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GLOBALIZAÇÃO, MIGRAÇÕES E MULTICULTURALIDADE

GLOBALIZATION, MIGRATION AND MULTICULTURALITY

Leila Maria Da' Juda Bijos

RESUMO

O Brasil apresenta uma história de movimentos democráticos, de partidos políticos tradicionais e organizações estatais que falharam na condução de um real desenvolvimento, especialmente no que concerne à proteção de grupos vulneráveis, como mulheres, crianças e idosos. Na verdade, há uma significante parcela da população brasileira vivendo com uma renda que não cobre suas necessidades básicas. Fazem parte desse grupo os afro-descendentes, os indígenas e os imigrantes, que não tiveram mobilidade política e social. As transformações do mundo do trabalho permeiam-se com o sonho da plena cidadania e a desilusão com o sistema estatal, que força os cidadãos a deslocarem-se para os grandes centros urbanos ou países do Norte em busca de sucesso. As tendências migratórias na América Latina e Caribe, nas últimas três décadas, mostram um fenômeno preocupante para a agenda hemisférica e global. PALAVRAS-CHAVES: PALAVRAS-CHAVE: POLÍTICAS PÚBLICAS. DISCRIMINAÇÃO. MIGRAÇÕES. DIREITOS HUMANOS.

ABSTRACT

Brazil presents a history of democratic movements, traditional political parties and state organization which failed off in establishing a process of real development, especially concerning the protection of vulnerable groups, such as women, children and elderly people. Besides that, up to now, there is a significant number of Brazilians living with an income which does not cover its basic necessities. As members of this group there are afro-descendants, indigenous people and immigrants, who were not benefitted with social and politically mobility. The transformations faced by the labour market show a mix up of dreams of full citizenship and the disillusion with the state system, which impels the people to migrate to urban centers or North developed countries aiming at being successful in life. The migratory trends in Latin America and the Caribbean in the last decades present a worrying phenomenon for the hemispheric global agenda.

Trabalho publicado nos Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em Brasília – DF nos dias 20, 21 e 22 de novembro de 2008.

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KEYWORDS: KEY-WORDS: PUBLIC POLICIES. DISCRIMINATION. MIGRATION. HUMAN RIGHTS.

INTRODUÇÃO

O final do século XVIII foi marcado pelo início do capitalismo que passou por três fases distintas: primeira revolução industrial, segunda revolução industrial e na década de setenta entrou no período denominado revolução tecnológica de informação. O capitalismo, pela passagem das três fases, caracteriza-se primordialmente por ser um sistema onde o domínio de uma minoria sobre a maioria é evidente, com vistas à produção, consumo e finalmente o lucro.

Na acepção de Polanyi a Revolução Industrial do século XVIII trouxe progresso dos instrumentos de produção, mas uma desarticulação catastrófica na vida das pessoas. Essa desarticulação seria emblemática da falha da ideologia liberal que, por sua vez, seria “processo de mudança não-dirigida, cujo ritmo é considerado muito apressado (e que) deveria ser contido, se possível para salvaguardar o bem-estar da comunidade.” [1] A análise de Polanyi busca esclarecer as alternativas enfrentadas por uma comunidade no paroxismo de um progresso econômico não regulado. Uma economia de mercado significa um sistema auto-regulável de mercados, que é capaz de organizar a totalidade da vida econômica sem qualquer ajuda ou interferência externa.

Na verdade, trata-se de uma economia dirigida pelos preços de mercado e nada além dos preços de mercado, cujo alvo é o lucro. O lucro no sistema capitalista, em sua última fase, é obtido pelo aumento da produtividade que provoca o incremento da produção, a diminuição dos preços e o aumento progressivo do desemprego seguido pela diminuição do salário, ou seja, o aumento da mais valia.

O capitalismo está diretamente ligado à destruição do meio ambiente provocando um caos ecológico de proporções que afetam diretamente a vida do planeta. Aliado a estes fatores, salienta-se o poderio da indústria armamentista que é o setor básico e fundamental do sistema responsável pela ampliação das fronteiras comerciais e imposição do espírito capitalista em regiões que se opõem à expansão da máquina de exploração. Na última fase do sistema capitalista observa-se a aplicabilidade do capital em ações que possuem os seus preços valorizados ou desvalorizados em decorrência das estratégicas de mercado especulativo desvinculando-se totalmente do meio produtivo, o que acarreta maior desemprego e diminuição dos salários, cujos únicos prejudicados, em princípio, são os assalariados. O capitalismo em si é uma bolha onde em seu interior existe um mundo virtual de trocas de informações visando maiores lucros aos seus usuários. Futuristicamente, se a bolha explodir o homem elaborado pelo sistema também desaparecerá, pois, todos os valores e crenças que possuímos foram inseridos em nossa consciência pelos meios de sustentação do sistema. Somos homens e mulheres elaborados pelo sistema preocupados com a produção e consumo, que são valores

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prioritários do capitalismo. Com o desaparecimento do sistema, desaparece também o cidadão construído pelo capitalismo.

Em oposição ao capitalismo apresenta-se o socialismo, como um sistema híbrido, que aceita o jogo dos grupos monopolistas e a manutenção da propriedade privada dos donos do capital. O sistema socialista obedece à burguesia nacionalista e procura acalmar os desempregados e marginalizados pelo capitalismo, com programas sociais paliativos que neutralizam o potencial dos desesperados ou famintos. O socialismo beneficia os burgueses nacionalistas e alimenta aos famintos com um pouco de benesses que não suprem completamente suas necessidades, mas os mantem pacificamente em seus lugares. A grande problemática do socialismo é a criação de um Estado autoritário, centralizado na nacionalização de empresas viáveis ao sistema e não preocupado em solucionar as causas reais da pobreza, sendo denominado atualmente de capitalismo de Estado.

