gestÃo democrÁtica e a indisciplina dionice regina … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia...

20

Upload: others

Post on 16-Aug-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem
Page 2: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA

DIONICE REGINA MECKING STAUDT1

PAULO PORTO2

RESUMO: O projeto Gestão Democrática e a Indisciplina tem com objetivo analisar o

problema da indisciplina para junto com a comunidade escolar e órgãos competentes

encontrar meios para que o processo educativo realmente se efetive e os verdadeiros

ideais da educação sejam contempladas integralmente.

Por se tratar de um problema bastante controvertido far-se-á uma reflexão a respeito do

referido tema e pretende-se mostrar a importância da gestão democrática no

enfrentamento dos problemas, através do diálogo com toda a comunidade escolar interna

e externa, fazendo-as, ajudar, refletir, unir-se, participar do Projeto político Pedagógico,

coordenação, professor e funcionários trazer os pais para o colégio, fazendo-os participar

da vida dos filhos, sabendo elogiá-los, mas também dar limites. Fazer com que a

comunidade escolar sinta-se uma família, trabalhe com prazer, responsabilidade e

conheçam a palavra solidariedade e na sala de aula entre professor e aluno exista muito

diálogo, amizade e flexibilidade.

Palavras – chave: Trabalho, indisciplina, gestão democrática.

Page 3: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

1 - INTRODUÇÃO

Entende-se que nos dias atuais, a questão da indisciplina passou a ser um

problema central no ambiente escolar, sendo apontada por diversos educadores, como

uma das causas das dificuldades no ensino-aprendizagem. Nesse sentido, estudar este

tema que tem sua origem fora da escola, assim como as possibilidades de eliminá-los a

partir de práticas democráticas, torna-se urgente para todos os educadores

comprometidos com a escola e a educação, enquanto instrumento de humanização.

No dia-a-dia escolar enfrenta-se todo o tipo de problemas: alguns professores

estressados desanimados, descrentes, alunos desinteressados, sem objetivos,

revoltados, famílias desestruturadas, pais desempregados, alcoolismo, gravidez precoce,

pobreza, discriminação, drogas, violência, desavenças entre professor-aluno, indisciplina,

problemas no ensino-aprendizagem, repetência, evasão e etc..., levando-nos a crer que

estes e outros problemas são causas e ao mesmo tempo consequências da indisciplina.

Por se tratar de um problema bastante controvertido, esta será uma reflexão a

respeito, onde se pretende mostrar a importância da gestão democrática no

enfrentamento dos problemas, através do diálogo com toda a comunidade escolar interna

e externa, fazendo-as ajudar, refletir, unir-se, participar das Instâncias colegiadas e do

Projeto-Político Pedagógico.

Com a ajuda da equipe pedagógica, coordenação, professores e funcionários é

necessário trazer-se os pais para o interior das escolas, fazendo-os participar da vida dos

filhos, sabendo que é necessário elogiá-los, mas também é de suma importância a

necessidade em dar-se limites. Fazer com que a comunidade escolar sinta-se uma

família, trabalhe com prazer, responsabilidade e conheçam a palavra amizade e

solidariedade.

Enfim, analisar o problema da indisciplina para junto com a comunidade escolar,

encontrar meios para que o processo educativo realmente se efetive.

Page 4: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

2. A questão da indisciplina

Após reflexão pode-se dizer que indisciplina é considerada ausência de disciplina.

No conceito desta está a compreensão daquela:

Disciplina representa a maneira de agir do indivíduo, no sentido de cooperação, bem como de respeito e acatamento às normas de convívio de uma comunidade. Em sentido didático, representa a maneira de agir do educando, no sentido de cooperação no desenvolvimento das atividades escolares e respeito pelos colegas. (NERECI, 1989: 253).

LAJONQUIÉRE (1996), vai mais além em sua definição:

Aluno disciplinado é aquele que se encaixa no molde, uma criança ideal, e o indisciplinado é, ao contrário, aquele cuja imagem aparece inconstitucionalmente fora de foco. Ao primeiro se reversa tudo, ao segundo seu reverso narcísico o império arbitrário da quase lei da (psico) pedagogia hegemônica. ( LAJONQUIÉRE, p.31)

A escola deve estar preparada para enfrentar os problemas que com o passar dos

anos estão tornado-se maiores. Atualmente a escola, devido a democratização do ensino,

recebe alunos de diversas classes sociais, e muitos de seus alunos encontram-se em

situação de risco. Desta forma podemos dizer que a escola é local de conflito e que estes

muitas vezes gera a indisciplina. A universalização é uma grande luta,traz novos desafios

constantemente.

Por este motivo deve haver articulação entre professores, equipe pedagógica,

gestor, alunos, funcionários, pais de alunos e comunidade local. É muito importante

levantar causas e consequências e refletí-las.

A criança ao nascer não tem nenhuma noção de valores, de educação, são os pais

que durante seu crescimento devem ensiná-las a ter limites, estes são necessários para o

equilíbrio emocional do indivíduo, enfim, educá-las, prepará-las para a vida em sociedade.

A família é a primeira instituição social, é dela a responsabilidade de educar os

filhos e dar-lhes limites.

Hoje, existem muitos tipos de famílias trazendo consequências as crianças,

traumas que levarão vida a fora e que interferirão no seu futuro. Alguns dos fatores

relacionados são: alcoolismos, prostituição, agressões em família, falta de diálogo, etc.

A indisciplina analisada sob esta ótica é provocada por muitas causas relacionadas

à sociedade, que sofreu muitas transformações morais, religiosas, políticas,

socioeconômicas, etc.

