gestão integrada de resíduos sólidos mr_2012

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  • 5/20/2018 Gesto Integrada de Resduos Slidos MR_2012

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    Escola Superior de Tecnologia e Gesto

    Gesto Integrada de Resduos Slidos

    MRIO AUGUSTO TAVARES RUSSO

    Prof. Coordenador

    Outubro de 2012

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    Gesto Integrada de Resduos Slidos - Mrio RussoVerso 2012

    NDICE GERAL

    1. PREMBULO ............................................................ ................................................................. .................. 6

    2. INTRODUO AOS RESDUOS SLIDOS ............................................................... ............................. 8

    2.1 EVOLUO DA GESTO DOS RESDUOS SLIDOS..................................................................................... 82.2 GESTO INTEGRADA DE RESDUOS................................................................................................. .......... 9

    2.2.1 Adoo de sistemas integrados ................................................................ ...................................... 102.2.2 Reduo e reutilizao de resduos ......................................................... ...................................... 112.2.3 Reduo na fonte ................................................................ ........................................................... 112.2.4 Reciclagem .............................................................................................. ...................................... 122.2.5 Tendncias de gesto dos resduos .......................................................... ...................................... 132.2.6 Gesto dos resduos industriais ............................................................... ...................................... 152.2.7 Mtodos de tratamento dos resduos ....................................................... ...................................... 162.2.8 Programas de participao comunitria ............................................................ ........................... 182.2.9 Programas de Educao Ambiental ........................................................ ...................................... 19

    3. LEGISLAO SOBRE RESDUOS ........................................................ ................................................. 21

    3.1 RESDUOSEMGERAL ............................................................ ........................................................... 22

    4. SNTESE DO SETOR DOS RESDUOS EM PORTUGAL ................................................................... 25

    4.1 INTRODUO......................................................... ................................................................. ................ 254.2 TARIFASPRATICADASPELOSMUNICPIOS ................................................................ ................ 28

    4.2.1 TIPOS DE TARIFAS ........................................................... ........................................................... 284.3 CUSTODALIMPEZAEVARREDURADAVIAPBLICA............................................................. 30

    4.3.1 BALANO POR HABITANTE ................................................................. ...................................... 314.4 SNTESEFINAL ............................................................. ................................................................. ..... 31

    5. FONTES, COMPOSIO E PROPRIEDADES DOS RESDUOS SLIDOS .................................... 33

    5.1 CLASSIFICAO DOS RESDUOS SLIDOS.......................................................... ...................................... 335.1.1 Classificao segundo a origem .................................................................................................... 345.1.2 Classificao segundo as caractersticas ........................................................... ........................... 36

    5.2 PROPRIEDADES FSICAS DOS RESDUOS SLIDOS (RS) ............................................................................ 375.3 PROPRIEDADES QUMICAS........................................................... ........................................................... 395.4 PRODUO DE RESDUOS SLIDOS......................................................................................................... 39

    6. RECOLHA DE RSU E LIMPEZA URBANA .................................................................................. ........ 43

    6.1 INTRODUO......................................................... ................................................................. ................ 436.2 RECOLHA SELETIVA DE RSU ................................................................................................................. 43

    6.2.1 Ecocentros ou postos de entrega voluntria ................................................................ .................. 436.2.2 Ecopontos ................................................................ ................................................................ ...... 44

    6.2.3 Campanhas de sensibilizao e informao ................................................................ .................. 456.2.4 Contentorizao ............................................................................................................................ 466.3 ESTAES DE TRANSFERNCIA.............................................................. ................................................. 57

    6.3.1 Equipamento para uma ET ........................................................... ................................................. 58

    7. TRATAMENTO DE RSU EM ATERROS SANITRIOS ..................................................................... 62

    7.1 CONCEITO DE ATERRO SANITRIO SEGUNDO A LEGISLAO DA UE ...................................................... 627.1.1 Barreira de segurana passiva ................................................................ ...................................... 637.1.2 Barreira de segurana ativa ......................................................... ................................................. 64

    7.2 OATERRO SANITRIOSUSTENTVEL................................................................................................. 657.3 METABOLISMOSEMATERROSSANITRIOS .............................................................. ................ 67

    7.3.1 Mecanismos de produo do biogs ........................................................ ...................................... 677.4 VOLUME DE BIOGS PRODUZIDO NOS ATERROS SANITRIOS. ................................................................ 70

    7.5 PRODUO DE BIOGS AO LONGO DO TEMPO......................................................................................... 747.6 LIXIVIADOS............................................................................................................................................ 77

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    7.7 BALANO HDRICO NO ATERRO SANITRIO............................................................................................ 78

    8. COMPOSTAGEM DE RESDUOS SLIDOS ORGNICOS....................................................... ........ 88

    8.1 CONCEITOS EM COMPOSTAGEM............................................................................................................. 888.2 MECANISMOS DA DECOMPOSIO DA MATRIA ORGNICA.......................................................... ........ 89

    8.2.1 Introduo .......................................................................................................... ........................... 898.2.2 Decomposio da Celulose, Hemicelulose, Lenhina e Protenas .................................................. 90

    8.3 FATORES QUE AFECTAM O PROCESSO DA COMPOSTAGEM..................................................................... 918.3.1 Arejamento da Massa em Compostagem ............................................................ ........................... 918.3.2 Temperatura .................................................................................................................................. 928.3.3 Teor de Humidade ......................................................................................................................... 938.3.4 Relao C/N ............................................................. ................................................................. ..... 938.3.5 Granulometria do Material ........................................................................................................... 948.3.6 pH ...................................................... ................................................................. ........................... 94

    8.4 VANTAGENS E LIMITAES DA COMPOSTAGEM.......................................................... ........................... 958.5 METAIS PESADOS NO SOLO........................................................ ............................................................ 96

    8.5.1 Limites de Metais Pesados em Compostos Orgnicos.............................................................. ..... 978.6 CLASSIFICAO DE SISTEMAS DE COMPOSTAGEM................................................................................. 98

    8.6.1 Sistemas no-Reator ........................................................... ........................................................... 998.6.2 Sistemas Reator ........................................................................................................................... 1018.6.3 Sistema Dano ........................................................... .............................................................. ...... 1028.6.4 Sistemas de Compostagem Quanto Temperatura ..................................................................... 1038.6.5 Separao manual .............................................................. ......................................................... 1048.6.6 Separao por crivagem ............................................................... ............................................... 1048.6.7 Separao magntica .................................................................................................................. 1058.6.8 Separao pela Corrente de Eddy ........................................................... .................................... 1058.6.9 Separao por corrente de ar ....................................................... ............................................... 1058.6.10 Separao Balstica ............................................................ ......................................................... 106

    8.7 CONDIES DE UTILIZAO DO COMPOSTO ORGNICO...................................................................... 1078.7.1 Aspetos Epidemiolgicos da Compostagem ................................................................................ 108

    8.8 MONITORIZAO ANALTICAEM COMPOSTAGEM............................................................................... 110

    9. SELEO DE LOCAIS PARA SISTEMAS DE TRATAMENTO DE RSU ................................ ...... 112

    9.1 INTRODUO......................................................... ................................................................. .............. 1129.1.1 Centro de Gravidade da rea de pesquisa .................................................................................. 112

    9.2 CRITRIOS E RECOMENDAES PARA LOCALIZAO .......................................................................... 1149.2.1 Metodologias de seleo .................................................................................... ......................... 1149.2.2 Nveis de controlo ............................................................... ......................................................... 1169.2.3 Recomendaes da Direo Geral da Qualidade do Ambiente................................................... 1179.2.4 Recomendaes utilizadas nos Estados Unidos e da USEPA ...................................................... 1189.2.5 Organizao Mundial da Sade ......................................................................... ......................... 1189.2.6 Outras recomendaes ................................................................................................................ 119

    9.3 MATRIZ DE DECISO PARA ANLISE DE LOCAIS.......................................................... ......................... 1199.3.1 rea disponvel e vida til do aterro ....................................................... .................................... 1209.3.2 Topografia e litologia ........................................................ .......................................................... 1209.3.3 guas superficiais e subterrneas ........................................................... .................................... 1209.3.4 Cobertura vegetal .................................................................................................................. ...... 1219.3.5 Acesso ao local ........................................................ .............................................................. ...... 1219.3.6 Ordenamento ........................................................... .............................................................. ...... 1219.3.7 Patrimnio histrico e arqueolgico ....................................................... .................................... 1229.3.8 Valor ecolgico ........................................................................................................................... 1229.3.9 Custos globais de localizao ..................................................................................................... 1229.3.10 Distncias mnimas de proteo .............................................................. .................................... 123

    9.4 PONDERAO DOS CRITRIOS.............................................................................................................. 1239.5 MINIMIZAO DOS CUSTOS DE TRANSPORTE............................................................... ......................... 127

    10. PROJETO DO ATERRO SANITRIO .......................................................... .................................... 129

    10.1 BASES DE DIMENSIONAMENTO............................................................... ............................................... 129

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    10.1.1 Crescimento aritmtico ................................................................. ............................................... 12910.1.2 Crescimento exponencial .............................................................. ............................................... 12910.1.3 Curva logstica ............................................................................................................................ 130

    10.2 TIPOS DEATERRO SANITRIO............................................................................................................. 13310.2.1 Edifcio de explorao ....................................................... .......................................................... 134

