gestos e seus significados

1
a página da educação julho 2005 contra capa 40 O governo britânico quer prolongar o horário de funcionamento das es- colas públicas do país das 8 horas da manhã às 18 horas para oferecer uma alternativa aos pais que traba- lham até mais tarde e manter os jo- vens fora das ruas. As autoridades britânicas vão disponibilizar cerca de mil milhões de euros para este programa, que pretende ser uma resposta a um contexto social em que as famílias monoparentais se multiplicam e on- de a delinquência juvenil atinge ní- veis alarmantes. Daqui até 2010, as escolas de- verão oferecer o pequeno-almoço pela manhã e proporcionar activida- des desportivas ou artísticas após as aulas, explica o ministério da educa- ção britânico. Os sindicatos de pro- fessores e de funcionários apoiaram a medida, à semelhança dos parti- dos conservador e liberal-democra- ta, temendo, porém, que as verbas prometidas pelo governo sejam in- suficientes. Fonte: AFP EDUCAÇÃO SOCIAL Escolas prolongam horário de funcionamento na Grã-Bretanha No nosso dia a dia respondemos, como refere Sapir, aos gestos com uma extrema vivacida- de, segundo um código elaborado e secreto que não está escrito em parte alguma e que não é conhecido por ninguém mas é compreendido por todos. Partilhando a opinião de George Her- bert Mead, a conversação por gestos está na origem de qualquer linguagem, ela é o mode- lo de qualquer comunicação, já que comporta dois aspectos de qualquer processo social: a reacção de adaptação do outro e a antecipação do resultado do acto. A comunicação não verbal comporta-se essencialmente em três categorias: a cinésica, que se relaciona com os gestos, as posturas e os movimentos do corpo, a proxémica, que é a disposição dos objectos num espaço, e como É um facto que um gesto vale mais do que mil palavras, contudo são necessárias mais de mil palavras para abordar um assunto tão amplo que contemple o gesto e o seu possível significado... OPINIÃO Gui Duarte Meira Pestana [email protected] Coordenador e Docente do Curso de Motricidade Humana Instituto Piaget, ISEIT - Mirandela © Adriano Rangel as pessoas se dispõem num determinado lugar e a paralinguagem que se refere ao uso da voz para transmitir as palavras. Mas o que é o gesto? Gesto é o movimento corporal próprio das articulações, principalmente dos movimentos corporais que são realizados com as mãos, braços e cabeça, este gesto é dife- rente do que denominamos gesticulação, já que a gesticulação é um movimento anárquico, artificioso e inexpressivo. Foram identi- ficados e classificados pelos investigadores cinco tipos de gestos: a) gestos simbólicos ou emblemas; b) gestos ilustrativos ou ilustra- dores; c) gestos indicadores do estado emocional; d) gestos regu- ladores da interacção; e) gestos de adaptação ou adaptadores. Os gestos simbólicos ou emblemas, são sinais emitidos inten- cionalmente, o seu significado é específico e muito claro, já que representa uma palavra ou um conjunto de palavras bem conheci- das, como por exemplo, levantar o polegar para cima. Os gestos ilustrativos ou ilustradores ocorrem, durante a co- municação verbal e servem para ilustrar o que se está dizer. Qual- quer tipo de movimento corporal que desempenha um papel auxi- liar na comunicação não verbal, é um ilustrador. Já os gestos indicadores do estado emocional, são semelhan- tes aos ilustradores no sentido em que também acompanha a pa- lavra, mas difere no aspecto que este tipo reflecte o estado emotivo em que se encontra a pessoa. Através deste tipo de gestos expres- sa-se a ansiedade ou a tensão do momento. Gestos reguladores da interacção, são movimentos produzi- dos por quem fala ou por quem ouve com a finalidade de regular as intervenções na interacção. Os gestos reguladores mais frequentes são as inclinações de cabeça e o olhar fixo. Por último, os gestos de adaptação ou adaptadores, são ges- tos utilizados para esconder emoções que não queremos expres- sar. São utilizados quando o nosso estado de ânimo não é compa- tível com a situação interracional. Para Argyle, os gestos da mão, braços, pés e cabeça estão intimamente coordenados com a fala e complementam a comu- nicação verbal, podendo indicar estimulação emocional em geral como estados emocionais específicos. Existem gestos que são universais, como, abraçar, estender a mão para cumprimentar, rosto com um sorriso, triste ou irritado, os gestos acompanham-nos ao longo da vida, por exemplo, quando vemos um jogador de futebol realizar aquele gesto simbólico, co- mo se estivesse embalando uma criança, é claro que todos enten- dem do que se trata. Não há dúvida que existem gestos inatos, gestos que são próprios da sociedade em que nos encontramos, e outros que adoptamos por imitação. Mas nem sempre isto ocorre desta for- ma, existem vários estudos que constatam que os bebés quando nascem, já sorriem, mesmo os bebés que nascem cegos esbo- çam um sorriso que não poderia ser apreendido. Outros gestos e elementos não verbais são culturais, alguns específicos a determi- nadas culturas e outros gerais. Porque, efectivamente, conforme dizem os especialistas, a educação que recebemos é crucial para o nosso comportamento não verbal. A primeira impressão é fundamental em quase todas as nossas relações com os outros. O que uma pessoa transmite num primei- ro encontro origina um ideal que se forma no nosso inconsciente relativamente a essa pessoa. Um breve momento que chega para decidirmos se nos agrada ou não, e se queremos manter uma rela- ção com essa pessoa, porque o modo de cumprimentarmos ou de nos movermos diz tudo acerca de nós. A compreensão dos gestos que nos rodeiam é deveras impor- tante para a actuação profissional, por isso, temos de modificar a forma como analisamos os outros, só assim, os conheceremos na sua verdadeira essência. Gestos e seus significados