Nesse contexto, Vasconcellos (2000), argumenta:

Page 5: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

Há uma crise de objetivos e limites. Há uma desorientação geral hoje na sociedade: quer se superar o velho, mas não se sabe bem como é o novo. Há crise de racionalidade, crise de projetos sociais, das utopias, do sentido para viver, crise da autoridade em nível mundial, mudança no sentido de valores. Constatamos que as agências produtoras de sentido (partido, igreja, família, escola, ciência) estão em crise. E há crise da disciplina no contexto da Pós-Modernidade. ( VASCONCELLOS, p.25)

Historicamente a escola passou por várias etapas: Tradicional onde há relação

professor x aluno ( autoritarismo, professor superior, aluno obediente), Tecnicista

( professor fornece estímulo, o aluno emite resposta, autoritarismo de cima para baixo),

Humanista (igualdade, amizade, respeito, diálogo, o professor facilita a ação de entender),

Interacionista → Cognitivista (relação igualitária, o professor é mediador, o aluno é senhor

de seu conhecimento) → Sócio- Histórica ( relação de interação igualitária, cooperação,

diálogo. Professor e aluno são sujeitos de um processo onde crescem juntos).

Atualmente alguns professores não estão conseguindo dialogar com seus alunos,

fixar normas em comum acordo, ser flexível no momento oportuno e o aluno também não

é mais passivo e nem submisso. Deve ser mais crítico, mais participativo, portanto os

conteúdos devem ser reais, vivos, dinâmicos, de acordo com a realidade, culturais,

universais, não desvinculados, e a metodologia deve ser ativa, através de diálogos, com

confrontos e situações que levam a transformações da sociedade.

A sociedade com o passar do tempo entrou em crise, valores foram se perdendo,

famílias desestruturando- se ( desemprego, fome, desigualdade social, falta de condições

dignas de sobrevivência, convivência com situações violentas na família e no bairro,

bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a

permissividade sem limites, violência doméstica), sociedade caótica. Deve-se lutar para

que a sociedade seja um processo contínuo de análise, problematização,

questionamentos, e de reformulação. Nesse processo, novas questões e temas vêm se

incorporar aos já existentes, constituindo um constante desafio

Deve-se pontuar que é na relação professor-aluno que se concretiza o processo

transmissão-assimilação do conhecimento. É necessário levar em conta vários fatores

que influenciam positiva ou negativamente a aprendizagem dos alunos, como seu

contexto de vida, a metodologia utilizada pelo professor, os instrumentos de avaliação, as

relações que se estabelecem em sala de aula, etc.

O coletivo escolar deve se unir em prol de um processo de luta pela

democratização do saber, estar sempre aberto a novos encaminhamentos, muito diálogo,

ampliação de novas perspectivas de formação humana, lutar por uma sociedade mais

justa, mais comprometida, mais humana, mais reflexiva e crítica, mais transformadora,

Page 6: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

mais afetiva e alegre. Sempre acreditando que mesmo difícil, as mudanças, são

possíveis.

Os professores passam reivindicando que os alunos tenham mais limites e que os

pais participem mais. Acredita-se que a estrutura escolar não poderá ser pensada fora do

ambiente familiar. Pois as duas completam-se.

Vasconcellos (1993), levanta outra questão:

O descompromisso, o comodismo, a desorganização enquanto categorias profissionais são fatores que contribuem para a indisciplina. Um professor não compromissado com sua função de educador dificilmente conseguirá dar coerência à realidade no conhecimento que propõe a construir. A desorganização e o comodismo impedem que o educador perceba a indisciplina como um desafio pedagógico, mas sim como um obstáculo. Entende que deve somente dar aulas como sempre deu, e os alunos que acompanhem. Procura culpar a família, a escola, o sistema, recusando-se a fazer uma autocrítica. Julga o aluno como um ser sem controle de emoções. (VASCONCELLOS, p.21)

Karling (1991 : 99) destaca o bom relacionamento do professor com seus alunos

como fator fundamental no processo educativo. “Os alunos têm natureza, personalidade

própria são gente e como tal querem ser tratados”.

Vive-se numa época de globalização da economia e das comunicações, época que

coloca muitos desafios ao mestre, pois o aluno tem acesso há muitos meios construtivos,

outros destrutivos, em relação à educação. Por exemplo, está exposto toda hora a

violência na mídia televisiva, a internet, os jogos de videogame, sendo de realidade virtual

em que a violência é indistinguível daquela da vida real, chegando a um ponto em que

este começa a aceitar a violência como normal.

Os pais devem limitar os horários, jogos, programas, ter conhecimento, assistir

junto, discutir, enfim interagir com os filhos para que juntos tenham a oportunidade de

conversar sobre o conteúdo abordado, sendo explícito a respeito de suas diretrizes.

(Zavaschi:1998a).

Os professores devem formar alunos críticos que saibam fazer escolhas que os

levem para o conhecimento, para o amadurecimento preparando-os para o futuro, para a

vida.

Paulo Freire (2002) diz que “não há docência sem discência, que ensinar não é

transformar conhecimento e que ensinar é uma especificidade humana”.

Edna Castro de Oliveira, Mestre em educação pelo PPCF/DEFS, Professora do

Departamento de Fundamentos da Educação e Orientação Educacional, comentando o

livro “Pedagogia da Autonomia” diz que Freire, como homem de seu tempo, traduz de

modo lúcido e peculiar, aquilo que os estudos das ciências da educação vêm apontando

nos últimos anos: a ampliação e a diversificação das fontes legítimas dos saberes e a

Page 7: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

necessária coerência entre o saber-fazer e o saber-pedagógico. Para tal o saber-fazer da

auto-reflexão crítica e o saber-ser da sabedoria exercitados, permanentemente, podem

nos ajudar a fazer a necessária leitura crítica das verdadeiras causas da degradação

humana e da razão de ser do discurso fatalista da globalização. (...) Freire, anuncia a

solidariedade enquanto compromisso histórico de homens e mulheres, como uma das

formas capazes de promover e instaurar a ética universal do ser humano.

