gestÃo por competÊncias e gestÃo de recursos … · aplicação da gestão baseada em...

41
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES TEREZINHA A. GONÇALVES DE PAULA GESTÃO POR COMPETÊNCIAS E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS APLICADOS AO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO Rio de Janeiro 2010

Upload: others

Post on 02-Aug-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

TEREZINHA A. GONÇALVES DE PAULA

GESTÃO POR COMPETÊNCIAS E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS APLICADOS AO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO

Rio de Janeiro

2010

TEREZINHA A. GONÇALVES DE PAULA

GESTÃO POR COMPETÊNCIAS E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS APLICADOS AO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO

Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes, como requisito parcial para obtenção do título de pós-graduação lato sensu em Gestão de Recursos Humanos.

Orientador: Marcelo Saldanha

Rio de Janeiro

2010

"O homem que quiser inovar para o bem,

inexoravelmente, passará por cinco estágios: indiferença,

ridicularização, ofensa, repressão e, finalmente, respeito".

( MAHATMA GANDHI)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Etapas do processo de gestão de competências................................ 10

Figura 2 Dimensões da Competência................................................................. 18

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Gestão por Competências na Administração Pública........................29

RESUMO

Este estudo sobre a gestão por competências e recursos humanos aplicadas ao

setor público brasileiro, caracteriza-se por uma revisão de literatura de caráter

qualitativo, que pretende descrever e analisar a situação da gestão por

competências e a gestão de recursos humanos dentro da administração pública, e o

que pode ser feito para melhorar a satisfação tanto dos funcionários quanto da

qualidade no atendimento. A importância deste estudo está em conhecer a gestão

por competências e gestão de recursos humanos, assim como suas ferramentas

para aplicação no setor público, visando uma melhor qualidade de atendimento e

satisfação dos funcionários. Isto por que, a gestão por competências é a integração

de idéias, conceitos e práticas de gestão de pessoas. Ressalta-se a importância da

gestão por competências que deixou de ser apenas uma ferramenta de gestão de

pessoal tornando a ser uma diretriz pública que atua com eficiência e eficácia,

passando a contar cada vez mais com servidores criativos, comprometidos e

capazes de responder aos problemas brasileiros. Desta forma, é impossível pensar

num RH Departamental, mas sim num RH estratégico e integrado.

Palavras-chave: Gestão por competências, gestão de recursos humanos, setor

público.

ABSTRACT

This study on competency management and human resources applied to the

Brazilian public sector, characterized by a literature review of qualitative character,

which aims to describe and analyze the situation of competency management and

human resource management within the public administration, and can be done to

improve the satisfaction of both employees and the quality of care. The importance of

this study is to meet the competency management and human resource

management, as well as their tools for use in the public sector, to improve the quality

of care and satisfaction funcionários.Isto why, competency management is the

integration of ideas, concepts and practices of people management. We highlight the

importance of competency management is no longer just a tool for staff management

but should be a guideline public works efficiently and effectively to encompass more

and more servers with creative, committed and able to respond to problems in Brazil .

Thus, it is impossible to think of a HR Department, but in a strategic HR and

integrated.

Keywords: Competence-based management, human resource management, public

sector

SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO...................................................................................................... 09

1.1 PROBLEMA...................................................................................................... 09

1.2 JUSTIFICATIVA................................................................................................ 09

1.3 OBJETIVO GERAL............................................................................................ 09

1.3.1Objetivos Específicos.................................................................................... 10

1.4 HIPÓTESE......................................................................................................... 10

2 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS........................................................................ 11

2.1 ADMINISTRAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO NO BRASIL................................. 12

2.2 A NOÇÃO DE COMPETÊNCIA.......................................................................... 14

2.2.1 Os Recursos da Competência...................................................................... 16

2.3 SOBRE COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS............................................... 18

2.4 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NO SETOR PÙBLICO................................. 19

2.4.1 Etapas da Gestão por Competências........................................................... 20

2.4.2 Sobre Captação de Competências.............................................................. 22

2.4.3 Desenvolvimento de Competências............................................................ 24

2.4.4 Acompanhamento e Avaliação ................................................................... 26

2.4.5 Remuneração................................................................................................. 28

2.5 GESTÃO RECURSOS HUMANOS.................................................................. 30

2.5.1 O Papel do Endomarketing na Gestão de Pessoas.................................. 33

3 METODOLOGIA................................................................................................. 35

3.1 TIPO DE ESTUDO............................................................................................. 35

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 37

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 38

1 INTRODUÇÃO

Este estudo sobre a gestão por competências e recursos humanos aplicadas ao

setor público brasileiro, caracteriza-se por uma revisão de literatura de caráter

qualitativo, que pretende descrever e analisar a situação da gestão por

competências e a gestão de recursos humanos dentro da administração pública, e o

que pode ser feito para melhorar a satisfação tanto dos funcionários quanto da

qualidade no atendimento.

1.1 PROBLEMA

A questão que norteia este estudo se resume em como a gestão por competências e

recursos humanos pode transformar a qualidade do atendimento no setor público

brasileiro?

1.2 JUSTIFICATIVA

A importância deste estudo está em conhecer a gestão por competências e gestão

de recursos humanos, assim como suas ferramentas para aplicação no setor

público, visando uma melhor qualidade de atendimento e satisfação dos

funcionários. Ressalta-se também, de acordo com Araújo (2008), a necessidade

cada vez maior da existência de uma administração pública eficiente, que prime pela

qualidade dos serviços públicos prestados ao cidadão, aumentando a percepção de

seu valor pela sociedade.

Isto por que a gestão por competências denota uma integração de idéias, conceitos

e práticas de gestão de pessoas. Desta forma, é impossível pensar num RH

Departamental, mas sim num RH estratégico e integrado. A maior dificuldade de

implantação da gestão por competências nas organizações está, no entanto, na

resistência do próprio RH. No entanto, tais dificuldades podem ser vencidas através

de discussões sobre este novo modelo de gestão, palestras, cursos externos, entre

outros.

1.3 OBJETIVO GERAL

Investigar como a gestão por competências e gestão de recursos humanos podem

auxiliar o setor público a adquirir maior qualidade no atendimento e satisfação dos

funcionários.

1.3.1 Objetivos Específicos

• Definir o que é e demonstrar as características da gestão por competências e da gestão de recursos humanos

• Analisar o papel do endomarketing na qualidade do atendimento

• Identificar as características do contexto do serviço público

1.4 HIPÓTESE

Parte-se neste estudo do pressuposto de que a capacitação contínua e a aplicação

de ferramentas da gestão por competências aliada à gestão de recursos humanos,

podem transformar positivamente a qualidade no atendimento do setor público

brasileiro.

2 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS

A gestão por competências como instrumento de gestão de pessoas, no

entendimento de Carbone (2006,p. 49),” propõe-se a alinhar esforços para que as

competências humanas possam gerar e sustentar as competências organizacionais

necessárias à consecução dos objetivos estratégicos da organização”. Já para Leme

(2005, p.10): “Gestão por Competências é uma ferramenta que veio para auxiliar as

empresas a enxergarem o que ela precisa buscar e treinar em seus colaboradores”.

A Figura 1 apresenta o modelo sugerido por Brandão e Bahry (2005,p.179), com

adaptações, acerca das etapas do processo de gestão por competências.

Figura 1 Etapas do processo de gestão de competências

FONTE – Brandão e Bahry, 2005 adaptado.

A gestão de competências deve ser vista como um processo circular, envolvendo os

diversos níveis da organização, desde o corporativo até o individual. Sua

implantação deve ser muito bem elaborada, pois se faz necessário o envolvimento

de toda a organização cujos membros devem estar preparados para lidar com novos

desafios e mudanças.

