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Dados Internacionais dc Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Gomide, Paula Inez Cunha.
Pais presentes, pais ausentes : regras e limites/
Paula Incz Cun ha Gom ide. - Petrópolis, RJ : Vozes, 2004.
ISBN 85.326.2947-4
1. Educação de crianças 2. Família - Aspectos morais
e éticos 3. Pais e filhos I. Título.
03-6077 CDD-649.1--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------— ------------------------------------------------------------------ *
índices para catálogo sistemático:
1. Educação de crianças : Vida familiar 649.1
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^ a l s / p a e & e n te s / , p a i s / a u s e n t e a
e/ ÍLmites/
3a Edição
A EDITORA
VOZES
Petrópolis2004
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© 2004, Editora Vozes Ltda.
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mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou
arquivada em qualquer sistema ou banco de
dados sem permissão escrita da Editora.
Editoração e org. literária: Ana Kronemberger
Ilustrações: Ademir V. da Paixão
ISBN 85.326.2947-4
Este livro foi co m po sto e im presso pela E dito ra Vozes Ltda.
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fÁgmAecimeii tas-
éAas' meus' pÃJva& crVinícúiS' & 3(ámwpar- taitumenia' matcmidtido/ w melAai' d& indas* as minima
expvuüticùts.
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S u m Á / u o /
Introdução, 9
1. A importância das regras, 13
2. O humor instável, 26
3. A punição física, 33
4. A supervrisão estrcssante, 41
5. A monitoria positiva, 50
6. A negligência, 67
7. O modelo moral, 76
Conclusão, 85
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In trodução
A famíl ia ainda é o lugar privilegiado para a pro
moção da educação infantil. Embora a cscola, os clu bes, os companheiros e a televisão exerçam grande
influencia na formação da criança, os valores morais
e os padrões d e conduta são adquiridos essencial
mente através do convívio familiar. Quando a família
deixa d e transmitir estes valores adequadamente, osdemais veículos formativos ocupam seu papel. Nes
tes casos, a função educativa, que deveria ser apenas
secundária, muitas vezes passa a ser a principal na
formação dos valores da criança.
Este livro se propõe a auxiliar pais e educadoresna difícil tarefa de educar crianças. Até meados do sé-
culo passado, as regras estabelecidas por nossos ante
passados para a cducação de filhos eram inquestioná
veis. Os pais puniam e castigavam como um direito
legítimo de educador. Era dever dos educadores corrigir, mesm o que com rigor físico, as rebeldias infan
tis. Aqueles que não corrigissem seus rebentos seriam
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questionados pela sociedade e até culpabilizados pe
las desordens por eles cometidas.
A revolução de costumes dos anos 50 trouxe con
sigo uma série de questionamentos quanto à maneira
de educar crianças. A severidade habitual de costu
mes foi confrontada inicialmente através da liberda
de sexual e em seguida pela flexibilização das regras
na educação das crianças. Os novos pais, pós-revolu-ção sexual, também se rebelaram quanto às regras rí
gidas de educação de filhos. Passaram a conceder
mais, repudiaram a punição física, quiseram se tor
nar mais amigos dos filhos. Começaram a utilizar o
diálogo como fonte de educação.
Porém, essa nova maneira de educar trouxe conse
qüências inesperadas. Os filhos ficaram desobedien
tes, não respeitando seus pais e professores, muitas ve
zes deixando de estudar, não querendo assumir com
promissos profissionais, tornando-se rebeldes c, por
via de conseqüência, alvo fácil de grupos desviantes.
Qual seria o problema com essa forma de educar?
As regras punitivas e rígidas utilizadas pelas gerações passadas eram mais aversivas que as atuais? Conver
sar é a melhor maneira de se resolver situações de
conflito? Ser amigo do filho é melhor do que ser um
pai autoritário e distante?
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É verdade que os métodos utilizados pela geração
passada para educar eram mais rigorosos. É igual
mente verdade que o diálogo é a melhor maneira dese resolver conflitos e também é preferível um pai
amigo do que um pai distante e autoritário. No en
tanto, os pais modernos, para conquistar este novo
tipo de relacionamento, abriram mão, muitas vezes,
do seu papel de educadores. Deixaram de estabelecerregras, esqueceram que os pais são o modelo moral
para seus filhos, passaram a usar a conversa de forma
punitiva (horas de sermão e de ameaças) e não como
um a forma de reflexão. Romperam com a punição e
se tornaram permissivos.
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Neste livro discutiremos os principais pontos
que devem ser enfrentados pelos pais, se quiserem
levar a cabo uma educação promissora. Quais os
principais erros e como eles podem ser corrigidos.
Com o estabelecer um relacionamento amoroso com
o filho sem perder a autoridade. E, por fim, como
inibir o desenvolvimento de comportamentos an
ti-sociais a partir da maneira de educar.
Esperamos que ao final da leitura deste livro você
esteja se sentindo mais seguro a respeito das decisões
que tiver de tomar. O contato com alternativas ade
quadas para educar, sem punição física, pode deixá-lo mais confiante na escolha da sua maneira de li
dar com o relacionamento infantil e educar.
Pais presentes, pais ausentes e um livro que pretende
apenas contribuir com algumas ideias para a educação de crianças e adolescentes, sem ser uma proposta
literária. Se pudermos colher bons frutos por esta se
mente plantada, estaremos plenamente satisfeitas
como psicóloga e pesquisadora que somos.
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A im portância das regras
O s pais e educadores estão sempre se questionando
sobre as regras. Devemos fazer regras em nossa casa,
nas salas de nula ou em outros ambientes? Quais re
gras precisam ser estabelecidas? Como elas devem
üe! feilns? Quais os castigos que podem ser usados? E
os qiu- não devem ser aplicados? O que acontece se
não fizermos regras? O que acontece quando não
cumprimos as regras por nós estabelecidas? Adiantaameaçar? Podemos premiar o bom comportamento?
Enfim, são muitas as questões que nos preocupam
como educadores.
Em primeiro lugar, devemos considerar a importância de estabelecer regras em nossa relação com
nossos filhos ou alunos. Sim, devemos estabelecer
regras. Elas devem ser criadas para permitir um rela
cionamento adequado entre os membros da família,respeitoso em relação aos valores e hábitos daqueles
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em linhas gerais, buscar o estabelecimento de pou
cas regras, que sejam flexíveis e realmente possam ser
cumpridas.
Os pais não devem estabelecer regras excessivas, rí
gidas e difíceis de serem cumpridas. Quando os pais
ou professores criam muitas regras, os filhos ou alu
nos, por saturação, deixam de prestar atenção a gran
de parte delas, ignorando-as e burlando-as. Quando
as regras são difíceis de serem cumpridas, porque são
muito rígidas, a chance de que sejam desrespeitadas
aumenta, e a possibilidade de os pais ou professores
permitirem seu descumprimento é grande. Raramente uma criança atinge os critérios rígidos estabe
lecidos pelos pais ou professores nas primeiras tenta
tivas. Portanto, a chance de fracasso e muito grande,
gerando desapontamento para ambas as partes. Emais vantajoso para todos que se inicie gradualmente
a implantação de uma regra nova.
Vejamos. Se uma mãe deseja que o filho junte os
brinquedos da sala, ela poderá iniciar o treinamentoda seguinte forma: no princípio ela irá ajudá-lo mos
trando como fazer, elogiando o seu desempenho e in-
centivando-o a colocar os brinquedos 110 lugar certo.
Estes primeiros passos devem ser dados muito cedo,
quando a criança ainda é pequena, entre dois ou tres
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locá-la sobre o brinquedo apreendendo-o. N está mo
mento a mãe deve dizer, sorrindo, que está contente,
que ele (a) está indo muito bem. Gradualmente, a mãe
deve deixar de ajudar a guardar os brinquedos, apenasorientando e elogiando o filho ao final da tarefa, até
que o comportamento esteja bem estabelecido. Desta
forma a criança aprende a regra, passo a passo, e se
sente capaz de executar o pedido da mãe.
Por outro lado, se a mãe diz “arrume seu quarto,
junte os brinquedos, faça a tarefa, penteie os cabelos,
corte as unhas” etc., para uma criança que não executa
nenhuma destas atividades, a chance de fracasso é
enorme. Diante de muitas tarefas para as quais não foi preparado convenientemente o filho procura se es
quivar de todas ou tenta manipular a mãe emocional
mente. Esta manipulação tem o objetivo de provocar
pena no educador, facilitando o desrespeito à regra es
tabelecida. Em geral, para se livrar da “chorominga-
ção” os pais descumprem as regras, “esquecem” que
deram uma ordem e deixam a criança “em paz”.
Tomem os o exemplo contrário às cenas âos quadri-
nhos. A mãe estabelece uma regra - “chegar às 10 ho
ras” mas o filho resiste em cumpri-la. Ela, então,
estabelece um castigo: “não ver tevê por uma sema
na”. O filho por sua vez não cumpre o castigo e con
tinua assistindo à tevê. A mãe “tenta” fazê-lo cumprir
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o castigo, mandando desligar a tevê, porém, na se
gunda tentativa, desiste. Inicialmente, e preciso ava
liar se a regra estava adequada. Se for um dia de se
mana, parece adequado que os pais dete rminem que
o filho esteja em casa às 10 horas, porém, se essa situ
ação ocorrer aos sábados e o filho for adolescente,
esse horário se mostrará irreal. Logo, esta e uma regra
rígida e que dificilmente será cumprida. Nos finaisde semana os pais devem ser mais flexíveis e, caso fi
quem preocupados, o que é natural, podem organi
zar formas para ir buscar os filhos nas festas (fazer ro
dízio entre pais, por exemplo).
O segundo ponto a ser analisado no exemplo aci
ma diz respeito ao castigo estabelecido. Quando a
mãe fixou o castigo, não pensou se teria condições de
“fazer cumprir” o que determinara, ou seja, ela con
seguiria manter a tevê desligada? Ela teria persistên
cia para desligar o aparelho tantas vezes quantas ele o
ligasse? Ela estaria em casa para controlar o cumpri
mento do castigo? Ela ficaria com pena da criança e
resolveria encerrar o castigo? Caso os pais não tenham meios de controlar o cumprimento do castigo,
ele não deve ser estabelecido. Deve-se escolher um casti
go possível de ser cumprido e, principalmente, que
os pais consigam controlar. Se os pais estabelecemi ã it ( ã i j fé i d fi
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nal de ano, ficar sem ir aa playground por um mês,
nunca mais falar com o namoradinho etc.), este cas
tigo acaba se tornando uma ameaça, que dificilmente
será executada, A ameaça se dá quando sinalizamosum castigo que tanto os pais como os filhos sabem
que não será cumprido. A ameaça não controla o
comportamento, ou seja, ela não é capaz de mudar
ou de enfraqueccro comportamento indesejado. ElaApenas torna a relação entre pais e filhos aversiva, de-
a gradável, irritante e desgastante.
| Quando os pais descumprem, sucessivamente, as
regras por eles estabelecidas, ensinam aos filhos três atitudes indesejáveis: (í) que as regras não são para
serem cumpridas; (2) que a autoridade (pais ou pro
fessores) pode ser desrespeitada; alem de (3) ensinar
a manipulação emocional. Esta aprendizagem terá
sérias conseqüências para as atitudes futuras da cri
ança ou do adolescente. Aprender que as regras po
dem ser descumpridas leva os jovens a não aceitarem
normas sociais. Placas, avisos ou informações pre
sentes em rodovias, escolas ou instituições podemser desconsiderados, pois não têm significado algum.