Marx e Engels identificaram uma série de estágios históricos correspondentes ao desenvolvimento progressivo da produção material, partindo do comunismo primitivo, até chegar ao capitalismo, o qual seria suplantado pelo socialismo e, por fim, pelo comunismo avançado.[2]

Socialismo e capitalismo são dois sistemas inviáveis e antidemocráticos devido à sustentação de grupos minoritários e elevado índice de corrupção. O capitalismo é mantido pela burguesia internacionalista e o socialismo apoiado pelos sindicatos e burgueses nacionalistas.

No bojo dessa análise, insere-se “o conceito de política, entendida como forma de atividade ou práxis humana, que está estreitamente ligado ao conceito de poder. O poder foi definido tradicionalmente como “consistente nos meios para se obter alguma vantagem” [3] ou, de modo análogo, como “o conjunto dos meios que permitem conseguir os efeitos desejados.” [4] Sendo um desses meios o domínio sobre outros homens (além do domínio sobre a natureza), o poder é definido ora como uma relação entre dois sujeitos, na qual um impõe ao outro a própria vontade, determinando-se o seu, malgrado o comportamento: mas como o domínio sobre os homens não é geralmente fim em si mesmo, mas meio para se obter “alguma vantagem”, ou mais exatamente, “os efeitos desejados”, de modo não distinto do domínio sobre a natureza. [5]

“Poder é a capacidade ou a possibilidade de agir, de produzir efeitos (sobre indivíduos ou grupos humanos). Portanto, o poder não é um ser, mas uma relação. Mais, ainda, é um conjunto de relações, por meio das quais indivíduos ou grupos interferem na atividade de outros indivíduos ou grupos.” [6] Lebrun convida o leitor a desfazer-se de alguns preconceitos e abandonar algumas “evidências” acerca do conceito de poder na filosofia política.

Lebrun[7] ao analisar os EUA e a Rússia (ex-URSS), ressalta que “cada uma das duas Super-Potências dispõe de um arsenal nuclear capaz de exterminar todos os seres vivos: tem, assim, uma potência de destruição total”. Enfatiza, também, o poder dos bancos internacionais, especialmente o Fundo Monetário Internacional, que “quando vem em ajuda de um país em dificuldades, está em condições de ditar-lhe uma política econômica determinada: tem, portanto, a potência de limitar a soberania deste país. A

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potência é a capacidade de efetuar um desempenho determinado, ainda que o ator nunca passe ao ato. Essa análise já foi feita por Aristóteles, quando estabeleceu a clássica distinção entre a potência (dunamis) e o ato, ou melhor, o efetivo (ergon). Ou, mais exatamente, reencontramos um dos sentidos desta distinção.

A análise das sociedades modernas, do desenvolvimento do capitalismo comercial (ou mercantil), e da forma inicial do sistema capitalista promove a percepção de que a compreensão da realidade política pressupõe análises científicas. Apresentar os pressupostos teóricos fundamentais que nortearam o desenvolvimento do pensamento político, dentre eles os aspectos históricos relevantes: a passagem do feudalismo para o capitalismo, com o florescimento do comércio, o estabelecimento das grandes rotas comerciais, o predomínio do capital comercial e a emergência da burguesia é de extrema relevância no contexto atual. A denominação comercial se relaciona ao fato de existir preponderância do capital mercantil sobre a produção. A maior parte do lucro concentrava-se na mão dos comerciantes, intermediários entre o produtor e o consumidor.

Na acepção de Marx e Engels “[depois de sofrer a exploração do fabricante e de receber seu salário em dinheiro, o operário torna-se presa de outros membros da burguesia: o senhorio, o varejista, o penhorista etc.]”[8] Ademais das pressões sofridas pela exploração do fabricante, o cidadão se deparará com o poder do Estado.

Evidencia-se o poder do Estado, a coerção, em que se inserem os tribunais e as prisões, além do exército, que intervém diretamente como força repressiva de apoio em última instância para conter o proletariado em suas manifestações cívicas.[9] A história nos apresenta um contexto riquíssimo de revoluções e movimentos da sociedade civil, em que os revolucionários pagaram com seu sangue por sua oposição ao Estado. A lógica da revolução está embutida na própria lógica das contradições do sistema capitalista, conforme enfatizado por Karl Marx.[10]

Ludwig Feuerbach desenvolveu uma violenta crítica da sociedade capitalista a partir da interpretação do surgimento e desenvolvimento do capitalismo pela ótica do materialismo histórico e dialético (que teria “virado Hegel de cabeça para baixo”), localizando a causa da alienação humana nas relações econômicas exploradoras e acreditando que o conflito de classes era o sintoma e o instrumento de sua solução.

A desarticulação catastrófica ocorrida na época da Revolução Industrial obrigou os camponeses a deixarem o ambiente rural e marcharem em direção aos grandes centros, o que causou um inchaço nos centros urbanos. Essas conseqüências resultaram na desaparição dos pequenos proprietários rurais, dos artesãos independentes, com a imposição de prolongadas horas de trabalho, que tiveram um efeito traumático sobre milhões de seres humanos ao modificar radicalmente suas formas habituais de vida.[11]

Estas transformações, que possuíam um sabor de cataclismo, faziam-se mais visíveis nas cidades industriais, local para onde convergiam todas estas modificações e explodiam suas conseqüências. Cidades como Manchester, na Inglaterra passavam por um vertiginoso crescimento demográfico, sem possuir, no entanto, uma estrutura de moradias, de serviços sanitários, de saúde, capaz de acolher a população que se deslocava do campo.

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As conseqüências da rápida industrialização e urbanização levadas a cabo pelo sistema capitalista foram tão visíveis quanto trágicas: aumento assustador da prostituição, do suicídio, do alcoolismo, do infanticídio, da criminalidade, da violência, de surtos de epidemia de tifo e cólera que dizimaram parte da população.[12] É evidente que a situação de miséria também atingia o campo, principalmente os trabalhadores assalariados, mas o seu epicentro ficava, sem dúvida, nas cidades industriais.

