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  • Governador

    Vice Governador

    SecretÆria da Educaçªo

    SecretÆrio Adjunto

    SecretÆrio Executivo

    Assessora Institucional do Gabinete da Seduc

    Coordenadora da Educaçªo Profissional SEDUC

    Cid Ferreira Gomes

    Domingos Gomes de Aguiar Filho

    Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

    Maurício Holanda Maia

    Antônio Idilvan de Lima Alencar

    Cristiane Carvalho Holanda

    AndrØa Araœjo Rocha

  • Escola Estadual de Educaçªo Profissional [EEEP] Ensino MØdio Integrado à Educaçªo Profissional

    Fabricaçªo Mecânica �– Materiais, Metalurgia e Tratamento TØrmico 1

    ˝ndice

    Capitulo 1 �– Introduçªo 2

    Capitulo 2 �– Estrutura Cristalina dos Materiais 11

    Capitulo 3 �– Diagramas de Fases 19

    Capitulo 4 �– O Sistema Ferro-Carbono 32

    Capitulo 5 �– Aços e Ferros Fundidos 41

    Capitulo 6 �– Propriedades Mecânicas dos Metais 55

    Capitulo 7 �– Tratamentos TØrmicos e Termoquímicos 66

    Capitulo 8 �– Corrosªo de Metais 83

    Bibliografia 101

  • Escola Estadual de Educaçªo Profissional [EEEP] Ensino MØdio Integrado à Educaçªo Profissional

    Fabricaçªo Mecânica �– Materiais, Metalurgia e Tratamento TØrmico 2

    CAPITULO 1

    INTRODU˙ˆO

    1.1 Perspectiva Histórica

    Os materiais estªo provavelmente mais entranhados na nossa cultura do que a maioria de nós

    percebe. Nos transportes, habitaçªo, vestiÆrio, comunicaçªo, recreaçªo e produçªo de alimentos;

    virtualmente todos os seguimentos de nossa vida diÆria sªo influenciados em maior ou menor grau pelos

    materiais.

    Historicamente, o desenvolvimento e o avanço das sociedades tŒm estado intimamente ligados às

    habilidades dos seus membros em produzir e manipular os materiais para satisfazer as suas

    necessidades. De fato, as civilizaçıes antigas foram designadas de acordo com o seu nível de

    desenvolvimento em relaçªo aos materiais (Idade da Pedra, Idade do Bronze).

    Os primeiros seres humanos tiveram acesso a apenas um nœmero limitado de materiais, aqueles

    presentes na natureza: pedra, madeira, argila, peles, e assim por diante. Com o tempo, esses primeiros

    seres humanos descobriram tØcnicas para a produçªo de materiais com propriedades superiores àquelas

    dos materiais naturais; esses novos materiais incluíram as cerâmicas e vÆrios metais. AlØm disso, foi

    descoberto que as propriedades de um material podiam ser alteradas por meio de tratamentos tØrmicos e

    pela adiçªo de outras substâncias. Naquele ponto, a utilizaçªo dos materiais era um processo totalmente

    seletivo, isto Ø, consistia em decidir dentre um conjunto específico e relativamente limitado de materiais

    aquele que mais se adequava a uma dada aplicaçªo, em virtude de suas características.

    Nªo foi senªo em tempos relativamente recentes que os cientistas compreenderam as relaçıes

    entre os elementos estruturais dos materiais e suas propriedades. Esses conhecimentos deram-lhes

    condiçıes para moldar em grande parte as características dos materiais. Assim, dezenas de milhares de

    materiais diferentes foram desenvolvidos, com características relativamente específicas e que atendem

    as necessidades da nossa moderna e complexa sociedade; esses materiais incluem metais, plÆsticos,

    vidros e fibras.

    O desenvolvimento de muitas tecnologias que tornam nossa existŒncia tªo confortÆvel estÆ

    intimamente associado ao acesso a materiais adequados. Um avanço na compreensªo de um tipo de

    material Ø com frequŒncia o precursor para o progresso escalado de uma tecnologia. Por exemplo, o

    automóvel nªo teria sido possível nªo fosse pela disponibilidade a baixo custo de aço ou de algum outro

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    material substituto comparÆvel. Em nossos tempos, dispositivos eletrônicos sofisticados dependem de

    componentes que sªo feitos a partir dos chamados materiais semicondutores.

    1.2 CiŒncia e Engenharia de Materiais

    A disciplina ciŒncia de materia is envolve a investigaçªo das relaçıes entre as estruturas e as

    propriedades dos materiais. Em contraste, a engenharia de materia is consiste, com base nessas

    correlaçıes estrutura-propriedade, no projeto ou na engenharia da estrutura de material para produzir um

    conjunto de propriedades predeterminadas. Assim, devemos ter atençªo para as relaçıes ente as

    propriedades dos materiais e os elementos de estrutura.

    Estrutura de um material se refere, em geral, ao arranjo dos seus componentes internos. A

    estrutura subatômica envolve os elØtrons no interior dos Ætomos individuais e as interaçıes com os seus

    nœcleos. Em nível atômico, a estrutura engloba a organizaçªo dos Ætomos ou das molØculas umas em

    relaçªo às outras. O próximo grande reino estrutural que contØm grandes grupos de Ætomos normalmente

    �F�R�Q�J�O�R�P�H�U�D�G�R�V�� �p�� �F�K�D�P�D�G�R�� �G�H�� �‡�P�L�F�U�R�V�F�y�S�L�F�R�·���� �V�L�J�Q�L�I�L�F�D�Q�G�R�� �D�T�X�H�O�H�� �T�X�H�� �H�V�W�i�� �V�X�M�H�L�W�R�� �D�� �X�P�D�� �R�E�V�H�U�Y�D�o�m�R��

    direta atravØs de algum tipo de microscópio. Finalmente, os elementos estruturais que podem ser vistos

    �D���R�O�K�R���Q�X���V�m�R���F�K�D�P�D�G�R�V���G�H���‡�P�D�F�U�R�V�F�y�S�L�F�R�·��

    Propriedade. Consiste em uma peculiaridade de um dado material em termos do tipo e da

    intensidade da sua resposta a um estímulo específico que lhe Ø imposto. Virtualmente todas as

    propriedades dos materiais sólidos podem ser agrupadas em seis categorias diferentes:

    1 �– Mecânica;

    2 �– ElØtrica;

    3 �– TØrmica;

    4 - MagnØtica;

    5 �– Óptica;

    6 �– Deteriorativa.

    Para cada uma existe um tipo característico de estímulo capaz de causar diferentes respostas. As

    propriedades mecânicas relacionam a deformaçªo à aplicaçªo de uma carga ou força; sªo exemplos o

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    módulo de elasticidade e a resistŒncia. Para as propriedades elØtricas, tais como a condutividade elØtrica

    e a constante dielØtrica, o estímulo Ø um campo elØtrico. O comportamento tØrmico dos sólidos pode ser

    representado em termos da capacidade calorífica e da condutividade tØrmica. As propriedades

    magnØticas demonstram à resposta de um material a aplicaçªo de um campo magnØtico. Para as

    propriedades ópticas, o estímulo Ø a radiaçªo eletromagnØtica ou luminosa; o índice de refraçªo e a

    refletividade representam bem as propriedades ópticas. Finalmente, as características deteriorativas

    indicam a reatividade química dos materiais.

    AlØm da estrutura e das propriedades, dois outros componentes importantes estªo envolvidos na

    c�L�r�Q�F�L�D���H���Q�D���H�Q�J�H�Q�K�D�U�L�D���G�H���P�D�W�H�U�L�D�L�V�����T�X�D�L�V���V�H�M�D�P�����R���‡�S�U�R�F�H�V�V�D�P�H�Q�W�R�·���H���R���‡�G�H�V�H�P�S�H�Q�K�R�·��

    Com respeito às relaçıes entre esses quatro componentes; estrutura, propriedades,

    processamento e desempenho, a estrutura de um material irÆ depender da maneira como ele serÆ

    processado. AlØm disso, o desempenho de um material serÆ uma funçªo das suas propriedades. Assim a

    inter-relaçªo entre processamento, estrutura, propriedades e desempenho Ø linear, como Ø mostrado na

    ilustraçªo da figura 1.1

    Processamento Estrutura Propriedades Desempenho

    Fig.1.1- Os quatro componentes da disciplina Tecnologia dos Materiais e o seu inter relacionamento linear.

    1.3 Por que estudar a CiŒncia e Engenharia de Materiais?

    Muitos cientistas e engenheiros de aplicaçıes sejam eles das Æreas de mecânica, civil, química ou

    elØtrica, irªo uma vez ou outra se deparar com um problema de projeto que envolve materiais. Os

    exemplos podem incluir uma engrenagem de transmissªo, a superestrutura para um edifício, um

    componente para uma refinaria de petróleo, ou um chip de circuito integrado. Obviamente, os cientistas

    e engenheiros de materiais sªo especialistas totalmente envolvidos na investigaçªo e no projeto de

    materiais.

    Muitas vezes, um problema de materiais consiste na seleçªo do material correto dentre muitos

    milhares de materiais disponíveis. Existem vÆrios critØrios em relaçªo aos qual a decisªo final

    normalmente se baseia. Em primeiro lugar, as condiçıes de serviço devem ser caracterizadas, uma vez

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    que essas irªo ditar as propriedades que o material deve possuir. Em apenas raras ocasiıes um material

    possui a combinaçªo mÆxima ou ideal de propriedades para uma dada aplicaçªo. Dessa forma, pode ser

    necessÆrio abrir mªo de uma característica por outra. O exemplo clÆssico envolve a resistŒncia e a

    ductilidade; normalmente, um material que possui uma alta resistŒncia terÆ apenas uma ductilidade

    limitada. Em tais casos, pode ser necessÆria uma conciliaçªo razoÆvel entre duas ou mais propriedades.

    Uma segunda consideraçªo de seleçªo Ø qualquer deterioraçªo das propriedades dos materiais

    que possa ocorrer durante operaçªo em serviço. Por exemplo, reduçıes significativas na resistŒncia

    mecânica podem resultar da exposiçªo a temperaturas elevadas ou ambientes corrosivos. Finalmente,

    muito provavelmente a consideraçªo final estarÆ relacionada a fatores econômicos; Quanto irÆ custar o

    produto final acabado? Pode ser o caso de encontrar um material com o conjunto ideal de propriedades,

    mas seu preço ser proibitivo. Novamente, serÆ inevitÆvel alguma conciliaçªo. O custo de uma peça

    acabada tambØm inclui as despesas que incidiram durante o processo de fabricaçªo para a obtençªo da

    forma desejada.

