gestão da assistência farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. esse...

30
Gestão da Assistência Farmacêutica Módulo 3: Políticas de saúde e acesso a medicamentos UnA-SUS Especialização a distância

Upload: others

Post on 14-Jul-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

TEXTO CONTRACAPA

UnA-SUSM

ódulo 3: Políticas de saúde e acesso a medicam

entos

Gestão da AssistênciaFarmacêutica

Módulo 3: Políticas de

saúde e acesso a medicamentos

UnA-SUS

Especialização a distância

Page 2: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Estado E cidadania

Módulo 3

Florianópolis Universidade Federal de Santa Catarina

2011

Page 3: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

GOVERNO FEDERALPresidente da República Dilma Vana Rousseff Ministro da Saúde Alexandre Rocha Santos PadilhaSecretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) Milton de Arruda MartinsDiretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES/SGTES) Sigisfredo Luis BrenelliSecretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) Carlos Augusto Grabois Gadelha Diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF/SCTIE) José Miguel do Nascimento JúniorResponsável Técnico pelo Projeto UnA-SUS Francisco Eduardo de Campos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAReitor Álvaro Toubes Prata Vice-Reitor Carlos Alberto Justo da Silva Pró-Reitora de Pós-Graduação Maria Lúcia de Barros Camargo Pró-Reitora de Pesquisa e Extensão Débora Peres Menezes

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDEDiretora Kenya Schmidt Reibnitz Vice-Diretor Arício Treitinger

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICASChefe do Departamento Rosane Maria BudalSubchefe do Departamento Flávio Henrique ReginattoCoordenadora do Curso Mareni Rocha Farias

COORDENAÇÃO DO PROJETO JUNTO AO MINISTÉRIO DA SAÚDECoordenador Geral Carlos Alberto Justo da SilvaCoordenadora Executiva Kenya Schmidt Reibnitz

COMISSÃO GESTORACoordenadora do Curso Mareni Rocha FariasCoordenadora Pedagógica Eliana Elisabeth DiehlCoordenadora de Tutoria Rosana Isabel dos SantosCoordenadora de Regionalização Silvana Nair LeiteCoordenador do Trabalho de Conclusão de Curso Luciano Soares

EQUIPE EaDAlexandre Luiz PereiraBernd Heinrich StorbFabíola BagatiniFernanda ManziniGelso Luiz Borba JuniorGuilherme Daniel PupoMarcelo CampeseBlenda de Campos Rodrigues (Assessora Técnico-Pedagógica em EaD)

AUTORESMarco Aurélio Da RosRosana Isabel dos Santos

Page 4: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

© 2011. Todos os direitos de reprodução são reservados à Universidade Federal de Santa Catarina. Somente será permitida a reprodução parcial ou total desta publicação, desde que citada a fonte.

Edição, distribuição e informações:Universidade Federal de Santa CatarinaCampus Universitário 88040-900 Trindade – Florianópolis - SCDisponível em: www.unasus.ufsc.br

EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIALCoordenação Geral da Equipe Eleonora Milano Falcão Vieira e Marialice de MoraesCoordenação de Design Instrucional Andreia Mara FialaDesign Instrucional Equipe Necont Revisão Textual Judith Terezinha Muller LohnCoordenadora de Produção Giovana SchuelterDesign Gráfico Patrícia Cella Azzolini Ilustrações Felipe Augusto FrankeDesign de Capa André Rodrigues da Silva, Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann Paschoal Projeto Editorial André Rodrigues da Silva, Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann Paschoal Ilustração Capa Ivan Jerônimo Iguti da Silva

Page 5: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

SUMÁRIO

unidade 2 - estado e cidadania ................................................. 7Lição 1 − A saúde como direito e fator estratégico para o

desenvolvimento econômico no Estado Moderno .................. 9Lição 2 − Modelos de proteção social ................................................ 12Lição 3 – Sistemas de saúde e SUS ................................................. 17

RefeRências ......................................................................... 28

Page 6: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Unidade 2

Módulo 3

Page 7: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Unidade 2 - Estado e cidadania 7

UNIDADE 2 − ESTADO E CIDADANIA

Ementa da Unidade

• AquestãodasaúdenoEstadoModerno.

• Modelosdeproteçãosocial.

• Modelosdesistemasdesaúde.

Carga horária da unidade: 5 horas.

Objetivos específicos de aprendizagem

• Compreenderoprocessonoqual a saúdepassouaconstituirumdosdireitos sociais nas sociedadesocidentais,bemcomoo reconhecimento da saúde das populações, particulamenteas produtivas, como elemento necessário ao desenvolvimentoeconômico.

• Compreender e reconhecer as relações entre os modelos deproteçãosocialeosdireitossociais,particularmentenoqueserefereàsaúde.

• Estabelecer relações entre os modelos de proteção social,o financiamento destinado à saúde e os serviços e produtosdisponibilizados.

• Reconhecer diferentes arranjos dos serviços de saúde nacomposiçãodossistemasdesaúde.

Apresentação

Caroespecializando,

“Asaúdeéumdireitofundamentaldoserhumano,devendooEstadoproverascondiçõesindispensáveisaoseuplenoexercício”.

Comessaafirmação,presentenachamadaLeiOrgânicadaSaúde,tambémconhecidacomoLein.8.080/1990,iniciamosaapresentaçãodaunidade“Estadoecidadania”avocê.EssaleiéfrutodeanosdelutasemarcaoiníciodaregulamentaçãodoSUS,oqualconferiuumnovoposicionamentodoEstadoparacomasociedadebrasileira.

Page 8: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Da Ros e Santos Políticas de saúde e acesso a medicamentos8

A discussão conceitual de saúde, vista na unidade “Diferentesconcepçõessobresaúdeesuainfluêncianaspráticasdesaúde”,éfundamentalparaodelineamentodaspráticas,opontodepartidapara estruturação dos serviços. Entretanto, por mais perfeita queelaseja,semumarcabouço legal,a teorianão incidiránamelhoradas condições de vida de uma população. O arcabouço legal écompreendidopelasleiseregulamentaçõesquedeterminamodireitodas pessoas à saúde, a extensão desse direito (quem, quando,como)ecomqualfinanciamento.

Ao processo no qual as ideias e os valores são transformadosem direitos garantidos por lei, chama-se de positivação dosdireitos.Particularmente,noquedizrespeitoaosdireitossociais,aconcepçãodecidadania -suaconstrução,suaabrangênciaeseureconhecimentopelasociedade-éfundamental.

Tendo-seumateoriaeoarcabouçolegal,oquefalta?Quesecumpraalei,pelaexecuçãodeaçõeseaimplementaçãodeserviços.Nãodequalquerforma,mascomumadeterminadacoerência(afinal,éparaissoqueservea teoria!).Quando issoocorre,osserviçospassamaserorganizadoseestruturados.Teoria, legislaçãoeorganização/estruturaçãodosserviçosformamumtripésobreoqualsesustentaodireitoàsaúde.Eéistoquevamosestudarnestaunidade,comoesse“tripé”foisendomontado.