Finaliza dizendo que é impossível não ressaltar a beleza produzida e traduzida

nesta obra. A sensibilidade com que Freire problematiza e toca o educador aponta para a

dimensão estética da sua prática que, por isso mesmo pode ser movida pelo desejo e

vivida com alegria, sem abrir a mão do sonho, do rigor, da seriedade e da simplicidade

inerente ao saber-da-competência.

Anteriormente, disciplina evocava silenciamento, obediência, resignação. Agora,

pode significar movimento, força afirmativa, vontade de transpor obstáculos.

Importante é que o aluno experimente o obstáculo, que sinta o difícil – só assim verá a necessidade de adequar-se, de limitar-se aos processos que a matéria sugere. Deste modo, o obstáculo é formativo, como é para o artista. Sem o obstáculo, sem o difícil, a necessidade de disciplina não se manifesta e toda possibilidade de compreensão é frustrada. (GUIMARÃES, 1982, p. 38).

Segundo Aquino (1996, p. 53) “é presumível , portanto, que uma nova espécie de

disciplina possa despontar em relações orientadas desta maneira. Aquela que denota

tenacidade, perseverança, obstinação, vontade de saber”.

Para que haja interação e aprendizagem é importante que o docente esteja sempre

dialogando com seus alunos, propondo e negociando estratégias de ensino, de avaliação

e sendo flexível nos momentos necessários.

A indisciplina escolar tem, a cada dia, piorado dentro e fora das escolas. Vê-se a

necessidade de construir um projeto politico- pedagógico coerente com a realidade na

qual está inserido, e que seja mais que um documento estático que sobreviva às

diferentes diretrizes políticas e que reflita um currículo aberto a mudanças.

A escola deve procurar conhecer e respeitar a vivência de cada aluno,

diagnosticando as dificuldades e buscando conjuntamente soluções, enfim, investir na

socialização, pois assim melhorará o convívio em sala de aula e também saberá o porquê

de determinadas condutas, sabendo como agir no momento certo.

REBELO (2000), elenca que:“ A escola tem que ter autonomia e utilizá-la na construção de um currículo que atenda a realidade local na qual ela se insere, pois dessa forma estará contribuindo para a democratização do acesso e permanência do aluno e não com a exclusão dele da escola e, posteriormente da sociedade”. (REBELO, p.79)

Page 8: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

Aquino, (2003, p. 34) nos remete a pensar sobre as mudanças ocorridas na escola

por meio de sua descaracterização, onde passam a ser atribuídas aos professores várias

incumbências “em vez de educadores, convertem-se eles a pregadores de bons costumes

e/ou fiscalizadores da conduta alheia, e a sala de aula se vê transmutada em um grande

reformatório dos hábitos inadequados do alunado, e especialmente, da má índole de

alguns”.

Professores, pedagogos, coordenadores e comunidade escolar devem unir-se,

para juntos tentar encontrar meios para amenizar o problema da indisciplina e outros

encontrados na escola.

É ainda de responsabilidade do gestor a organização e disciplina do ambiente

escolar, pois o aluno tem que entender que há limites, pois o papel do líder é

essencialmente o papel de educador. O gestor deve contar com ajuda do pedagogo e do

coordenador. Mas é interessante pontuar a definição feita por Vasconcellos (2002), do

que não é a função do coordenador pedagógico ou pedagogo:

Não é fiscal de professor, não é dedo-duro (que entrega os professores para a direção ou mantenedora), não é pombo-correio (que leva recado da direção para os professores e dos professores para a direção), não é coringa/tarefeiro/quebra-galho/salva-vidas (ajudante de direção), auxiliar de secretaria, enfermeiro, assistente social, etc.) não é tapa buraco (que fica “toureando” os alunos em sala de aula no caso de falta de professor), não é burocrata (que fica às voltas com relatórios mais relatórios, gráficos, estatísticas sem sentido mandando um monte de papéis para os professores preencherem – escola de “papel”), não é gabinete (que está longe da prática e dos desafios efetivos dos educadores), não é dicário (que tem dicas e soluções para todos os problemas, uma espécie de fonte inesgotável de técnicas, receitas), não é generalista (que entende quase nada de quase tudo). ( VASCONCELLOS, p.86)

O pedagogo por meio de um planejamento de suas ações, junto com o corpo

docente pode estabelecer momentos de reflexão considerando vários aspectos como

sugere Franco (2003, p. 169-173): qual a concepção de disciplina dos professores; a

relação professor-aluno e sua proposta em sala de aula. A partir da concepção de

disciplina que o professor possui se desencadearão suas ações em sala de aula. Atitudes

como autoritarismo e liberalidade devem ser questionadas e analisadas. A falta de

planejamento, de conhecimento amplo sobre o conteúdo ministrado e de metodologias

adequadas podem ocasionar a indisciplina na sala de aula.

Como mencionado por Franco (2003), o pedagogo pode proporcionar um trabalho

junto aos professores, como por exemplo:

Momentos de estudo de textos de autores que discutam a problemática da indisciplina na escola, práticas pedagógicas, adolescência, etc. É de fundamental importância que as reflexões sejam pautadas em estudos, procurando superar o senso comum, os “chavões” e a visão estereotipada comum entre o corpo docente acerca dos temas acima citados. Momentos de análise e reflexão de situações

Page 9: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

concretas, vivenciadas pelos professores em sala de aula, procurando buscar alternativas para a intermediação de situações de conflito, bem como de propostas e de posturas e ações em grupo, tendo como referências os estudos dos textos trabalhados anteriormente.Troca de experiências bem-sucedidas em situações de relacionamento interpessoal em sala de aula, como também diferentes faixas etárias e conteúdos. (FRANCO, p. 174).