2.1 ADMINISTRAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO NO BRASIL

A administração pública brasileira, em conformidade com Amaral (2006, p. 23),

“possui traços peculiares historicamente construídos”. A introdução do modelo de

administração burocrática surgiu na metade dos anos 30 com o intuito de enfrentar a

forte cultura patrimonialista e clientelista dominante no período da Velha República

(1989 – 1930) em que os apadrinhamentos eram constantes. Essa administração

burocrática, afirma Santos (2006, p. 98), de características weberiana baseada em

regras, normas e regulamentos, na qual o comportamento do servidor é previsível e

que em todas as atividades são previamente estabelecidas, visava dotar o Estado

de racionalidade seguindo os princípios da impessoalidade, publicidade, hierarquia,

especialização de funções e controle dos atos estatais tornando a coisa pública mais

transparente (SANTOS,2006).

Em consonância com Marini (2004,p. 39), “a partir dos anos 1940 começa a tentativa

de institucionalizar o planejamento governamental como ferramenta de gestão”.

Diversos planos de governo foram elaborados, acrescenta o autor, mas vários

tiveram sua implementação comprometida devido a ausência de uma estrutura

administrativa capaz de suportar os desafios neles contidos. Demonstrava-se, assim,

que o modelo burocrático implantado no período anterior dava os primeiros sinais de

esgotamento, devido a sua excessiva rigidez e a forte centralização (MARINI, 2004)

A edição do Decreto-Lei 200, de 1967, explicita Amaral (2006,p.550-551), foi

considerada por muitos autores como a primeira tentativa de uma reforma na

administração pública brasileira. Buscava uma maior flexibilidade, o fortalecimento

da administração indireta através da descentralização e autonomia das autarquias.

O autor ainda acrescenta:

Em relação aos servidores constitui um modelo híbrido, em que servidores de empresas estatais e de fundações públicas, submetidos ao contrato de trabalho do setor privado, com bons salários, planos de saúde privados e sem estabilidade no emprego, estavam lado a lado com servidores estáveis, com direito a aposentadorias integrais, mas com salários menores.(AMARAL, 2006).

Para Moraes (1999, p. 76), “os princípios de descentralização inseridos no Decreto

Lei 200, não foram, no entanto, consistentes o bastante perante o governo

centralizador e autoritário que se instalou no Brasil a época”. O surgimento em 1979

do Programa Nacional de Desburocratização, já no contexto de abertura política, é

considerado uma experiência inovadora de reforma que apontava para a

necessidade de mudanças no funcionamento da máquina administrativa emperrada

pelo excesso de formalismo e centralização (MARINI, 2004).

Já criação do Regime Jurídico Único pela Constituição de 1988, argumenta

Chiavenatto (2000, p. 88), pode ser considerada um retrocesso no que se relaciona

à administração de pessoas ao romper a dicotomia entre direitos dos servidores e

instituir um regime único obrigatório que só se rompeu com o advento da Emenda

Constitucional nº 19/98. A proposta trazida pela Emenda Constitucional nº 19/98 é a

de transformar a administração pública brasileira de burocrática para gerencial ao

modificar regime e disposições relativos à Administração Pública e servidores.

Estabelece a gestão de interesses públicos em torno de valores como a eficácia e

eficiência trazendo competitividade para o setor (CHIAVENATTO, 2000).

Ressalta-se ainda o que diz Moraes (1999,p.28) a respeito da necessidade do

administrador público em ser eficiente, produzir o efeito desejado, dar bom

resultado, exercendo suas atividades sob o manto da igualdade de todos perante a

lei, buscando sempre a objetividade e a imparcialidade. Continua ainda o autor

(1999, p.29):

“Assim, princípio da eficiência é o que impõe à administração pública direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas competências de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade, primando pela adoção dos critérios legais e morais necessários para a melhor utilização possível dos recursos públicos, de maneira a evitarem-se desperdícios e garantir-se maior rentabilidade social.”

O alcance dessa maior eficiência e qualidade na prestação dos serviços públicos, no

entendimento de Barros (2004, p. 43), “desafia as organizações públicas brasileiras”.

Para isto, acrescenta o autor, se faz necessária uma ruptura com os modelos

tradicionais de administração pública e a adoção de padrões de gestão

desenvolvidos a princípio para o setor privado. A gestão de pessoas na nova

Administração Pública deve acompanhar as mudanças da sociedade e promover o

crescimento pessoal e profissional do seu quadro de servidores (BARROS, 2004).

Em conformidade com Dutra (2008,p.102), os que procuram a modernização da

administração pública introduzindo uma cultura de gestão flexível e empreendedora

“apontam a gestão por competências como alternativa capaz de estimular as

capacidades de inovação, adaptação e aprendizagem requeridas pelo ambiente

contemporâneo”. Alerta-se, porém, de acordo com este autor, que o sucesso da

aplicação da gestão baseada em competências no setor público encontra-se, assim

como no setor privado, condicionadas a estratégias e ambientes organizacionais

inovadores nem sempre encontrado em organizações públicas.(DUTRA, 2008).

Um das grandes dificuldades na implantação do modelo de gestão por competências

em organizações públicas, no entanto, segundo Gil (2008,p.72), “é a obrigatoriedade

de recrutamento externo por concurso público”. O desenvolvimento de ferramentas

que possibilitem a elaboração de estratégias de recrutamento mais eficazes,

complementa este autor, contribuiria para a identificação e seleção de profissionais

competentes e alinhados com os objetivos estratégicos das organizações. Os atuais

processos seletivos quando realizados exclusivamente por meio de provas e

comprovação de títulos selecionam profissionais intelectualmente capazes, mas,

algumas vezes, inadequados para o bom desempenho no cargo ou função.

2.2 A NOÇÃO DE COMPETÊNCIA

O conceito de competência, explicita Guimarães (2000,p.76),” a partir da segunda

metade do século passado mostra que as organizações se preocuparam em contar

com indivíduos preparados para o desempenho eficiente de determinada função”.

Ensinamentos que alertavam para a necessidade das empresas contarem com

homens eficientes, acrescenta este autor, ressaltava que a procura pelos

competentes excedia à oferta, fizeram com que as organizações, à época,

procurassem desenvolver em seus empregados habilidades necessárias para o

exercício de atividades específicas, restritas às questões relacionadas ao trabalho.

Com o tempo, passaram a considerar também os aspectos sociais e

comportamentais do trabalho no processo de desenvolvimento profissional de seus

empregados (TAYLOR, apud ARAÚJO ,2008; GUIMARÃES, 2000).

Neste contexto, afirma Guimarães (2000,p.76-77), “a competência é considerada

como o conjunto de qualificações ou características preconizáveis que permitem a

alguma pessoa ter desempenho superior em certo trabalho ou situação”. A

competência pode ser prevista ou estruturada, de modo que se estabeleça um

conjunto qualificador ideal, para que a pessoa apresente uma realização superior em

seu trabalho.

Durante as décadas de 1980 e 1990, muitos autores contestaram essa definição de

competência. Consideram que o fato de a pessoa deter as qualificações necessárias

para certo trabalho não assegura que ela irá entregar o que lhe é demandado. Esta

linha defendida por autores como Jacques (1990), LeBortef (1995), Zarifian (1996),

entre outros, em sua maioria europeus, trabalha mais com o conceito da

competência individual, buscando sua operacionalização, avaliação e

desenvolvimento no contexto organizacional. Já Sparrow & Bognanno (1994 apud

BRANDÃO & BAHRY,2005), tratam do mesmo tema, se referindo a atitudes que

permitam ao profissional:

“adaptar-se rapidamente a um ambiente cada vez menos estável e ter uma orientação para a inovação e aprendizagem permanentes”. Segundo esses autores, competências representam atitudes identificadas como relevantes para obtenção de alto desempenho em um trabalho específico, ao longo de uma carreira profissional, ou no contexto de uma estratégia corporativa. (BRANDÃO & BAHRY,2005).