Conteudistas responsáveis:

MarcoAurélioDaRosRosanaIsabeldosSantos

Conteudista de referência:

MartaVerdi

Conteudistas de gestão:

SilvanaNairLeiteMariadoCarmoLessaGuimarães

Page 9: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Unidade 2 - Estado e cidadania 9

ENTRANDO NO ASSUNTO

Lição 1 - A saúde como direito e fator estratégico para o desenvolvimento econômico no Estado Moderno

O direito à saúde não existe desde sempre, nem tampouco emtodasassociedades.Nestalição,vocêiráacompanharoprocessopelo qual esse direito foi conquistado nas sociedades ocidentais.Verá também que o reconhecimento da saúde das populações,particularmenteasprodutivas,éconsideradoumelementonecessárioaodesenvolvimentoeconômico.

Historicamente, o direito à saúde é produto de dois movimentos,eticamente distintos. O primeiro, parte do Estado ao reconhecer aimportânciade terumapopulaçãosaudável.Osegundo,apoia-senadefesada justiçasocial.Essesdoismovimentossãoosmesmosqueconvergiramparafundamentaraconcepção social dasaúde,sobreaqual foitratadonaUnidade1doMódulo3.Afinal,odireitoàsaúdeéconsequênciadessaconcepção.

Recapitule esse assunto, observando como os direitos foram seconsolidandoduranteoprocesso.Acompanhenafiguraaseguir:

Liberalismo

Socialismo

CONCEPÇÃO SOCIAL DE SAÚDE

Justiça socialFortalecimento do estado

Mercantilismoséculo XV

Industrialização/capitalismoséculo XVIII

Movimentos operáriosséculo XIX

Primeira geraçãoDireitos civis e políticos

Segunda geraçãoDireitos sociais

Terceira GeraçãoDireitos coletivos

Quarta GeraçãoDireitos em prol da humanidade

Figura 1 – Esquema ilustrativo das justificativas subjacentes à concepção social da saúde que contribuíram para

a efetivação do direito à saúde.

Page 10: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Da Ros e Santos Políticas de saúde e acesso a medicamentos10

Aprimeirajustificativaparaaaçãogovernamentalemproldapopulaçãosurgiucomomercantilismo,apartirdoséculoXV,comoestratégiadefortalecimentodoEstado-populaçãonumerosaeforte, inicialmente,comosinônimodeEstadoforte.Omercantilismo,servindo-sedosistemacolonialista,tambémfoiomecanismoquepossibilitouaacumulaçãoderiquezasparaasmetrópoles,particularmenteaInglaterra.Essariquezafinanciouodesenvolvimento industrial que, alémde investimentosfinanceiros, impôs um sistema filosófico-político-econômico – oliberalismo. Esse sistema caracterizou-se, entre outras coisas, peladefesadoindividualismoacimadocoletivo,daliberdadecomodireitoegarantiacontraa intromissãodogovernonavidados indivíduoseda propriedade privada. Sob essa influência a liberdade como valorsupremoforamestabelecidososprimeirosdireitosdohomem,porisso,chamadosdireitos de primeira geração:osdireitoscivisepolíticos,muito embora tais direitos, inicialmente, só fossem assegurados ahomens,enãoàsmulheres,quepossuíssemdeterminadarenda.

Políticos - referem-se à participação de cada indivíduo no processo político. Direito ao voto e a ser votado.

Civis - liberdade individual, liberdade de palavra, pensamentoe fé, liberdade de ir e vir, o direito à propriedade, o direito de

contrair contratos válidos e o direito à justiça.

Direitos deprimeirageração

Figura 2 – Direitos de primeira geração.

Odesenvolvimentoindustrialeofortalecimentodocapitalismoforamcruéis com os trabalhadores1,motivando-osaseorganizarem,apartirdoséculoXIX,para reivindicar, inicialmente,odireitoaovotomasculino e, posteriormente, à participação política, por meio daformação de partidos operários. Foi nesse período que surgiramas ideias socialistas e, no bojo delas, a concepção da medicinasocial,justificadaporanseiosdejustiçasocial.Foitambémsobessainfluênciaquesurgiramosdireitos de segunda geração,vinculadosaovalordaigualdade,comoosdireitoseconômicos,sociais(dentreosquaisseencontraodireitoàsaúde)eculturais.

Uma sociedade igualitária, entretanto, exige uma terceira geração dedireitos, baseados na solidariedade, completando, assim, a tríade devalores exaltados pela Revolução Francesa: liberdade, igualdade efraternidade. Os direitos de terceira geração surgiram a partir doséculoXX,sendochamadosde“coletivos”,garantidosatodoequalquermembrodeummesmogrupo(porexemplo:direitodosprofessorese

Jornadas de trabalho de mais de 12 horas em

fábricas insalubres, salários muito baixos, principalmente para as crianças e mulheres,

sem qualquer segurança ou assistência em relação à

doenças, acidentes e velhice.

1

Page 11: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Unidade 2 - Estado e cidadania 11

dosmineiros);e“difusos”,osquais,paraqueumindivíduotenhadireito,éprecisoquetodosotenham(porexemplo:direitoarespirararpuroeaviverempaz).Maisrecentemente,apartirdofinaldoséculoXX,passou-seafalartambémdosdireitos de quarta geração,emrespostaaosproblemastrazidosàhumanidadeporinovaçõestecnológicas.Decorremdacompreensãodequeasobrevivênciadoplanetarequerumanovadiscussãodaéticaedamoralidadecomoprincípiosnorteadoresdavidaem sociedade, como, por exemplo, na questão damanipulação dosrecursosdabiodiversidadeoudogenomahumano.

Esse“desenrolar”histórico-político-jurídicoquegravitaemtornododireitoàsaúde,entretanto,nãotemsidotãolinearquantooesquemadaFigura1podesugerir.Duranteessepercurso,correntesliberaistêmseantagonizadoe,comfrequência,prevalecidofrenteàssocialistas.Oriscoqueissorepresentaéqueoliberalismoameaça os direitos conquistados2 por defender a absoluta liberdade de mercadoe restringir ao máximo a intervenção estatal sobre as questõessociais e a economia. É aoque temosassistido, desde adécadade1980,como retornodaversãocontemporâneado liberalismo,o neoliberalismo3. Cabe assinalar que, embora o neoliberalismoapregoeamínimaparticipaçãoestatalemquestõescomoasaúdee a educação, exige a intervenção estatal no financiamento dosetor privado, bemcomona soluçãode suas crises, como vimosrecentementenocasonorteamericano.

Se até do ponto de vista econômico a não intervenção do Estado é

questionada, imagine então do ponto de vista social. Qual o impacto de

tais medidas na saúde das populações? Melhora alguma coisa?