A atuação do pedagogo é muito importante junto ao corpo docente. Infelizmente,

muitas vezes este profissional sente-se desvalorizado, mas como coloca Saviani (1985, p.

27) o pedagogo é “aquele que possibilita o acesso à cultura, organizando o processo de

formação cultural. É, pois, aquele que domina as formas, os procedimentos, os métodos

através dos quais se chega ao domínio do patrimônio cultural acumulado pela

humanidade.

O trabalho do pedagogo precisa ser revisto, nas diferentes perspetivas e

concepções teóricas, ideológicas e politicas. Este trabalhador da educação desenvolve

um trabalho que não está imune as determinações das relações sociais e produtivas, que

objetiva valorizar cada vez mais o capital, mesmo nos espaços educativos, mesmo que os

Projetos-Políticos Pedagógicos teorizem contrariamente esta ideia. O pedagogo que atua

em muitas tarefas, precisa discernir Ato de Indisciplina de Ato Infracional.

Em um ensaio Octacílio Sacerdote Filho, Promotor de Justiça da Infância e da

Juventude do Paraná tenta estabelecer critérios para facilitar a distinção entre os atos

acima citados:

Podemos dizer, de forma simplista, que ato de indisciplina é aquele comportamento que, embora não constitua crime ou contravenção penal, compromete a convivência democrática e ordeira no ambiente escolar. Deve estar previsto no regimento interno da Escola. Por seu turno, ato infracional é todo aquele que se caracteriza por uma conduta prevista como crime ou contravenção penal, dentro do ordenamento jurídico penal pátrio. Todo ato praticado por um aluno dentro das dependências de um estabelecimento de ensino será considerado como ato de indisciplina, se não houver no ordenamento jurídico descrição de tal ato como um ilícito penal. O fato de um aluno não se comportar convenientemente dentro de uma sala de aula, perturbando o bom andamento do aprendizado, caracteriza um ato de indisciplina. O desrespeito para com o professor e os colegas, também é classificado como ato de indisciplina. Mas, se o ato praticado pelo aluno dentro dos limites do estabelecimento da escola tiver repercussão no campo penal, terá ele, então cometido um ato infracional, o qual só poderá ser solucionado pelo conselho tutelar (caso o infrator tenha menos de doze anos de idade) ou pela Justiça da Infância e da Juventude (caso o infrator tenha mais de doze anos e menos de 18 anos de idade). Se o infrator tiver mais de dezoito anos de idade a competência para analisar o caso será da Justiça Comum. ( OCTACÍLIO SACERDOTE FILHO,2005)

Observa-se então que em muitos casos os atos indisciplinares são vistos pelos

professores e gestores, por não conhecerem e/ou não compreenderem as diferenças,

como atos infracionais.

Page 10: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

Os atos infracionais que ocorrem nos estabelecimentos, tem menor incidência e os

casos de indisciplina acontecem quase que diariamente.

A disciplina em sala de aula é responsabilidade do professor. Quando perguntamos

aos professores a respeito de quais são os problemas disciplinares que mais os

angustiam, vimos que na maioria das vezes, não são problemas referentes a disciplina

escolar, mas sim, a problemáticas sociais de alto nível ( delinquência, uso de drogas,

marginalidade, patologias de personalidade). Problemas sérios, os quais, a escola não

pode enfrentar sozinha, devendo contar com a ajuda de outros agentes e instituições.

Segundo, Gotzens (2003), os professores não são profissionais formados para

fazer frente a este tipo de problemática, mas são, ao contrário, formados para orientar os

processos de ensino-aprendizagem cabíveis segundo, as idades, as características e

necessidades dos alunos. È uma falácia pretender que tudo quanto possa afetar algumas

dessas variáveis seja competência exclusiva da escola, por mais que o problema também

se manifeste nela. Não se trata de aplainar o caminho reservando para a disciplina

escolar o que, aparentemente, é mais simples, deixando fora de seus limites os

problemas graves. Trata-se de limpar o terreno a fim de que cada um identifique o campo

de ação pelo qual é responsável e, desse modo, saiba quando as situações que enfrenta

estão fora de sua competência de maneira que possa decidir a quem recorrer.

( GOTZENS, p.28)

A indefensibilidade e o estresse de que padece o professor, e que, em boa medida,

justificam o elevado índice de baixas por doença- frequentemente depressões- revelado

por estatística comparativas entre diversos grupos profissionais, estão relacionados

diretamente com a experiência da disciplina na sala de aula e na escola, em particular

durante os primeiros anos de exercício profissional; contudo, quando a problemática

persiste, e o professor não consegue enfrentá-la de maneira eficaz, pode ser motivo de

abandono do exercício profissional. (HUBERMAN, 1989 in GOTZENS, 2008, p.29)

Embora, atualmente, até os profissionais de muitos anos de experiência também

estão encontrando dificuldades. Parrat – Dayan,(2008) pontua que: “Tanto os diferentes autores como a maioria dos professores concordam em dizer quanto mais recursos estiverem a disposição da escola, menores serão os problemas. Aumentá-los permite reforçar o corpo de professores , limitar o número de alunos por turma, estabelecer um bom esquema de tutorias, aumentar o pessoal auxiliar, incorporar figuras como a do psicólogo, do assistente social, do monitor, etc. Por último os professores concordam cada vez mais em dizer que a solução não esta em castigar, expulsar, os alunos, ou enviá-los a sala do diretor. O civismo e a convivência não são valores que podem ser conseguidos num dia só. Surgirão do esforço cotidiano de todos: autoridades, comunidade educativa, pais e dos próprios interessados, os alunos! Do reconhecimento deste fato depende a formação integral acadêmica e social das futuras gerações”.( PARRAT-DAYAN, p.59)

Page 11: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

Neste sentido, torna-se necessário que o Estado, a sociedade e os educadores, se

voltem para medidas que tenham por finalidade valorizar a educação e reforçar o papel da

escola.