    10.2.2 Pavilho oficinal........................................................................... ............................................... 13410.2.3 Ptio para depsito de resduos volumosos ................................................................ ................ 13510.2.4 Lava-rodas ............................................................... ................................................................. ... 13510.2.5 Balana ......................................................... ................................................................. .............. 13510.2.6 Infraestruturas de servios e de apoio ................................................................ ......................... 13610.2.7 Infraestruturas de proteo ambiental ............................................................... ......................... 13710.2.8 Sistema de impermeabilizao da base ........................................ ............................................... 13810.2.9 Sistema de impermeabilizao lateral ................................................................ ......................... 14010.2.10 Sistema de capeamento de topo ........................................................... .................................... 14110.2.11 Clculo do sistema de drenagem ......................................................... .................................... 14510.2.12 Benefcios econmicos e ambientais ............................................................... ......................... 14610.2.13 Equipamento de operao ........................................................ ............................................... 148

    11. GEOSSINTTICOS EM OBRAS DE AMBIENTE .................................................................... ...... 15511.1 INTRODUO......................................................... ................................................................. .............. 15511.2 GENERALIDADES.............................................................. ................................................................. ... 156

    11.2.1 Constituio e processos de fabrico ............................................................................................ 15611.2.2 Funes e Propriedades ............................................................... ............................................... 156

    11.3 GEOSSINTTICOS EM ATERROS SANITRIOS......................................................................................... 16011.3.1 Introduo .......................................................................................................... ......................... 16011.3.2 Elementos Estruturais ........................................................ .......................................................... 16011.3.3 Funes Desempenhadas pelos Geossintticos nos Aterros Sanitrios ...................................... 16511.3.4 Impactos Ambientais Decorrentes da Utilizao de Geossintticos em Aterros Sanitrios ........ 166

    12. ENCERRAMENTO E RECUPERAO DE ATERROS ................................................................ 170

    12.1 RECUPERAO DE LIXEIRAS....................................................... .......................................................... 17012.2 ENCERRAMENTO DO ATERRO SANITRIO APS A EXPLORAO..................................................... ...... 171

    12.2.1 Coberto vegetal ........................................................................................................................... 17112.2.2 A forma do aterro ............................................................... ......................................................... 17112.2.3 Caractersticas do solo de suporte .............................................................................................. 17212.2.4 Espessura do material de cobertura ........................................................ .................................... 17212.2.5 Drenagem ................................................................ ................................................................ .... 17312.2.6 Irrigao ....................................................... ................................................................. .............. 17312.2.7 Cuidados com a colocao do solo de suporte vegetal ............................................................... 173

    12.3 ESPCIES A ESCOLHER................................................................ .......................................................... 17312.3.1 Espcies florestais .............................................................................................. ......................... 17312.3.2 Espcies herbceas ............................................................. ......................................................... 174

    12.4 ASSENTAMENTOS NOS ATERROS............................................................ ............................................... 174

    13. METODOLOGIA DE OPERAO DO ATERRO ................................................. ......................... 17613.1 INTRODUO......................................................... ................................................................. .............. 17613.2 PLANO DE OPERAES DIRIAS............................................................. ............................................... 176

    13.2.1 Horrio de operao .......................................................... ......................................................... 17613.2.2 Medies, descargas e pagamentos ......................................................... .................................... 17713.2.3 Cargas avulsas ............................................................................................................................ 17713.2.4 Lavagem dos rodados ........................................................ .......................................................... 17713.2.5 Admissibilidade ....................................................................................... .................................... 17713.2.6 Sinalizao .................................................................................................................................. 17813.2.7 Manuseamento e compactao dos resduos ................................................................ ............... 17813.2.8 Medidas de emergncia ................................................................ ............................................... 179

    13.3 EQUIPAMENTO..................................................................................................................................... 180

    13.4 PESSOAL..................................................... ................................................................. ......................... 18313.5 MANUTENO DA ETRSU .......................................................... ......................................................... 183

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    13.6 TCNICAS DE DISPOSIO.................................................................................................................... 185

    14. ADMISSO DE RESDUOS A ATERRO E MONITORIZAO............................................ ...... 190

    14.1 INTRODUO......................................................... ................................................................. .............. 19014.2 PRINCPIO GERAL.............................................................. ................................................................. ... 190

    14.3 AMOSTRAGEM....................................................... ................................................................. .............. 19014.3.1 Resduos Urbanos ............................................................... ......................................................... 19114.3.2 Caractersticas do eluato. ............................................................. ............................................... 19214.3.3 Valores atribudos ....................................................................................................................... 192

    14.4 MTODOS ANALTICOS................................................................ ......................................................... 19314.5 PROCESSOS DE CONTROLO:CRITRIOS DE COMPATIBILIDADE.............................................................. 194

    14.5.1 Controlo dos lixiviados - Condies prvias ............................................................................... 19414.5.2 Resduos admissveis e no admissveis ...................................................................................... 194

    14.6 PROCESSOS DE CONTROLO NAS FASES DE EXPLORAO E DE MANUTENO APS ENCERRAMENTO.... 19614.6.1 Programa de medies ................................................................. ............................................... 19614.6.2 Balano hdrico ..................................................................................................................... ...... 19814.6.3 Topografia da instalao: dados sobre o aterro ................................................................... ...... 199

    15. METODOLOGIA DE CARACTERIZAO DE RESDUOS SLIDOS ..................................... 20015.1 INTRODUO......................................................... ................................................................. .............. 20015.2 METODOLOGIA DE CARACTERIZAO DE RESDUOS............................................................... .............. 200

    15.2.1 Recursos necessrios .......................................................... ......................................................... 20015.2.2 Preparao da campanha................................................................................... ......................... 201

    15.3 PROCEDIMENTOS.............................................................. ................................................................. ... 20315.3.1 Obteno das amostras ............................................................................................................... 20415.3.2 Anlise das amostras de resduos ............................................................ .................................... 20415.3.3 Resultados da anlise ........................................................ .......................................................... 206

    15.4 RESULTADOS DA CAMPANHA............................................................................................................... 207

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    1. PREMBULO

    O presente trabalho constitui um texto de apoio unidade curricular Sistemas de Saneamento

    Bsico II e disciplina associada de Gesto de Resduos Slidos ministrada na licenciatura emEngenharia Civil e do Ambiente da Escola Superior de Tecnologia e Gesto do InstitutoPolitcnico de Viana do Castelo, bem como ao Mestrado em Construes Civis, onde o autorexerce a sua carreira docente.

    Trata-se da 5 verso desta publicao que se pretende ser generalista e com informao de todoo ciclo dos resduos slidos, da sua gerao ao destino final. No se trata de uma obra acabada,mas atualizvel no tempo.

    Resduos slidos so todos os materiais que no fazendo falta ao seu detentor, este se queiradesfazer, tem a obrigao de o realizar de forma correta. So materiais passveis de valorizao.

    No mbito dos resduos slidos gerados pela sociedade nos nossos dias, cabe aos resduosslidos urbanos uma volumosa fatia desses desperdcios, que tem motivado crescentepreocupao. Tem-se assistido a uma verdadeira exploso na produo de resduos devido aoaumento do consumo pblico e, ao mesmo ritmo, um decrscimo do peso especfico dosresduos. No muito distante, a massa especfica dos resduos slidos domsticos era de 300 a400 Kg/ m3, enquanto hoje ronda os 200 Kg/m3.

    A perceo geral que a gesto dos resduos slidos algo simples. Os camies recolhem oslixos e despejam-nos longe das preocupaes das populaes. Na verdade muito maiscomplexo e requerer a participao de todos os atores envolvidos, dado haver interao ecomponentes de ordem social, econmica, poltica, institucional e financeira, que importaequacionar/compatibilizar para uma soluo compatvel com os requisitos hoje consideradosfundamentais na preservao ambiental e salvaguarda dos recursos naturais.

    As solues para os resduos slidos, em qualquer circunstncia, devem ser aferidas para ascontingncias especficas dos locais onde sero implementadas. Com efeito, solues muito

    boas num determinado contexto climtico, social e econmico, podem ser pssimas numcontexto totalmente diferente. Algumas vezes constatamos exatamente este aspeto em projetos

    bem elaborados, porm desfasados da realidade onde sero aplicados, revelando-se desastrosos.H, tambm o receio por parte de decisores polticos de que a aplicao de solues de baixocusto sejam entendidas como de menor eficincia e, tambm, o interesse econmico efinanceiro de quem prope solues tcnicas avanadas, com alta tecnologia e equipamentos,como sendo as nicas a resolver os problemas, num total desrespeito pelo contexto

    socioeconmico e ambiental onde sero inseridas.De facto, uma soluo para os RSU para a zona urbana de Lisboa no ser, necessariamente,uma boa soluo para as zonas peri-urbanas de Luanda. Deve realar-se, por outro lado, quecada dlar aplicado neste sector, equivale a mais de 5 dlares aplicados em sade pblica, comosugerem diversos estudos da Organizao Mundial da Sade.

    Neste livro so tratados aspetos tcnicos referentes recolha de resduos, acondicionamentotemporrio nas ruas (contentores superficiais ou enterrados e estaes de transferncia), o

    projeto de aterro sanitrio e todas as suas infraestruturas de proteo ambiental, a compostagem,reciclagem e tratamentos trmicos.

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    Preamble

    The present work is a text to support the curricular unity of Basic Sanitation Systems II andassociated discipline of Solid Waste Management given in the degree in Civil andEnvironmental Engineering at the School of Technology and Management of the PolytechnicInstitute of Viana do Castelo and at the Master course in Civil and Environment Engineering,where the author pursues his teaching career.