As autoridades que formulam as regras - pais, pro
fessores, dirigentes etc, - não merecem respeito visto
que não foram capazes de fazer valer o cumprimentodas regras Por fim eles aprendem a manipular emo
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cionalmente os educadores: fazem chantagem, cho
ram, mostram “caras arrependidas” ou, ainda pior,
ficam agressivos e, com esta atitude, conseguem in
terromper o castigo, gerando culpa nos educadores.
Ainda se, sistematicamente, os pais relaxam no
cumprimento das regras ao mesmo tempo em que
ensinam aos filhos o desrespeito às regras e à autori
dade, desenvolvem nas crianças e adolescentes insegurança sobre o que é certo ou errado, sobre valores
morais ou éticos, sobre respeito aos direitos huma
nos e às pessoas, Estas crianças não aprendem, com
seus pais, a respeitar as instituições e as pessoas, porisso, são “malcriadas” com as professoras, instrutoras
ou colegas. Elas não aprendem que as regras devem
ser estabelecidas com justiça e, logo, não sabem ava
liar se uma determinada regra está adequada a uma
dada situação devendo, portanto, ser cumprida.
Esse tipo de prática tem efeitos desastrosos. Infe
lizmente, são encontrados muitos jovens com com
portamento anti-social, cujos pais criam regras para
dcscumpri-las sistematicamente e que usam a ameaça
como prática educativa. Os pais e professores amea
çam, mesmo que estejam conscientes de que a amea
ça não funciona. Talvez acreditem que falando, amea
çando, estejam cumprindo, ao menos cm parte, seul d d d i l d
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Mas é importante que observem como a ameaça é
ineficaz. Os filhos e alunos não obedecem por causa
da ameaça; eles só vão obedecer se souberem que a
ameaça será seguida pelo castigo prometido. Só as
sim eles irão relacionar o “comportamento inade
quado” com o “castigo”, e então, para se livrar da pu
nição, mudam o comportamento indesejável.
O castigo nunca deve produzir privação de necessi
dades básicas (alimento, sono, carinho) ou produzir
dor. É recomendável, por exemplo, que este determi
ne a retirada de “algum tipo de lazer” por um período
curto de tempo, como ficar sem ver tevê ou jogar vi-deogame por um ou dois dias, ficar sem comer doces
etc. Privar a criança de carinho é um grave erro. A cri
ança deve ter segurança do amor paterno ou materno
sempre, mesmo quando está sendo castigada. Os paisdevem estabelecer o castigo (retirada de um privile
gio) sem demonstrar raiva ou ódio. O comportamen
to indesejado deve ser punido e não a criança. Quan
do mostramos ódio, estamos informando à criança
que a reprovamos como ser - a totalidade de sua es
sência - e não ao seu comportamento. Este fato é ex
tremamente importante, pois perturba a criança de
modo que ela não sabe o que fazer para atender ao que
os pais desejam dela. se ela é errada, como mudar? A
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que os pais esperam dela. Dar informações dúbias,
confusas, gera atitudes instáveis nas crianças. Se ao
aplicarmos um castigo usamos frases como “você vai
ficar no quarto porque não quero ver sua cara, odeio
você, você só faz coisas erradas, preferia que não tives
se nascido”, os pais não estão tentando corrigir o com
portamento indesejado e sim estão despejando seu
ódio sobre o filho. O filho recebe o ódio e não sabe oque fazer para atender às expectativas dos pais. Todo
çie está errado. Como mudar?
( )utra questão importante é sobre o tem po entre
a ocorrência do comportamento indesejado e a apli-( ação do castigo. O castigo não deve ser aplicado após
ter passado muito tempo; é importante que seja apli-
<ado em seguida ao comportamento indesejável ter
ocorrido. Não funciona dizer que a criança não vaiganhar a bicicleta no Natal, quando ela tirou uma
nota baixa em abril. Mesmo porque, provavelmente,
no Natal, também os pais já se esqueceram do castigo
ou nãp desejam estragar a festa de todos fazendo
cumprir uma determinação tão inadequada.
Quando uma situação como essa ocorre - filhos
com notas baixas os pais devem tomar as provi
dências desde o início do ano. Estabelecer horários
de estudo, contratar professores particulares, acom
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um ambiente favorável para que todos da família fa
çam suas tarefas é uma excelente alternativa. O pai
pode sentar-se perto do filho para ler seu jornal ou
fazer sua contabilidade, a mãe para ler sua revista, fa
zer tricô ou corrigir provas da escola e as crianças
para fazerem suas tarefas, Este momento, de uma ou
duas horas após o jantar, por exemplo, cria hábitos de
estudos duradouros nas crianças e desenvolve habilidades de estudo eficientes. As crianças aprendem
que estudar é uma tarefa de todos e agradável.
Em algumas ocasiões, os pais tentam “corrigir” o
comportamento dos filhos impondo-lhes um castigoou obrigando-os a cumprir um a tarefa estabelecida e
sc surpreendem quando estes respondem de manei-/
ra agressiva. E possível que certas mães recuem dian
te da agressividade do filho, preferindo não enfrentar
aquela situação desagradável, por medo ou por não
saberem que atitude tomar. Este recuo fortalece o
comportamento agressivo do filho e leva-o a pensar
que agir agressivamente poderá ser uma forma de
obter o que deseja. Os pais e professores devem evitar mostrar medo ou insegurança diante do comporta
mento agressivo de uma criança ou adolescente po r
que esta é a principal forma de aprendizagem de
comportamento violento. Caso as mães ou professo
ras sintam que são mais fracas que seus filhos ou alu
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fronto. Devem procurar identificar formas criativas
para dar as instruções e aplicar as regras.
O comportamento aprendido nesse confrontocom os pais é facilmente generalizado para outras si
tuações. A criança passa a agredir verbal ou fisica
mente colegas, inspetores, professores. Nestas cir
cunstâncias rotula-se a criança de mau-elemento,
delinqüente, marginal, violento etc. Ao ser rotuladana escola e no bairro, a criança passa a se sentir des
confortável naqueles ambientes e procura se integrar
cm grupos ou “gangues”, onde recebem aprovação
pelos seus comportamentos violentos e pela sua ousadia, coragem, inteligência, criatividade. Desta for
ma a criança deixa a escola, afasta-se do convívio fa
miliar e passa a pertencer ao grupo da “rua”.
Alguns pais acreditam que todas as regras devem
ser conversadas e discutidas com as crianças e, por
assim pensarem, transformam suas casas em cons
tantes assembléias. No entanto, mesmo concordan
do que muitas situações devam ser discutidas com os
filhos para que democraticamente as decisões sejamtomadas, os pais devem saber distinguir entre o que
deve ser colocado em discussão democrática e o que
deve ser resolvido pelo adulto responsável pelo bem-
estar da criança. Escovar os dentes após as refeições e
antes de dormir, por exemplo, não é uma atividade
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negociável e que possa ficar na dependência de uma
decisão da criança. A mãe, no entanto, não precisa
impor a regra de forma agressiva, poderá dizer para a
criança: “escove seus dentes e dcite-sc que contarei
uma historinha para voce”. Desta forma ela estará in
centivando-a a escovar os dentes e tornando uma ta
refa “possivelmente aborrecida” em uma tarefa com
um final feliz. Elogiar os dentes limpos, sem cáries, o bom hálito etc. fazem parte da aprendizagem da tarefa
de escovar os dentes e, com o passar do tempo, a pró
pria criança passa a ter orgulho de seus bons dentes e
compreende a importância de manter sua higiene.Se os pais dão salgadinhos, sorvetes, chocolates
ou mamadeira para as crianças a qualquer hora, de
vem estar cientes de que não estão desenvolvendo
bons hábitos alimentares em seus filhos. Se os pediatras aconselham uma criança a comer frutas, legu
mes, verduras e proteínas para seu pleno desenvolvi
mento, os pais devem verificar o que estão fazendo
para incentivar seus filhos a adquirirem o hábito de
ingerir estes alimentos. A melhor maneira é oferecero alimento desde cedo - como sopinhas de verduras
com caldo de carne e papinhas de frutas - para que as
crianças se habituem com os diversos sabores. Se a
criança rejeita um sabor, deve-sc oferecer outro similar na próxima refeição junto com um alimento
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roso para a criança e não uma hora de estresse para
ambos, mãe e filho. O modelo representado pelos
pais, geralmente, é um bom incentivo para as crianças. Elas procuram imitar seus pais em tudo o que fa
zem, inclusive naquilo que comem.
Em resumo, os pais devem sim estabelecer regras.
Estas devem ser poucas, progressivas e possíveis de se
rem cumpridas. Precisam ser aplicadas logo após ocomportamento inadequado ter ocorrido. O castigo
nunca deve provocar dor ou privação de necessidades
básicas. Jamais usar a retirada do carinho, do afeto
como castigo. A ameaça é ineficaz e gera um relacio
namento irritadiço. As crianças que são “educadas”
com regras frouxas tornam-se adolescentes que não
respeitam as regras na escola e demais instituições,
não respeitam os professores e demais autoridades e
aprendem que a manipulação emocional e a agressivi
dade são “boas” formas para se resolver problemas e
enfrentar tentativas de estabelecimento de regras. Finalmente, quando se sentem rejeitadas, estas crianças
- ou adolescentes - afastam-se, gradualmente, da es
cola e da família sendo atraídos para grupos marginais,
onde encontram reforço para seus comportamentos
desviantes e valorização de sua agressividade.
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O humor instável
Ohumor dos pais ou professores pode ter efeitos
sobre a educação dos filhos ou alunos? Analisaremos
neste capítulo com o isto ocorre; quais as conseqüên
cias desta maneira de educar; e, ainda, o que os filhos
aprendem quando recebem castigos em função dohum or dos pais, seja ele positivo (alegria), seja nega
tivo (raiva).
Evidentemente, devemos reconhecer, inicialmen
te, que nosso hum or altera nossa disposição para agir,
Não é fácil corrigir um filho quando estamos alegres,
rindo, nos divertindo. C orrigir, fazer cumprir regras,
dar limites, enfim educar pode, em certas ocasiões,
perturbar nosso estado emocional positivo. O que
dizer então das influências dos estados emocionaisnegativos? C om o ficam as mães e professoras duran
te o período de tensão pré-m enstrual? E os pais, após
uma discussão no trabalho ou no trânsito? Enfim,
são muitas as situações que alteram o nosso humor,
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para melhor ou para pior. Como este estado de h u
mor afeta nossa tarefa educativa? Como afeta nos
sos filhos?
g u a n d o aplicamos ou não uma punição em fun
ção de nosso estado de humor e não em função de
um mau comportamento, estamos ensinando a dis
criminar nosso humor e não a reconhecer o mau com
portamento executado/À criança aprende que quando
o pai está bravo, mal-humorado, o castigo será seve
ro. Nestas circunstâncias, se puder, foge de casa, se
esconde, esperando que o humor melhore. Por ou
tro lado, ela percebe que, quando o pai está alegre, elenão irá castigá-la, tenha feito o que for. Possivelmen
te, ele irá até brincar a respeito do mal feito.
Discriminar o estado de hum or dos pais não aju
da a criança a aprender valores e nem o que é certo ouerrado. Crianças e adolescentes que vivem sob esse
tipo de prática educativa não sabem reconhecer quais
os comportamentos desejados pelos pais. Sabem ape
nas que o hum or de seus pais varia e que precisam selivrar dos momentos ruins.