Reflexão

Atéhoje,ospaísesquemelhorresponderamaessequestionamento,ofizeramcombinandoofinanciamentoEstatalparatodosossetores.

Umsistemapúblicodesaúdeuniversaleequânime,emconjuntocomgeraçãodeempregos,acessoàeducaçãodequalidade,aumentodarendamédia,permiteaformaçãodeumasociedadecommaiorautoestima.Porsuavez,oestímuloaoconsumogeradinamicidadena economia, inclusão de setores antes à margem do modelocapitalistahegemônico,aumentandoaproduçãoeaarrecadação,oquepossibilitamaiorinvestimentoempolíticassociais.Issonãoéneoliberalismo,emboracontinuesendocapitalismo.

Políticas restritivas, cassação de direitos sociais, corte de recursos para as aposentadorias e redução de salários. Algumas dessas medidas foram aplicadas na Itália, Grécia, França ou Irlanda, com o objetivo de melhorar o desempenho econômico dos bancos.

2

Nessa concepção, o capitalismo entende que não deve fazer políticas sociais; que os sindicatos perturbam a boa ordem econômica; que direitos geram despesas e isso acaba inviabilizando o pleno desenvolvimento do capitalismo; e que é saudável a desigualdade social.

3

Page 12: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Da Ros e Santos Políticas de saúde e acesso a medicamentos12

Historicamente, países como o Canadá, a Inglaterra, a França eos países nórdicos investirammaciçamente em sistemas públicosde saúde, baseados na organização a partir da atenção básica,constituindo-se fator preponderante para seu desenvolvimentohumano, social e econômico. Os gastos em saúde não foramconsideradosdespesaesiminvestimento.

Deve-se também estar atento para outra faceta da disputa entre aspropostasneoliberaiseassocialistas.Omodeloeconômicoprevalentesempreprocurarámanterumaorganizaçãosocialeestatalquegarantaasuacontinuidade.Emalgumasocasiõesapelaráparacoerção,noutrasparaalegitimação.Colaboramparaissoomodeloeducativo,amídia,ascrenças,acultura,naturalizandoarelaçãoeconômica.Oexemplodissoéanaturalizaçãoqueamídiatentafazeremrelaçãoaopodernefastodasorganizaçõessociaisedasdespesascompolíticassociais.

Discutirsaúdecomodireitoéumposicionamentopolítico.Erepare:não estamos falando de política partidária. Entende-se saúdecomo mola propulsora da humanidade e, como consequência,como sendo um fator estratégico para o desenvolvimento de umEstadomoderno.Oconceito inicialdepercepçãodasaúde,comodeterminada socialmente, faz a volta e mostra como a saúdedeterminadialeticamenteodesenvolvimentoeconômico-social.

Você pode conhecer mais sobre esse assunto acessando a Biblioteca da

unidade, no AVEA. Lá você encontrará o “Manual de direito sanitário”,

com enfoque na vigilância em saúde, publicado pelo Ministério da Saúde

e Secretaria de Vigilância em Saúde.

Ambiente Virtual

Lição 2 - Modelos de proteção social

Paradarandamentoaosseusestudos,nestaliçãovocêcompreenderáepoderáreconhecerasrelaçõesentreosmodelosdeproteçãosocialeosdireitossociais,particularmentenoqueserefereàsaúde.Irá,também,estabelecernexosentreosmodelosdeproteçãosocial,ofinanciamentodestinadoàsaúde,osserviçoseosprodutosdisponibilizados.

Page 13: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Unidade 2 - Estado e cidadania 13

Asdoenças,osacidentes,avelhicesãoexemplosdesituaçõesaquetodosnósestamossujeitosequesecaracterizampelanecessidadedeproteçãoaosujeitoafetado.Cadasociedadeseorganizadeumaformaparafornecertalproteção:podeseconstituiremobrigaçãodafamíliaoudogruposocial,comonocasodassociedadestradicionais;ouser responsabilidadedoEstado,comonasociedademoderna.Qualquerquesejaaforma,elapodeserconsideradaumsistemadeproteçãosocial.

Nonossocaso,emqueoEstadotemessaresponsabilidade,osistemadeproteçãosocialseefetivaatravésdeinstituiçõesespecializadas.Sua origem está em formas de proteção caritativa aos pobres,nãonecessariamenteexecutadaspeloEstado.Suas feiçõesatuaisforamsendomodeladaspelosconflitossociaisocorridos,apartirdemeadosdoséculoXIX,quandonasceramasideias socialistas,asquaispromoveramoreconhecimentodosdireitossociais.NoséculoXX,logoapósaIIGuerraMundial,surgiu,naEuropa,oconceitodeEstado de bem-estar social ou Estado-providência pelo qualo Estado deveria garantir, direta ou indiretamente - nesse caso,mediante seu poder de regulamentação sobre a sociedade civil -umconjuntodebense serviços, dentreosquais a educaçãoe aproteçãosocial(assistênciamédica,auxíliodesempregoetc),atodoindivíduo,doseunascimentoàsuamorte.

Durante esseprocesso foi geradoo conceitodecidadania comosendooconjuntodedireitosatribuídosaoindivíduofrenteaoEstado.Se há, por parte do Estado, o reconhecimento de tais direitos,a resposta ou a efetivação dos mesmos dar-se-á por meio dePolíticas Públicas.AdotamosaquiadefiniçãodePolíticasPúblicasapresentada pelo Professor DiGiovanni, sociólogo e professor doInstitutodeEconomiadaUnicamp,emseublog“GeraDiGiovanni.Sociologia,Crítica social,Comentários eReflexões”: intervenções planejadas do poder públicocomafinalidadederesolversituaçõesproblemáticas,quesejamsocialmente relevantes.

Link

Você pode acessar o texto Políticas públicas e política social no endereço:

http://geradigiovanni.blogspot.com/2008/08/polticas-pblicas-e-poltica-

social.html

Page 14: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Da Ros e Santos Políticas de saúde e acesso a medicamentos14

Emoutraspalavras,aspolíticas públicassãorespostas técnicas e políticas do Estado frente a problemas da sociedade.Essasrespostaspodemounãoseracompanhadasdaexplicitaçãoescritadasuaintencionalidade,dasdiretrizesgeraisedosobjetivos,comonocasosda“PolíticadeSaúdeMental”oudaPolíticaNacionaldeMedicamentos”.Emboraaformulaçãoescrita,quandoaprovadaporinstituiçõessuperiorescomooMinistériodaSaúdeouoConselhoNacionaldeSaúde,sirvacomoumdocumento-referênciaelegal,écomainstitucionalizaçãodasaçõesqueseconcretizaumaPolítica.Paraqueissoocorra,énecessário,emprimeirolugar,queoEstadonãoapenasreconheçaaexistênciadetaisproblemas,comotambémos inclua em sua agenda de prioridades. Nesse sentido, quantomaisdemocráticooEstadoequantomaismobilizadaasociedade,maioresserãoaschancesdereconhecimentodasdemandassociais.Aindaéprecisoconsideraracapacidadeoperacional,osrecursoseagovernabilidadedoEstadoparaagir.

