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GIA/001 21 a 26 de Outubro de 2001 Campinas - São Paulo - Brasil GRUPO XI GRUPO DE ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTAIS - GIA CONSIDERAÇÕES QUANTO À UTILIZAÇÃO DA ISO 14000 NO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA DO BRASIL Marcelo Appel da Silva (*) Luiz Carlos Arigony ELETROBRÁS ELETROBRÁS (*) ELETROBRÁS – Centrais Elétricas Brasileiras S.A. Av. Pres. Vargas, 409 – 21º andar – Rio de Janeiro – RJ – CEP 20071-003 Tel.: +21 514-5986; Fax: +21 224-1867; E-mail: [email protected] RESUMO É apresentada a situação atual da implementação da série de normas ISO 14000 no setor de energia elétrica do Brasil. São apresentados os resultados de uma pesquisa em que foram consultadas empresas de energia elétrica brasileiras, sendo verificados os níveis de utilização de sistemas de gestão, em especial daqueles baseados na norma ISO 14001, e as certificações já realizadas. É descrita a infra-estrutura brasileira em termos de normalização e certificação. São analisadas as perspectivas da implantação de sistemas de gestão ambiental no setor de energia elétrica brasileiro, levando em conta que ela vem se tornando imperativa no cenário internacional. PALAVRAS-CHAVE: Sistema de gestão ambiental, ISO 14000 1.0 – INTRODUÇÃO Um sistema de gestão ambiental (SGA) representa uma maneira sistemática de tratar os aspectos ambientais de uma organização. É uma ferramenta que possibilita que uma organização, de qualquer tamanho ou tipo, controle o impacto de suas atividades, produtos ou serviços no ambiente natural. Os SGAs, em última análise, visam a prevenção ou a redução de impactos ambientais. A série de normas ISO 14000 representa um consenso, em termos de gestão ambiental, envolvendo mais de 60 países e entidades internacionais como a Câmara de Comércio Internacional (CCI), a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e outras. Para a implantação em larga escala de SGAs, é necessária uma infra-estrutura nos campos da normalização e da certificação. O Brasil vem constituindo, nos últimos anos, tal infra-estrutura. Em especial, a criação do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO) fez com que, a partir da década de 70, fossem feitos muitos investimentos nestes campos. 2.0 – INFRA-ESTRUTURA EM NORMALIZAÇÃO E CERTIFICAÇÃO A Lei Federal Nº 5966, de 11 de dezembro de 1973, instituiu o Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. O SINMETRO, que é constituído por entidades públicas e privadas, foi criado para desenvolver uma infra-estrutura de serviços tecnológicos. Ele é apoiado por organismos de normalização, laboratórios de metrologia científica e industrial e institutos de metrologia legal. As principais organizações que integram o SINMETRO são: Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO) e seus comitês técnicos;

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GIA/001

21 a 26 de Outubro de 2001Campinas - São Paulo - Brasil

GRUPO XIGRUPO DE ESTUDOS DE IMPACTOS AMBIENTAIS - GIACONSIDERAÇÕES QUANTO À UTILIZAÇÃO DA ISO 14000 NO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA DO BRASIL

Marcelo Appel da Silva (*) Luiz Carlos ArigonyELETROBRÁS ELETROBRÁS

(*)ELETROBRÁS – Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

Av. Pres. Vargas, 409 – 21º andar – Rio de Janeiro – RJ – CEP 20071-003Tel.: +21 514-5986; Fax: +21 224-1867; E-mail: [email protected]

RESUMO

É apresentada a situação atual da implementação dasérie de normas ISO 14000 no setor de energia elétricado Brasil.

São apresentados os resultados de uma pesquisa emque foram consultadas empresas de energia elétricabrasileiras, sendo verificados os níveis de utilização desistemas de gestão, em especial daqueles baseadosna norma ISO 14001, e as certificações já realizadas.

É descrita a infra-estrutura brasileira em termos denormalização e certificação.