    Por isso, quanto mais familiarizado estiverem tØcnicos, engenheiros e cientistas com as vÆrias

    características e relaçıes estrutura-propriedade, assim como as tØcnicas de processamento dos materiais,

    mais capacitado e confiante ele estarÆ para fazer escolhas ponderadas de materiais com base nesses

    critØrios.

    1.4 Classificaçªo dos materiais

    Os materiais sólidos foram agrupados convenientemente de acordo com trŒs classificaçıes

    bÆsicas: metais, cerâmicas e polímeros. Este esquema estÆ baseado principalmente na composiçªo

    química e na estrutura atômica, e a maioria dos materiais se enquadra dentro de um ou de outro grupo

    distinto, embora existam alguns materiais intermediÆrios. AlØm disso, existem trŒs outros grupos de

    materiais de engenharia importantes, os compósitos, os semicondutores e os biomateriais.

    Vejamos uma explicaçªo sucinta dos diferentes tipos de materiais e as características que os

    representam.

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    Metais

    Os materiais metÆlicos consistem normalmente em combinaçıes de elementos metÆlicos. Eles

    possuem um grande nœmero de elØtrons nªo-localizados; isto Ø, esses elØtrons nªo estªo ligados a

    qualquer Ætomo em particular. Muitas das propriedades dos metais sªo atribuídas diretamente a esses

    elØtrons. Os metais sªo condutores de eletricidade e calor extremamente bons, e nªo sªo transparentes a

    luz visível; uma superfície metÆlica polida possui uma aparŒncia brilhosa. AlØm disso, os metais sªo

    muito resistentes, ao mesmo tempo em que sªo deformÆveis, o que Ø responsÆvel pelo seu amplo uso em

    aplicaçıes estruturais.

    Cerâmicas

    As cerâmicas sªo compostos formados entre elementos metÆlicos e elementos nªo-metÆlicos; na

    maioria das vezes elas sªo compostas por óxidos, nitretos e carbetos. A grande variedade de materiais

    que se enquadra nessa classificaçªo inclui as cerâmicas compostas por minerais argilosos, o cimento e o

    vidro. Tipicamente, esses materiais sªo isolantes a passagem de eletricidade e calor, e sªo mais

    resistentes a altas temperaturas e ambientes severos do que os metais e os polímeros. Em relaçªo ao seu

    comportamento mecânico, as cerâmicas sªo duras, porØm sªo muito frÆgeis e quebradiças.

    Polímeros

    Os polímeros incluem os materiais comuns de plÆstico e borracha que conhecemos. Muitos deles

    sªo compostos orgânicos que tŒm sua química baseada no carbono, no hidrogŒnio e em outros elementos

    nªo-metÆlicos; alØm disso, eles possuem estruturas moleculares muito grandes. Tipicamente, esses

    materiais possuem baixas densidades e podem ser extremamente flexíveis.

    Compósitos

    Os materiais compósitos consistem em combinaçıes de dois ou mais materiais diferentes. Um

    grande tipo de materiais compósitos tem sido engenheirado. A fibra de vidro Ø um exemplo familiar,

    onde fibras de vidro sªo incorporadas no interior de um material polimØrico. Um compósito Ø projetado

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    para exibir uma combinaçªo das melhores características de cada um dos materiais componentes. Assim,

    a fibra de vidro adquire a resistŒncia do vidro e a flexibilidade do polímero. Muitos dos

    desenvolvimentos recentes na Ærea de materiais tŒm envolvido materiais compósitos.

    Semicondutores

    Os semicondutores sªo utilizados em funçªo das suas características elØtricas peculiares,

    possuem propriedades elØtricas intermediÆrias entre aquelas exibidas pelos condutores elØtricos e os

    isolantes. AlØm disso, as características elØtricas desses materiais sªo extremamente sensíveis à presença

    de minœsculas concentraçıes de Ætomos de impurezas cujas concentraçıes podem ser controladas dentro

    de regiıes do espaço muito pequenas. Os semicondutores tornaram possível o advento dos circuitos

    integrados, que revolucionaram totalmente as indœstrias de produtos eletrônicos e computadores (para

    nªo mencionar a nossa vida) ao longo das duas œltimas dØcadas.

    Biomateriais

    Os biomateriais sªo empregados nos componentes implantados no interior do corpo humano para

    substituiçªo de partes do corpo doentes ou danificadas. Esses materiais nªo devem produzir substâncias

    tóxicas e devem ser compatíveis com os tecidos do corpo (nªo devem causar reaçıes biológicas

    adversas). Todos os materiais citados: metais, cerâmicas, polímeros, compósitos e semicondutores,

    podem ser usados como biomateriais.

    1.5 Materiais Avançados

    Os materiais utilizados em aplicaçıes de alta tecnologia sªo algumas vezes chamados de

    materia is avançados. Por alta tecnologia subentendemos um dispositivo ou produto que opera ou que

    funciona utilizando princípios relativamente intricados e sofisticados; os exemplos incluem os

    equipamentos eletrônicos, computadores, sistema de fibra ótica, espaçonaves, aeronaves e foguetes

    militares. Esses materiais avançados consistem tipicamente em materiais tradicionais cujas propriedades

    foram aprimoradas ou em materiais de alto desempenho desenvolvidos recentemente. AlØm disso, eles

    podem ser de todos os tipos de materiais, e sªo em geral relativamente caros.

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    1.6 Materiais do Futuro

    Materiais Inteligentes

    Os materia is inteligentes consistem em um grupo de materiais novos e de œltima geraçªo que

    estªo atualmente sendo desenvolvidos e que terªo influŒncia significativa sobre muitas das nossas

    �W�H�F�Q�R�O�R�J�L�D�V���� �2�� �D�G�M�H�W�L�Y�R�� �‡�L�Q�W�H�O�L�J�H�Q�W�H�·�� �L�P�S�O�L�F�D�� �T�X�H�� �H�V�V�H�V�� �P�D�W�H�U�L�D�L�V�� �V�m�R�� �F�D�S�D�]�H�V�� �G�H�� �V�H�Q�W�L�U�� �P�X�G�D�Q�o�D�V�� �Q�R�V��

    seus ambientes e entªo responder a essas mudanças de uma maneira predeterminada, como tambØm

    ocorre com os organismos vivos.

    Os componentes de um material (ou sistema) inteligente incluem algum tipo de sensor (que

    detecta um sinal de entrada), e um atuador (que executa uma funçªo de resposta e adaptaçªo). Os

    atuadores podem ser chamados para mudar a forma, a posiçªo, a frequŒncia natural ou as características

    mecânicas em resposta as mudanças de temperatura, campos elØtricos, e/ou campos magnØticos.

    Nanotecnologia

    AtØ tempos muito recentes, o procedimento geral utilizado pelos cientistas para compreender a

    química e a física dos materiais era partir do estudo de estruturas grandes e complexas e entªo investigar

    os blocos construtivos fundamentais que compıem essas estruturas, que sªo menores e mais simples.

    �(�V�V�D�� �D�E�R�U�G�D�J�H�P�� �p�� �D�O�J�X�P�D�V�� �Y�H�]�H�V�� �F�K�D�P�D�G�D�� �G�H�� �F�L�r�Q�F�L�D�� �‡�G�H�� �F�L�P�D�� �S�D�U�D�� �E�D�L�[�R�·���� �&�R�Q�W�X�G�R���� �F�R�P�� �R��advento

    dos microscópios de ponta de prova, que permitem a observaçªo dos Ætomos e das molØculas

    individuais, ficou possível manipular e mover Ætomos e molØculas e formar novas estruturas, dessa

    forma desenhando novos materiais fabricados a partir de constituintes que sªo simples ao nível atômico

    ���L�V�W�R�� �p���� �F�R�Q�V�W�U�X�L�U�� �‡�P�D�W�H�U�L�D�L�V�� �S�R�U�� �S�U�R�M�H�W�R�·������ �(�V�V�D�� �K�D�E�L�O�L�G�D�G�H�� �H�P�� �V�H�� �D�U�U�D�Q�M�D�U�� �F�X�L�G�D�G�R�V�D�P�H�Q�W�H�� �R�V�� �i�W�R�P�R�V��

    proporciona oportunidades para o desenvolvimento de propriedades mecânicas, elØtricas, magnØticas e

    de outras naturezas que nªo seriam possíveis de qualquer outra maneira. A isso chamamos de abordagem

    �‡�G�H�� �E�D�L�[�R�� �S�D�U�D�� �F�L�P�D�·���� �R�� �H�V�W�X�G�R�� �G�D�V�� �S�U�R�S�U�L�H�G�D�G�H�V�� �G�H�V�V�H�V�� �P�D�W�H�U�L�D�L�V�� �p���F�R�Q�K�H�F�L�G�R�� �S�R�U�� �‡�Q�D�Q�R�W�H�F�Q�R�O�R�J�L�D�·����

    �R�Q�G�H���R���S�U�H�I�L�[�R���‡�Q�D�Q�R�·���L�Q�G�L�F�D���T�X�H���D�V���G�L�P�H�Q�V�}�H�V���G�H�V�V�D�V���H�Q�W�L�G�D�G�H�V���H�V�W�U�X�Wurais sªo da ordem do nanômetro

    (10-9m) �– como regra, inferiores a 100 nanômetros (o equivalente a aproximadamente 500 diâmetros

    atômicos). Um exemplo de material desse tipo Ø o nonotubo de carbono.

    Em futuro próximo, vamos sem dœvida alguma descobrir que um nœmero cada vez maior dos

    nossos avanços tecnológicos farÆ uso desses materiais nanoengenheirados.

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    1.7 Necessidades dos Materiais Modernos

    Apesar do tremendo progresso que tem sido obtido ao longo dos œltimos anos na disciplina de

    CiŒncias e Engenharia de Materiais, ainda existem desafios tecnológicos, incluindo o desenvolvimento

    de materiais cada vez mais sofisticados e especializados, assim como a consideraçªo do impacto

    ambiental causado pela produçªo dos materiais. Assim sendo, torna-se apropriado abordar estas

    questıes, a fim de tornar mais clara essa perspectiva.

