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O estudo do gênero textual artigo de opinião:

argumentar – ação inevitável nos dias de hoje

GISLENE APARECIDA RUIZ MARQUES

MARINGÁ

2011

PARANÁGOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEEDSUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUEDDIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAI-DPPEPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

PROFESSOR PDE: Gislene Aparecida Ruiz Marques

DISCIPLINA PDE: Língua Portuguesa

NRE: Cianorte

PROFESSOR ORIENTADOR IES: Evandro Catelão

IES VINCULADA: Universidade Estadual de Maringá (UEM)

ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Itacelina Bittencourt – E.F.M.

PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO: Alunos do 2º ano do Ensino Médio

TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE:

Gênero textual artigo de opinião na perspectiva interacionista sócio discursiva

TÍTULO:

O estudo do gênero textual artigo de opinião: argumentar – ação inevitável nos dias de

hoje

1.INTRODUÇÃO

Um dos grandes desafios da educação atualmente é desenvolver no educando leitura e

escrita competentes, uma vez que as mesmas é a base para a construção do saber. E é na

escola que o aluno encontra condições para participar de diferentes práticas sociais, que

utilizem a leitura, a escrita, a oralidade, com o objetivo de inseri-los nas mais variadas esferas

de interação.

O ensino da Língua, pautado nos gêneros discursivos, considera a linguagem como

fenômeno social. Daí a necessidade de se desenvolver um trabalho que possibilite ao nosso

aluno acesso a uma diversidade de gêneros e à compreensão dos mesmos, já que o uso da

língua é específico em cada campo de atuação humana e cada esfera exige uma forma de atuar

com a linguagem. Cada esfera social (escolar, familiar, científica, jornalística, literária,

jurídica, religiosa, entre outras) utiliza um discurso com características sócio-comunicativas

próprias. O estudo da diversidade dos gêneros nas diferentes esferas da atividade humana é de

suma importância na escola. A ação pedagógica deve estar centrada no uso real da língua, de

2

forma concreta, contextualizada, criando momentos em que o aluno experiencie

discursivamente o uso de determinado gênero. Essas situações de uso da língua devem ser

trazidas para o interior da escola na forma original como são reproduzidas: nos jornais, nas

revistas e nos mais variados meios de circulação social. O contato real com múltiplos textos

que circulem socialmente deve estimular atitudes responsivas diante dos acontecimentos em

seu meio social. Oportunizar ao educando uma melhor participação nos relacionamentos

humanos é o principal objetivo do estudo dos gêneros discursivos. Portanto, com essa

preocupação, o presente projeto direcionará suas ações ao gênero discursivo “artigo de

opinião”, com as primeiras turmas do Ensino Médio, pois aprender esse gênero textual

favorece o desenvolvimento da prática de argumentar, ajuda a formar opiniões sobre questões

relevantes e a pensar em como resolvê-las. Para isso, o instrumento pedagógico escolhido

para a implementação do conteúdo em sala será a Sequência Didática. Segundo Dolz,

Noverraz e Schnewly (2004, p.97) a sequência didática pode ser concebida como um

“conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero

textual oral ou escrito.” As atividades são ligadas entre si, planejadas para ensinar um

conteúdo etapa por etapa. Essa sequência de atividades permite que os alunos cheguem

gradualmente ao domínio de determinado conteúdo ou competência. Ao organizar a sequência

didática para o ensino de gêneros textuais (orais ou escritos), o professor planeja seu trabalho

para orientar seus alunos a ler, escrever e escutar ativamente, a explorar diversos exemplares

do gênero escolhido. Este tipo de trabalho supõe um rico processo de interação em aula, cria

um campo que favorece a apropriação, por parte dos alunos, de um dos instrumentos culturais

elaborados historicamente pelo homem- os gêneros textuais.

