gestão financeira e orçamentária no setor público · servem para cobrir os gastos fixos, nas...

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Gestão Financeira e Orçamentária no Setor Público

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Gestão Financeirae Orçamentáriano Setor Público

Material Teórico

Responsável pelo Conteúdo:Prof. Ms. Fabiano Siqueira dos Prazeres

Revisão Textual:Profa. Ms. Rosemary Toffoli

Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional

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• Conceitos

• Alavancagem operacional

• Riscos operacionais derivados da alavancagem operacional

· Estudar os seguintes temas: Análise - Volume e Lucro; Ponto Equilíbrio Operacional, Contábil, Econômico e Financeiro. Esses conteúdos têm o objetivo de contribuir para que o resultado da empresa possa ser elucidado de forma clara e objetiva, capacitando as empresas a tomarem decisões mais embasadas com foco principalmente em sua viabilidade econômica empresarial e mercadológica.

Olá aluno(a)!

Nesta Unidade, estudaremos a Administração Financeira, especificamente: seu custo de oportunidade, custo total de capital, avaliação do desempenho financeiro da empresa pelo MVA, e outras estratégias financeiras.

Para que você obtenha uma melhor aprendizagem e compreensão do assunto apresentado, leia com atenção o conteúdo desta unidade e os materiais complementares, assista aos vídeos indicados e procure as referências bibliográficas. Também recomendamos a pesquisa de mais fontes, que irão contribuir para seu melhor desempenho.

Bons estudos!

Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional

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Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional

Contextualização

Olá!

As empresas convivem com informações no dia a dia que não suprem suas necessidades de decisões, inferindo em situações de riscos as quais, ao longo do tempo, podem aumentar seu passivo oneroso e agravar o endividamento a curto, médio e longo prazos. Portanto, o conteúdo desta unidade fundamenta o profissional a auxiliar as melhores tomadas de decisões, dentro da literatura narrada.

Uma expectativa presente em toda decisão financeira tomada em uma empresa é que ela contribua para elevar o seu resultado operacional e o resultado líquido de seus acionistas.

Bons estudos!

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Conceitos

Um dos aspectos mais importantes do processo de análise de uma empresa é o estudo da alavancagem operacional e financeira. Uma expectativa presente em toda decisão financeira tomada em uma empresa é que ela contribua para elevar o seu resultado operacional e o resultado líquido de seus acionistas. Esse desempenho é potencialmente medido pelos respectivos graus de alavancagem operacional e financeira.

A aplicação da alavancagem operacional na análise e na avaliação de uma empresa permite que se conheça, principalmente, sua viabilidade econômica, e se analise ainda a natureza cíclica de um negócio e a variabilidade de seus resultados.

Análise Custo – Volume – Lucro

A análise custo – volume – lucro, também chamada de análise do ponto de equilíbrio, é utilizada visando a conhecer o volume de atividade necessária para cobrir todos os custos e despesas operacionais e analisar o lucro associado ao nível de vendas.

Em outras palavras, a análise do ponto de equilíbrio (break-even point) informa o volume de vendas necessário para cobrir todos os custos e despesas operacionais, ou seja, no ponto de equilíbrio o resultado operacional da empresa é igual a zero.

O ponto de partida para chegar a esse resultado operacional é separar os custos de produção e as despesas operacionais em fixos e variáveis.

AtençãoÉ importante notar que essa classificação dos custos e despesas é feita a partir da relação entre os custos e o volume de atividade de uma empresa em certa unidade de tempo. A definição de fixo e variável é sempre determinada pela relação entre o valor do custo, em certo período, e o volume de atividade.

Os custos e despesas fixos são aqueles que não dependem do volume de produção e vendas no período. Por exemplo, o valor da depreciação de uma máquina em certo mês existe independentemente de aumentos ou reduções naquele período do volume de atividade. Outros exemplos de custos e despesas fixos são o aluguel da fábrica, depreciação de maquinas e equipamentos, salários de pessoal administrativo, honorários da administração, encargos financeiros decorrentes de empréstimos e financiamentos etc.