Existem, também, de acordo com estudos de Santos (2006), definições de

competências que as consideram não apenas como o conjunto de qualificações

individuais e sim a colocação em prática do que se sabe, mobilizando essas

qualificações em um contexto organizacional. Neste estudo emprega-se o conceito

de competência de Dutra, Hipólito e Silva (1998, apud SANTOS, 2006, p.113) como

a “capacidade de uma pessoa de gerar resultados dentro dos objetivos

organizacionais”.

2.2.1 Os Recursos da Competência

A competência da pessoa, em consonância com Kalil (2005), é decorrente da

aplicação conjunta, no trabalho, de conhecimentos, habilidades e atitudes, que

representam os três recursos ou dimensões da competência. Temos, então, que “a

competência profissional resulta da mobilização, por parte do indivíduo, de uma

combinação de recursos”, segundo Lebortf ( 1999 apud KALIL et al, 2005).

Esses recursos, de acordo com Kalil et al (2005, p. 29), “são interdependentes, pois

a adoção de determinado comportamento exige do indivíduo muitas vezes a

detenção de conhecimentos e técnicas específicas”. Essa abordagem de

interdependência, acrescentam estes autores, possui ampla aceitação tanto no

ambiente empresarial quanto no meio acadêmico, à medida que procura integrar

aspectos técnicos, sociais e atitudes relacionadas ao trabalho. A competência, no

entendimento de Carbone et al (2006), resulta da mobilização, por parte do

indivíduo, de uma combinação de recursos ou insumos. É expressa quando o

indivíduo gera um resultado no trabalho, decorrente da aplicação conjunta de

conhecimentos, habilidades e atitudes – os três recursos ou dimensões da

competência. Carbone et al. (2006, p.45), acrescentam:

“O conhecimento corresponde a informações que, ao serem reconhecidas e integradas pelo indivíduo em sua memória, causam impacto sobre seu julgamento ou comportamento. Refere-se ao saber que a pessoa acumulou ao longo de sua vida, algo relacionado à lembrança de conceitos, idéias ou fenômenos.(CARBONE et al, 2006).”

A habilidade está relacionada à aplicação produtiva do conhecimento, ou seja, à

capacidade da pessoa de instaurar conhecimentos armazenados em sua memória e

utilizá-los em uma ação. Araújo (2008) destaca que as habilidades podem ser

classificadas como intelectuais quando abrangerem essencialmente processos

mentais de organização e reorganização de informações, e como motoras ou

manipulativas, quando exigirem fundamentalmente uma coordenação

neuromuscular. A atitude, por sua vez, refere-se a aspectos sociais e afetivos

relacionados ao trabalho, a um sentimento ou à predisposição da pessoa, que

determina a sua conduta em relação aos outros, ao trabalho ou a situações. (GIL,

2008).

Assim, o conceito de conhecimento corresponde a uma série de informações

assimiladas e estruturadas pelo indivíduo, que lhe permitem entender o mundo e ao

saber que a pessoa acumulou ao longo da vida (DURAND 2000 apud KALIL et al,

2005). Já a habilidade encontra-se relacionada à capacidade do indivíduo em saber

como fazer algo ou à sua capacidade de fazer uso produtivo de seu conhecimento

(KALIL et al, 2005).

A última dimensão da competência, a atitude, se relaciona a um querer fazer.

Refere-se às preferências dos indivíduos por certos tipos de atividades e interesse

por determinados eventos. Relacionando-se, também, ao grau de aceitação ou

rejeição da pessoa a situações, fatos, objetos e pessoas (KALIL et al 2005).

A Figura 2 demonstra as dimensões da competência, evidenciando o caráter de

interdependência e complementaridade entre conhecimentos, habilidades e atitudes,

bem como a necessidade de aplicação conjunta dessas três dimensões em torno de

um objetivo.

Figura 2. Dimensões da Competência

Fonte – Brandão e Guimarães, 2001 (adaptado).

2.3 SOBRE COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS

Ao lado do conjunto de competências individuais que precisam ser adquiridas e

desenvolvidas para que as organizações realizem seus objetivos estratégicos,

podemos ressaltar as competências organizacionais que são o conjunto de

conhecimentos técnicos, habilidades e tecnologias que resultam em seu diferencial

competitivo no mercado ao qual está inserida. As competências organizacionais

classificam-se como básicas – aquelas necessárias para o funcionamento da

organização - e essenciais - as que sustentam o diferencial da organização perante

as demais (NISEMBAUM 2000 apud CARBONE, 2006).

Segundo Prahalad e Hamel (1990 apud CARBONE, 2006 p.48) “as competências

organizacionais essenciais são atributos da organização, que lhe conferem

vantagem competitiva, geram valor distintivo percebido pelos clientes e são difíceis

de ser imitados pela concorrência”. As organizações públicas ao trabalharem suas

competências organizacionais essenciais devem concentrar seus esforços e

estabelecer objetivos de produção ou de prestação de serviços em áreas onde ela

possa apresentar algum diferencial competitivo em relação aos seus concorrentes

(GUIMARÃES, 2000).

Pode-se, ainda, observar a clara ligação entre as competências individuais e

organizacionais na medida em que exercem forte influência umas sobre as outras

ressaltando o posicionamento de Dutra (2008, p.24). Ao colocarmos organização e

pessoas lado a lado, podemos verificar um processo contínuo de troca de

competências. A organização transfere seu patrimônio para as pessoas,

enriquecendo-as e preparando-as para enfrentar novas situações profissionais e

pessoais, na organização ou fora dela. As pessoas desenvolvem sua capacidade

individual, transferem para a organização seu aprendizado, capacitando-a a

enfrentar novos desafios.

Observa-se pelo exposto acima que para a aplicação da gestão por competência em

organizações públicas a primeira condicionante seria a existência de uma estratégia

corporativa definida englobando de maneira clara os objetivos do negócio, sua

missão, visão de futuro e indicadores de desempenho. Outro ponto a ser observado

é o que diz respeito ao ambiente organizacional que deve privilegiar o pensamento

estratégico, a inovação e a criatividade, assim como a coerência entre as políticas e

as diretrizes de gestão da organização como um todo e de seus recursos humanos

(GUIMARÂES, 2000)

Faz-se necessário, para finalizar, citar os ensinamentos de Motta (1995 apud

Guimarães, 2000, p. 139) sobre uso da abordagem da competência no setor público

de que mesmo que as dimensões técnicas e organizacionais — produtos, serviços,

protótipos, análises, estruturas, sistemas e métodos — estejam preparadas para a

mudança, esta resultará em fracasso se seus valores não estiverem contidos na

perspectiva gerencial e a cultura organizacional não for propensa à mudança.

2.4 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NO SETOR PÙBLICO

O contexto atual mostra que a eficiência e a eficácia das organizações derivam,

cada vez mais, de sua capacidade de desenvolver competências e de integrá-las em

torno de seus objetivos organizacionais (BRANDÃO; BAHRY, 2005). Pode-se,

definir a gestão por competências, de acordo com Mariano (2009,p.109), “ como

uma metodologia de orientação organizacional, voltada para o desenvolvimento

sistemático das competências profissionais de funcionários e servidores”. Isto

significa, um importante sistema de informação estratégica capaz de orientar as

ações de desenvolvimento profissional e organizacional na direção correta.

