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X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014 4 GESTÃO JURÍDICA AMBIENTAL: ALTERNATIVA DE EXEQUIBILIDADE SOCIOECONÔMICA José Allankardec Fernandes Rodrigues, Paulo Sergio Rodrigues de Araujo (UNIFACS/FAPESB) Resumo: A Gestão apresentou-se como forma de solução para problemas após a revolução industrial, onde os gestores diante de situações inéditas usaram vários métodos científicos, para administrar as atividades. A Gestão Ambiental trata de um processo sistêmico independente do nível, seja nas instituições públicas ou privadas que incluem uma estrutura organizacional, aliado ao planejamento, responsabilidade, gerenciamento, políticas ambientais e normatizações que são adotadas pela organização para minimizar ou eliminar os efeitos de sua atividade no ambiente. A Constituição cria uma categoria jurídica capaz de impor, a todos que utilizem recursos naturais, uma obrigação de zelo para com a natureza. A estrutura normativa é fundamental para a regulação de direitos e deveres, mais existem pontos fundamentais para a proteção do ambiente natural e seus recursos. Decisões dos tribunais, pois se trata da formação do Direito vivo no preenchimento de lacunas, na interpretação das leis e influenciando o legislador, respondendo, assim as quesilhas que atormentam a sociedade. Portanto, a implantação da gestão jurídica ambiental requer condutas interdisciplinares, exigindo da empresa, profissionais aperfeiçoados em matérias diversas e especializações, que determinam um grau de atuação e de conhecimento do negócio, do meio ambiente e da legislação, além da cultura proativa e uma visão sistêmica da integração atividade empresarial e o meio natural distinto da atuação estanque de gestões conservadora e de apenas atendimento ao viés midiático e econômico/financeiro. Para realização deste trabalho foi desenvolvida a pesquisa bibliográfica. Segundo Lakatos (2009), este tipo de pesquisa consiste na análise e interpretação de livros, periódicos, textos legais, documentos, manuscritos, revistas, dissertações, entre outros. Palavras-chaves: Gestão; Gestão ambiental, Legislação; Recursos Naturais;Gestão Jurídica Ambiental ISSN 1984-9354

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X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de

2014

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GESTÃO JURÍDICA AMBIENTAL: ALTERNATIVA DE EXEQUIBILIDADE SOCIOECONÔMICA

José Allankardec Fernandes Rodrigues, Paulo Sergio Rodrigues de Araujo

(UNIFACS/FAPESB)

Resumo: A Gestão apresentou-se como forma de solução para problemas após a revolução industrial, onde os gestores diante de situações inéditas usaram vários métodos científicos, para administrar as atividades. A Gestão Ambiental trata de um processo sistêmico independente do nível, seja nas instituições públicas ou privadas que incluem uma estrutura organizacional, aliado ao planejamento, responsabilidade, gerenciamento, políticas ambientais e normatizações que são adotadas pela organização para minimizar ou eliminar os efeitos de sua atividade no ambiente. A Constituição cria uma categoria jurídica capaz de impor, a todos que utilizem recursos naturais, uma obrigação de zelo para com a natureza. A estrutura normativa é fundamental para a regulação de direitos e deveres, mais existem pontos fundamentais para a proteção do ambiente natural e seus recursos. Decisões dos tribunais, pois se trata da formação do Direito vivo no preenchimento de lacunas, na interpretação das leis e influenciando o legislador, respondendo, assim as quesilhas que atormentam a sociedade. Portanto, a implantação da gestão jurídica ambiental requer condutas interdisciplinares, exigindo da empresa, profissionais aperfeiçoados em matérias diversas e especializações, que determinam um grau de atuação e de conhecimento do negócio, do meio ambiente e da legislação, além da cultura proativa e uma visão sistêmica da integração atividade empresarial e o meio natural distinto da atuação estanque de gestões conservadora e de apenas atendimento ao viés midiático e econômico/financeiro. Para realização deste trabalho foi desenvolvida a pesquisa bibliográfica. Segundo Lakatos (2009), este tipo de pesquisa consiste na análise e interpretação de livros, periódicos, textos legais, documentos, manuscritos, revistas, dissertações, entre outros.

Palavras-chaves: Gestão; Gestão ambiental, Legislação; Recursos Naturais;Gestão

Jurídica Ambiental

ISSN 1984-9354

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1. Introdução

A importância da eficiência na utilização de recursos naturais traz ao contexto

nacional e internacional o destaque de modelos administrativos e de gerenciamento, em prol

de sobressair no cenário empresarial, social e ambiental os gestores necessitam utilizar-se de

informações seguras e eficazes para balizar o seu processo decisório.

A legislação em que as empresas estão submetidas são extremantes mutantes e o

acompanhamento de suas normativas é o diferencial entre a sobrevivência ou morte prematura

do empreendimento ou a imposição de penas que refletirão no desempenho econômico e na

reputação social do empreendimento, aliado as consequências jurídicas para o contexto

societário.

Destaca-se a importância da inovação nos modelos de gestão atualmente disponíveis

para a criação de certos mecanismos de controle e processos internos abrangendo toda a

administração visando responder a um questionamento; qual a importância da gestão jurídica

ambiental em instituições que utilizam recursos naturais? Através de uma visão holística e

sistêmica dos processos jurídico-gerenciais que envolvem os ditames ambientais.

Objetiva-se, nesse artigo, disserta sobre gestão ambiental, assim como evidenciar a

legislação norteadora da seara ambiental e conceituar a gestão jurídica ambiental como

modelo alternativo e viável para a utilização em Instituições que consomem ou regulam

recursos naturais.

