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ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1199 GLOBALIZAÇÃO E CHOQUES CULTURAIS NO BAIRRO PATRIMÔNIO EM UBERLÂNDIA-MG João Guilherme Machado Barbosa [email protected] Graduação em Geografia Universidade Federal de Uberlândia Carlos Roberto Bernardes de Souza Júnior [email protected] Graduação em Geografia - Universidade Federal de Uberlândia Resumo Não cabe aqui jugar os méritos da globalização, contudo, partindo de uma análise da construção da paisagem em sua totalidade, em um viés fenomenológico, contatamos empiricamente o quanto os choques culturais afetam e afetaram a população do bairro Patrimônio. Em meio a sua relevância histórica e cultural o bairro, o sujeito e tudo que nele há se confrontam com as forças do capital local. Na busca por evidencias, os choques as constatações aqui aludidas vão da percepção da paisagem aos relatos do sujeito, que pertence ao lugar ainda que imaterialmente através dos sentimentos de pertencimento vinculados as festas tradicionais, que fazem parte da identidade do bairro. Abstract It is no our place to judge the merits of globalization, but, coming from an analysis of the totallity of the construction of the landscape, in a phenomenological bias, we noticed empirically how the cultural shocks affected and are affecting the population of Patrimônios Neighborhood. In the midst of its cultural and historical relevance, the neighborhood, subject and all there is inside is confronted with the forces of the local capital. Searching for evidences, the shocks of the constatations here alluded come from the perception of landscape to the depoiments of the subject, which belongs to the place, even if immaterially according to its feelings of belonging vinculated to the traditional festivities, which are a part of the neighborhoods identity. Palavras-Chaves: Bairro Patrimônio; Lugar; Globalização. Keywords: Patrimônios Neighborhood; Place; Globalization. Eixo 8: Geografia Urbana INTRODUÇÃO A globalização é uma força que está a reestruturar nossas vidas, ela começou com as grandes descobertas (consideramos desde a roda até a informática) e se intensificou com a popularização dos transportes rápidos e da telecomunicação. Estas

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GLOBALIZAÇÃO E CHOQUES CULTURAIS NO BAIRRO

PATRIMÔNIO EM UBERLÂNDIA-MG

João Guilherme Machado Barbosa [email protected]

Graduação em Geografia – Universidade Federal de Uberlândia

Carlos Roberto Bernardes de Souza Júnior [email protected]

Graduação em Geografia - Universidade Federal de Uberlândia

Resumo

Não cabe aqui jugar os méritos da globalização, contudo, partindo de uma análise da construção da paisagem em sua totalidade, em um viés fenomenológico, contatamos empiricamente o quanto os choques culturais afetam e afetaram a população do bairro Patrimônio. Em meio a sua relevância histórica e cultural o bairro, o sujeito e tudo que nele há se confrontam com as forças do capital local. Na busca por evidencias, os choques as constatações aqui aludidas vão da percepção da paisagem aos relatos do sujeito, que pertence ao lugar ainda que imaterialmente através dos sentimentos de pertencimento vinculados as festas tradicionais, que fazem parte da identidade do bairro.

Abstract

It is no our place to judge the merits of globalization, but, coming from an analysis of the totallity of the construction of the landscape, in a phenomenological bias, we noticed empirically how the cultural shocks affected and are affecting the population of Patrimônio’s Neighborhood. In the midst of it’s cultural and historical relevance, the neighborhood, subject and all there is inside is confronted with the forces of the local capital. Searching for evidences, the shocks of the constatations here alluded come from the perception of landscape to the depoiments of the subject, which belongs to the place, even if immaterially according to it’s feelings of belonging vinculated to the traditional festivities, which are a part of the neighborhood’s identity.

Palavras-Chaves: Bairro Patrimônio; Lugar; Globalização.

Keywords: Patrimônio’s Neighborhood; Place; Globalization.