Os gêneros são construções sociais históricas; são maleáveis, dinâmicos, transformam-

se e se adaptam às necessidades e atividades sociais e culturais. Cada gênero tem seu campo

predominante de existência, onde é insubstituível, não suprimindo aqueles já existentes. Cada

novo gênero aumenta e influencia os gêneros de determinada esfera e o seu desaparecimento

se dá pela ausência das condições sociocomunicativas que o engendraram (RODRIGUES,

2005).

Os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida

cultural e social. Fruto do trabalho coletivo, eles contribuem para ordenar e estabilizar as

atividades comunicativas do dia-a-dia. São entidades sócio discursivas e formas de ação social

incontornáveis em qualquer situação comunicativa. Surgem emparelhados a necessidades e

atividades sócio culturais, bem como na relação com inovações tecnológicas, o que é

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facilmente perceptível ao se considerar a quantidade de gêneros textuais hoje existentes em

relação a sociedade anteriores.

Então chegamos a mesma conclusão de Marcuschi (2005) quando diz:

“é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto e que a comunicação verbal só é possível por algum gênero textual”.

2. DESENVOLVIMENTO

A sequência didática apresenta o seguinte passo a passo para o ensino do gênero:

PASSO 1 -

APRESENTAÇÃO DO PROJETO

O professor iniciará a sequência didática apresentando o gênero a ser estudado,

ressaltando a importância de ler e produzir textos deste gênero. Para que o aluno tenha melhor

compreensão a respeito desse gênero e sua função específica, é preciso que ele tenha contato

com os textos no veículo portador do gênero, que pode ser o jornal ou a revista, por exemplo.

É importante levar para a sala de aula os veículos de circulação originais. Com a leitura dos

gêneros nos originais, os alunos podem ir se identificando com os aspectos discursivos do

gênero, entender melhor sua organização textual e gradualmente perceber o caráter histórico e

social de que constitui a função do gênero. Para isso, nessa atividade, serão levados pelo

professor da sala, jornais e revistas que circulam na região, para que os alunos se familiarizem

com os mesmos e percebam as diferenças entre as seções existentes nestes materiais por meio

de discussões feitas entre alunos e professor.

PASSO 2 –

DIAGNÓSTICO INICIAL

O diagnóstico inicial tem por objetivo verificar o que a turma já sabe do gênero

que será estudado. Primeiramente o professor perguntará aos alunos se conhecem um “artigo

de opinião” e respondam a seguinte pergunta: “O que é um artigo de opinião para você?”.

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Depois o professor recolhe as respostas e reserve-as para discuti-las na última etapa deste

material. Em seguida, será realizada a leitura de um artigo de opinião levado pela professora,

”Criança sofre”, escrito por Régio Adriano Alves Freire1, cuja finalidade é a aplicação de uma

avaliação diagnóstica aos alunos do 2º ano do ensino Médio. Este texto é um artigo retirado

do material da Olimpíada de Língua Portuguesa que fala sobre o trabalho infantil.

CRIANÇA SOFRE

O mundo não é tão competente como deveria ser, pois desde pequeno eu e alguns

colegas meus dávamos um duro danado nas cerâmicas da minha cidade.

O barro molhado exposto ao sol quente da região causava um grande mal-estar, mas

assim mesmo tínhamos que sair cedinho e voltar ao meio-dia, só depois íamos à escola.

*Agora é hora de verificar o que os alunos realmente já conhecem a respeito desse

gênero. Tal avaliação consiste em algumas perguntas pertinentes ao texto e ao gênero:

1. Num artigo de opinião, o autor...

a. Toma posição sobre uma questão polêmica.

b.Enumera problemas da comunidade

c. Relata experiências do dia a dia.

d. Divulga um fato.