Empresas e Organizações Públicas nos últimos anos têm recorrido à utilização de

modelos de gestão de competências objetivando planejar, selecionar e desenvolver

competências necessárias aos seus respectivos negócios. Ao implantar esse

modelo de gestão o setor público brasileiro busca uma alternativa de gestão flexível

e empreendedora que amplie a qualidade e a eficiência dos serviços públicos

(GUIMARÃES, 2000 apud BRANDÃO; BAHRY, 2005).

Para uma melhor compreensão a seguir serão apresentadas as etapas da gestão

por competências.

2.4.1 Etapas da Gestão por Competências

• Estratégia Organizacional

A formulação da estratégia organizacional é a primeira etapa do processo de gestão

por competências. Nela são definidas a missão, visão de futuro e objetivos

estratégicos das organizações (BRANDÃO; BAHRY, 2005).A clara identificação dos

objetivos estratégicos das organizações constitui-se num pré-requisito fundamental

para a implantação do modelo (KALIL, et al 2005)

O importante é que a gestão de competências esteja em perfeita sintonia com a

estratégia organizacional (missão, visão de futuro e objetivos). A visão determina o

estado futuro desejado pela organização, sua intenção estratégica, e orienta a

formulação das políticas e diretrizes e todos os esforços em torno da captação e do

desenvolvimento de competências. A partir da definição da estratégia organizacional

é que podem ser definidos os indicadores de desempenho e as metas que se

pretende atingir.

No setor público brasileiro vale ressaltar que a formulação da definição das

estratégias organizacionais passa pela análise de documentos, atos, portarias e

decretos que possam conter os objetivos e a missão das organizações (FARIA;

BRANDÃO 2003 apud BRANDÃO; BAHRY 2005)

Chiavenatto (2000) alerta, porém, que a formulação da estratégia organizacional

deve ser um processo aberto, já que muitas vezes as normas que regem a

instituição são antigas e não correspondem ao que a organização efetivamente faz.

A elaboração da estratégia organizacional deve ser um processo amplo onde se

busque além da missão da instituição a “revisão de suas funções, necessidades,

produtos e clientes”. (CHIAVENATTO, 2000).

Tradicionalmente as estratégias organizacionais são definidas a partir do consenso

das idéias discutidas em reuniões entre a direção e a gerência das organizações,

onde além dos objetivos organizacionais são analisados os erros e acertos dos

últimos anos, ressaltando ser esta uma forma válida, mas por ser subjetiva, sua

técnica e comprovação são difíceis de serem documentadas, concluindo que esta

não é uma etapa fácil requerendo grande experiência e responsabilidade dos

condutores do projeto, segundo Leme (2005), que ainda aponta:

• Mapeamento das Competências Internas

São as atividades de mapeamento de competências, identificando o conjunto de

habilidades, conhecimentos e atitudes de que dispõem os profissionais de uma

organização e que os capacita para a execução de determinadas atividades, que

surgem – ao lado da formulação dos seus respectivos planos estratégicos – como

recursos importantes para a elaboração e o desenvolvimento de grande número de

projetos.

Assim que definidas as competências organizacionais passa-se a descrição das

funções e analise de quais são as competências, sejam elas técnicas ou

comportamentais, necessárias para o exercício de cada função e em que grau,

estabelecendo-se assim o perfil ideal para cada cargo da organização. Desse ponto

inicia-se a identificação das competências dos colaboradores que fornecerá a

organização informações acerca das competências já existentes e quais as que

precisam ser desenvolvidas.

No processo de mapeamento, a identificação das competências humanas ou

organizacionais necessárias para a consecução dos objetivos da organização

geralmente é realizada através de análise documental, coleta de dados com

pessoas-chaves da organização, observações, grupos focais e questionários

estruturados (CARBONE, 2006). Ao final, realiza-se o diagnóstico ou mapeamento

das competências cujo propósito é identificar o gap ou lacuna de competências, ou

seja, a discrepância entre as competências necessárias para concretizar a estratégia

corporativa e as competências internas existente na organização. (CARBONE, 2006,

p. 55-56).

O referido autor propõe que o mapeamento seja realizado periodicamente, pois

dependendo das ações de captação e desenvolvimento por parte da empresa, o gap

irá sofrer variação ao longo do tempo, precisando por este motivo ser acompanhado.

Em organizações públicas essas ações fornecem importantes subsídios para as

atividades de gestão de recursos humanos. Auxiliam na formatação de concursos,

agilizam ações de recrutamento e seleção interna e aperfeiçoam os processos de

lotação e de movimentação de pessoal.

2.4.2 Sobre Captação de Competências

Identificadas as lacunas de competências existentes na organização inicia-se a fase

de recrutamento de modo a atrair candidatos com o perfil desejado. A constituição

de 1998 tornou o concurso público o meio essencial para ingresso na administração

pública brasileira. Mesmo com o advento da Emenda Constitucional nº. 19/98,

permaneceu a obrigatoriedade de realização de concursos públicos para investidura

em cargos e empregos públicos. A nova redação do art. 37 da Constituição Federal

estabelece:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao

seguinte:

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que

preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na

forma da lei;

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em

concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a

complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as

nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e

exoneração;”

Acerca dos atuais processos seletivos externos temos obrigatoriamente sua

realização através de concursos públicos para o preenchimento de cargos. Os

principais instrumentos são a aplicação de provas e a comprovação de titulação.

Segundo Kalil et al (2008 p. 24-25). As provas abrangem conteúdos amplos e

profundos, exigindo dos candidatos elevados nível de conhecimentos e alto

desempenho para serem aprovados e classificados de acordo com o número de

vagas previamente fixado. A exigência de prova de títulos, prevista na legislação,

reforça a dimensão acadêmica e a dimensão cognitiva dos processos de seleção.

Os concursos, reflete Mariano (2009), devem ser elaborados e planejados de modo

a selecionarem indivíduos que apresentem as competências requeridas pela

organização, incluindo-se outras formas de avaliação além da aplicação de provas e

comprovação de títulos. Algumas organizações públicas, complementa o autor,

optam pela implantação de mais de uma fase em seus concursos realizando “cursos

de formação” que possibilitam a identificação de competências específicas e

interpessoais.

Cursos de formação bem estruturados fornecem, nas primeiras etapas de seleção,

introdução aos marcos teóricos e analíticos e conhecimentos aplicados necessários

ao desempenho das atividades inerentes a cada cargo ou carreira, argumenta

Santos (2006, p. 97). Objetiva-se proporcionar uma visão abrangente e integrada

das futuras funções do servidor, assegurando a posse das competências

necessárias ao exercício das atividades buscando a eliminação das lacunas entre os

requisitos desejados e os aferidos na primeira etapa do concurso (SANTOS, 2006)

Certas organizações públicas, no entendimento de Kalil et al (2005), procedem à

avaliação de perfil dos candidatos aprovados em seus concursos em “cursos de

ambientação”, não como mais uma etapa de concurso e sim como fase de

socialização na instituição. Neste modelo o que se propõe é que a observação,

avaliação e desenvolvimento comportamental sirvam de base para orientar a lotação

futura dos servidores (KALIL, et al 2005).

O que se busca, segundo Guerra (2005, p. 114) ao adotar uma estratégia de gestão

por competências no recrutamento em organizações públicas “é a adequação do

perfil para a ocupação do cargo ou emprego sem deixar de lado a capacitação

técnica dos candidatos”. Se bem conduzidas, aumentam as chances de se recrutar

profissionais mais alinhados com as estratégias e a missão da organização. Para a

lotação e movimentação de servidores o que a gestão por competências oferece é a

possibilidade de se comparar os perfis elaborados pelos setores com cargos vagos e

com os perfis dos candidatos, buscando, assim, alocá-los nos espaços

organizacionais apropriados. (GUERRA, 2005).