É importante destacar que o custo fixo pode ter valores diferentes em cada período e continuar sendo classificado como fixo. Por exemplo, se o aluguel sofrer reajuste a cada mês, ainda assim continuará a ser classificado como fixo, pois o seu valor não é função do volume de atividade, ou seja, não se relaciona com o volume de produção.

Os custos e despesas variáveis são aqueles que dependem do volume de atividade, sempre dentro de alguma unidade de tempo, mês, trimestre etc. Estes custos acompanham o volume de produção, quanto maior a atividade da empresa, maiores se apresentam estes custos.

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Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional

Comissões sobre vendas, embalagens, impostos sobre vendas (Icms), embalagens, fretes, consumo de matérias-primas, custos de mercadorias vendidas no caso de empresas comerciais, entre outros, são classificados como custos e despesas variáveis.

Existem ainda os custos ou despesas semifixos e semivariáveis, que são aqueles que possuem parte fixa e parte variável, como a remuneração de pessoal de venda que recebe salário fixo mais uma parcela variável representada por comissões sobre as vendas. Nessa situação, deve-se, para efeito de análise, fazer a separação da parte que é fixa da parte que é variável.

A partir da separação dos custos e despesas em fixos e variáveis, pode-se elaborar uma demonstração de resultados mais gerencial, na qual são destacados o desempenho dos produtos ou unidades de negócios, ou da própria empresa, e sua contribuição para a cobertura dos gastos fixos e formação dos lucros. Quando uma empresa produz e vende certo volume de seus produtos, pode elaborar o seguinte resultado:

Receitas de Vendas XXX

Custos e Despesas Variáveis (XX)

Margem de Contribuição XXX

Custos e Despesas Fixos (XX)

Resultado XXX

A margem de contribuição é a diferença entre as receitas operacionais de vendas e os custos e despesas variáveis incorridos no período. Pode ser entendida, ainda, como a sobra do resultado entre vendas e custos variáveis que irá contribuir, após a remuneração dos custos fixos, para a formação do lucro total da empresa.

Exemplo: A empresa vendeu, em um certo mês, dois produtos A e B, registrando os seguintes valores:

Produto A Produto B

Volume de Vendas 2.600 unidades 5.000 unidades

Preço de Venda $ 170,00/un. $ 280,00/un.

Custos (despesas) variáveis $ 76,50/un. $ 196,00/un.

Margem de Contribuição $ 93,50/un. $ 84,00/un.

O custo e despesa fixos totais incorridos no mês atingiu $ 435.000,00. A margem de contribuição por produto e da empresa é calculada:

Produto A Produto B Total

Receitas de vendas $ 442.000,00 $ 1.400.000,00 $ 1.842.000,00

Custos e Despesas Variáveis ($ 198.900,00) ($ 980.000,00) ($ 1.178.900,00)

Margem de Contribuição 243.100,00 420.000,00 663.100,00

Custos e Despesas Fixos - - (435.000,00)

Lucro Operacional Antes do IR - - $ 228.100,00

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O produto de maior margem de contribuição unitária é A, porém B, pelo maior volume de vendas, é o que produz a mais elevada margem total ($ 663.100,00).

O produto A contribui com $ 93,50/un. E o produto B com $ 84,00/un. para a formação do lucro da empresa. A soma dessas margens unitárias, multiplicadas respectivamente pelas quantidades vendidas, perfaz a margem de contribuição total da empresa no mês, igual a $ 663.100,00. Desse montante, são deduzidos os custos e despesas fixos para se chegar ao resultado operacional da empresa.

Ponto de Equilíbrio Operacional (PEO)

Ponto de Equilíbrio é formado com base nas relações dos custos e despesas fixos e variáveis com as receitas de vendas. Algebricamente, pode-se calcular o Ponto de Equilíbrio Operacional (PEO) como:

Receitas de Vendas: p x q

AlavancagemOperacional

(-) Custos Fixos: CF

CVu x q

p x q – CF – Cvu x

(-) Custos Variáveis:

(=) LAJIR:

=

Em que:

q = quantidade de vendas por unidade

p = preço de venda unitário

CVu= custo/despesa operacional variável por unidade

CF= custo/despesa operacional fixo no período

LAJIR= lucro antes dos juros e IR (lucro operacional antes do IR)

