globalizaÇÃo e direitos humanos: um olhar para os fluxos ... · mídias e canais de comunicação...

14
GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS MIGRATÓRIOS DE ENTRADA NO BRASIL Krisley Amorim de Araujo 1 Luciane Pinho de Almeida 2 RESUMO: O presente trabalho possui como objetivo compreender como o fenômeno da globalização possui tendências de supressão dos direitos humanos de indivíduos em condição de migrantes, assim como, relacionar essa realidade com os atuais fluxos de entrada no Brasil. Desse modo, utilizou-se como embasamento teórico-metodológico os pressupostos da Psicologia Sócio-Histórica, com o uso de revisão bibliográfica, a qual utiliza como fonte de dados artigos científicos, notícias, teses dissertações, documentos e livros. Portanto, as novas configurações migratórias, a entrada de novos povos e comunidades em território brasileiro nos conduz a refletir sobre a relação entre migração e direitos humanos em tempos de globalização, sobretudo no que tange à lógica globalizante de liberdade ao capital e restrição da mobilidade humana. Urge a necessidade das autoridades brasileiras refletirem e elaborarem estratégias e políticas públicas, migratórias e ações integradas que alcancem essa população, sendo que as fronteiras fechadas dos países europeus e norte-americanos colocam o Brasil na rota das migrações internacionais, nisso vemos nos últimos anos a entrada de haitianos, sírios, venezuelanos, chineses, e colombianos e a exposição dessas populações à condições de vulnerabilidade, violência, discriminação e violação de direitos. Com base nisso, destacamos a importância da cooperação internacional e elaboração de políticas migratórias e públicas pautadas nos princípios dos direitos humanos que alcancem o cotidiano dos migrantes. Palavras-chave: Direitos Humanos. Globalização. Migrações. 1 INTRODUÇÃO As migrações configuram-se como um fenômeno transnacional contemporâneo. O número de migrantes internacionais distribuídos geograficamente aponta que uma em cada dez pessoas que vive em países desenvolvidos é migrante, assim 72,6 milhões vivem na Europa, 61 milhões, na Ásia, e na América do Norte, 50 milhões (FARIA, 2015, p. 32). O 1 Graduada em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco. Mestranda em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). [email protected] 2 Professora do Programa de Mestrado e Doutorado em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). [email protected] Anais do XVI Congresso Internacional de Direitos Humanos. Disponível em http://cidh.sites.ufms.br/mais-sobre-nos/anais/

Upload: others

Post on 18-Nov-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS

MIGRATÓRIOS DE ENTRADA NO BRASIL

Krisley Amorim de Araujo1

Luciane Pinho de Almeida2

RESUMO:

O presente trabalho possui como objetivo compreender como o fenômeno da globalização

possui tendências de supressão dos direitos humanos de indivíduos em condição de

migrantes, assim como, relacionar essa realidade com os atuais fluxos de entrada no Brasil.

Desse modo, utilizou-se como embasamento teórico-metodológico os pressupostos da

Psicologia Sócio-Histórica, com o uso de revisão bibliográfica, a qual utiliza como fonte de

dados artigos científicos, notícias, teses dissertações, documentos e livros. Portanto, as novas

configurações migratórias, a entrada de novos povos e comunidades em território brasileiro

nos conduz a refletir sobre a relação entre migração e direitos humanos em tempos de

globalização, sobretudo no que tange à lógica globalizante de liberdade ao capital e restrição

da mobilidade humana. Urge a necessidade das autoridades brasileiras refletirem e

elaborarem estratégias e políticas públicas, migratórias e ações integradas que alcancem essa

população, sendo que as fronteiras fechadas dos países europeus e norte-americanos colocam

o Brasil na rota das migrações internacionais, nisso vemos nos últimos anos a entrada de

haitianos, sírios, venezuelanos, chineses, e colombianos e a exposição dessas populações à

condições de vulnerabilidade, violência, discriminação e violação de direitos. Com base

nisso, destacamos a importância da cooperação internacional e elaboração de políticas

migratórias e públicas pautadas nos princípios dos direitos humanos que alcancem o

cotidiano dos migrantes.

Palavras-chave: Direitos Humanos. Globalização. Migrações.