São analisadas as perspectivas da implantação desistemas de gestão ambiental no setor de energiaelétrica brasileiro, levando em conta que ela vem setornando imperativa no cenário internacional.

PALAVRAS-CHAVE: Sistema de gestão ambiental,ISO 14000

1.0 – INTRODUÇÃO

Um sistema de gestão ambiental (SGA) representauma maneira sistemática de tratar os aspectosambientais de uma organização. É uma ferramenta quepossibilita que uma organização, de qualquer tamanhoou tipo, controle o impacto de suas atividades,produtos ou serviços no ambiente natural.

Os SGAs, em última análise, visam a prevenção ou aredução de impactos ambientais.

A série de normas ISO 14000 representa umconsenso, em termos de gestão ambiental, envolvendomais de 60 países e entidades internacionais como aCâmara de Comércio Internacional (CCI), aOrganização Mundial do Comércio (OMC), o Programadas Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) eoutras.

Para a implantação em larga escala de SGAs, énecessária uma infra-estrutura nos campos danormalização e da certificação. O Brasil vemconstituindo, nos últimos anos, tal infra-estrutura. Emespecial, a criação do Sistema Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO) fezcom que, a partir da década de 70, fossem feitosmuitos investimentos nestes campos.

2.0 – INFRA-ESTRUTURA EM NORMALIZAÇÃO ECERTIFICAÇÃO

A Lei Federal Nº 5966, de 11 de dezembro de 1973,instituiu o Sistema Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade Industrial. O SINMETRO,que é constituído por entidades públicas e privadas, foicriado para desenvolver uma infra-estrutura deserviços tecnológicos. Ele é apoiado por organismosde normalização, laboratórios de metrologia científica eindustrial e institutos de metrologia legal.

As principais organizações que integram o SINMETROsão:• Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial (CONMETRO) e seus comitêstécnicos;

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• Instituto Nacional de Metrologia, Normalização eQualidade Industrial (INMETRO);

• Organismos de Certificação Credenciados (OCC);• Organismos de Inspeção Credenciados (OIC);• Organismos de Treinamento Credenciados (OTC);• Laboratório Nacional de Metrologia (LNM);• Organismo Provedor de Ensaio de Proficiência

Credenciado (OPP);• Laboratórios Credenciados – Calibrações e

Ensaios (RBC/RBLE);• Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT);• Institutos Estaduais de Pesos e Medidas (IPEM).

O CONMETRO é o órgão normativo do SINMETRO.É presidido pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústriae Comércio. Integram o CONMETRO os ministros doMeio Ambiente, do Trabalho e Emprego, da Saúde, daCiência e Tecnologia, de Relações Exteriores, daJustiça, da Agricultura e Abastecimento, acrescidos derepresentantes da Confederação Nacional da Indústria(CNI), da ABNT e do Instituto Brasileiro de Defesa doConsumidor (IDEC).

Com vistas a oferecer ao CONMETRO o adequadoassessoramento técnico, foram criados vários comitêstécnicos, com representantes do meio acadêmico, daindústria, do comércio, dos consumidores e dogoverno.

Os Comitês Técnicos do CONMETRO atualmente emfuncionamento são:• CNN – Comitê Nacional de Normalização;• CBC – Comitê Brasileiro de Certificação;• CONACRE – Comitê Nacional de Credenciamento;• CBM – Comitê Brasileiro de Metrologia;• CCAB – Comitê do Codex Alimentarius do Brasil;• TBT/OMC – Comitê Brasileiro de Notificação.

2.1 – Normalização

O Comitê Nacional de Normalização tem a missão deassessorar o CONMETRO na área de normalização;promover a articulação institucional entre os setoresprivados e governamental na área de normalização;promover atividades de fomento à normalização;analisar e aprovar o planejamento do SistemaBrasileiro de Normalização, e ser o órgão derecorrência administrativa do Sistema Brasileiro deNormalização, antes do CONMETRO.