2. Para convencer o leitor de seu ponto de vista, o autor deve trazer para o texto

a opinião dos adversários. Em “Criança sofre” há discussão entre opiniões contrárias?

a. Sim, aparece quando o autor denuncia um sério problema e reforça essa posição

com bons argumentos.Sim, no trecho “Criança tem que brincar, estudar e esperar chegar à

fase adulta para trabalhar.”

b. Há, mas deve ser ampliada por meio de pesquisas, entrevistas, porque no texto

foram apenas citadas”Hoje existe o Programa Bolsa Escola, Peti e outros, que dão

oportunidades de estudar sem trabalhar”, sem trazer as opiniões dos que são a favor dos

programas sociais do governo.

c. Há o testemunho, autoridade construída pela experiência vivida.

d. Sim, no trecho “Criança tem que brincar, estudar e esperar chegar à fase adulta para

trabalhar.”

3. Como o trecho abaixo poderia ser aprimorado?

1 Texto produzido em 2004 quando era aluno da 5ª série da Escola Francisco Nonato Freire, Alto Santo – CE.

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“[...] pois o cansaço maltrata a mente e não conseguimos aprender com

facilidade, bloqueando assim muitas coisas que poderiam fluir diante das conseqüências

que aparecem”.

a. Use expressões diferentes para introduzir a conclusão como: “então”, “assim”,

“portanto”.

b. Explique melhor para o leitor o que quis dizer no trecho sublinhado.

c. Reforce a posição do autor com argumentos mais consistentes.

d. Verifique se a pontuação está correta.

4. Ao escrever um artigo de opinião, o autor emite seu ponto de vista e...

a. Publica-o em jornais e revistas mantendo neutralidade.

b. Desenvolve a capacidade de narrar os fatos.

c. Procura não influenciar o leitor com suas opiniões.

d. Incorpora a seu discurso a fala de outras pessoas que já se pronunciaram a respeito

do tema, valorizando-a ou desqualificando-a.

5. No texto “Criança sofre”, o objeto de crítica do autor é:

a. A dificuldade de aprender.

b. O clima da região que é árido.

c. A crise cultural.

d. O trabalho infantil e os projetos sociais do governo.

6. Identifique o trecho do texto “Criança sofre” que revela a questão polêmica, a

denúncia do problema, o ponto de vista do autor.

a. “O mundo não é tão competente como deveria ser, pois desde pequeno eu e alguns

colegas meus dávamos um duro danado nas cerâmicas da minha cidade.”

b. “[...]vontade de estudar de verdade, de saber resolver todos os problemas que

aparecessem, até mesmo os de matemática.”

c. “O barro molhado exposto ao sol quente da região causava um grande mal-estar.”

d. “Só que as famílias continuam vivendo miseravelmente e precisando da ajuda dos

filhos para sobreviverem, pois mais importante do que esses programas do governo seria um

emprego digno com salário justo para os pais dessas crianças, inclusive o meu.”

7. Onde esse tipo de texto pode ser reconhecido?

a. Em revistas.

b. Em jornais.

c. Na televisão.

d. Em livros.

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8. Em nossa sociedade, quem pode escrever esse gênero textual? (não o nome da

pessoa/autor, mas sua função social)

9. Qual a real função desse gênero textual?

10. Você já leu ou lê esse gênero? Relate em que situação ou situações.

11.Retire do texto frases ou expressões que servem para:

a. indicar opinião

b. apresentar argumentos

c. apresentar contra argumentos ou a ideia da qual o autor não concorda.

PASSO 3 –

LEITURA DE TEXTOS

Para que os alunos ampliem seu repertório e se aproximem do gênero estudado, eles

precisam ler bons e variados textos. Sendo assim, serão fornecidos a eles diversos livros e

revistas que apresentam artigos de opinião para que seja feita o reconhecimento do gênero e

as respectivas leituras.

O professor atuará como mediador entre os estudantes e o texto, incentivando,

questionando, dando informações sobre o autor (se possível), suas fontes, seu tempo, seu

estilo, etc.

Depois de feito as leituras e discussões, selecionar um dos artigos lidos para

responderem oralmente a algumas perguntas referentes ao gênero:

1. Em que veículo o texto foi publicado?

2. É bastante conhecido do público?