1 INTRODUÇÃO

As migrações configuram-se como um fenômeno transnacional contemporâneo. O

número de migrantes internacionais distribuídos geograficamente aponta que uma em cada

dez pessoas que vive em países desenvolvidos é migrante, assim 72,6 milhões vivem na

Europa, 61 milhões, na Ásia, e na América do Norte, 50 milhões (FARIA, 2015, p. 32). O

1 Graduada em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco. Mestranda em Psicologia pela Universidade

Católica Dom Bosco (UCDB). [email protected] 2 Professora do Programa de Mestrado e Doutorado em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco

(UCDB). [email protected]

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/

Page 2: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

2

número de migrações internas também é extremamente elevado, segundo o Relatório de

Desenvolvimento Humano de 2009 do Programa da ONU para o Desenvolvimento Humano

(PNUD), os números chegam a 740 milhões de migrantes internos (FARIA, 2015).

Os dados expressam a magnitude do fenômeno migratório na contemporaneidade,

logo, nenhuma nação pode avaliar o seu futuro independente dos efeitos da mobilidade

humana (ONU, 2012, p. 2). No atual contexto, não há mais países com características

predominantes de emissores de migrantes ou receptores, o caráter mutável da sociedade

moderna exerce influência sobre aspectos econômicos, políticos, sociais e naturais, que por

sua vez, irão traduzir-se em maiores fluxos migratórios pelo globo terrestre, logo, qualquer

país está suscetível a passar por grandes ondas emigratórias como imigratórias, ou como

locais de trânsito. Devido a isso têm-se eliminado os prefixos (-e e –i) dos termos

“migração”, “migrantes” e “migratórios”, essa mudança reflete as transformações no que se

refere às migrações contemporâneas (FARIA, 2015, p. 37).

Com isso, os países apresentam-se com características duais no que se refere às

migrações. O Brasil possui marcas históricas de migrações, pois os diferentes povos que

adentraram em território brasileiro alteraram-se conforme as configurações e eventos do

mundo global, assim como, a saída de migrantes brasileiros em direção ao exterior é

resultado de condições políticas, sociais e econômicas e a significativa influência e fascínio

da globalização.

A popularização dos fluxos migratórios em diversos setores sociais por meio das

mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o

aumento no número dos fluxos migratórios provoca e requer um posicionamento das

autoridades mundiais, aparatos jurídicos, organizações e instituições, a fim de refletir sobre

mecanismos para lidar com os desafios migratórios futuros. Em contraposição crescem-se

também posturas anti-migrações e xenofóbicas que vêem o migrante como perigoso,

fraudador do sistema de seguridade social ou que irá ocupar postos de emprego destinados

aos nativos. A partir disso, pretende-se desenvolver ao longo do trabalho aspectos

relacionados à conformação dos fluxos migratórios visto à influência do fenômeno da

globalização e seu contraste com os direitos humanos.

A partir disso, os objetivos da pesquisa foram descrever e estudar como o fenômeno

da globalização desenvolve tendências de supressão de direitos humanos, apontar os

principais fluxos de entrada no Brasil nos últimos anos e destacar a necessidade de

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/

Page 3: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

3

cooperação internacional e elaboração de políticas migratórias e públicas pautadas nos

princípios dos direitos humanos que alcancem o cotidiano dos migrantes.

2 METODOLOGIA

A metodologia dessa proposta foi constituída de pesquisa qualitativa, a qual leva

em conta a realidade observada como fonte de coleta de dados, na qual o pesquisador

constitui-se como principal instrumento. A pesquisa possuiu caráter descritivo e o foco é

indutivo, assim, os dados qualitativos apontam a profundidade de informações e não

aspectos quantitativos.

Utilizou-se como embasamento teórico e metodológico, os pressupostos da

Psicologia Sócio-Histórica, a qual está ancorada na concepção materialista histórica dialética

de Karl Marx. Assim, a forma de análise adotada compreende “o processo histórico humano

a partir das determinações fundamentais da base material sobre a superestrutura, num

processo necessariamente dialético” (KAHHALE; ROSA, 2009, p.25.

Com isso, o método irá buscar apreender o movimento, as relações e as

transformações existentes nos fatos, requerendo ferramentas de viabilização, critérios e

categorias de análise, essas categorias permitem desvendar os fenômenos, propiciando o

conhecimento teórico, partindo da aparência, visando alcançar a essência do objeto, ou seja,

apreender seu processo e concretude, suas relações e movimento (KAHHALE; ROSA, 2009,

p.26).