    A energia nuclear guarda alguma promessa, mas as soluçıes para os muitos problemas que ainda

    permanecem irªo envolver necessariamente os materiais, desde combustíveis atØ estruturas de

    contençªo, atØ as instalaçıes para o descarte dos rejeitos radioativos.

    Quantidades significativas de energia estªo envolvidas na Ærea de transportes. A reduçªo no peso

    dos veículos de transportes (automóveis, aeronaves, trens, etc.), assim como o aumento das temperaturas

    da operaçªo dos motores, irÆ melhorar a eficiŒncia dos combustíveis. Novos materiais estruturais de alta

    resistŒncia e baixa densidade ainda precisam ser desenvolvidos, assim como materiais com recursos para

    trabalhar em temperaturas mais elevadas, a serem usados nos componentes dos motores.

    AlØm disso, existe uma necessidade reconhecida de se encontrar fontes de energia novas e

    econômicas, alØm de se usar as fontes de energia atuais de uma maneira mais eficientes. Os materiais

    irªo, sem dœvida alguma, desempenhar um papel importante nesses desenvolvimentos. Por exemplo, a

    conversªo direta de energia solar em energia elØtrica foi demonstrada. As cØlulas solares empregam

    alguns materiais que sªo de certa forma complexas e caros. Para assegurar uma tecnologia viÆvel,

    devem ser desenvolvidos materiais altamente eficientes nesses processos de convençªo, porØm que

    sejam mais baratos que os atuais.

    Ademais, a qualidade do meio ambiente depende da nossa habilidade em controlar a poluiçªo do

    ar e da Ægua. As tØcnicas de controle de poluiçªo empregam vÆrios materiais. AlØm disso, o

    processamento de materiais e os mØtodos de refino precisam ser aprimorados, de modo que eles

    produzam degradaçªo menor do meio ambiente, isto Ø, menos poluiçªo e menor destruiçªo da paisagem

    pela mineraçªo das matØrias primas. Ainda, em alguns processos de fabricaçªo de materiais, sªo

    produzidas substâncias tóxicas, e o impacto ecológico causado pela eliminaçªo dessas substancias deve

    ser considerado.

    Muitos materiais que usamos sªo derivados de recursos nªo renovÆveis, isto Ø, recursos que nªo

    sªo possíveis de ser regenerados. Dentre estes materiais estªo incluídos os polímeros, para os quais a

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    matØria prima principal Ø o petróleo, e alguns metais. Esses recursos nªo renovÆveis estªo se tornando

    gradualmente escassos, o que exige:

    1) A descoberta de reservas adicionais;

    2) O desenvolvimento de novos materiais que possuam propriedades comparÆveis, mas que

    apresentem um impacto ambiental menos adverso;

    3) Maiores esforços de reciclagem e o desenvolvimento de novas tecnologias de reciclagem.

    Como uma consequŒncia dos aspectos econômicos nªo somente da produçªo, mas tambØm do

    impacto ambiental e de fatores ecológicos, estÆ tornando cada vez mais importante considerar o ciclo de

    �Y�L�G�D���‡�G�H�V�G�H���R���E�H�U�o�R���D�W�p���R���W�~�P�X�O�R�·���G�R�V���P�D�W�H�U�L�D�L�V���H�P���U�H�O�D�o�m�R���D�R���V�H�X���S�U�R�F�H�V�V�R���J�O�R�E�D�O���G�H���I�D�E�U�L�F�D�o�m�R��

    EXERCICIOS

    1“) Como podem ser alteradas as propriedades dos materiais?

    2“) A que se refere a estrutura dos materiais?

    3“) Como podem ser agrupadas as propriedades dos materiais sólidos?

    4“) Para cada uma das propriedades dos materiais metÆlicos, relacione um estímulo e sua

    resposta.

    5“) De acordo com suas classificaçıes bÆsicas, como foram classificados os materiais sólidos?

    6“) Quais os trŒs grupos de materiais sólidos de engenharia?

    7“) Relacione trŒs característica de cada material metÆlico.

    8“) Em que consiste os materiais inteligentes?

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    CAPITULO 2

    ESTRUTURA CRISTALINA DOS MATERIAIS

    2.1 Introduçªo

    Neste capítulo serÆ discutida a estrutura dos materiais, especificamente a de alguns dos arranjos

    que podem ser assumidos pelos Ætomos no estado sólido.

    Dentro desse contexto, sªo introduzidos os conceitos de cristalinidade e nªo- cristalinidade.

    Para os sólidos cristalinos, a noçªo de estrutura cristalina Ø apresentada, especificada em termos

    de cØlula unitÆria. As estruturas cristalinas encontradas tanto nos metais como nas cerâmicas sªo entªo

    detalhadas, juntamente com o esquema atravØs do qual os pontos, as direçıes e os planos

    cristalogrÆficos sªo expressos. Sªo considerados os materiais monocristais, policristalinos e nªo-

    cristalinos.

    ESTRUTURAS CRISTALINA

    2.2 Conceitos Fundamentais

    Os materiais sólidos podem ser classificados de acordo com a regularidade segundo a qual seus

    Ætomos ou íons estªo arranjados uns em relaçªo aos outros. Um material cristalino Ø aquele em que os

    Ætomos estªo situados de acordo com uma matriz que se repete, ou que Ø periódica, ao longo de grandes

    distâncias atômicas; isto Ø, existe ordem de longo alcance, tal que, quando ocorre um processo de

    solidificaçªo, os Ætomos se posicionam de acordo com um padrªo tridimensional repetitivo, onde cada

    Ætomo estÆ ligado aos seus Ætomos vizinhos mais próximos. Todos os metais, muitos materiais cerâmicos

    e certos polímeros formam estruturas cristalinas sob condiçıes normais de solidificaçªo.

    Aqueles materiais que nªo se cristalizam, essa ordem atômica de longo alcance estÆ ausente;

    esses materiais sªo chamados de nªo-cristalinos ou amorfos.

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    Algumas das propriedades dos sólidos cristalinos dependem da estrutura cristalina do material,

    ou seja, da maneira segundo a qual os Ætomos, íons ou molØculas estªo arranjados no espaço. Existe um

    nœmero extremamente grande de estruturas cristalinas diferentes, todas elas possuindo uma ordenaçªo

    atômica de longo alcance; essas variam desde estruturas relativamente simples, como ocorre para os

    metais, atØ estruturas excessivamente complexas, como as que sªo exibidas por alguns materiais

    cerâmicos e polimØricos. Este capítulo trata de algumas estruturas cristalinas usuais encontradas em

    metais e cerâmicas.

    Ao descrever as estruturas cristalinas, os Ætomos (ou íons) sªo considerados como se fossem

    esferas sólidas com diâmetros bem definidos. Isso Ø conhecido por modelo da esfera rígida atômica, no

    qual as esferas que representam os Ætomos vizinhos mais próximos tocam umas nas outras. Um exemplo

    do modelo de esferas rígidas para o arranjo atômico encontrado em alguns metais elementares comuns

    estÆ mostrado na figura 2.1c. Nesse caso em particular, todos os Ætomos sªo idŒnticos. Algumas vezes o

    �W�H�U�P�R�� �� �U�H�G�H�� �F�U�L�V�W�D�O�L�Q�D�� �p�� �X�W�L�O�L�]�D�G�R�� �Q�R�� �F�R�Q�W�H�[�W�R�� �G�H�� �H�V�W�U�X�W�X�U�D�V�� �F�U�L�V�W�D�O�L�Q�D�V���� �Q�H�V�V�H�� �V�H�Q�W�L�G�R���� �‡�U�H�G�H�� �F�U�L�V�W�D�O�L�Q�D�·��

    significa uma matriz tridimensional de pontos que coincidem com posiçıes dos Ætomos (ou centros de

    esferas).

    ˝ons: sªo Ætomos que, por um motivo qualquer, perderam ou ganharam elØtrons. Quando um Ætomo perde elØtrons se torna um íon positivo ou cÆtion, passando a ter excesso de cargas positivas. Contrariamente , ao ganhar ElØtrons, torna-se um íon negativo ou ânion . Os Ætomos dos elementos químicos tendem a estabilizar a ultima camada ganhando ou perdendo elØtrons, ou seja, para a maioria hÆ necessidade de se transformar em íons. Por exemplo, Ætomos de metais, como o cobres, tendem a perder elØtrons (íons, cÆtion) e Ætomos de ametais, como o oxigŒnio, tendem a ganhar elØtrons (íons, ânion).

    Fig.2.1- Para a estrutura cristalina de faces centradas: (a) uma representaçªo da cØlula unitÆria por meio de esferas rígidas; (b) uma cØlula unitÆria com esferas reduzidas e (c) um agregado de muitos Ætomos.

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    2.3 CØlulas UnitÆrias

    A ordenaçªo dos Ætomos nos sólidos cristalinos indica que pequenos grupos de Ætomos formam

    um padrªo repetitivo. Dessa forma, ao descrever as estruturas cristalinas, frequentemente se torna

    conveniente subdividir a estrutura em pequenas entidades repetitivas, chamadas de cØlulas unitÆrias.

    Para a maioria das estruturas cristalinas, as cØlulas unitÆrias consistem em paralelepípedos ou prismas

    com trŒs conjuntos de faces paralelas; uma dessas cØlulas unitÆrias estÆ desenhada no agregado de

    esferas (Fig. 2.1c), e nesse caso ela tem o formato de um cubo. Uma cØlula unitÆria Ø escolhida para

    representar a simetria da estrutura cristalina, onde todas as posiçıes de Ætomos no cristal podem ser

    geradas atravØs de translaçıes das distâncias integrais da cØlula unitÆria ao longo de cada uma das suas

    arestas. Assim sendo a cØlula unitÆria consiste na unidade estrutural bÆsica ou bloco construtivo bÆsico

    da estrutura cristalina e define a estrutura cristalina em virtude da sua geometria e das posiçıes dos

    Ætomos no seu interior. Em geral a conveniŒncia dita que os vØrtices do paralelepípedo devem coincidir

    com os centros dos Ætomos representados como esferas rígidas. AlØm disso, mais do que uma œnica

    cØlula unitÆria pode ser escolhida para uma estrutura cristalina particular; contudo, em geral usamos a

    cØlula unitÆria com o mais alto grau de simetria geomØtrica.