Quando os pais castigam sob efeito de forte em o
ção, muita raiva, por exemplo, em geral, se arrepen
dem assim que a raiva passa. Nesses casos, é comumpedirem desculpas ao filho sentindo pena da criança
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neste mom ento, chantagear emocionalmente os pais
é vantajoso. A aprendizagem se dá cm virtude das
emoções envolvidas e não dos maus ou bons com
portamentos que desejamos ensinar.
Quando um dos pais perceber que tem se des
controlado seguidas vezes ao tentar educar seu filho,
deve procurar um serviço de Aconselhamento de
Pais. Um profissional poderá ajudá-lo a melhor per
ceber suas dificuldades e orientá-lo nesses aspectos.
Muitas vezes uma orientação não e suficiente para
resolver este tipo de dificuldade e, então, o profissio
nal poderá aconselhar o cliente a fazer terapia. Seo pai ou a mãe é violento com o filho porque perde o
controle, e depois se arrepende, é sinal que alguma
situação emocional importante está provocando esta
reação. Uma terapia poderá ajudar esses pais a resolverem tais problemas e trazer harmonia para a famí
lia, principalmente evitar que o filho sofra com o de
sequilíbrio dos pais.
Duran te o processo educativo é fundamental quea criança saiba exatamente o que desejamos dela.
Aqueles comportamentos julgados pelo casal que
devem ser incentivados, apoiados, elogiados, preci
sam receber esta conseqüência sempre; assim como
aqueles que devem ser recriminados, evitados, extin
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Os pais não devem m udar de idéia sobre o que é cer
to ou errado durante o processo educativo; isto con
funde a criança e a deixa desobediente. Se ela não
sabe se aquele comportam ento e errado ou certo,
porque ora lhe e dito que pode, ora que não pode, ela
deixa de obedecer. Com o já foi dito no capítulo ante
rior, poucas regras devem ser selecionadas durante as
várias etapas educativas. O que desejamos que nossosfilhos aprendam? T cr horários para estudar? Estudar e
obter boas notas? Ter horário para ver teve? Alimen
tar-se de forma saudável? Tomar banho todos os
dias? Escovar os dentes após as refeições? Enfim, resolvido o que é importante, naquela etapa do de
senvolvimento infantil, devem-se deixar as demais
questões de lado, ou seja, os outros assuntos podem
ser tratados de forma flexível. Da mesma maneira
devemos selecionar aquilo que realmente ó impor
tante que os nossos filhos não façam. Gazear aulas,
agredir o irmão, mentir, comer salgadinhos antes das
refeições etc. No decorrer do desenvolvimento da
criança, novas regras surgirão em função das variadasnecessidades infantis e juvenis. As regras já in terna
lizadas deverão ser substituídas por novas regras,
apropriadas ã nova situação.
Estamos habituados a pensar e acreditar que apei d d i l i i d
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responsáveis pelo desenvolvimento de comporta
mento anti-social nos filhos. Mas o modelo agressi
vo em qualquer caso certamente tem influência no
comportamento dos filhos. O ditado filho de peixe, pei-
xinho é tem sua verdade. Se o pai reage de forma
agressiva, violenta, diante dos problemas familiares,
e sua reação tem o efeito desejado (impede que a es
posa cobre algo dele, afasta os filhos que solicitamsua atenção, intimida etc.) a criança aprende a se com
portar desta maneira, por imitação. N o futuro, quan
do estiver em uma situação-problema, poderá usar a
agressividade como forma de enfrentar a questão.Por outro lado, se o modelo dado pelos pais for o de
conversar sobre as dificuldades ou problemas familia
res, incluindo aí as desobediências das crianças, a
imitação será a de usar o diálogo como maneira de
solucionar dificuldades. Os castigos podem e devem
ser apresentados às crianças de uma forma pacífica.
O alerta que se pretende neste capítulo refere-se
ao fato de que o humor , ou melhor, a variação de hu
mor, durante as interações educativas, tem prejuízos
relevantes para a educação das crianças e adolescen
tes. Sem aprender valores, pois estes são passados de
forma confusa e instável, os filhos crescem tateando
o ambiente para descobrir o certo e o errado. Este
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nal nas crianças deixando-as ansiosas e agressivas, em
função das frustrações decorrentes de não saber o
que fazer para agradar aos pais.Essa instabilidade emocional tem também como
conseqüência a perda da autoridade paterna. Os fi
lhos percebem a instabilidade e aprendem que os
pais não tem segurança em seus valores e propósitos
educativos. Passam a rejeitar orientações vindas dos
pais e não os reconhecem como modelos morais
adequados.
Esse modo de educar é nocivo ao desenvolvi
mento saudável da criança, mas pode ser corrigido.
Identificar que se está educando em função das va
riações do hu m or e não em benefício dos comporta
mentos adequadosjá e um primeiro passo. Se for ne
cessário, os pais devem procurar ajuda para modifi
car estas atitudes e as mudanças virão cm favor de
toda a família. As crianças agradecerão para sempre.
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A p u n iç ã o fís ic a
B ater ou não bater, eis a questão. Qual o limite en
tre dar palmadas, bater e espancar? Esta pergunta
vem sendo feita pelos pais. A prática da palmada e
milenar mas, atualmente, os estudiosos vêm condenando com veemência o seu uso. Existem conse
qüências negativas para crianças que apanham? Bater
é sempre prejudicial? Até que ponto?
Bater e um comportamento agressivo dos pais para com os filhos ou é um procedimento educativo,
disciplinar? Na grande maioria das vezes os pais ba
tem com raiva c, naquele momento, o que menos
importa e o caráter educativo do meio disciplinar utilizado. Se, ao bater, o pai ou mãe demonstra raiva, diz
palavrões, agride verbalmente o filho, humilhando-o,
a criança irá aprender que ela é errada e não o seu
comportamento. Esta prática atinge o ser da criança e
não o comportamento que estamos querendo m od i
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com portamento errado pode ser modificado, porem
“a criança errada”, como pode ser modificada? Dizer
à criança, quando está sendo castigada com raiva, queela e burra, idiota, uma peste, capeta etc. gera a intro-
jeção, a assimilação, a incorporação destes valores.
Isso diminui sua auto-estima e a torna insegura.
Os pesquisadores tem demonstrado que crianças
e adolescentes com baixa auto-estima procuram as
drogas e grupos delinqüentes, onde, mediante atos
anti-sociais, infratores, proibidos, conseguem me
lhorar sua auto-estima. Isso acontece porque este tipo
de atitude, de alguma forma, necessita de coragem,
valentia, criatividade ou inteligência para seu desem
penho. Todos estes valores são reforçados pelo grupo.
Os pais, sem saber desta séria conseqüência negativa,
em contraposição, continuam a diminuir a auto-estima de seus filhos pela humilhação ou agressão.
A maioria das pessoas reconhece que crianças es
pancadas serão adultos problemáticos. As pesquisas
mostram que 95% dos adolescentes infratores foramespancados na infância. Seus pais ou padrastos usa
ram ferramentas ou objetos para bater, provocando
sérias lesões em seu corpo, além de usarem o espan
camento como meio mais freqüente para “corrigir”
os maus comportamentos.
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Os pais pensam que ensinaram à criança, por
meio da surra, pois, naquele momento, apenas na
quele mom ento, o comportamento cessa. N o entanto, os estudiosos da punição já demonstraram, a partir
de pesquisas, que o comportamento reprimido reapa
rece assim que a criança estiver fora do alcance dos
pais ou daquele que a puniu. A punição, geralmente,
só é capaz de controlar o mau comportamento diante
daquele que pune. A criança não aprende que não é
para fazer alguma coisa; aprende que não e para fazer
tal coisa diante dos pais. Longe deles ela continuará
fazendo. E quando não mais tiver medo dos pais, iráenfrentá-los ou fugir de casa.
H tis pais ficnm confusos, decepcionados, pois,
aíinal, fizeram tudo para educar, foram enérgicos,
surraram. E assim mesmo “aqueles ingratos” nãoaprenderam. Muitos atribuem esta ineficácia educa
cional aos genes dos antepassados “do outro cônju
ge”, naturalmente. A mãe diz: “ele não aprende por
que sofre dos nervos, igualzinho ao avô do meu marido”; o pai rebate dizendo: *ele e assim nervoso, não
obedece, porque puxou o irmão de minha mulher,
que vive internado”.
Crianças que apanham com muita freqüência oucom violência podem se tornar apáticas medrosas
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do” em seu comportamento, porque a surra atinge o
seu ser e não o seu mau comportamento. Ela procura
estar parada, quieta, sem ação, assim, talvez, tenha al
guma chance de evitar a surra. Seus pais provocam
medo e não respeito. Os professores devem suspeitar
que uma criança é espancada quando observarem
alunos com baixa responsividade. Alunos que não se
interessam por atividades agradáveis, que sorriem pouco, que não mantêm contato visual, podem ser
crianças espancadas. Nestes casos, é preciso investi
gar e denunciar aos Conselhos Tutelares. A criança
não pode se defender da agressão, e preciso ajudá-la.U m bebê não pode apanhar, em hipótese alguma.
se uma mãe se descontrola e bate em seu bebê deve
imediatamente ser encaminhada a um serviço psico
lógico especializado. Os bebês choram porque têmfome, sono, estão sujos, precisando carinho, estão
desconfortáveis ou têm dor. São necessidades bioló
gicas básicas do ser humano, que, ao serem atendi
das, farão cessar o choro. Os pais precisam conhecer
o bebê para atender suas necessidades o mais rapida
mente possível. Observar o bebê, investigar, compa
rar suas reações, apalpá-lo, pode ajudar a descobrir o
que aflige o bebê.
E as palmadas? Um a palmada na mão ou no b um
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uma e não for acompanhada de raiva, nem de pala
vrões. Deve ser acompanhada da palavra “não” mais a
informação clara do que está sendo proibido. Porexemplo, “não coloque a mão no fogo”, “não ponha
o dedo na tomada”, “não faça birra” (quando a crian
ça se atirou no chão do supermercado porque queria
o chocolate que a mãe não comprou). É fundamental
que os pais estejam prontos para reafirmar seu afeto e
amor aos filhos nessas circunstâncias.
A maioria das vezes basta segurar com “mais
energia” no braço da criança impedindo-a do movi
mento, ou levantando-a do chão. Isto é suficiente
para que ela perceba a autoridade dos pais e obedeça.
Neste momento os pais devem repetir apenas a ins
trução sem longos discursos e longas explicações,
que podem atrapalhar a aprendizagem. Aqueles paisque falam muito e agem pouco não obtêm bons re
sultados no controle de birras e desobediências. É
fundamental lembrar aos pais que o seu comporta
mento educativo deve ser coerente, consistente. Atitudes vacilantes como num dia dizer não, 110 outro
“deixar pra Já” pro duzem a criança desobediente. Ela
fica sempre 11a expectativa de ser o dia do “sim”.
Jamais se bate no rosto de um filho. Bater no rostoé humilhante não é educativo Os modelos veicula
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tem na cara dos filhos quando estão discutindo re
presentam um péssimo exemplo.