Logo, o pesquisador, captura a estrutura e a dinâmica da realidade (objeto), por

meio da análise e da síntese, viabiliza a pesquisa através do método e assim reproduz no

plano ideal, a essência do objeto que investigou (NETTO, 2011). Dessa forma, a pesquisa se

estabelece como uma relação entre sujeitos, tendo como objetivo compreender toda a

complexidade dos comportamentos dos sujeitos a partir de suas próprias perspectivas,

correlacionadas ao contexto do qual fazem parte, logo, a problemática de pesquisa não é

criada artificialmente na mente do pesquisador (FREITAS, 2002, p.27), mas é existente no

universo concreto, na matéria que é a constituição do real, tendo como bases sustentadoras

a historicidade e o movimento dialético.

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/

Page 4: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

4

Utilizou-se como recurso a revisão bibliográfica, a qual utiliza como recursos

“artigos científicos, livros e documentos, nos permitindo a articulação de conceitos e a

sistematização da produção de um determinado campo de conhecimento” (Minayo, 2001,

p.53). Desse modo, destacou-se o uso de artigos científicos, livros, e notícias a fim de

subsidiar as discussões.

3 GLOBALIZAÇÃO E O PROCESSO DE SUPRESSÃO DE DIREITOS

HUMANOS

O fenômeno migratório se dá na sociedade contemporânea com novas

configurações e características, ainda que sua origem remonte aos períodos pré-históricos,

diversos condicionantes da modernidade propiciaram novas modalidades migratórias, como

também, novas formas de exploração, exclusão e dominações dos sujeitos, assim, migrar

tornou-se muito mais do que um deslocamento de um local para o outro, tornou-se uma

questão complexa, sendo necessário aprofundamento e estudo. Desse modo, para

compreender os fluxos migratórios atuais precisamos nos remontar à identificação de seus

principais propulsores e potencializadores, como também refletir sobre o impacto desse

fenômeno no universo subjetivo do sujeito migrante.

O avanço do conhecimento científico proporcionou diversas descobertas e

transformações no mundo, permitindo a criação de instituições, sistemas, estruturas, como

também, a emergência de novas problemáticas sociais que demandavam respostas, uma

delas foi o grande êxodo rural que se deu em função da formação da sociedade industrial,

iniciado principalmente nos países europeus, em que um grande contingente populacional

deslocou-se para os grandes centros em busca de trabalho, esse dado revela uma nova

conformação social que implicará no estabelecimento de novas condições de vida. Logo, as

invenções sociais possuem o potencial de reordenar o mundo, de igual modo, as

transformações nas estruturas econômicas da sociedade de um modelo para outro, alteram

toda uma cadeia de relações que já se encontra configurada, assim, quando o homem

intervém na natureza ele produz modificações, logo, o sujeito é transformado para viver

nesse novo ambiente criado por ele, desse modo o sujeito se constrói e reconstrói na ação

sobre a realidade objetiva.

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/

Page 5: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

5

Sobre isso Ianni (2001) vai destacar atores responsáveis pela coordenação de tais

mudanças:

Na realidade, são principalmente as “elites” dominantes

(envolvendo indivíduos, grupos, classes, organizações

governamentais, organizações bi e multilaterais, corporações

nacionais e transnacionais) alguns dos principais “atores” que

concretamente agem de modo a produzir, orientar e dinamizar

“desvios” destinados a provocar mudança ou evolução. (IANNI,

2001, p.91)

Desse modo, a sobrevivência dos sistemas sociais humanos em uma realidade

mutável está relacionada à sua capacidade de adaptação. Podemos apontar a globalização

como um fenômeno desencadeador de grandes mudanças a níveis mundiais. Bauman (2005)

afirma que as tendências globalizantes afetam “estruturas estatais, condições de trabalho, a

produção cultural, a vida quotidiana e as relações entre o e o outro” (p. 11). A globalização

provou que o globo terrestre é muito mais do que uma figura astronômica, mas um espaço

de invenção das relações sociais promovendo novas definições de tempo e espaço, como

também impulsionando uma série de grandes transformações sociais, políticas e econômicas,

as quais irão suscitar alterações no cenário mundial.