O CNN tem composição paritária no que diz respeito àrepresentatividade dos órgãos públicos e privados. OINMETRO e a ABNT são designados membros natosdeste comitê.

A ABNT, organização não-governamental, éresponsável pela área de normalização no SINMETRO,podendo credenciar Organismos de NormalizaçãoSetoriais.

A ABNT representa o Brasil na InternationalStandardization Organization (ISO), atuando de modomuito ativo no TC 176 (Technical committee on qualitymanagement and quality assurance), no TC 207(Technical committee on environmental management)e no CASCO (Committee on conformity assessment).Ela também representa o Brasil na InternationalElectrotechnical Commission (IEC) e na esferaregional. Estas participações têm o objetivo deassegurar que as normas internacionais sejamelementos que favoreçam a inserção da economianacional em um mundo cada vez mais globalizado.

A Figura 1 apresenta a estrutura básica do CNN e daABNT.

Comitê Brasileiro Comitê Brasileiro Comitê Brasileiro de Eletricidade da Qualidade de Gestão Ambiental (IEC) (ISO/TC 176) (ISO/TC 207)

(ISO/CASCO)

FIGURA 1 - Estrutura básica do CNN – Conselho Nacional de Normalização

ABNT

CB-1 CB-25 CB-38 CB-...

C N N

CB-3

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O Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental da ABNT(CB-38) é estruturado de modo a ser um espelho doTC 207 da ISO.

Atualmente o CB-38 possui as seguintes Comissões deEstudo em atividade:• CE 1 – Sistemas de Gestão Ambiental;• CE 2 – Auditoria Ambiental;• CE 3 – Rotulagem Ambiental;• CE 4 – Avaliação do Desempenho Ambiental;• CE 5 – Análise do Ciclo de Vida;• CE 6 – Termos e Definições;• CE 7 – Projeto para o Ambiente.

O Brasil participa dos trabalhos do TC 207 desde suacriação. Cerca de dois meses após a publicação dascinco primeiras normas da série ISO 14000, emoutubro de 1996, foram divulgadas pela ABNT, emPortuguês, as normas ISO 14001 e ISO 14004, sobreSistemas de Gestão Ambiental (SGA), e as normasISO 14010, ISO 14011 e ISO 14012, sobre AuditoriasAmbientais.

2.2 – Certificação

O Comitê Brasileiro de Certificação assessora oCONMETRO na discussão com a sociedade brasileirasobre as necessidades de certificação de produtos,pessoal, sistemas de gestão da qualidade e ambiental,propondo políticas, diretrizes e programas. Assessoraainda o INMETRO e os demais organismos do SistemaBrasileiro de Certificação (SBC), funcionando como

foro imparcial na discussão e na validação de critérios,regulamentos e procedimentos para as áreas decredenciamento e certificação.

É no âmbito do CBC que se organizam as ComissõesTécnicas (CT) que elaboram e analisam programas decertificação de conformidade. Estes programasidentificam as necessidades de certificação deprodutos, processos e serviços, a infra-estruturanecessária, os aspectos legais e as regras específicas.As regras específicas definem como a certificaçãodeve ser operada e são elaboradas nas subcomissõestécnicas. Esses documentos são utilizados peloINMETRO para operar o seu sistema decredenciamento e pelos organismos credenciados paraa execução das suas atividades de certificação etreinamento.

O CBC utiliza os princípios internacionais em termosde credenciamento e certificação.

O INMETRO é o único Organismo de Credenciamentoreconhecido pelo SINMETRO. Além disso, o INMETROatua como Secretaria Executiva do CONMETRO e deseus comitês e supervisiona os organismos defiscalização e verificação da certificação.

Atualmente existem 11 Organismos de Certificação deSistema de Gestão Ambiental credenciados peloINMETRO.

A Figura 2 apresenta a estrutura básica do SBC.