3. Que tipo de autor o escreveu?/ Além do nome, há mais informações sobre ele?

4. Qual é o assunto principal abordado no texto?

5. É atual ou ultrapassado em relação à data da publicação?

6. Parece relacionado a alguma notícia do mesmo período?

7. Para que tipo de leitor o artigo se dirige?

8. Com qual objetivo esse assunto é abordado?

9. Que ideia o autor parece defender?

10. Quais são os argumentos utilizados pelo autor?

PASSO 4 –

ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO

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Para o estudo do gênero são propostas várias atividades de oralidade, leitura, escrita e

reflexão sobre a língua. Elas levam o aluno a identificar as características peculiares do

gênero.

Após ouvir e discutir as respostas dos alunos da atividade anterior, mostrar a eles em

forma de cartaz algumas características de um artigo de opinião:

* costumam circular em veículos tipicamente jornalísticos e de grande penetração

popular: jornais impressos, revistas, sites de notícias etc.;

* geralmente são escritos por especialistas num determinado assunto, pessoas

publicamente reconhecidas por suas posições, autoridades etc.;

* abordam assuntos e/ou acontecimentos polêmicos atuais, recentemente noticiados e

de interesse público;

* dirigem-se a um leitor que o jornal considera potencialmente envolvido no debate,

na qualidade de cidadão;

* têm como finalidade defender uma opinião ou tese, a qual é apresentada com base

em argumentos coerentes.

PASSO 5 –

DISCURSO ARGUMENTATIVO

Uma vez identificadas as principais características dos artigos de opinião, explicar aos

alunos sobre a expressão “discurso argumentativo”, qual o valor que a argumentação pode

ter na condução da vida pública de uma comunidade, de uma cidade, de um Estado ou de um

país, bem como no cotidiano das pessoas, especialmente em situações que “parecem difíceis”.

Aproveite e lance a seguinte pergunta para uma breve reflexão: “O que é uma situação

difícil?” Pedir a eles que anotem as conclusões a que chegarem para uma apresentação oral

seguida de discussão coletiva dos resultados.

PASSO 6 –

LEVANTAMENTO DE QUESTÕES POLÊMICAS

Nessa etapa é primordial que se façam pesquisas sobre os assuntos discutidos. A

pesquisa é fundamental- consultar diferentes fontes, entrevistar pessoas, analisar documentos

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etc. Escolher artigos de opinião que estão circulando no momento dos veículos portadores de

fácil acesso aos alunos: jornais locais e/ou revistas do dia a dia. Solicitar aos alunos que

durante a leitura dos artigos façam o levantamento de questões polêmicas que provoquem

discussões.

Provocar um debate oral com os alunos sobre o que é uma “questão polêmica” e

incitá-los a responder algumas questões polêmicas pra melhor compreensão do assunto, por

exemplo: assuntos que sempre estão em discussão na sociedade:

• A pena de morte ajuda a diminuir a criminalidade?

• A sociedade tem o direito de tirar a vida de um criminoso?

• Você concorda com o uso de câmeras nas escolas?

• Quem consome drogas também deve ser responsabilizado pela violência do

narcotráfico?

• As vantagens que a internet proporciona compensam os problemas que ela

pode provocar?

Essas e outras questões polêmicas são importantes de serem discutidas para que os

alunos percebam que uma questão polêmica, capaz de motivar a escrita de um artigo de

opinião, envolve, necessariamente, um assunto de interesse público.

Em seguida, identifique com a turma questões polêmicas próprias de sua comunidade.

Por fazer parte dessa comunidade, o aluno terá maior familiaridade com o debate e,

certamente, mais reconhecimento de causa do que está em jogo, podendo desenvolver

argumentos próprios.

