacuterico do surgimento da loacutegica como aacuterea da filosofia

Conceitos relacionados agrave loacutegica formal proposiccedilotildees silogismos raciociacutenio indutivo raciociacutenio dedutivo verdade validade

Sofismos ou falaacutecias ndash generalizaccedilotildees

Identificaccedilatildeo dos termos ou categorias aristoteacutelicas


Situaccedilotildees que permitam trabalhar as estruturas da loacutegica atraveacutes de exerciacutecios que possibilitem ao aluno distinguir e aplicar os conceitos da loacutegica

Atividades que permitam que o aluno exercite

criaccedilatildeo de silogismos

Algumas propostas



Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o

4

criaccedilatildeo de falsos silogismos

criaccedilatildeo de sofismos ou falaacutecias em grupo na forma de anedotas

Indicaccedilatildeo e discussatildeo do filme lsquoObrigado por fumarrsquo para exemplificar o uso de argumentos falaciosos

desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos fundamentais da loacutegica


exercitar a escuta






Conceitos relacionados agrave loacutegica dialeacutetica tese antiacutetese e siacutentese

Conhecimentos sobre a loacutegica dialeacutetica de Heraacuteclito agrave Teoria Criacutetica



Leitura e discussatildeo de fragmentos de Heraacuteclito Hegel MarxEngels e dos frankfurtianos sobre dialeacutetica

Algumas propostas





exercitar a escuta



4


Conhecer compreender e problematizar meacutetodo cientiacutefico

A ciecircncia para Aristoacuteteles os modernos e os contemporacircneos

O meacutetodo cientiacutefico observaccedilatildeo hipoacutetese e generalizaccedilatildeo

Histoacuteria da ciecircncia

Apresentaccedilatildeo da definiccedilatildeo de ciecircncia para Aristoacuteteles os filoacutesofos modernos e contemporacircneos

Retrospectiva histoacuterica do nascimento da ciecircncia

Registro em caderno ou outro meio de conceitos discutidos e estudados

Algumas propostas





exercitar a escuta





Retomar o conceito de mito

A neutralidade cientiacutefica

Pesquisa sobre os usos poliacutetico-militares da ciecircncia

Pesquisa sobre o uso dos conhecimentos cientiacuteficos na racionalizaccedilatildeo do mundo do trabalho


Algumas propostas


Observaccedilatildeo registro e anaacutelise da participaccedilatildeo e interesse do aluno em relaccedilatildeo agraves atividades e aos conteuacutedos

4

tratados em sala



exercitar a escuta




Conhecer compreender e problematizar importacircncia das reflexotildees sobre eacutetica no campo das ciecircncias

Compreensatildeo e reflexatildeo sobre a noccedilatildeo de eacutetica aplicada agrave ciecircncia

Reconhecimento do problema da possibilidade material e validade moral do fazer cientiacutefico

Discussatildeo sobre os limites e alcances da ciecircncia em relaccedilatildeo ao campo moral-eacutetico

Posicionamento sobre a moralidade das pesquisas envolvendo o uso de ceacutelulas tronco embrionaacuterias e outros temas similares


Elaboraccedilatildeo de uma investigaccedilatildeo sobre temas como clonagem biopirataria produtos transgecircnicos e fundamentar a partir de uma perspectiva filosoacutefica e de reflexatildeo eacutetica

Produccedilatildeo escrita sobre o tema ldquoViabilidade material eacute validade moral (Eacute certo fazer tudo o que podemos fazer)rdquo

Trabalho de pesquisa em fontes diversas sobre ceacutelulas-tronco embrionaacuterias

Situaccedilotildees de debate sobre a moralidade do uso das ceacutelulas tronco embrionaacuterias levando em conta a opiniatildeo contraacuteria das autoridades religiosas

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre eacutetica na ciecircncia


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo do conceito de eacutetica na ciecircncia



4




4


[Capacidades]








Conhecer compreender e problematizar alguns dos principais conceitos de esteacutetica