    2.4 Estruturas Cristalina dos Metais

    A ligaçªo nesse grupo de material Ø metÆlica, e dessa forma sua natureza Ø nªo direcional.

    Consequentemente, nªo existem restriçıes em relaçªo à quantidade e à posiçªo dos Ætomos vizinhos

    mais próximos; isso leva a nœmeros relativamente elevados de vizinhos mais próximos, assim como a

    empacotamentos compactos dos Ætomos na maioria das estruturas cristalinas dos metais. AlØm disso, no

    caso dos metais, ao se utilizar o modelo de esferas rígidas para representar as estruturas cristalinas, cada

    esfera representa um nœcleo iônico.

    Existem trŒs estruturas cristalinas relativamente simples para a maioria dos metais mais comuns,

    sªo elas:

    1. Cœbica de Faces Centradas (CFC);

    2. Cœbica de Corpo Centrado (CCC);

    3. Hexagonal Compacta (HC).

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    A Estrutura Cristalina Cœbica de Faces Centradas

    A estrutura cristalina encontrada em muitos metais possui uma cØlula unitÆria com geometria

    cœbica, com os Ætomos localizados em cada um dos vØrtices e nos centos de todas as faces do cubo. Essa

    estrutura Ø adequadamente chamada de estrutura cristalina cœbica de faces centradas (CFC). Alguns dos

    matais mais familiares que possuem essa estrutura cristalina sªo o cobre, o alumínio, a prata e o ouro. A

    figura 2.1a mostra um modelo de esferas rígidas para a cØlula unitÆria CFC, enquanto na figura 2.1b os

    centros dos Ætomos estªo representados por com o objetivo de proporcionar uma melhor perspectiva dos

    Ætomos. O agregado de Ætomos na figura 2.1c representa uma seçªo de um cristal que consiste em muitas

    cØlulas unitÆrias CFC. Essas esferas ou nœcleos iônicos se tocam umas as outras ao longo de uma

    diagonal da face; o comprimento da aresta do cubo a e o raio atômico R estªo relacionados atravØs da

    expressªo:

    22Ra � (2.1)

    Na estrutura CFC, cada Ætomo em um vØrtice Ø compartilhado por oito cØlulas unitÆrias,

    enquanto um Ætomo localizado no centro de uma face pertence a apenas duas cØlulas. Portanto, um

    oitavo de cada um dos oito Ætomos em vØrtices, ou um total de quatro Ætomos inteiros, pode ser atribuído

    a uma dada cØlula unitÆria. Isso estÆ mostrado na figura 2.1a, onde estªo representadas apenas as fraçıes

    das esferas que estªo dentro dos limites do cubo. A cØlula unitÆria compreende o volume do cubo que Ø

    gerado a partir dos centros dos Ætomos nos vØrtices, como mostrado na figura.

    As posiçıes nos vØrtices e nas faces sªo na realidade equivalentes; isto Ø, uma translaçªo do

    vØrtice do cubo de um Ætomo originalmente em um vØrtice para o centro de um Ætomo localizado em

    uma das faces nªo irÆ alterar a estrutura da cØlula unitÆria.

    Duas outras características importantes de uma estrutura cristalina sªo o nœmero de coordenaçªo

    e o Fator de Empacotamento Atômico (FEA). Nos metais, todos os Ætomos possuem o mesmo nœmero

    de vizinhos mais próximos ou Ætomos em contato, o que constitui o seu nœmero de coordenaçªo. No

    caso das estruturas cristalinas cœbicas de faces centradas, o nœmero de coordenaçªo Ø 12. Isso pode ser

    confirmado atravØs de um exame da figura 2.1a, o Ætomo na face anterior possui como vizinhos mais

    próximos quatro Ætomos que estªo localizados nos vØrtices ao seu redor, quatro Ætomos que estªo

    localizados nas faces que estªo em contato pelo lado de trÆs, e quatro outros Ætomos de faces

    equivalentes na próxima cØlula unitÆria, à sua frente, os quais nªo estªo representados na figura.

    O FEA representa a fraçªo do volume de uma cØlula unitÆria que corresponde às esferas

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    sólidas, assumindo o modelo das esferas atômicas rígidas, ou:

    Para a estrutura CFC, o fator de empacotamento atômico Ø de 0,74, o qual consiste no mÆximo

    empacotamento possível para um conjunto de esferas onde todas as esferas possuem o mesmo diâmetro.

    Tipicamente, os metais possuem fatores de empacotamento atômico relativamente elevados, a fim de

    maximizar a proteçªo conferida pelo gÆs de elØtrons livres.

    A Estrutura Cristalina Cœbica de Corpo Centrado

    Uma estrutura cristalina metÆlica comumente encontrada tambØm possui uma cØlula unitÆria

    cœbica, com Ætomos localizados em todos os oito vØrtices e um œnico outro Ætomo localizado no centro

    do cubo. Essa estrutura Ø conhecida por estrutura cristalina cœbica de corpo centrado (CCC). Um

    conjunto de esferas demonstrando essa estrutura cristalina estÆ mostrado na figura 2.2c, enquanto as

    figuras 2.2a e 2.2b representam diagramas de cØlulas unitÆrias CCC onde os Ætomos estªo representados

    de acordo com os modelos de esferas reduzidas, respectivamente. Os Ætomos no centro e nos vØrtices se

    tocam uns nos outros ao longo das diagonais do cubo, e o comprimento da cØlula unitÆria a e o raio

    atômico R estªo relacionados atravØs da expressªo:

    3

    4Ra � (2.3)

    O cromo, o ferro e o tungstŒnio, assim como diversos outros metais, exibem uma estrutura

    cristalina do tipo CCC.

    FEA= volume dos Ætomos em uma cØlula unitÆria volume total das esferas (2.2)

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    Fig2.2 �– Para a estrutura cristalina de corpos centrdo, (a) uma representaçªo da cØlula unitÆria por meio de esferas rígidas, (b) uma cØlula unitÆria

    com esferas reduzidas, e (c) um agregado de muitos Ætomos.

    Dois Ætomos estªo associados a cada cØlula unitÆria CCC: o equivalente a um Ætomo, distribuído

    entre os oito vØrtices do cubo, onde cada Ætomo em um vØrtice Ø compartilhado por oito cØlulas

    unitÆrias, e o œnico Ætomo no centro do cubo, o qual estÆ totalmente contido dentro da sua cØlula. AlØm

    disso, as posiçıes atômicas central e no vØrtice sªo equivalentes. O nœmero de coordenaçªo para a

    estrutura cristalina CCC Ø 8; cada Ætomo central possui os oito Ætomos localizados nos vØrtices do cubo

    como seus vizinhos mais próximos. Uma vez que o nœmero de coordenaçªo Ø menor na estrutura CCC

    do que na estrutura CFC, o fator de empacotamento atômico na estrutura CCC tambØm Ø menor do que

    na CFC, sendo de 0,68, contra 0,74 na CFC.

    A Estrutura Cristalina Hexagonal Compacta

    Nem todos os metais possuem cØlulas unitÆrias com simetria cœbica; a œltima estrutura cristalina

    comumente encontrada nos metais que serÆ vista aqui possui uma cØlula unitÆria com formato

    hexagonal. A figura 2.3a mostra uma cØlula unitÆria com esferas reduzidas para essa estrutura, que Ø

    conhecida por hexagonal compacta (HC); uma construçªo composta por vÆrias cØlulas unitÆria HC estÆ

    representada a figura 2.3b.

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    As faces superior e inferior da cØlula unitÆria sªo compostas por seis Ætomos que formam

    hexÆgonos regulares e que se encontram ao redor de um œnico Ætomo central. Outro plano que contribui

    com trŒs Ætomos adicionais para a cØlula unitÆria estÆ localizado entre os planos superior e inferior. Os

    Ætomos localizados nesse plano intermediÆrio possuem como vizinhos mais próximos Ætomos em ambos

    os planos adjacentes. O equivalente a seis Ætomos estÆ contido em cada cØlula unitÆria; um sexto de cada

    um dos 12 Ætomos localizados nos vØrtices das faces superior e inferior, metade de cada um dos dois

    Ætomos no centro das faces superior e inferior, e todos os trŒs Ætomos interiores que compıe o plano

    intermediÆrio. Se a e c representam, respectivamente, as dimensıes menor e maior da cØlula unitÆria na

    figura 2.2a, a razªo c/a deve ser de 1,633; contudo, no caso de alguns metais que apresentam a estrutura

    cristalina HC, essa razªo apresenta um desvio em relaçªo ao valor ideal.

    Fig.2.3 �– Para a estrutura cristalina hexagonal compacta: (a) uma cØlula unitÆria com esferas reduzidas (a e c

    representam os comprimentos das arestas menores e maiores respectivamente), e (b) um agregado de muitos Ætomos.

    O nœmero de coordenaçªo e o fator de empacotamento atômico para a estrutura cristalina HC sªo

    os mesmos que para a estrutura cristalina CFC, ou seja: 12 e 0,74, respectivamente. Os metais HC sªo o

    cÆdmio, o magnØsio, o titânio e o zinco.

    2.5 CÆlculos da Densidade - Metais

    Um conhecimento da estrutura cristalina de um sólido metÆlico permite o cÆlculo da sua

    �G�H�Q�V�L�G�D�G�H���W�H�y�U�L�F�D�����!�����T�X�H���p���R�E�W�L�G�D���D�W�U�D�Y�p�V���G�D���V�H�J�X�L�Q�W�H���U�H�O�D�o�m�R����

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    VcNA

    nAp � (2.4)

    Onde:

    n = nœmero de Ætomos associados a cada cØlula unitÆria;

    A = peso atômico;

    VC = volume da cØlula unitÆria;

    NA = nœmero de Avogrado (6,023 x 1023 Ætomos/mol).

    EXERC˝CIOS

    1) Calcular o volume de uma cØlula unitÆria CFC em termos do raio atômico R.

    2) Mostrar que o fator de empacotamento atômico para a estrutura cristalina CFC Ø de 0,74.

    3) O cobre possui um raio atômico de 0,128 nm, uma estrutura cristalina CFC, e um peso

    atômico de 63,5g/mol. Calcular sua densidade teórica e comparar a resposta com sua densidade medida

    experimentalmente (8,94g/cm†).