As primeiras aparições da globalização se dão junto ao desenvolvimento da

sociedade capitalista, Ianni (2001, p.14) também aponta que:

... desde que o capitalismo desenvolveu-se na Europa,

apresentou sempre conotações internacionais, multinacionas,

transnacionais e mundiais, desenvolvidas no interior da acumulação

originária do mercantilismo, do colonialismo, do imperialismo, da

dependência e da interdependência.” (IANNI, 2001, p.14)

Portanto, afirma-se o caráter histórico da globalização e a sua presença desde os

primórdios do modelo econômico capitalista, sendo assim, ela é marcada por interesses

comerciais com ênfase na livre circulação do capital, a fim de constituir uma economia

aberta e sem limites geográficos (MARTINE, 2005). Logo, as tendências globalizantes

trazem consigo o slogan de “Mundo sem fronteiras”, em contrapartida a promoção desse

movimento global é determinado pelas exigências da reprodução ampliada do capital por

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/

Page 6: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

6

meio da articulação de mercados, empresas, corporações e forças produtivas, as quais irão

produzir a estratificação global, comportando de um lado setores beneficiados pelo processo

de acumulação capitalista e do outro, regiões periféricas que se encontram em desvantagem

e a serviço das leis do mercado. A consolidação dessa divisão opera-se por meio da criação

de aparatos jurídicos, institucionais e políticos. Assim, juntamente com a globalização, o

capital adquire caráter universal, transpondo a soberania nacional.

A partir disso, começamos a visualizar um capital móvel que se desloca com

facilidade nas fronteiras sob efeito da globalização, ademais, as facilidades de mobilidade

restringem-se quando o assunto é “capital humano”, Martine (2005) afirma que:

...as fronteiras abrem-se para o fluxo de capitais e

mercadorias, mas estão cada vez mais fechadas aos migrantes: essa

é a grande inconsistência que define o atual momento histórico no

que se refere às migrações internacionais.

Desse modo, vê-se que os migrantes ainda ficam imobilizados frente à lógica da

soberania do Estado, caracterizado pelas políticas de controle migratório. Nessa mesma linha

Bauman (2001), resgata de Friedman que na atualidade uma das coisas que não estão em

vias de extinção são as fronteiras, mas que na contramão disso, as fronteiras parecem ser

levantadas a cada esquina das vizinhanças do mundo. Essa realidade expressa a

operacionalização de uma inclusão social perversa por meio da “garantia” de mobilidade

humana a poucos, no entanto, dadas as barreiras que se impõem à indivíduos pobres de países

subdesenvolvidos no que se refere ao deslocamento entre as fronteiras, ocorre, na verdade

uma exclusão através de aparatos jurídicos e burocráticos pautados na identidade e na

segurança nacional, as glórias da globalização terminam se restringindo aos membros da

elite dominante.

Assim, as migrações contemporâneas refletem as características de uma sociedade

conflituosa permeada pela divisão de classes, a qual legitima uma falsa inclusão por meio de

ferramentas de servidão e exploração dos sujeitos, realidade essa que os migrantes

encontram em terras estrangeiras, por meio da oferta de empregos mal remunerados e

expostos à situações de violação de direitos. Nessa lógica a passagem é liberada àqueles que

interessam às sociedades dominantes, assim, esse sistema inclui para excluir, operando desse

modo o que Sawaia (1999) chama de dialética exclusão/inclusão. Com isso, o migrante ao

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/

Page 7: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

7

inserir-se na lógica moderna globalizante, em vias de necessidade ou autonomia se depara

com processos de exclusão nos mais diversos níveis, predominando uma visão dialética do

migrante como (in)desejado.

O fluxo da globalização também promove a dispersão em escala global das forças

produtivas e das relações de produção de modo desigual e contraditório. A força de trabalho

se torna transnacional e as formas de exploração se complexificam, trabalhadores das mais

diversas qualificações, países e etnias dispõem de mão de obra barata aos países

desenvolvidos (IANNI, 1998). Na perspectiva marxista a globalização representa o

desenvolvimento ampliado do capitalismo moderno, bem como implica em uma nova

possibilidade de reprodução do capital, quando falamos de capital, o compreendemos

enquanto uma categoria social complexa que abrange o processo de produção da mercadoria,

lucro, mais-valia, dinheiro como forma de valor, força de trabalho, instituições, modos de

vida, aparatos jurídico-político, elementos que formam as relações de produção.