Dentre as políticas públicas, há aquelas cujo objetivo volta-se para o campo da proteção social.Nessecaso,elassãochamadasde políticas sociais. É importante observar que, na prática, emboraas políticas possam ser classificadas em função do seucampo de decisões(economia,educação,saúde,meioambienteetc),precisamoscompreendê-las em função de seus objetivos. Assim, é possívelqueumapolíticaeconômicaproduzaefeitossociaisevice-versa.Porexemplo,políticaseconômicasque impactemsobreocustodevidarefletem diretamente sobre questões sociais, já políticas sociais queproduzamtransferênciaderendaampliamacapacidadedecompradegrandessegmentosdapopulação,estimulandoaeconomia.

Resumindo, as políticas públicas/sociais são decorrentes de um“balanço” entre aquilo que de a sociedade necessita ou deseja eascaracterísticasdoEstadoestabelecido,maisoumenoscomonarepresentaçãopresentenaFigura3.

Page 15: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Unidade 2 - Estado e cidadania 15

Necessidades e demandas

Capacidade de reivindicação e articulação Capacidade

técnico-operacional

Capacidade de reconhecer

necessidades sociais

Vontade política de

responder às necessidades

sociais

Capacidade de financiamento

Figura 3 -Ilustração dos elementos que “pesam” na determinação das políticas sociais.

Entretanto, os valores ético-morais prevalentes em cada sociedadeconferemdiferentesconotaçõesàcidadaniaesetraduzememdistintaspolíticaspúblicas.Porexemplo,sociedadesmuitoindividualistas,nasquaisaspolíticassociaisaindasevinculamàconotaçãocaritativa(emtodaasuaperversidade),aefetivaçãodosdireitospodemnãopassardaadoçãode“pacotesmínimos”,destinadosaosgruposmaisvulneráveis(idosos, gestantes etc). Sociedades em que o espírito solidárioprevalece,serámaiscomumquesereconheçamosdireitosaamplascamadasoumesmoatodapopulação.Umatendênciamaisrecente,emsociedadesaltamenteconsumistasetambémindividualistas,éasubstituiçãodosdireitossociaispelosdireitosdoconsumidor.Observeadiferençaradicalentreosdoisposicionamentos:

Page 16: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Da Ros e Santos Políticas de saúde e acesso a medicamentos16

• osdireitossociaissãoosquegarantembens sociais-educação,saúde,qualidadedevida-atodoequalquerindivíduo;vinculam-seàconcepçãodeigualdadesocial.

• Osdireitosdoconsumidorsãoprivativosdosujeitoquepagouporumbem de consumo.

Colocarsaúdeeeducaçãocomobemdeconsumosignificalimitá-lasaquempuderpagarporelas.Portanto,quemnãotemdinheiro,nãoéconsumidor,etambémestaráexcluídododireito.

Emfunçãodessaspossibilidades,Fleury(1997)identificatrêsmodelosdeproteçãosocial-aassistênciasocial,osegurosocialeaseguridadesocial – cada qual resultante de uma concepção de Estado e,consequentemente,deumadiferenteinterpretaçãodosdireitossociais.

Modelos de PRoteção social

Assistência Social Seguro Social Seguridade Social

inteRPRetação dos diReitos sociais

ResidualA solução das necessidades sociais ocorre a partir das

possibilidades do mercado.A política social tem somente um caráter

compensatório, emergencial ou transitório. Está

orientada para aqueles que fracassaram na tentativa de solucionar suas demandas no próprio mercado. Com

isso, desqualifica e penaliza os usuários dos serviços

sociais.

Meritocrático-particularista

O benefício ocorre como forma suplementar aos ganhos do trabalhador, em situações especiais

(doença, invalidez, aposentadoria etc).A política social age

como um mecanismo de preservação do

status perdido, quando o trabalhador se encontra nas situações especiais.

Institucional redistributivo

Fundamenta-se na defesa da ação institucional, de caráter público,

contemplando a garantia de bens, serviços e renda

mínima a todos os cidadãos.

PaPel do estado (PosicionaMento

Político PRevalente)

Liberal O mercado é o canal

natural de satisfação das demandas sociais, de

acordo com os interesses e a capacidade de

pagamento.Valores dominantes:

liberdade, individualismo, igualdade de

oportunidades.

Conservador O Estado sanciona o contrato, semelhante

ao seguro privado, entre empregado e empregador para a

obtenção dos benefícios que serão proporcionais

às contribuições. Valores dominantes:

solidariedade e meritocracia corporativas.

Social-DemocrataO Estado é o principal

responsável pela administração e pelo

financiamento do sistema.Valor: justiça distributiva.

Benefícios segundo a necessidade.

tiPo de cidadania Invertida Regulada Universal

Quadro 1 - Modelos de proteção social (posicionamento quanto aos direitos sociais e ao papel do Estado) e

correspondência com o tipo de cidadania.

Fonte: Estado sin ciudadanos. Seguridad social en America Latina - Fleury, 1997.

Page 17: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Unidade 2 - Estado e cidadania 17

Embora assim classificados para fins de estudo e análise, emumamesma sociedade podemos ter uma combinaçãodos váriosmodelos,mesmoqueumdelespredomine.Nessesentido,tomandooBrasilcomoexemplo,temos,emnossaConstituição,agarantiada“seguridadesocial”(universalidade),emrelaçãoàsaúde.Entretanto,muitaspolíticassociais,inclusiveparaasaúde,aindasãoestabelecidascombasenaconcepçãoda“assistênciasocial”(“pacotesmínimos”aosmais necessitados). Aomesmo tempo, amodalidade “segurosocial”éaqueprevaleceparaasaposentadorias.

Link

Assista a um vídeo do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES)

sobre seguridade social, disponibilizado em:

http://www.cebes.org.br/internaEditoria.asp?idConteudo=121&idSubC

ategoria=37

Você pode conhecer mais sobre esse assunto acessando a Biblioteca

da unidade, no AVEA, para ler o texto: “Ensaio histórico-conceitual sobre

a Atenção Primária à Saúde: desafios para a organização de serviços

básicos e da Estratégia Saúde da Família em centros urbanos no Brasil”,

publicado por Conill no periódico Caderno de Saúde Pública.

Ambiente Virtual

Lição 3 - Sistemas de saúde e SUS

Para esta última lição, o seu objetivo de aprendizagem deveráser reconhecer os diferentes arranjos dos serviços de saúde nacomposiçãodossistemasdesaúde,assimcomo,reconheceroSUScomoprocesso histórico em constante construção e em conexãocomasformasdeorganizaçãoemobilizaçãodasociedade.