Neste trabalho, buscou-se conceituar a importância da gestão jurídica ambiental

aplicada nas Instituições, bem como as principais características da legislação ambiental,

influenciadoras na tomada de decisão, como alternativa na exequibilidade socioeconômica.

Para realização deste trabalho foi desenvolvida a pesquisa bibliográfica. Segundo

Lakatos (2009), este tipo de pesquisa consiste na análise e interpretação de livros, periódicos,

textos legais, documentos, manuscritos, revistas, dissertações, entre outros.

2. Emprego contextual de Gestão

A Gestão apresentou-se como forma de solução para problemas após a revolução

industrial, onde os gestores diante de situações inéditas, usaram vários métodos científicos,

para administrar as atividades da época o que deu início aos métodos da administração com

sistematização do conhecimento e aplicação de modelos e técnicas administrativas, neste

sentido Peter Drucker (1975, p. 5) alerta que “nos E.U.A. se distingue “management” de

“administration” e se emprega muito mais a primeira”.

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Destaca-se o termo “Administração”, o qual possui uma terminologia geral, então nas

organizações têm pessoas que criam os regulamentos ou tomam as decisões e agem em nome

das instituições. Já a “Gestão” é um ramo das ciências humanas, porque tratam com grupo de

pessoas, procurando manter a sinergia entre elas, a estrutura da empresa e os recursos

existentes.

A terminologia utilizada pelas editorações para Gestão apresenta o significado de

gerenciamento, de modo que, onde existe uma instituição ou entidade social de pessoas a ser

gerida ou administrada, apresenta o objetivo de crescimento, estabelecido pela corporação

através do esforço humano organizado.

No entendimento de Édis Milaré (2011) sobre o conceito de gestão e administração

que em última análise, são sinônimos. Pois a “gestão” apresenta critérios que a torna mais

racional e científica do que uma simples “administração” ou condução procedimentos

negociais de forma empírica e rotineira.

No interpretar da gestão administrativa, além da técnica de administrar, ainda se utiliza

de outros ramos como o direito, a contabilidade, economia, psicologia, matemática e

estatística a sociologia, a informática entre outras e através desta é possível que empresas

possam produzir os meios econômicos necessários para suprir as demandas sociais.

As funções do gestor são em princípio fixar as metas a alcançar através do

planejamento, analisar e conhecer os problemas a enfrentar, solucionar os problemas,

organizar recursos financeiros, tecnológicos, ser um comunicador, um líder, ao dirigir e

motivar as pessoas, tomar decisões precisas e avaliar, controlar o conjunto todo.

Os modelos de gestão para Ferreira, Pereira e Reis (2011) apresentam novas propostas,

modelos e técnicas com graus de concisão e originalidade que veem repercutindo no âmbito

empresarial, pois buscam materializar mudanças dos princípios consagrados e na conjuntura

dos propósitos e a missão da organização, provocando mudanças importantes nas suas

operações e relações de trabalho.

Hodiernamente, os sistemas sociais estão conscientes de sua inserção no meio

ambiente, o qual são fontes dos recursos (matéria-prima) utilizados para o desenvolvimento

das atividades econômicas, o qual destinam-se as influências no desempenho das

organizações, das sociedades e dos meio naturais, de modo que a cada momento são

indispensáveis os regramentos para um enfoque sistêmico de proteção e sustentabilidade.

Os sistemas organizacionais vêm enfrentando um ambiente competitivo e cercado de

incertezas que é afetado pelos mercados interligados, competitividade, a volatilidade das

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informações, valorização do conhecimento e variações normativas, neste contexto, emerge, a

necessidade do desenvolvimento de competências e conhecimentos capazes de transformar

em vantagens competitivas e um posicionamento pioneiro diante das demais organizações

(Uhry; Bulgacov, 2006).

Neste trilhar, a Gestão busca ser um processo de retornos (feedback) de informações

alimentando o sistema organizacional em prol de atender as necessidades que pretende-se

satisfazer, prever ou evitar e desenvolver uma ciência universal e harmônica com os

ambientes físicos, sociais e naturais que lhe são correlatos.

Diante do decréscimo dos recursos naturais e consequente diminuição da qualidade

ambiental, surge uma regulação mais restritiva em prol de buscar uma eficiência na utilização

das matérias-primas ambientais, com diminuição dos poluentes e dos desperdícios, em função

das necessidades e estratégias das organizações em defesa de meio ambiente equilibrado,

surge à gestão ou gerenciamento ambiental.

3. Conceito de gestão ambiental

O contexto das organizações sai de uma filosofia iniciada na geração de riquezas para

os patrões e empregados, na competitividade de preços, produtos e serviços, para

organizações que visualizam os impactos sociais de sua atuação, o qual implica na redefinição

das atividades, redesenho de processos e reavaliação de resultados, deste modo proporcionar o

crescimento e sustentabilidade na instituição (Aligleri; Aligleri; Kruglianskas; 2009).

A conscientização social, empresarial e governamental na utilização dos recursos

naturais, sobre a forma de como são produzidos, consumidos e quais bens ambientais ficará

para as gerações futuras, emerge de uma postura organizacional que tenta conciliar as

multiplicidades de interesses para responder as demandas e questionamentos dos anseios

sociedade.

