gomide, p. i. c. (2004). pais presentes, pais ausentes regras e limites

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  1. 1. Dados Internacionais dc Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Gomide, Paula Inez Cunha. Pais presentes, pais ausentes : regras e limites/ Paula Incz Cunha Gomide. - Petrpolis, RJ :Vozes, 2004. ISBN 85.326.2947-4 1.Educao de crianas 2. Famlia - Aspectos morais e ticos 3. Pais e filhos I. Ttulo. 03-6077 CDD-649.1 --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------------------------------------------ * ndices para catlogo sistemtico: 1. Educao de crianas : Vida familiar 649.1 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS Este manual foi disponibilizado em sua verso digital a fim de proporcionar acesso pessoas com deficincia visual, possibilitando a leitura por meio de aplicativos TTS (Text to Speech), que convertem texto em voz humana. Para dispositivos mveis recomendamos Voxdox (www.voxdox.net). LEI N 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.(Legislao de Direitos Autorais) Art. 46. No constitui ofensa aos direitos autorais: I a reproduo: d) de obras literrias, artsticas ou cientficas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reproduo, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses destinatrios; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1998/lei-9610-19- fevereiro-1998-365399-normaatualizada-pl.html
  2. 2. ^ 'aula/ c(imAu' cjGfnidey ^ a l s / p a e & e n te s /, p a is / a u s e n te a e/ Lmites/ 3aEdio A EDITORA VOZES Petrpolis 2004 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  3. 3. 2004, Editora Vozes Ltda. Rua Frei Lus, 100 25689-900 Petrpolis, RJ Internet: http://www.vozes.com.br Brasil Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poder ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrnico ou mecnico, incluindo fotocpia e gravao) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permisso escrita da Editora. Editorao eorg. literria:Ana Kronemberger Ilustraes: Ademir V. da Paixo ISBN 85.326.2947-4 Este livro foi composto e impresso pela Editora Vozes Ltda. INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  4. 4. fgmAecimeiitas- Aas' meus' pJva& crVinciS' & 3(mwpar- taitumeni a'matcmidtido/ w melAai' d& indas*as minima expvuticts. INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  5. 5. INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  6. 6. Sum /uo/ Introduo, 9 1. A importncia das regras, 13 2. O humor instvel, 26 3. A punio fsica, 33 4. A supervriso estrcssante, 41 5. A monitoria positiva, 50 6. A negligncia, 67 7. O modelo moral, 76 Concluso, 85 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  7. 7. INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  8. 8. I n tr o d u o A famlia ainda o lugar privilegiado para a pro moo da educao infantil. Embora a cscola, os clu bes, os companheiros e a televiso exeram grande influencia na formao da criana, os valores morais e os padres d e conduta so adquiridos essencial mente atravs do convvio familiar. Quando a famlia deixa de transmitir estes valores adequadamente, os demais veculos formativos ocupam seu papel. Nes tes casos, a funo educativa, que deveria ser apenas secundria, muitas vezes passa a ser a principal na formao dos valores da criana. Este livro se prope a auxiliar pais e educadores na difcil tarefa de educar crianas. At meados do s- culo passado, as regras estabelecidas por nossos ante passados para acducao de filhos eram inquestion veis. Os pais puniam e castigavam como um direito legtimo de educador. Era dever dos educadores cor rigir, mesmo que com rigor fsico, as rebeldias infan tis. Aqueles que no corrigissem seus rebentos seriam 9 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  9. 