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    CAPITULO 3

    DIAGRAMAS DE FASES

    3.1 Introduçªo

    A compreensªo dos diagramas de fases para sistemas de ligas Ø extremamente importante, pois

    existe uma forte correlaçªo entre a microestrutura e as propriedades mecânicas, e o desenvolvimento da

    microestrutura de uma liga estÆ relacionado às características do seu diagrama de fases. Os diagramas de

    fases fornecem informaçıes valiosas sobre os fenômenos da fusªo, fundiçªo, cristalizaçªo e outros.

    DEFINI˙ÕES E CONCEITOS B`SICOS

    Componente: os componentes sªo metais puros e/ou os compostos que compıem uma liga. Por

    exemplo: em um latªo cobre-zinco, os componentes sªo Cu e Zn.

    Solvente: elemento ou composto que estÆ presente em maior quantidade; ocasionalmente os

    Ætomos de solvente tambØm sªo chamados de Ætomos hospedeiros.

    Soluto: Ø usado para indicar um elemento ou composto que estÆ em menor oncentraçªo.

    Sistema: possui dois significados:

    1 �– pode se referir a um corpo específico do material que estÆ sendo considerado; por exemplo:

    uma panela de fundiçªo com aço fundido.

    2 �– pode estÆ relacionado à sØrie de possíveis ligas compostas pelos mesmos componentes,

    porØm de maneira independente da composiçªo da liga; por exemplo: o sistema ferro-carbono.

    Soluçªo sólida: uma formaçªo sólida se forma quando, à medida que os Ætomos de soluto sªo

    adicionados ao material hospedeiro, a estrutura cristalina Ø mantida e nenhuma nova estrutura Ø

    formada. Vejamos uma analogia com uma soluçªo líquida: se dois líquidos solœveis um no outro (tais

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    com a Ægua e o Ælcool) forem combinados, serÆ produzida uma soluçªo líquida à medida que as

    molØculas de ambos forem se misturando, e a composiçªo se manterÆ homogŒnea ao longo de toda a

    extensªo de líquido resultante. Uma soluçªo sólida tambØm Ø homogŒnea em termos de composiçªo; os

    Ætomos de impureza estªo distribuídos aleatoriamente no interior do sólido.

    3.2 Limite de Solubilidade

    Para muitos sistemas de ligas e em uma dada temperatura específica, existe uma concentraçªo

    mÆxima de Ætomos de soluto que pode se dissolver no solvente para formar uma soluçªo sólida; a isto,

    chamamos de limite de solubilidade. A adiçªo de soluto em excesso, alØm desse limite de solubilidade,

    resulta na formaçªo de uma outra soluçªo sólida ou de um outro composto que possui uma composiçªo

    marcadamente diferente.

    Vejamos como exemplo o sistema açœcar-Ægua (C12H22O11-H2O). Inicialmente, quando o

    açœcar Ø adicionado a Ægua, forma-se uma soluçªo ou xarope açœcar-Ægua. À medida que mais açœcar Ø

    introduzido, a soluçªo se torna mais concentrada, atØ que o limite de solubilidade Ø atingido, quando

    entªo a soluçªo fica saturada com açœcar. Nesse instante, a soluçªo nªo Ø capaz de dissolver qualquer

    quantidade adicional de açœcar, e as adiçıes subsequentes simplesmente sedimentam no fundo do

    recipiente. Dessa forma, o sistema consiste agora em duas substâncias separadas: uma soluçªo líquida de

    xarope açœcar-Ægua e cristais sólidos de açœcar que nªo foram dissolvidos.

    3.3 Fases

    Uma fase pode ser definida como uma porçªo homogŒnea de um sistema que possui

    características físicas e químicas uniformes. Todo material puro Ø considerado uma fase. Da mesma

    forma, assim o sªo todas as soluçıes sólidas, líquidas e gasosas. Por exemplo, a soluçªo de xarope

    açœcar-Ægua, discutida, consiste em uma fase, enquanto o açœcar sólido consiste em uma outra fase.

    Cada uma dessas fases possui propriedades físicas diferentes (uma Ø um líquido a outra Ø um sólido);

    alØm disso, cada fase Ø quimicamente diferente (isto Ø, possui uma composiçªo química diferente); uma

    consiste virtualmente em açœcar puro, a outra consiste em uma soluçªo de H2O e C12H22O11. Se mais de

    uma fase estiver presente em um dado sistema, cada fase terÆ suas próprias propriedades individuais, e

    existirÆ uma fronteira separando as fases atravØs da qual existirÆ uma mudança descontínua e abrupta

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    nas características físicas e/ou químicas. Quando duas fases estªo presentes em um sistema, nªo Ø

    necessÆrio que existam diferenças tanto nas propriedades físicas como nas propriedades químicas; uma

    disparidade em um ou noutro conjunto de propriedades jÆ Ø suficiente. Quando Ægua e gelo estªo

    presentes em um recipiente, existem duas fases separadas; elas sªo fisicamente diferentes (uma Ø um

    sólido, a outra um líquido), porØm ambas sªo idŒnticas em constituiçªo química. AlØm disso, quando

    uma substância pode existir em duas ou mais formas polimórficas (por exemplo, quando possui tanto

    estrutura CFC como CCC), cada uma dessas estruturas consiste em uma fase separada, pois suas

    respectivas características físicas sªo diferentes.

    3.4 Microestrutura

    Muitas vezes, as propriedades físicas e, em particular, o comportamento mecânico de um

    material, dependem da microestrutura. A microestrutura estÆ sujeita a uma boa observaçªo direta atravØs

    de um microscópio, utilizando-se microscópio óptico ou eletrônico. Nas ligas metÆlicas, a

    microestrutura Ø caracterizada pelo nœmero de fases presentes, por suas proporçıes e pela maneira

    segundo a qual elas estªo distribuídas ou arranjadas. A microestrutura de uma liga depende de variÆveis

    tais como os elementos de liga que estªo presentes, suas concentraçıes e o tratamento tØrmico a que a

    liga foi submetida (isto Ø, a temperatura, o tempo de aquecimento à temperatura do tratamento e a taxa

    de resfriamento atØ a temperatura ambiente).

    Normalmente, preparos de superfície cuidadosos e meticulosos sªo necessÆrios para revelar os

    detalhes importantes de microestruturas. A superfície da amostra deve ser primeiro lixada e polida, atØ

    atingir um acabamento liso e espelhado. Isso Ø conseguido utilizando-se papØis e pós sucessivamente

    mais finos. A microestrutura Ø revelada mediante a aplicaçªo de um tratamento de superfície que

    emprega um reagente químico apropriado, em um procedimento conhecido por ataque químico, após

    este ataque, as diferentes fases podem ser distinguidas pelas suas aparŒncias.

    Por exemplo, no caso de uma liga bifÆsica, uma fase pode aparecer clara, enquanto a outra fase

    aparece escura, como Ø o caso para a figura 3.1.

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    Quando somente uma œnica fase ou uma œnica soluçªo sólida estÆ presente a textura Ø uniforme,

    exceto pelos contornos dos grªos que podem estar revelados, como Ø mostrado na figura 3.2.

    3.5 Equilíbrio de Fases

    Equilíbrio Ø outro conceito essencial. Este pode ser mais bem descrito em termos de uma

    grandeza termodinâmica conhecida como energia livre. Sucintamente, a energia livre Ø uma funçªo da

    energia interna de um sistema e tambØm da aleatoriedade ou desordem dos Ætomos ou molØculas

    (entropia). Um sistema estÆ em equilíbrio quando sua energia livre se encontra em um valor mínimo

    para uma combinaçªo específica de temperatura, pressªo e composiçªo. Em um sentido macroscópico,

    isto significa que as características do sistema nªo mudam ao longo do tempo, mas persistem

    indefinidamente; isto Ø, o sistema Ø estÆvel. Uma alteraçªo na pressªo, na temperatura e/ou na

    composiçªo de um sistema em equilíbrio irÆ resultar em um aumento na energia livre e em uma possível

    mudança espontânea para outro estado onde a energia livre seja reduzida.

    Aço hipoeutetóide com 0,38%pC. Os grªos claro sªo compostos por ferrita prÆ-eutetóide, enquanto os grªos lamelares sªo compostos por perlita. As camadas escuras e claras na perlita correpondem, respectivamente às fases cementita e ferrita.

    Fig.3.1 Micrografia eletrônica de um aço Hipoeutetóide com 0,38%pC

    Fig.3.2 Fotomicrografia de uma amostra de uma liga ferro-cromo policristalina polida e atacada quimicamente, onde os contornos de grªos aparecem escuros.

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    A expressªo equilíbrio de fases, usada com frequŒncia no contexto dessa discussªo, refere-se ao

    equilíbrio na medida em que esse se aplica a sistemas onde pode existir mais do que uma œnica fase. O

    equilíbrio de fases se reflete em uma constância nas características das fases de um sistema ao longo do

    tempo. Vejamos um exemplo, a fim de ilustrar melhor este conceito.

    Suponha que um xarope açœcar-Ægua esteja contido no interior de um vasilhame fechado e que a

    soluçªo esteja em contato com açœcar no estado sólido à temperatura de 20”C. Se o sistema se encontra

    em equilíbrio, a composiçªo do xarope serÆ de 65%p C12H22O11-35%p H2O, e as quantidades e

    composiçıes do xarope e do açœcar sólido irªo permanecer constantes ao longo do tempo. Se a

    temperatura do sistema for aumentada repentinamente, vamos dizer, atØ 100”C, esse equilíbrio ficarÆ

    temporariamente perturbado, no sentido de que o limite de solubilidade foi aumentado para 80%p

    C12H22O11. Dessa forma, uma parte do açœcar sólido irÆ se transferir para a soluçªo, no xarope. Esse

    fenômeno prosseguirÆ atØ que a nova concentraçªo de equilíbrio do xarope seja estabelecida à

    temperatura mais alta.

    Esse exemplo açœcar-xarope ilustrou o princípio do equilíbrio de fases usando um sistema

    líquido-sólido. Em muitos sistemas metalœrgicos e de materiais de interesse, o equilíbrio de fases

    envolve apenas fases sólidas. Nesse sentido, o estado do sistema se reflete nas características da

    microestrutura, a qual necessariamente inclui nªo apenas as fases presentes e suas composiçıes, mas,

    alØm disso, as quantidades relativas das fases e seus arranjos ou distribuiçıes espaciais.