Surge à importância de normalizar as técnicas, as produções e os métodos de

fabricação em função da otimização dos recursos, sejam naturais e ou financeiros,

oportunizando as empresas em repensarem seus processos e adapta-los a sistemas mais

eficientes e sustentáveis nos pontos econômicos e ambientais.

As exigências legais e normativas advindas das legislações ambientais, o decréscimo

da qualidade ambiental e a conscientização das sociedades formou um lastro de exigências

que determinou a necessidade de implantação nas empresas dos modelos de gerenciamento

ambiental.

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Destaca-se, segundo Seiffet (2005) que as empresa passaram a ter maior acesso aos

mercados e aos lucros quando não poluem, deixam de poluir ou reduzem a poluição. Em

sentido inverso, estão as organizações que maximizam os lucros através da socialização dos

danos ambientais.

A importância da Gestão Ambiental - GA é caracterizada desde sua conceituação

conforme disserta Dias (2011, p. 102):

[...] gestão ambiental é a expressão utilizada para se denominar a gestão empresarial que se orienta para evitar, na medida do possível, problemas para o meio ambiente. Em outros termos, é a gestão cujo objetivo é conseguir que os efeitos ambientais não ultrapassem a capacidade de carga do meio onde se encontra a organização, ou seja, obter-se um desenvolvimento sustentável.

A partir deste entendimento, a sustentabilidade e desenvolvimento empresarial se

lastreado na Gestão Ambiental melhoram o relacionamento da empresa com a mídia e os

órgãos de monitoramento ambiental, redução dos custos e dos recursos e aumento dos lucros,

Pearson Education do Brasil, (2011).

Figura 1 - Componentes da gestão ambiental. Adaptado de Pearson (2011, p. 67).

A Gestão Ambiental trata de um processo sistêmico independente do nível, seja nas

instituições públicas ou privadas que incluem uma estrutura organizacional, aliado ao

planejamento, responsabilidade, gerenciamento, políticas ambientais e normatizações que são

adotadas pelas organizações para minimizar ou eliminar os efeitos de sua atividade no

ambiente.

A implantação da gestão do ambiente não é simples, pois demanda o conhecimento de

ecossistemas, das legislações e normatizações, das políticas ambientais, implantação de uma

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cultura ambiental e a consciência da atividade na corporação sendo benéfico ás empresas, à

sociedade e ao Estado e resultará em benefícios para todos e ao meio ambiente.

Assim, evidência uma instrumentalidade na aplicação da Gestão Ambiental sendo

preponderante sua aplicação através de conceitos de aprimoramento de processos e sistemas

de Gestão.

3.1. Os Sistemas de Gestão Ambiental - SGA

A inserção da problemática ambiental no panorama das instituições tornou-se de

elevada relevância. Sai de uma abordagem utópica e idealista debatidas no âmbito acadêmico

e das Organizações não Governamentais – ONGS e passa a ser uma dos principais

direcionadores das intenções de investimento, tanto dos governos como da iniciativa privada.

Ademais, tornou-se imprescindível a utilização de técnicas, métodos de controles e

formas de gerenciamentos vinculados à proteção e preservação do meio natural. Diante da

necessidade de integração de várias ciências, sejam as naturais e/ou as sociais a questão

ambiental em sua abordagem sistêmica, tendo em cena a complexidade em que se está

inserida.

Assim, o Sistema de Gestão Ambiental - SGA, segundo Seiffert, (2005, p. 30)

“apresenta-se como um processo estruturado que possibilita a melhoria contínua, num ritmo

estabelecido pela organização de acordo com suas circunstâncias, inclusive econômicas”.

O Sistema de gestão ambiental é conceituado por Dias, (2011,p.104) como:

[...] conjunto de responsabilidades organizacionais, procedimentos, processos e meios que se adotam para a implantação de uma política ambiental em determinada empresa ou unidade produtiva. [...] É o método empregado para levar uma organização a atingir e manter-se em funcionamento de acordo com as normas estabelecidas, bem como para alcançar os objetivos em sua política ambiental.

Verifica-se, nas premissas do SGA o atendimento de regramentos governamentais,

requisitos de investidores e demandas de mercados consumidores, não existindo a garantia de

resultados efetivos e excelentes ao meio ambiente, seu lastro está em manter a empresa dentro

da legalidade, evitar multas, ações judiciais e principalmente alcançar mercados

consumidores.

Como elementos norteadores da implantação de sistema de gestão ambiental, as

instituições de maneira voluntária adotam um modelo de normalização, podendo ser próprio

ou especializado, de modo que o mais destacado mundialmente são as normalizações

propostas pela International Organization for Standardization - ISO.

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Neste sentido, destacou-se como Sistemas de Gestão Ambiental as normas idealizadas

na ISO, órgão sediado em Genebra- Suíça, o qual o Brasil é membro desde a fundação e

representado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e apresenta como

missão prover a sociedade, por meio de documentos normativos, que permita a produção, a

comercialização e uso de bens e serviços de forma competitiva e sustentável nos mercados

interno e externo, contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico, proteção do

meio ambiente e defesa do consumidor.

3.1.1. ISO 14001

Os diferentes estágios intrínsecos de um desempenho organizacional voltado para

atender as questões ambientais tem como consequência a postura proativa e sistemática de

processos produtivos que reduzam os impactos no meio natural, o qual tornou-se uma questão

estratégica e não estritamente no atendimento das exigências legais.

Através da ISO 14001 a instituição poderá efetuar uma abordagem estratégica e por

meio da gestão ambiental subsidiará um arcabouço que oriente o gerenciamento das

atividades e dos aspectos ambientais decorrentes de processos, produtos e serviços.