9. questionados pela sociedade e at culpabilizados pe las desordens por eles cometidas. A revoluo de costumes dos anos 50 trouxe con sigo uma srie de questionamentos quanto maneira de educar crianas. A severidade habitual de costu mes foi confrontada inicialmente atravs da liberda de sexual e em seguida pela flexibilizao das regras na educao das crianas. Os novos pais, ps-revolu- o sexual, tambm se rebelaram quanto s regras r gidas de educao de filhos. Passaram a conceder mais, repudiaram a punio fsica, quiseram se tor nar mais amigos dos filhos. Comearam a utilizar o dilogo como fonte de educao. Porm, essa nova maneira de educar trouxe conse qncias inesperadas. Os filhos ficaram desobedien tes, no respeitando seus pais e professores, muitas ve zes deixando de estudar, no querendo assumir com promissos profissionais, tornando-se rebeldes c, por via de conseqncia, alvo fcil de grupos desviantes. Qual seria o problema com essa forma de educar? As regras punitivas e rgidas utilizadas pelas geraes passadas eram mais aversivas que as atuais? Conver sar a melhor maneira de se resolver situaes de conflito? Ser amigo do filho melhor do que ser um pai autoritrio e distante? 10 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  10. 10. verdade que os mtodos utilizados pela gerao passada para educar eram mais rigorosos. igual mente verdade que o dilogo a melhor maneira de se resolver conflitos e tambm prefervel um pai amigo do que um pai distante e autoritrio. No en tanto, os pais modernos, para conquistar este novo tipo de relacionamento, abriram mo, muitas vezes, do seu papel de educadores. Deixaram de estabelecer regras, esqueceram que os pais so o modelo moral para seus filhos, passaram a usar a conversa de forma punitiva (horas de sermo e de ameaas) e no como uma forma de reflexo. Romperam com a punio e se tornaram permissivos. // INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  11. 11. Neste livro discutiremos os principais pontos que devem ser enfrentados pelos pais, se quiserem levar a cabo uma educao promissora. Quais os principais erros e como eles podem ser corrigidos. Como estabelecer um relacionamento amoroso com o filho sem perder a autoridade. E, por fim, como inibir o desenvolvimento de comportamentos an ti-sociais a partir da maneira de educar. Esperamos que ao final da leitura deste livro voc esteja se sentindo mais seguro a respeito das decises que tiver de tomar. O contato com alternativas ade quadas para educar, sem punio fsica, pode dei x-lo mais confiante na escolha da sua maneira de li dar com o relacionamento infantil e educar. Paispresentes, pais ausentes e um livro que pretende apenas contribuir com algumas ideias para a educa o de crianas e adolescentes, sem ser uma proposta literria. Se pudermos colher bons frutos por esta se mente plantada, estaremos plenamente satisfeitas como psicloga e pesquisadora que somos. 12 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  12. 12. A im p o r t n c ia d a s r e g r a s O s pais e educadores esto sempre se questionando sobre as regras. Devemos fazer regras em nossa casa, nas salas de nula ou em outros ambientes? Quais re gras precisam ser estabelecidas? Como elas devem e! feilns? Quais os castigos que podem ser usados? E os qiu- no devem ser aplicados? O que acontece se no fizermos regras? O que acontece quando no cumprimos as regras por ns estabelecidas? Adianta ameaar? Podemos premiar o bom comportamento? Enfim, so muitas as questes que nos preocupam como educadores. Em primeiro lugar, devemos considerar a impor tncia de estabelecer regras em nossa relao com nossos filhos ou alunos. Sim, devemos estabelecer regras. Elas devem ser criadas para permitir um rela cionamento adequado entre os membros da famlia, respeitoso em relao aos valores e hbitos daqueles que convivem cm um determinado lugar. Deve-se, 13 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  13. 