PASSO 7 –

TIPOS DE ARGUMENTOS

Nessa fase do projeto serão trabalhados os tipos de argumentos usados num artigo de

opinião, com o intuito de fazer com que o aluno perceba que para escrever um bom artigo de

opinião é necessário utilizar argumentos consistentes e bem fundamentados, definindo-os de

acordo com o contexto do debate.

Tipos de argumentos:

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1. de autoridade = ajuda a sustentar sua posição, lançando mão da voz de um

especialista, uma pessoa respeitável (líder, artista, político), uma instituição de pesquisa

considerada autoridade no assunto.

2. de exemplificação = relata um fato ocorrido com ele ou com alguém para dar um

exemplo de como aquilo que ele defende é válido.

3. de provas = comprova seus argumentos com informações incontestáveis:dados

estatísticos, fatos históricos, acontecimentos notórios.

4. de princípio ou crença pessoal = refere-se a valores éticos ou morais supostamente

irrefutáveis.

5. de causa e conseqüência = afirma que um fato ocorre em decorrência de outro.

Fazer uma leitura comentada desses argumentos e em seguida organizar a classe em

duplas para a leitura de um texto retirado do material da Olimpíada de Língua Portuguesa que

trata do tema da violência escolar “Menino de 9 anos é internado após agressão em

escola”. Solicitar aos alunos que identifiquem o argumento central do texto e, com base nos

tipos de argumentos citados acima, o classifique.

Menino de 9 anos é internado após agressão em escola

Agência Estado2

O menino Marco Antônio, de 9 anos, foi agredido por cinco garotos da mesma faixa

etária dentro da sala de aula e na saída de uma Escola Estadual, anteontem, numa cidade

próxima à região de Ribeirão Preto (SP). Devido à agressão, ele foi internado e passou por

exames de tomografia e ressonância magnética em Ribeirão Preto. Marco terá alta hospitalar

amanhã e usará colar cervical por 15 dias.

Segundo a mãe, de 27 anos, o filho sofre com as brincadeiras de colegas porque é

gago. Após a agressão na escola, ele não mencionou nada em casa.

O professor poderá ajudar os alunos fazendo perguntas do tipo:

* A que área (educação, política, ciência, economia etc.) o artigo e seus argumentos

estão associados?

* Qual o tipo de argumento que foi utilizado neste texto?

*Há alguma indicação no texto para essa resposta?

PASSO 8 –

QUESTÃO POLÊMICA X ARGUMENTOS

2 Agência Estado, 18/09/2009. (Para uso neste projeto, os nomes, assim como outras informações que possam identificar os envolvidos forma substituídos ou suprimidos).

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Para reforçar essa questão do uso dos argumentos, será proposta aos alunos a seguinte

atividade: escrever em tiras de papel algumas situações e as respectivas polêmicas levantadas:

SITUAÇÃO 1 –

Uma adolescente, para resolver os problemas econômicos da família dela, resolveu se

prostituir, fazendo programas à noite. Ela consegue clientes todas as noites e ajuda a família a

pagar algumas contas.

QUESTÃO POLÊMICA: “A jovem tem ou não o direito de se prostituir para ajudar a

família, desconsiderando a ética moral?”.

SITUAÇÃO 2 –

Novas pesquisas indicam que os adolescentes começam a beber cada vez mais cedo e

de forma abusiva. Preocupado com esse consumo de álcool, o prefeito de uma cidade proibiu

a venda de bebidas alcoólicas em bares próximos às escolas.

QUESTÃO POLÊMICA: “Essa medida pode diminuir o consumo de bebidas

alcoólicas pelos adolescentes?”.

SITUAÇÃO 3 –

Uma diretora de escola proibiu a entrada de alunos com bonés em sala de aula.

QUESTÃO POLÊMICA: “É legítimo impedir o acesso à escola por essa razão?