Diferenciaccedilatildeo do belo na arte e do belo no senso comum

Entendimento acerca da questatildeo do gosto esteacutetico

Formaccedilatildeo de consciecircncia do senso esteacutetico

Conhecimentos e argumentaccedilatildeo sobre padrotildees esteacuteticos e padrotildees de beleza


Situaccedilatildeo de apresentaccedilatildeo de obras de arte de periacuteodos e escolas diferentes mostrando que o padratildeo de gosto varia conforme a eacutepoca e o lugar

Exibiccedilatildeo e anaacutelise de cenas do filme lsquoAgonia e Ecircxtasersquo (EUA 1965) direccedilatildeo de Carol Reed As divergecircncias entre Michelangelo e Juacutelio II sobre o uso de certas imagens sugerem problemas de gosto

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre beleza gosto e arte


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de beleza gosto e arte

Indicaccedilatildeo e orientaccedilatildeo de leituras filosoacuteficas com a finalidade de a) exercitar a escuta b) identificar os encadeamentos das ideias e a estrutura presente nos discursos c) identificar problematizar e reconstruir conceitos


exercitar a escuta



Produccedilatildeo de texto a partir de perguntas questotildees-problema temas ou polecircmicas relacionadas ao conteuacutedo eou texto trabalhado em sala ou indicado para

4

leitura

Conhecer compreender e problematizar algumas caracteriacutesticas da induacutestria do gosto e do belo

A induacutestria da moda e a fabricaccedilatildeo do gosto

O belo como mercadoria

Pesquisa sobre a influecircncia da moda entre os jovens

Pesquisa em revistas e jornais sobre a moda

Leitura de fragmentos de texto de Induacutestria Cultural de Adorno


Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre agir corretamente


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de eacutetica moral e virtude






Conhecer compreender e problematizar as diferenccedilas entre cultura popular e cultura de massa

Conceito de cultura

Conceito de cultura popular

Conceito de cultura de massa

Pesquisa sobre artistas populares da regiatildeo com apresentaccedilatildeo de sua arte

Pesquisa sobre a influecircncia da cultura de massas no gosto dos jovens


Algumas propostas



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Compreensatildeo da diferenccedila entre moral e eacutetica

Identificaccedilatildeo da polissemia do termo eacutetica e em que sentido eacute tomado em diversas circunstacircncias

Diferenciaccedilatildeo do caraacuteter histoacuterico e social da moral do caraacuteter pessoal da moral

Noccedilotildees introdutoacuterias sobre virtude liberdade responsabilidade ato moral dever

Discussatildeo sobre a noccedilatildeo da accedilatildeo por dever em contraposiccedilatildeo agrave accedilatildeo conforme o dever

Reconhecimento dos valores como fruto da interaccedilatildeo social

O papel da cultura popular na formaccedilatildeo


Exibiccedilatildeo e anaacutelise por referecircncia ao tema dos valores morais de cenas dos filmes

- lsquoPulp Fictionrsquo (EUA 1994) direccedilatildeo de Quentin Tarantino

- lsquoLaranja Mecacircnicarsquo (Reino Unido 1971) de Stanley Kubrick

Leitura e anaacutelise de excertos do livro lsquoEacutetica da Libertaccedilatildeorsquo de Enrique Dussel

Exibiccedilatildeo e anaacutelise de cenas do filme lsquoV de Vinganccedilarsquo (EUAAlemanha 2006) direccedilatildeo de James McTeigue

Leitura e resenha do livro lsquoEacutetica para meu filhorsquo de Fernando Savater

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre valores morais e virtudes


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo do conceito de valores morais e virtudes


exercitar a reflexatildeo sobre diferentes pontos de vista sobre um mesmo

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das noccedilotildees de moral

O papel do meio na formaccedilatildeo do indiviacuteduo

Desenvolvimento de autonomia no pensar e agir

Conceito de virtude em Aristoacuteteles Maquiavel e Spinoza

Diferenccedilas e semelhanccedilas entre as concepccedilotildees de virtude

(sugestatildeo para leitura do semestre)