Paro (2006), p.17 menciona que “a escola estatal só será verdadeiramente pública

no momento em que a população escolarizável tiver acesso geral e indiferenciado a boa

educação escolar”. Continuando o autor afirma que:

[...] embora o Estado não cumpra com seu papel para a sua concretização, pois não está oferecendo as condições necessárias para tanto... e, buscando contribuir para reflexão a cerca da situação de perspectiva da administração no Brasil e tendo como foco de preocupação o atendimento a população prestado pela escola pública fundamental, considero imperioso que se comece por determinar claramente objetivos para esta escola que atenda aos interesses das camadas trabalhadoras, seus usuários atuais a quem ela realmente precisa servir. Além disso, é urgente que se estabeleça padrões mínimos de qualidade por meio do oferecimento de conteúdos relevantes e de métodos pedagógicos, consentâneos com os objetivos democráticos da escola ao mesmo tempo que se desenvolvam processos coletivos de avaliação de todo o processo escolar que permitam subsidiar e controlar a efetiva busca desses objetivos.” ( Paro, 2006, p.104)

As condições adversas como, por exemplo, salas numerosas, salários baixos,

prédios inadequados, falta de material didático, troca constante de professores,

indisciplina dos alunos, falta de participação dos pais, não deve servir de desculpa para o

não enfrentamento do problema e sim, de estímulo para uma ação conjunta, reivindicando

uma educação de qualidade pra todos como reza a Lei.

3. A importância da Gestão Democrática

Não se pode esquecer que a Gestão Democrática é assegurada pela Constituição

Federal de 1988, em seu artigo 206 e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº

9394/96, no artigo 14 que garante a todos os indivíduos que fazem parte da comunidade

escolar têm o direito de participar das decisões a serem tomadas dentro do ambiente

escolar. Gestão democrática enfatiza a importância do diálogo e respeito mesmo que

existam divergências de ideias.

Pensar a democratização na e da escola implica criar mecanismos de participação

como a construção do Projeto Político Pedagógico, Conselho Escolar, Grêmio Estudantil,

a luta pela progressiva autonomia da escola, a discussão de novas formas de

organização do trabalho na escola.

Nesta interação, deve-se pontuar a importância do papel do gestor democrático e

da família.

Page 12: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

Segundo Paro (1986), um componente que parece muito generalizado em nossa

cultura, e que se mostrou como argumento bastante recorrente nas entrevistas realizadas

para explicar a fraca participação da população na escola, é o de que a população se

mostra naturalmente avessa a todo tipo de participação. Termos ou expressões como

desinteresse; comodismo; passividade; conformismo; apatia; desesperança e falta de

vontade foram constantemente utilizadas para retratar a (falta de) disposição dos usuários

em participar da escola.

Cabe ao gestor democrático, equipe pedagógica, professores, coordenadores, etc.,

mostrar aos pais o quanto é importante a sua participação na vida de seus filhos, pois

infelizmente ainda existem pais que acham que a missão de educar é única e exclusiva

da escola. Para incentivá-los devem tentar promover reuniões atrativas,palestras, jogos, e

organizar para seus filhos, concursos de dança, teatro, poesia, etc, e fazê-los participar.

A gestão democrática é concretizada principalmente em sala de aula onde o

Projeto Político Pedagógico se concretiza e é posto em ação, como menciona Ferreira

(2006):

...fazendo-se em ação na sala de aula, por conter “gérmen” o espírito e conteúdo do projeto político pedagógico que expressa os compromissos e o norte da escola por meio da gestão de ensino, da gestão da classe, da gestão das relações, da gestão do processo de aquisição do conhecimento (FERREIRA,p. 1348):

A gestão democrática vai além da questão administrativa e burocrática, atinge a

todos que participam do cotidiano escolar, sempre havendo muita necessidade de

envolvimento, compromisso, diálogo, com respeito às dificuldades, objetivos e

consequências, que devem ser decididas em conjunto.

A gestão participativa é normalmente entendida como uma forma regular e

significante de envolvimento dos funcionários de uma organização no seu processo

decisório ( LIKERT, 1971; XAVIER , AMARAL e MARA, 1994 in LÜCK 1996,p.15).

Em organizações democraticamente administradas – inclusive escolas – os funcionários, são envolvidos no estabelecimento de objetivos, na solução de problemas, na tomada de decisões no estabelecimento e manutenção de padrões de desempenho e na garantia de que sua organização está atendendo adequadamente às necessidades do cliente. Ao se referir a escolas e sistemas de ensino, o conceito de gestão administrativa envolve, além dos professores e outros funcionários, os pais, os alunos e qualquer outro representante da comunidade que esteja interessado na escola e na melhoria do processo pedagógico. O entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a ideia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto. Isso porque o êxito de uma organização depende da ação construtiva conjunta de seus componentes, pelo trabalho associado, mediante reciprocidade que cria um “todo” orientado por uma vontade coletiva (LÜCK,1996, p.15).

Page 13: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

Deve-se relembrar Paulo Freire quando nos diz que a educação é uma forma de

intervir no mundo: “Outro saber que não posso duvidar um momento sequer na minha

prática educativa-crítica é o de que, como experiência especificamente humana, a

educação é uma forma de intervenção no mundo”. (FREIRE, 2002, p. 110).

Para se encontrar soluções no contexto escolar deve-se ser consciente,é

necessário que se tome posição, deve haver muita união, diálogo, ética, ações coletivas,

aprendizagem significativa, transformadora e crítica. Sendo que o aluno é um ser

individual, dotado de diversas linhas de raciocínio, cada um com seu tempo, o qual deve

ser respeitado e estimulado em sua totalidade para atuar em uma sociedade, saber fazer

suas próprias escolhas e consequentemente criar sua própria história.