N o reino animal, entre os primatas, observa-seuma fêmea de macaco-aranha, por exemplo, dan
do uns tapas ou empurrões em seu filhote macho,
quando este tenta mamar. Isto ocorre quando ela está
ensinando o filhote a se alimentar de frutas e que o
leite não está mais disponível. O filhote macho é
mais resistente que a fêmea a esta aprendizagem e in
siste. Muitas vezes se observa uma reação “mais rigo
rosa” da mãe às investidas do filhote. Porém, essas
ações maternas não são mediadas pela raiva. As mãesnão apresentam faces e posturas típicas de raiva ao
educ ar seu filhote. Não se observa na natureza mães
espancando seus filhotes para ensinar-lhes o que quer
que seja.Esse poderia ser o grande segredo da educação. O
equilíbrio entre aplicar as regras e manter-se afetivo.
Mostrar ao filho que sempre está disponível para o
afeto. Jamais dizer a um filho que “não o ama mais”ou “que preferia que ele não tivesse nascido”. São
frases capazes de gerar sérios problemas para a crian
ça, problemas cjiie vão desde a depressão ou apatia até
o uso de drogas e delinqüência. Quando a criança re
cebe, daqueles que deveriam protegê-la, rejeição ou
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tativas de futuro ficam comprometidas, prejudica
das. N ão tem motivação para executar tarefas um pou
co mais complexas.Sem auto-segurança a criança não consegue fazer
boas escolhas, perde oportunidades de receber elo
gios, incentivos. Fica à margem dos benefícios que
podem ser oferecidos pelo grupo social a que pertence. Sem estímulo para estudar, por exemplo, irá tirar
notas baixas, não será elogiada pela professora, recebe
rá críticas na escola e em casa. Seu desempenho sofrí
vel irá combinar com os valores que lhe foram atribuí
dos: “burro”, “idiota” etc. Sua auto-irnagem passa a
ser a de um “ser inferior”, “ser mau”. Esta auto-ima-
gem leva o adolescente a buscar a rua, apoiar-se cm
grupos marginais, a usar drogas, a cometer atos infra-
cionais. Todos estes comportamentos são selecionados pelo adolescente porque estão de acordo com sua au-
to-imagem negativa. Pessoas más fazem coisas ruins.
O cuidado na seleção dos procedimentos puniti
vos na educação de nossos filhos faz a grande diferença entre crianças saudáveis, seguras, criativas e
crianças amedrontadas, inseguras, indisciplinadas.
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è Á s u p e w í s ã u e s t i v s x a n t e y
s 4 supervisão estressante se caracteriza pela exage
rada vigilância ou fiscalização dos pais em relação aos
filhos e pela alta freqüência de instruções repetitivas.
Telefonar a cada hora para o filho para verificar se ele
está mesmo na casa do amigo ou no shopping, ir até o
quarto para ouvir a conversa dele com os amigos, es
cutar telefonemas, ler o diário, repetir insistentemen
te para que ele arrume o quarto ou guarde os brinque
dos, dizer todos os dias que não estudou e que não irá
passar de ano, falar várias vezes ao dia para ele parar de
abrir a geladeira, reclamar sobre como ele a enlou
quece, deixando você exausta de tanto arrumar ouconsertar as “porcarias” que ele faz etc. são situações
que revelam a supervisão estressante.
Inicialmente, esse tipo de procedimento educati
vo demonstra quão ineficaz está sendo a educaçãoli d l i El ã fi filh d i
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fiscalizar porque, caso contrário, ele fará algo errado.
E preciso evitar problemas. Os filhos percebem a
desconfiança dos pais e passam a tentar burlar a fiscalização: mentem, desligam o telefone celular, fingem
que não ouviram a ordem, ocultam seus objetos pes
soais, conversam baixinho, se escondem etc. Os pais
por sua vez ficam cada vez mais fiscalizadores, bra
vos, irados com as dificuldades criadas pelos filhos
que os impedem de atingir plenamente seus objeti
vos. Este tipo de relacionamento gera muitas discus
sões e agressões verbais. Os filhos ficam irritados e
agressivos, pois querem ter liberdade e privacidade ese sentem prejudicados pela falta de confiança dos
pais; e os pais raivosos e im potentes diante das d i
ficuldades encontradas para evitar que problemas
maiores ocorram, por não fiscalizarem e controlarem seus filhos.
Os pais acreditam que repetindo várias vezes as
ordens “arrume a cama”, “estude”, “chegue cedo”,
por um passe de mágica o filho irá obedecer, ou então, apesar de reconhecerem que não serão obedeci
dos, mantêm este comportamento porque sentem
que, ao menos, estão cumprindo a sua obrigação. Os
pais tambem acreditam que o filho não obedece por
que é desobediente —a mãe está cansada de orientar e
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tação para pais reccbem inúmeros casais que chegam
com a seguinte queixa: “já fiz de tudo, ele não obede
ce mesmo. Não sei mais o que fazer”. Os pais, principalmente as mães, que fazem a supervisão estres-
sante, geralmente, são pessoas ansiosas e mostram
extremo cansaço e frustração com a tarefa educativa.
Sentem que se esforçam e não obtêm bons resulta
dos. “Cuidam muito” e os “ingratos” continuam tra
zendo problemas. Eles não correspondem a toda
atenção a eles dispensada. As mães dizem: “me sacri
fico por ele, e nem ao menos reconhece”.
E importante salientar que pais que se utilizam
desse tipo de supervisão para educar os filhos pen
sam que são dedicados e que estão fazendo o melhor
possível. Q ue se sacrificam pelos filhos, que mere
cem retribuição, que estão perdendo o melhor de suaVvida para educá-los. Infelizmente, na opinião destes
pais, os filhos não valorizam seus esforços.
Os filhos, por sua vez, não sentem que estão sen
do cuidados, amados. Sentem que os pais não confiam neles, que os fiscalizam, que invadem a sua pri
vacidade e que precisam fazer de tudo para garantir
sua independência, sua singularidade. Desenvolvem
extrema criatividade buscando proteger seus segredos Tornam-se agressivos porque em algumas situa
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mãe, para evitar que o “clima” de tensão entre a famí-
lfa seja exacerbado interrompe a reclamação, o filho
fica feliz e percebe que, quando fica agressivo, se “li
vra” da reclamação.
Repetir as ordens muitas vezes cria uma saturação
de informações que faz com que a criança passe a se
lecionar aquilo que realmente a interessa. Em verda
de, ela não ouve a instrução como algo que deva ser
cumprido; ela ouve como uma ladainha que é dita
todos os dias, que não tem conseqüência alguma. Os
pais que fazem a supervisão estressante não estabele
cem as regras, apenas repetem ordens. De maneiraque os filhos não obedecem porque não há conse
qüência para a desobediência, como já foi explicado
110 capítulo sobre “a importância das regras”.
Muitas vezes, os pais perdem o controle emocional - j á falaram, falaram e nada aconteceu e acabam
batendo ou dando um castigo severo. Aí, logo que a
raiva passa, se arrependem e liberam a criança do cas
tigo. Como também já foi explicado no capítulo so bre “o hum or”; este procedimento cria apenas inse
gurança e não estabelece o certo e o errado.
Em outros casos de supervisão estressante, os pais
perguntam exaustivamente para os filhos com quemestavam o que falavam cheiram suas roupas revis
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dos filhos. Na realidade, estes pais não estão se inte
ressando, de veraade, pelos filhos. Estão fiscalizan
do, investigando, mas não estão educando. A desconfiança é um mau mediador para a educação. Já o
afeto é um excelente mediador para a aprendizagem.
As pesquisas mostram que as crianças aprendem
muito m elhor quando há afeto entre elas e os educa
dores, já não retêm a aprendizagem quando os en
volvidos são hostis ou indiferentes.
A relação entre os pais e os filhos e extremamente
irritadiça e hostil quando o cotidiano familiar é media
do pela supervisão estressante. Os pais cobram e os fi
lhos se justificam. O tom, na comunicação verbal, e
sempre agressivo. O sentimento de ambos é o de frus
tração. Os filhos sentem que jamais serão compreen
didos e os pais que jamais serão obedecidos.
Não e fácil alterar essa situação, pois os sentimen
tos negativos de raiva, rancor, frustração estão medi
ando as relações desta tamília. O primeiro passo é re
conhecer e identificar cm que situação se está u tilizando a supervisão estressante. Depois, entender
que este tipo de disciplina não é capaz de obter resul
tados positivos, ao contrário, gera estresse na relação
familiar e não ensina as regras que estão sendo constantemente verbalizadas Em seguida os pais devem
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algumas regras e estabelecer conseqüências para o
seu não cumprimento, como foi explicado no capí
tulo 1. Por exemplo, se não arrumar os brinquedos
espalhados não recebe a semanada. Estas regras de
vem ser discutidas com as crianças antes, e o casal
precisa estar de acordo entre si. As regras devem ser
introduzidas pouco a pouco, para que os filhos pos
sam cumpri-las e entendê-las. Simultaneamente, é preciso parar de fazer a supervisão estressante. Esta é
a parte mais difícil. Controlar-se e acreditar que os fi
lhos irão cumprir as regras é a parte mais difícil desta
mudança de atitude.É importante que os pais estejam de acordo sobre
a regra e suas conseqüências. Nada pior para a educa
ção infantil que a mãe estabelecer o castigo e o' pai
não cumprir, ou vice-versa. O casal deve conversarsobre estas regras antes. Caso não cheguem a um
acordo, procurem ajuda de alguém de confiança e
credibilidade. Às vezes, a opinião de uma tercèira
pessoa, não envolvida com as questões familiares,
pode ser de muita ajuda. Porém, cuidado para não fa
zer de um amijjo um consultório psicológico. se os
pais perceberem que a procura por ajuda se tornou
muito freqüente é melhor buscar um profissional,
que certamente poderá ajudar sem se sentir explora
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Os pais precisam confiar, abandonar as ameaças:
“olhe bem, estou confiando em você, caso não cum
pra o combinado vocc vai ver so”. Este tipo de verbalização interfere negativamente no cumprimen to da
nova regra estabelecida. É preciso mostrar confiança,
acreditar verdadeiramente no outro, mostrar afeto,
mostrar que está esperando o melhor do filho. Estasmudanças surpreendem o filho e o fazem experi
mentar uma nova maneira de agir. Quando o filho
agir de acordo com as novas regras, os pais devem
elogiar, mostrar que ficaram satisfeitos. N unca dizer:
“isto é sua obrigação, não pense que fez algo extraor
dinário”. Em verdade, se o filho cumpriu a regra, ele
fez sim algo extraordinário, fez algo que nunca havia
feito antes.
Os pais também fizeram algo extraordinário, es
tabeleceram uma regra, suas conseqüências, e confi
aram que o filho seria capaz de cumpri-la. A família
está de parabéns. Todos foram capazes de mudar de
atitude e devem reconhecer que serão mais felizescom este novo procedimento.
Alguns pais que acreditam que, quando os filhos
tiram boas notas, arrumam os quartos, levam o ca
chorrinho para passear, “não fizeram mais que a obri
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tn ui to bom. Todos gostam. Por que privar seu filho
deste benefício? Sejamos generosos na utilização de
elogios, de agrados, de carinhos e sejamos econômicos quanto a críticas, condutas implicantes, reclama
ções, xingamentos.