Debate criacutetico sobre o que eacute permitido e o que eacute proibido dentro do ambiente escolar razotildees e motivos

Leitura e anaacutelise de excertos de lsquoEacutetica a Nicocircmacorsquo contendo referecircncias ao que Aristoacuteteles entendia por ldquovirtuderdquo

Leitura e anaacutelise de excertos de lsquoO Priacutencipersquo de Nicolau Maquiavel

Leitura e anaacutelise de excertos da lsquoEacuteticarsquo de Baruch de Spinoza

Exibiccedilatildeo e anaacutelise de cenas do filme ldquoO Clube do Imperadorrdquo (EUA 2002) de Michael Hoffman

tema





Conceito de ldquolivre-arbiacutetriordquo

Compreensatildeo do problema da liberdade e da determinaccedilatildeo da vontade humana

Reflexatildeo sobre religiosidade em contraponto agrave autodeterminaccedilatildeo


Leitura e anaacutelise de autores recomendados

- sobre o tema determinaccedilatildeo Schopenhauer

- sobre liberdade e determinismo Espinosa Hegel Marx e Sartre

Produccedilatildeo escrita sobre o tema accedilatildeo humana e liberdade

Atividade de discussatildeo e anaacutelise dos mandamentos religiosos em contraponto agrave noccedilatildeo de livre-arbiacutetrio

Debate a partir da seguinte formulaccedilatildeo ldquoSe Deus natildeo existe tudo eacute permitidordquo

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre vontade livre (liberdade de escolha)


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de livre-arbiacutetrio





Produccedilatildeo de texto a partir de perguntas

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questotildees-problema temas ou polecircmicas relacionados ao conteuacutedo eou texto trabalhado em sala ou indicado para leitura


Noccedilotildees sobre o pensamento do filoacutesofo Tomas de Aquino e seu trabalho sobre a prudecircncia situando-o historicamente

Noccedilotildees sobre o pensamento do filoacutesofo Jean-Paul Sartre e o papel do ldquoprojetordquo em lsquoO Existencialismo eacute um Humanismorsquo situando-o historicamente

Definiccedilatildeo de essecircncia e existecircncia no acircmbito do ldquoprojetordquo sartreano


Leitura e anaacutelise de excertos de lsquoA Prudecircnciarsquo de Tomaacutes de Aquino

Leitura e anaacutelise de excertos de lsquoO Existencialismo eacute um Humanismorsquo de Sartre

Atividade de retomada da anaacutelise da formulaccedilatildeo de Sartre ldquoA existecircncia precede a essecircnciardquo

Atividade de debate com os alunos divididos em dois grupos em que um defenderaacute a opiniatildeo de Sartre e o outro grupo a refutaraacute com registro escrito das conclusotildees e apresentaccedilatildeo para o grande grupo

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre responsabilidade


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de prudecircncia em Tomas de Aquino e projeto em Sartre







Noccedilotildees sobre a filosofia de Friedrich Nietzsche situando-a historicamente

Compreensatildeo sobre a noccedilatildeo nietzscheana de transvaloraccedilatildeo dos valores


Leitura e anaacutelise de excertos de lsquoSobre a Verdade e a Mentira num Sentido

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre valores morais

Observaccedilatildeo registro e anaacutelise da

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Extramoralrsquo participaccedilatildeo e interesse do aluno em relaccedilatildeo agraves atividades e aos conteuacutedos tratados em sala

Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo do conceito de transvaloraccedilatildeo dos valores em Nietzsche







Compreensatildeo da noccedilatildeo aristoteacutelica de que o homem eacute um animal poliacutetico

Conceitos de poder Estado governo representaccedilatildeo formas de governo

Noccedilatildeo de autoridade de justiccedila de puacuteblico e de privado

Reflexatildeo sobre a democracia sobre o exerciacutecio democraacutetico sobre a institucionalizaccedilatildeo e personalizaccedilatildeo do poder