A situação de exclusão na qual muitos indivíduos estavam inseridos contou como fator com força centrífuga, estimulando a mudança geográfica de milhares de pessoas.

Essa movimentação temporária ou permanente de pessoas pelas fronteiras, movimento natural do ser humano tomou maior forma com a globalização, conforme ressaltado por Held

“One form of globalization is more ubiquitous than any other – human migration. At its simplest, migration refers to the movement of people and their temporary or permanent geographical relocation.”[13]

Os cidadãos foram cientificando-se da imposição explícita do mundo social e econômico das potências da Europa do norte e, mais tarde, do modelo da sociedade norte-americana, diluindo-se o velho sonho do El Dorado, que alimentou a vontade dos primeiros colonizadores na América Latina.

As várias construções sobre a América, o Novo Mundo, mostram “o lugar da dificuldade, da pobreza e da miséria, onde sonhos se transformam em pesadelos.” [14]

O pesadelo do modelo liberal não extirpou o cancro do colonialismo, que continua presente em nossa época: somos explorados sem receber a devida paga e abandonamos os nossos ancestrais em busca de trabalho alhures.[15]

Para se compreender o fluxo de imigração latino-americana para os países do Norte, é necessário debruçar-se sobre o contexto econômico excludente contemporâneo.

2. POBREZA ENDÊMICA NA AMÉRICA LATINA: FLUXOS MIGRATÓRIOS

A partir da década de 1980 e ao longo da década de 1990, verificiou-se a intensificação dos fluxos de imigrantes latino-americanos que se locomoveram da República Dominicana, do Peru, do Equador, da Colômbia, da Bolívia e Brasil para os Estados Unidos, a Europa e a Ásia.

Essa força centrípeta impulsiona os cidadãos para a busca de melhores condições de vida e trabalho no exterior. A imigração nos revela um cenário de mudanças pós-coloniais contemporâneas, em que se evidencia a pobreza estrutural na América Latina e a ausência de mecanismos sociais para promover o crescimento econômico.

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As relações históricas e culturais que se estabeleceram no continente a partir da expansão econômica, iniciada com a colonização no século XVI, estão imersas no dependentismo, ausência de condições institucionais e sociais que propiciem as condições econômicas favoráveis para garantir uma política de desenvolvimento, e permitir um tipo de desenvolvimento que possa inserir a população mais vulnerável no mercado formal da economia.

Os pobres que chegam à zona urbana sofrem da dicotomia do “puxa e empurra” que são fatores condicionantes do processo migratório. O migrante, pelos fatores de pressão, demonstra um baixo nível de alfabetização, não possui os valores econômicos para competir em um novo mercado de trabalho, o que revela ser na verdade, um fator de condição determinante no processo de estratificação social. Estes quesitos estão associados, não só a uma insuficiência de renda, mas também de hábitos alimentares inadequados, devido aos fatores culturais e a falta de produtos ou serviços que deveriam ser oferecidos a nível macro, tais como água e sistemas de saneamento básico. Uma das hipóteses do fator migratório provém de laços afetivos, que contribuem para a formação de uma corrente cumulativa, por exemplo, familiares ou pessoas com laços de amizade, ou uma combinação entre antigos e potenciais migrantes. Estes funcionam como uma corrente que atrai novos contingentes com relatos orais de suas experiências exitosas nas grandes metrópoles. Dentre esses relatos, inserem-se as tentativas das mulheres de adesão ao setor formal ou informal da economia, mais especificamente em residências abastadas, como domésticas, babás, faxineiras, ou com alternativas individuais como sacoleiras, camelôs, e numa fase posterior através da abertura de um micronegócio.[16]

Infere-se que as condições de trabalho para os migrantes, principalmente mulheres, são inferiores as dos não-migrantes.

2.1 BRASIL: MIGRAÇÕES EM PERSPECTIVA HISTÓRICA

A migração interna no Brasil está relacionada aos desequilíbrios regionais, que como processo social, aliado a causas históricas tem provocado o êxodo das populações das áreas rurais para as zonas urbanas. Estudos empíricos têm demonstrado que a migração interna[17] no país ocorre em estágios, não só em termos de ambiente rural – pequena cidade, média cidade, metrópole – mas, também em termos de idas e vindas de migrantes em ocupações rurais ou urbanas.

No que se refere à análise específica de emprego e renda, o impacto da migração na estrutura do mercado de trabalho e na distribuição de renda nas regiões metropolitanas, deve ser prescindida das diferenças entre as características da população migrante e não-migrante, focalizando essas diferenças em relação à economia diferenciada de cada uma das áreas em particular. A migração altera a composição da força de trabalho, aumentando proporcionalmente o número de trabalhadores sem qualificação especializada, cujos padrões de consumo são mínimos, com reduzida expectativa de vida, para quem os aumentos e melhorias nos níveis salariais são inexistentes. Como resultado, não só os migrantes, mas a força de trabalho como um todo, sofrerá as conseqüências dos fluxos migratórios, que apresentam uma nova e inesperada demanda

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por trabalho, com uma mão-de-obra que aceita receber qualquer percentual como pagamento, em troca da possibilidade de sobrevivência.

Outras variáveis são usadas para resolver certos problemas que surgem com a divisão do mercado de trabalho por setor e pela renda auferida pelo grupo. Neste sentido, deve-se inferir nas diferenças salariais observadas entre homens e mulheres, distinguindo a força de trabalho por sexo, inserindo-se a idade, a escolaridade e as taxas de atividade, através da qualificação individual e de seu possível impacto na distribuição da renda.[18]

Os estudos qualitativos sobre emprego, renda e integração do migrante no ambiente urbano, oferecem um teste para as premissas dos modelos relacionados com a decisão de migrar. Por que os pobres migram para os centros urbanos? Todaro[19] aplica o conceito de “setor urbano tradicional” para definir a força de trabalho do migrante que apresenta qualificações inferiores, como característica do mercado de trabalho.[20] A teoria é válida a partir do momento em que contradiz a teoria do “homem marginal”, que interpreta o subemprego como um “setor separado da economia”.