As motivações para a adoção da ISO em pequenas e médias empresas como: a imagem

empresarial na sociedade; exigências da clientela; relacionamento com os parceiros e

inovações de métodos produtivos, por fim, objetiva-se através da normatização a estratégia de

prevenção a donos ambientais, com as possibilidades econômicas da empresa e garantir a

sustentabilidade dos negócios.

O programa ISO 14001, desde sua elaboração, apresenta-se como instrumento

eficiente no controle ambiental organizacional e característica primordial, sua flexibilidade,

uma vez que não determina modelos de desempenhos ambientais, mas exige que a instituição

cumpra as normas legais impostas pelos entes governamentais (Seiffert; 2009).

Na análise de Jucon, (2010) o principal motivo para o descredenciamento das

empresas da ISO 14001, caracteriza-se pelo não atendimento das legislações ambientais, e

não atendimento dos requisitos legais, regulamentares, normativos dos entes governamentais,

assim como não atendem as normas utilizadas como referencia durante o prazo de validade do

certificado.

Os dados estatísticos demonstra o papel estratégico das instituições em atender

normatizações ambientais, no Brasil, referenciado o período de 2010 a 2013, dados

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disponibilizados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia –

INMETRO1, são verificados na Tabela a seguir:

Tabela 01 – Certificações ISO 14001 por Estados da Federação - Brasil Histórico das certificações ISO 14001 concedidas por Estado da Federação

Estados 2010 2011 2012 2013 Total

ALAGOAS 0 1 2 0 3

AMAZONAS 2 4 1 0 7

BAHIA 7 4 1 3 15

CEARÁ 1 2 1 1 5

DISTRITO FEDERAL 0 0 1 0 1

ESPÍRITO SANTO 1 0 0 1 2

GOIÁS 5 2 1 0 8

MARANHÃO 1 0 0 0 1

MATO GROSSO DO SUL 1 0 2 0 3

MINAS GERAIS 4 3 1 3 11

PARANÁ 14 13 15 12 54

PERNAMBUCO 2 1 4 3 10

RIO DE JANEIRO 2 8 6 4 20

RIO GRANDE DO NORTE 0 1 1 0 2

RIO GRANDE DO SUL 2 6 1 0 9

SANTA CATARINA 6 10 10 14 40

SÃO PAULO 50 42 22 24 138

TOCANTINS 1 0 0 0 1

TOTAIS 99 97 69 65 330 Fonte: Inmetro, 2014, Adaptado.

Verifica-se que a redução ano a ano das empresas certificadas na ISO ambiental,

números apresentados pelo INMETRO, ressalta-se que empresas ao certificarem podem não

utilizar o logo do Inmetro e não sendo computado nos seus dados, contudo de modo geral

tem-se um mapeamento de que existem fatores limitantes para a adoção das medidas de

gestão ambiental nas instituições. Uma síntese, destes fatos, pode derivar da exposição às

cobranças aos seus processos produtivos, o desempenho dos produtos e serviços ao ciclo de

vida e a repercussões mercadológicas na perda da certificação.

1Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – INMETRO. Empresas Certificadas. Histórico das certificações concedidas por Estado da Federação. Disponível em:< http://www.inmetro.gov.br/gestao14001/Rel_Cert_Emitidos_Loc_Geografica.asp?chamador=INMETRO14&abrangencia=&acao=imprimir&tipo=INMETRO…>. Acesso em: 25 jan. 2014.

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Ademais, as Unidades de Negócios que obtiveram certificação, válidas emitidas dentro

do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade - SBAC para empresas nacionais e

estrangeiras, conforme relatório de janeiro de 2014 é quantificado em 2142 empresas Padrão

Normativo ISO 14001:2004.

O Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) é um acervo de dados sobre as empresas

e outras organizações formais e suas respectivas unidades locais existentes no Brasil, reunindo

informações cadastrais e econômicas oriundas de pesquisas anuais do IBGE, nas áreas de

Indústria, Construção Civil, Comércio e Serviços, e da Relação Anual de Informações Sociais

- RAIS, do Ministério do Trabalho e Emprego e dados fornecido pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE; 2012)3, apresenta um número de 5,1 milhões de empresas e

outras organizações formais ativas no ano de referência 2010 no Brasil.

Neste diapasão, há um longo caminho para a implantação de uma sistemática no

atendimento normativo ambiental, sendo necessários, ainda maiores esforços para o

comprometimento, estabelecimento de objetivos e metas aliados à redução dos custos

produtivos e ambientais. Igualmente a educação ambiental como instrumento cultural e de

gestão ambiental para a materialização da visão sustentável no âmbito

social/institucional/governamental.

4. Normas Ambientais

O sistema normativo são instrumentos prescritivos, do ordenamento jurídico, que

conduzem, conceituam, propõem, estabelece, impõem ou proíbem determinada conduta

social, podendo também definir um instituto jurídico ou um fenômeno social. A norma

objetiva a concretização do direito em suas descrições hipotética, direcionando em uma linha

de conduta, (Venosa, 2010).

Neste sentido, destaca-se o ordenamento jurídico, seja civil, tributário, trabalhista,

ambiental entre outros as normas jurídicas legislativas, judiciais consuetudinárias e

convencionais. Destarte, o ordenamento é o Direito organizado e sistematizado, balizado pela

Carta Magna,(Venosa, 2010).