Ditaduras e regimes autoritaacuterios

Fascismo e nazismo

Registro no caderno ou em outro meio dos conceitos discutidos

Produccedilatildeo de texto acerca das diferenccedilas entre as formas de governo e o papel dos sujeitos em cada uma delas

Leitura e anaacutelise de textos que tratam da democracia ateniense como por exemplo trechos de lsquoA Repuacuteblicarsquo de Platatildeo e da obra lsquoA Poliacuteticarsquo de Aristoacuteteles

Leitura e anaacutelise de textos que versam sobre a justiccedila (lsquoPensamentosrsquo de Pascal) sobre autoridade (lsquoEntre o passado e o futurorsquo de Hannah Arendt) e sobre a democracia (lsquoCultura e

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre poliacutetica governo e voto


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de Estado poder e representaccedilatildeo

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Democraciarsquo de Chauiacute)

Indicaccedilatildeo e discussatildeo do filme lsquoHotel Ruandarsquo sobre as guerras na Aacutefrica lsquoPra frente Brasilrsquo e lsquoOlgarsquo sobre autoritarismo no Brasil

Trabalho em grupo anaacutelise da representaccedilatildeo estudantil sobre o tema ldquoOs grecircmios existem e funcionam efetivamenterdquo







Reconhecimento do lugar histoacuterico das filosofias de Jean-Jacques Rousseau e Thomas Hobbes

Conceito de Estado de Natureza e distinccedilatildeo entre a maneira como Rousseau e Hobbes compreendem esse estado

Identificaccedilatildeo e compreensatildeo da diferenccedila no conceito de contrato social para Hobbes e Rousseau

Reflexatildeo sobre o estado de natureza (jus-naturalismo) e da vida em sociedade (pacto social)

Situaccedilotildees que permitam ao aluno ler e comparar as formulaccedilotildees de Rousseau e Hobbes respectivamente em lsquoDo Contrato Socialrsquo e lsquoLeviatatildersquo sobre contrato social e estado de natureza enumerando as diferenccedilas e suas implicaccedilotildees

Atividade dinacircmica cada dupla de alunos redigiraacute uma espeacutecie de contrato social em que ambas as partes deveratildeo ser contempladas com posterior leitura e discussatildeo para a turma dos contratos redigidos

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre a relaccedilatildeo entre natureza humana e organizaccedilatildeo poliacutetica


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de natureza humana e organizaccedilatildeo poliacutetica




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Conhecer compreender e problematizar noccedilotildees de Estado Moderno e Sociedade Civil

Reconhecimento do lugar histoacuterico da filosofia de Maquiavel e sua influecircncia para a formaccedilatildeo do Estado Moderno

Conceito de virtu e fortuna em Maquiavel

Conceito de Sociedade Civil

Problematizaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre eacutetica e poliacutetica em Maquiavel

Compreensatildeo da ideia de autonomia poliacutetica em Maquiavel


Leitura e anaacutelise de excertos de lsquoO Priacutencipersquo de Maquiavel

Elaboraccedilatildeo de um texto a partir dos conceitos centrais tratados na obra de Maquiavel posicionando-se

Anaacutelise e debate do princiacutepio atribuiacutedo a Maquiavel de que ldquoos fins justificam os meiosrdquo em relaccedilatildeo agrave sua validade no mundo atual

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre a formaccedilatildeo dos estados


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo do conceito de virtu em Maquiavel






Conhecer compreender e problematizar a existecircncia de relaccedilotildees de forccedila dentro das

Reconhecimento do lugar histoacuterico da filosofia de Antocircnio Gramsci

Registro no caderno dos conceitos apresentados em aula

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos

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estruturas de poder na filosofia de Antocircnio Gramsci Compreensatildeo da noccedilatildeo gramsciana de

que poliacutetica eacute coerccedilatildeo e consenso

Noccedilatildeo de intelectual orgacircnico

Exibiccedilatildeo e anaacutelise de trechos do filme lsquoO Encouraccedilado Potenkinrsquo (Ruacutessia 1925 direccedilatildeo de Sergei Eisenstein)