Em uma entrevista dada a revista Nova Escola- Gestão Escolar (2010) Dayan diz

que, Neste sentido, as instituições de ensino, como as conhecemos, precisam se reinventar e se tornar verdadeiramente democráticas, inclusive para resolver os problemas da indisciplina. Uma gestão participativa acredita e investe em mudanças nas salas de aula e no relacionamento entre professores, funcionários e gestores. Afinal, a escola é um espaço que educa também por meio da maneira como ela mesma funciona. Não se pode ensinar cidadania sem respeitar os princípios da democracia.(DAYAN, p.20)

Assim, Freire (2002) afirma que para cumprir com decência a nossa profissão, é

necessário:

Assim como não posso ser professor sem me achar capacitado para ensinar certo e bem os conteúdos de minha disciplina não posso, por outro lado, reduzir minha prática docente ao puro ensino daqueles conteúdos. Esse é um momento apenas da minha atividade pedagógica. Tão importante quanto ele, o ensino dos conteúdos é o meu testemunho ético ao ensiná-los. É a decência com que faço. (FREIRE, p. 116).

Enfim, diante de tantos problemas enfrentados, faz-se necessário a urgência do

estudo sobre o tema, união e força de vontade de todos os envolvidos para que haja o

resgate dos valores éticos e morais, o respeito mútuo, a responsabilidade, a consciência

dos direitos e deveres e que segundo Paro (1998) “só há ensino quando há

aprendizagem”.

Page 14: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

4.Considerações Finais

Na atualidade, precisa-se compreender e não esquecer que estamos nos

deparando com alunos que apresentam pensamentos, comportamentos e atitudes

diferentes se comparado aos alunos de alguns anos atrás, ou seja, aos alunos que a

escola estava acostumado a lidar. E, em relação, aos professores novos, aos alunos

idealizados e aos encontrados nas salas de aulas há grandes diferenças. Deve-se estar

preparado para um novo momento, momento este, que exige que seja repensada a

prática pedagógica e que esta se torne condizente com as crianças e adolescentes as

quais vivem e crescem numa sociedade que os está destruindo.

Segundo ARROYO (2004),as imagens cândidas, românticas de infância são as primeiras a destruir-se como se não resistissem a uma infância e adolescência destruídas pela barbárie social e que nos assusta com suas condutas violentas e indisciplinadas. ( ARROYO,p.35)

Diante destas palavras de Arroyo, nota-se a necessidade da escola assumir seu

papel no desenvolvimento de princípios essenciais para formação humana que vai além

do processo ensino-aprendizagem dos conteúdos elaborados por ações que desenvolvam

o caráter humanitário e social da prática educativa.

De acordo com Paulo Freire, (1996),

“Este é outro saber indispensável a prática docente, o saber da impossibilidade de desunir o ensino dos conteúdos da formação ética dos educandos”. E também coloca que “ como prática estritamente humana jamais pude entender educação como uma experiência fria, sem alma, em que o sentimento e as emoções, os desejos, os sonhos devessem se reprimidos por uma espécie de ditadura reacionalista”. ( FREIRE, p.95 e 145)

Os alunos deverão ser conscientes da importância da escola, do empenho de

todos e fazer a sua parte, retribuindo o afeto recebido com alegria, empenho,

responsabilidade, cumprindo com seu papel social de cidadão transformador.

Mas para obter tal êxito, a escola não pode permanecer isolada. A alegria na escola supõe que “ sol é para todos”: Michelet deseja que, além dos problemas do método, a pedagogia consiga propor aos alunos ” um substancial alimento” onde o desenvolvimento e alegria não estejam separadas, sendo o substancial “ aquilo que ( na escola) alegrará, preencherá o coração da criança” ( SNYDERS, 1993, p.21)

Os estudantes deverão ir para a escola com alegria, pois tudo que fazemos com

vontade é um esforço que será retribuído com sucesso. Mas, para que isso aconteça

depende de vários fatores: professores, alunos, conteúdos, diálogo, respeito, cooperação,

Page 15: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

boa vontade, etc.

A alegria também é um ato na medida que, através dela, “ a potência de agir é aumentada; um acréscimo de vida fazendo o indivíduo se sentir como que prolongado, enquanto a não alegria vai se restringir, se reduzir, se economizar, ficar de vigília ou entregar-se a dispersão. ( SNYDERS, 1993, p.42)

Espera-se que a escola possa desenvolver um ensino-aprendizagem que venha ao

encontro das expectativas dos nossos educandos, dando-lhes bases necessárias para

continuarem seus estudos e consequentemente possam estar inseridos no contexto

social, político, e econômico do nosso país.

O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferindo a objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências” ( FREIRE, 1986, p.85)

É importante repensar a teoria e a prática dentro do contexto escolar, também no

sentido de priorizar a presença de todos os envolvidos na comunidade escolar a fim de

que sejam divididas as responsabilidades no interior da escola. Gestão Democrática vê-se

como a participação de todos os envolvidos no processo, e não poderá ficar centrada na

figura do diretor.

Paro (1997) sugere que: na medida em que se conseguir a participação de todos os setores da escola: educadores, alunos, funcionários e pais nas decisões sobre seus objetivos e funcionamento, haverá melhores condições para pressionar os escalões superiores a dotar a escola de autonomia e de recurso ( PARO, p.12)

A escola pública deverá contribuir efetivamente para reivindicar os interesses

coletivos de igualdade e justiça social, fazendo com que com que as Instâncias

Colegiadas exerçam com competência e democracia as funções a elas determinadas

através de seus representantes. Onde estas desempenhem as suas funções específicas:

Conselho Escolar (é o órgão máximo de decisão no interior da escola, tem finalidade de

promover a articulação entre os vários segmentos do colégio, a fim de garantir a eficiência

e a qualidade de seu funcionamento); Associação de Pais, Mestres e Funcionários (órgão

de representação dos pais, professores e funcionários e tem por objetivo, colaborar na

assistência do educando, no aprimoramento do ensino e na integração família-colégio-

comunidade); Grêmio Estudantil ( é o órgão que representa o corpo discente, defendendo

os interesses individuais e coletivos dos alunos como também incentivando a cultura

literária, artística e desportiva).