Pedir aos alunos que escolham uma das situações e discutam-na para definir que tipo

de argumento será mais adequado para sustentar uma tese. Logo após essa discussão, dividir a

sala em dois grupos: de um lado, os alunos que deverão tomar posição favorável; do outro,

aqueles que assumirão posição contrária. Ao final, representantes de ambos os lados lerão a

posição assumida diante da questão polêmica e os argumentos elaborados para defender a

posição e refutar a contrária.

PASSO 9 -

ELEMENTOS ARTICULADORES

Até aqui levantamos alguns aspectos do texto de opinião: a identificação de uma

questão polêmica, a tomada de posição favorável ou contrária e os argumentos.

Agora nessa etapa, faz-se necessário trabalhar alguns dos aspectos linguísticos desse

gênero textual. Essa atividade tem como objetivo orientar os alunos a conhecer os elementos

articuladores e a usá-los apropriadamente. Será fornecida a eles uma relação desses elementos

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articuladores com suas respectivas expressões para o conhecimento e logo após outra tabela,

retirada do material da Olimpíada de Língua Portuguesa, para a realização de uma atividade.

ELEMENTOS ARTICULADORES

1. Tomada de posição: Do meu ponto de vista/ Em minha opinião/ Pensamos que/

Pessoalmente acho

2. Indicação de certeza: Sem dúvida/ Está claro que/ Com certeza/ É indiscutível

3. Indicação de probabilidade: Provavelmente/ Me parece que/ Ao que tudo indica/

É possível que

4. Relação de causa e conseqüência: Porque/ Pois/ Então / Logo / Portanto /

Consequentemente

5. Acréscimo de argumentos: Além disso/ Também/ Ademais

6. Indicação de restrição: Mas / Porém/ Todavia/ Contudo / Entretanto / Apesar de/

Não obstante

7. Organização geral do texto: Inicialmente/ Primeiramente/ Em segundo lugar/ Por

um lado/ Por outro lado / Por fim

8. Introdução de Conclusão: Assim/ Finalmente/ Para finalizar / Concluindo/ Enfim/

Em resumo

TABELA PARA ATIVIDADE

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Dividir a sala em grupo de três alunos. Será entregue para os alunos cópias da tabela

para atividades acima e esta será recortada nas linhas pontilhadas. Será colocado um conjunto

completo em cada envelope. Distribuir esses envelopes ao trio de alunos e pedir a eles que

montem as frases, escrevendo-as no caderno. O professor deverá orientar essa atividade,

ressaltando função do elemento articulador, conforme tabela discutida. Quando todos tiverem

terminado, solicitar-lhes que leiam em voz alta as frases montadas.

PASSO 10 –

VOZES NO ARTIGO DE OPINIÃO

O professor deve iniciar essa atividade perguntando aos alunos o que eles acham que

significam as “vozes em um artigo de opinião”. E para a identificação das vozes de um

artigo de opinião será apresentado pelo professor um texto retirado do material da Olimpíada

de Língua Portuguesa que discute o poder da notícia. “Só há notícia se for muito ruim” de

Carlos Brickmann3. A proposta aqui é que, com a leitura do texto, os alunos percebam que um

artigo de opinião costuma trazer diversas “vozes”.

Mas antes de iniciar a leitura é importante o professor preparar os alunos, oferecendo

algumas pistas sobre o texto que irão ler, de modo que possam fazer inferências. Quanto mais

um leitor conhece o assunto que vai ler, melhor condição terá para construir os sentidos do

texto:

*perguntar a finalidade do texto

*descobrir as diferentes vozes presentes

*analisar o título

*apontar o veículo do artigo

*pergunte se eles já ouviram falar do autor

SÓ HÁ NOTÍCIA SE FOR MUITO RUIM

CARLOS BRICKMANN

Elio Gaspari costuma dizer que, nas redações, a notícia chega devagarzinho, abre a

porta de leve, põe a cabeça para dentro e entra correndo para esconder- se. Se alguém a notar,

será imediatamente chutada para fora.