Situaccedilatildeo em que cada aluno deveraacute escolher uma personalidade e classificaacute-la nos moldes do intelectual orgacircnico de Gramsci

Apresentaccedilatildeo dos resultados de cada aluno para a turma toda defendendo seu ponto de vista

conhecimentos preacutevios do aluno sobre poder poliacutetico


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de coerccedilatildeo e consenso em Gramsci







Distinccedilatildeo da noccedilatildeo de Democracia para a Greacutecia antiga e para a modernidade

Reconhecimento da noccedilatildeo de Democracia Representativa identificando sua estrutura poder executivo poder legislativo e poder judiciaacuterio

Estrutura do congresso nacional cacircmara e senado

Estrutura do poder executivo nos municiacutepios e nos estados prefeitura e governo estadual


Leitura e anaacutelise de excertos de lsquoA Repuacuteblicarsquo de Platatildeo

Leitura e resenha do texto lsquoCultura Democracia e Socialismorsquo de Chauiacute (in lsquoCidadania cultural o direito agrave culturarsquo)

Trabalho em grupo organizaccedilatildeo de uma cacircmara de deputados federais e senadores ou vereadores e deputados

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre democracia


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da

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Estrutura do poder legislativo nos municiacutepios e no estado cacircmara dos deputados estaduais e cacircmara de vereadores

estaduais em que cada aluno poderaacute ser eleito e votar na eleiccedilatildeo

Debate simulado das propostas de cada candidato em que o professor seraacute o mediador

argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo dos conceitos de democracia na Greacutecia antiga e na modernidade






Conhecer compreender e problematizar relaccedilotildees entre poliacutetica e violecircncia

Noccedilatildeo de totalitarismo de terrorismo e imperialismo

Conhecimentos sobre o totalitarismo na histoacuteria (stalinismo fascismo nazismo)

Discussatildeo sobre regimes totalitaacuterios na Ameacuterica Latina

Reconhecimento do horrores dos governos africanos Ide Amim Dada e outros exemplos


Leitura e anaacutelise de excertos do texto lsquoEducaccedilatildeo contra a Barbaacuteriersquo e lsquoEducaccedilatildeo apoacutes Auschwitzrsquo de Adorno

Exibiccedilatildeo e anaacutelise do filme lsquoA Ondarsquo (Die Welle) Alemanha 2008 direccedilatildeo de Dennis Gansel

Pesquisa de textos relatos fotos sobre horrores praticados por regimes total-totalitaacuterios

Algumas propostas

Identificaccedilatildeo e problematizaccedilatildeo dos conhecimentos preacutevios do aluno sobre totalitarismo


Avaliaccedilatildeo contiacutenua por meio de exerciacutecios operatoacuterios que permitam o desenvolvimento da anaacutelise da argumentaccedilatildeo (oral e escrita) do questionamento e da problematizaccedilatildeo do conceito de totalitarismo



identificar os encadeamentos das

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ideias e a estrutura presente nos discursos



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SITES

1 httpwwwcfhufscbr~nim

Site do Nuacutecleo de investigaccedilotildees metafiacutesicas com pesquisas artigos e traduccedilotildees

2 httpwwwnesefufprbr

Site do Nuacutecleo de Estudos sobre Educaccedilatildeo e Filosofia da UFPR

3 httpwwwfflchuspbrdfgengenhtm

Site do Grupo de Estudos de Nietzsche da FFLCH-USP

4 httpwwwunbbrfeteffiloescofoucault

O Espaccedilo Michel Foucault eacute um site que reuacutene artigos links e textos sobre Foucault

5 httpwwwoestrangeironetindexphp

Site com lista de discussatildeo artigos e entrevistas sobre a obra de Deleuze

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Sumaacuterio



O papel da escola hoje


Os propoacutesitos da Educaccedilatildeo Baacutesica nestes tempos que vivemos









Objetivos do ensino

Referecircncias Curriculares Objetivos Conteuacutedos Propostas de Atividade e Formas de Avaliaccedilatildeo


Bibliografia






















































































































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