    This is the 5th version of this publication and its intend is to be a general information about thewhole cycle of solid waste from its generation to the final destination. This is not a finished butupgradeable work with time.

    Solid waste is any material that not misses the holder, but he want to undo this, has theobligation to perform correctly. They are materials subject to recovery.

    In the context of solid waste generated by the society nowadays, for the municipal solid wastebelongs a important slice of such waste, which has motivated growing concern. There has been

    a veritable explosion in the production of waste derived from the increase public consumptionand, at the same rate, a decrease in the specific weight of the waste. Not far away, the density ofmunicipal solid waste was 300-400 Kg / m3, while today is around 200 kg/m3.

    The general perception of the public is that solid waste management is something simple. Thetrucks collect the "waste" and dump them far from the concerns of the people. It is actuallymuch more complex and requires the participation of all stakeholders, because their interactionsand components of social, economic, political, institutional and financial are issues that needcompatible solution with the requirements now considered fundamental in preservingenvironmental protection and natural resources.

    The solutions for solid waste, in any circumstances, should be assessed for specific

    contingencies in locations they are implemented. Indeed, very good solutions in a given climate,social and economic context, can be bad in a totally different context. Sometimes we findexactly this aspect in well-designed projects, however remote from the reality where they will

    be applied, revealing disastrous. There is also the fear on the part of some decision makersabout the implementation of low-cost solutions that can be understood as lower efficiency, and

    by other hand, also the mistake that only high cost solutions are advanced technical solutions,with high technology and equipment, as the only to solve the problems in any social andeconomic context, in a total disregard for the reality where it will be applied.

    In fact, a solution to the MSW for the urban area of Lisbon will not necessarily be a goodsolution for peri-urban areas of the city of Luanda. It should be noted, moreover, that every

    dollar applied in this sector, is equivalent to more than $ 5 invested in public health, assuggested by several studies of the World Health Organization.

    In this book technical aspects relating to waste collection, temporary packing in the streets(surface or buried containers and transfer stations), the landfill project and all its infrastructurefor environmental protection, composting, recycling and thermal treatment are treated.

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    CAPTULO 2

    2. INTRODUO AOS RESDUOS SLIDOS

    2.1 EVOLUO DA GESTO DOS RESDUOS SLIDOS

    Os problemas causados pelos resduos slidos so to velhos quanto a humanidade, apesar denos primrdio no haver grandes problemas a resolver porque o homem era nmada, haviamuito espao e o nmero escasso. Entretanto comearam a sedentarizar-se, formando as tribos,vilas e cidades e precisamente esta caracterstica j milenar gregria do homem, que trazconsigo problemas de ordem ambiental, pois no havendo conhecimentos e, por conseguinte,hbitos de higiene, os rios e lagos so poludos com esgotos e resduos.

    No sculo XIV metade da populao da Europa foi dizimada pela peste bubnica ou peste

    Negra, causada pela pulga dos ratos que proliferavam nos aglomerados populacionais, devidoao hbito dos habitantes deitarem o lixo para as ruas e ruelas, terrenos vagos, etc., sem se

    preocuparem com esse facto. Nestas condies de abundncia de comida, os ratos constituram-se num vetor contaminante de populaes inteiras.

    A relao direta entre sade pblica e o imprprio manejamento de resduos evidente e s nofim do sculo XIX se inicia uma identificao e sistematizao da gesto dos resduos slidosem Inglaterra devido s ms condies de salubridade que se viviam, com a aplicao de umalei em 1888 que proibia deitar-se lixos em rios, diques e guas. Em 1906 B. Parsons afirmava,no livro The Disposal of Municipal Refuse - talvez o primeiro livro cujo contedo versavaapenas as questes dos resduos slidos - ...descrever as caractersticas das diferentes classes

    de resduos e prestar ateno ao facto de que se um mtodo uniforme de nomenclatura e registodas quantidades de resduos manejadas poder ser mantido pelas vrias cidades, ento osdados obtidos e a informao assim conseguida, poder constituir um avano na disposio

    sanitria dos lixos. Tal uniformidade no poder constituir uma fonte de despesas nas cidades,porm comparaes diretas e concluses corretas podero ser extradas para benefcios deoutras.

    A gerao de resduos comea com a minerao, para se obter a matria-prima bruta, e emtodos os passos da transformao desta matria-prima at ser transformada em bens deconsumo, continuam a ser produzidos resduos. Aparentemente poderia ser simples oequacionamento dos resduos slidos, por um lado com a diminuio da utilizao desta

    matria-prima e por outro, com o aumento da taxa de recuperao/reciclagem de produtos dosresduos (Figura 2.1). No entanto, tais medidas seriam dificilmente aplicadas na nossasociedade. Deste modo a sociedade tecnolgica tem que procurar novas formas de gerir osresduos que produz, bem como procurar por locais adequados para os tratar e depositar. Aocontrrio dos lquidos e dos gases, que se diluem no meio recetor, os slidos permanecero nolocal onde forem depositados, mesmo que venham a sofrer transformaes fsicas e

    bioqumicas, como veremos mais tarde.

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    Figura 2.1 - Diagrama do fluxo de gerao dos resduos slidos (Adap. Russo, 2012)

    A Gesto de resduos slidos pode ser definida como um disciplina associada ao controlo,produo, armazenamento, recolha, transferncia e transporte, processamento, tratamento edestino final dos resduos slidos, de acordo com os melhores princpios de preservao dasade pblica, economia, engenharia, conservao dos recursos, esttica e outros princpiosambientais. Deste modo, a gesto de resduos envolve uma inter-relao entre aspetos

    administrativos, financeiros, legais, de planeamento e de engenharia, cujas solues sointerdisciplinares, envolvendo cincias e tecnologias provenientes da engenharia, economia,sociologia, geografia, planeamento regional, sade pblica, demografia, comunicaes econservao.

    Modernamente entende-se que a gesto dos resduos slidos passa por diversos pilaresestruturantes que constituem uma poltica integrada, de que se destacam: adoo de sistemasintegrados, baseada na reduo na fonte, na reutilizao de resduos, na reciclagem, natransformao dos resduos (que inclui a incinerao energtica e a compostagem) e adisposio em aterros (energticos e de rejeitveis).

    2.2

    GESTO INTEGRADA DE RESDUOS

    A definio de Gesto de Resduos compreende, por seu turno, as atividades de recolha,transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorizao e eliminao de resduos, bemcomo s operaes de descontaminao de solos, incluindo a superviso dessas operaes e oacompanhamento dos locais de eliminao aps encerramento (Diretiva n. 2006/12/CE;Decreto-Lei n. 178/2006).

    A crescente urbanizao e industrializao das sociedades modernas tm originado umaproduo exponencial de resduos slidos, problema que urge encarar com frontalidade nosentido de se encontrarem as melhores solues tcnicas para o minimizar.

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    No passado, o problema dos resduos era uma questo de menor importncia, no s pelapequena produo basicamente orgnica, cujos desperdcios eram reciclados localmente, aonvel domstico.

    A situao atual caracterizada pela crescente produo de resduos slidos, salientando-se agrande diminuio do seu peso especfico originando um evidente aumento do volume a tratar.

    Na ltima dcada houve uma duplicao da produo de resduos por habitante, em termos depeso, e quase o qudruplo em termos de volume.

    A gesto dos resduos slidos em Portugal, tem vindo a ser encarada progressivamente comoum fator de preservao ambiental que j central nas preocupaes polticas e quedefinitivamente coloca a questo dos resduos slidos a merecer a ateno merecida, deixandode ser o parente pobre do saneamento bsico.

    O resultado desta situao reflete-se hoje nas infraestruturas de resduos construdas. Ascondies institucionais e os fundos comunitrios permitiram que Portugal promovesse umaverdadeira revoluo silenciosa neste domnio. A sua evoluo no sentido da maiorvalorizao dos mesmos e a poltica dos 3 R.

    Atendendo ao preceituado no captulo 21 da Agenda 21, aprovado na sesso plenria de 14 deJunho de 1992 da Conferncia das Naes Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, noRio de Janeiro, tanto os pases mais industrializados como os pases em vias dedesenvolvimento devem conferir maior prioridade investigao e desenvolvimento,transferncia tecnolgica, educao do pblico e investimento dos sectores pblico e privadonuma adequada gesto dos problemas causados pelos resduos. Pese embora muitos dessesobjetivos ainda no foram atingidos, tem sido preocupao dos governos de os incorporarem nasua prtica. A Unio Europeia tem legislado nesse sentido.

    precisamente no mbito desta abordagem que os modernos conceitos de gesto de resduosslidos, em muitos pases, devero seguir uma estratgia cujos princpios so os da adoo desistemas integrados:

    Reduo e Reutilizao de resduos;

    Reciclagem;

    Compostagem;

    Incinerao energtica;

    Aterro energtico;

    Aterro de rejeitveis.

    Programas de Educao Ambiental

    Programas de Participao Comunitria.

    2.2.1 Adoo de sistemas integrados

    Considerando a heterogeneidade dos resduos slidos, a adoo de sistemas integrados no mais do que prescreverem-se solues diferenciadas para os resduos de acordo com as suascaractersticas. Assim, podem conviver num modelo tecnolgico (Rota Tecnolgica de Gestode Resduos) ou plano de gesto de resduos, solues de reciclagem, compostagem, digestoanaerbia, incinerao com produo de energia, autoclavagem, tratamentos fsico-qumico eaterros sanitrios.