Eixo 8: Geografia Urbana

INTRODUÇÃO

A globalização é uma força que está a reestruturar nossas vidas, ela começou

com as grandes descobertas (consideramos desde a roda até a informática) e se

intensificou com a popularização dos transportes rápidos e da telecomunicação. Estas

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novas tecnologias nos colocam em o que Castells (2005) vem a chamar de

“Sociedade em Redes”, a qual encontra formas plurais de se manifestar por todo o

mundo, mantendo apenas algumas características fundamentais que mantém sua

definição coesa. Muitos autores consideram a globalização como um fato de viés

puramente econômico, entretanto, pretendemos mostrar que ela é, assim como visto

em Giddens (2002), uma força econômica, social, política e cultural.

A globalização permitiu o encontro de várias culturas totalmente diferentes,

criando embates e transformações nas tradições dos diversos povos, ela levou ao

reaparecimento, metamorfose e até a gênese de varias identidades culturais no

mundo contemporâneo. Portanto, ela está muito mais perto de nós do que pensamos,

afetando, irremediavelmente, nossas vidas nos lugares, exigindo adaptações e

metamorfoses tanto dos lugares quanto dos sujeitos que os habitam.

Pretendemos mostrar a metamorfose de um lugar metafísico, a Escola de

Samba Tabajara, que se insere dentro de um lugar do materializado que é o bairro

Patrimônio da cidade de Uberlândia, o qual tem sofrido os efeitos da globalização

através da especulação imobiliária. Encaramos que este processo vem de uma força

inerente ao Estado e que é conduzida por mecanismos externos integrados ao

sistema, sendo uma questão econômica, política e social com desdobramentos

antropológicos. Para fazer esta análise decidimos partir dos sujeitos que habitam estes

lugares e tentamos ver o mundo pelos olhos da festa do Carnaval, nos possibilitando

identificar com mais clareza as identidades e os enraizamentos presentes nestes

sujeitos.

Consideramos que esta é uma temática essencial para os estudos geográficos,

principalmente no âmbito da Geografia Cultural, pois evidencia as metamorfoses dos

sujeitos e dos lugares em meio ao processo de globalização manifestado na

ampliação da força do capital que se reproduz na especulação imobiliária.

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Imagem 1: Bairro Patrimônio segundo a prefeitura de Uberlândia-MG.

Fonte: Software Cidade Digital oferecido na página da prefeitura através do link:

http://memorizador.com.br/cidadedigital/baixarCDUdi.php, acesso em 08/05/13.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ao longo deste, a categoria dos estudos geográficos que mais iremos abordar

e que encaramos como chave para o entendimento dos efeitos da globalização nos

sujeitos é o lugar, já que concebemos que o homem reage no lugar, a relação do

sujeito com o mundo se dá no lugar. O lugar é, assim, um ponto de fragilidade da

realidade, onde o sujeito possui maior controle sobre suas manifestações, podendo

desfrutar de uma espécie de liberdade.

Vemos tanto em Tuan (1983) como em Leite (1998) que o lugar é uma

construção derivada da experiência, que para entender um lugar você precisa vive-lo,

ou seja, o lugar está diretamente ligado a uma visão subjetiva da realidade e

acreditamos que ele não precisa necessariamente se manifestar diretamente no

espaço material, ele pode se manifestar de uma forma inteiramente metafísica, pois

esta é a parcela realmente importante. O lugar está na sensação de pertencimento de

seus habitantes, portanto os seus limites nem sempre são claros quando se faz uma

análise apenas daquilo que os nossos olhos abarcam, é imprescindível que se tente

ver o que está por trás do que se manifesta fisicamente no espaço, para tanto é

necessário que se parta dos sujeitos.

Seriam os sujeitos que fazem o lugar ou o lugar que faz os sujeitos? Ora,

infelizmente as coisas não são tão simples. Pensamos que tanto o sujeito quanto o

lugar afetam um ao outro de maneiras diferentes conforme a passagem do tempo,

algumas vezes o sujeito altera o lugar, algumas vezes o lugar transforma o sujeito, é

nessa dialética que podemos tentar entender melhor o lugar e o sujeito.