A premissa do autor mostra que a decisão de migrar está fortemente relacionada com a possibilidade de obter emprego no meio urbano e, também nas diferenças verificadas entre a renda rural e a urbana, implicando em aspectos subjetivos, como o destino do migrante, muito mais do que o processo de migração em si.

As referências históricas nos mostram a evolução dos movimentos migratórios no território brasileiro, a partir da década de 1930, quando o Governo de São Paulo decidiu subsidiar o fluxo de trabalhadores estrangeiros, objetivando suprir uma carência na agricultura, com enfoque nas plantações de café. Devido à Grande Depressão no final da década de 20, este processo foi interrompido, devido à carência de recursos financeiros para subsidiar a demanda por imigrantes italianos e japoneses, preferindo alocá-los internamente.

4. GLOBALIZAÇÃO E MULTICULTURALISMO

Ao proceder-se com o exame das migrações e dos processos desenvolvimentistas, inúmeras pesquisas conduzem à emigração e levas de imigrantes oriundos de países em desenvolvimento que se dirigem a países desenvolvidos. Casos específicos narram a saga de cidadãos latino-americanos e caribenhos atraídos pelo sonho de sucesso nos Estados Unidos da América, na Europa e, nos mais remotos países asiáticos.

A questão da migração não deve ser vista como um problema a ser resolvido, mas como um fenômeno a ser entendido; e acima de tudo, uma questão política preocupante para uma comunidade de países desenvolvidos.[21]

No que se refere ao contexto econômico, a Bacia do Pacífico emergiu como uma das mais imponentes regiões, detentora de tecnologias inovadoras e competitivas, padrões educacionais e profissionais diferenciados. Liderados pelo Japão, as nações asiáticas

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acompanharam o vôo do ganso e procederam a reformas institucionais, que fizeram emergir os tigres asiáticos: Hong Kong, Cingapura, Coréia do Sul e Taiwan.[22] Nos últimos vinte e oito anos, a média de crescimento econômico da área em epígrafe praticamente dobrou, em relação ao resto do mundo, tendo o Japão como líder econômico.[23]

O que distingue o Japão das economias ocidentais desenvolvidas são variáveis específicas, como o caráter único de sua cultura, preservação de seus valores e tradições; aliadas aos fatores advindos das relações de mercado interno e externo e extra-mercado. É imprescindível analisar também o imaginário coletivo que poderia ser o objeto central deste estudo, de cunho mais antropológico, clarificando o processo de desenvolvimento do Japão e, respectivamente, de uma população homogênea, imbuída da disciplina dos samurais, do espírito de luta, de perseverança, obediência e harmonia. Dentre esses valores, ressaltam-se o coletivismo, o zelo ideológico, a vivacidade, e a qualidade dos processos de análise do planejamento e da tomada de decisões.[24]

4.1 Estudo de Caso: Japão

A liberalização da economia, na década de 80 abriu caminho à modernização para os setores de têxteis, aço, televisores, automóveis, máquinas, ferramentas e semicondutores, a partir da implantação de uma infra-estrutura industrial moderna e um contingente de recursos humanos predisposto a assimilar e a incorporar novas tecnologias. O resultado desse processo de desenvolvimento fez-se presente na acumulação de elevados e crescentes superávits comerciais, deixando para trás a tendência do déficit em transações correntes com o exterior.

Em virtude desse processo acelerado de crescimento, o Japão tornou-se o líder tecnológico na região, e veio a desfrutar de uma parcela substantiva do mercado global de exportação de produtos com alta tecnologia. Em face do dinamismo na produção de bens manufaturados do seu mercado interno, que passou a demandar mão-de-obra qualificada em larga escala, os Dekasseguis nipo-brasileiros foram, dessa forma, atraídos, bem como trabalhadores sem qualificação de outros países em desenvolvimento, para suprir a falta doméstica de mão-de-obra. A escassez de mão-de-obra, no início dos anos 80, compeliu às autoridades japonesas a aceitarem a entrada de trabalhadores estrangeiros sem qualificação no país, abrindo suas portas aos imigrantes, através da “Lei de Controle de Imigração e de Reconhecimento de Refugiados” (conhecida por Lei de Imigração). O objetivo específico era ter um controle eqüitativo das entradas e saídas no Japão, facilitando a aceitação de cidadãos estrangeiros e, também, extraditando aqueles de má índole.

Em junho de 1990 foi sancionada a emenda da Lei de Imigração, que beneficiou os descendentes de japoneses, com base no Tratado de Paz com o Japão (Lei N? 71 de 1991, sancionada como “Lei Especial de Controle de Imigração”, que permite entrada no país aos nikkeis (descendentes de japoneses) sem quaisquer restrições. A falta de mão-de-obra para suprir as indústrias japonesas foi equacionada através da chegada dos descendentes de japoneses com nacionalidade estrangeira, os nikkeis de segunda e

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terceira gerações, concedendo-os a qualificação de residência de “cônjuge de japoneses” ou “residentes fixos” acabando com os limites de trabalho no Japão. Além dessa ressalva, foi concedida a mesma qualificação de residência aos nikkeis (até a terceira geração) aos não descendentes de japoneses casados com nikkeis. Devido a estas mudanças, a partir de 1990, elevou-se consideravelmente o número de nikkeis e de seus familiares provindos de países da América Latina, incluindo o Brasil.

A nova Lei de Imigração mostrou-se vantajosa para os trabalhadores brasileiros que são desprovidos de qualquer qualificação profissional; na sua maioria Nikkeis, que decidiram tentar a sorte no Japão, com a possibilidade de obter várias entradas e re-entradas.