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    De facto, no podemos impor solues nicas para resduos to diversos. A dimenso dosistema tambm pode levar a uma integrao de municipalidades em sistemas com o objetivodo equacionamento dos seus resduos, de forma a ter escala de explorao econmica. EmPortugal foi sintomtico com a implementao das polticas estabelecidas no PERSU, tendo-se

    constitudo empresas de gesto de resduos, associando municpios por aproximao geogrfica,com capitais maioritrios do Estado (empresas multimunicipais) e empresas apenas constitudaspor municpios (intermunicipais). Deve referir-se que j existia a LIPOR, na regiometropolitana do Porto, a 2 maior do pas. Eram 40 estas empresas, tendo-se procedido afuses para ganho de escala econmica que gradativamente foi reduzindo o seu nmero at s23 empresas de gesto de resduos existentes em 2011.

    2.2.2 Reduo e reutilizao de resduos

    A minimizao da produo de resduos uma tarefa gigantesca que pressupe aconsciencializao dos agentes polticos e econmicos e das populaes em geral para quetodos se sintam responsveis pela implementao de medidas tendentes reduo dos resduos.Ao nvel da Administrao Central indispensvel que se tomem as medidas legislativasnecessrias a este objetivo, complementadas com incentivos fiscais para que as empresas sesintam encorajadas a mudar de atitude face a este problema.

    Na indstria, onde se gera uma produo de resduos equiparveis a urbanos que desaguam,quase sempre, nos sistemas municipais, a minimizao pode ser conseguida atravs dealteraes tecnolgicas e de formao do pessoal da produo e da manuteno, reduo que

    poder ser conseguida com um programa de minimizao da produo de resduos slidos,baseados em dois aspetos estratgicos: reduo e separao na fonte e reciclagem.

    2.2.3

    Reduo na fonte

    A reduo de resduos na fonte pressupe a diminuio ou a eliminao da produo deresduos nas fbricas, atravs de alteraes do processo industrial, que podem ser do seguintetipo:

    Alteraes das matrias-primas utilizadas;

    Melhoramentos tecnolgicos;

    Alteraes de procedimentos e prticas operacionais;

    Reduo das embalagens.

    As alteraes das matrias-primas utilizadas nos processos de fabrico so devidas asubstituies ou purificaes destas, quase sempre fruto de investigao com o objetivo derentabilizao ou devido a medidas legislativas.

    As alteraes tecnolgicas devem levar ao melhoramento das performances da indstria. H,muitas vezes, maneiras diferentes de se produzir o mesmo produto com gerao de diferentesresduos e com periculosidade (ou perigosidade) diferente. Este tipo de estratgia das maisimportantes em programas de minimizao de resduos, e exige investimentos em investigaoe em equipamentos.

    A reduo das embalagens outra das solues de minimizao da produo de resduos que

    deve ser posta em prtica, com a responsabilizao dos seus produtores em dar uma soluoadequada s mesmas.

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    2.2.4 Reciclagem

    Deve ser fomentada e incentivada ao mais alto nvel, pois muitos dos produtos residuais daatividade de certas indstrias, estabelecimentos comerciais e das residncias, podem ser

    reutilizadas, recuperados ou usados como matria-prima para outras indstrias.Pode listar-se uma srie de vantagens decorrentes da reciclagem:

    minimizao de resduos para disposio final;

    aumento da flexibilidade dos aterros sanitrios;

    melhoramento das condies de sade;

    reduo dos impactos ambientais;

    economia de energia e de recursos naturais.

    O melhoramento do mercado da reciclagem ou o seu aparecimento como forma econmico

    auto sustentada depende tambm de medidas governamentais, especialmente na fase dearranque, de que se salientam:

    incentivos fiscais s indstrias que utilizam material reciclado numa percentagemmnima a fixar para cada indstria;

    incentivos para a recolha seletiva;

    incentivos para a criao de bolsasde resduos;

    incentivos a parcerias (indstria/ comrcio/consumidores);

    taxao de produtos de baixa vida til;

    taxao extra na disposio de reciclveis em aterros sanitrios, onerando os seusdetentores (privados ou pblicos).

    Na Europa, ao nvel legislativo, foi aprovada a Diretiva Aterros 1999/31/CE de 26 de Abrilconvertida para a ordem jurdica interna de Portugal atravs do Decreto-Lei n. 152/2002 de 23de Maio, entretanto revogado pelo Decreto-Lei n 183/2009 com vista a dar continuidade

    poltica de promoo da reciclagem e valorizao e, adicionalmente, a dar cumprimento Diretiva n. 2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Novembro, relativaaos resduos, que fixa metas de reciclagem particularmente exigentes, designadamente pararesduos urbanos e de construo e demolio.

    Esta nova Diretiva-quadro em matria de resduos, defende o reforo da preveno dos

    resduos, a introduo de uma abordagem que considere todo o ciclo de vida dos produtos emateriais (e no apenas a fase de produo de resduos) e a reduo dos impactos ambientaisassociados produo e gesto dos resduos.

    A aprovao deste decreto foi tambm uma consequncia da necessidade de garantir a totalconformidade da legislao nacional com a Diretiva n. 1999/31/CE, do Conselho, de 26 deAbril, alterada pelo Regulamento (CE) n. 1882/2003, do Parlamento Europeu e do Conselho,de 29 de Setembro, designadamente no que se refere ao mbito de aplicao, aos conceitos, aocontedo das licenas, s obrigaes de reporte e registo, ao prazo de adaptao aos requisitosda Diretiva e s medidas de reduo dos riscos para o ambiente.

    Define metas temporais de admisso de resduos urbanos biodegradveis (RUB - resduos

    orgnicos fermentveis mais o papel e o carto), em aterros sanitrios, reportando-se produodestes resduos data de 1995, que implicam na reduo da disposio destes resduos e na

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    consequente valorizao da frao no admitida, nomeadamente atravs da compostagem e oudigesto anaerbia/metanizao, cujos objetivos so os seguintes:

    At Julho de 2013 os resduos urbanos biodegradveis destinados a aterro devem serreduzidos para 50 % da quantidade total, em peso, dos resduos urbanos biodegradveis

    produzidos em 1995;

    At Julho de 2020 os resduos urbanos biodegradveis destinados a aterro devem serreduzidos para 35 % da quantidade total, em peso, dos resduos urbanos biodegradveisproduzidos em 1995.

    A Agncia Portuguesa do Ambiente (APA), em articulao com as Comisses de Coordenaoe Desenvolvimento Regional (CCDR), assegura a monitorizao dos objetivos referidos nonmero anterior.

    2.2.5 Tendncias de gesto dos resduos

    A valorizao dos resduos assume uma importncia estruturante na poltica definida pela UnioEuropeia para a gesto dos resduos, em que a Proposta de Resoluo do Conselho (COM(96)399 final, de 30/07/96) exemplo, e a referida Diretiva (94/62/CE) o resultado numa primeirafase dos objetivos, cuja transposio para a legislao nacional foi feita pelo Decreto-Lei n.366-A/97, de 20 de Dezembro, que estabelecia metas quantitativas e temporais modestas.Posteriormente, os Estados Membros acordaram em estabelecer objetivos mais ambiciosos,aprovando a Diretiva n. 2004/12/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 deFevereiro, transposta pelo Decreto-Lei n. 92/2006, de 25 de Maio.

    Decorrentes de tais dispositivos legais, (Diretivas comunitrias que regem o fluxo dasembalagens e seus resduos e legislao nacional), foram fixados objetivos nacionais de

    valorizao e reciclagem para os resduos de embalagens como segue:

    a) At 31 de Dezembro de 2001, valorizao ou incinerao em instalaes de incinerao deresduos com recuperao de energia de um mnimo de 25% em peso dos resduos deembalagens, sendo, no entanto, recomendvel a obteno dos valores definidos nas alneas b)e c) antes da data nelas fixada;b) At 31 de Dezembro de 2005, valorizao ou incinerao em instalaes de incinerao deresduos com recuperao de energia no mnimo de 50% em peso dos resduos deembalagens;c) At 31 de Dezembro de 2005, reciclagem no mnimo de 25% em peso da totalidade dos

    materiais de embalagem contidos nos resduos de embalagens, com 15%, no mnimo, empeso, para cada material de embalagem;d) At 31 de Dezembro de 2011, valorizao ou incinerao em instalaes de incinerao deresduos com recuperao de energia de, no mnimo, 60% em peso dos resduos deembalagens;e) At 31 de Dezembro de 2011, reciclagem entre, no mnimo, 55% e, no mximo, 80% em

    peso dos resduos de embalagens;f) At 31 de Dezembro de 2011 devem ser atingidos os seguintes objetivos mnimos dereciclagem para os materiais contidos nos resduos de embalagens:i) 60% em peso para o vidro;ii) 60% em peso para o papel e carto;iii) 50% em peso para os metais;

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    iv) 22,5% em peso para os plsticos, contando exclusivamente o material que for recicladosob a forma de plsticos;v) 15% em peso para a madeira.

    Tendo em ateno o cumprimento da estratgia preconizada e, consequentemente das suasmetas, foram estabelecidos esquemas de deposio e de recolha seletiva com a criao de umarede nacional de ecopontos e de ecocentros, nalguns Sistemas de gesto de resduos urbanos,complementados por mtodos de recolha ao domiclio (porta-a-porta) ou atravs do "ecofone".

    A aplicao das medidas e aes preconizadas na legislao portuguesa que regula a gesto dofluxo das embalagens e resduos de embalagens, concretiza-se atravs da entidade gestoraSociedade Ponto Verde (SPV), que tem competncias delegadas pelo Estado portugus nestamatria, mediante licenciamento.