Imaginar que estamos “comprando” nossos filhos
com elogios e um ledo engano. Quando a mãe fazuma comida gostosa e recebe um elogio da família,
certamente ela pensa que mereceu aquele elogio e a
tarefa (ficar na cozinha toda a manhã) ficou mais
“leve”. Se a família disser para a mãe “você não fez
mais que a sua obrigação” certamente isto a deixará
magoada ou furiosa. O mesmo acontece com o filho
que tirou um a boa tuna na escola; se receber um elo
gio ficará feliz, se sentirá amado e terá mais chance de
repetir a “proeza” no futuro.
Essa forma de agir pode ser experimentada por
todos os educadores que terão a oportunidade de ob
servar seus rápidos e eficientes efeitos. Os pais serão
mais felizes e os filhos também.
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1.
s 4 m&mfcydw ptx&itÀAjLã/
r r l esmo as pessoas mais carrancudas e mal-humo
radas são sensíveis ao sorriso de um bebê. Nosso co
ração se enternece, nossas pupilas se dilatam e senti
mos imediata vontade de sorrir, de acariciar ou de
brincar. Sentimentos positivos são despertados pelo
sorriso e gracinhas que um bebê é capaz de fazer.
Estas reações são naturais e biológicas na espécie hu
mana. Isto significa dizer que todos nós nascemoscom a capacidade de nos enternecer diante de um
bebê, e conseqüentemente, de cuidar dele. Quando
esta tendência natural deixa de ocorrer é porque algo
de ruim, de anormal, aconteceu na vida desta pessoa,impedindo-a de demonstrar seus afetos genuínos.
Se estivermos prontos biologicamente para reagir
positivamente ao sorriso do bebê é porque necessita
mos desta interação prazerosa para o nosso desenvolvimento saudável. Quando sorrimos para uma cri
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criança percebe nossa comunicação e reage a ela. T o
dos os bebês sabem distinguir expressões de raiva, de
medo, de tristeza, de alegria, de nojo, de espanto e de
desprezo. São chamadas as emoções básicas. Os be
bês aprendem com nossas expressões e são capazes
de imitá-las1.
Da mesma forma que nos aproximamos do sorri
so, nos afastamos do rosto raivoso. A criança aprende
a sentir medo de objetos ou animais pela observação
das expressões de medo da mãe; as crianças, filhas de
mies medrosas, são muito mais medrosas que as fi
lhas de mães que expressam pouco medo. Evidentemente, existem situações naturais que provocam o
medo, estas situações sequer precisam ser ensinadas.
U m ruído estridente produz o choro instantâneo no
bebê, produz uma aceleração dos batimentos cardíacos do adulto, colocando-o em estado de alerta. São
estímulos capazes de produzir medo pela sua nature
za aversiva. Quando uma situação similar a esta ocor
rer, a mãe deve segurar o bebê no colo, abraçá-lo e
tentar acalmá-lo com palavras tranquilizadoras, asse
gurando sua presença, dizendo “tudo bem, mamãe
está aqui, já vai passar” etc. Isto é, normalmente, sufi
ciente para acalmar a criança.
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Os contatos de pele, abraçar, fazer carinho, ficar de
mãos dadas, dar beijinhos são fortes inibidores do de
senvolvimento do comportamento agressivo2. Estasrelações afetivas permitem o estabelecimento de uma
relação agradável entre os membros da família, facili
tando, inclusive, a superação das divergências, Toda
família tem suas divergências. São raras aquelas que
vivem em perfeita harmonia. O que se busca são for
mas apropriadas de lidar com elas e, sobretudo, supe
rá-las. As relações afetivas positivas fornecem um ex
celente caminho para este difícil desafio.
Os pais são os principais mediadores entre a cri
ança e o mundo. A criança aprende sobre o mundo
pelos olhos dos pais, de suas reações, de suas expe
riências. São os pais que ensinam as crianças a serem
seguras, a terem boa auto-estima, a resolverem pro blemas. Ensinar a criança, desde tenra idade, a solu
cionar problemas é um excelente caminho para de
senvolver a sua segurança, in ib in do, conseqüente
mente, o aparecimento de distúrbios sérios como adepressão infantil. Quando uma criança ou adoles
cente acredita que nada do que possa fazer alterará
seu mundo, pode entrar em depressão. A depressão é
a representação deste fracasso imaginado e sentido,
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dc que não é capaz de mudar o meio, de que não con
segue se fazer com preender, de não se sentir amada.
Dc forma que dem on strar para seu filho que ele
é im portante, amado, capaz, faz parte das obrigações
daqueles pais que desejam criar e cuidar de crianças
felizes e bem adaptadas. Com o se revela real interes
se pela criança? Existem diversas formas para se de
monstrar este interesse. Os pais devem escolher oseu próprio modo de agir, aquele que mais se adapta
ao seu estilo. Se a família tem o hábito de fazer ao
menos uma refeição conjunta diariamente, este pode
ser o melhor m om ento para se perguntar como foi o
dia das crianças, para se colocar disponível para resolver alguma dificuldade de relacionamento ou para
valorizar as conquistas obtidas pelos integrantes da
família. Este é o mom ento de elogiar “efusivam ente”
as boas notas, de aceitar reclamações sobre professo
res etc. O s pais devem dem onstrar que o dia das cri
anças é tão importante quanto o seu próprio. Não
devem usar estes horários, quando a família está reu
nida, para dar bronca, fazer queixas e “vomitar” suas
desavenças. As broncas devem sempre^acontecer em particular e os elogios publicamente. A vantagem de se
dar broncas particularmente é que são evitados os
constrangimentos naturais provocados pela presença
de outros, como irmãos que aproveitam a situação
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para “tirar um sarro”, prejudicando o entendimento,
a reflexão e o posterior arrependimento do ato.
O entendimento, reflexão e a autocrítica são os principais passos para a reparação de um mau com
portamento. Os pais devem expor seu pensamento e,
em seguida, dar um tempo para que o filho fale sobre
o assunto. Juntos podem encontrar a maneira de re parar o dano ou de acertar os termos do castigo, caso
este seja necessário. Quando a reflexão e o arrepen
dimento são sinceros, normalmente, não é necessá
ria a administração de qualquer tipo de castigo. Os
pais devem estar seguros de que não estão sendo ma
nipulados emocionalmente. Suspeita-se de m anipu
lação quando existe reincidência do fato. O real arre
pendimento deve ser suficiente para que o filho evi
te comportar-se de maneira inadequada no futuro.Quando ele está manipulando, mostra arrependi
mento, faz “ar” de tristeza, inibe a bronca dos pais e
consegue se livrar da punição; no entanto, em segui
da repete o mesmo ato.'Um adolescente que se excedeu na bebida em
uma festa, entrou em “coma alcoólica” e foi parar no
hospital deve ser atendido pelos pais, na primeira vez
cm que isto acontece, com preocupação e seriedade.Uma conversa sincera deve ocorrer em que os peri
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dos; em seguida, os pais devem ouvir o filho, incenti
vando-o a fazer a autocrítica, ou seja, como ele pode
rá evitar isto no futuro, com o ele se sentiu nesta situ
ação (vergonha, culpa, pena de si mesmo, tristeza, noinício euforia, depois sentiu-se mal, enjoado etc.).
Fazer o filho reconhecer o erro é a melhor maneira
de promover a aprendizagem de bons comporta
mentos. Nestas situações os pais devem falar “um
pouco” sobre os valores morais da família e da socie
dade. D ar a bronca sem perm itir a reflexão e a auto
crítica não produz mudança de comportamento. Se
este fato (embebedar-se) se repetir várias vezes os
pais devem procurar a ajuda de um profissional. Nãoé normal um adolescente beber exageradamente duas
ou três vezes po r semana. E preciso tomar providên
cias urgentes. Investigar o possível “alcoolismo” do
filho. Todas as medidas terapêuticas devem ser to
madas o mais rapidamente possível para que os melhores resultados sejam obtidos.
Muitas vezes os pais não procuram os profissio
nais especializados esperando que o problema “por si
só” se resolva. Sentem vergonha, culpa, imaginam-seresponsáveis e não querem se expor, e evitam discu
tir, fora da família, o problema. Este é um grave erro.
Os problemas devem ser resolvidos quando ainda
são pequenos. Lembrem -se do dito popular “é de pe-
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queno que se torcc o pepino”. Identificar os proble
mas, reconhecer que não sabe resolvê-los, procurar
ajuda especializada é sinal de maturidade e responsa
bilidade, e não de fraqueza ou de fracasso.A vida moderna, que profissionalizou a mulher,
trouxe algumas questões importantes para a educa
ção dos filhos. 0 'cuidad o com os filhos é responsabi
lidade do casal. Certos casais, por força de suas pro
fissões, passam o dia no trabalho, justificando assim asua ausência no acompanhamento dos filhos. Mui
tos delegam esta importante função às babás ou avós.
Seria possível mostrar interesse, afeto, atenção pelos
filhos a distância? O telefone está aí à disposição de
pais ocupados para exercer esta função conciliatória.Conversas rápidas ou longas podem ser feitas du ra n
te o dia ou à noite (no caso de uma viagem) para que
este contato positivo se instale na relação familiar.
“Tudo bem com você? Como foi seu dia na escola?
Já saiu a nota de português? Acertou aquele ‘problc-
minha’ com o colega da escola? E a festa estava boa?”
etc. - são formas de se iniciar uma conversa telefôni
ca. Demonstram interesse e permitem o acompa
nhamento positivo.
Os pais precisam saber perfeitamente a distinção
entre mostrar interesse e fiscalizar. A supervisão es-
tressante foi discutida no capítulo 4. Interrogar o filho
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sobre seu dia na escola ou sobre a fcstinha da noite an
terior não é mostrar interesse. Revelar interesse é estar
disponível para ouvir aquilo que o filho gostaria de re
latar, vibrando com suas conquistas e colocando-se àdisposição para resolver os problemas que surgirem.
As principais pesquisas da área de educação infan
til têm demonstrado que em famílias nas quais os
pais acompanham de forma positiva as atividades das
crianças e adolescentes não são encontrados usuáriosde drogas e indivíduos com comportamentos an
ti-sociais. Os pesquisadores estão apontando para este
tipo de educação como o mais eficaz na prevenção
dos mais freqüentes problemas que surgem na ado
lescência, como o uso de álcool ou drogas, baixo desempenho escolar, abandono da escola ou com porta
mentos agressivos cm geral.
Por que este estilo de educar é tão determinante
para se evitar problemas? Primeiramente, o acompa
nhamento e interesse positivo informam à criançaque ela é amada. Este é o passo inicial para a constru
ção de uma pessoa segura e feliz. Em segundo lugar,
a atenção dos pais voltada para aspectos positivos do
comportamento da criança inibe o desenvolvimento
dos aspectos negativos, pois a criança sabe o que fazer
para atender às expectativas dos pais; não precisa fa
zer “coisas erradas” para receber “atenção suficien-
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te”, para se sentir feliz. Em terceiro lugar, a relação
estabelecida entre pais e filhos é de confiança. Os fi
lhos podem errar sem provocar um desapontamento
nos pais; sabem que terão oportunidade para refletir
e fazer a autocrítica, sem que isto represente um fra
casso. Descobrem tambcm que quando acertam são
elogiados. Em quarto lugar, aprendem a elogiar e re
conhecer o esforço dos outros, pois seus esforços fo
ram reconhecidos. A empatia é uma das característi
cas mais importantes e evoluídas do comportamento
humano. Os homens que têm empatia são capazes
de se colocar no lugar do outro, evitando precon
ceitos, segregações, discriminações e injustiças. Emqu into lugar, com este estilo parental, podemos per
mitir o amadurecimento apropriado das emoções.