    DIAGRAMAS DE FASES EM CONDI˙ÕES DE EQUIL˝BRIO

    Muitas das informaçıes sobre o controle da microestrutura ou da estrutura das fases de um

    sistema de ligas específico sªo mostradas de uma maneira conveniente e concisa no que Ø chamado de

    diagrama de fases, com frequŒncia tambØm denominado diagrama de equilíbrio ou diagrama

    constitucional. Muitas microestruturas se desenvolvem a partir das transformaçıes de fases, que sªo as

    mudanças que ocorrem entre as fases quando a temperatura Ø modificada (ordinariamente, atravØs de um

    processo de resfriamento). Isso pode envolver a transiçªo de uma fase para outra, ou o aparecimento ou

    desaparecimento de uma fase.

    Os diagramas de fases sªo œteis para prever as transformaçıes de fases e as microestruturas

    resultantes, que podem apresentar uma natureza de equilíbrio ou de ausŒncia de equilíbrio Os diagramas

    de equilíbrio representam as relaçıes existentes entre a temperatura e as composiçıes, e as quantidades

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    de cada fase em condiçıes de equilíbrio. Existem diversos tipos de diagramas diferentes; contudo,

    apenas a temperatura e a composiçªo, sªo os parâmetros para ligas binÆrias, assunto de nosso estudo.

    Uma liga binÆria Ø uma liga que contØm dois componentes. Se mais de dois componentes estiverem

    presentes, os diagramas de fases se tornam extremamente complicados e difíceis de serem

    representados. Os princípios empregados para o controle da microestrutura com auxílio de digramas de

    fases podem ser ilustrados atravØs de ligas binÆrias, mesmo que, na realidade, a maioria das ligas

    contenha mais do que apenas dois componentes.

    3.6 Sistemas Isomorfos BinÆrios

    Possivelmente, o tipo de diagrama de fases binÆrio mais fÆcil de ser compreendido e

    interpretado Ø aquele caracterizado pelo sistema cobre-níquel figura 3.3.

    10000 20 6040 80 100

    1100 2000

    1200 2200

    24001300

    1400

    1500

    1600

    2600

    2800

    0 20 6040 80 100

    Linha liquida

    Linha solidus

    Liquida

    Composiçªo (% pNi)

    Composiçªo (% pNi)

    Tem

    pera

    tura

    (”C

    )

    Tem

    pera

    tura

    (”C

    )1453”C

    1085”CA

    B

    (Ni)(Cu)

    A temperatura Ø traçada ao longo da ordenada; enquanto a abscissa representa a composiçªo da

    liga, em porcentagem de peso na escala inferior e porcentagem atômica na escala superior, de níquel.

    A composiçªo varia de 0%p Ni (100%p Cu) na extremidade horizontal esquerda e 100%p Ni

    Fig.3.3- O diagrama de fases cobre-níquel

    Isomorfo: diz-se dos corpos que podem formar cristais mistos em proporçıes quaisquer.

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    (0%p Cu) na outra extremidade, à direita.

    TrŒs regiıes, ou campos, de fases diferentes aparecem no diagrama, um �F�D�P�S�R�� �D�O�I�D�� ���.������ �X�P��

    campo líquido (�/�������H���X�P���F�D�P�S�R���E�L�I�i�V�L�F�R���.�������/��

    Cada regiªo Ø definida pela fase ou pelas fases que existem ao longo das faixas de temperaturas e

    de composiçıes que estªo delimitadas pelas curvas de fronteira entre as fases.

    O líquido L consiste em uma soluçªo líquida homogenia, composta tanto por cobre quanto por

    �Q�t�T�X�H�O�����$���I�D�V�H�����.���F�R�Q�V�L�V�W�H���H�P���X�P�D���V�R�O�X�o�m�R���V�y�O�L�G�D���V�X�E�V�W�L�W�X�F�L�R�Q�D�O���T�X�H�����F�R�Q�W�p�P���i�W�R�P�R�V���W�D�Q�W�R���G�H���&�X���T�X�D�Q�W�R��

    de Ni e que possui uma estrutura cristalina CFC.

    A temperaturas abaixo de aproximadamente 1080”C, o cobre e o níquel sªo mutuamente

    solœveis no estado sólido para toda e qualquer combinaçªo de composiçıes. Essa solubilidade completa

    Ø explicada pelo fato de que tanto o Cu como o Ni possuem a mesma estrutura cristalina (CFC), ra ios

    atômicos e eletronegatividades praticamente idŒnticos, e valŒncias semelhantes.

    O sistema cobre-níquel Ø chamado de isomorfo devido a esta completa solubilidade dos dois

    componentes nos estados líquido e sólido.

    Para as ligas metÆlicas, as soluçıes sólidas sªo designadas usualmente por meio de letras gregas

    �P�L�Q�~�V�F�X�O�D�V�� ���.���� ������ ���� �H�W�F�������� �$�O�p�P�� �G�L�V�V�R���� �H�P�� �U�H�O�D�o�m�R�� �j�V�� �I�U�R�Q�W�H�L�U�D�V�� �H�Q�W�U�H���D�V�� �I�D�V�H�V���� �D�� �O�L�Q�K�D�� �T�X�H�� �V�H�S�D�U�D�� �R�V��

    �F�D�P�S�R�V���G�D�V���I�D�V�H�V���/���H���.�������/���p���F�K�D�P�D�G�D���G�H���O�L�Q�K�D���O�L�T�X�L�G�X�V�����F�R�P�R���H�V�W�i���P�R�V�W�U�D�G�R���Q�D���I�L�J�X�U�D�������������D���I�D�V�H líquida

    estÆ presente em todas as temperaturas e composiçıes localizadas acima desta linha.

    A �O�L�Q�K�D�� �V�R�O�L�G�X�V�� �H�V�W�i�� �O�R�F�D�O�L�]�D�G�D�� �H�Q�W�U�H�� �D�V�� �U�H�J�L�}�H�V�� �.�� �H�� �.�� ���� �/���� �H�� �D�E�D�L�[�R�� �G�H�O�D�� �H�[�L�V�W�H�� �V�R�P�H�Q�W�H�� �D�� �I�D�V�H��

    �V�y�O�L�G�D���.��

    As linhas solidus e liquidus se interceptam nas duas extremidades de composiçªo; esses pontos

    correspondem às temperaturas de fusªo dos componentes puros. Por exemplo, as temperaturas de fusªo

    do cobre puro e do níquel puro sªo, respectivamente, 1085”C e 1453”C. O aquecimento do cobre puro

    corresponde a um movimento vertical, para cima, ao longo do eixo da temperatura pelo lado esquerdo.

    O cobre permanece no estado sólido atØ a sua temperatura de fusªo ser atingida. A transformaçªo do

    estado sólido para o estado líquido ocorre na temperatura de fusªo, e nenhum aquecimento adicional Ø

    possível atØ que essa transformaçªo tenha sido completa.

    Para qualquer composiçªo que nªo a de componentes puros, esse fenômeno de fusªo irÆ ocorrer

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    ao longo de uma faixa de temperaturas entre as linhas solidus e liquidus; as duas f�D�V�H�V�����V�y�O�L�G�R���.���H���O�t�T�X�L�G�R��

    L, estarªo presentes em equilíbrio dentro dessa faixa de temperaturas.

    Por exemplo: ao se aquecer uma liga com composiçªo de 60%p Ni-40%p Cu, figura 3.3, a fusªo

    tem início a uma temperatura de aproximadamente 1280”C (2340”F); a quantidade da fase líquida

    aumenta continuamente com elevaçªo da temperatura atØ aproximadamente 1320”C (2410”C), quando a

    liga fica completamente líquida.

    3.7 Interpretaçªo de diagramas de fases

    Para um sistema binÆrio com composiçªo e temperatura conhecidas e que se encontra em um

    estado de equilíbrio, pelo menos trŒs tipos de informaçıes estªo disponíveis:

    1 �– as fases que estªo presentes;

    2 �– as composiçıes dessas fases;

    3 �– as porcentagens ou fraçıes das fases.

    Os procedimentos para efetuar essas determinaçıes serªo demonstrados usado o sistema cobre-

    níquel.

    Fases Presentes

    O estabelecimento de quais fases presentes Ø relativamente simples. Tudo o que precisa ser feito

    Ø localizar o ponto temperatura-composiçªo de interesse no diagrama de fase e observar com qual(is)

    fase(s) o campo de fases correspondente estÆ identificado. Por exemplo, uma liga com composiçªo de

    60%p Ni-40%p Cu à temperatura de 1100”C estaria localizada no ponto A da figura 3.3; uma vez que

    este ponto se encontra dentro da regi�m�R���.�����D�S�H�Q�D�V���D���I�D�V�H���.���H�V�W�D�U�i���S�U�H�V�H�Q�W�H�����3�R�U���R�X�W�U�R���O�D�G�R�����X�P�D���O�L�J�D���F�R�P��

    composiçªo de 35%p Ni-65%p Cu à temperatura de 1250”C, ponto B, consistirÆ, em condiçıes de

    �H�T�X�L�O�t�E�U�L�R�����W�D�Q�W�R���Q�D���I�D�V�H���.���F�R�P�R���Q�D���I�D�V�H���O�t�T�X�L�G�D����

    Determinaçªo das composiçıes das Fases

    A primeira etapa na determinaçªo das composiçıes das fases (em termos das concentraçıes dos

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    componentes) consiste em se localizar o ponto temperatura-composiçªo correspondente no diagrama de

    fases. MØtodos diferentes sªo usados para as regiıes monofÆsicas e bifÆsicas. Se apenas uma fase estÆ

    presente, o procedimento Ø simples, a composiçªo dessa fase Ø simplesmente a mesma que a

    composiçªo global da liga. Por exemplo, considere uma liga com 60%p Ni-40%p Cu à temperatura de

    1100”C, ponto A da figura 3.3. Nessa c�R�P�E�L�Q�D�o�m�R���G�H���F�R�P�S�R�V�L�o�m�R���H���W�H�P�S�H�U�D�W�X�U�D�����V�R�P�H�Q�W�H���D���I�D�V�H���.���H�V�W�i��

    presente, e esta possui uma composiçªo 60%p Ni-40%p Cu.