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É importante também verificar que um sujeito pode pertencer a uma miríade de

lugares, cada um se apresentando com diferentes graus de intimidade, cada lugar

possui sua “personalidade” e marca na vida dos sujeitos, dessa forma, é impossível

falar de lugar sem se referir aos sujeitos. O lugar está ligado com uma rede de

sentimentos que giram no seu entorno, é no lugar que o sujeito cria suas relações

afetivas e reproduz seus valores humanos, é nele que o gênero de vida aparece e que

a cultura se manifesta.

O lugar não está preso apenas ao que a visão abarca, fazem parte dos lugares

os cheiros, sons, sabores, sensações, conhecimentos, danças, sabedorias e rituais; a

tradição e a cultura encontram no lugar suas manifestações espaciais! Ao analisar um

lugar temos que tentar fugir das concepções de apenas “ver” o espaço, temos de fazer

esforços para “sentir” o lugar e desconstruí-lo, tentando sempre entender o que o

permeia e o que está por trás dele.

Assim, vemos que o lugar carrega uma complexidade própria, a qual somente

pode ser “sentida” e entendida em sua totalidade de dentro dele, ou seja, apenas

podemos pesquisar lugares a partir de um ponto de vista empírico, temos que ir até

ele e vivencia-lo junto aos seus sujeitos para buscar a compreensão de seus símbolos

e pertencimentos. Não se entende um lugar o observando de fora, precisamos realizar

uma incursão empírica ao ser para adentramos nesta categoria, pois ela se deriva da

experiência e, experiência, como bem sabemos, é algo que vem apenas com o tempo.

METODOLOGIA

Para a efetivação deste, realizamos uma extensa busca bibliográfica,

procurando textos que abordassem os temas: globalização, cultura, tradição, festa e

empiria, buscando neles um embasamento teórico e metodológico. Além disso, fomos

a campo várias vezes durante o ano de 2013 para coletar informações, gravar vídeos

e entrevistas com os sujeitos que fazem parte da Escola de Samba Tabajara, tentando

entender a ligação deles com os lugares.

Elaboramos, andando pelo bairro junto a membros da comunidade e

contrapondo com informações do Google Earth, um mapeamento das ruas do

Patrimônio que ainda continuam com o aspecto paisagístico tradicional do bairro,

tentamos ver onde os moradores consideram que o bairro se localiza, visando

perceber a alienação e a falta de senso por parte da prefeitura na divisão dos bairros

da cidade de Uberlândia. Para a elaboração deste, buscamos ao longo dos primeiros

capítulos fazer uma desconstrução dos termos e temas que iremos abordar para

depois reconstruí-los em conjunto com as nossas análises empíricas.

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No conjunto destas práticas metodológicas pretendemos fazer uma análise

empírica que busca ver a forma como a relação do sujeito com o mundo ocorre no

lugar Patrimônio em meio a globalização, usando o Carnaval da Escola de Samba

Tabajara como a base para esta elaboração, sempre dando voz aos sujeitos e

tentando os entender em toda sua complexidade e densidade, já que não podemos

ver a totalidade da realidade por outros olhos.

Fizemos o máximo possível para tentar ouvir os membros da comunidade e

capturar a sua história oral. Levando tudo isso em consideração, é necessário deixar

claro que não somos neutros em nossa análise, também somos sujeitos dentro da

pesquisa e, portanto, somos tendenciosos e, por mais que tentemos, não

conseguimos ver o mundo sem tomarmos como base nossos valores humanos e

culturais, pois os temos como referencial para todas as decisões, a simples escolha de

fazer este trabalho já erode qualquer possibilidade de neutralidade.