Ao ouvir os relatos de nossos filhos, percebemos suas
tristezas, alegrias, mágoas, raivas etc. Nestas situa
ções, juntos, podemos encontrar formas de lidarcom as emoções negativas e compartilhar as emoções
positivas. Nada mais desagradável do que pessoas
que não sabem compartilhar sentimentos, não vi
bram com o sucesso de amigos ou não sabem dar
aquele “ombro amigo” nas horas de tristeza. Nada há de errado em se dar pequenos presentes
ou até mesmo presentes significativos para os filhos
mediante a conquista de objetivos. Os pais devem sa-
j
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ber diferenciar este procedimento de uma chantagem
emocional. Neste caso dão presentes por culpa, por se
acharem responsáveis pela infelicidade ou insucesso
do filho e tentam compensar este desequilíbrio lhesdando tudo o que pedem. Isto é chantagem e deve ser
seriamente evitado. Quando um filho se esforça, estu
dando 12 a 14 horas por dia, para passar no vestibular e
passa, nada há de errado em se presentear o novo ca
louro. Este adolescente fez um real esforço para atingir um objetivo e não devemos encarar o fato como
“sua obrigação”. Devemos vibrar e presentear, caso os
pais tenham condição. As crianças pequenas também
podem ser presenteadas, e principalmente elogiadas,
pela realização de tarefas que representem conquistas.Por exemplo, para levar ao dentista uma criança que
tem pavor do consultório odontológico, os pais, por
uma “negociação”, podem combinar que irão, após o
tratamento, ao “parquinho da Mônica”. Este procedi
mento pode ser considerado perfeitamente educativo
e apropriado, desde que acompanhado de uma expli
cação simples da necessidade do atendimento odon
tológico. Crianças que não comem verduras ou frutas
podem ter assegurado pelos pais que receberão “seu
doce preferido” após a^ingestão destes alimentos. Fa
zendo deste modo garantimos a ingestão dos alimentos necessários à boa nutrição infantil. Lembrem-se
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de que os doces seriam ingeridos de qualquer forma.
Os educadores estão apenas utilizando o gosto por es
tas guloseimas para obter bons resultados na alimentação de suas crianças.
As reações contrárias a esses procedimentos ad-
v vêm de maus usos dos presentes nas relações familia
res. Justamente o mau uso é freqüente porque o pro
cedimento é muito eficaz. É totalmente condenável
que um pai prometa um presente para um filho
mentir para a mãe tornando-o cúmplice de um adul
tério; ou que uma mãe prometa aumento de mesada
para o filho se ele ficar em casa fazendo companhia aela. São chantagens que nada têm de educativas e não
representam evolução na vida da criança, apenas es
tão servindo para beneficiar pais manipuladores.
Mães e pais modernos têm confun dido interes
se e acompanhamento positivo quando procuram se
tornar os únicos amigos íntimos de seus filhos. Os fi
lhos precisam criar repertórios sociais apropriados
mediante o convívio com outros de sua idade. Q uan
do os pais ocupam este papel estão inibindo o estabelecimento destas novas e positivas relações. Por meio
destes contatos fora da família eles poderão checar e
discutir seus valores, reafirmar suas convicções e tra
zer suas dúvidas para conversar com os pais. O s pais
devefti estar disponíveis para atender às questões rc-
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lativas à sexualidade dos filhos, mas não precisam en
trar em detalhes íntimos da vida amorosa ou sexual
dos adolescentes. Os amigos adolescentes podem o u
vir sem julgar, já os pais não. De maneira que, pen
sando que estão favorecendo o desenvolvimento da
personalidade do filho, por estar sempre junto dele,
estas experiências podem estar sendo totalmente di
rigidas pelos pais, inibindo o desenvolvimento da pró pria identidade do adolescente. Com o na maioria das
vezes os temperamentos e as habilidades dos filhos
não são iguais aos dos pais, essa identificação exa
gerada tem altas chances de criar problemas para a
identidade-do filho. A criança, por imitação ou porestar sendo constantemente estimulada a agir como
os pais, deseja fortemente corresponder a esta expec
tativa, porém, em geral, não tem as habilidades ne
cessárias para tal, pois ainda está se desenvolvendo.
Permitam que seus filhos tenham suas próprias ex
periências e confiem que o investimento que vocês
fizeram, lhes dando amor e atenção, os tornarão pes
soas sadias e capazes de escolher corretamente.
Não basta dizer simplesmente que se importa,que ama, que cuida; é preciso que se demonstrem,
simultaneamente, estes afetos. Demonstrar o inte
resse significa acompanhar a criança ou adolescentes
em atividades significativas para^eles. Perguntem se
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cies gostariam que vocês os acompanhassem. Ir ao
shopping com o filho no sábado à tarde não parece ser
uma boa idéia para demonstrar acompanhamento,
porém, assistir à apresentação de balé da filha iniciante configura-se um ato de interesse e amor.
Muitas vezes os pais acham aborrecido ir a certos
compromissos estabelecidos pela escola. Porém, na
maioria d^s vezes a sua presença é fundamental. Cer
ta vez, a escola de meu filho convocou os pais para
uma reunião às três da tarde, sem dizer o assunto. Eu
estava com uma série de compromissos considera
dos inadiáveis na universidade. Porém, dez minu tos
antes da reunião tive um ímpeto e larguei o que esta
va fazendo e fui correndo para a escola. Lá chegando,
fiquei estarrecida com o trauma que eu poderia ter
causado a meu filho de seis anos de idade. Todas as
crianças tinham uma rosa na mão para entregar às
suas mães e eu “quase” faltei por não saber do que se
tratava. Teria deixado meu filho com uma rosa na
mão sem ter a mãe para entregar. A escola queria fa
zer um a surpresa: era véspera do dia das mães. Quase
fomos todos negativamente surpreendidos.
A educação moderna mudou muito em relação àantiga. Os pais conversam cm lugar de dar castigos.
Os pais conversam em lugar de dar limites. Os pais
convçrsam em lugar de bater. Hoje em dia os pais
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conversam. Mas o que será que tanto pais como filhos
estão entendendo por conversar? Infelizmente, parte
deste “conversar” está sendo entendida como “dar
broncas”. Quando uma criança ouve “vamos conversar”, ela imediatamente sabe que vai ouvir “um belo
sermão”. Na escola a mesma coisa está ocorrendo. A
professora diz para o aluno que se não se comportar
irá “conversar com a diretora ou orientadora”. O alu
no se prepara para receber uma bronca ou uma advertência. De forma que, nos dias de hoje, conversar é si
nônimo de reprimenda, de bronca, de sermão. Os
pais acreditam que não se deve bater ou castigar e,
portanto, “conversam”. Acabam não estabelecendo li
mites e regras de boa convivência. Perdem o controle
na educação de seus filhos. E o pior, o conversar adequado, aquele conversar em que existe uma troca de
idéias, em que há interação, em que se compartilham *
sentimentos, não tem espaço na relação familiar. Todo
o espaço está ocupado pela supervisão estressante e
pela conversa “tipo bronca”. Os pais pensam que estãocumprindo sua tarefa educativa e, no entanto, sen-
tem-se extremamente frustrados com os resultados
obtidos. Os filhos são desobediente, mal-educados,
indisciplinados, tem baixo desempenho escolar. De
que está adiantando tanta conversa?
Alguns terapeutas relatam que seus pequenos cli
entes quando convidados a conversar se recusam fe-
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( liando bem a boca. Nada de conversar, demonstram
eles. Conversar é ruim. Os pais e educadores podem
reagir e se apropriar da forma correta de conversar. O
conversar que estamos defendendo neste texto é aque
le em que se estabelece uma troca, uma interação de
idéias e sentimentos, em todos os momentos. Como
dizem os padres nas cerimônias de casamento: na ale
gria e na tristeza. Conversar de forma descontraída,
interessando-se pelo assunto do filho, oferecendo sua
opinião, ouvindo a dele.
N em sempre os assuntos entre pais e filhos po
dem ser discutidos e a decisão tomada por consenso.
Os pais não devem ter medo de tomar decisões quecontrariem a opinião dos filhos. O que é preciso ser
descoberto são quais assuntos podem ser liberados
para que os filhos aprendam com suas próprias expe
riências e quais deles são da obrigação de somente os
pais tomarem a decisão. Por exemplo, fazer ou nãotatuagem pode ser um assunto que traga divergências
na família. Os pais podem e devem dar sua opinião,
caso não mudem a idéia do filho podem permitir a
experiência. Já se o filho quiser abandonar a escola
para “curtir”, certamente os pais não podetn concordar exdevem procurar toda a ajuda necessária para
evitar este desfecho. Os prejuízos para a criança serão
grandes e, neste caso, somente os pais têm a visão
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completa das conseqüências futuras e cabe a eles a
dccisão, mesmo contra a opinião da criança ou do
adolescente.
Em síntese, acompanhar de forma positiva o crescimento e desenvolvimento de uma criança ou ado
lescente e lhes mostrar real interesse, tanto por suas
atividades, como por seus sentimentos. Significa,
por meio do elogio e de atitudes, demonstrar para o
filho que ele é amado e e importante. Conversar significa falar e ouvir. Conversar significa compartilhar
sentimentos e idéias. A verdadeira essência do diálo
go, para Sponville3, está cm construir sobre o argu
mento do outro e não em desvalorizá-lo.
à
3. Cf. Pequeno tratado das grandes virtudes, de André Comte-Sponvil le, publicado pe la M artin s Fonte s, 1997.
I66
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A n e g l i g ê n c i a
N o início do século XX os cientistas ainda discu
tiam sobre o que era mais importante para o desen
volvimento do bebê: o alimento materno ou o calor
materno. Alguns argumentavam que o bebê se ligava
à sua mãe porque era esta que o amamentava e, portanto, supria sua necessidade básica - a fome. Outros
defendiam a tese de que o vínculo com a mãe ocorria
porque ela mantinha o bebê em seus braços e o aque
cia. Um pesquisador chamado Harlow realizou um
famoso experimento com macacos que é bastante
ilustrativo desta questão. Ele criou um filhote ór
fão em uma sala onde existiam duas “mães”, uma de
pano e outra de arame. Eram bonecas que imitavam
as formas de uma fêmea, sendo que urna era revesti
da de um tecido aveludado e fofo e a outra era toda de
arame. Na mãe de arame o pesquisador pendurou
uma mamadeira com leite morno. O cientista obser
vou que o filhote passava a maior parte do tempo
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abraçado à mãe de pano. Em algumas ocasiões, pro
vavelmente quando sentia fome, dirigia-se à mãe de
arame bebia o conteúdo da mamadeira e voltava para
a mãe de pano. Ocasionalmente I Iarlow produzia
barulhos estridentes na sala para observar o compor
tamento do filhote. O orfaozinho corria e se abraçava
à mãe de pano. Em outra ocasião o pesquisador levou
o filhote para uma sala onde se encontravam outros
filhotes, não órfãos, brincando. Nesta sala havia fru
tas, cordas penduradas, escadas etc. O órfao não se
aproximou dos demais, não explorou o ambiente e
quando “provocado” pelos outros para brincar iniciou
uma luta, que precisou ser interrompida pelos pes
quisadores. O filhote órfao constantemente apresen
tava comportamentos autodestrutivos, batendo a ca beça na parede e mordendo as mãos.