Nesse formato, inserem-se as populações migrantes nas relações sociais de

produção do capitalismo, Vendramini (2018) disserta acerca das migrações contemporâneas

em uma sociedade capitalista e afirma que esse modelo social funciona como um propulsor

das migrações, bem como o capital se sustenta por meio dos deslocamentos do exército

industrial de reserva, com isso, se verifica um grande contingente populacional migrando

para os grandes centros em períodos de crises sociais, econômicas, políticas, ambientais,

produzindo uma sobrevida à acumulação capitalista, na medida em que os migrantes se

configuram como uma mão de obra barata, sujeitando-se a longas jornadas de trabalho,

ocupações de baixa qualificação e ausentes de valorização social, direitos concernentes ao

trabalho e proteção social. Portanto, as migrações promovem uma sobrevida ao modo

capitalista de produção e de sociedade,

Nesse mesmo entendimento, Rossini (1986, p.578) complementa que:

O modo de produção capitalista exige, para sua manutenção,

a existência de excedentes de trabalhadores para a viabilização da

expansão da produção. A mão-de-obra excedente existe no sentido

de favorecer a reprodução do capital. Na realidade, a migração se

constitui como um movimento “necessário” ao desenvolvimento

capitalista.

A globalização ainda acentua as desigualdades entre os países, o que corrobora no

aumento da necessidade de migrar, a qual também está relacionada com a esperança de

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/

Page 8: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

8

melhores condições de vida em outros locais, predominando uma visão idealista das

sociedades dominantes. Sobretudo, os tempos globais propiciam um aumento elevado nas

migrações internacionais, somado a isso temos as inovações tecnológicas de comunicação e

transporte, logo, esses fatores têm diluído as fronteiras e aproximado países, culturas e

pessoas.

4 FLUXOS MIGRATÓRIOS DE ENTRADA PARA O BRASIL

Faria (2015) afirma que “o mundo possui 250 milhões de migrantes internacionais

(3,2% da população mundial)”, a Organização Internacional para Migrações (OIM), estima

para 2050 um número de 405 milhões de migrantes (OIM, 2010 apud FARIA, 2015). Os

fluxos migratórios contemporâneos possuem causas multidimensionais em resposta a fatores

como crescimento demográfico, conflitos armados, crises políticas, econômicas, catástrofes

naturais e aspectos relacionados à produção e trabalho.

Levando em conta o que foi mencionado e observando a realidade do nosso país, é

possível ver que os dados históricos da constituição do Brasil revelam a sua inserção nas

rotas migratórias desde seus primórdios. A formação social brasileira e o seu crescimento

deram-se também a partir do protagonismo, da atividade e do trabalho de migrantes, logo,

migração e mescla de culturas não se constitui uma novidade no contexto brasileiro. Nesse

sentido, é importante lembrar dos portugueses, espanhóis, holandeses e africanos de diversas

nacionalidades que passaram pelo país.

Nos anos 2010-2016, o Brasil apresentou um fluxo maior de migração resultado de

crises econômicas, questões ambientais e de conflitos e guerras que vem ocorrendo em

diversos países do mundo, assim o país está recebendo, especialmente haitianos, africanos,

senegaleses, colombianos, asiáticos e sírios. Esses dados revelam a mobilidade humana

brasileira no que se refere à recepção de migrantes, apresentando uma nova face, uma nova

configuração, o migrante atual é diferente do migrante do século passado, devido a diversos

fatores históricos, sociais, econômicos e políticos que criaram essas condições, o migrante

que surge no presente é consequência do processo de acumulação capitalista e dos efeitos da

globalização que se somam a desastres ambientais e eventos atípicos que estão ocorrendo

em um plano internacional. Essa migração por certo traz impactos nacionais e locais.

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/

Page 9: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

9

Com a atual crise econômica brasileira, os entraves políticos e a iminência da crise

financeira acirrada, principalmente em 2016, alteram-se as rotas migratórias que outrora se

destinavam para o Brasil, assim, muitos migrantes têm se destinado para outros países da

América Latina que apresentam uma situação financeira mais favorável. Todavia, embora

contraditoriamente o fluxo de recebimento dos migrantes estrangeiros tenha diminuído, o

fechamento da Europa e de países norte-americanos, coloca o Brasil na rota das migrações

internacionais, registra-se um grande número de estrangeiros já estabelecidos em território

brasileiro e que ainda não gozam da efetividade de direitos sociais tão necessários à vida

social.