O CHOQUE NO/DO(S) LUGAR(ES)

Por mais que tentemos participar do lugar que pesquisamos, ainda estamos

longe de realmente compreende-lo em toda sua complexidade, pois estamos vendo

ele com os olhos de pesquisadores que também são sujeitos da pesquisa e tomamos

como referencial para a análise do lugar alheio o “nosso” lugar. O lugar é a referência

básica de todo o sujeito quanto ao espaço, é nele que tomamos o embasamento

necessário para entender os outros espaços, sendo o nosso lugar mais básico o lar,

como visto em Pocock (1981) é nele que começa e termina a vida, é a nossa

referencia primordial para a reprodução de nossos valores humanos.

Assim, compreendemos que não existe uma análise neutra de lugar,

independente do quanto tentássemos nunca conseguiríamos, então, o que tentamos

fazer é reconhecer que fazemos parte da pesquisa, que estamos a ver o lugar dos

sujeitos com base nos nossos lugares e fazemos esforços para dar voz aos sujeitos,

deixando que eles demonstrem o seu relacionamento com o lugar.

Na nossa pesquisa, ao perguntar “O que é o Patrimônio para você?”

recebemos respostas quase uniformes: “Isso aqui é minha vida, é você ter o prazer de

ter nascido no bairro, de maneira até hoje, é um prazer de estar nesse bairro, de

conviver nesse bairro com as pessoas, de ver isso, acho que é um prazer.” (Entrevista

coletada em campo no dia 25/01/2013) ou “É tudo para mim, esse aqui é o primeiro

bairro de Uberlândia [...]” (Entrevista coletada em campo no dia 25/01/2013),

mostrando a relação intima entre esses sujeitos e o bairro.

É importante lembrarmos que o lugar não é uma utopia, ele possui seus

problemas e suas alienações, por mais que o coloquemos como um ponto do espaço

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onde a realidade é mais frágil, seus habitantes ainda estão sujeitos a seus cotidianos

que muitas vezes podem se manifestar de uma forma quase totalitária, então o lugar,

muitas vezes, impõe verdades ao sujeito, fazendo-o viver com estas ideologias sem

refletir sobre a raiz delas. Algumas vezes passamos anos, ou até toda uma vida,

reproduzindo alienações e preconceitos do nosso lugar, portanto temos que estar em

um estado de reflexão constante para tentar fugir desta alienação imposta e, por mais

que tentemos, sempre teremos nossas alienações, elas fazem parte da condição

humana.

Nota-se também, principalmente através da obra de Tuan (1983), que é no

lugar que se dá a construção dos símbolos, os quais permeiam as relações sociais do

seu entorno e ajudam a transmitir a cultura para as gerações futuras, além de

colaborarem para a identidade de um determinado grupo. Dessa maneira, podemos

verificar que sem o lugar não existe a possibilidade dos sujeitos se reproduzirem social

e culturalmente, pois é nele que estas relações mais básicas se dão.

A nosso modo de ver, é no lugar que os sujeitos desenvolvem a segurança

necessária para encarar o mundo, é nele que cultivam suas resistências e suas

perspectivas sobre a existência e a realidade. No lugar os ritos se propagam e

permeiam a vida como um todo, essa é uma das razões que levam os sujeitos a terem

esse sentimento de identidade. Para vermos o quanto valorizamos um lugar é só

vislumbrarmos a possibilidade de ter que ir embora dele, no Patrimônio pudemos ver

isso inúmeras vezes, pois vários sujeitos estão sendo pressionados pela força do

capital e da especulação imobiliária a vender suas casas e abandonar o seu lugar.

Dessa forma, vemos que o lugar é um construto de cotidianos, ritos, tradições e

culturas em torno de um determinado ponto no espaço, suas fronteiras não são claras,

sendo delimitadas pelos sujeitos que se identificam com ele. O lugar, então, é

marcado pelo sentimento de identidade dos sujeitos que o habitam, sendo

essencialmente uma construção subjetiva que pode ou não se manifestar fisicamente

no espaço.

É inegável, nos dias de hoje, que vivemos em um mundo globalizado, no que

Castells (2005) considera como uma sociedade em rede que está a se difundir em

escala planetária, entretanto ainda não atinge todos os pontos do globo. Também é

importante lembrarmos que esse processo não é necessariamente bom ou ruim, nem

mesmo é uma “evolução”, mas que ele simplesmente está a ocorrer e tem suas

vantagens e desvantagens.