Quando vemos este relato imediatamente nos
vêm à memória cenas de documentários ou de^ re
portagens em que se viam denúncias sobre os “rrial-
tratos” sofridos por crianças institucionalizadas. Har-low conseguiu mostrar que o “calor” materno é tanto
ou mais importante que o “alimento” materno. Po
rém, mostrou também que é preciso muito mais que
“calor” materno. Esta mãe de pano, que não reagia,
nao acariciava, não mantinha contato visual, nãoemitia sons, não mostrava o certo e o errado, era uma
mãe negligente.
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A negligência é caracterizada pela desatenção, pela
ausência, pelo descaso, pela omissão ou, simplesmen
te, pela falta de amor. Estamos dedicando um capítu
lo especialmente a este tópico porque a negligênciade pais ou daqueles que deveriam cuidar, como ba
bás ou atendentes de crcche ou abrigos, e extrema
mente prejudicial à criança. A negligência é conside
rada um dos principais fatores, senão o principal, a
desencadear comportamentos anti-sociais nas crianças, ç está muito associada à história de vida de usuá
rios de álcool e outras drogas e de adolescentes com
comportamento infrator.
N o experimento d e Harlow acima descrito fica
fácil identificar a negligência; porém, na maioria das
vezes, ela ocorre de uma forma mais sutil. Sequer os
envolvidos percebem que estão negligenciando seus
filhos. Via de regra, a negligência ocorre em famílias
com pais muito ocupados, executivos que viajam
muito, chegam cm casa tarde, cansados, sem disposi
ção para manter um bom contato com seus filhos.
Ou, então, ocorrcm com mães que têm problemas
conjugais, são depressivas, vivem em seu próprio m un
do, não conseguem estabelece^ um diálogo ou prestar atenção às necessidades do filho.
Em famílias de baixa renda, cujas mães trabalham
o d^a todo e voltam à noite para casa cansadas, irrita
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das, doentes, famintas ou com frio e encontram seus
filhos, que foram cuidados pela vizinha ou filha mais
velha, chorando, reclamando, pedindo, encontramos,
com freqüência, um ambiente negligente. Essas mães,normalmente sem companheiros, esgotaram, ao lon
go do dia, sua energia e não conseguem atender às
necessidades de seus filhos. Os filhos crescem sem
que as mães saibam o que eles pensam, sentem ou
gostam. A falta de interação, de vínculo afetivo positivo, de demonstração de interesse gera a situação
de negligência.
Uma cena clássica no cinema americano é explo
rada tradicionalmente pelos diretores para demonstrar
negligência, abandono ou desinteresse de pais executivos ou muito ocupados. A cena apresenta o filho insis
tindo com o pai para que ele assista ao final do jogo de
futebol; na seqüência, 6 visto o pai envolvido com ati
vidades intransferíveis, e, cm seguida, o filho, triste,
olhando para um lugar vazio na arquibancada. Em filmes nos quais o diretor quer apresentar um final feliz,
o pai chega “atrasado e esbaforido”, e o filho abre um
largo sorriso de felicidade. Certa feita, perguntaram a
várias crianças sua definição de amor e uma delas res
pondeu: “amor é quando estamos apresentando umrecital de piano e olhamos na plateia e nosso pai está
sorrindo; só ele está sorrindo”.
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A negligência pode se dar em vários níveis, desde
os mais graves, como descritos acima, até os mais le
ves. Os psicólogos ou pedagogos têm dificuldade em
identificar uma situação de negligência familiar, poisos vestígios não são muito evidentes cm curto prazo.
Às vezes a família presenteia demais a criança, fala
dela com preocupação, coloca muitas pessoas a seu
serviço, como babá, motorista, cozinheira, professo
ra particular, professor de música etc., e o profissio
nal não consegue visualizar o descncadeador do pro
blema. Todos estes cuidados podem ser totalmente
adequados; no entanto, podem ser, também, insufi
cientes, caso venham sem a atenção, o afeto, o olharcarinhoso, o abraço, o real interesse de que tanto fa
lamos no capítulo anterior. Se os cuidados citados
acima forem feitos por pais desatentos, distantes e
desinteressados, estaremos caracterizando uma situa
ção de negligência.
Vejam como é difícil identificar a negligência.
Certa vez, fui visitar uma instituição e a responsável
pelo berçário, de maneira orgulhosa, disse-me: “veja,
professora, como nossas crianças são boazinhas”. Eramcerca de vinte crianças em seus berços, que não bal
buciavam, não sorriam e não ergueram seus braci-
nhos para mim quando entrei na sala. Fiquei sem
fôlego e me controlei pedindo para ver o banho. A
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atendente dava banho em uma delas, sem falar, sem
cantar, sem sorrir, sem olhar nos olhos. Parecia um
pacotinho que estava sendo lavado, embrulhado e
guardado. O motivo de minha visita era a existênciade um a denúncia de um nú m ero excessivo de cri
anças com “retardamento mental” nessa instituição.
Não era de admirar. Tudo era feito para se obter este
resultado. Ausência total de estimulação e de afeto.
Negligência. Os responsáveis acreditavam que esta
vam fazendo um bom trabalho. O melhor possível.
E muito maior do que se imagina o número de
bebês que vivem em famílias negligentes. Poucos sa
bem que os efeitos causados pela negligência são tãoseveros quanto aqueles gerados pelo espancamen
to. Crianças negligenciadas e espancadas tornam-se
adolescentes e adultos infratores, usuários de drogas,
agressivos, enfim, com uma série de condutas an
ti-sociais que inviabilizam a sua adaptação à socieda
de. A negligência impede o desenvolvimento da au-
to-estima, que é o principal antídoto ao aparecimen
to do comportamento anti-social. A criança negli
genciada é insegura, seu olhar não tem brilho. Pornão ter recebido o afeto que alimentaria seu ser, ela é
frágil. Pesquisadores encontram crianças negligen
ciadas se comportando áe forma apática ou agressiva,
mas nunca de forma equilibrada.
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Mães depressivas, que demonstram desinteresse
pelo que está ocorrendo a sua volta, nem apoiam e
nem punem seus filhos. Em virtude de suas limita
ções desconsideram as necessidades dos filhos deixando-os buscar no seu círculo familiar estendido
ou nas relações de amizade as respostas para suas in
quietações. Infelizmente, pesquisas recentes demons
traram que os pais não suprem as falhas educativas
apresentadas por mães depressivas: eles atuam da
mesma forma que elas, ou seja, de forma negligente.
A criança desamparada pelo pai e pela mãe procura
parentes, empregados, vizinhos e amigos para intera
gir. Algumas vezes consegue compartilhar sua vida
cm outra esfera social, mas, muitas vezes, vítima da
negligência dos pais, crcsce sem amparo e sem atenção. O uso de drogas ou álcool, o comportamento vio
lento ou a prostituição são formas encontradas pelos
adolescentes negligenciados para reagir ao sofrimen
to causado por esta rejeição.
A criança negligenciada cresce acreditando que emá, por isso ninguém gosta dela. Seus comporta
mentos agressivos são desenvolvidos a partir desta
crença. “Sou má, então faço o mal.” Cxrta vez, aten
dendo a um garoto muito agressivo que estava inter
no por furto no Educandário São Francisco, ouvidele a seguinte história: “Minha mãe me jogou em
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um tanque de lavar roupa porque eu sou o capeta.
Mae é boa. Se ela me jogou fora é porque sou mau.
Por isso, bato nos outros”.
Muitos casos foram relatados pela literatura e pormeio de filmes de crianças que viveram em isola
mento. Foram trancadas em quartos, porões ou amar
radas em árvores. Esses casos extremos de negligência
são os responsáveis pelo desenvolvimento de psico-
patas e serial killers (matadores em série). Evidentemente que, em casos como estes, cm que se encon
tram crianças sendo torturadas, uma avaliação espe
cializada da sanidade psicológica dos pais deve ur
gentemente ser feita, e a criança encaminhada a um
serviço de proteção à infância. São casos que incluemos requisitos juríd icos necessários para a cassação do
pátrio poder. O Art. 395 do Código Civil determina
que “Perderá por ato judicial o pátrio poder o pai ou
mãe que: 1) Castigar imoderadamente o filho; 2) O
deixar em abandono; e 3) Praticar atos contrários àmoral e aos bons costumes”.
Como foi dito no capítulo anterior, cuidar de seu
bebê, alimentá-lo, brincar corri ele, acarinhá-lo são
atos naturais na espécie humana. Somos feitos para
isto. s e não cu idarm os de nossos bebês de formacai/inhosa é porque sérios problemas psicológicos
ocorreram em nossas vidas. E preciso tratá-los ur
gentemente.
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Q uando se aprende com o erro, errar deixa dc ser
uma experiência ruim e passa a ser uma situação a
mais que nos ajuda a crescer. As situações que podem,
num primeiro momento, parecer desesperadoras, seolhadas do ponto de vista educativo senão capazes de
fornecer vários elementos que permitirão aos pais e fi
lhos refletirem sobre valores morais. Diante de falhas
consideradas graves pela família, como bater ou furtar
o carro do pai, gazear aulas ou ainda reprovar o ano escolar, muitas vezes os educadores passam direto para a
punição ou permanecem dando as famosas “broncas”
sem ajudar a criança 011 adolescente a refletir sobre o
ato cometido. A autocrítica é essencial para a mudan
ça comportamental. Permitir que o filho enxergue as
conseqüências negativas do seu ato, que reflita sobre
elas e perceba como evitá-las no futuro são proce
dimentos indispensáveis no processo de amadureci
mento desejado. Sempre que possível, os pais devem
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encontrar formas para a recuperação do dano causado
pelo ato inadequado: pagar o prejuízo com a mesada,
fazer tarefas extras na casa, pedir desculpas etc. Estes
procedimentos permitem a introjcção de valores m orais e desenvolvem a empatia. As crianças precisam
experienciar situações em que os atos inadequados
são apontados e suas conseqüências. Quando os maus
comportamentos são seguidos por longas broncas ecaras feias, o adolescente aprende que deve apenas
“deixar passar” aquele mau momento, pois logo tudo
voltará ao normal.
Dizer com clareza quais os perigos do uso de dro
gas e de comportamentos sexuais de risco e mostrar
os exemplos desastrosos que ocorrem diariamente à
sua volta são formas apropriadas de incutir valores.
Os pais devem fornecer leituras, filmes ou outro tipo
de material educativo sobre comportamentos de risco; precisam conversar francamente sobre o assunto.
Porem, e fundamental que os exemplos sejam com
patíveis com os ensinamentos. A famosa frase “faça o
que eu digo, mas não faça o que eu faço” não repre
senta a conduta de um bom educador, aliás, funcionaexatamente ao contrário. O filho, provavelmente, se
guirá o modelo do pai e não as suas palavras. Não
funcionará como exemplo educativo “puxar aquele
íiiminho com os amigos no sábado à noite” e depois
talar contra as drogas.