Upload: gui-pestana

Post on 11-Aug-2015

51 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Gestos e Seus Significados

a páginada educaçãojulho 2005

contra capa

40

O governo britânico quer prolongar o horário de funcionamento das es-colas públicas do país das 8 horas da manhã às 18 horas para oferecer uma alternativa aos pais que traba-lham até mais tarde e manter os jo-vens fora das ruas.

As autoridades britânicas vão disponibilizar cerca de mil milhões de euros para este programa, que

pretende ser uma resposta a um contexto social em que as famílias monoparentais se multiplicam e on-de a delinquência juvenil atinge ní-veis alarmantes.

Daqui até 2010, as escolas de-verão oferecer o pequeno-almoço pela manhã e proporcionar activida-des desportivas ou artísticas após as aulas, explica o ministério da educa-

ção britânico. Os sindicatos de pro-fessores e de funcionários apoiaram a medida, à semelhança dos parti-dos conservador e liberal-democra-ta, temendo, porém, que as verbas prometidas pelo governo sejam in-suficientes.

Fonte: AFP

EDUCAÇÃO SOCIAL

Escolas prolongam horário de funcionamento na Grã-Bretanha

No nosso dia a dia respondemos, como refere Sapir, aos gestos com uma extrema vivacida-de, segundo um código elaborado e secreto que não está escrito em parte alguma e que não é conhecido por ninguém mas é compreendido por todos. Partilhando a opinião de George Her-bert Mead, a conversação por gestos está na origem de qualquer linguagem, ela é o mode-lo de qualquer comunicação, já que comporta dois aspectos de qualquer processo social: a reacção de adaptação do outro e a antecipação do resultado do acto.

A comunicação não verbal comporta-se essencialmente em três categorias: a cinésica, que se relaciona com os gestos, as posturas e os movimentos do corpo, a proxémica, que é a disposição dos objectos num espaço, e como

É um facto que um gesto vale mais do que mil palavras, contudo são necessárias mais de mil palavras para abordar um assunto tão amplo que contemple o gesto e o seu possível significado...