Partiremos então da descrição do dicionário Aurélio: “glo.ba.li.za.ção sf.

Processo de integração entre as economias e sociedades dos vários países,

especialmente no que se refere à produção de mercadorias e serviços, aos mercados

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financeiros, e à difusão de informações [PI.: -ções.]”(FERREIRA, p. 348, 2000), tendo

em vista esse conceito, podemos verificar que se encara, no geral, que a globalização

é um processo econômico com várias implicações na política, cultura e sociedade.

Não podemos fazer outra coisa se não discordar desta visão, acreditamos que a

globalização, assim como visto em Giddens (2002), é um processo tanto econômico

quanto político, cultural e social, formando uma rede complexa de processos

interdependentes.

Por mais que a economia seja uma das forças propulsoras hegemônicas, não

vemos como ela poderia ser a única, suas manifestações podem ser as mais claras,

mas é possível visualizar processos dessas outras raízes que também contribuem

para a expansão da globalização, como, por exemplo, no campo político, a criação da

Organização das Nações Unidas. Verificamos que essa associação de globalização

como um processo quase que puramente econômico é extremamente simplista e se

deve a uma confusão de globalização com sistema financeiro global, o qual promove a

internacionalização do capital.

Encaramos que este processo, assim como visto em Claval (1999), teve como

ponto de partida as grandes navegações e a descoberta dos novos continentes, ou

seja, com a colonização dos novos e novíssimos mundos, portanto verifica-se que na

globalização haveria uma tendência para a ocidentalização do mundo segundo os

costumes e tradições europeias. O processo se intensificou com o avanço das

técnicas dos meios de comunicação de massas, além da aceleração da velocidade de

transmissão das informações, o que possibilitou a criação de relações entre povos que

nunca se veriam.

Levando tudo isso em consideração, seria esperado que os povos se

homogeneizassem, porém, o que temos visto é exatamente o contrário, o processo de

globalização tem mostrado cada vez mais as heterogeneidades do mundo. Seria fácil

pensar que com a expansão da cultura ocidental por meio dos veículos de transmissão

em massa de informações, as identidades desapareceriam e a história tomaria um

rumo único, mas estaríamos a nos alienar, afinal, com a vinda de diferentes modos de

vida e tradições as identidades e nacionalismos tem apenas se fortalecido!

Como vimos tanto em Giddens (2002) quanto no Relatório do Desenvolvimento

Humano 2004 (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO,

2004), o que tem ocorrido é que, com a expansão das opções culturais e a gênese de

conflitos, as pessoas têm, cada vez mais, recorrido a suas identidades e

nacionalidades em busca de respostas. Além disso, no contato com outras culturas, os

povos têm sofrido diversas metamorfoses, algumas vezes ocorrem perdas, outras

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vezes ganhos e, em alguns casos, práticas culturais diversas desaparecem como um

todo.

Entretanto, também temos que fugir de uma visão simplista que coloca estes

pontos como extremamente vantajosos, as diferentes culturas que se encontram no

global, entram em conflitos e colocam os sujeitos em situações que não eram tão

comuns no passado. Em nossa incursão pelo Patrimônio, verificamos um confronto

entre os sujeitos do bairro e o capital que se manifesta na especulação imobiliária. A

globalização tem suas vantagens, mas também traz consigo, entre outras coisas, a

lógica do capital e tenta, por meio de totalitarismos, forçar esta lógica nos sujeitos,

muitas vezes destruindo os lugares para forçar esses sujeitos a aderirem-na, porém

estes sujeitos, por mais alienados que possam ser (assim como nós), apresentam

suas resistências e, apesar das vitórias do capital, conseguem manter um pouco das

suas outras lógicas, como, por exemplo, a lógica da festa, a qual conseguimos ver nos

foliões da Escola de Samba Tabajara.