13. em linhas gerais, buscar o estabelecimento de pou cas regras, que sejam flexveis e realmente possam ser cumpridas. Os pais no devem estabelecer regras excessivas, r gidas e difceis de serem cumpridas. Quando os pais ou professores criam muitas regras, os filhos ou alu nos, por saturao, deixam de prestar ateno a gran de parte delas, ignorando-as e burlando-as. Quando as regras so difceis de serem cumpridas, porque so muito rgidas, a chance de que sejam desrespeitadas aumenta, e a possibilidade de os pais ou professores permitirem seu descumprimento grande. Rara mente uma criana atinge os critrios rgidos estabe lecidos pelos pais ou professores nas primeiras tenta tivas. Portanto, a chance de fracasso e muito grande, gerando desapontamento para ambas as partes. E mais vantajoso para todos que se inicie gradualmente a implantao de uma regra nova. Vejamos. Se uma me deseja que o filhojunte os brinquedos da sala, ela poder iniciar o treinamento da seguinte forma: no princpio ela ir ajud-lo mos trando como fazer, elogiando o seu desempenho e in- centivando-o a colocar os brinquedos 110 lugar certo. Estes primeiros passos devem ser dados muito cedo, quando a criana ainda pequena, entre dois ou tres anos. A me deve pegar na mozinha da criana e co- /4 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  14. 14. loc-la sobre o brinquedo apreendendo-o. Nest mo mento a me deve dizer, sorrindo, que est contente, que ele(a) est indo muito bem. Gradualmente, a me deve deixar de ajudar a guardar os brinquedos, apenas orientando e elogiando o filho ao final da tarefa, at que o comportamento esteja bem estabelecido. Desta forma a criana aprende a regra, passo a passo, e se sente capaz de executar o pedido da me. Por outro lado, se a me diz arrume seu quarto, junte os brinquedos, faa a tarefa, penteie os cabelos, corte as unhasetc., para uma criana que no executa nenhuma destas atividades, a chance de fracasso enorme. Diante de muitas tarefas para as quais no foi preparado convenientemente o filho procura se es quivar de todas ou tenta manipular a me emocional mente. Esta manipulao tem o objetivo de provocar pena no educador, facilitando o desrespeito regra es tabelecida. Em geral, para se livrar da chorominga- o os pais descumprem as regras, esquecem que deram uma ordem e deixam a criana em paz. Tomemos o exemplo contrrio scenasosquadri nhos. A me estabelece uma regra - chegar s 10 ho ras mas o filho resiste em cumpri-la. Ela, ento, estabelece um castigo: no ver tev por uma sema na. O filho por sua vez no cumpre o castigo e con tinua assistindo tev. A me tentafaz-lo cumprir 15 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  15. 15. o castigo, mandando desligar a tev, porm, na se gunda tentativa, desiste. Inicialmente, e preciso ava liar se a regra estava adequada. Se for um dia de se mana, parece adequado que os pais determinem que o filho esteja em casa s 10 horas, porm, se essa situ ao ocorrer aos sbados e o filho for adolescente, esse horrio se mostrar irreal. Logo, esta e uma regra rgida e que dificilmente ser cumprida. Nos finais de semana os pais devem ser mais flexveis e, caso fi quem preocupados, o que natural, podem organi zar formas para ir buscar os filhos nas festas (fazer ro dzio entre pais, por exemplo). O segundo ponto a ser analisado no exemplo aci ma diz respeito ao castigo estabelecido. Quando a me fixou o castigo, no pensou se teria condies de fazer cumprir o que determinara, ou seja, ela con seguiria manter a tev desligada? Ela teria persistn cia para desligar o aparelho tantas vezes quantas ele o ligasse? Ela estaria em casa para controlar o cumpri mento do castigo? Ela ficaria com pena da criana e resolveria encerrar o castigo? Caso os pais no te nham meios de controlar o cumprimento do castigo, ele no deveserestabelecido.Deve-se escolher um casti go possvel de ser cumprido e, principalmente, que os pais consigam controlar. Se os pais estabelecem uma punio muito severa (no viajar nas frias de fi- /6 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  16. 16. nal de ano, ficar sem ir aa playground por um ms, nunca mais falar com o namoradinho etc.), este cas tigo acaba se tornando uma ameaa, que dificilmente ser executada, A ameaa se d quando sinalizamos um castigo que tanto os pais como os filhos sabem que no ser cumprido. A ameaa no controla o comportamento, ou seja, ela no capaz de mudar ou de enfraqueccro comportamento indesejado. Ela Apenas torna a relao entre pais e filhos aversiva, de- a gradvel, irritante e desgastante. | Quando os pais descumprem, sucessivamente, as regras por eles estabelecidas, ensinam aos filhos trs atitudes indesejveis: () que as regras no so para serem cumpridas; (2) que