OPINIÃOGui Duarte Meira

[email protected]

Coordenador

e Docente do Curso de

Motricidade Humana

Instituto Piaget,

ISEIT - Mirandela

© Adriano Rangel

as pessoas se dispõem num determinado lugar e a paralinguagem que se refere ao uso da voz para transmitir as palavras.

Mas o que é o gesto? Gesto é o movimento corporal próprio das articulações, principalmente dos movimentos corporais que são realizados com as mãos, braços e cabeça, este gesto é dife-rente do que denominamos gesticulação, já que a gesticulação é um movimento anárquico, artificioso e inexpressivo. Foram identi-ficados e classificados pelos investigadores cinco tipos de gestos: a) gestos simbólicos ou emblemas; b) gestos ilustrativos ou ilustra-dores; c) gestos indicadores do estado emocional; d) gestos regu-ladores da interacção; e) gestos de adaptação ou adaptadores.

Os gestos simbólicos ou emblemas, são sinais emitidos inten-cionalmente, o seu significado é específico e muito claro, já que representa uma palavra ou um conjunto de palavras bem conheci-das, como por exemplo, levantar o polegar para cima.

Os gestos ilustrativos ou ilustradores ocorrem, durante a co-municação verbal e servem para ilustrar o que se está dizer. Qual-quer tipo de movimento corporal que desempenha um papel auxi-liar na comunicação não verbal, é um ilustrador.

Já os gestos indicadores do estado emocional, são semelhan-tes aos ilustradores no sentido em que também acompanha a pa-lavra, mas difere no aspecto que este tipo reflecte o estado emotivo em que se encontra a pessoa. Através deste tipo de gestos expres-sa-se a ansiedade ou a tensão do momento.

Gestos reguladores da interacção, são movimentos produzi-dos por quem fala ou por quem ouve com a finalidade de regular as intervenções na interacção. Os gestos reguladores mais frequentes são as inclinações de cabeça e o olhar fixo.

Por último, os gestos de adaptação ou adaptadores, são ges-tos utilizados para esconder emoções que não queremos expres-sar. São utilizados quando o nosso estado de ânimo não é compa-tível com a situação interracional.

Para Argyle, os gestos da mão, braços, pés e cabeça estão intimamente coordenados com a fala e complementam a comu-nicação verbal, podendo indicar estimulação emocional em geral como estados emocionais específicos.

Existem gestos que são universais, como, abraçar, estender a mão para cumprimentar, rosto com um sorriso, triste ou irritado, os gestos acompanham-nos ao longo da vida, por exemplo, quando vemos um jogador de futebol realizar aquele gesto simbólico, co-mo se estivesse embalando uma criança, é claro que todos enten-dem do que se trata.

Não há dúvida que existem gestos inatos, gestos que são próprios da sociedade em que nos encontramos, e outros que adoptamos por imitação. Mas nem sempre isto ocorre desta for-ma, existem vários estudos que constatam que os bebés quando

nascem, já sorriem, mesmo os bebés que nascem cegos esbo-çam um sorriso que não poderia ser apreendido. Outros gestos e elementos não verbais são culturais, alguns específicos a determi-nadas culturas e outros gerais. Porque, efectivamente, conforme dizem os especialistas, a educação que recebemos é crucial para o nosso comportamento não verbal.

A primeira impressão é fundamental em quase todas as nossas relações com os outros. O que uma pessoa transmite num primei-ro encontro origina um ideal que se forma no nosso inconsciente relativamente a essa pessoa. Um breve momento que chega para decidirmos se nos agrada ou não, e se queremos manter uma rela-ção com essa pessoa, porque o modo de cumprimentarmos ou de nos movermos diz tudo acerca de nós.

A compreensão dos gestos que nos rodeiam é deveras impor-tante para a actuação profissional, por isso, temos de modificar a forma como analisamos os outros, só assim, os conheceremos na sua verdadeira essência.

Ges

tos

e se

us

sign

ifica

dos