2Dados obtidos no site do INMETRO: Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/gestao14001/Rel_Certificados_Validos.asp?chamador=INMETRO14&acumulador=uni_negocio&acao 3 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Estatísticas do cadastro central das empresas 2010. Analise dos resultados: panorama geral. Disponível em: <http://www. http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv58797.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2014.

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As normas ambientais têm antecedentes históricos que remanta ao tempo do Brasil

colônia, o qual destaca-se o Regimento do Pau-Brasil, em 1605, (Wainer, 1996) que proibia o

corte da árvore e impunha penas severas a quem fizesse o corte. As cartas régias ordenava aos

governadores, a proteção, por meio de extensiva fiscalização das matas e dos arvoredos

localizados perto dos mares e das margens dos rios. Hodiernamente, com o advento da Carta

Constitucional de 1988, foi inovadora e trouxe em seu bojo a previsão de uma nova gama de

direitos entre eles fixou a proteção do meio ambiente, conforme Art.225, CF.

4.1. Bases constitucionais

O texto Constitucional de 1988 declara que todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, o bem natural de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, obriga ao poder publico e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-

lo para as gerações presentes e futuras, com esse texto segundo Silva, (2008, p.848) “até

ultrapassa, as Constituições mais recentes (Bulgária, art. 31, Ex-URSS, art. 18, Portugal, art.

66, Espanha, art.45) na proteção ao meio ambiente”. Assim, destaca-se a inovação as políticas

ambientais no Brasil em comparação com o Direito Estrangeiro.

A Constituição cria uma categoria jurídica capaz de impor, a todos que utilizem

recursos naturais, uma obrigação de zelo para com a natureza. Não se olvide a importância ao

meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo um direito de todos e um princípio da

ordem econômica.

4.2. Proteção ao meio ambiente

A degradação ambiental deve ser analisada sob a ótica de uma sociedade que

apresenta novos paradigmas e está sujeita a riscos e perigos, principalmente ambientais.

Diante da necessidade do suprimento as crescentes demandas de matérias-primas e energia

que a população necessita para suas necessidades existenciais.

Urge relatar, que a relação com os bens naturais tornar-se uma fonte de riscos nas

características do mundo atual, em função do atual meios técnicos e quantitativos que a

sociedade dispõe para explorar o meio ambiente a fim de suprir as crescentes demandas

econômicas, em face de, a dinâmica ambiental ser diferente da sistemática econômica. Pois, a

utilização de recursos naturais por técnicas direcionadas ao lucro e desconectadas de valores

ambientais devem ser mitigadas e combatidas por regramentos eficientes para evitar a

privatização dos lucros e socialização dos prejuízos.

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Neste sentido, a proteção ambiental deve ser correlacionada como o bem estar social,

de modo que, as declarações internacionais, a exemplo do Relatório Brundtland,(Granziera,

2011) destaca a necessidade de desenvolvimento econômico, atendendo a sustentabilidade.

O desenvolvimento sustentável congregaria os princípios econômicos e sociais de

modo a determinar o direito ao desenvolvimento, incluindo a distribuição dos benefícios

ambientais de forma igualitária e a proteção aos grupos vulneráveis, lastreado no direito

fundamental da pessoa humana.

Deste modo, o Estado deve propiciar as diretrizes destinadas a assegurar aos meios de

sobrevivência a todos os indivíduos e povos, assim como garantir e nortear toda legislação,

bem como atualizar o sentido das Leis para o favorecimento da interpretação coerente e

sistemática ao contexto, econômico, social e ambiental.

4.3. Contexto legal e normativo ambiental brasileiro

A estrutura legiferante Brasileira é complexa, excessiva, e conflituosa, segundo dados

do Ato Conjunto nº 2 de 2013, do Senado e Câmara dos Deputados4 que cria comissão mista

para consolidar a legislação federal, no Brasil, destaca que, há mais de 180 mil diplomas

normativos. Destarte, a quantidade de normas legais onera as empresas, atrapalha os

processos jurídicos e cria insegurança jurídica, (Gondin, 2013).

Enfatiza-se que, essa quantidade de normas é apenas referente ao ente Federal, não

está considerada a legislação estadual, do distrito federal e dos municípios, que tem

autonomia legislativa e o dever de regular as matérias de sua competência, assim denota-se a

complexidade legal que se está inserido quaisquer atividade econômica, ou não econômica.

Neste segmento, mas no recorte da legislação ambiental é possível verificar o aparato

normativo a que o meio ambiente está circundado, segundo dados do site do CONAMA5, o

sistema normativo é formado por: Normas Constitucionais, Leis, Medida Provisória, Decreto-

Lei, Decreto, Instrução Normativa, Portaria, Portaria Interministerial, Relatório de Gestão de

Florestas Públicas – SFB, Regimento Interno CONAMA e Resoluções CONAMA.

Verifica-se, ainda, a legislação ambiental conferida aos Estados e ao Distrito Federal,

considera-se que o ente estadual poderá criar sistemas estaduais de proteção ao meio

ambiente. Ademais a competência legislativa municipal, o qual poderá atuar em defesa do

4 BRASIL, Ato conjunto nº 2, de 2013 dos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Cria comissão mista destinada a consolidar a legislação federal e a regulamentar dispositivos da Constituição. Disponível em: http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=127133&tp=1. Acesso em: 30 jan. 2014. 5 Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legi.cfm

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meio ambiente e combater a poluição, assim como, fundado no art. 30 da Constituição Federal

(CF) o ente municipal poderá regular assuntos de interesse local, e suplementar a legislação

federal e estadual no que couber.