É de se assustar que, mesmo nos dias atuais, existam alguns céticos que

preferem acreditar que a globalização não está a ocorrer, que é só um modismo que

irá passar, temos a crença de que essas pessoas não poderiam estar mais erradas, a

globalização não só está ocorrendo, como é um processo sem volta! Após estes

contatos com o mundo, os sujeitos não podem mais viver sem ele, ele é chamativo e

tentador, garante acesso a múltiplas informações e trás a possibilidade de

reinventarmo-nos.

A globalização faz com que os espaços se reinventem, ela altera a relação do

homem com o lugar, já que, como abordado anteriormente, é no lugar que o homem

entra em contato com o mundo. Doravante, esse processo nos afeta diariamente,

mudando aspectos cotidianos de nossas vidas, alterando rituais, costumes, crenças e

culturas, existem ganhos, mas também perdas, entretanto, é nessas metamorfoses

que nascem novas diferenças, que nosso mundo fica ainda mais heterogêneo. Mas

somos obrigados a levantar uma nova questão: seria esta heterogeneidade algo bom?

Teremos de ser sinceros com a resposta: nós realmente não sabemos.

O processo de globalização é claramente vantajoso para as instituições

financeiras globais e para o percentual mais rico da população mundial, mas seria ele

bom para os menos favorecidos? Pensamos que apesar da globalização impor vários

totalitarismos na vida desses sujeitos, ela também dá a eles as ferramentas

necessárias para mudar as suas perspectivas de vida e expandir seus horizontes,

como vimos em Claval (1999), a educação só tem se expandido nestes últimos anos,

temos projetos de alfabetização que permitem a sujeitos por todo o mundo o contato a

cultura escrita e a ciência.

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Entretanto, por mais que este contato destes sujeitos com a ciência tenha seus

benefícios, como a possibilidade deles participarem e entenderem o processo de

transformação técnica e informacional da sociedade, também somos obrigados a ver

outros aspectos que não conseguimos classificar como necessariamente bons ou

maus, como, por exemplo, o contato com a ciência os faz, muitas vezes, questionarem

os princípios que regem a suas tradições e começarem a duvidar de suas autoridades,

principalmente no caso de regimes claramente totalitários, tanto que, verificamos nos

últimos séculos, como visto em Giddens (2002), uma ascensão dos governos

democráticos. Assim, é importante que também nos questionemos sobre a validade

dos processos democráticos, será que eles realmente garantem voz para todos?

Pudemos verificar empiricamente que não, o bairro patrimônio, por exemplo, possui

uma classificação muito diferente da prefeitura do que no real, saímos a campo para

verificarmos as manifestações do bairro na paisagem e elaboramos três mapas para

explicar esta situação:

Imagem 2: Bairro Patrimônio segundo a prefeitura.

Fonte: Imagens do Google Earth, edições realizadas pelo grupo.

Imagem 3: Ruas do bairro Patrimônio que ainda mantém as características do bairro

segundo pesquisa empírica realizada no dia

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04/04/2013.

Fonte: Imagens do Google Earth, edições realizadas pelo grupo.

Imagem 4: Patrimônio segundo morador do Bairro Patrimônio.

Fonte: Imagens do Google Earth, edições realizadas pelo grupo e limites delimitados

por morador do bairro Patrimônio.

Na comparação destas três imagens, fica claro que as fronteiras do que é

Patrimônio para um sujeito do bairro, para a prefeitura e a forma como ela se

manifesta na paisagem são totalmente diferentes, ou seja, os órgãos públicos fazem

uma divisão que não dá voz aos sujeitos ou as formas como o bairro se manifesta no

espaço, não exercendo sua função de serem democráticos. Do mesmo modo, nos

pomos a indagar qual das divisões seria a mais adequada, seria aquela que parte

diretamente do que os sujeitos consideram, como vimos nos limites delimitados pelo

mestre bolinho? Seriam os limites vistos na paisagem? Ou a classificação inteiramente

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diferente da prefeitura? Esses são questionamentos para os quais não temos

respostas.