Sistemas (de serviços) de saúde

Em função das concepções de cidadania, as políticas sociaisadotadas pelos diferentes países resultaram emdiferentes arranjosdedireitos,modode financiamentoeorganizaçãodos serviçosde

Page 18: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Da Ros e Santos Políticas de saúde e acesso a medicamentos18

saúde,configurandoosdiversossistemasdesaúdeousistemasdeserviçosdesaúde.OssistemasdesaúdeforamsendoimplementadosapartirdofinaldoséculoXIX.Mais recentemente, invariavelmentetodos os países que já contam com seus sistemas de saúde têmse visto pressionados pelo neoliberalismo para realizarem cortesno financiamento da saúde, o que, fatalmente, está provocando areformaemmuitosdeles.

Aqui nos limitaremos a apresentar os modelos “clássicos”, quecaracterizaramosprimeirossistemasdesaúde,conformeMendes(1999).

Modelo BeveRidge ou sisteMa nacional

de saúde

Modelo BisMaRck ou sisteMa de seguRida-

de social

Modelo seMashko ou sisteMa centRa-

lizado

Modelo seguRo social

Modelo canadense

Modelo cePalino* ou de RefoRMa setoRial **

Dinarmarca, Finlândia, Suécia, Noruega e Reino

Unido

Alemanha, Bélgica, Holanda e França

Países do Leste Europeu, pertencentes ao Bloco Socialista

Estados Unidos da América

Província de Québec, no Canadá

América Latina e Caribe

Início na década de 1940

Início na década de 1880

Inicío na década de 1920

1935A partir da década de

1940A partir da década de

1950

Financiamento público, por meio de

impostos.

Financiado por quotas obrigatórias,

pagas por empresários e trabalhadores.

Financiamento Estatal.

Financiamento individual ou

coletivo (famílias ou empresas).

Financiamento público, com o custo de certos

serviços custeados pelo cidadão (taxas

sobre medicamentos, atenção odontológica,

oftalmológica e próteses).

Financiamento público para grupos excluídos socialmente; incentivo aos seguros individuais ou empresariais; Estado mais como regulador do

que executor.

Universalidade do acesso.

Relações contratuais fixadas mediante

negociações coletivas bilaterais.

Universalidade do acesso.

Acesso a quem paga.

Universalidade do acesso.

“Cestas básica de serviços”, baseadas nos

perfis epidemiológico e ofertadas a toda a

população, por meio de programas e ações de

saúde.

Provisão dos serviços, mix

público/ privado.

Contratação de prestadores pelos

fundos públicos por meio de orçamento

global ou pagamento por atos médicos.

Prestação dos serviços por entes

estatais.

Prestação privada com vistas à lucratividade.

Serviços públicos, orientados pela integralidade da

atenção.

Mix público/ privado, regulado pelo Estado.

Gestão pública/controle parlamentar.

Gestão dos recursos financeiros por

fundos públicos.

Controle governamental

mediante planejamento centralizado.

O mercado se autorregula.

Gestão pública.Gestão pública,

descentralizada, com a participação social.

* Em referência à sigla CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), criada em 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo

de incentivar a cooperação econômica entre os seus membros.

** A reforma do setor saúde é um dos componentes da reforma do Estado.

Quadro 2 - Modelos de sistemas de saúde.

Fonte: Uma agenda para a saúde - Mendes, 1999.

Page 19: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Unidade 2 - Estado e cidadania 19

Sistema Único de Saúde - SUS

O SUS tem uma história riquíssima. Com uma implantação aindaparcial, é um sistema de grande sucesso e impacto, emboranossa mídia, dentro da lógica neoliberal, tente “desconhecer” oudescaracterizaroquetemsidofeito.

Você pode ler mais a respeito desse assunto, nos textos disponíveis na

Biblioteca da unidade, no AVEA:

- Folder SUS 20 anos;

- Painel de indicadores do SUS nº 3 – Panorâmico.

Ambiente Virtual

Mas,apesardosavançosnoSUS,aindahámuitosproblemasemrelação a financiamento, gestão, modelo, formação de recursoshumanos...parailustraralguns.Algumascoisassóexistemnopapelenapráticanãoandam.Porém,osetorprivadotambémapresentaproblemas:atendeaproximadamente25%dapopulaçãobrasileiraeograudesatisfaçãodessesusuáriosencontra-semuitoabaixodoSUS,comaprovaçãomenorque50%.

Ainda sobre o setor privado de saúde, é preciso destacar que amarcaçãodeconsultasespecializadaspodetermaisde6mesesdeespera,negaçãodeprocedimentoscirúrgicos,negaçãodeprótesesmodernas.Ainiciativaprivadanãofazatençãobásica(genericamentefalando),nãofazpromoçãodesaúde,utilizaosistemapúblicoparabuscademedicamentos,hospitalizaçõesdealtocusto(hemodiáliseseprocedimentosoncoterápicos),não fazvigilânciasanitárianemaepidemiológicaegozadosilêncioconiventedamídia.Poisbem,nãonoscompeteverificarasmazelasdosetorprivado,massimenfatizarummodeloquenossoscursosdegraduaçãonaáreadasaúdenãodãoadevidaênfase.

Page 20: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Da Ros e Santos Políticas de saúde e acesso a medicamentos20

Com raras exceções, o modelo hegemônico biomédico/neoliberal é

quem faz a formação dos profissionais de nossas faculdades, inclusive

e principalmente nas públicas.

Queremos mostrar o SUS que dá certo, que faz coisas muito boas e que

se originou com um sonho de um grupo que ousou sonhar em tempos

muito duros, de ditadura militar, onde se ia para a cadeia por acreditar

num sistema público de saúde.

Paradiscutiraprimeiraparte, temosque refletirumpoucosobreaáreaestratégicadasaúde.OSUSfoiumaconcepçãodeumgrupoqueousousonharemtemposmuitoduros,deditaduramilitar,quandoseiaparaacadeiaporacreditarnumsistemapúblicodesaúde.Essegrupo era conhecido comoMovimento pela Reforma Sanitária4.Ou seja, ao invés de rediscutir essa história, que já foi contada, éimportante entender melhor essa coisa de lutar por um sonho,independentementedeseépossível agora,ounão,masnãoabrirmãodele.Istonosleva,então,aumaconcepçãodeplanejamento.

Sérgio Arouca, um dos grandes líderes da Reforma Sanitária, emsuasaulasdeplanejamentonaENSP-Fiocruz,costumavausarumexemploparapensarasualógica,baseadonahistóriadeAlicenopaísdasmaravilhas,livrodeLewisCaroll,jáabordadanaunidade1doMódulo5-Gestãodaassistênciafarmacêutica.

Alice, com tamanho reduzido, entra no oco de uma árvore atrás de um

coelho e cai num mundo absurdo. Perde-se do coelho e, quando não

sabe mais o que fazer, fica no alto de uma colina olhando os diversos

caminhos que se podia vislumbrar dali. Nesse momento materializa-se

sobre uma árvore um grande gato listrado. Alice pergunta “Seu gato,

que caminho eu devo tomar?”; o gato pergunta em contrapartida “Onde

queres ir, menina?”; Alice responde “Eu não sei...”; então o gato conclui

“Então pegues qualquer caminho... Não vais chegar nunca!”.