    Para uma liga com uma combinaçªo de composiçªo e temperatura localizada em uma regiªo

    bifÆsica, a situaçªo Ø mais complicada. Em todas as regiıes bifÆsicas, e somente nas regiıes bifÆsicas,

    pode ser imaginada a existŒncia de uma sØrie de linhas horizontais, uma para cada temperatura diferente.

    Cada uma dessas linhas Ø conhecida como linha de amarraçªo, ou algumas vezes como isoterma. Essas

    linhas de amarraçªo se estendem atravØs da regiªo bifÆsica. Para calcular as concentraçıes das duas

    fases em condiçªo de equilíbrio, deve-se seguir o seguinte procedimento:

    1 �– Uma linha de amarraçªo Ø construída atravØs da regiªo bifÆsica na temperatura em que a liga

    se encontra;

    2 �– Sªo anotadas as interseçıes da linha de amarraçªo com as fronteiras entre as fases em ambas;

    3 �– Sªo traçadas linhas perpendiculares à linha de amarraçªo, a partir dessas interseçıes, atØ o

    eixo horizontal das composiçıes, onde pode ser lida a composiçªo de cada uma das respectivas fases.

    Por exemplo, vamos considerar novamente a liga com composiçªo de 35%p Ni-65%p Cu à

    temperatura de 1250”C, localizada no ponto B na figura 3.4, que se en�F�R�Q�W�U�D���G�H�Q�W�U�R���G�D���U�H�J�L�m�R���.�������/��

    Dessa forma, o problema consiste em se determinar a composiçªo (em termos de %Ni e %Cu)

    �W�D�Q�W�R���S�D�U�D���D���I�D�V�H���.���T�X�D�Q�W�R���S�D�U�D���D���I�D�V�H���O�t�T�X�L�G�D����

    �$�� �O�L�Q�K�D�� �G�H�� �D�P�D�U�U�D�o�m�R�� �I�R�L�� �F�R�Q�V�W�U�X�t�G�D�� �D�W�U�D�Y�p�V�� �G�D�� �U�H�J�L�m�R�� �F�R�Q�W�H�Q�G�R�� �D�V�� �I�D�V�H�V�� �.�� ���� �/�� ���O�t�T�X�L�G�R���� como

    mostrado na figura 3.4. A linha perpendicular traçada a partir da interseçªo da linha de amarraçªo com a

    fronteira liquidus se encontra com o eixo das composiçıes em 31,5%p Ni-68,5%p Cu, que corresponde

    à composiçªo da fase líquida, CL.

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    R S

    3020

    1300

    CL CO C

    + LíquidoLinha de Amarraçªo

    Líquido

    B

    + LíquidoTem

    pera

    tura

    ( C

    ”)

    1200

    40 50

    Fig. 3.4-Uma fraçªo do diagrama de fases cobre-níquel para o qual as composiçıes e as quantidades das fases estªo determinadas

    para o ponto B

    De maneira semelhante, para a interseçªo da linha de amarraçªo com a linha solidus,

    encontr�D�P�R�V�� �X�P�D�� �F�R�P�S�R�V�L�o�m�R�� �S�D�U�D�� �D�� �I�D�V�H�� �F�R�P�S�R�V�W�D�� �S�H�O�D�� �V�R�O�X�o�m�R�� �V�y�O�L�G�D���� �.���� �&�.���� �G�H�� �����������S�� �1�L-57,5%p

    Cu.

    Determinaçªo das Quantidades das Fases

    As quantidades relativas (como fraçªo ou como porcentagem) das fases presentes em condiçıes

    de equilíbrio tambØm podem ser calculadas com auxílio dos diagramas de fases. Novamente, os casos

    monofÆsicos e bifÆsicos devem ser tratados separadamente. A soluçªo para uma regiªo monofÆsica Ø

    óbvia. Uma vez que apenas uma fase estÆ presente, a liga Ø composta integralmente por aque la fase, isto

    Ø, a fraçªo da fase Ø 1,0 ou, de outra forma, a porcentagem Ø de 100%. A partir do exemplo anterior para

    a liga com 60%p Ni-40%p Cu à temperatura de 11������&�����S�R�Q�W�R���$���G�D���I�L�J�X�U�D�������������� �V�R�P�H�Q�W�H���D���I�D�V�H���.���H�V�W�i��

    �S�U�H�V�H�Q�W�H�����S�R�U�W�D�Q�W�R�����D���O�L�J�D���p���F�R�P�S�R�V�W�D���W�R�W�D�O�P�H�Q�W�H���R�X���H�P�������������S�H�O�D���I�D�V�H���.����

    Se a posiçªo para a combinaçªo de composiçªo e temperatura estiver localizada dentro de uma

    regiªo bifÆsica, a complexidade serÆ maior. A linha de amarraçªo serÆ utilizada em conjunto com um

    procedimento conhecido frequentemente como regra da alavanca (ou regra da alavanca inversa), o qual

    Ø aplicado da seguinte maneira:

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    1 �– a linha da amarraçªo Ø construída atravØs da regiªo bifÆsica na temperatura da liga.

    2 �– a composiçªo global da liga Ø localizada sobre a linha de amarraçªo.

    3 �– a fraçªo de uma fase Ø calculada tomando-se o comprimento da linha de amarraçªo desde a

    composiçªo global da liga atØ a fronteira entre fases com a outra fase e dividindo-se esse valor pelo

    comprimento total da linha de amarraçªo.

    4 �– a fraçªo da outra fase Ø determinada de maneira semelhante.

    5 �– se forem desejadas as porcentagens das fases, a fraçªo de cada fase deve ser multiplicada por

    100.

    No emprego da regra da alavanca, os comprimentos dos segmentos da linha de amarraçªo podem

    ser determinados ou pela mediçªo direta no diagrama de fases, usando-se uma rØgua com escala linear,

    de preferŒncia graduada com milímetros, ou mediante a subtraçªo das composiçıes conforme a leitura

    das mesmas no eixo das composiçıes.

    Vamos considerar novamente o exemplo mostrado na figura 3.3, onde a temperatura de 1250”C

    ambas as fases, e líquida, estªo presentes para uma liga com composiçªo 35%p Ni-65%p Cu. O

    probl�H�P�D���F�R�Q�V�L�V�W�H���H�P���F�D�O�F�X�O�D�U���D���I�U�D�o�m�R���G�H���F�D�G�D���X�P�D���G�D�V���I�D�V�H�V�����.���H���O�t�T�X�L�G�R�����$���O�L�Q�K�D���G�H���D�P�D�U�U�D�o�m�R���T�X�H���I�R�L��

    �X�V�D�G�D���S�D�U�D���D���G�H�W�H�U�P�L�Q�D�o�m�R���G�D�V���F�R�P�S�R�V�L�o�}�H�V���G�D�V���I�D�V�H�V���.���H���/���I�R�L���F�R�Q�V�W�U�X�t�G�D�����$���F�R�P�S�R�V�L�o�m�R���J�O�R�E�D�O���G�D���O�L�J�D��

    Ø localizada ao longo da linha de amarraçªo e estÆ representada como CO, enquanto as fraçıes mÆssicas

    �H�V�W�m�R���U�H�S�U�H�V�H�Q�W�D�G�D�V���F�R�P�R���:�/���H���:�.���S�D�U�D���D�V���U�H�V�S�H�F�W�L�Y�D�V���I�D�V�H�V���/���H���.����

    A partir da regra da alavanca, o valor de WL pode ser calculado de acordo com a expressªo:

    SR

    SWL ��

    ou pela subtraçªo das composiçıes,

    CLC

    CoCWL ��

    ���

    �D�D

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    Para uma liga binÆria, a composiçªo precisa ser especificada em termos de apenas um dos seus

    componentes constituintes; para o cÆlculo acima, serÆ usada a porcentagem a porcentagem em peso de

    níquel (isto Ø, CO = �������S���1�L�����&�.��� �������������S���1�L���H���&�/��� �������������S���1�L�������H����

    68,05,315,42

    355,42�

    ����

    � LW

    �’�H���P�D�Q�H�L�U�D���V�H�P�H�O�K�D�Q�W�H�����S�D�U�D���D���I�D�V�H���.����

    SR

    SWL ��

    � L

    L

    CC

    CC

    ��

    ��

    �D�D

    32,05,315,42

    5,3135�

    ����

    Obviamente sªo obtidas respostas idŒnticas quando sªo usadas composiçıes expressas em termos

    da porcentagem em peso de cobre em vez de porcentagem em peso de níquel.

    Dessa forma, para uma liga binÆria, a regra da alavanca pode ser empregada para determinar as

    quantidades ou as fraçıes relativas das fases em qualquer regiªo bifÆsica, desde que a temperatura e a

    composiçªo sejam conhecidas e que tenha sido estabelecida uma condiçªo de equilíbrio.

    É fÆcil confundir os procedimentos anteriores para a determinaçªo das composiçıes das fases e

    das quantidades fracionÆrias das fases; dessa forma Ø apropriado fazer um breve resumo.

    As composiçıes das fases sªo expressas em termos das porcentagens em peso dos componentes

    (por exemplo, %p Cu, %p Ni). Para qualquer liga que consista em uma œnica fase, a composiçªo dessa

    fase Ø a mesma que a composiçªo global da liga. Se duas fases estiverem presentes, deve ser empregada

    uma linha de amarraçªo, cujas extremidades determinam as composiçıes das respectivas fases. Em

    relaçªo às quantidades fracionarias das fases (por exemp�O�R���� �D�� �I�U�D�o�m�R�� �P�i�V�V�L�F�D�� �G�D�� �I�D�V�H�� �.�� �R�X�� �G�D�� �I�D�V�H��

    líquida) quando existe uma œnica fase, a liga Ø composta totalmente por essa fase. Por outro lado, no

    caso de uma liga bifÆsica, deve ser utilizada a regra da alavanca, onde Ø tomada a razªo entre os

    comprimentos dos segmentos da linha de amarraçªo.

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    EXERC˝CIOS

    1) Uma liga cobre-níquel com composiçªo de 70%p Ni-30%p Cu Ø aquecida a partir de

    uma temperatura de 1300”C (2379”F)

    a. A qual temperatura se forma a primeira fraçªo de fase líquida?

    b. Qual a composiçªo dessa fase líquida?

    c. A qual temperatura ocorre a fusªo completa da liga?

    d. Qual Ø a composiçªo da œltima fraçªo de sólido que permanece no meio antes da fusªo

    completa?