Velasco e Mantovani (2016) destacam que “em 10 anos, o número de imigrantes

aumentou 160%”, segundo dados da Polícia Federal, em 2015, quase 120 mil estrangeiros

deram entrada no país, nesses números destacam-se a entrada de haitianos, seguidos pelos

bolivianos, colombianos, argentinos, chineses, portugueses e norte-americanos, têm-se

agora também a entrada de venezuelanos, que segundo dados do Alto Comissariado das

Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e do governo brasileiro, 32.744 venezuelanos

solicitaram refúgio e 27.804 adentraram as fronteiras brasileiras com autorização de

residência por vias alternativas ao sistema de refúgio, condição que totaliza mais de 60.000

venezuelanos registrados pelas autoridades brasileiras em 2018.

A entrada dos haitianos ao Brasil após a ocorrência do terremoto que atingiu o país

em janeiro de 20210 e as condições políticas e econômicas do país, tornou visível o

despreparo do Brasil frente às demandas das migrações internacionais, em que esses

migrantes ficaram expostos à condições precária de higiene e privacidade, expostos ao

racionamento de água e alimentos em cidades de fronteira como Acre, Brasiléia e Tabatinga

(SILVA, 2015a). Véran, Noal e Fainstat (2014) apresentam que não houve outros de

dispositivos de assistência a essa população, assim eles ficaram ausentes de políticas

públicas e auxílios governamentais.

Novamente, assistimos à entrada de outro grupo de migrantes, os venezuelanos e o

Brasil não estava preparado e mais uma vez viu-se a inserção de migrantes em condições

precária vida assistência, exposição à situações de violência, discriminação, vulnerabilidade.

Historicamente no Brasil, os migrantes têm sido alvo de ataques, repressões e

discriminações, realidade existente também em outros países, expressando um olhar global

de negação dos direitos dos migrantes.

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/

Page 10: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

10

Outrossim, a presença haitiana traz à tona o modo como a sociedade brasileira lida

com as relações raciais, preconceitos de cor, considerando a herança de uma sociedade que

se constituiu por meio do trabalho escravo e da discriminação racial. Faz-se necessário,

pontuar que o contexto atual suscita novas formas de xenofobia que podem ganhar

conotações raciais, produzindo estigmas de grupos diferenciados, pois ainda permanece no

imaginário a compreensão de migração, como a migração europeia de sujeitos brancos, uma

migração bem sucedida, assim, a integração de migrantes de raças e etnias plurais conduz o

país à um processo de aceitação das diferenças, reconhecimento do migrante enquanto

sujeito de direitos e a promoção de um diálogo intercultural (SILVA, 2015b)

A Pastoral dos Migrantes em São Paulo vem denunciando casos de explorações e

reivindicando os direitos dos migrantes. Logo, destaca-se a necessidade de cooperação

internacional entre os países, pois o caráter dual das migrações coloca o cenário mundial

sujeito a sofrer os efeitos desse fenômeno, assim, o aumento da responsabilidade dos países

pode diminuir a violação de direitos humanos de migrantes e o descaso em relação à defesa

dos nacionais em terras estrangeiras (CASTRO, 2008)

É visto que a globalização promove o encurtamento das distâncias e produz uma

concepção de encolhimento do mundo, facilitando o contato com diferentes povos,

despertando interesses e oportunidades de sobrevivência em outros países, no entanto, tem

crescido a repressão dos movimentos migratórios, por meio da sofisticação de tecnologias

de segurança, ampliação de muros em fronteira, maior vigilância. Tais práticas estão

relacionadas também à produção do medo norte-americano e eurocêntrico, decorrente do

ataque terrorista às Torres Gêmeas, assim, o migrante é visualizado como criminoso,

perigoso, indesejado. Além disso, predomina-se também, racismos, discriminações e

intolerância, as quais desqualificam e não corroboram com os princípios dos direitos

humanos.