Reflexão

Amoraldessahistóriaéque,senãosabemosqualimagem-objetivotemos e aonde queremos chegar, inclusive para a construção dasaúde, não chegamos nunca. Saber, por outro lado, não basta.

Uma boa leitura, caso você tenha interesse em conhecer

mais sobre o Movimento pela Reforma Sanitária, é a

publicação da Fiocruz: - PAIM, J.S. Modelos de

Atenção à Saúde no Brasil. In: GIOVANELLA, L;

ESCORES,S.; LOBATO, L.V.C.L.; NORONHA, J.C.;

CARVALHO, A.I (Orgs.). Políticas e Sistema de Saúde

no Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2008. p. 547-573.

4

Page 21: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Unidade 2 - Estado e cidadania 21

É preciso lutar para conquistar o que se sonha. E não ter pressapara que cheguemos lá. É uma construção que não tem tempomarcadoparafindar.Poroutro lado,seabrimosmãode lutarpeloqueacreditamos,outrosatoressociaisnãoabremmãoeconduzemahistória,osistemadesaúdeporexemplo,paraondeelesquerem.

Nessahistória,comtodaahegemoniadomodelobiomédico,coma ditadura militar favorecendo-lhe e com o modelo neoliberal seimplantando no mundo, nós brasileiros conseguimos, em 1988,colocarnanossaConstituição–leimaiordeumpaís–que:

• asaúdeédireitodetodosedeverdoEstado;

• osistemadesaúdedeveseruniversal,equânimeeintegral;

• devesercontroladosocialmente;

• deveserhierarquizado–organizadoapartirdaatençãobásica;

• quemditaaformaçãoderecursoshumanosparaasaúdeéoSUS.

Ouseja,temoscomoleiaquiloquefoiumsonhoparaoMovimentodurante,pelomenos,15anos.

Link

Você pode ler ou consultar a Constituição da República Federativa do Brasil

de 1988, acessando diretamente o portal da Presidência da República, no

endereço: http://www2.planalto.gov.br/presidencia/a-constituicao-federal

Paraviabilizá-la,sonhamosmais:criamosleisquedizemdocontrolesocial- leisorgânicasdoSUS.Sonhamoscomestruturaraatençãobásica,quesócomeçou,paravaler,em1997.Sonhamosemcriarresidênciasinterdisciplinares-sóem2002-comequipesdeNASF-sóem2007-,comumfinanciamentomaiorparaosetor.Há12anosesperamosaaprovação,peloCongresso,dapropostadeemendaconstitucional-PEC-n.29,queinstituiaobrigatoriedadedepercentualaplicadonasaúdeparatodasasinstânciasgovernamentais-emtornode15%doorçamento.Sonhamoscomviabilizarboaatençãosecundária,comcontrarreferênciaparaatençãobásica.Aindanãoconseguimos.Sonhamosemadequarasequipesdesaúdedafamília(hojesão32milequipes)para100%dapopulaçãobrasileiracomequipesbemcapacitadas,denãomaisque2000pessoasporequipe.Nãoconseguimosainda.Deadequaragestão

Page 22: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Da Ros e Santos Políticas de saúde e acesso a medicamentos22

dosNASF,estamoslonge.Capacitarparagestãodosistemapúblicodesaúdeestánohorizontedospróximosanos.Capacitarparaagestãodaassistênciafarmacêuticaéoqueestamosfazendo,equeremosfazê-locoerentecomaconcepçãodedeterminaçãosocialdoprocessosaúde/doença,doSUS,edoplanejamentodestesonho,dasconquistasqueainda levaremosmuitosanosparaconcretizar.Por isso,então,vamosagora entender um pouco mais de SUS, para continuar lutando econstruindonovossonhos.

Link

Para saber mais sobre a Emenda n. 29, acesse o link:http://conselho.saude.gov.br/apresentacao/emenda29.htm

Saiba Mais

Recomendamos que você assista ao filme Sicko - $O$ Saúde, de

Michael Moore. Ele é um documentário gravado no ano de 2007 nos

Estados Unidos com passagens com países como Cuba, Canadá, França

e Inglaterra. Moore descreve situações reais através das quais compara

o sistema de saúde americano com os países pelos quais passou.

É uma boa oportunidade de identificar semelhanças e diferenças entre

esses sistemas e o SUS.

Page 23: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Unidade 2 - Estado e cidadania 23

“A reforma sanitária é um projeto civilizatório”, assim definiu Sérgio

Arouca a intrínseca relação entre a construção da cidadania e o modelo

de atenção à saúde, defendido por ele, e o movimento da reforma

sanitária. Cidadania é uma conquista que se desenha não só nas políticas

públicas, mas também no dia a dia. É construir a realidade social – o que

pressupõe empoderamento. Embora o termo em inglês empowerment tenha o sentido de dar poder a alguém para delegar funções, Paulo Freire

vinculou ao termo brasileiro o sentido de conquista, avanço, superação

por parte daquele que se empodera (sujeito ativo do processo), e não

algo ganho como benevolência.

Poder e empoderamento são relações sociais. O poder é um recurso

que pode ser acumulado pelos atores, à medida que se legitimam pelas

suas ideias. Para Mário Testa (1995), o poder pode se apresentar de

diferentes tipos: poder técnico (capacidade de gerar, aprovar e manipular

informação); poder administrativo (capacidade de apropriar-se e de

alocar recursos); e poder político (capacidade de gerar mobilização,

com base em um saber). O poder está sempre relacionado à hegemonia

(a grupos hegemônicos baseados em uma ideologia) – e o acesso à

informação é fator fundamental para se construir a capacidade de

enfrentamento dessa hegemonia.

Você já ouviu dizer que conhecimento é poder. Ter – e saber reconhecer,

interpretar e utilizar – a informação é poder!

Se o que defendemos é a consolidação de um sistema público de saúde

democrático, no qual as decisões sejam colegiadas e participativas, com

mecanismos de controle social, é urgente a definição de uma política de

informação em saúde, que garanta a comunicação e a divulgação de

dados consistentes e transparentes (ASSIS e VILLA, 2003).

Transparência é um termo que descreve o fluxo crescente e tempestivo

de informação econômica, social e política, como a definição dos

orçamentos, sua execução, as definições de prioridades, os resultados

dos serviços de saúde. E a gestão é avaliada pelos resultados, você

lembra? Santos (2004) assim descreve alguns atributos da transparência:

1. Acessibilidade aos meios de informação, aliada à proficiência (nível

educacional) da população em geral.

2. Relevância da informação apresentada.

3. Qualidade e confiabilidade, bem como tempestividade, abrangência,

consistência e relativa simplicidade em sua apresentação.