Os Dekasseguis, Nikkeis brasileiros, devido aos seus laços consangüíneos japoneses, possuem regalias especiais de entrada no Japão, assim como lhes é facilitada a oportunidade de trabalho legal no país, sem que sofram as mesmas penalidades jurídicas imputadas aos iranianos, aos chineses, aos coreanos e outros imigrantes.

Esse contingente de Dekasseguis brasileiros viu-se impelido a emigrar para o Oriente, no início da década de 1980, devido à impossibilidade de inserção no mercado formal da economia no Brasil. Nos anos 1990, o Presidente Fernando Collor de Mello assumiu o poder com um slogan moralista de caça aos marajás, congelando os preços básicos dos alimentos, de frutas e legumes, geralmente cultivados pelos agricultores japoneses. Além dos altos índices de desemprego, o Brasil estava sofrendo com o baixo crescimento econômico, altas taxas de inflação e a crise da dívida externa, o que compeliu os migrantes para fora do país, uma vez que eram incapazes de gerenciar seus processos intensivos na agricultura no turbilhão de uma crise governamental. Os agricultores japoneses perceberam que sua sobrevivência estava em risco, recusando-se a continuar investindo no país. Diante de fatos tão graves, os descendentes de japoneses decidiram por tentar a sorte na economia japonesa emergente, como bem referendada por Hosoe.[25] O resultado dessa maciça emigração evidenciou-se num total de 265.000 Dekasseguis brasileiros que tiveram que se adaptar à cultura e tradições japonesas, assimilar um novo idioma e as normas comportamentais quando de sua chegada ao Japão.

Dados estatísticos governamentais mostram que até 2005, um total de 1.686.444 estrangeiros se registrou no Japão, o que equivale a uma taxa de crescimento anual de 8.4%, em contraposição a 941.005 imigrantes (4.6%) em 1988, o que suscitou preocupações às autoridades japonesas.[26] A maioria desses trabalhadores estrangeiros origina-se de países asiáticos como China, Coréia, Bangladesh, Malásia, Irã, e outros. De certa maneira, sua aparência física e laços culturais propiciaram sua permanência no Japão, o que os conduziu a processos de aprendizagem para enfrentar as dificuldades, superar o isolamento, num processo conhecido como internacionalização interna, denominada de uchinary kokusaika. Aqueles que não conseguem vencer todas essas barreiras na sua adaptação social e na inserção dos filhos no sistema escolar japonês, vêem-se diante do ijime (maus tratos), do isolamento e da criminalidade, impelindo-os ao fundo do poço, tornando-se o maior problema político e social enfrentado pelas autoridades japonesas.[27] O conteúdo dos problemas trazidos pelos Nikkeis variava de uma fase inicial de assuntos hard e problemas relacionados à parte soft. Os dados fornecidos pela Associação de Nikkeis do Exterior eram relacionados a problemas com o empregador ou com colegas de trabalho passando gradativamente para problemas

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relacionados ao dia-a-dia como a educação dos filhos, relacionamento com as pessoas da comunidade local e de assistência social.[28]

Se procedermos a uma análise da diáspora, incluindo-se a recepção e as experiências vivenciadas por povos asiáticos que retornam às suas nações ancestrais depois de viverem durante anos longe de seus países de origem étnica durante gerações inteiras, podemos inferir que fugiram em decorrência de instabilidades políticas, altos índices inflacionários, baixos salários e ausência de oportunidades de inserção no mercado de trabalho.[29] Adicionalmente a estas questões negativas, os imigrantes são seduzidos pelo sucesso expressivo dos novos países industrializados asiáticos, tendo o Japão como líder, como um dos países mais prósperos da região, cujas taxas crescentes de oferta de emprego e absorção de mão-de-obra estrangeira tem sido ascendente, num processo de importação de mão-de-obra. A experiência bem sucedida do Japão pode ser convenientemente interpretada em contextos econômicos voltados para uma “grande escala de expansão da mão-de-obra de trabalhadores não qualificados no setor manufatureiro formal”, o que nos remete para o ambiente econômico e a teoria de Heckscher-Ohlin (H-O), que oferece uma simples e familiar ferramenta de variações modulares entre comércio e fatores de mercado, inclusive mercados de trabalho.[30]

Apresentar um perfil educacional e demográfico acurado dos brasileiros que se encontram no Japão não é uma tarefa fácil, especialmente porque eles se encontram em regiões diferentes, e os dados estatísticos de imigração fornecidos pelo Ministério da Justiça somente nos oferecem um perfil superficial desses trabalhadores.

A emigração dos descendentes de japoneses acentuou-se no início da década de 1980, com a partida para o Japão de camponeses sem terra, semi-analfabetos, despreparados para viver num país desenvolvido. Os jovens Dekasseguis eram detentores de grau universitário, que aceitaram trabalhos manuais nas fábricas, embora tivessem uma titulação em História, Direito, Artes, Ciências Sociais, dentre outras. Vinte e oito anos depois, os brasileiros que permaneceram no Japão estão inseridos em melhores categorias de empregos, como coordenadores educacionais, intérpretes, ou abriram seus próprios negócios, conforme análise etnográfica realizada pela autora no Japão, durante os meses de dezembro de 2007 a fevereiro de 2008.

Os 312.000 Dekasseguis contemporâneos estão espalhados em 47 províncias, destacando-se Aichi, Shizuoka, Gifu, Mie, Kanagawa, Saitama e Gunma com alta concentração de Nikkeis inseridos como operários em fábricas, cujo nível de compreensão da língua portuguesa é rudimentar, aliada a total ausência do idioma japonês. Essa nova leva de imigrantes é composta de trabalhadores com uma educação básica geral, sua situação financeira é instável, e esses constrangimentos provocam deslocamentos constantes de cidade e emprego, na tentativa de sobrevivência e ajustes ao meio urbano. Outros grupos estão espalhados, em menor número, nas províncias de Tochigi, Tokyo, Chiba, Ibaraki, Osaka, Shiga e Nagano, correspondendo a 15% do total de imigrantes no país.