No ponto de equilíbrio, tem-se: LAJIR = 0. Simplificando a expressão e colocando o valor da quantidade vendida de mercadorias q em evidência, tem-se:

q(p-CVu) – CF = 0

CF

(p-CVu)q =

Essa quantidade de unidades a ser produzida e vendida pela empresa é o que se denomina de Ponto de Equilíbrio Operacional (PEO), ou seja, o volume mínimo de vendas necessário para pagar todos os custos operacionais fixos e variáveis da empresa. Realizando vendas acima desse ponto, a empresa atua na faixa de lucro, volume de vendas abaixo do ponto de equilíbrio gera prejuízo.

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Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional

Ponto de Equilíbrio Contábil, Econômico e Financeiro

O ponto de equilíbrio em que o resultado operacional se anula, é denominado ponto de equilíbrio contábil, uma vez que é baseado num lucro contábil igual a zero:

CF

(p-CVu)q =Ponto de Equilíbrio Contábil =

Todas as empresas perseguem um lucro mínimo, representado pelo custo de oportunidade do investimento feito pelos proprietários, ou seja, um resultado mínimo que compense o investimento realizado. É como se atribuíssem ao capital próprio investido um juro mínimo. Ao volume de vendas que produz esse lucro esperado se dá o nome de ponto de equilíbrio econômico:

CF + Lucro Mínimo

(p-CVu)Ponto de Equilíbrio Econômico =

Também ocorre de nem sempre os custos e despesas fixos serem desembolsáveis, ou seja, exigirem comprometimento de caixa, como é o caso das depreciações. Assim, pode ocorrer de, mesmo operando em seu ponto de equilíbrio contábil, não ser possível a empresa honrar seus compromissos que exigem desembolsos de caixa. Pode ocorrer ainda de a empresa ter empréstimos bancários cujos juros estão contidos nas despesas fixas por competência, porém os pagamentos efetivos estão previstos para outros momentos.

Através desses exemplos, tem-se o ponto de equilíbrio financeiro, que calcula o volume de vendas que iguala as entradas com as saídas de caixa. A grande contribuição do ponto de equilíbrio financeiro é eliminar os eventuais conflitos entre os prazos de pagamento ede recebimentos.

CF – Não desembolsáveis + Amortizações

(p-CVu)Ponto de Equilíbrio Financeiro =

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Alavancagem operacional

Se uma indústria possui custos e despesas fixos de $ 50 milhões por mês, custos e despesas variáveis de $ 500 por unidade de produto vendido, e preço de venda unitário de $ 700, terá seu ponto de equilíbrio definido ao nível de 250.000 unidades por mês. Suponha-se que seu nível real de atividade esteja em produção e venda de 300.000 unidades por mês. Qual seu lucro contábil?

Uma das formas mais utilizadas desse calculo é a seguinte: as primeiras 50.000 unidades servem para cobrir os gastos fixos, nas 50.000 unidades adicionais tem-se uma margem de contribuição unitária de $ 200, após cobertos os fixos, essa margem de contribuição produz automaticamente lucro. Logo, o lucro contábil ao nível de 300.000 unidades/mês é igual a:

LUCRO = 50.000 unid./mês x $ 200 = $ 10 milhões/mês

Uma questão que pode surgir desses resultados: em quanto se alterará o lucro da empresa se o volume de atividade aumentar em 40%?

Se houver 120.000 unidades de acréscimo (40% x 300.000 unid.), passando a empresa para 420.000 unid./mês, e mantendo-se os outros valores iguais, haverá lucro nas unidades acima do ponto de equilíbrio em 170.000 unidades (420.000 unid. – 250.000 unid.). Com isso, o resultado positivo nesse ponto será de $ 34 milhões/mês (170.000 unid. x $ 200).

Em outras palavras, um aumento de 40% no nível de atividade da empresa proporcionou um incremento de 240% em seu lucro. Isto significa que o aumento no resultado foi muito mais que proporcional ao efetivado no nível de atividade, e exatamente isso caracteriza a alavancagem operacional, que é definida como o efeito desproporcional entre a força feita numa ponta, a do volume de atividade, e a força resultante na outra, a do lucro.