Estas instâncias não poderão visar lucros financeiros e sim, primar pela qualidade

Page 16: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

do ensino nas escolas, devendo ajudar e compartilhar decisões. Infelizmente, a

participação da comunidade nas instâncias colegiadas está ocorrendo de maneira a

cumprir apenas a legislação, que obriga a existência dos órgãos. Os pais deveriam

participar mais do contexto escolar e do verdadeiro objetivo deste que é formar o aluno

para o verdadeiro exercício da cidadania. Deve-se procurar fazer mais reuniões, promover

um clima de confiança, valorização dos participantes e de suas ideias.

Houve época que os gestores temiam que houvesse a participação da família dos

alunos, professores, funcionários, por sentir-se como a figura central na tomada de

decisões, tinha medo de perder sua autoridade

Temos várias experiências na mídia e na prática e percebe-se que onde o diretor

realiza a gestão democrática existe um melhor aprendizado e uma maior satisfação de

todos os envolvidos. Para que isso ocorra é importante que os pais interajam mais,

assumam junto com o diretor, sejam eleitos pelos seus pares e não escolhidos na sala do

diretor. Para isto, é preciso formar pessoas atuantes.Mas a qualidade do ensino escolar não se pode dar alienado da família, em especial dos pais e mães dos educandos. É aí que entra a necessidade de se providenciarem tempos e espaços constantes e organizados de contato direto dos pais com a escola. O conselho de escola deve servir bem a sua finalidade de representação dos diversos setores da escola para conceber, planejar e controlar a organização do trabalho escolar em consonância com seus objetivos e cooperação com a direção da escola, e aí os pais, além dos demais setores, levam seus pleitos e colaboração, por via de seus representantes. (PARO, 2001, p. 88)

A escola precisa de ajuda de toda a comunidade escolar, interna e externa não

deve -se esquecer do Conselho Tutelar. No Estatuto da Criança e do Adolescente e a

Instituição Escolar, diz:O Conselho Tutelar constante do artigo 131 do Estatuto da Criança e do Adolescente, “ é o órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescentes”, definidos em lei. Ao Conselho Tutelar podem recorrer a sociedade, as entidades governamentais, o Poder Público, o Poder Judiciário, cabendo aos Conselheiros colocarem sua disponibilidade a causa do atendimento a criança ao adolescente, com competência e idoneidade. Suas atribuições como fica bem claro exigem dos conselheiros, a disponibilidade e dedicação, perfeita compreensão da lei e de suas finalidades.( CHLORIS C. JUSTEN, p. 17 e 18).

Será que o Conselho Tutelar está conseguindo colaborar como deveria?. Ou ainda

está faltando entrosamento entre Conselho Tutelar e Escola?

O Projeto Político Pedagógico deve ser construído com a participação de todos. As

decisões devem ser de responsabilidade do gestor, equipe pedagógica, coordenação,

professores, alunos, pais e funcionários. O diretor não pode resolver tudo sozinho, todos

devem participar, se envolver na vida da escola, sabendo qual sua parcela de

contribuição.

Page 17: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

Com o ingresso nas escolas públicas das camadas sociais menos favorecidas, e a

ida da classe média para a rede privada, a escola que continua trabalhando com os

conteúdos e estratégias da mesma maneira para uma outra clientela perdeu a sua

“competência” disciplinar. Pergunta-se: Será a forma como a escola está trabalhando ou a

mudança de nível social que é a causa da indisciplina escolar?

É necessário que continue-se a investigação para quem sabe esclarecer-se os

fatores que levam a indisciplina escolar.

A gestão democrática e participativa apresenta resultados que contribuem para

transformar a escola em espaço criador, em uma comunidade de aprendizagem utilizando

todos os recursos e metodologias possíveis. Esta interação é determinante na construção

da escola cidadã, onde todos são chamados ao envolvimento, na busca da superação

das dificuldades apresentadas, criando novas possibilidades de uma boa educação que

tenha os objetivos sociais, culturais e políticos que a escola do povo é para o povo que

necessita.

A administração escolar inspirada na cooperação recíproca entre os homens deve ter como meta a constituição da escola, de um novo trabalhador coletivo que, sem os constrangimentos da gerência capitalista e da parcelarização desumana do trabalho seja uma decorrência do trabalho cooperativo de todos os envolvidos no processo escolar, guiados por uma “ vontade coletiva” em direção ao alcance dos objetivos verdadeiramente educacionais da escola. ( PARO 1986, p.160).

Enfim, deve-se deixar claro que nem todos os problemas serão resolvidos pela

escola e que a escola é sempre uma representação mais ou menos fiel da sociedade da

qual o aluno origina-se e faz parte. A questão da disciplina passa por uma sociedade mais

justa e solidária e não pertence apenas a escola. Em relação a vinda da classe

trabalhadora, é necessário compreender-se que esta deve ser uma luta por uma escola

realmente gratuita e de qualidade, isto é, sendo necessário receber a classe trabalhadora

de forma a socializar com competência, o conhecimento clássico e universal que deve ser

direito de todos, independente a qual classe social pertença.

Page 18: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

AQUINO, Júlio R. Groppo. A desordem na relação professor-aluno: indisciplina, moralidade e conhecimento. In: Indisciplina na Escola: alternativas e práticas. São Paulo: Summus, 1996. p. 39-55.