Page 24: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Da Ros e Santos Políticas de saúde e acesso a medicamentos24

A informação que gera realmente a transparência da gestão tem que ser,

então, adequada na linguagem que utiliza. Seu formato deve ser simples e

sua língua “traduzida” para o vocabulário assimilado pela população local;

o tipo de informação apresentada deve ser a que, de fato, é importante

para as pessoas; as fontes precisam ser acreditadas pela sociedade; e é

preciso que as informações estejam disponíveis, a tempo de embasarem

a ação da comunidade em relação à realidade que mostram.

Como bem nos avisam Sowek e Barbosa (2006), para que a informação

seja útil, isto é, que seja empregada para subsidiar a formulação e a

implantação de políticas públicas, assim como seu acompanhamento

e avaliação pelas instâncias de controle social, é fundamental que seja

entendida pelos gestores, pelos profissionais e pela própria sociedade,

enquanto direito de todos os cidadãos, além de observada a obrigação

da publicidade, possibilitando seu uso por todos os envolvidos na

consolidação do SUS (e só assim tem razão de ser).

Mesmo tendo sua importância considerada e havendo, atualmente,

grande empenho do setor público em sua consolidação, há ainda um

longo caminho a ser percorrido pela sociedade para se obter um nível

de transparência adequado.

Você percebe que há certo receio na divulgação de informações sobre

os serviços, orçamentos, contas e tudo mais? Apesar do aparato legal

que arregimenta a divulgação de dados, parece haver uma cultura de se

colocar em posição de defesa em relação aos usuários (cidadãos), como

se fossem os servidores (percebamos o termo: servidores) opositores

dos usuários e vice-versa!

Ao contrário dessa postura quase padronizada no setor público, vamos tentar

pensar sob um outro ponto de vista: por que só aparecem as notícias que

mostram o lado negativo do SUS? Por que os usuários também se colocam

como opositores em relação aos servidores públicos e aos gestores?

Tentemos, agora, pensar, de forma mais avançada, na relação entre a

gestão do sistema de saúde e a sociedade. Pensemos nessa relação como

forma de parceria. Se o objetivo da gestão e da sociedade (pensando

mais especificamente na população usuária direta dos serviços ofertados

ou que necessita destes serviços) é o mesmo – saúde universal, integral

e de qualidade –, deve haver sempre uma forma de construir parcerias e

fortalecer a busca desse objetivo comum. Dar publicidade ampla e irrestrita

aos dados dos serviços, expor os bons resultados, mostrar o SUS que dá

certo, divulgar as pequenas e grandes vitórias na direção da consolidação

do SUS e dos direitos do cidadão respalda as ações do setor, contrapõe a

propaganda negativa que o SUS sempre sofre e motiva a defesa do sistema

pela população, que pode perceber como o sistema tem avançado.

Page 25: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Unidade 2 - Estado e cidadania 25

Por outro lado, dar publicidade aos pontos fracos do sistema, aos

“gargalos”, aos problemas, não é necessariamente ruim, pois a opinião

popular, a mobilização em defesa do SUS é despertada sempre que há

um enfrentamento a ser feito. E esse movimento pode ser a força motriz

necessária para que a gestão da assistência farmacêutica avance na

derrubada das barreiras. Ou seja, precisamos encontrar a forma de ter,

na sociedade, uma força aliada em defesa da consolidação do SUS. E

isso só é possível se as pessoas conhecerem, tiverem informações que

lhes dê condições de opinar e defender uma posição.

O sistema de saúde brasileiro tem avançado com relação à

descentralização de poder, bem como quanto à democratização das

políticas públicas, reconhecendo o município como um espaço autônomo

da federação, e transferindo para esse espaço novas responsabilidades

e recursos, capazes de fortalecer o controle social e a participação da

sociedade civil nas decisões políticas, como ressaltam Assis e Villa (2003).

O controle social organizado e atuante, no país, hoje, é demonstração

desse avanço, mesmo que muito ainda precise avançar nesse campo.

Os Conselhos de Saúde locais (municipais, estaduais e nacional)

têm conquistado espaços e legitimidade. As conferências de saúde

e as conferências temáticas são expressões vivas dessa democracia

participativa. A primeira Conferência Nacional de Assistência

Farmacêutica, ocorrida em 2003, marcou decisivamente os rumos da

estruturação da assistência farmacêutica enquanto direito do brasileiro

e enquanto parte importante do sistema de saúde. Seus resultados são

uma importante referência para nosso campo de atuação e devem ser

sempre revisitados.

Você pode acessar o relatório final da 1ª Conferência Nacional de

Assistência Farmacêutica na biblioteca do AVEA.

Para conhecer melhor como se estruturam os Conselhos de Saúde e

a importância da participação do profissional farmacêutico nesses

espaços, assista agora ao vídeo produzido pelo Curso. O vídeo está

disponível no AVEA.

Para garantir a legitimidade do controle social, é necessário que

se defendam algumas condições essenciais, como a autonomia de

seu funcionamento, sua organização, a visibilidade de suas ações, a

articulação com a sociedade e as instituições, e a permeabilidade, ou

seja, o estabelecimento de canais de recepção das demandas sociais,

na identificação das demandas locais e das necessidades de saúde

emergentes que deverão ser estabelecidas nas pautas de discussões

dos Conselhos para serem negociadas e operadas por parte do órgão

executor – a Secretaria de Saúde (BRASIL, 1998).

Page 26: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Da Ros e Santos Políticas de saúde e acesso a medicamentos26

A importância de que a informação chegue ao controle social é clara!

E, o que fazer para trazer o controle social para a defesa da assistência

farmacêutica? Provê-lo de informação é, com certeza, primordial.

A disponibilização de informação para o controle social tem sua faceta de

obrigatoriedade, pela necessidade de aprovação dos planos, das contas

e dos relatórios de gestão, que incluem os de assistência farmacêutica,

mas pode e deve ter uma abrangência e finalidade mais amplas. A

apresentação dos planos e das contas é, muitas vezes, tratada como

mera formalidade, sem qualquer intenção de se constituir, realmente,

uma oportunidade de levar informação para os representantes da

sociedade civil, de outros profissionais e gestores, de ouvir as demandas,

explicitar as motivações para as decisões tomadas, discutir os rumos do

setor e, neste movimento, de conquistar apoio.

É estratégico para a gestão da assistência farmacêutica manter um

relacionamento o mais próximo possível dos Conselhos de Saúde, assim

como participar ativamente das conferências de saúde, em todas as

suas etapas, e das conferências temáticas. Muito além de levar para

essas instâncias apenas as prestações de contas e os planos para

aprovação, ou atender aos chamados específicos dos Conselhos, os

farmacêuticos precisam estabelecer a rotina de participação ativa e

contínua junto ao controle social, colocando a assistência farmacêutica

na pauta desses espaços.

Dessa forma, os Conselhos são parte do próprio processo de gestão

e são parceiros estratégicos, desempenhando, no processo, um papel

bem maior que o de simples fiscalizador.

Como está organizado o controle social no seu Município ou Estado?