No Japão, esses Nikkeis desconstroem sua identidade, uma vez que são descendentes de japoneses, imbuídos do comportamento descontraído brasileiro, pois absorveram a cultura e tradições latinas. Para ser aceito no Japão não basta ter aparência de japonês, é preciso tornar-se culturalmente japonês respeitando as regras locais, fundadas no espírito budista de ética e moral ilibadas. O Dekassegui sente-se diferente ou

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marginalizado pela sociedade receptora japonesa. Na verdade, a presença dos Nikkeijin no Japão criou uma minoria lingüística e cultural, um verdadeiro gueto, que vive à parte da sociedade local, fundada em uma cultura milenar homogênea. Os brasileiros são identificados como imigrantes estrangeiros, apesar de gozarem de privilégios diplomáticos por seus laços consangüíneos. A discriminação étnica-racial torna-se evidente a partir da própria palavra Dekassegui que significa migração forçada pela pobreza.

Não obstante, seduzidos pela estabilidade econômica japonesa, abundância de ofertas de emprego, esses operários não pretendem voltar ao Brasil. O Brasil permanece como o sonho de uma vida passada com muito sol, música e futebol, mas carente de estabilidade, segurança e transparência corporativa. À violência e criminalidade somam-se aos baixos salários nacionais, em contraposição a uma renda mensal equivalente a US$ 3, 500.00.

Em vez de optarem por uma estadia de curto prazo, esses Dekasseguis decidiram fixar residência no Japão por dez anos ou mais, em cidades centrais como Tóquio, Nagoya, Osaka, Kyoto, onde estão localizadas as principais províncias da região: Aichi, Chiba, Gifu, Gunma, Ibaraki, Kanagawa, Mie, Nagano, Saitama, Shiga, Shizuoka, Tochigi, contratados como operários em fábricas como Honda, Subaru, Suzuki, e Toyota, nas montadoras, fornecedoras de peças, empresas de bento, onde vivem com suas famílias, matriculam seus filhos na rede de ensino local e; tentam adaptar-se à vida social e cultural do Japão.

CONCLUSÕES: DIREITO E ÉTICA

As ofertas de trabalho são, na sua maioria, sazonais e os imigrantes mudam de uma para outra região com muita rapidez. Atualmente o número de brasileiros no Japão alcança a cifra de 312.979, de pessoas legalmente registradas, o que corresponde a mais de 15% do total geral de imigrantes no país.[31] Na cidade de Tóquio, por exemplo, há poucas ofertas de trabalho, além da região ser considerada a mais cara do país, denotando-se uma queda no número de estrangeiros.

Os Nikkeis enfrentam incontáveis dificuldades na sua adaptação, carecem de habilidades profissionais específicas, conduzindo-os ao isolamento e criminalidade, levando-os a uma condição de subalternidade.

Seduzidos pela estabilidade econômica japonesa, abundância de ofertas de emprego, esses operários não pretendem voltar ao Brasil, pois muitos vivem há mais de dez anos no país. O Brasil permanece como o sonho de uma vida passada, e a possibilidade de retorno “ao lar” resulta no fato de que o imigrante identifica-se e também é identificado pelos japoneses como um migrante estrangeiro, um brasileiro que é natural de um lugar (pelo menos na sua imaginação), uma terra natal chamada Brasil.

Ser taxado de Dekassegui significa trabalhar fora de casa, um pobre coitado que não conseguiu vencer na vida no seu país de origem, migração forçada pela pobreza.

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No início da década de 1990 quando os primeiros grupos de Nikkeis partiram para o Japão eles se sentiam envergonhados por estarem interessados somente em economizar parte de seus ganhos e voltar para o Brasil para comprarem um pedaço de terra, casas, e abrirem seus próprios negócios. Alguns adolescentes também foram enviados ao Japão por pais temerosos de que não adquirissem o espírito ético e profissional japonês, muitos eram considerados rebeldes, desobedientes, péssimos alunos e irresponsáveis. Seus pais realmente acreditavam que a vivência no Japão os transformaria em adultos responsáveis e tenazes trabalhadores.

Os nipo-brasileiros são considerados como os “outros” pelos vizinhos e colegas de trabalho, o que pode ser analisado a partir de três características distintas: psicológica, posicional e transnacional, uma vez que eles se consideram como ‘japoneses’.[32] No entanto, esses Nikkeis não se sentem tão estrangeiros como os iranianos, chineses, filipinos, coreanos ou malaios, mas são estigmatizados como pobres, classe baixa oriunda do terceiro mundo, sofrendo um processo de discriminação e exclusão.[33] Esta contingência, no entanto, provoca desequilíbrios identitários, pelo seu desajustamento social, com efeitos no estado de saúde, tanto do foro físico como psíquico.

Conseguir um trabalho em uma fábrica no Japão significa fazer parte de uma equipe numerosa, que trabalha intensamente por longas horas, e ainda faz hora-extra nos finais de semanais, recebendo bônus por produtividade, o que permite ao operário cobrir suas despesas pessoais com aluguel, seguro social, escola para os filhos e alimentação, além de economizar para o futuro.

O que a maioria dos Dekasseguis não sabe quando chega ao Japão pela primeira vez é que a jornada de trabalho é árdua, as condições de vida são difíceis, e eles terão que enfrentar longas distâncias no seu percurso para o trabalho.

O significado do fenômeno Dekassegui na sociedade japonesa adentra relações bilaterais difíceis e cautelosas e apontam para o desenvolvimento de novos parâmetros diplomáticos, no contexto de um relacionamento sólido que completa cem anos de duração, desde que o Navio Kasato Maru aportou no Brasil trazendo a bordo 165 famílias japonesas em 18 de junho de 1908. Na verdade, são cinco gerações de Nikkeis, imigrantes e seus descendentes, que hoje vivem no país, o que retrata fielmente sua tenacidade, dedicação ao trabalho e respeito aos padrões éticos.