Um fator reforçador desse processo, o qual legitima esses discursos, são as políticas

de Estado referente às migrações, o Brasil aprovou recentemente uma nova lei referente à

migração, a qual possui como objetivo regular a entrada e permanência de estrangeiros no

país, com repúdio à discriminação e criminalização da migração, além disso, visa promover

o acesso e tratamento igualitários de migrantes, assim como sua entrada e permanência no

país, essa nova lei, vem substituir o antigo e incoerente Estatuto do Estrangeiro, elaborado

no período da Ditadura Militar, o qual possui premissas que incorporam o migrante como

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/

Page 11: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

11

perigoso e ameaça para os interesses nacionais. No entanto, após, mudanças nos ministérios

e eleições de 2018, o novo governo toma a decisão de não assinar o Pacto Global de

Migração da ONU (PASE, 2019) que visa a melhoria das condições de vida de migrantes e

propõe diretrizes de cooperação entre países para lidar com a questão migratória. A não

assinatura entra em contraste com a conquista da Nova Lei da Migração aprovada em 2017

pelo Congresso Nacional e pode comprometer as atuações do Brasil no cenário internacional

e nacional acerca das migrações, bem como pode comprometer a viabilização de políticas

migratórias e públicas à esse público.

Portanto, é notável a concepção das migrações ao longo das décadas anteriores

ausentes de um enfoque de direitos humanos, abrindo margem para violações e diferenças

entre direitos da população nativa versus direitos da população estrangeira, sendo que a

segunda, termina sempre ocupando uma posição de subalternidade, no entanto, vemos no

mundo atual ainda a pulverização ou o retorno de ideias conservadoras e distantes de um

discurso de direitos humanos, principalmente no que tange ao sujeito migrante.

A noção contemporânea de direitos humanos da Declaração Universal de 1948

possui direcionamentos com ênfase na universalidade, indivisibilidade e interdependência

dos direitos humanos, como também, essas concepções têm se orientado para valores como

igualdade, liberdade e diversidade. Logo, a efetivação desses direitos exige um espaço de

luta, ação social e envolvimento político, assim, lidar com a multiculturalidade, preservar

direitos fundamentais dos indivíduos e o reconhecimento da diferença, torna-se um grande

desafio frente aos fluxos migratórios contemporâneos, muito mais que instrumentos

jurídicos, urge a necessidade de criação programas sociais, políticas de acolhimento,

capacitação de profissionais e ferramentas de assistência e inclusão à população migrante, a

fim de que a lei não operacionalize-se apenas no campo das ideias e se distancie de uma ação

social efetiva que produza transformação no cotidiano de vida dos migrantes.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, é possível verificar que os pressupostos orientadores da globalização

possuem tendências pautadas em interesses comerciais, pautados na hegemonia do capital,

assim, a sua livre circulação é estimulada, porém, quando trata-se de pessoas, as fronteiras

se fecham. Com isso, as lógicas e instrumentos que operacionalizam esses movimentos

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/

Page 12: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

12

migratórios ainda se encontram ancoradas princípios da reprodução do capital. Logo, vê-se

que o cenário global apresenta uma dificuldade de reconhecer a diferença e lidar com

questões multiculturais e garantir direitos fundamentais aos migrantes, aumentando um

estranhamento em relação àquele que chega, configurando-se uma situação paradoxal, visto

que a bandeira levantada pela globalização de Mundo Sem Fronteiras carrega consigo um

discurso de livre acesso e mobilidade para alguns e repressão da circulação de outros.

Desse modo, a consideração das ameaças aos direitos humanos dos migrantes,

suscita a necessidade de articular ações integradas entre os países, assegurando direitos de ir

e vir e retirando esses indivíduos da ilegalidade, a qual deixa margem à violação de direitos

e ações de traficantes de pessoas. A fim de evitar situações deste caráter, ressaltamos a

importância em tomar as migrações como tema de educação continuada, sendo viabilizado

por meio de campanhas de sensibilização da sociedade, por meio da inclusão da temática

nos currículos de ensino médio e superior, cursos de graduação, formação de agentes

públicos abrangendo todos os níveis da administração pública

Consonante à isso o investimento em políticas públicas alcança a operacionalização

dos processos, assim as políticas de garantia de direitos fundamentais precisam ser

elaboradas ouvindo o próprio migrante, seus interesses, anseios e perspectivas, logo, urge a

necessidade de uma concepção ampliada de direitos humanos pautada no multiculturalismo,

devido à velocidade em que compõem os fluxos migratórios contemporâneos.