Nos casos de seleção interna, de acordo com Oliveira (2008, p. 65), “o processo de

ocupação dos cargos pode ser aperfeiçoado pelo uso do chamado ‘bancos de

talentos’, que possui informações quanto à formação dos servidores”. Assim, cursos

de capacitação, especializações, áreas de atuação podem ser consultados a fim de

se chegar a servidores que possuam as competências requeridas para a vaga em

questão (OLIVEIRA, 2008).

Outro meio eficaz de seleção interna, em conformidade com Guerra (2005, p.115-

116), é a abertura de processo de seleção onde os interessados podem se inscrever

e participar das demais fases de seleção que devem ser compostas de entrevistas,

dinâmicas de grupos que, orientadas pelos profissionais da área de recursos

humanos, concluirá pelos servidores que possuam perfis mais alinhados ao cargo a

ser preenchido. (GUERRA, 2005).

2.4.3 Desenvolvimento de Competências

Com o objetivo de formar e desenvolver servidores capazes de atingir as

competências exigidas para o exercício dos cargos e funções, somadas as

dificuldades de recrutamento externo pela obrigatoriedade de existência de cargos

vagos e realização de concurso público, obriga cada vez mais as organizações

públicas a investirem em capacitação e treinamento. (MARINI, 2004).

O desenvolvimento, em consonância com Carbone (2006, p.134), ”é o

aprimoramento das competências internas disponíveis na organização e ocorre

através da aprendizagem, individualmente, e por meio de investimentos em

pesquisa, em nível organizacional”. Através desta aprendizagem se desenvolvem as

competências individuais do colaborador, e a manifestação dessas competências

individuais do colaborador, ou seja, daquilo que aprendeu se expressa pelo seu

desempenho no trabalho (BRANDÃO & GUIMARÃES 2001 apud CARBONE 2006).

O diferencial no plano de desenvolvimento do modelo de Gestão por Competências,

em conformidade com Leme (2005, p.56), “é a não aplicação de um treinamento

genérico, como é feito geralmente mais sim específico, baseado nas competências

necessárias para cada colaborador”. Assim, os treinamentos passam a ser mais

focados, precisos e assertivos diante da busca da eliminação dos gaps identificados

(LEME, 2005).

Na Administração Pública, as atividades de desenvolvimento de competências

também podem auxiliar o planejamento das carreiras. Para cada classe ou padrão

de uma carreira, pode ser definido um conjunto de conhecimentos, habilidades e

atitudes. Assim, ao ingressar em uma carreira, pode-se apurar o nível inicial de

competências do servidor e definir o seu plano de desenvolvimento, necessário à

sua progressão funcional e promoção (KALIL, et al 2005). A implantação de um bom

plano de desenvolvimento de competências para os servidores, segundo os mesmos

autores, deve contemplar:

• a ampliação da capacidade individual em assumir atribuições e

responsabilidades em níveis crescentes de complexidade;

• apontar os pontos fortes e as deficiências individuais para o seu

desenvolvimento profissional;

• estruturar um plano de capacitação voltado à redução do gap de

competências; e

• estimular o aprendizado contínuo e o autodesenvolvimento (KALIL, et al

2005).

Nesta perspectiva, é possível afirmar, de acordo com Mariano (2009, p.113), ”que o

desenvolvimento de competências profissionais vai além das ações de capacitação

stricto sensu.” O sistema que caracteriza a instituição, as estratégias de

remuneração, a estrutura de poder e de comunicação, os seus valores e crenças, os

fatores que influenciam os padrões de comportamento, as atitudes, as formas de

socialização e os valores mais difundidos no ambiente de trabalho, segundo o

mesmo autor, também devem ser considerados. O resultado da interação entre

variáveis organizacionais e características individuais ajuda a explicar o sucesso ou

o insucesso das atividades de treinamento, além de permitir uma avaliação

adequada do desempenho do órgão (MARIANO, 2009).

2.4.4 Acompanhamento e Avaliação

A princípio utilizava-se a avaliação de desempenho com foco exclusivo no indivíduo

e na forma de realização do trabalho. Com a evolução do conceito o termo passou a

referir-se, de forma mais ampla, ao ato de executar as atividades próprias a

determinada função para obtenção de resultados previamente estabelecidos.

Atualmente, as técnicas de avaliação de desempenho foram aperfeiçoadas e

passaram a considerar a interferência de vários outros fatores, como, por exemplo,

aqueles relacionados ao contexto em que a organização se encontra inserida

(KALIL, et al 2005).

Nessa fase, estamos diante do que chamamos de acompanhamento e avaliação e

segundo Carbone (2006, p.54) “funciona como mecanismo de feedback, ou

retroalimentação, dentro de uma abordagem sistêmica, a medida que os resultados

alcançados são comparados com aqueles que eram esperados”. Nesse momento

monitora-se a execução dos planos operacionais, de gestão e os indicadores de

desempenho dos mesmos, com intenção de identificar e corrigir eventuais desvios.

Os resultados alcançados são apurados e comparados com os esperados, dentro do

processo de gestão de desempenho, tornando-se possível verificar se as ações

adotadas pela empresa foram eficazes, ou seja, se promoveu o desenvolvimento

das competências almejadas (CARBONE, 2006).

Outra definição se refere ao desempenho do empregado em relação ao cargo que

ocupa na organização, tendo em vista as responsabilidades, as atividades, as

tarefas e os desafios que lhe foram atribuídos para produzir os resultados que dele

se espera (LUCENA, 1992 apud KALIL et al, 2005)

A gestão de desempenho é um instrumento gerencial capaz de integrar diferentes

níveis organizacionais e promover a melhoria da performance e de indivíduos, de

equipes de trabalho e da organização como um todo. Em organizações públicas as

atividades de avaliação e desempenho devem observar alguns critérios legais como

os que se observa a seguir.

O artigo 4o do Decreto no 84.669, de 29 de abril de 1980, estabelece para os

servidores do Poder Executivo que a progressão horizontal por merecimento

decorrerá da avaliação de desempenho expressa em conceitos que determinarão o

interstício a ser cumprido pelo servidor.

O servidor será avaliado pela chefia imediata, observados determinados fatores que,

pontuados, lhe dariam uma classificação que possibilitaria o seu eventual

enquadramento no número de vagas destinadas para essa modalidade de

progressão. Esses fatores são: 1) qualidade e quantidade do trabalho; 2) iniciativa e

cooperação; 3) assiduidade e urbanidade; 4) pontualidade e disciplina; e 5)

antiguidade.

Já em relação à Gratificação de Desempenho de Atividades Técnico-Administrativa

(Gdata), instituída Pelo Decreto no 4.247, de 22 de maio de 2002 e devida a

servidores que não estejam organizados em carreira, Amaral (2006) afirma que tem

como objetivo o de melhorar a qualidade dos serviços mediante o reconhecimento

profissional e a avaliação de desempenho institucional e individual. Os servidores

passaram a ter uma parcela de sua remuneração vinculada, do ponto de vista

formal, ao desempenho ou à produtividade (AMARAL, 2006).

Com essa nova legislação, a avaliação de desempenho individual visa aferir a

performance do servidor no exercício das atribuições do cargo ou da função, focada

em sua contribuição individual para o alcance dos objetivos organizacionais Os

fatores envolvidos nesta avaliação individual são: qualidade, relacionamento,

produtividade, iniciativa, autodesenvolvimento, cumprimento de prazos, criatividade

e trabalho em equipe. Ressaltamos que parte dos fatores escolhidos não tem como

foco o desempenho do servidor e que alguns fatores e indicadores apontados na

legislação anterior continuam sendo utilizados nas avaliações de hoje (AMARAL,

2006).