Outrossim, vemos que é impossível, nos dias de hoje, fugir do debate da

globalização e, por isso buscamos ver os efeitos dela no que nos é próximo, aliando a

teoria com a empiria. Desta forma, entendemos que a globalização tem se tornado um

tópico cada vez mais relevante nos estudos geográficos, afetando os sujeitos e

criando conflitos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É no lugar que os sujeitos entram em contato com o mundo, é nele que

poderemos entender e visualizar melhor os efeitos da globalização no que diz respeito

aos sujeitos. O lugar define a base das relações do sujeito com os agentes externos,

sejam estes humanos, culturais ou econômicos que vieram a entrar em contato por

meio das forças globalizantes, ou seja, ele delimita as bases do confronto do local e do

global.

Os processos da globalização chegam ao sujeito por meio do lugar, como

vimos nas nossas incursões em campo para o bairro Patrimônio, estas forças podem

chegar a este lugar por manifestações e “máscaras” diversas, no caso, a “fantasia”

utilizada pelo capital global para afetar o bairro foi à especulação imobiliária, por meio

dela os sujeitos estão, como visto em campo, expulsos do bairro onde cresceram e

formaram suas relações como comunidade.

Durante nossas entrevistas e tentativas de “sentir” o lugar em campo, pudemos

ver que a comunidade do bairro Patrimônio não vive mais no bairro, boa parte deles

hoje mora em áreas periféricas da cidade, onde não possuem enraizamentos, em

casas planejadas pelo governo, com uma arquitetura utilitarista em um bairro sem

história, sem cultura, sem vida. Estes sujeitos ainda tem no Patrimônio seu referencial

para a reprodução dos seus costumes e é na festa que conseguem voltar para o

bairro, possibilitando assim o seu reencontro com o lugar.

O bairro perdeu algumas de suas características ao longo dos anos, tudo

começou, como visto em entrevista no campo quando

o prefeito Virgilio Galassi fez essa avenida linda aí, de duas pista, [...] eles começô a interessá pelo bairro Patrimônio, ali naquela avenida eles querem transformar só em comércio, [...] , ainda teve uma vizinha minha que vendeu e achô que vendeu bem e vendeu barato o terreno dela ali por trezentos mil reais, agora ela tá teno que morá lá pro, foi bem pra longe, Jardim das Palmeiras 2 [...]. Vendeu e arrependeu e assim eles invem fazendo, compraram de uns parente meu, também na avenida, ofereceram duzentos mil, eles não aguentaram, entregô, agora vai ter que ir para bem longe, né? (Entrevista coletada em campo no dia 03/04/2013)

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Destarte, o sujeito nos mostra que além de os retirar do seu lugar, o capital tem

os enganado e os “forçado” a vender suas propriedades por muito menos do que elas

valem realmente, até porque, esta propriedade não possui um valor meramente

econômico, ela tem um valor integrado ao sujeito, conjunto ao seus sentimentos e

pertencimentos, além, é claro, de seu valor histórico e cultural. Não há dinheiro que

compre o pertencimento e a história dos sujeitos, entretanto é isto que temos visto no

bairro Patrimônio.

Existem grupos na cidade de Uberlândia que têm tentado ativamente, há anos,

tombar o bairro Patrimônio como uma comunidade quilombola, entretanto, as forças

do capital e as pressões efetuadas pelos grandes proprietários de terrenos em

Uberlândia, assim como as grandes empreiteiras são as que se impõem como

hegemônicas neste embate, os habitantes do bairro Patrimônio, por serem de uma

classe social menos favorecida, não são ouvidos. A proximidade com o centro e a

possibilidade de se erguer construções altas na região onde o bairro é hoje localizado,

faz com que este se torne extremamente atrativo, aumentando exponencialmente seu

valor econômico.