_______________. Indisciplina: o contraponto das escolas democráticas. São Paulo: Moderna, 2003.

_______________. Autoridade e autonomia na escola alternativas teóricas e práticas. São Paulo, Summus, 1999.

_______________. Indisciplina na escola alternativa teóricas e práticas. São Paulo, Summus, 1996.

ARROYO, Miguel. Imagens quebradas- Trajetórias e tempos de alunos e mestres. Petrópolis, Rio de Janeiro, Editora Vozes, 2004.

CANDAU, Vera M. Et al. Escola e Violência. 2a ed. Rio de Janeiro DP&A,2001

AGUIAR, Márcia Ângela da S. Aguiar e FERREIRA, Laura Syria carapeto (orgs). Para onde vão a orientação e a supervisão educacional? 5ª Ed. São Paulo: Editora Papirus, 2002.

BRASIL/LDBEN nº 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, MEC, 1996.

BASTOS, Baptista João (org). Gestão Democrática. 2 ed. Rio de Janeiro: DP & A : Sepe 2001.

DESLANDES, Suely Ferreira. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 28ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

ENGUITA, Mariano. A Face Oculta da Escola: Educação e trabalho no Capitalismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia no Brasil: a Gestão Democrática da educação com Gérmen da Formação. In: Educ. soc. Campinas: Vol. 27. Nº97, p. 1341-1358, set/dez 2006. Disponível em: www.cedes.unicamp.br

FERREIRA, Naura Syria Carapeto ( org). Gestão Demócratica da educação: atuais tendências, novos desafios. 2a ed. São Paulo. Cortez 2000.

FILHO, Octacílio Sacerdote. Ato de Indisciplina e Ato Infracional. Ensaio, Faxinal do Céu, PR.

FRANCO, Francisco Carlos. A indisciplina na escola e a coordenação pedagógica. In: O coordenador pedagógico e o cotidiano da escola. São Paulo: Edições Loyola, 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Paz e Terra S.A, 5a. São Paulo, 1996

Page 19: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

FREIRE, Paulo. A pedagogia da Autonomia, saberes necessários à prática educativa. 31ª Ed. São Paulo: Editora Paz e Terra S/A. 2006.

GADOTTI, Moacir, Romão, José E. Autonomia da Escola: princípio e propostas. Cortez, 2004.

GIANCATERINO, Roberto. Escola, professor, aluno... os participantes do processo educacional. São Paulo: Madras, 2007.

GOTZENS, Concepción. Trad. Fátima Murad. A disciplina escolar. 2 Ed. Porto Alegre: Artemed,2003.

JUSTEN, Chloris Casagrande, O Estatuto da criança e do adolescente e a Instituição Escolar. Promoção Secretaria do Estado de Educação e Centro Brasileiro para a Infancia e a Adolescência.

KARLING A.A. A didática necessária. São Paulo: Ibrasa,1991.

LAJONQUIÉRE, L. A criança “sua” (in) disciplina e a psicanálise. In AQUINO, Julio Gropa (org). Indisciplina na escola. São Paulo.Summus,1996.

LÖWY, M. Ideologias e Ciência Social: elementos para uma análise marxista. 14a ed. São Paulo. Cortez, 2000.

LÜCK, Heloisa, [ et al ]. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. 4a Edição. Rio de Janeiro. DP&A,2000.

NERECI, I. Didática: uma introdução. São Paulo: Atlas,1989.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. (In) Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. 16ª Ed. São Paulo: Libertad editora, 2006. (Cadernos Pedagógicos da Libertad, v.4).

VASCONCELLOS, C.S. Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola. Disponível em http://www.ermariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_28_p227-252_c.pdf>. Acesso em: 2011.

____________.Disciplina. São Paulo: Libertad, 1993.

____________. Superação da lógica classificatória e excludente da avaliação: do “é proibido reprovar” ao é preciso garantir a aprendizagem. 3A ed. São Paulo: Libertad,2000.

PARRAT-DAYAN, Silva. Como enfrentar a indisciplina na escola. São Paulo: contexto ,2008.

PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da Escola Pública. 2ª Ed. São Paulo: Ática, 1998.

PARO, Vitor Henrique. Administração Escolar: introdução crítica. São Paulo: Cortez, 1986

PARO, Vitor Henrique. Escritos sobre a Educação. 1a ed. São Paulo: Xamâ, 2001.

Page 20: GESTÃO DEMOCRÁTICA E A INDISCIPLINA DIONICE REGINA … · 2014. 4. 22. · bullyng, a anomia familiar, drogas, a desistência de alguns em educar seus filhos, a permissividade sem

PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da Escola Pública. São Paulo: Ática, 1997

REBELO, Rosana Aparecida Argento. Indisciplina Escolar: causas e sujeitos : a educação problematizadora como proposta real de superação. Petrópolis, Rio de Janeiro. Vozes, 2002.

Revista Nova Escola. Gestão Escolar. Indisciplina de combate com democracia. São Paulo: no. 12, p.20. Fev-março, 2011.

SAVIANI, Demerval. Sentido da Pedagogia e papel do pedagogo. In: Revista da Ande, São Paulo, nº 09, p. 27-28, 1985.

SILVA, Nelson Pedro. Ética, indisciplina & violência nas escolas. Nelson Pedro Silva. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2004.

SNYDERS, Georges. Alunos Felizes: reflexão sobre a alegria na escola a partir de textos literários. Paz e Terra, 1993.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro, Resende Lúcia Maria Gonçalves de (orgs). Escola: espaço do projeto Político Pedagógico. 2 a Edição, Campinas: Papirus, 2000.

ZAVASCHI, M. S. A televisão e a violência: impacto sobre a criança e o adolescente. Porto Alegre, 1998a.

___________________. Uma força a ser utilizada. Disponível em: http://www.ufrgs.br/psiq/vio_forc.html, 1998.