2.4.5 Remuneração

Ainda hoje, de acordo com Guerra (2005, p. 88), “ na administração pública a

variável mais importante e determinante na trajetória de evolução dos servidores em

seus cargos e carreiras é o tempo de serviço”. Para a implantação de um sistema de

remuneração por competências se faz necessário seu alinhamento às estratégias da

organização e sua orientação a resultados. Outro aspecto importante é que o

sistema remuneratório seja capaz de incentivar práticas participativas e o

desenvolvimento dos servidores. E por último que sua política de reconhecimento

recaia sobre as competências adquiridas e entregues à instituição (GUERRA, 2005).

Ideal seria que a progressão dos servidores e a definição dos seus respectivos

níveis de remuneração refletissem os resultados de suas avaliações de

competências e de desempenho. Assim sua remuneração poderia se dar em função

da competência gerencial ou técnica que demonstração no exercício de seu cargo

ou função. Os resultados a serem obtidos pela adoção da abordagem da

competência na reestruturação de cargos e carreiras e na definição de estratégias

de remuneração no serviço público seriam segundo Kalil et al. (2005, p.33):

• clareza na definição dos pré-requisitos necessários para a progressão na carreira

(competências);

• criação de critérios baseados em competências para o exercício de cargos de

confiança;

• desenvolvimento de sistemática de comparação/avaliação do sistema de

remuneração e reconhecimento da organização em relação ao praticado pelo

mercado – público e privado, nacional e internacional;

• desenvolvimento de sistemática de remuneração vinculada ao aprimoramento e

reconhecimento de competências que são determinantes para a melhoria do

desempenho da organização (competências estratégicas);

• desenvolvimento de estudos que permitam a incorporação do desempenho e das

competências efetivamente demonstrados pelo servidor como fatores importantes

para a formulação de estratégias de remuneração e planejamento de carreiras

adequadas, reduzindo o peso da qualificação acadêmica e do tempo de serviço; e

• desenvolvimento de banco de talentos que permita a identificação e a formação

dos potenciais sucessores para os cargos gerenciais e críticos da organização.

Outra estratégia em relação à remuneração num sistema de gestão por competência

é a instituição de uma política que associe uma parcela variável ao salário base.

Este montante não estaria vinculado a fatores como o tempo de serviço, que não

trazem estímulos ao desenvolvimento do funcionário, mas sim à obtenção de

resultados estratégicos (BARROS, 2004). O quadro 1 resume o que foi dito até aqui.

QUADRO 1 – Gestão por Competências na Administração Pública

Gestão por competências

Administração pública Possibilidades e adaptações do modelo na administração pública

Seleção Decorre de Concurso público, com exceção dos cargos em comissão que podem ser de livre nomeação

Cursos de formação permite identificar competências individuais e aproximá-las da estratégia organizacional

Mapeamento As atribuições são conforme lei ou normas internas

Parâmetro na nomeação de servidores, possibilitando a alocação de competências conforme área de conhecimento.

Remuneração Decorre de lei específica A nomeação aos cargos quando realizada pelos parâmetros de competência, possibilita a valorização dos servidores pelo desempenho.

Desenvolvimento Ações de capacitação de forma genérica e coletiva

Parâmetro para planejar o desenvolvimento de competências através de ações de treinamento e capacitação, conforme necessidade individual e da organização, agregando valor ao desenvolvimento de competências.

Avaliação Avaliação de desempenho aplicada pelo chefe imediato

A avaliação por competências permite o feedback do desempenho e possibilita melhorias nos aspectos falhos. Se realizada por mais atores, torna o método mais fidedigno e com menor probabilidade de erros, podendo ser realizada pelo chefe imediato, por um servidor do setor e também pela auto-avaliação.

Fonte: Referências Bibliográficas utilizadas na monografia

2.5 GESTÃO RECURSOS HUMANOS

Na concepção de Fidelis & Banov (2006, p. 75), “o primeiro marco de estruturação e

formalização dos sistemas de gestão de pessoas ocorreu com a introdução do

taylorismo/fordismo nas empresas, quando se definiram princípios para a gestão de

pessoal”. A espinha dorsal desse modelo era a definição do cargo, ou seja, o

conjunto de tarefas associadas ao desempenho em um posto de trabalho. Disto

derivavam os critérios para seleção de pessoas: “o homem certo para o lugar certo”,

a necessidade de treinamento para o desempenho correto das tarefas e o sistema

de recompensas; os salários devem incorporar os ganhos de produtividade.

(FIDELIS & BANOV, 2006).

As duas primeiras revoluções industriais, diz Leme (2005, p. 90), ”caracterizavam- se

pela figura do trabalhador como apêndice da máquina e pelos conceitos do

paradigma industrial”. Nesta era de economia digital, da Internet e do comércio

eletrônico, o relacionamento entre a organização e suas empresas fornecedoras e

clientes, o comportamento das pessoas, a gestão do capital intelectual, a gestão do

conhecimento representam novos conceitos que vieram transformar a tradicional

administração de recursos humanos, complementa o autor. Captar e compreender

as principais tendências que estão se delineando para os próximos anos é tão vital

para a gestão de pessoas quanto administrar os problemas do dia-a-dia. Uma

gestão de pessoas desatrelada da realidade presente pode tropeçar em obstáculos

mais imediatos e comprometer a sobrevivência da organização (LEME, 2005).

Quando falamos em Política de RH na Administração Pública, salienta Mariano

(2009, p. 122),” usamos o passado como um paralelo para nos mostrar o pólo

oposto ao que devemos nos posicionar, nesta verdadeira luta de adaptação do

homem às novas exigências do mercado globalizado e competitivo”. No universo da

Administração pública, acrescenta este autor, a abordagem democrática e a

dimensão estratégica do Desenvolvimento de Recursos Humanos (DRH) se

relacionam de imediato com as questões da representatividade e da legitimidade da

ação governamental, quando são considerados aspectos como a decisão sobre a

coisa pública ou a consequência social do desempenho organizacional. (MARIANO,

2009).

Em conformidade com Oliveira (2008, p.148), ”pela natureza das suas funções, seja

pela sua própria dimensão inerente à atuação na administração pública brasileira é

algo, em princípio, desmotivador”, que complementa:

“o imobilismo, entretanto, não é nada condizente com uma concepção estratégica e democrática sobre o DRH. Aos impasses e injunções, sobrepõe-se a crença de que as pessoas devem estabelecer estratégias sobre todos os assuntos, especialmente sobre aqueles que lhes afetam. E esta, talvez, seja uma chave para a criação de uma ampla e vigorosa força de aperfeiçoamento da Administração Pública Brasileira.(OLIVEIRA, 2009).”

A orientação tradicional do DRH na administração pública, explicita ainda Oliveira

(2009, p.148-149), “o tem caracterizado como uma atividade suplementar da

administração de pessoal, desde a criação das primeiras seções e serviços de

treinamento”. Isto restringiu, de acordo com o autor, a idéia de desenvolvimento de

recursos humanos a treinamento, criando problemas que ainda hoje os profissionais

da área enfrentam na execução de seu trabalho. Propõe-se uma mudança radical

nos pressupostos que sustentam o exercício da atividade, desde o seu

planejamento, até a sua execução e avaliação. É preciso reavaliar as premissas do

setor e as práticas para assumir a posição de facilitadores do processo de mudança

qualitativa, que estamos vivendo ao nível social e que vem exigindo respostas

rápidas e criativas da administração pública em todos os seus níveis e áreas de

atuação (OLIVEIRA, 2009).