Credenciamento

Certificação: - Gestão da Qualidade - Gestão Ambiental - Produtos e Serviços - Pessoal

FIGURA 2 – Estrutura do Sistema Brasileiro de Certificação

CBC INMETRO

CT

SCT 1

SCT 2

SCT...

OCC

� CBC – Comitê Brasileiro de Certificação� CT – Comissão Técnica� SCT – Subcomissão Técnica� INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização

e Qualidade Industrial� OCC – Organismo de Certificação Credenciado

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3.0 – APLICAÇÃO DA ISO 14000 NO BRASIL

Quando da criação do TC 207, todo um trabalho deinfra-estrutura já havia sido realizado no Brasil. É de seregistrar que o Brasil é um dos mantenedores da ISOdesde seus primórdios.

Em relação ao desenvolvimento da normalização emsistemas de gestão, o Brasil tem tido atuaçãoexpressiva desde o início dos trabalhos do TC 176.

Naquela ocasião estava em desenvolvimento no Brasilo Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade(PBQP). Esse programa significou uma ampliação eum aprofundamento expressivo do movimento daqualidade no Brasil.

Na realidade, alguns setores empresariais já estavam,na época, envolvidos com programas de qualidade,fruto dos esforços do Programa Nuclear Brasileiro (queteve início em meados da década de 70), e daPETROBRÁS (Petróleo Brasileiro S.A.), dada ascondições adversas da exploração de petróleo nolitoral brasileiro.

O PBQP, no entanto, estendeu esses esforços apraticamente todos os setores da economia nacional.O governo federal, envolvido desde a Presidência daRepública, tomou para si o papel de articulador doPrograma, sem no entanto aportar recursos financeirossignificativos, que eram originários da iniciativa privada.

Uma das metas do PBQP era o desenvolvimento daestrutura necessária que possibilitasse a participaçãonos trabalhos do TC 176. Para tanto foi criado umcomitê específico na estrutura da ABNT. Esse comitê,denominado Comitê Brasileiro da Qualidade (CB-25)passou a atuar na tradução das normas já publicadaspelo TC 176 e na participação nos trabalhos dedesenvolvimento das demais normas internacionais,refletindo a política governamental de inserção em umaeconomia globalizada. Os trabalhos do CB-25significaram uma mudança na postura brasileira emrelação à participação em organismos de normalizaçãointernacionais.

Atualmente o Brasil coordena dois importantes projetosdo TC 176: Interpretações da ISO 9000, no ProjectManagement Group (PMG) e Introdução do parconsistente ISO 9001/ISO 9004, no Working Group 18.

Com relação à certificação ambiental no Brasil, oINMETRO por delegação do CONMETRO, criou, emsetembro de 1995, a Comissão de CertificaçãoAmbiental (CCA), no âmbito do SBC. Essa Comissão éconstituída por representantes de órgãosgovernamentais federais e estaduais de meioambiente, grandes empresas, associaçõesempresariais, universidades, ONGs e organismos decertificação de sistemas, tendo elaborado os critérios eprocedimentos para certificação ambiental deorganizações pela norma ISO 14001, bem como paraformação e registro de auditores de sistemas de gestão

ambiental. Esses critérios já estão disponíveis no paíse são compatíveis com os critérios utilizados pororganismos de credenciamento internacionais.

Além disso o INMETRO participa de iniciativainternacional de aceitação mútua entre organismos decredenciamento coordenadas pelo InternationalAccreditation Forum (IAF) e executadas com base emcritérios para organismos de credenciamento,estabelecidos no âmbito da ISO.

Até o final de setembro de 1999, de acordo com oINMETRO, cerca de 130 empresas encontravam-secertificadas pela norma ISO 14001 de Sistemas deGestão Ambiental.

4.0 – SITUAÇÃO ATUAL DA ISO 14000 NO SETORDE ENERGIA ELÉTRICA

Atualmente, as questões sócio-ambientais vem sendotratadas desde as etapas iniciais do planejamento deempreendimentos do setor de energia elétricabrasileiro. A viabilidade dos empreendimentos dependedo atendimento de legislações ambientais que podemser melhor atendidas através de uma política ambientalque se baseie em princípios e diretrizes reconhecidosinternacionalmente.