    O PERSU I (plano estratgico para os resduos slidos urbanos de Portugal, 1997) apontavapara uma valorizao das embalagens e resduos de embalagens, de 58.5% at ao ano 2000 e77% at ao ano 2005, que obviamente no se concretizou.

    Outros objetivos deste plano tambm no foram conseguidos, designadamente a reduo dadeposio de resduos em aterros (para 23%) e a reduo da produo de resduos em 5%. Acompostagem ficou aqum do previsto e s a incinerao cumpriu o seu papel previsto, dado seruma questo de capacidade nominal das instalaes existentes, que se mentem at hoje.

    Tendo em vista a atualizao dos objetivos e metas e atendendo ao previsto no PERSU no quese refere sua reviso, foi aprovado novo documento legal, atravs da Portaria 187/2007 de 12de fevereiro, designado abreviadamente por PERSU II.

    Ainda no que concerne s embalagens, a reduo da sua quantidade tem suscitado por parte

    das indstrias a sua atuao na reduo das espessuras e no melhor aproveitamento domaterial das embalagens (Quadro 2.1), melhoria dos processos de produo de embalagens,diminuio de material sobrante nos cortes, atravs de melhores processos produtivos,designadamente programas de otimizao e utilizao de equipamentos de comando numrico

    para o corte do material de embalagens e muito investimento em design, com relativo sucesso.

    Quadro 2.1 - Redues obtidas nas embalagens ao longo do tempo

    Embalagem Reduo Parmetro de reduo tempo

    (ltimos

    anos)

    Garrafas de plstico de bebidas 40% massa das garrafas 12

    Garrafas de vidro 50% massa das garrafas 30

    Latas metlicas p/ alimentos 70% massa das latas 25

    Potes de plstico dos iogurtes 50 % massa dos potes 15

    sacos de plstico 50% espessura dos sacos 20

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    No entanto, no se pode pensar que no hajam limitaes s redues descritas. Com efeito, hlimites de ordem tcnica e at legal. No primeiro caso podem citar-se: a funcionalidade eadequabilidade s necessidades do consumidor; a necessidade de preservao do produto;limitaes tcnicas das linhas de enchimento do produto e viabilidade econmica. No segundo

    caso teremos as normas e regulamentos higio-sanitrios dos materiais utilizados em embalagenspara alimentos; normas de segurana de transporte e armazenamento de mercadorias.

    Por estas rezes se considera que mais um campo aberto inovao e investigao, ao designe s cincias dos materiais, de mos dadas com as polticas de reduo das embalagens e a suareciclagem.

    2.2.6 Gesto dos resduos industriais

    A participao das indstrias nas polticas de resduos j uma realidade em alguns pases, querpor consciencializao dos empresrios, quer por fora da presso da opinio pblica cada vez

    mais atenta a estas questes do ambiente, quer por imperativos legais. A utilizao deestratgias de preservao ambiental tem mesmo sido utilizada como rtulo de marketing dedeterminadas empresas para ganharem fatias de mercado nos pases cuja legislao ambiental muito apertada e exigente.

    A reutilizao de produtos descartados pela sociedade joga um papel importante na poltica deresduos da Unio Europeia. Aqui as indstrias tm uma palavra a dizer quanto adequao

    para a separao dos resduos produzidos para que seja mais simples e fcil o reaproveitamentocomo matria-prima secundria para outras indstrias.

    Abriria um parntesis para contar um pequeno caso em que o administrador de um aterrosanitrio defrontava-se com o problema da disposio de enormes volumes das sobras de

    material sinttico de solas de sapatos de uma conhecida marca de tnis. Resolveu inquirir osindustriais a rececionarem e aproveitar o material, porm sem xito. Por acreditar que haviapotencialidades para a sua utilizao, comeou a produzir, em escala piloto industrial, sofs eoutros objetos de enchimento, mostrando-os depois aos industriais da regio. Estes acreditaramfinalmente nas potencialidades do negcio e assim se deu o encaminhamento daqueles resduos

    para indstrias de enchimentos e estofamentos.

    2.2.6.1Bolsa de Resduos

    precisamente nas potencialidades que representam os resduos de certas industrias para outras,que se perspetiva a criao de bolsas de resduos. Os resduos de uns podem ser matria-prima

    para outros, ou descobrir-se novas oportunidades de negcio. A primeira providncia saber-sequem produz o qu, que quantidades e com que caractersticas. Estes dados devidamentesistematizados numa base de dados que alimenta um Sistema de Informao Geogrfica (SIG)

    permite um conjunto de operaes sobre a base cartogrfica.

    Este sistema permitir identificar e estabelecer parcerias entre industriais, bem como estudarprovveis potencialidades de produo de novos bens com resduos ou valoriz-los. Por umlado, o produtor teria menor custo no desembaraamento adequado dos seus resduos e poroutro lado, o recetor teria matria-prima mais barata.

    Este sistema pode estar disponvel em rede (internet, por exemplo) e em suporte informtico(CD) para os interessados, com capacidade de atualizao.

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    Os dados podem ser obtidos por inqurito atravs de mailling aos industriais, precedido deinformao detalhada dos objetivos da "bolsa de resduos". Esta iniciativa deve ser patrocinada

    por associaes de industriais, os mais interessados nesta soluo. O formato do inqurito podeser diverso, mas no mnimo deve conter alm dos campos: nome da empresa, localizao,

    contactos, produtos e bens produzidos, resduos, quantidades, forma de disposio,transportador, deve fazer-se a georeferenciao (localizao das empresas por coordenadas).

    2.2.6.2Incentivos oficiais ao estabelecimento das parcerias

    O estabelecimento de parcerias no uma tarefa fcil, pois exige uma mudana de atitude dasindstrias, nem sempre simples devido aos custos internos que tero de ser suportados comalteraes de cariz industrial. desejvel um incentivo constituio das parcerias, que poderser uma iniciativa do governo ou a constatao dos benefcios que os produtores e os recetoresdos resduos tero com a adeso, se a fiscalizao do cumprimento da lei for efetiva,

    penalizando os produtores de resduos que no tenham um sistema de desembaraamento dos

    resduos adequado.

    2.2.7 Mtodos de tratamento dos resduos

    2.2.7.1 Compostagem

    A compostagem um processo de reciclagem da matria orgnica presente nos resduos slidosurbanos em quantidades maioritrias em relao aos restantes componentes (cerca de 50%).Trata-se de um processo aerbio controlado, em que diversos microrganismos so responsveis,numa primeira fase, por transformaes bioqumicas na massa de resduos e humificao, numasegunda fase. As reaes bioqumicas de degradao da matria orgnica processam-se em

    ambiente predominantemente termoflico, tambm chamada de fase de maturao, que duracerca de 25 a 30 dias. A fase de humificao em leiras ou pilhas de compostagem, processa-seentre 30 e 60 dias, dependendo da temperatura, humidade, composio da matria orgnica(concentrao de nutrientes) e condies de arejamento.

    um processo eficaz de reciclagem da frao putrescvel dos resduos slidos urbanos, comvantagens econmicas, pela produo do composto, aplicvel na agricultura (no est sujeito alixiviao, ao contrrio dos adubos qumicos), timo para a conteno de encostas e para ocombate da eroso, etc. Quando includo numa soluo integrada tem a vantagem de reduzir oumesmo eliminar a produo de lixiviados e de biogs nos aterros sanitrios, o que torna aexplorao mais econmica.

    2.2.7.2Incinerao

    outra das tecnologias utilizadas para tratamento dos resduos slidos, tanto urbanos comoindustriais, utilizada em especial nos pases nrdicos, devido necessidade de diversificaodas fontes energticas para aquecimento, densidade populacional elevada e devido falta deterrenos apropriados para outras solues (caso da Holanda em que mais de 45% do solo foiconquistado ao mar).

    Para o tratamento dos resduos hospitalares perigosos para a sade e certos resduos industriaisperigosos , porventura um dos mtodos mais seguros (registam-se experincias comautoclavagem e micro-ondas muito interessantes que podero vir a alterar o panorama dos

    tratamentos deste tipo de resduos hospitalares). A incinerao tem vantagens na reduo dos

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    volumes a depositar em aterros, que pode chegar a 90 %, na eliminao de resduos patognicose txicos e na produo de energia sob a forma de eletricidade ou de vapor de gua.

    As incineradoras (Figura 2.2) como meio de tratamento de toda a massa de resduos slidosproduzidos, tm vindo a ser objeto de reavaliao em alguns destes pases e mesmo algumasunidades tm vindo a ser encerradas devido aos seus elevados custos financeiros e ambientais.Este tipo de tratamento tem sido limitado ao estritamente necessrio, devido aos seusmltiplos inconvenientes, de que se destacam: os elevados custos de investimento e demanuteno e a emisso de substncias perigosas como dioxinas, furanos, gases de mercrio ecidos, bem como elevado teor em metais pesados nas cinzas produzidas pela combusto do

    processo. Os efeitos perniciosos para o ambiente e para as pessoas em particular, ao longo dotempo, no so ainda bem conhecidos.

    As modernas incineradoras incorporam tecnologia sofisticada para a lavagem dos gases, cujocusto por vezes supera o custo da prpria incinerao. Da monitorizao destas unidades podeconcluir-se que, de facto, no h inconvenientes para a sade pblica a registar.