Importante ainda ressaltar que, em conformidade com estudos de Fidelis & Banov

(2006, p.80-81), a deterioração da imagem do serviço público, historicamente ligado

à lentidão e ineficiência, associa o desafio de agilizar e melhorar o atendimento no

Estado a três pontos centrais”, que são:

“a busca permanente do aumento de eficiência da máquina pública, por intermédio da racionalização e incremento da produtividade; a melhoria contínua da comunicação interna e da qualidade na prestação dos serviços públicos, visando atender aos requerimentos da sociedade no que diz respeito à satisfação das demandas sociais básicas e o resgate da esfera pública como instrumento de expressão da cidadania e fórum de aprendizado social.(FIDELIS & BANOV, 2006).”

Nessa direção, argumenta Amaral (2006), torna-se então claramente perceptível a

estreita vinculação que existe entre o processo de modernização do aparelho do

Estado e uma gestão inovadora de recursos humanos. De acordo com o mesmo

autor, “a mudança da cultura burocrática é a pedra de toque da transformação, e a

questão da qualificação profissional ganha então um novo significado”.

Segundo Ferreira (2005, p. 20) a valorização do servidor representa na verdade “a

âncora do processo de construção coletiva do novo paradigma orientado para o

cidadão e realizado pelo conjunto dos servidores de forma participativa”. E esse

autor ainda acrescenta que, “implantar o modelo de administração pública gerencial

não significa mudar sistemas, organizações e legislação; muito mais do que isso,

significa criar as condições objetivas de desenvolvimento das pessoas que

conduzirão e realizarão as reformas”.

Numa instituição pública, segundo Fidelis & Banov (2006, p. 77), “a missão

corresponde, em termos gerais, aos interesses públicos a que ela deve servir”. A

missão não se esgota na definição formal dos objetivos que a instituição deve

cumprir – ela deve ser compreendida na qualidade de uma esfera ética e política de

reflexão/ação, dentro da qual são projetados grandes objetivos ligados a valores

organizacionais e sociais. O âmbito da missão engloba uma visão de futuro, as

estratégias para realizar a visão, a ética organizacional, as metas de qualidade, os

esforços de responsabilização, etc.

A questão da qualificação profissional tem de ser considerada então sob um enfoque

que abrange vários aspectos. DOWBOR (apud BRUNO, 1996, p. 26) afirma que

“aprender a navegar assume maior importância que o estoque de conhecimentos

adquiridos, assim como torna-se cada vez mais fluida a noção de área especializada

de conhecimentos ou de carreira”. Adotar uma orientação democrática para o DRH

significa, para esse autor, também acreditar que esta atividade seja

fundamentalmente uma responsabilidade da função gerencial nos diversos níveis da

organização, e não um centro de treinamento, como ocorre usualmente. Esta

mudança traz, em sim uma série de repercussões sobre as diversas etapas do DRH.

Aqui surge a necessidade de um trabalho envolvendo o endomarketing.(DOWBOR

apud BRUNO, 1996).

A respeito da determinação das necessidades de desenvolvimento, Ferreira (2005,

p. 22), entende que “deve respaldar-se no próprio nível de desempenho da unidade

organizacional considerada”. Assim, dispõe o mesmo autor, se a qualidade e

presteza das decisões e os resultados obtidos por uma determinada unidade têm

estado aquém das expectativas ou das metas estabelecidas, o diagnóstico deve

considerar, também, as condições estruturais e funcionais da referida unidade e da

própria organização. É importante ressaltar, de acordo com Oliveira (2008, p.69) que

“sem o envolvimento dos gerentes será impossível sabermos se os programas estão

ou não alcançando os objetivos propostos. Neste ponto, fica nítida a função de

feedback que o sistema gerencial desempenha em relação à atividade de DRH”.

Enquanto este mecanismo não for estabelecido e fortalecido, o DRH continuará

cego e sob suspeitas quanto à sua real eficácia.

2.5.1 O Papel do Endomarketing na Gestão de Pessoas

Em conformidade com Bekin (2004, p.118), “o endomarketing ou marketing interno,

tem se tornado uma ferramenta de extrema importância para as organizações”. A

razão de tal importância, de acordo com este autor, é porque se constituiu em um

processo cujo foco é sintonizar e sincronizar todas as pessoas que trabalham na

empresa em implementação e em operacionalização de ações mercadológicas.

Através do endomarketing, segundo Kotler (2001, p.139), “o principal benefício que

se busca, é o fortalecimento e construção de relacionamentos, compartilhando os

objetivos da empresa e fortalecendo estas relações, inserindo a noção de que todos

são clientes de todos também dentro das empresas” (KOTLER, 2001). O

endomarketing, acrescenta este autor, surge como elemento de ligação entre o

cliente, o produto/serviço e o colaborador. Isto significa tornar o colaborador um

aliado, fomentando a idéia de que seu sucesso está ligado ao sucesso da empresa.

De acordo com Cerqueira (2005, p. 87), “endomarketing é um modelo de gestão que

faz uso de políticas, conceitos e técnicas de recursos humanos e marketing, tendo

como função principal integrar todas as áreas e níveis organizacionais”. Sua

finalidade, acrescenta o autor, “é fazer com que os empregados estejam motivados,

capacitados, bem informados e orientados para a satisfação dos clientes”.

Na avaliação de Bekin (2004, p. 14) “o endomarketing constitui uma ferramenta que

os gestores das empresas modernas devem saber utilizar para tornar a organização

mais competitiva e fortalecida no mercado”. Assim, acrescenta este autor, ao

identificar os desejos e necessidades de seus colaboradores, a administração está

na verdade conquistando e fidelizando seu público interno, ganhando em

competência e qualidade do ambiente. Para Grönroos (2003, p.404-405), “o

endomarketing parte do conceito de que os funcionários são um primeiro mercado,

interno, para a organização”. Se bens e serviços, comunicação planejada de

marketing, novas tecnologias e sistemas operacionais não puderem ser promovidos

entre grupo-alvo interno, tampouco se pode esperar que o marketing para os

clientes finais, externos, seja bem-sucedido.(GRÖNROOS, 2003).

Não basta ter uma equipe de grandes talentos altamente motivados, argumenta

Cerqueira (2005, p.88), “se ela não estiver bem informada, se seus integrantes não

se comunicarem bem, não será possível potencializar a força humana da empresa”.

Hoje, sem dúvida, o sucesso do marketing com o cliente interno reflete o sucesso no

marketing com o cliente externo. E o segredo está em conseguir que os funcionários

entendam e colaborem com esse processo tão grandioso que é o endomarketing.

3 METODOLOGIA

Este capítulo é dedicado à forma de desenvolvimento da pesquisa. Visa permitir,

através da exposição detalhada dos passos seguidos quando da formulação e

desenvolvimento do estudo em questão, dar ao leitor subsídios para a compreensão

e entendimento do mesmo. Segundo Bruyne (2001, p. 26), a metodologia é a lógica

dos procedimentos científicos em sua gênese e em seu desenvolvimento, não se

reduz, portanto, a uma “metrologia” ou tecnologia da medida dos fatos científicos.

A metodologia deve ajudar a explicar não apenas os produtos da investigação

científica, mas principalmente seu próprio processo, pois suas exigências não são

de submissão estrita a procedimentos rígidos, mas antes da fecundidade na

produção dos resultados. (BRUYNE, 2001, p. 29).