Por outro lado, não deve ser esquecido o enormepotencial de impactos ambientais dosempreendimentos de geração e transmissão deenergia elétrica. Deve-se considerar também que oplanejamento indicativo da expansão prevê umcrescimento expressivo na geração de energia elétricano Brasil. A matriz energética deverá sofrer alteraçõessignificativas, sendo aumentada a participação daenergia termelétrica. Neste contexto, a questãoambiental reveste-se ainda de maior prioridade.

A ELETROBRÁS criou sua primeira estrutura voltadaao meio ambiente em 1987. As empresas controladaspela ELETROBRÁS (CHESF, ELETRONORTE,ELETROSUL e FURNAS) possuem áreas que tratamdas questões ambientais, através de equipesmultidisciplinares.

A ELETROBRÁS vem participando, há alguns anos,nos trabalhos desenvolvidos pela ABNT.Recentemente, a ELETROBRÁS, que já eramantenedora do CB-25, tornou-se, também,mantenedora do CB-38.

O setor já possui experiências significativas nautilização de sistemas de gestão da qualidade, combase na série de normas ISO 9000 e em métodoscomo o TQM (Total Quality Management). Estasexperiências são oriundas tanto da utilização porempresas de energia como por seus fornecedores.

A questão da implantação de SGAs vem sendo tratadade modo descentralizado, nas empresas e nas suasunidades operacionais. Existem algumas iniciativas das

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empresas de energia elétrica, inclusive já privatizadas,visando a implantação de SGAs baseados na série denormas ISO 14000.

Dentre as empresas controladas pela ELETROBRÁS,FURNAS é aquela que já possui unidades certificadas.Sua Subestação de Ibiúna foi a primeira unidade dosetor de energia elétrica da América Latina a obter acertificação de conformidade com a norma ISO 14001.Tal implantação constituiu-se num projeto-piloto.Atualmente, FURNAS já obteve também a certificaçãoda Subestação de Foz do Iguaçu.

As demais empresas estão numa fase de definirestratégias de implantação ou de conscientização.

No que diz respeito a empresas que atuam na esferaestadual, a situação é similar. Algumas empresasestão num estágio relativamente avançado naimplantação da ISO 14001. A Usina HidrelétricaGuilman-Amorim, no Rio Piracicaba, em Minas Gerais,construída pelo Consórcio Belgo Mineira e Samarco,operada pela Companhia Energética de Minas Gerais(CEMIG), foi a primeira hidrelétrica do Brasil a obter acertificação ISO 14001, em dezembro de 1999.Atualmente, a Usina Hidrelétrica de Nova Ponte, no RioAraguari, também da CEMIG, já obteve a certificação.

A Figura 3 apresenta o resultado de uma pesquisa,recentemente realizada, visando identificar o estágiodas empresas brasileiras de geração, transmissão edistribuição de energia elétrica, em relação à aplicaçãoda ISO 14000.

Foram consultadas 32 empresas. Os resultadosapresentados referem-se a um universo de 20empresas, que responderam à pesquisa até omomento de elaboração deste trabalho.

75

60

10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Em que a ISO14000 é uma

meta

Com experiênciaem sistemas de

gestão

Que possuemunidade(s)

certificada(s)

Em

pres

as (

%)

FIGURA 3 – Aplicação da ISO 14000 nas 20 empresasde energia elétrica brasileiras que responderam àpesquisa

5.0 – PERSPECTIVAS

Num mundo globalizado, é de se esperar que oscritérios que representam um consenso internacionalsejam cada vez mais utilizados. Existem váriasiniciativas internacionais que demonstram a cada vezmaior aplicação da série de normas ISO 14000.