    Figura 2.2 - Vista de uma moderna incineradora de resduos slidos com aproveitamento energtico

    2.2.7.3Aterros sanitrios energticos e de rejeitos

    Os processos ou mtodos de tratamento anteriormente descritos no so concorrentes com oaterro sanitrio, mas complementares a este. Efetivamente, o aterro sanitrio um rgoimprescindvel porque comum em toda a estrutura de equacionamento dos resduos slidos. Aincgnita a quantidade de resduos a serem ali depositados para tratamento e destino final.Quanto maior for a taxa de valorizao conseguidas nas fases anteriores, menores sero asquantidades a aterrar, prolongando-se a vida til do AS e diminuindo-se o custo de explorao.Se a escala do aterro for adequada, disposio de uma quantidade mnima de cerca de 200toneladas por dia, pode haver o aproveitamento do biogs produzido no aterro, designando-seento de aterro energtico. Sem esta disposio mnima no rentvel o aproveitamentoenergtico, e o biogs ter que ser queimado em tocha com tempo de residncia mnima de 0.3segundos na cmara de combusto, a uma temperatura de pelo menos 850 C, para destruir eminimizar o efeito dos gases nocivos (GEE).

    Quando o AS recebe os restos das outras formas de valorizao de resduos um aterro derejeitos, sem produo de biogs e sem emisso de lixiviados poluentes.

    Entre outras, as principais vantagens dos aterros sanitrios so as seguintes:

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    Grande flexibilidade para receber uma gama muito grande de resduos;

    Fcil operacionalidade;

    Relativo baixo custo, comparativamente a outras solues;

    Disponibilidade de conhecimento;

    No conflitante com formas avanadas de valorizao dos resduos;

    Devoluo a utilizao do espao imobilizado durante a fase de explorao;

    Potencia a recuperao de reas degradadas;

    Atravs de processos de bioremediao possvel a reutilizao do espao do aterro vriasvezes, com a produo de composto orgnico resultante da matria orgnica degradada nobioreator anaerbio, aps eventual complemento de tratamento aerbio, em compostagemcom vista higienizao.

    Figura 2.3 - Vista de um alvolo de disposio de resduos de um aterro sanitrio

    2.2.8 Programas de participao comunitria

    A participao comunitria imprescindvel para que haja sucesso nos programas de separaona fonte e reciclagem. Poder ser conseguida atravs de animao em escolas e fbricas e emcentros sociais, agremiaes como os escuteiros, entre outros, por forma a interessar as pessoas,sensibilizando-as a aderir aos programas, mostrando os benefcios econmicos e ambientais

    deste comportamento. Outro aspeto tem a ver com a utilizao de desempregados semqualificaes profissionais para aderirem a programas de recolhas seletivas, com apoios deinstituies oficiais, como o Instituto do Emprego e Formao Profissional e as CmarasMunicipais (incluindo, eventualmente toxicodependentes para os retirar dos inmeros pontos deestacionamento e inseri-los na vida ativa com acompanhamento social e tcnico adequado),com o produto da venda dos materiais triados a reverter para os integrantes e para criarmelhores condies de vida. Os custos de recolha, sempre mais caros que a recolhaindiferenciada, devem ser assumidos, na fase de arranque, por apoios estatais s CmarasMunicipais, para que haja incentivo a continuar o trabalho comunitrio.

    Para aumentar a participao das pessoas na disposio voluntria dos resduos separados na

    origem, podero as Cmaras Municipais elaborar programas informativos sobre o mesmo e

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    aplicar os fundos conseguidos em obras sociais, escolas, associaes de moradores, associaesde utentes de hospitais, casas do povo, etc. publicitadas de maneira que as pessoas saibam que asua contribuio gerou benefcios diretos para a prpria comunidade.

    2.2.9

    Programas de Educao Ambiental

    A educao ambiental indispensvel e constitui a espinha dorsal de qualquer programa que sedeseja bem sucedido neste domnio. A tarefa gigantesca e s com a participao de todos ser

    possvel mudar mentalidades arreigadas a dcadas de costas voltadas para o ambiente e umacultura conservadora. A separao de resduos na origem, diferenciados de acordo com ascaractersticas um fator determinante em qualquer poltica de reciclagem. As aes devem serabrangentes e persistentes, envolvendo vrios agentes, com destaque para a juventude, atravsdas escolas de todos os nveis. As Cmaras Municipais devem institucionalizar uma semanaletiva dedicada ao ambiente, com diversas aes de animao. Disponibilizar contentores pararecolhas seletivas junto a Escolas e grandes reas de comrcio. Fazer circular informao juntodas instituies para a separao na origem, como por exemplo em Instituies do ensinoSuperior, escolas Secundrias e Primrias, Servios Municipais e Municipalizados e grandesempresas, etc..

    Ou seja, deve chamar-se a colaborar em campanhas ambientais na rea da reciclagem dosresduos, no s as populaes atravs das escolas, centros cvicos, associaes de bairro, mastambm as empresas e organismos estatais ou locais, com nfase na separao dos materiaiscomo por exemplo:

    papel, papelo, plsticos, vidro, metais e leos usados;

    Uma ateno especial para as pilhas: recolha seletiva e inertizao com argamassa de cimento e

    areia at implementao de novas tecnologias.Exemplo de soluo "integrada":

    Dada a variedade constitutiva dos resduos slidos produzidos pela atividade humana, comovimos, deve o seu equacionamento ser amplo e distinto. Para os resduos industriais perigosos,ou seja, no equiparveis a urbanos, as solues de gesto so especficas, que no cabe aquireferir. Para os resduos slidos urbanos, preconiza-se um sistema integrado cuja base aETRSU1.

    Na Figura 2.4 apresenta-se um balano de massas realizado com dados de uma campanha decaracterizao de RSU do municpio de Matosinhos, para uma quantidade de 100 toneladas deresduos a serem tratados por uma gesto integrada, onde pode verificar-se que diariamente emvez do AS receber as 100 toneladas, receberia 28,1 toneladas, com custos inferiores, pois amatria a depositar no est sujeita a fermentaes, nem lixiviao, dispensando os

    1Estao de Tratamento de Resduos Slidos Urbanos

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    correspondentes tratamentos. Se pensarmos que o referido AS recebe mais de 200 toneladas pordia, pode estimar-se que mais de 38 000 toneladas de matria-prima secundria so perdidas porano.

    Figura 2.4 - Exemplo de aplicao da gesto integrada dos RSU

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    CAPTULO 3

    3. LEGISLAO SOBRE RESDUOS

    A legislao portuguesa no domnio dos resduos slidos tem sido alterada diversas vezes nosltimos anos como reflexo da sua desatualizao face s exigncias da Unio Europeia. Defacto, os pases mais desenvolvidos, normalmente mais sensibilizados para estas questes,construram um edifcio legislativo completo e enquadrador desta problemtica, tal aimportncia que dedicam ao tema.

    Portugal tem neste momento a sua legislao atualizada, destacando-se o decreto-lei 183/2009que completa a transposio para o ordenamento jurdico portugus a to aguardada DiretivaAterros (1999/31/CE), incompletamente transposta pelo anterior DL 152/2002, entretantorevogado por este decreto-lei.

    Tambm ao nvel mais geral da gesto dos resduos, h a salientar o DL 178/2006, alterado peloDL 73/2011 de 17 de junho.

    Com efeito, o Decreto-Lei n. 73/2011, estabelece a terceira alterao do Decreto-Lei n.178/2006, de 5 de Setembro e transpe a Diretiva n. 2008/98/CE do Parlamento Europeu e doConselho, de 19 de Novembro de 2008, relativa aos resduos, prev, no seu enquadramentolegislativo:

    Reforo da preveno da produo de resduos e fomentar a sua reutilizao ereciclagem, promover o pleno aproveitamento do novo mercado organizado de resduos,como forma de consolidar a valorizao dos resduos, com vantagens para os agentes

    econmicos, bem como estimular o aproveitamento de resduos especficos com elevadopotencial de valorizao;

    Clarifica conceitos-chave como as definies de resduo, preveno, reutilizao,preparao para a reutilizao, tratamento e reciclagem, e a distino entre os conceitosde valorizao e eliminao de resduos, prev-se a aprovao de programas depreveno e estabelecem-se metas de preparao para reutilizao, reciclagem e outrasformas de valorizao material de resduos, a cumprir at 2020;

    Incentivo reciclagem que permita o cumprimento destas metas, e de preservao dosrecursos naturais, prevista a utilizao de pelo menos 5% de materiais reciclados emempreitadas de obras pblicas;

    Definio de requisitos para que substncias ou objetos resultantes de um processoprodutivo possam ser considerados subprodutos e no resduos;

    Critrios para que determinados resduos deixem de ter o estatuto de resduo;

    Introduzido o mecanismo da responsabilidade alargada do produtor, tendo em conta ociclo de vida dos produtos e materiais e no apenas a fase de fim de vida, com asinerentes vantagens do ponto de vista da utilizao eficiente dos recursos e do impactoambiental.

    Neste diploma, que constitui o atual Regime Geral de Gesto de Resduos (RGGR), clarifica oconceito de resduo dando-lhe um alcance mais alargado, abrangendo todos os resduos

    semelhantes aos resduos domsticos, independentemente dos quantitativos diriosproduzidos. A definio atualmente em vigor a seguinte: "resduo proveniente de

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    habitaes, bem como outro resduo que, pela sua natureza ou composio, seja semelhanteao resduo proveniente de habitaes". Assim, so considerados resduos urbanos os resduos

    produzidos:a) pelos agregados familiares (resduos domsticos);

    b) por pequenos produtores de resduos semelhantes (produo diria inferior a 1.100 l);c) por grandes produtores de resduos semelhantes (produo diria igual ou superior a1.100 l)

    Assim, apenas existe diferenciao no que diz respeito responsabilidade de gesto, cabendoa mesma aos municpios no caso de produes dirias inferior a 1100 litros e aos respetivos

    produtores nos restantes casos (normalmente designados por "grandes produtores").