Contudo, apesar de trabalhar no Japão significar uma boa oportunidade de auferir ganhos maiores do que no Brasil, de economizar, mesmo executando funções duras, sujas e rotineiras, e de ser olhado com desdém pelos nativos, para ser aceito na sociedade japonesa é preciso tornar-se essencialmente japonês, tanto do ponto de vista cultural como socioeconômico.

A jornada diária de trabalho que se apresenta no Japão mostra cada membro da família tentando sobreviver em condições adversas, buscando o desempenho profissional com eficiência e efetividade, economizando todos os trocados recebidos, contando dias, semanas e meses, fazendo marcas nos calendários, fixando datas para voltar, mas o tempo passa, as ilusões fogem por entre os dedos, e as crianças sofrem pois permanecem fora da sala de aula.

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Além das múltiplas facetas de inserção numa sociedade homogênea como a japonesa, é importante enfatizar a questão jurídica dos imigrantes, que formam uma comunidade à parte no país. Os japoneses nativos sentem-se incomodados com esses ‘compatriotas’, que fortaleceram sua rede de parentes e amigos, e que não param de convidá-los para se unirem a eles no Oriente. Os descendentes de japoneses (issei, nissei), até a terceira geração (sansei), e seus respectivos descendentes e esposas foram outorgados com um visto de entrada especial no país, devido aos seus antecedentes históricos e familiares, e reduzidas barreiras lingüísticas.[34]

A maioria dos migrantes passa por muitas dificuldades na sua reinserção no mercado de trabalho brasileiro. O Dekassegui nada mais é do que um operário braçal, temporário, ávido pelo lucro fácil. Trabalhar no Japão significa não ter tempo para uma reciclagem profissional ou educacional, os migrantes voltam inseguros, amedrontados pela incerteza de perder todo o dinheiro que economizaram uma vida inteira; além da insegurança no que tange às técnicas adotadas para a abertura, gerenciamento e maturação de um negócio. Esses imigrantes vivem em permanente luta com a realidade da prevalência da estigmatização, na reinserção do tecido social da sociedade de acolhimento.

Para que perspectivas futuras se delineiem na vida dos Nikkeis é necessário que os obstáculos jurídicos sejam dirimidos, permitindo sua inclusão em processos políticos, com direito a voto, participação em conselhos municipais e mobilidade social. As instituições japonesas precisam transformar as diferenças existentes em vantagens qualitativas, tornando-se mais receptivas, permitindo que se insiram em processos governamentais, o que contribuirá para uma melhor assimilação da cultura e das tradições orientais.

Os brasileiros que vivem hoje em cidades como Tóquio, Nagoya, Hamamatsu, Oizumi, Ota, e Mitsukaido, precisam cruzar as rígidas barreiras impostas pela sociedade japonesas para que se sintam integralmente aceitos.

Os fluxos migratórios não se estancam de uma hora para outra, a não ser que os países em desenvolvimento revertam suas desvantagens comparativas em relação aos países desenvolvidos, investindo em políticas de educação e capacitação profissional, distribuindo renda e garantindo parâmetros de segurança e bem-estar.

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[1] POLANYI, Karl. A Grande Transformação, 3ª Edição, São Paulo: Editora Campus, 2000, p. 51.

[2] MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista (trad. Álvaro Pina), 1ª edição, Boitempo Editora, São Paulo: 1998.

[3] HOBBES, Thomas. Leviatã, Cap. X, in: Os Pensadores, São Paulo: Abril Cultural, 1988.

[4] RUSSELL, Bertrand. Power: A New Social Analysis, Cambridge: Harvard University Press, 2001.

[5] BOBBIO, Norberto. Teoria Geral da Política: a Filosofia Política e as Lições dos Clássicos (org por Michelangelo Bovero), São Paulo: Editora Campus, 2002, p. 160.

[6] ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia, Ed. Moderna: 2001, p. 151.

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[7] LEBRUN, Gérard. O que é Poder? São Paulo: Editora Brasiliense, n1 24, 140 Edição, 1999, p. 10.

[8] MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista, op. cit., p. 47.

[9] MARX, Karl e ENGELS, Friedrich ressaltam que “[No começo, empenham-se na luta operários isolados, mais tarde, operários de uma mesma fábrica.. ], op. cit., p. 47.

[10] “A burguesia não pode existir sem transformar constantemente os instrumentos de produção, portanto o conjunto das condições sociais. Ao contrário, a primeira condição de existência de todas as classes industriais anteriores era a de conservar inalterado o antigo modo de produção... No curso do seu domínio da classe, que ainda não tem um século, a burguesia criou forças produtivas mais maciças e mais colossais do que as que haviam sido criadas por todas as gerações do passado, em conjunto.” MARX, Karl. Manifesto Comunista, in Oeuvres, tomo I, p.164-167.

[11] “O crescente emprego de máquinas e a divisão do trabalho despojavam a atividade do operário de seu caráter autônomo, tirando-lhe todo o atrativo...” in: MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista, op. cit., p. 46.

[12] DURKHEM, Émile. A Divisão do Trabalho Social, Vol. II, 3ª Edição, Lisboa: Editorial Presença, 1991, p. 146.

[13] HELD, David; McGREW, Anthony; GOLBLATT, David; PERATON, Jonathan. Global Transformations. Politics Economics and Culture, Stanford, USA: Stanford University Press, 2002, p. 283.

[14] CANCELLI, Elizabeth, A América do desejo: pesadelo, exotismo e sonho (mimeo), Universidade de Brasília, 2001, p. 1.

[15] BIJOS, Leila. A Tempestade ou o Pesadelo da Globalização, Texto para Discussão, N° 2, Brasília: Universa Editora, Outubro de 2001, p. 8.