3 Carlos Brickmann é jornalista e diretor do escritório Brickmann & Associados Comunicação, especializado em gerenciamento de crises. Tem reportagens assinadas nas edições especiais de primeira página da Folha de S. Paulo e do Jornal da Tarde.

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E, se a notícia for boa, suas chances de sobrevivência são ainda menores. Notícia que

o pessoal gosta é corrupção, é escândalo, é miséria, é tudo aquilo que deu errado. Nas

ocasiões em que o Brasil dá certo, aí não é notícia (e não vale nem a regra de que boa notícia

é o inusitado). Lugar de notícia boa é a cesta do lixo.

Depois da preparação para a leitura, dividir a sala em grupos para a execução desta

leitura. Instigue os alunos com perguntas que os levem a perceber, no texto, as diferentes

vozes. Grifar os trechos que contenham elementos que ajudem a responder às perguntas

abaixo é uma boa estratégia de aprendizagem.

a. Qual é a posição do articulista sobre a questão?

b. Toda a argumentação é construída com informações cujas fontes ou são

mencionadas ou estão subentendidas. Em todos esses casos há muitas vozes aliadas ao

articulista. Pedir aos alunos que identifiquem algumas delas.

c. Ao longo do artigo, o articulista se refere ora à imprensa de circulação restrita, ora à

grande imprensa. Em que trechos do texto cada uma delas aparece?

d. Nos dois últimos parágrafos o autor do artigo se dirige ao leitor por meio de

perguntas e de propostas de ação concreta. Pedir aos alunos que identifiquem as expressões

que se referem ao leitor e a proposta que o articulista faz a ele.

Para finalizar essa atividade, um representante de cada grupo lerá para a classe as

respostas elaboradas, cabendo ao professor promover uma discussão coletiva a esse respeito.

PASSO 11 –

O JOGO DA ARGUMENTAÇÃO

Após todo esse caminho percorrido em busca da compreensão da organização textual

do gênero artigo de opinião, neste momento é importante uma verificação do que se aprendeu

até então. Para isso, será aplicado um jogo, retirado do material da Olimpíada de Língua

Portuguesa chamado “Q.P. Brasil- Questões Polêmicas do Brasil – o jogo da argumentação.4

O jogo traz temas atuais, veiculados pela mídia e que podem gerar polêmicas. O material

deste jogo procura auxiliar na reflexão e na construção de argumentos. É certo de que a

utilização de jogos educativos no ambiente escolar traz muitas vantagens para o processo de

ensino e aprendizagem. Segundo Passerino (1998), o jogo, sendo um impulso natural do ser 4 Q.P. Brasil – Questões Polêmicas do Brasil – é um dos materiais da Olimpíada de Língua Portuguesa – Escrevendo o Futuro, cujo objetivo é desenvolver a capacidade de argumentação nos estudantes do Ensino Médio. Disponível em < www.escrevendoo futuro. org.br> ou <www.cenpec.org. br>.

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humano, funciona como um grande motivador. Por meio dele realiza-se um esforço voluntário

para atingir-se um objetivo. Para muitos autores a atividade lúdica está na origem da cultura

humana. Mais que uma atividade, o lúdico é uma atitude diante da vida. É o reconhecimento

do valor inerente do prazer de pertencer a esse enorme tabuleiro que ganhamos, perdemos,

jogamos e aprendemos, sempre.

O jogo proposto aqui se destina a alunos do Ensino Médio e traz questões da

atualidade. O objetivo do jogo é apresentar argumentos, contrários ou favoráveis, em relação

às questões polêmicas. Uma boa utilização de argumentos garante maior número de pontos.

Vence o jogo quem fizer mais pontos.

Dividir a classe em três grupos de 4 a 7 participantes. A cada jogada há um mediador,

um participante que se posiciona a favor da questão polêmica (Sim) e outro que apresenta

argumento contrário(Não). Os demais elegem o argumento que considerarem mais

convincente. Numa partida, todos exercem esses papéis.

