dona gislene é prova de que quando se tem amor pela terra, é preciso apenas a chuva para florir
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Dona Gislene é prova de que quando há persistência e força de vontade os sonhos se transformam em realidade. Conquistar uma tecnologia vai além de 52 mil litros armazenados na cisterna, é sobretudo a garantia dos direitos do cidadão em ter uma vida digna para viver bem no Semiárido.TRANSCRIPT
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 8 • nº1320
Janeiro/2014
Caetité
Dona Gislene é prova de que quando se tem amor pela terra,
é preciso apenas a chuva para florir
(Almir Sater)
Essas palavras traduzem a experiência da agricultora Gislene Maria
de Jesus que em menos de três meses transformou os arredores da casa
em um lindo quintal produtivo. Dona Gislene mora na comunidade de
Morros no município de Caetité; mãe de 6 filhos é o exemplo da mulher forte,
trabalhadora que luta por melhores condições de vida no Semiárido.
A agricultora conquistou sua cisterna-enxurrada em outubro de
2013 através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) que o Centro de
Agroecologia no Semiárido (CASA) está executando com patrocínio da
Petrobras. Bastou a chuva cair na terra e o sertão florir para dona Gislene
cultivar em seu quintal coentro, cenoura, alface, cebola, couve, maxixe,
tomate; além de plantar ao lado da cisterna, milho, feijão, abóbora e capim
napier.
E isso é só o começo, pois Gislene pretende continuar plantando para ampliar a produção e gerar
renda para sua família. “Antes da cisterna eu plantava horta numa barragem que tem aqui na comunidade; a
dona da barragem me dava um pedacinho de terra pra plantar. Tinha vontade de plantar mais, mas aqui perto
de casa não tinha água e também não era cercado”, relata dona Gislene.
“Cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz, e ser feliz.
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz
Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir”.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia
Realização Patrocínio
Desde que a agricultora começou a plantar hortaliças com a
água da cisterna já tirou alface para o consumo e também para dar
de presente aos vizinhos. Como Gislene não usa agrotóxicos, a
procura por verduras é grande. Na verdade ela é a grande
referência da comunidade de Morros por aproveitar os
conhecimentos adquiridos ao longo do processo de construção da
tecnologia para produzir de forma orgânica.
O único adubo utilizado na horta de Gislene foi o esterco,
além disso, a agricultora afirma ter plantado alguns pés de pimenta
para ajudar a controlar as pragas. E assim que precisar combater os
insetos nas hortaliças pretende usar defensivos naturais como a
urina de vaca, arruda, o fumo, dentre outros, que não prejudicam a
saúde da família, além de ser encontrados facilmente na
propriedade.
A família de Gislene é prova de que quando
há persistência e força de vontade os sonhos se
transformam em realidade. Conquistar uma
tecnologia vai além de 52 mil litros de água
armazenados na cisterna, é sobretudo a garantia
dos direitos do cidadão em ter uma vida digna
para viver bem no Semiárido. É ainda um
processo em que agricultores e agricultoras se
tornam protagonistas de um Semiárido mais justo,
afinal, “cada um de nós compõe a sua história,
cada ser em si carrega o dom de ser capaz, e ser
feliz”.
A alegria de ter conquistado a cisterna de produção revela o amor e o cuidado que dona Gislene tem
pela terra. “Adoro mexer com horta, é bom a gente ter as coisas sem veneno pra gente comer, é tão bom.
Assim que a cisterna ficou pronta falei com os meninos pra cercar e a gente plantou logo”, conclui a
agricultora orgulhosa do seu quintal produtivo.