[16] BIJOS, Leila. Mulher e Desenvolvimento: O Programa de Microcrédito Regional para as Mulheres no Setor Informal Urbano: 1980 – 2002 – Um Estudo de Caso: Brasil – Bolívia, (tese de doutorado), Brasília: Universidade de Brasília, 2005.

[17] Castro apresenta os diversos conceitos de migrante como: habitante não nativo (por ex., que não nasceu lá) na municipalidade, na qual ele está residindo por menos de dez anos; não-migrante: habitantes nascidos na municipalidade, na qual eles estão residindo, e aqueles que não estavam no município, mas que residiram na municipalidade por mais de dez anos (isto é, um velho “migrante”); velho ou antigo “migrante”: habitantes não nativos, que se encontram residindo na municipalidade por mais de dez anos; nativo: habitantes nascidos na municipalidade na qual eles estão residindo, não-nativo: habitantes que não nasceram na municipalidade na qual eles estão

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residindo, ver: CASTRO et al., Migration in Brazil: Approaches to Analysis and Policy Design, 1978, p. 2-3.

[18] CASTRO et al., Migration in Brazil: Approaches to Analysis and Policy Design, op. cit., p. 3.

[19] TODARO citado por Mary Castro, ibid., p. 3.

[20] TODARO, Michael. A Model of Migration and Urban Employment in Less Developed Countries, in: American Economic Review, Vol. 1, Nº 59, p. 138-145.

[21] PASTOR, Robert A. Migration and Development in the Caribbean: the unexplored connection, Westview Special Studies on Latin American and the Caribbean, Westview Press, Inc., Boulder, Colorado, 1985, p. 3.

[22] A denominação de “tigre” é dada em referência à agressividade das economias desses países, que na década de 60 eram relativamente pobres e possuíam certos indicadores sociais semelhantes aos de países africanos. A partir da década de 80, o perfil econômico desses países começou a mudar significativamente; desta forma, passaram a apresentar grandes taxas de crescimento e uma rápida industrialização.

[23] LEE, Hiro and Roland-Holst, David. CGE Modeling of Trade and Employment in the Pacific Rim Countries, in: Taylor (ed.), Developing Strategy, Employment and Migration, OECD, Paris, 1996, p. 133.

[24] BIJOS, Leila. Cooperação Técnica Internacional em sua Nova Dimensão Triangular: Brasil-Japão-Países em Desenvolvimento, (dissertação de Mestrado), Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais, Departamento de Ciência Política, Universidade de Brasília, Brasília: 1994, p. 16.

[25] HOSOE, Y?ko. Japanese-Brazilian Seen at First Hand: Ethnographic Studies of a New Minority in Japan, Social Science Japan Journal 6(2), Tokyo, Japan, 2003, p. 255.

[26] Japanese Ministry of Justice, Statistical Data, 2005.

[27] YUKA, Ishii. Beyond the Illusion of Homogeneity: Inward-looking ‘Japanese’ in the Age of Globalization, Social Science Japan Journal, Vol. 8, No. 2, 2005, p. 267-271.

[28] TAJIMA, Hisatoshi. Relatório de Pesquisa da realidade dos trabalhadores Nikkeis no Japão, JICA, 1992, e 1993. Ver especificamente: Capítulo 3 “A Reconstrução da Vida Cotidiana dos Nikkeis Brasileiros no Japão”, in: TAJIMA, Hisatoshi. A Sociedade Japonesa e os Nikkeis Brasileiros Residentes no Japão, in: Nikkeis Brasileiros e a Sociedade Japonesa, Um Experimento de Convivência Multicultural, Relatório Final do Simpósio, Ministério das Relações Exteriores do Japão e Centro de Estudos Luso-Brasileiros, Universidade de Sofia, Fevereiro de 2001, p. 98-106. Informações adicionais podem ser encontradas em: TAJIMA, H. Socio-Cultural Differentiation in the Formation of Ethnic Identity and Integration into Japanese Society: The Case of Okinawan and Nikkei Brazilian Immigrants, in: Regionalism and Immigration in the

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Context of European Integration, JCAS Symposium Series 8, The Japan Center for Area Studies (JCAS), National Museum of Ethnology, Osaka, Japan, 1999, p. 187-197.

[29] PASTOR, Robert A. Migration and Development in the Caribbean: the unexplored connection, op. cit..

[30] WOOD, Adrian. Trade and Employment Creation: Possibilities and Limitations, in: J. Edward Taylor (editor) Development Strategy, Employment and Migration-Insights from Models, Organisation for Economic Co-Operation and Development (OECD), Paris, France, 1996, p. 149.

[31] Funcionários administrativos das prefeituras, com maior índice de concentração de Nikkeis, reclamam que os brasileiros trocam de endereço com muita freqüência e não informam às autoridades, eles só procuram os escritórios representativos quando precisam renovar seu visto.

[32] TSUDA, Takeyuki (Gaku) Tsuda. Acting Brazilian in Japan: Ethnic Resistance among Return Migrants, Ethnologhy, Vol. 39, N? 1, (Winter, 2000), pp. 55-71, disponível para acesso na internet no site http://www.jstor.org, acesso no dia 21 de dezembro de 2007, às 14:15.

[33] YUKA, Ishii. Beyond the Illusion of Homogeneity: Inward-looking ‘Japanese’ in the Age of Globalization, Social Science Japan Journal, Vol. 8, No. 2, 2005, p. 269.

[34] Em 1985, o Plaza Agreement propiciou o fortalecimento do iene e a economia japonesa começou a atrair um grande número de trabalhadores manuais de outros países, conforme análise de Y?ko Hosoe, Japanese-Brazilians Seen at First Hand: Ethnographic Studies of a New Minority in Japan, Social Science Japan Journal, Vol. 6, No. 2, pp 255-260, 2003, http://ssjj.oxfordjournals.org/cgi/reprint/6/2/255, acesso no dia 26 de dezember de 2007, 12:50.