Como é a relação do Conselho municipal ou estadual de Saúde com

a gestão da assistência farmacêutica? É possível melhorar esse

relacionamento em prol da estruturação da assistência farmacêutica?

Se você ainda não conhece ou não tem o hábito de participar das

atividades do Conselho de Saúde, a primeira iniciativa é se informar,

conhecer e buscar acompanhar a agenda desse órgão.

Você pode acompanhar as pautas dos debates do Conselho Nacional

de Saúde pela página www.conselho.saude.gov.br. Você pode, inclusive,

acompanhar as plenárias – são transmitidas ao vivo!

Page 27: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Unidade 2 - Estado e cidadania 27

Concluímos os estudos desta unidade. Acesse o AVEA e confira as

atividades propostas.

Ambiente Virtual

Análise crítica

PerceberqueodireitosocialàsaúdeeoSUSsãofrutosdasdisputasnasociedadee justificados/construídospelas ideiaspredominantesem cadamomento histórico é de fundamental importância. Nossapráticaprofissionallidacomideiaseconflitos.Percebermosissonoslevaráarefletirsobrequaisdisputasacontecemenquantoatuamosemnossotrabalhoequaisperspectivasinfluenciamanóseàsociedade.

OsdesafiosdodiaadianoSUSnãoestãodissociadosdasconcepçõessobreomodode vidadenossa sociedade.Existe umapluralidadedeopiniõeseumadinâmicacorrelaçãodeforçasqueassustentam.Precisamosnosdarcontadequesomospartedessasforças.

Page 28: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Da Ros e Santos Políticas de saúde e acesso a medicamentos28

Referências

ASSIS,M.M.A.;VILLA,T.C.S.Ocontrolesocialeademocratizaçãodainformação: um processo em construção.Revista Latino-americana de Enfermagem,v.11,n.3,p.376-82,maio-junho2003.

BRASIL.MinistériodaSaúde.OSUSeocontrolesocial:guiadereferênciaparaconselheirosmunicipais.Brasília:1998.

BRASIL.MinistériodaSaúde.SecretariadeVigilância emSaúde.Manual de direito sanitário com enfoque na vigilância em saúde/MinistériodaSaúde,SecretariadeVigilânciaemSaúde.–Brasília:MinistériodaSaúde,2006.132p.–(SérieE.LegislaçãodeSaúde)

BRASIL.ConferênciaNacionaldeMedicamentoseAssistênciaFarmacêutica:relatóriofinal:efetivandooacesso,aqualidadeeahumanizaçãonaassistênciafarmacêutica,comcontrolesocial/MinistériodaSaúde,ConselhoNacionaldeSaúde.–Brasília:MinistériodaSaúde,2005

BRASIL. Constituição (1988).Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988.PresidênciadaRepúblicaFederativa do Brasil. Disponível em http://www.presidencia.gov.br/a-constituicao-federal.Acessoem:28fevereiro2011.

CONILL,E.C.Ensaiohistórico-conceitualsobreaAtençãoPrimáriaàSaúde:desafios para a organização de serviços básicos e da Estratégia Saúde daFamíliaemcentrosurbanosnoBrasil.Cad. Saúde Pública,v.24,supl.1,2008.

FLEURY,S.Estado sin ciudadanos. Seguridad social en America Latina.BuenosAires:LugarEditorial,1997.331p.

GIOVANI, G. Di. Sociologia, Crítica social, Comentários e Reflexões.Disponívelem:http://geradigiovanni.blogspot.com/2008/08/polticas-pblicas-e-poltica-social.html.Acessoem2011.

MENDES,E.V.Uma agenda para a Saúde.2.ed.SãoPaulo:Hucitec,1999.

PAIM,J.S.ModelosdeAtençãoàSaúdenoBrasil. In:GIOVANELLA,L.;ESCORES, S.; LOBATO, L. V. C. L.; NORONHA, J. C.; CARVALHO, A.I.(Orgs.).Políticas e Sistema de Saúde no Brasil.RiodeJaneiro:Fiocruz,2008.p.547-573.

SANTOS,L.A.Controlesocialeatransparênciadaadministraçãopúblicabrasileira. In: IX Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma delEstadoydelaAdministraciónPública,Madrid.Espanha:nov.2004

Page 29: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Unidade 2 - Estado e cidadania 29

SOWEK,R. L.;BARBOSA,O.A informação a serviçoda gestãopública.In: BATTAGLIN, P.; LEANDRO, J. A.;MICHALISZYN,M. S. (org.).Saúde coletiva:umcampoemconstrução.Curitiba:IBPEX,2006.

TESTA,M.Pensamento estratégico e lógica de programação: o caso da saúde.SãoPaulo:HUCITEC,Abrasco,1995.

Page 30: Gestão da Assistência Farmacêutica · recursos da biodiversidade ou do genoma humano. Esse “desenrolar” histórico-político-jurídico que gravita em torno do direito à saúde,

Da Ros e Santos Políticas de saúde e acesso a medicamentos30

Autores

Rosana Isabel dos Santos

Graduada em Farmácia, pela UFRGS. Especialista em BiologiaMolecular, pela UFRGS. Pós-graduada (Mestrado) em Farmácia,pelo Programa de Pós-Graduação em Farmácia da UFRGS.DoutorandadoProgramadePós-GraduaçãoemFarmáciadaUFSC,desenvolvendootemadaassistênciafarmacêuticanosetorpúblicobrasileiro.ProfessoradoCursodeFarmáciadaUFSC,nadisciplinadeEstagioSupervisionadoemFarmácia,áreadaSaúdeColetivaeCoordenadoradaFarmáciaEscolaUFSC/PMF.

http://lattes.cnpq.br/9220372399276737

Marco Aurelio Da Ros

Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Pelotas/RS(1975);residênciaemMedicinaComunitárianaUnidadeSanitáriaSãoJosédoMurialdo/RS(1977);especializaçãoemSaúdePúblicapelaEscoladeSaúdePública/RS(1977);mestradoemSaúdePúblicapelaFundação Oswaldo Cruz/RJ (1991); doutorado em Educação pelaUniversidadeFederaldeSantaCatarina-UFSC(2000);pós-doutoradoem Educação Médica na Universitá di Bologna (2010). ProfessortitulardaUFSC.ÉmembrodoGTEducaçãoeSaúdedaABRASCOecoordenadordoGrupodePesquisaEducaçãoeSaúde,registradonoCNPq.ParticipadoConselhoEditorialdediversasrevistasdaáreade Educação em Saúde e Saúde Coletiva (Caderno Brasileiro deEnsino de Física; Texto &Contexto Enfermagem;RevistaBrasileiradeEducaçãoMédica; Interface.Comunicação,SaúdeeEducação;Revista Arquivos Catarinenses de Medicina; Revista Trabalho emEducaçãoMédica;RevistaBrasileiradeCiênciasdoEsporte).

http://lattes.cnpq.br/1714083442014517