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    CAPITULO 4

    O SISTEMA FERRO-CARBONO

    4.1 Introduç ªo

    De todos os sistemas de ligas binÆrias, a que possivelmente seja a mais importante Ø o sistema

    ferro e carbono. Tanto os aços quanto os ferros-fundidos, principais materiais estruturais em todas as

    culturas tecnologicamente avançadas, sªo essencialmente ligas ferro-carbono. Esta seçªo Ø devotada ao

    estudo do diagrama de fases para este sistema e o desenvolvimento de vÆrias possíveis microestruturas.

    4.2 O Diagrama de Fases Ferro-Carbono(Fe-Fe3C)

    Uma parte do diagrama de fase ferro-carbono estÆ apresentada na Figura 4.1. O ferro puro, no

    aquecimento, experimenta duas mudanças em sua estrutura cristalina antes de se fundir. À temperatura

    �D�P�E�L�H�Q�W�H�� �H�P�� �V�X�D�� �I�R�U�P�D�� �H�V�W�i�Y�H�O���� �F�K�D�P�D�G�D�� �I�H�U�U�L�W�D�� �R�X�� �I�H�U�U�R�� �.���� �S�R�V�V�X�L�� �X�P�D�� �H�V�W�U�X�W�X�U�D�� �F�U�L�V�W�D�O�L�Q�D�� �&�&�&���� �$��

    ferrita experimenta uma transformaçªo, após aquecimento�����P�X�G�D�Q�G�R���G�H���I�D�V�H�����G�H���I�H�U�U�L�W�D�����.�����S�D�U�D���D�X�V�W�H�Q�L�W�D��

    ���������&�)�&�����R�X���I�H�U�U�R���������D����������&�����(�V�W�D���D�X�V�W�H�Q�L�W�D���S�H�U�V�L�V�W�H���D�W�p������������&�����W�H�P�S�H�U�D�W�X�U�D���Q�D���T�X�D�O���D���D�X�V�W�H�Q�L�W�D���&�)�&���V�H��

    �U�H�Y�H�U�W�H���G�H���Y�R�O�W�D���S�D�U�D���D���I�D�V�H���&�&�&���F�R�Q�K�H�F�L�G�D���F�R�P�R���I�H�U�U�L�W�D�����/�������T�X�H���I�L�Q�D�O�P�H�Q�W�H���V�H���I�X�Q�G�H���D������������&�����7�R�G�D�V��

    estas mudanças sªo visíveis ao longo do eixo vertical esquerdo do diagrama de fases.

    Fig. 4.1 �– Diagrama Ferro carbono

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    O eixo de composiçªo na Figura 4.1 se estende apenas atØ 6,70%C, em peso; nesta concentraçªo

    o composto intermediÆrio carboneto de ferro (ou carbeto de ferro), ou cementita (Fe3C), Ø formada,

    sendo ela representada por uma linha vertical no diagrama de fases. Assim o sistema ferro-carbono pode

    ser dividido em 2 partes: uma porçªo rica em ferro, como mostrado na Fig. 4.1 e a outra (nªo mostrada)

    para composiçıes entre 6,70%C e 100%C em peso (grafita pura). Na prÆtica, todos os aços e ferros-

    fundidos tŒm teores de carbono menores do que 6,70%C, em peso; portanto, nós consideramos apenas o

    sistema ferro-carboneto de ferro.

    A austenita, �R�X���D���I�D�V�H�������G�R���I�H�U�U�R�����T�X�D�Q�G�R���H�P���O�L�J�D���M�X�V�W�D�P�H�Q�W�H���F�R�P���R���F�D�U�E�R�Q�R�����Q�m�R���p���H�V�W�i�Y�H�O���D�E�D�L�[�R��

    de 727”C, como indicado na Fig. 4.1. Como demonstrado nas discussıes que se seguem, transformaçıes

    de fase envolvendo austenita sªo muito importantes no tratamento tØrmico dos aços. Fig. 4.2 mostra

    �G�X�D�V���P�L�F�U�R�J�U�D�I�L�D�V�����X�P�D���G�D���I�D�V�H���I�H�U�U�L�W�D�����.�����R�X�W�U�D���G�D���I�D�V�H���D�X�V�W�H�Q�L�W�D����������

    Fig.4.2 �– Microestruturas do aço

    A cementita (Fe3�&�����V�H���I�R�U�P�D���T�X�D�Q�G�R���R���O�L�P�L�W�H���G�H���V�R�O�X�E�L�O�L�G�D�G�H���G�H���F�D�U�E�R�Q�R���Q�R���I�H�U�U�R���.���p���H�[�F�H�G�L�G�R���D��

    uma temperatura abaixo de 727”C. Como indicado na Fig. 4.1, Fe3�&�� �W�D�P�E�p�P�� �F�R�H�[�L�V�W�L�U�i�� �F�R�P�� �D�� �I�D�V�H�� �/��

    entre 727 e 1148”C. Mecanicamente cementita Ø muito dura e frÆgil; a resistŒncia de alguns aços Ø

    grandemente melhorada pela sua presença.

    As regiıes bifÆsicas estªo expostas na Fig. 4.1. Pode-se notar que existe uma transformaçªo de

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    uma fase líquida em duas fases sólidas, reaçªo esta titulada de Reaçªo EutØtica para o sistema ferro-

    carboneto de ferro, em 4,30%C e 1148”C. Segue a Reaçªo:

    Onde, atravØs do resfriamento a fase líquida (L) se transforma em duas fases sólidas, a austenita

    ���������H���D���F�H�P�H�Q�W�L�W�D�����)�H3C), pode-se notar que com o aquecimento, temos a reaçªo inversa.

    Pode-se tambØm notar a existŒncia de outra transformaçªo de fase, onde uma fase sólida se

    transforma em duas fases outras fases sólidas, reaçªo titulada de Reaçªo Eutetóide para o sistema ferro-

    carbono numa composiçªo de 0,77%C, em peso, e numa temperatura de 727”C. Esta reaçªo eutetóide

    pode ser representada por:

    �2�Q�G�H���� �D�W�U�D�Y�p�V�� �G�R�� �U�H�V�I�U�L�D�P�H�Q�W�R�� �D�� �I�D�V�H�� �V�y�O�L�G�D�� �������� �V�H�� �W�U�D�Q�V�I�R�U�Pa em duas outras fases sólidas, a

    �I�H�U�U�L�W�D�����.�����H���D���F�H�P�H�Q�W�L�W�D�����)�H3C), pode-se notar que com o aquecimento, temos a reaçªo inversa, chamada

    de autenitizaçªo do aço, esta transformaçªo Ø muito importante e Ø discutida de forma mais profunda em

    capítulos posteriores.

    Ligas ferrosas sªo aquelas nas quais ferro Ø o principal componente, mas o carbono bem como

    outros elementos de liga podem estar presentes. No esquema de classificaçªo de ligas ferrosas baseadas

    em teor de carbono, existem 3 tipos: ferro, aço e ferro fundido. Ferro comercialmente puro contØm

    menos do que 0,008%C, em peso, e, a partir do diagrama de fases, Ø composto quase que

    exclusivamente de fase ferrita à temperatura ambiente. As ligas ferro-carbono que contØm entre 0,008 e

    2,11%C, em peso, sªo classificadas como aços. Na maioria dos aços a microestrutura consiste das fases

    �W�D�Q�W�R�� �.�� �T�X�D�Q�W�R�� �)�H3C. Embora um aço possa conter atØ 2,11%C, em peso, na prÆtica, raramente as

    concentraçıes de carbono excedem 1,0%C, em peso. Ferros fundidos sªo classificados como ligas

    ferrosas que contØm entre 2,11 e 6,70%C, em peso. Entretanto, ferros fundidos comerciais normalmente

    contØm menos do que 4,5%C, em peso.

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    4.3 - Desenvolvimento de Microestruturas em Ligas Ferro-Carbono

    Algumas das diversas microestruturas que podem ser produzidas em aços e suas correlaçıes com

    o diagrama de fases ferro-carboneto do ferro sªo agora discutidas e Ø mostrado que a microestrutura que

    se desenvolve depende tanto do teor de carbono quanto do tratamento tØrmico. A discussªo Ø confinada

    a resfriamento muito lento de aços, no qual equilíbrio Ø continuamente mantido. Uma exposiçªo mais

    detalhada da influŒncia do tratamento tØrmico sobre a microestrutura e por fim sobre as propriedades

    mecânicas, estÆ contida posteriormente.

    Considere-se, por exemplo, uma liga de composiçªo eutetóide (0,77%C, em peso) quando ela Ø

    �U�H�V�I�U�L�D�G�D���D���S�D�U�W�L�U���G�H���X�P�D���W�H�P�S�H�U�D�W�X�U�D���V�L�W�X�D�G�D���Q�D���U�H�J�L�m�R���G�D���I�D�V�H���������G�L�J�D�P�R�V������������&�����L�V�W�R���p�����F�R�P�H�o�D�Q�G�R���Q�R��

    ponto a da Figura 4.3 e movendo-se para baixo ao longo da linha vertical xx’. Inicialmente, a liga Ø

    composta inteiramente da fase austenita, tendo uma composiçªo de 0,77%C, em peso, e a

    correspondente microestrutura, sªo indicadas na Figura 4.3. Quando a liga for resfriada, nªo haverÆ

    nenhuma mudança atØ que se atinja a temperatura eutetóide (727”C). Ao se cruzar esta temperatura para

    o ponto b, a austenita se transforma de acordo com a reaçªo eutetóide mostrada anteriormente.

    A microestrutura para este aço eutetóide que Ø lentamente resfriado atravØs da temperatura

    eutetóide, pode �V�H�U���G�L�V�W�L�Q�J�X�L�G�D���S�H�O�D�V���V�X�D�V���F�D�P�D�G�D�V���D�O�W�H�U�Q�D�G�D�V���G�H���O�D�P�H�O�D�V���G�D�V�������I�D�V�H�V�����.���H���)�H���&�����T�X�H���V�H��

    formam simultaneamente durante a transformaçªo. Neste caso, a espessura relativa da camada Ø

    aproximadamente 8 para 1.

    Fig. 4.3 �– Resfriamento, seguindo a transformaçªo eutetóide

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    Esta microestrutura, representada esquematicament