Insta enaltecer, o papel das decisões judiciais no âmbito dos tribunais brasileiros que

são fontes importantes na defesa e no controle da utilização de recursos naturais e os danos

aos bens ambientais, em face da interpretação do arcabouço legal, quando devidamente

provocado, o judiciário passa a exercer sua competência de dizer o direito aplicável ao caso

concreto a que se está inserido e direcionado as instituições envolvidas em padrões ambientais

e legais.

Neste diapasão, o Ministério Público como instituição essencial na função

jurisdicional, definida pelo Art. 127 da CF, o qual está incumbido na defesa da ordem

jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, órgão

consagrado pela opinião pública como instância eficaz no atendimento de queixas e

reclamações relativas a danos ambientais, (Milaré, 2011).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA é o órgão consultivo e

deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA foi instituído pela Lei

6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo

Decreto 99.274/90. É um órgão colegiado representativo de cinco setores, a saber: órgãos

federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil. Dotado de poder

regulamentar, tem como finalidade o assessoramento, o estudo e proposições ao Conselho de

Governo e diretrizes e políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais.

Considera-se relevante a normatização em prol do meio ambiente efetuada

voluntariamente, assim como as técnicas que tenha como escopo a segurança ambiental e

social, neste contexto a Associação de Brasileira de Normas Técnicas – ABNT promove o

conhecimento sistematizado, por meio de documentos normativos, que permita a produção, a

comercialização e uso de bens e serviços de forma competitiva e sustentável nos mercados

interno e externo, contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico, por

consequência a proteção do meio ambiente e defesa do consumidor.

Em síntese pode-se visualizar a sistemática normativa ambiental brasileira conforme

figura a seguir:

Figura – 02 Estrutura normativa ambiental

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Fonte: Elaboração Própria

A estrutura normativa é fundamental para a regulação de direitos e deveres, mais

existem pontos fundamentais para a proteção do ambiente natural e seus recursos, onde o

Estado deve adotar uma legislação eficaz e adequada a proteção e o desenvolvimento

econômico e social, somado a adoção de uma hermenêutica transdisciplinar e sistêmica para a

legislação ambiental, em prol de uma gestão integrada com as ciências e ao ordenamento,

deste modo evita-se equívocos técnicos/jurídicos interpretativos e as responsabilidades

decorrente de dano.

5. Institutos processuais e o meio ambiente

Os institutos processuais são complexas ligações jurídicas entre os sujeitos de uma

relação jurídica ou jurídica processual e apresentam-se compostas por inúmeras posições

sendo; jurídicas ativas e passivas, o que atribui-lhes direitos e faculdades, obrigações e

sujeições. Neste contexto, o Direito age nos conflitos entre pessoas, assim como na

cooperação que estas devem praticar em benefício de determinado fim comum (Cintra;

Grinover; Dinamarco, 2008).

Urge destacar que, o processo seja administrativo ou judicial deve ser visto também

como instrumento político de oficialização e legitimação de desigualdades. Neste

entendimento, se deve adequá-lo às especificidades e diferenças, ao revés de confundir boa

técnica com submissão cega a critérios e formalismo dos tribunais.

Destaca-se também a previsão Constitucional de 1988, do Art. 225, em face da

relevância do bem ambiental, o qual determinou ao Poder Público e a coletividade a obrigação

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de não só defender mais de preservar os recursos naturais para as gerações presentes e futuras,

sendo os destinatários do Direito Material Ambiental.

Neste diapasão, a lesão ou ameaça ao direito material ambiental acarretará a indicação

dos responsáveis passivos e dos legitimados ativos para a abertura de processos sejam

administrativos ou judiciais em prol de emanar ordens judiciais, tudo lastreada pelo Art. 5º,

Inciso, XXXV, da CF (Forillo, 2007).

Diante deste entendimento, a tutela do meio ambiente ainda evoluirá em relação as

vias processuais, sejam administrativas ou judiciais que terão a visão de construir um caminho

concreto e seguro para a consecução de uma proteção integral ao meio natural, adaptando ás

peculiaridades do meio ambiente e das necessidades da coletividade e dos modelos

econômicos.

O processo administrativo apresenta-se como instrumentos de resolução de conflitos

ambientais e através de suas características de não existirem custas e honorários, as partes

podem lançar mão dos meios de defesas permitidos nessa fase, destarte deve-se observar as

normas que regulam o processo administrativo ambiental.

No tocante ao processo judicial, esse carece de ser provocado e passa a exercer sua

competência de dizer o direito aplicável ao caso concreto, protegendo o patrimônio ambiental,

a segurança jurídica e os direitos fundamentais.

Na figura a seguir verifica-se um diagrama dos institutos processuais administrativos e

judiciais:

Figura 03 - Processo administrativo e judicial ambiental

Fonte: Elaboração própria

Deste modo, os institutos processuais poderão dispor ao jurisdicionado o modelo

processual que seja adequado (eficiente e efetivo) para a tutela do direito em questão. Cabe

destacar, a necessidade de estabelecer proteções jurídicas ao meio ambiente diferenciado, em

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prol de atender as particularidades do direito material ambiental em conflito, em face ao

devido processo legal, que deve privilegiar o acesso a uma ordem jurídica equânime.