6 REFERÊNCIAS

BAUMAN, Z.; MEDEIROS, C.A. (Trad). Comunidade: a busca por segurança no mundo

atual. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BAUMAN, Z; MEDEIROS, C.A (Trad). Identidade. Rio de Janeiro, Zahar, 110 p, 2005

CASTRO, M.G. Migrações Internacionais e direitos humanos e o aporte do

reconhecimento. REMHU – Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana. Ano XVI

- Número 31 - 2008

IANNI, O. Globalização e neoliberalismo. São Paulo em Perspectiva, v. 12, n.2, 1998.

IANNI, O. (2001). Teorias da globalização. 9ª ed. – Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 228p.

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/

Page 13: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

13

FARIA, M.R.F. (2015). Migrações internacionais no plano multilateral: reflexões para

a política externa brasileira. – Brasília: FUNAG, 306 p.

FREITAS, M. T. A. A abordagem sócio-histórica como orientadora da pesquisa

qualitativa. Cadernos de pesquisa, n. 116, p. 21-39, 2002.

KAHHALE, E.M.S.P.; ROSA, E.Z. A construção de um saber crítico em psicologia. In:

BOCK, A.M.B.; GONÇALVES, M.G.M. (Orgs). A dimensão subjetiva da realidade:

uma leitura sócio-histórica. São Paulo: Cortez, 2009, pp. 25-27.

MARTINE, G. Globalização inacabada: migrações internacionais e pobreza no século

XXI. São Paulo em perspectiva, São Paulo, v. 19, n. 3, p. 3-22, jul./set. 2005.

MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18 ed.

Petrópolis: Vozes, 2001, p. 52,53.

NETTO, J.P. (2011). Introdução ao estudo do método de Marx. São Paulo. Editora

Expressão Popular, 64p.

PASE, N. Entenda as diretrizes do Pacto Global de Migração; Brasil saiu do acordo. Poder

360. Disponível em: < https://www.poder360.com.br/internacional/entenda-as-diretrizes-

do-pacto-global-de-migracao-brasil-saiu-do-acordo/>. Acesso em: 30 jul. 2019.

ROSSINI, R. E. . A Migração como Expressão da Crescente Sujeição do Trabalho ao

Capital. In: V ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDO POPULACIONAIS. ABEP,

1986, Águas de São Pedro. ANAIS DO V ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDO

POPULACIONAIS. ABEP. AGUAS DE SAO PEDRO - SP, 1986. Disponível em:<

http://www.abep.org.br/publicacoes/index.php/anais/article/view/378/365 >. Acesso em:

29jul. 2018.

SAWAIA, B. B. (Org.). (1999). As artimanhas da exclusão: uma análise ético-

psicossocial da desigualdade. Petrópolis, RJ: Vozes.

SILVA, A.S. Fronteira Amazônica: passagem obrigatória para haitianos?. REMHU - Rev.

Interdiscip. Mobil. Hum., Brasília, Ano XXIII, n. 44, p. 119-134, jan./jun. 2015a.

SILVA, S.A.S. Inserção social produtiva dos haitianos em Manaus. In: PRADO, E.J.O.;

COELHO, R. Migrações e trabalho. Brasília: Ministério Público do Trabalho, 2015b.

VENDRAMINI, C. A categoria migração na perspectiva do materialismo histórico e

dialético. Revista Katálysis, v.21, n.2, 2018.

VÉRAN,J; NOAL, S.D.;FAINSTAT, T. Nem refugiados, nem migrantes: A chegada dos

haitianos à cidade de Tabatinga (Amazonas). DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio

de Janeiro, vol. 57, no 4, pp. 1007 a 1041, 2014

VESLACO, C; MANTOVANI, F. Em 10 anos, número de imigrantes aumenta 160%

no Brasil, diz PF. Jun. 2016. Disponível

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/

Page 14: GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR PARA OS FLUXOS ... · mídias e canais de comunicação tem contribuído para a massificação dessa questão social, o aumento no número

14

em:<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/06/em-10-anos-numero-de-imigrantes-

aumenta-160-no-brasil-diz-pf.html> Acesso em: jun. 2017

UNITED NATIONS HIGH COMISSIONER FOR REFUGEES (UNHCR). Operational

Portal: Refugees Situation. Venezuela Situation. Maio, 2018. 2018c. Disponível em:<

https://data2.unhcr.org/en/situations/vensit>, acesso em 27jul. 2019.

Anais do X

VI C

ongresso Internacional de Direitos H

umanos.

Disponível em

http://cidh.sites.ufms.br/m

ais-sobre-nos/anais/