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Quando dizemos “tal pai tal filho”, estamos nos
referindo a uma forma de aprendizagem, a de apren
der segundo o modelo. Os filhos copiam o modelo
fornecido por seus pais porque gostam deles e os ad
miram. Este processo acontece mediante a observação. As crianças podem observar o pai resolvendo
um conflito com o vizinho. Por exemplo, o vizinho
jogou lixo no quintal da sua casa. O pai vai à casa do
vizinho e explica o transtorno que esta sua atitude
está causando visto que o vizinho poderia colocar olixo em um latão na porta da casa e evitar problemas
para todos. Caso o vizinho diga que foi a empregada
ou suas crianças que fizeram isto, o pai pede que ele
oriente sua família para que todos possam viver cm
harmonia. Geralmente esta conduta pode ser sufici
ente, pois o vizinho perceberá na atitude do pai que asua disposição é a de resolver de forma harmoniosa o
problema. N o entanto, se a atitude for a de xingar o
vizinho ou jogar lixo também na sua casa, certamen
te o conflito se estenderá por muitos meses, até de
sembocar em um possível fmal violento. O filho aprenderá a se comportar de acordo com o modelo e os
valores fornecidos pelos seus pais, ou ele aprende
que a “negociação” é uma forma para resolver pro
blemas ou ele aprende que o certo é “olho por olho,
dente por den te”.
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A aprendizagem das condutas no trânsito e um
excelente exemplo da imitação do modelo. Pais que
gritam, esbravejam, fazem sinais obscenos para os
outros motoristas estão ensinando às crianças como
se comportar em situações semelhantes no futuro,
ou seja, de forma agressiva. É importante lembrar
que a literatura sobre agressão é vasta e esclarecedora
sobre este ponto. Violência gera violência. O ciclo daviolência é comprovado cientificamente. As brigas
no trânsito são causadas por pessoas desequilibradas
cm situação de estresse que aprenderam a reagir de
forma violenta a provocações intencionais ou não.
Muitas vezes o outro e apenas um “barbeiro” e não
um mau elemento que está intencionalmente que
rendo prejudicá-lo.
Lembre-se que são valores morais que estão sen
do passados aos seus filhos. Agir corri senso de justiça, respeitando o direito dos outros, colocando-se no
lugar do outro para tentar entender suas razões, é
uma excelente forma de evitar conflitos.
A empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro para entender os sentimentos ou as razões dele, é um
dos atributos mais importantes do cidadão civilizado.
H preciso sriar situações para que os filhos aprendam
e desenvolvam a empatia. Quando a criança quer to
dos os brinquedos para si, deixando seu irmãozinho
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sem brincar, deve-se conversar com cia no sentido
de fazê-la se colocar no lugar do outro: “Você gosta
ria que ele pegasse todos os brinquedos e deixasse
você sem nenhum?”; ou então: “Vamos dividir os
brinquedos para que os dois possam brincar, além do
mais, brincar jun tos pode ser muito legal”. O mesmo
procedimento pode ser adotado em relação aos senti
mentos. Se a criança cm um acesso de raiva joga os
pratos da mãe no chão quebrando-os, a mãe deve di
zer-lhe: “Você gostaria que eu jogasse seus br inque dos preferidos no chão e os quebrasse?” Em seguida,
a mãe deve fazê-la reparar o dano: “Agora junte estes
cacos com cuidado para não se cortar e coloque-os
no lixo e perceba como você me deixou triste por fi
car sem os meus pratos”. A mãe pode fazer a criança
pedir desculpas, para completar a autocrítica.
As famílias desconhecem os efeitos nocivos que
filmes e programas violentos podem causar para o
desenvolvimento de seus filhos. Pesquisas4dos últi
mos trinta anos são contundentes em demonstrar
que as crianças e os adolescentes que vêem muitosfilmes violentos apresentam mais comportamentos
agressivos que aqueles que vêem poucos ou não as-
4. O s adol escent es e a mídi a: impa cto psi cológico , de Victor Strasburger, pu
blicação da Artm ed, 1999; e/1 cri ança ca ri ol ênci a na mídi a, d e Ulia Cnrlsson
e Cecília von Feilitsen (orgs.), da Cortez, 1999.
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sistetn a programas violentos. Esse efeito da violência
na tevê é muito mais acentuado em crianças que são
negligenciadas e deixadas aos cuidados da “babá tele
visão”. Isto ocorre porque as mães permitem que o u
tros personagens ocupem o seu lugar fornecendo m odelos e valores a seus filhos, muitos deles, contrários
aos seus desejos. Se personagens famosos da tele
visão valorizam a maternidade independente, as fãs
podem acreditar que esta é uma conduta aceitável
pela sociedade e copiar o modelo. Se os pais deixa
ram um espaço vazio, para este valor ser introjetado
pela adolescente, provavelmente, as conseqüências
serão negativas, como, por exemplo, a vinda de neti-
nhos independentes. O que causaria um sério pro
blema para as famílias que não escolheram esta for
ma de geração de descendentes.Os programas veiculados pelas emissoras de tevê,
cm grande parte, são violentos ou de apelo sexual.
Nestes casos, cabe aos pais fazerem junto com os fi
lhos a reflexão sobre tais programas salientando os
maus exemplos e formas alternativas para resolução
de problemas. Em geral, os filmes e as novelas apre
sentam soluções violentas para resolução de conflitos,
pais e filhos que se desentendem acabam se esbofete
ando, patrões e empregados acabam em àocos e faca
das após uma discussão, vizinhos se matam por causa
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de uma divisa. Os educadores devem mostrar solu
ções civilizadas para resolver os embates, tais como
negociação, intermediação por amigos, ou ate mesmo
o uso do sistema judiciário quando for o caso.
A apreciação do trabalho é um valor moral que
cabe à família desenvolver. Os filhos aprendem a va
lorizar a atividade profissional a partir da relação que
seus pais têm com o seu trabalho. Eles observam amaneira como os pais se referem ao patrão, à empre
sa, aos colegas, enfim a toda rede de relações que en
volvem esta atividade. Se na maioria das vezes o pai
está xingando o patrão, desvalorizando a atividadeque faz e criticando os colegas, o modelo passado é
de desrespeito e certamente a imagem formada é ne
gativa. Por que desenvolver interesse por uma ativi
dade tão aversiva, pensa o filho, melhor procurar ou
tra maneira para viver. Quando cobrado a trabalhar,está despreparado psicologicamente para enfrentar
os desafios da nova situação, pois para ele trabalhar e
muito ruim e deve ser evitado a qualquer custo.
Respeitar a sua profissão mostrando-se orgulhoso dela é o melhor caminho para desenvolver o inte
resse e a vocação futura dos filhos. Eles se espelham
nos pais e buscam seu próprio caminho sabendo quei
serão apt>iados em suas iniciativas, pois observaram
em casa este mesmo trajeto.
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Valores como honestidade, senso de justiça, solida
riedade, amizade, respeito ao próximo, respeito às leis,
empatia, enfim, todos aqueles que formam um cidadão
devem ser foco da educação. As crianças precisam ter
oportunidade para expcrienciar estes valores. Ler livrosque contenham “a moral da estória”, como “devagar se
vai ao longe” - estória que se refere a uma corrida entre
uma tartaruga e uma lebre, em que a tartaruga vence
porque anda o percurso todo sem parar, enquanto a le
bre corre, corre e acaba dormindo metros antes de al
cançar a linha de chegada - ajuda os pais a apresentarem
valores morais a seus filhos.
As conseqüências de se estar atento ao desenvolvi
mento de valores morais são que se observa claramen
te um aumento da auto-estima, dos comportamentos
pró-sociais (aqueles relativos à colaboração, ao apoio,à solidariedade etc.), do autoconccito em crianças e
adolescentes que convivem com pais com esta condu
ta; além disso, os filhos admiram valores dos pais e
aprendem a fazer julgamentos morais apropriados e,
finalmente, segundo as pesquisas recentes sobre ori
entação de pais e filhos, a valorização de padrões mo
rais de conduta é, junto com a monitoria positiva, a
melhor maneira de se evitar o desenvolvimento de
comportamentos infratores, anti-sociais, delinqüen
tes e, principalmente, o uso de drogas.
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Conclusão
T odas as formas de relacionamento com os filhosmostradas aqui podem ajudar pais e educadores a con
seguirem melhores resultados diante do desafio de
educar.
A importância das regras, a monitoria adequada eo modelo moral são as formas positivas de se relacio
nar com os filhos. Procurando desenvolver estas ha
bilidades certamente a família irá conseguir um esti
lo mais harmonioso de convivência, de forma que os
comportamentos inadequados e anti-sociais e o uso
de drogas serão evitados. O humor instável e a super
visão estressante não educam, mas sim promovem
interações familiares hostis. Já a punição física e a ne
gligência representam falhas educativas sérias, quetêm conseqüências desastrosas pira o desenvolvimen
to do ser humano. se um dos pais, por algum motivo
alcoolismo ou depressão - está agindo assim, os de
mais integrantes da família devem procurar auxílioespecializado para seu tratamento. Soluções casei
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ras não são suficientemente boas para produzir mu
danças em situações como estas.
Ser mãe é padecer no paraíso, diz o ditado popular.Hoje em dia pais e mães padecem juntos “no paraí
so”. Ver os filhos crescendo, tornando-se adultos in
teressados, responsáveis, cursando a faculdade, tra
balhando, permanecendo amigos da família é o so
nho de cada um de nós. Quando este sonho se con-j
cretiza conquistamos a glória suprema.
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Pais presentes, pais ausentes
procura mostrar as
conseqüências negativas de
determinadas práticas
educativas. Salienta as formasapropriadas de relacionamento
entre pais e filhos que permitem
que crianças e jovens cresçam
saudáveis, bem como traz
algumas alternativas e reflexõespara tornar esta tarefa mais fácil
e agradável.
Contribuir com a tarefa
educativa é o objetivo
fundamental deste livro. Educar
passou a ser um instrumento
poderoso nas mãos de cidadãos,
que poderão se tornar capazes
de alterar o rumo da civilização
moderna, reorientando-a para
uma convivência pacífica e
construtiva. Devemos enfrentar o
desafio de transformar o mundo
em um lugar agradável onde a
confiança no se r humano tenha
id t b l id
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Adolescência da ÜFPR e estuda
os determinantes do
comportamento anti-social. Sua
tese de doutorado defendida no
Departamento de Psicologia
Experimental da USP, sob
orientação do Dr. César Ades,
em 1990, analisou um programa
de inserção do adolescente
infrator ao meio social. Este
trabalho acadêmico transformou-
se em um livro publicado pela
Editora Juruá, em Curitiba,
denominado Menor infrator a
caminho de um novo tempo, que
está na segunda edição.
A autora coordena um projeto
de extensão universitária onde
oferece treinamento a
educadores sociais de
instituições que cuidam de
crianças e adolescentes de risco.
O projeto também prepara
alunos de psicologia para darem palestras em comunidades
carentes e escolas sobre práticas
disciplinares que aumentam ou
diminuem o desenvolvimento de
comportamentos anti-sociais.
Atualmente Paula Gomide
desenvolve pesquisas que buscam investigara relação
entre os estilos parentais e o
desenvolvimento de
comportamentos anti-sociais em
crianças e adolescentes. O livro
Pais presentes, pais ausentes é
fruto deste trabalho.
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8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf
http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 90/90
Este livro procura responder a várias perguntas, tais como: Devemos estabe lecer regras em nossa casa, nas salas de aula ou em outros ambientes? O
humor dos pais ou professores pode ter efeitos sobre a educação dos filhos
ou alunos? Bater nos filhos é um comportamento agressivo dos pais ou um
procedimento disciplinar? A vigilância exagerada é benéfica ou denota falta
de confiança? A negligência combina com auto-estima? Respondendo a es
tas e outras perguntas mais, a autora privilegia o' convívio familiar como fonte
dos valores morais e dos padrões de conduta.
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