5.1. Processo administrativo ambiental

Cabe esclarecer que a processualística ambiental não é teorizada pela doutrina,

diferente do Direito Material ambiental que tem larga teoria e coletâneas sobre o Direito

ambiental, neste teor dever-se-á o tema abordado em uma visão conceitual e com

sistematização do processo administrativo ambiental e sua importância para a segurança

jurídicas dos particulares, do Estado e o meio ambiente.

Verifica-se diante da capilaridade de procedimentos para atender aos requisitos

normativos que regulam a utilização de recursos naturais, o processo administrativo ambiental

é procedido em diversas fases ou etapas que são separadas e complementares na

sistematização do processo.

Destarte, por meio do processo administrativo ambiental forma-se um instrumento de

prestação, apuração, controle ou defesa que se apresenta de forma célere, sem custas, adstrito

a legalidade, busca a verdade material ou real. Quanto a aplicação normativa no âmbito

federal está prevista pela Lei nº 9.784/99 que regula o processo administrativo.

Verifica-se que tanto na Lei 6.938/81, como em leis estaduais e leis orgânicas

municipais, contem ou podem conter dispositivos para implementação da política ambiental,

destarte ao processo ambiental caso não haja previsão especifica valerá a Lei Federal

(9.784/99), evidenciar os instrumentos para a preservação, melhoria e recuperação da

qualidade ambiental e gerar condições de desenvolvimento socioeconômico, segurança

ambiental e dignidade da vida humana através de método de estudo, de avaliação e repreção

na utilização dos recursos naturais.

Apresentam-se os instrumentos descritos como meios de informação técnica ofertados

à administração ambiental e a atividade empresarial com vistas a subsidiar a tomada de

decisão, assim como exercer o contraditório, na análise de viabilidade ambiental e econômica

para a obtenção do licenciamento ambiental da atividade capaz de causar significativa

degradação ambiental.

5.2. Atividade jurisdicional

O Estado possui a atribuição de prestar a atividade legislativa, executiva e

jurisdicional, cada esfera do Poder do Estatal, apresenta especificidades e distinguindo-se

entre si, de modo que: o Legislativo tem a função de estabelecer normas jurídicas para atender

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os anseios sociais; o Executivo tem a função de gerir a coisa pública atendendo aos critérios

legais em prol da sociedade; o Judiciário tem a função de fazer cumprir as normas já

estabelecidas.

No ordenamento Pátrio vigora uma reserva de jurisdição ao Poder Judiciário, ditames

constitucionais no inciso XXXV, do art. 5° da CF/88, cuja apreciação não pode ser excluída,

por qualquer lesão ou ameaça de lesão de direito individual ou coletivo, ainda que tal ameaça

seja decorrente de ato da Administração Pública ou dos Particulares.

Nas lições de Cleide Cais, (2009, p. 77) o Estado por meio do processo e da jurisdição

decide:

Decide em abstrato, mediante normas de conduta ou de organização; decide em concreto, em sede propriamente política, ou administrativa, ou jurisdicional. Decide para se próprio e pauta sua conduta pelas decisões antes tomadas; decide para os outros, determinando a situação em que os destinatários ficarão ou as condutas que há de ter. O Estado decide criando situações jurídicas novas, ou decide apenas revelando situações anteriores e acrescendo-lhes o atributo da certeza. Tão importante é a capacidade de decisão do na vida do Estado, que a ela tem sido assimilado, com extrema frequência entre os cientistas da política, o próprio conceito de poder. O poder político é, realmente, a capacidade de decidir imperativamente e impor decisões.

O Estado, através do monopólio da jurisdição e por meio dos seus representantes tem

capacidade de solucionar conflitos de interesses, quando não dirimidos na estância

extrajudicial, estes caracterizados por litígios que revelam a necessidade do Estado-Juiz

intervenha mediante provocação e promovam a pacificação das pretensões interindividuais,

mediante a realização do direito justo e por meio do processo (Cintra; Grinover; Dinamarco,

2008).

6. Jurisprudência ambiental

Neste contexto, a maioria da legislação de proteção ambiental está no plano

infraconstitucional, é o STJ o desaguadouro natural dos conflitos envolvendo o meio

ambiente. Assim o estudo da jurisprudência evidência-se imprescindível no contexto do

direito ambiental.

Os direcionamentos jurídicos pautados nos importantes centros formativos, do País,

em sintonia com o tema e problemática, o Congresso Internacional de Direito Ambiental6, em

dezembro de 2013, os ministros do Egrégio STJ, apresentam a jurisprudência do Tribunal,

sobre o meio ambiente no Brasil:

6Disponível em: <http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=112628#>. Acesso em: 21 fev. 2014

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A matéria ambiental, ainda é recente, necessita de muita discussão;

A preservação ambiental como fortalecimento da democracia, como direitos de todos a

um ambiente ecologicamente equilibrado;

O meio ambiente apresenta-se como um direito coletivo e se impõem ao Estado e a

sociedade civil;

Função ecológica da propriedade;

Definição de poluidor; aquele que direta ou indiretamente causa degradação

ambiental;

Responsabilidade subsidiaria por omissão do Estado;

Inversão do ônus da prova, com base no Art. 6º, Inciso VIII do Código de Defesa do

Consumidor;

Não há prescrição nos casos de danos ambientais;

Atos de improbidade ambientais.

Portanto entende-se por jurisprudência como um conjunto de decisões dos tribunais,

pois se trata da formação do Direito vivo no preenchimento de lacunas, na interpretação das

leis e influenciando o legislador, respondendo, assim as quesilhas que atormentam a

sociedade, de modo a encaixar as regras jurídicas aos casos concretos, bem como possibilita

revelar as virtudes e falhas do sistema normativo.