    Legislao Europeia (UE)

    No mbito das suas competncias, a UE emana regulamentos, Diretivas, decises,recomendaes e pareceres.

    Os Regulamentos comunitrios so instrumentos de carcter geral e, aplicveis direta eobrigatoriamente em todos os estados membros. No carecem de transposio para o direitonacional como lei e so imperativos quanto aos fins e no que respeita aos meios a atingir.

    As Diretivas requerem uma transposio para o direito nacional de cada pas membro,deixando em aberto a escolha das formas e dos meios para a sua concretizao, dispondo de um

    prazo para as por em prtica. A maioria dos diplomas comunitrios no domnio dos resduosslidos apresentada sob a forma de Diretivas. As contravenes so submetidas ao Tribunalde Justia da UE.

    As decises so atos individuais emanados da UE, no normativos, que vinculam apenas os

    destinatrios, um estado membro ou uma empresa de um estado membro. Podem condenar aopagamento de multas, por exemplo.

    Os pareceres e recomendaes no tm alcance obrigatrio, tratando-se apenas de opiniestcnicas ou jurdicas fundadas mas no vinculativas.

    3.1 RESDUOS EM GERAL

    O regime jurdico de gesto de resduos foi pela primeira vez aprovado em Portugal por meiodo Decreto-Lei n. 488/85, de 25 de Novembro. Entretanto, devido dinmica que o sector temexperimentado obrigou a adequao do regime jurdico a essa evoluo. Com efeito, com aalterao da Diretiva n. 75/442/CEE, do Conselho, de 15 de Julho, pela Diretiva n.91/156/CEE, do Conselho, de 18 de Maro, e a aprovao da Diretiva n. 91/689/CEE, doConselho, de 12 de Dezembro - determinaria a revogao daquele diploma pelo Decreto-Lei n.310/95, de 20 de Novembro, e, mais tarde, a revogao deste pelo Decreto-Lei n. 239/97, de 9de Setembro e agora pelo Decreto-Lei n. 178/2006, o novo marco regulatrio sobre resduosatualmente em vigor.

    Apresenta-se na Tabela 3.1 um resumo da principal legislao sobre resduos em Portugal.

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    Tabela 3.1- Principal legislao de resduos em Portugal

    Lei-QuadroDecreto-Lei N. 178/2006, de 5 de SetembroEstabelece as regras a que fica sujeita a gesto de resduos, alterado pelo DL 73/2011 de 17 junho.

    Instalaes de tratamento e eliminaoAutorizao prvia(Portaria N. 961/98, de 10 de Novembro)Licena Ambiental(Decreto-Lei N. 194/2000, de 21 de Agosto)Aterros de resduos(Decreto-Lei N. 183/2009, de 23 de Maio, transpe a Diretiva da UE 1999/31/CE)Gesto de resduos(Decreto-Lei 178/2006, de 5 de Setembro, aprova o regime da gesto de resduos, transpondo para aordem jurdica interna a Diretiva n. 2006/12/CE e a Diretiva n. 91/689/CEE.

    Transporte de ResduosTransporte de resduos dentro do territrio nacional(Portaria N. 335/97, de 16 de Maio)Movimento transfronteirio de resduos(Regulamento N. 259/93 do Conselho, de 1 de Fevereiro)Fluxos prioritrios de resduosEmbalagens e resduos de embalagens(Decreto-Lei N. 366-A/97, de 20 de Dezembro e Decreto-Lei N. 162/2000, de 27 de Julho)(Decreto-Lei 92/2006, de 25 de Maio , que faz a segunda alterao ao Decreto-Lei n. 366-

    A/97, transpondo para a ordem jurdica nacional a Diretiva n. 2004/12/CE relativa a embalagens eresduos de embalagens).leos usados(Decreto-Lei N. 153/2003, de 11 de Julho)Veculos em fim de vida(Decreto-Lei N. 196/2003, de 23 de Agosto)Pneus usados(Decreto-Lei N. 111/2001, de 6 de Abril e Decreto-Lei N. 43/2004, de 2 de Maro)Pilhas e acumuladores(Decreto-Lei N. 62/2001, de 19 de Fevereiro)Resduos de equipamentos eltricos e eletrnicos(Decreto-Lei N. 20/2002, de 30 de Janeiro)

    Segue-se uma listagem cronolgica, no exaustiva, relativa legislao mais importante nestedomnio em Portugal.

    Decreto-Lei n. 187/2006

    Estabelece as condies e procedimentos de segurana no mbito dos sistemas de gesto de resduos deembalagens e de resduos de excedentes de produtos fitofarmacuticos e altera o Decreto-Lei n. 173/2005.(D.R.n. 181, I Srie)

    Decreto-Lei n. 178/2006

    Aprova o regime da gesto de resduos, transpondo para a ordem jurdica interna a Diretiva n. 2006/12/CE e aDiretiva n. 91/689/CEE. (D.R. n. L 171, I Srie)

    Decreto-Lei n. 92/2006

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    Segunda alterao ao Decreto-Lei n. 366-A/97, transpondo para a ordem jurdica nacional a Diretiva n.2004/12/CE relativa a embalagens e resduos de embalagens. (D.R.n. 101, I-Srie-A)

    Decreto-Lei n. 174/2005

    Primeira alterao ao Decreto-Lei n. 230/2004 que estabelece o regime jurdico a que fica sujeita a gesto deresduos de equipamentos eltricos e electrnicos (REEE), transpondo para a ordem jurdica interna a Diretiva n.2002/95/CE e a Diretiva n.

    Decreto-Lei n. 85/2005

    Estabelece o regime legal da incinerao e co-incinerao de resduos, transpondo para a ordem jurdica interna aDiretiva n. 2000/76/CE.(D.R. n. 82, I-Srie-A)

    Decreto-Lei n. 230/2004

    Estabelece o regime jurdico a que fica sujeita a gesto de resduos de equipamentos eltricos e electrnicos(REEE), transpondo para a ordem jurdica interna a Diretiva n. 2002/95/CE e a Diretiva n. 2002/96/CE.(D.R. n.

    288, I-Srie-A)

    Decreto-Lei n. 43/2004

    Altera o Decreto-Lei n. 111/2001 que estabelece o regime jurdico a que fica sujeita a gesto de pneus e pneususados. (D.R. n. 52, I-Srie-A)

    Decreto-Lei n. 153/2003

    Estabelece o regime jurdico da gesto de leos usados. (D.R. n. 158, I-Srie-A)

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    CAPTULO 4

    4. SNTESE DO SETOR DOS RESDUOS EM PORTUGAL

    4.1

    INTRODUO

    A gesto de resduos em Portugal era tradicionalmente de cariz municipal at entrada emvigor da legislao que permitiu a entrada dos privados no setor e aps 1997, com oaparecimento das empresas de gesto em alta, atualmente 23, sendo multimunicipais (em que oEstado tem uma participao maioritria no capital social) e intermunicipais, apenasconstitudas por consrcios de municpios.

    Considera-se Sistema em Baixa, a gesto dos resduos desde o municpio at uma estao detransferncia ou do municpio at unidade de valorizao e tratamento e Sistema em Alta,

    da ET unidade de tratamento (Figura 4.1).Em baixa a responsabilidade do municpio, que cobra aos utentes/muncipes uma tarifa. EmAlta so os municpios que pagam por cada tonelada depositada na empresa de valorizao etratamento de resduos (23 existentes, 2012).

    Figura 4.1Esquema representativo dos sistemas em baixa e em alta (Russo, M. 2012)

    Atualmente a responsabilidade pelo fornecimento dos servios de resduos em Portugal dividida entre o Estado e os Municpios, sendo o Estado responsvel pelos sistemasmultimunicipais e os municpios pelos sistemas municipais. A gesto e a explorao dossistemas municipais pode ser direitamente efetuada pelos respetivos municpios (atravs dosservios municipais ou municipalizados) ou atribuda, mediante contrato de concesso, aentidade pblica ou privada de natureza empresarial, ou a associao de utilizadores.

    Os servios municipais e municipalizados e intermunicipalizados constituem, em termos denmero, mas no em termos da populao servida, o principal modelo de gesto do setor.

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    O Estado e os municpios podem recorrer a parcerias pblico-privadas ou prestao deservios por empresas privadas para a gesto dos servios de resduos, atravs de diferentesmodelos possveis face legislao existente, nomeadamente:

    Participao minoritria no capital das entidades gestoras concessionriasmultimunicipais;

    Participao minoritria no capital das empresas municipais, intermunicipais oumetropolitanas;

    Concesso do municpio em terceira entidade pblica ou privada.

    Os dois primeiros casos correspondem a colaboraes institucionais (a cooperao traduz-se naconstituio de uma empresa de capitais mistos para a prossecuo de fins pblicos) e o ltimoa uma colaborao de tipo contratual (baseada em relaes exclusivamente definidas nocontrato de concesso).

    A gesto de resduos do ciclo urbano est acometida a 23 empresas de capitais pblicos (estado

    e municpios) gestoras de resduos urbanos, sendo 12 delas multimunicipais, em que o Estadodetm 51% ou mais, do capital social, atravs da EGF (Empresa Geral de Fomento, pertencenteao Grupo guas de Portugal) e 11 empresas intermunicipais, cujo capital social apenassubscrito pelos respetivos municpios.