O material do jogo consta em três caixas médias e três tabuleiros. Cada caixa média

contém cinco envelopes coloridos. Os de cor azul, roxa, verde e vermelha contêm uma carta

com a questão polêmica de um lado e a informação sobre ela do outro e doze cartas de

argumentação para cada cor. Distribuir esses envelopes abertos sobre o tabuleiro, de acordo

com as cores, deixe a questão polêmica aberta de um lado do envelope e as cartas de

argumentação viradas para baixo do outro. No envelope de cor laranja, encontram-se dez

cartas, sendo nove com descrições de situações, seguidas por três questões polêmicas, comuns

ao cotidiano dos jovens. O jogo contém também três caixinhas: uma com 70 fichas de 1

ponto, outra com 70 fichas de 3 pontos e outra com cartões SIM e NÃO. Antes de iniciar o

jogo, cada jogador deve receber um cartão SIM e outro NÃO, mais seis fichas de 1 ponto.

Depois de organizado o material, os grupos passam a jogar independentemente. As questões

discutidas pelo grupo são diferentes, pois em cada envelope há um tema polêmico.

PASSO 12 –

JORNAL MURAL

Nessa fase os alunos já são capazes de executar atividades individualmente. Portanto,

será proposto agora que se façam pesquisas sobre temas atuais que gerem polêmicas. Essas

pesquisas podem ser feitas em jornais, revistas, internet. Os temas podem ser de seu país, de

seu Estado, de sua cidade e até de seu bairro.

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Essas pesquisas deverão ser trazidas para a sala de aula para a produção de um jornal

mural, que será afixado num local estratégico da escola. Esse jornal mural funcionará como

um porta voz eficiente das múltiplas opiniões que se confrontam dentro da escola.

PASSO 13 –

FINALIZANDO O PROJETO

Para finalizar o projeto, o professor juntamente com os alunos fará o levantamento de

uma questão polêmica atual que afeta a cidade onde vivem. Será feita uma coleta de opiniões

sobre essa questão polêmica, de pessoas que exercem alguma função na sociedade, por

exemplo: professor, prefeito, vereador, da área da saúde, um comerciante,etc. Depois de

coletar esses dados, os alunos publicarão as opiniões no jornal local, colocando toda a

comunidade a par do assunto.

REFERÊNCIAS

ADAM, Jean Michel. A lingüística textual: introdução à análise textual dos discursos.São

Paulo: Cortez, 2008.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. 4ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BRONCKART, J. P. Atividades de Linguagem, Discurso e Desenvolvimento Humano.

São Paulo: Mercado de Letras, 2009.

Jogo- Q.P.Brasil – Questões Polêmicas do Brasil – um dos materiais da Olimpíada de

Língua Portuguesa –Escrevendo o Futuro. Disponível em < www.escrevendoo futuro. org.br>

ou <www.cenpec.org. br>.

MACHADO, Daniela Zimmermann. Estudo do Gênero na Perspectiva do Interacionismo

Sócio discursivo. 2006. Tese (Mestrado em Lingüística) Universidade Federal de Santa

Maria, RS.

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MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais & Ensino. In DIONISIO, Ângela Paiva; MACHADO,

Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (org.) 3ª Ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

MEURER, J.L.; BONINI, Adair; ROTH, Desirée Motta. Gêneros: teorias, métodos,

debates. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação, 2009.

PROGRAMA ESCREVENDO O FUTURO. Olimpíada de Língua Portuguesa. Na ponta do

Lápis. Caderno do Professor. Ano V n.11 agosto de 2009. Cenpec: Fundação Itaú Social,

Brasília. DF: MEC.

PROGRAMA ESCREVENDO O FUTURO. Olimpíada de Língua Portuguesa. Pontos de

Vista. Caderno do professor. 2ª Ed. São Paulo: Cenpec: Fundação Itaú Social, Brasília, DF:

MEC 2008.

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