7. Considerações finais

O perfil conservador e formal, já há muito tempo conhecido, da gestão ambiental

lastreado nos efeitos ambientais que não ultrapassem a capacidade de carga do meio onde se

encontra a organização deverá ter seus pressupostos ampliados. O contexto atual insere a

necessidade da figura jurídica como essencial a sociedade, aos negócios e ao meio ambiente,

tornam-se figuras fundamentais para a tomada de decisões tanto na esfera particular, pública e

empresarial.

Busca-se uma maior integração entre as técnicas de sustentabilidade e os modelos

regulatórios, as decisões jurisprudenciais com a finalidade de uma visão sistêmica do

empreendimento, do ecossistema e do Direito, englobando diversas áreas do conhecimento,

como a administrativas, financeira, tecnológica, recursos humanos e jurídicas, pois cabe

também a gestão jurídica ambiental, aliada as técnicas e habilidades financeiras, planejamento

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orçamentário, redução de custos, alta performance, comunicação integrada, ou seja, requer do

conhecimento jurídico a sistematização dos conhecimentos e vinculação ao regramento legal.

Apresenta-se uma nova vertente da atividade jurídica independente do porte

empresarial, pois a importância do atendimento as bases legais impõem aos grandes e

pequenos negócios uma avaliação das implicações jurídicas da atividade, sja no contexto

ambiental, fiscal, regulatório, societário ou trabalhista.

A gestão jurídica ambiental deve ampliar a visão para o conhecimento detalhado do

negócio, do mercado correspondente, do modelo econômico e da atividade tecnológica

necessária, aliado as mutações legislativas e entendimento dos tribunais na seara ambiental.

A atuação jurídica requer cada vez mais métodos estratégicos de prevenção e, para

isso, devem estar integradas ao objetivo do negócio, em atendimento as legislações

específicas e com todos os demais processos internos corporativos e externos cabendo gestão

jurídica ambiental assumir uma função preventiva e de sistematização das atividades do

empreendimento, e não apenas como um solucionador de conflitos e litígios em face do não

atendimento dos requisitos legais.

Destarte, a função do jurista, não basta para a gestão jurídica ambiental, o

reducionismo de apenas ater-se às regulações do setor, as leis ambientais e procedimentos

legais determinados em contratos, pois a necessidade de maior conhecimento do próprio

funcionamento da atividade, do meio ambiente, das leis e das jurisprudências dos tribunais

traz maior confiança e alternativas de atuação para medidas preventivas e de solução de

conflitos.

A adoção de uma consciência jurídica dos atos de gestão nas Instituições busca-se uma

atuação preventiva estratégica, visando à redução de contingências, sujeições de multas,

interdições, ações judicial, o qual repercutirá na melhor visibilidade e credibilidade do

empreendimento junto a sociedade e direcionando empresas e serviços a atuarem com maior

precaução e observação dos efetivos potenciais.

A implantação da gestão jurídica ambiental requer condutas interdisciplinares,

exigindo da empresa, profissionais aperfeiçoados em matérias diversas e especializações, que

determinam um grau de atuação e de conhecimento do negócio, do meio ambiente e da

legislação, além da cultura proativa e uma visão sistêmica da integração atividade empresarial

e o meio natural distinto da atuação estanque de gestões conservadora e de apenas

atendimento ao viés midiático e econômico/financeiro.

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Vislumbra-se com a gestão jurídica ambiental o desenvolvimento da cultura do

respeito aos ditames legais, aliados internalização dos procedimentos da atividade empresarial

no planejamento e avaliação das consequências de sua atividade para o social, ambiental e

econômico, adicionando a contribuições a sustentabilidade pela normatização e legalidade.

8. Referências Bibliográficas BRASIL, Ato conjunto nº 2, de 2013 dos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Cria comissão mista destinada a consolidar a legislação federal e a regulamentar dispositivos da Constituição. Disponível em: http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=127133&tp=1. Acesso em: 30 jan. 2014. CAIS, Cleide Previtalli. O processo tributário. 6. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. Malheiros Editores: São Paulo, 2008. DIAS, Reinaldo. Gestão ambiental: Responsabilidade social e sustentabilidade. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2011. DRUCKER, Peter Ferdinand. Administração, tarefas, responsabilidades, praticas. São Paulo, Pioneira, 1975. FERREIRA, Ademir Antonio; REIS, Ana Carla Fonseca; PEREIRA,Maria Isabel. Gestão empresarial: de Taylor aos nossos dias: evolução e tendências da moderna administração de empresas. São Paulo: Cengage Learning, 2011. FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Princípios do direito processual ambiental. 2. Ed. São Paulo: Saraiva, 2007. GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2011. GONDIN, Abnor. Metade das leis é obsoleta e conflita com a Constituição. Jornal DCI, 25/03/2013. Disponível em: <http://vaccarezza.com.br/metade-das-leis-e-obsoleta-e-conflita-com-a-constituicao/>. Acesso em: 30 jan. 2014. JUCON, Sofia. A evolução da Norma ISO 14001 e o fortalecimento da sustentabilidade empresarial. Revista do meio ambiente industrial, out/2010. Disponível em: <http://rmai.com.br/v4/Read/290/a-evolucao-da-norma-iso-14001-e-o-fortalecimento-da-sustentabilidade-empresarial.aspx>. Acesso em: 25 jan. 2014. LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: a gestão ambiental em foco: doutrina, jurisprudência, glossário. 7. Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.

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