    Na Tabela 4.1 apresenta-se o nmero de municpios portugueses divididos por localizaogeogrfica.

    Tabela 4.1Municpios de Portugal continente e Regies Autnomas (RA), 2011

    Na Figura 4.2 apresenta-se o mapa com a localizao das empresas multimunicipais (EGF,grupo AdP) e as intermunicipais, filiadas na EGSRA.

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    (a) Empresas multimunicipais de RSU EGF (2011)(b) Empresas intermunicipais

    Filiadas na EGSRA3 - Braval5 - LIPOR6 - AMBISOUSA8 - Resduos do Nordeste11 - Ecobeiro16 - Resitejo17 - Tratolixo19 - AMDE/Gesamb

    21 - AMCAL22 - AMALGA/Resialentejo

    Figura 4.2Empresas Multimunicipais (a) e intermunicipais filiadas na EGSRA (b)

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    4.2 TARIFAS PRATICADAS PELOS MUNICPIOS

    4.2.1 TIPOS DE TARIFAS

    A gesto dos RSU da responsabilidade dos municpios ou das Associaes de Municpios.Porm, de acordo com a legislao, todos os detentores de resduos so chamados a participar

    pagando pela gesto dos seus resduos.

    Em Portugal, a maioria dos municpios aplica uma tarifa para a gesto dos RSU, o tarifrio aplicado de diversas formas, em funo de:

    I. Existncia de gua canalizada ou no;

    II. Tipo de consumidor (domstico, comercial, industrial, outros);

    III. Consumo de gua;

    IV. Percentagem da fatura da gua;V. Tipo de sistema de remoo;

    VI. Frequncia de recolha;

    VII. Caractersticas do municpio (rural ou urbano);

    VIII. Caractersticas do municpio e frequncia de recolha;

    IX. rea de habitao.

    Constata-se que ainda existem 39 municpios que no aplicam nenhum tarifrio para a gesto

    dos RSU (2010).As tarifas de gesto dos RSU cobradas em funo da fatura da gua subdividem-se

    em trs grupos:

    Tarifa FixaTarifa nica para cada tipo de consumidor, cobrada por contador de gua;

    Tarifa Varivel Varia diretamente com o consumo de gua, ou por escales deconsumo de gua, ou corresponde a uma percentagem da fatura da gua.

    A tarifa pode ser progressiva integral ou progressiva por blocos. No caso da tarifa progressivapor blocos, o consumo repartido uniformemente pelos escales de consumo de gua definidospela entidade gestora. No tarifrio progressivo integral, o que conta o volume final de guaconsumida qual ser aplicada a tarifa definida para o escalo em que esta recair;

    Tarifa Fixa + VarivelTem uma componente fixa e outra que varia com o consumo dagua, como descrito nas tarifas anteriores.

    As tarifas de RSU que dependem de outros fatores, que no s o consumo da gua, soaplicados em funo da:

    Frequncia da remooNmero de dias por semana em que os RSU so removidos;

    Sistema de remooTipo de sistema utilizado para remoo dos resduos porta-a-porta,por pontos ou misto;

    Caractersticas do municpiorea urbana ou rural;

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    Caractersticas do municpio e frequncia de remooTem em conta a conjugao dedois fatores: Nmero de dias por semana em que os RSU so removidos nas zonasurbana e rural;

    rea de habitaoDimenso da rea de habitao.

    Relativamente aos municpios que aplicam tarifas de gesto dos RSU, 211 concelhos, quecorrespondem a 73%, aplicam tarifas em funo do consumo de gua.

    Os restantes 31 municpios, que correspondem a 10,7% das Autarquias, tm tarifas quedependem de outros fatores para alm do consumo de gua.

    Apresenta-se no grfico da Figura 4.3 os sistemas tarifrios de RSU aplicados pelos municpiosportugueses.

    Figura 4.3Sistemas tarifrios nos municpios portugueses

    Quanto s tarifas cobradas com a fatura da gua, a Tarifa fixa + varivel praticada em 73municpios, o que corresponde a cerca de 25,3% dos municpios analisados.

    A Tarifa Fixa e a Tarifa Varivel so aplicadas nas restantes 138 Autarquias, igualmenterepartido, aproximadamente 23,9% cada, ou seja 69 municpios.

    Quanto aos municpios que utilizam outro sistema tarifrio que no s funo da fatura da

    gua, a sua percentagem reduzida, cerca de 10,7%, a que correspondem 31 concelhos dototal, assim distribudo:

    Frequncia da remoo12 municpios, 4,2%;

    Caractersticas do Municpio13 municpios, 4,5%;

    Sistemas de remoo3 municpios, 1,0%;

    Tarifa Fixa +

    varivel

    25.78%

    Tarifa Varivel

    24.36%Tarifa Fixa

    24.36%

    Sem tarifa

    16.63%

    Frequncia de

    remoo

    4.28%

    Caractersticas

    do municpio

    4.59%

    Sistemas tarifrios RSU (Portugal)

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    Tabela 4.2Municpios e populao de acordo com o sistema tarifrio de RSU

    Base para tarifa tipo de tarifrio nMunicpios

    Populaoresidente

    Consumo de gua Tarifa Fixa + varivel 73 4 650 518Tarifa Varivel 69 1 798 408

    Tarifa Fixa 69 1 943 091

    Sem tarifa 47 819 248

    outros Frequncia de remoo 12 537 058

    Caractersticas domunicpio

    13 323 811

    Sistema de remoo 3 118 781

    rea da habitao 2 74 774

    Os tarifrios calculados com base no consumo de gua prevalecem em relao aos demais,representando 8.392.017 habitantes residentes, face aos restantes tarifrios, que corresponde acerca de 85% da populao portuguesa.

    Havia ainda 39 municpios em Portugal em que no aplicada nenhuma tarifa, quecorresponde a 819.248 habitantes. Os restantes sistemas tarifrios que so aplicados em funode outros fatores, para alm do consumo de gua, totalizam 1.098.091 habitantes.

    A predominncia dos tarifrios com uma componente fixa e outra varivel, abrange 4.650.518

    habitantes residentes. As tarifas fixas abrangem 1.943.091 habitantes, muito semelhante aosque possuem tarifas variveis, cerca de 1.798.408 habitantes.

    4.3 CUSTO DA LIMPEZA E VARREDURA DA VIA PBLICA

    A limpeza pblica consiste na varredura, manual e mecnica, lavagem e eventual desinfeodos espaos pblicos, despejo, lavagem e desinfeo das papeleiras, corte de mato e ervas, elimpeza de sarjetas e sumidouros, tarefas acometidas aos municpios.

    Na Tabela 4.3 apresentam-se valores de custo por habitante por ano estimados ponderadamentepara Portugal continente e para as Regies Autnomas (RA) dos Aores e da Madeira, regies

    insulares, cujos problemas so muito especficos no domnio da gesto dos resduos.O custo mdio ponderado por habitante e por ano, em Portugal continental (ano de 2010), paraa recolha dos resduos e transporte para as unidades de tratamento foi estimado em 30.39 e otratamento foi de 15,05.

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    Tabela 4.3Custos do sistema de RSU em Portugal (2011)

    /hab ano

    Custos Continente RA Aores RA Madeira

    Limpeza e Custo varredura por hab/ano 14.14 8.51 48.62 Remoo e transferncia de RSU (baixa) 30,39 Tratamento dos RSU (alta) 15.05 Total baixa + alta 45.44 27.14 31.13 Total 59.58 35.65 79.75

    4.3.1 BALANO POR HABITANTE

    De um modo geral os grandes consumidores de gua so penalizados nas tarifas variveis emfuno do consumo de gua apresentado. No grfico da Figura 4.4 apresenta-se o valor mdio

    por habitante em funo do consumo de gua.

    Para os municpios com tarifa fixa, este contabilizado por contador em cerca de 1.35/m3 degua consumida.

    Figura 4.4Tarifa varivel em funo do consumo de gua

    Pode constata-se que as tarifas variveis, por habitante, variam com o consumo de gua, desdecerca de 1 euro por m3 at mais de 10 por m3para grandes consumidores de gua.

    4.4 SNTESE FINAL

    Apresenta-se na Tabela 4.4 os valores calculados por habitante para os servios em baixa(remoo e transporte dos RSU s empresas de tratamento e ou valorizao) e em alta(tratamento de resduos).

    y = 0.2457x + 0.4563

    R = 0.9967

    0.00

    2.00

    4.00

    6.00

    8.00

    10.00

    12.00

    0 10 20 30 40 50tarifaRSU/m3guaconsumida

    m3 gua consumida

    Tarifa varivel funo consumo gua/m3

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    Gesto Integrada de Resduos Slidos - Mrio RussoVerso 2012

    Tabela 4.4sntese dos valores ponderados de custos e de proventos dos municpios de Portugal, Continente eRegies Autnomas (RA) da Madeira e dos Aores

    /hab ano

    Custos Continente RA Aores RA Madeira

    Limpeza e Custo varredura por hab/ano 14.14 8.51 48.62 Remoo e transferncia de RSU (baixa) 30,39 Tratamento dos RSU (alta) 15.05 Total baixa + alta 45.44 27.14 31.13 Total 59.58 35.65 79.75 Valor pago pelos utentes/ ano 13.76 8.49 20.71 Dfice 45.82 27.16 59.04

    76.9% 76.2% 74.0%

    Da anlise efetuada aos sistemas tarifrios praticados e aos nveis de encargos suportados pelosutilizadores finais domsticos nos diferentes mun