a autoridade (pais ou pro fessores) pode ser desrespeitada; alem de (3) ensinar a manipulao emocional. Esta aprendizagem ter srias conseqncias para as atitudes futuras da cri ana ou do adolescente. Aprender que as regras po dem ser descumpridas leva os jovens a no aceitarem normas sociais. Placas, avisos ou informaes pre sentes em rodovias, escolas ou instituies podem ser desconsiderados, pois no tm significado algum. As autoridades que formulam as regras - pais, pro fessores, dirigentes etc, - no merecem respeito visto que no foram capazes de fazer valer o cumprimento das regras. Por fim, eles aprendem a manipular emo- 17 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  17. 17. cionalmente os educadores: fazem chantagem, cho ram, mostram caras arrependidas ou, ainda pior, ficam agressivos e, com esta atitude, conseguem in terromper o castigo, gerando culpa nos educadores. Ainda se, sistematicamente, os pais relaxam no cumprimento das regras ao mesmo tempo em que ensinam aos filhos o desrespeito s regras e autori dade, desenvolvem nas crianas e adolescentes inse gurana sobre o que certo ou errado, sobre valores morais ou ticos, sobre respeito aos direitos huma nos e s pessoas, Estas crianas no aprendem, com seus pais, a respeitar as instituies e as pessoas, por isso, so malcriadascom as professoras, instrutoras ou colegas. Elas no aprendem que as regras devem ser estabelecidas com justia e, logo, no sabem ava liar se uma determinada regra est adequada a uma dada situao devendo, portanto, ser cumprida. Esse tipo de prtica tem efeitos desastrosos. Infe lizmente, so encontrados muitos jovens com com portamento anti-social, cujos pais criam regras para dcscumpri-las sistematicamente e que usam aameaa como prtica educativa. Os pais e professores amea am, mesmo que estejam conscientes de que aamea a no funciona. Talvez acreditem que falando, amea ando, estejam cumprindo, ao menos cm parte, seu papel de educadores e se sintam menos culpados. 18 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  18. 18. 19 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  19. 19. Mas importante que observem como a ameaa ineficaz. Os filhos e alunos no obedecem por causa da ameaa; eles s vo obedecer se souberem que a ameaa ser seguida pelo castigo prometido. S as sim eles iro relacionar o comportamento inade quadocom o castigo,e ento, para se livrar da pu nio, mudam o comportamento indesejvel. O castigo nunca deve produzir privao de necessi dades bsicas (alimento, sono, carinho) ou produzir dor. recomendvel, por exemplo, que este determi ne a retirada de algum tipo de lazerpor um perodo curto de tempo, como ficar sem ver tev oujogar vi- deogame por um ou dois dias, ficar sem comer doces etc. Privar a criana de carinho um grave erro. A cri ana deve ter segurana do amor paterno ou materno sempre, mesmo quando est sendo castigada. Os pais devem estabelecer o castigo (retirada de um privile gio) sem demonstrar raiva ou dio. O comportamen to indesejado deve ser punido e no a criana. Quan do mostramos dio, estamos informando criana que a reprovamos como ser - a totalidade de sua es sncia - e no ao seu comportamento. Este fato ex tremamente importante, pois perturba a criana de modo que ela no sabe o que fazer para atender ao que os pais desejam dela. se ela errada, como mudar? A criana precisa saber exatamente o que deve mudar, o 20 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS
  20. 20. que os pais esperam dela. Dar informaes dbias, confusas, gera atitudes instveis nas crianas. Se ao aplicarmos um castigo usamos frases como voc vai ficar no quarto porque no quero ver sua cara, odeio voc, voc s faz coisas erradas, preferia que no tives se nascido,os pais no esto tentando corrigir o com portamento indesejado e sim esto despejando seu dio sobre o filho. O filho recebe o dio e no sabe o que fazer para atender s expectativas dos pais. Todo ie est errado. Como mudar? ( )utra questo importante sobre o tempo entre a ocorrncia do comportamento indesejado e a apli- (ao do castigo. O castigo no deve ser aplicado aps ter passado muito tempo; importante que seja apli-