Além de tudo, a paisagem do patrimônio é de uma beleza cênica

surpreendente dentro do perímetro urbano, principalmente em pontos mais altos, onde

garante aos moradores uma bela visão do centro, outro fator que ajuda neste sentido é

a proximidade com o Praia Clube, o qual é voltado para as classes socialmente

favorecidas da sociedade, excluindo os moradores tradicionais do bairro.

Historicamente o clube tem afetado a população do Patrimônio, ele sempre se

encontrou no bairro, mas, por um longo período não aceitou sócios ou sequer

empregados negros, foram com as intervenções da Escola de Samba Tabajara que o

clube foi abrindo as portas para as “pessoas de cor”, por mais que o Praia Clube faça

pressões no bairro, o bairro também faz pressões nele, há uma relação dialética entre

estas forças opostas.

Ao andar pelo bairro, pudemos ver uma paisagem mista, com algumas casas

populares e prédios de classe média alta dividindo o espaço delimitado pela prefeitura

como Patrimônio. Como demonstrado no mapa 3, pudemos, desta forma, verificar que

a paisagem que marca o bairro não é mais homogênea e se divide em menos de um

quarto do total do espaço delimitado. Por mais pessimista que isto possa parecer,

tememos que o bairro venha a desaparecer no futuro, entretanto, ele ainda tem a

possibilidade de permanecer na memória da cidade, ou, pelo menos, dos sujeitos.

Vemos então, o contraste entre o novo e o antigo, entre os costumes e o

capital. Esta paisagem não só está lá, ela nos conta uma história de opressão, de

exclusão, de como os sujeitos que a habitavam foram ilhados em meio a um mar de

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prédios, suas casas passam a parecer até menores e mais desconfortáveis quando

postas assim tão perto de residências mais arrojadas. Os prédios encarnam a

simbologia da modernidade, trazendo para este bairro uma manifestação física dos

progressos técnico-científicos, subjugando as casas populares, fazendo-as serem

cada vez mais oprimidas pela grandeza encarnada nas construções de muitos

andares.

O mundo e o global se manifesta no bairro não só na especulação imobiliária,

que expulsa os sujeitos do seu lugar, mas também na própria construção de prédios,

pois eles trazem a tona para os moradores do bairro uma realidade completamente

alienígena aquela que eles viviam antes, trazendo junto ritmos de vida e velocidades

novas para o Bairro. No lugar podemos ver a forma como a opressão do global tem se

dado para estes sujeitos, os levando a crer, algumas vezes, que vender sua casa e

sair do bairro é a melhor opção.

Vemos então que, por trás dos prédios, se esconde um capital totalitário que

não dá opção de escolha para os sujeitos que já reproduzem os seus valores

humanos neste lugar há muito tempo, faltando com o respeito que eles merecem.

Este lugar tem força porque é dotado de história, de sujeitos e de identidades

que formam sua personalidade, no passado criaturas místicas compunham seu quadro

de habitantes.

“Dava onze hora endiente era muita coisa esquisita que aparecia [...] de vez em quando aparecia um boi, um boi branquim deitado no meio da estrada, eles iam passando e o boi pedia o fogo pra acendê o cigarro, “ô, me empresta o fogo pra eu acendê meu cigarro”, os cara largava até a bicicleta e saia correndo; o boi era branquim, diz que era imenso o boi de grande, com um cigarro na pata [...] tinha cara que até desmaiava de medo, de susto, medo, né? Era assombrado de mais! Lobisomem, né? Na época da quaresma quase ninguém saia á noite, aprecia coisas, né? E aparecia mesmo! Batia nos cachorros, subia e ninguém via.” (Entrevista coletada em campo no dia 03/04/2013).

Assim, vê-se que o lugar era outro, era um espaço onde o místico e o real se

misturavam na vida cotidiana, se confundindo e formando sua personalidade em torno

destes “causos”. As metamorfoses ocasionadas pela globalização fizeram com que o

local e o global se encontrassem de forma a criar novas relações, as quais antes não

eram possíveis. Entretanto trouxe também alterações que impediram e impedem a

reprodução destes modos de vida nos lugares.

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