Na Europa, as avaliações realizadas segundo a ISO14000 são aceitas para atendimento dos critériosestabelecidos no Eco-Management and Audit System(EMAS).

Nos EUA, o governo tem buscado induzir a aplicaçãoda ISO 14000. A Environmental Protection Agency(EPA) está implementando um plano de ação que,entre outros objetivos, deseja promover a excelênciana prática de SGAs internos e externos à agência.

No Canadá a ISO 14000 está sendo utilizadamaciçamente pelas empresas de energia elétrica.Estão sendo certificadas unidades operacionais depraticamente todas as empresas de geração etransmissão de energia elétrica.

A fase inicial da implementação de um sistema degestão refere-se a obtenção do comprometimento daorganização. Portanto, por envolver uma mudançacultural, reveste-se de grande importância e representauma etapa de grande complexidade.

As reformas em curso exigem uma atualizaçãopermanente da política sócio-ambiental do setor deenergia elétrica, que deve refletir a filosofia, asorientações e as diretrizes da Política Nacional de MeioAmbiente. Neste momento de transição da estrutura dosetor, os vários agentes podem utilizar a série denormas ISO 14000 como uma linguagem comum emtermos de sistemas de gestão ambiental. Assim, é dese prever que SGAs baseados na ISO 14000 serãocada vez mais utilizados pelas empresas do setor deenergia elétrica no Brasil.

6.0 – CONCLUSÃO

A aplicação da série de normas ISO 14000 ainda éinsipiente no setor de energia elétrica brasileiro.Porém, a larga experiência acumulada com a ISO 9000poderá ser um importante elemento facilitador dautilização mais ampla da ISO 14000.

São inegáveis os benefícios da implantação de SGAs.Também é inegável que a série de normas ISO 14000representa um consenso internacional sobre o tema.Acrescente-se que, como conseqüência natural doexposto, a implantação de SGA pode facilitar aobtenção de recursos provenientes de bancosinternacionais e estrangeiros, fundamentais para aexpansão do sistema.

Com a reforma do setor de energia elétrica brasileiro, autilização da ISO 14000 poderá permitir o

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desenvolvimento de novos modelos de regulação,passando o regulador a concentrar-se mais naquelasorganizações que não tenham tomado por iniciativaprópria medidas voluntárias como a implementação daISO 14001.

Dessa forma, em um mundo irreversivelmenteglobalizado, é necessário que o setor de energiaelétrica trate do assunto com a devida prioridade.Nesse sentido, seria conveniente o estímulo à adoçãovoluntária de SGAs.

7.0 – BIBLIOGRAFIA

(1) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMASTÉCNICAS. Sistemas de gestão ambiental –Especificação e diretrizes para uso - NBR ISO 14001.1996. Brasil.

(2) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMASTÉCNICAS. Sistemas de gestão ambiental – Diretrizesgerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio -NBR ISO 14004. 1996. Brasil.

(3) INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA,NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL:“SINMETRO” em: http://www.inmetro.gov.br/.

(4) INTERNATIONAL ORGANISATION FORSTANDARDIZATION – ISO: “ISO 9000 and ISO14000” em: http://www.iso.ch/.

(5) TC 207 on Environmental Management: “ISO14000” em: http://www.tc207.org/faqs/index.html/.

(6) ISO/IEC Compendium - Conformity Assessment -Guides and Standards - Fourth edition – 1999.

(7) INTERNATIONAL ORGANISATION FORSTANDARDIZATION – ISO. Certification and RelatedActivities. First edition, 1992.

(8) Implementation Guide for the Code ofEnvironmental Management Principles for FederalAgencies (CEMP) em:http://es.epa.gov/oeca/cemp/cemptoc.html.

(9) INTERNATIONAL ORGANISATION FORSTANDARDIZATION – ISO: “The ISO Survey of ISO9000 and ISO 14000 Certificates - Ninth cycle – 1999”em: http://www.iso.ch/presse/survey9.pdf.