3.1 – TIPO DE ESTUDO

O tipo de estudo realizado pode ser definido como uma revisão de literatura

de caráter qualitativo.

De início, foi realizada a pesquisa bibliográfica que se revela fundamental

para a realização de qualquer trabalho acadêmico, sendo que a revisão bibliográfica

e coleta de dados possibilitam criar um quadro de referência de tudo que já foi

escrito sobre o tema a ser pesquisado. Nesse sentido é de grande relevância o

levantamento de todas as informações possíveis e pertinentes à pesquisa. Foram

analisados trabalhos realizados sobre o assunto, livros publicados e artigos que

possam ajudar a responder a questão dessa pesquisa.

A revisão bibliográfica “é realizada através da identificação, localização e

compilação dos dados escritos em livros, artigos de revistas especializadas,

publicações de órgãos oficiais”. (SEVERINO, 2002, p.154).

Como critério de inclusão para pesquisa, foram consultados além de livros e

revistas, sites como o Scielo, Scribd, Google, em busca de artigos e também livros

digitalizados. Em relação aos critérios de exclusão, foram desprezadas consultas em

blogs, artigos anteriores a 1990, por serem considerados inadequados e/ou

desatualizados em relação à proposta do trabalho.

De posse dos dados obtidos na pesquisa bibliográfica, teve início a pesquisa

de caráter qualitativo, que segundo Severino (2002, p. 163) “considera que há uma

relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, um vínculo indissociável entre o

mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números.

A interpretação dos fenômenos e atribuição de significados são básicos no processo

qualitativo. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas onde o pesquisador

é o instrumento-chave. O processo e seu significado são os focos principais de

abordagem”.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme já foi explicitado no decorrer deste trabalho, é que a gestão por

competências nos ensina que cada órgão público, de acordo com suas respectivas

missões, deve procurar identificar suas competências e fazê-las evoluir, visando

mudanças na gestão pública em recursos humanos, inovando e aprimorando a

capacidade de atender mais e melhor. Aos esforços já existentes em implantar a

gestão por competência no setor público veio se somar a Política Nacional de

Desenvolvimento de Pessoal que ressalta a importância da capacitação permanente

dos servidores públicos brasileiros. Ressalta-se a importância da gestão por

competências que deixou de ser apenas uma ferramenta de gestão de pessoal

passando a ser uma diretriz pública que atua com eficiência e eficácia passando a

contar cada vez mais com servidores criativos, comprometidos e capazes de

responder aos problemas brasileiros.

A questão que impulsionou todo este estudo foi como a gestão por competências e

gestão de recursos humanos pode transformar a qualidade do atendimento no setor

público brasileiro? A resposta, a que se chegou após o desenvolvimento deste

estudo é que, planos de mudança basicamente centrados nos sujeitos e sem

reflexos nos demais componentes do sistema tendem a ser frustrantes e ineficazes.

Dessa maneira, os programas de gestão de pessoas para o setor público devem

estar circunscritos a dois fatores fundamentais. O primeiro deles é o reconhecimento

das circunstâncias restritivas que compõem o ambiente, como a desmotivação

salarial e a desvalorização social. O outro fator é que qualquer programa de

recursos humanos que focalize exclusivamente aspectos intelectuais ou cognitivos

corre o risco de fechar-se sobre si mesmo, ao isolar os demais sujeitos de maneira

afetiva e da satisfação material.

A conclusão a que se chega, portanto, é que a gestão por competências aliada à

gestão de recursos humanos, através do aperfeiçoamento contínuo dos servidores,

é capaz de mudar a cultura das diversas organizações brasileiras na busca por

maior eficiência e efetividade na prestação dos serviços públicos.

REFERÊNCIAS

AMARAL, Helena K. Desenvolvimento de Competências de Servidores na Administração Pública Brasileira. Brasília RSP. Vol. 57, nº 4 – out/dez 2006 ENAP. 2006. Disponível em: <http://www.enap.gov.br/index.php?option=content&task=view&id=257&Itemid=68>.Acesso em 08 Out.2009.

ARAUJO, L. C. G. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 2008.

BARROS, Marcelo P F. Inovações em gestão de RH: utilizando a gestão por competências para fortalecer a administração pública. IX Congresso Internacional do CLAD sobre Reforma do Estado e da Administração Pública, Madrid, Espanha, 2 - 5 Nov. 2004. Disponível em: <http://www.clad.org.ve/fulltext/0049764.pdf>. Acesso em 08 Out.. 2009.

BEKIN, Saul F. Endomarketing: como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Prentice Hall, 2004.

BRANDÃO, Hugo P; BAHRY Gestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de competências. Revista do Serviço Público Brasília 56 (2): 179-194 Abr/Jun 2005. Disponível em: <http://www.enap.gov.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=848&Itemid=129>. Acesso em: 8 Out. 2009.

BRUNO, Lúcia (org.) Educação e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo. São Paulo: Atlas, 1996.

BRUYNE, Paul de; HERMAN, J. S. Dinâmica da Pesquisa em Ciências Sociais – os pólos da prática metodológica. 4.ed.Rio de Janeiro: Francisco Alves, 2001.

CARBONE, Pedro Paulo et al. Gestão por Competência e Gestão do Conhecimento. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

CERQUEIRA, Wilson. Endomarketing: educação e cultura para a qualidade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.

CHIAVENATTO, Idalberto. Gestão de Pessoas. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

DUTRA, Joel S. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa moderna. São Paulo. Atlas. 2008.

FERREIRA, Francisco; ORLEAN Daniel. Mapeamento e Gestão por Competências na Prática: metodologias e soluções tecnológicas. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: <http:// www.milestone-ti.com.br>. Acesso em 08 Out.2009.

FIDELIS, G.J; BANOV, M.R. Gestão de Recursos Humanos: tradicional e estratégica. São Paulo: Editora Érica, 2006.

GIL, A.C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2008.

GRÖNROOS, Christian. Marketing: gerenciamento e serviços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

GUERRA, E.M. Os Controles Externo e Interno da Administração Pública. 2.ed.São Paulo: Editora Fórum, 2005.

GUIMARÂES, Tomás A. A Nova Administração Pública e a Abordagem da Competência. RAP 3. 2000 Disponível em: <http://www.ebape.fgv.br/academico/asp/dsp_rap_artigos.asp?cd_edi=4>.

KALIL, P. et al. Gestão por Competências em Organizações de Governo Brasília: ENAP, 2005. Disponível em: <http://www.enap.gov.br/index.php?option=content&task=view&id=260&Itemid=67>. Acesso em 08 Out. 2009.

KOTLER, Philip. Administração de Marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 6.ed.. São Paulo: Atlas, 2001.

LEME, Rogério. Aplicação Prática de Gestão de Pessoas por Competências. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.

MARINI, Caio. Gestão Pública no Brasil: temas preservados e temas emergentes na formação da agenda. Brasília. 2004. Disponível em:<http://institutopublix.com.br/docs/brasa-brasil.pdf>. Acesso em: 08 Out. 2009.

MARIANO, Fabrício. Gestão e Orçamento Público: Políticas Públicas, Plano Diretor, Atendimento e Ética no Serviço Público. São Paulo: Vestcon, 2009.

MORAES, Alexandre de. Reforma Administrativa: Emenda Constitucional no 19/98. 2a Edição. São Paulo: Atlas, 1999.

OLIVEIRA, Antônio F. Servidor Público: temas polêmicos. São Paulo: Editora Fórum, 2008.

SANTOS, Clésio S. Introdução à Gestão Pública. São Paulo: Saraiva, 2006.

SEVERINO, Antônio J. Metodologia do Trabalho Científico. 22.ed.São Paulo: Cortez, 2002.