O grau de alavancagem operacional (GAO), por sua vez, é a quantificação desse efeito:

GAO =Porcentagem de variação no lucro

Porcentagem de variação no volume de atividade

Sendo assim, tem-se:

GAO = 6=240%

40%

O GAO de 6 indica que, estando a empresa com essa estrutura de custos, despesas e preço atuando ao nível de 300.000 unid./mês, terá, a cada 1% de aumento no seu volume de atividade, um incremento de 6% no seu lucro.

O grau de alavancagem operacional também atua em sentido descendente, isto é, estando a empresa ao nível de 300.000 unid., se ocorrer um decréscimo de 10% no seu volume de atividade tem-se, como consequência, uma perda de 60% no seu lucro.

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Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional

Por exemplo, se o nível de atividade passar das atuais 300.000 unidades para 270.000 unidades/mês, redução de 10%, será apurado um lucro relativo apenas a 20.000 unidades acima do seu ponto de equilíbrio, ou seja, de $ 4 milhões. O lucro apurado ao nível de 300.000 unidades, igual a $ 10 milhões, sofrerá, então, uma redução de 60%. O GAO funciona nos dois sentidos.

Logicamente, não se calcula o GAO a partir do próprio ponto de equilíbrio, já que nessa situação o resultado é zero e não há como matematicamente se chegar à porcentagem de incremento ou redução.

Para cada ponto que a empresa venha a atingir, é calculado um grau de alavancagem diferente. Por exemplo, vendendo 270.000 unid./mês, apura-se um lucro de $ 4 milhões, ao atingir 324.000 unid./mês, ou seja, havendo um acréscimo de 20% no seu volume de atividade, o lucro eleva-se para $ 14,8 milhões (74.000 unid. x $ 200/unid.), refletindo um aumento de 270%. Ou seja, ao nível de 270.000 unidades seu grau de alavancagem operacional é de 13,5 (270%/20%).

Importante!Quanto mais distante a empresa estiver de seu ponto de equilíbrio, menor será seu grau de alavancagem operacional, pois menor será o impacto percentual sobre seu lucro, do acréscimo ou redução determinado pela alteração no seu volume de atividade.

Há uma importante relação entre o grau de alavancagem operacional e o risco econômico da empresa. Trabalhando acima do ponto de equilíbrio, a empresa tende a apresentar menor GAO, mas também menor risco de entrar em prejuízo. Trabalhando com alto GAO, tenderá a se situar perto do seu ponto de equilíbrio e, consequentemente, com altos riscos de melhorar significativamente seu resultado, ou de piorá-lo

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Riscos operacionais derivados da alavancagem operacional

A alavancagem operacional, por incorporar o resultado da empresa, é um dos componentes relevantes de seu risco econômico. O retorno das ações no mercado apresenta uma relação positiva com a alavancagem operacional das empresas, sendo um importante fator explicativo de seu comportamento.

Um interessante estudo sobre a reação do mercado à variável da alavancagem operacional foi desenvolvido por Dantas, Medeiros e Lustosa. Através de testes empíricos realizados, os autores concluíram que esta medida operacional é relevante para explicar o desempenho do retorno das ações no Brasil. A premissa teórica revelada pelos autores no trabalho é a referência na alavancagem operacional como uma variável determinante do risco sistemático das ações negociadas no mercado, inferindo-se por uma associação entre o GAO e o retorno das ações negociadas na bolsa de valores de São Paulo.

Risco Operacional e tamanho do GAO

Exemplo: Empresa A

Custos e Despesas Fixos 50 milhões/mês

Custos e Despesas Variáveis 500 unidades

Preço de Venda 700 unidades

Ponto de Equilíbrio Contábil 250.000 unid./mês

Lucro ao nível de 300.000 unid./mês 10 milhões

GAO ao nível de 300.000 unid./mês 6

Suponha agora que a empresa B concorrente apresenta uma estrutura diferenciada:

Custos e Despesas Fixos 75 milhões/mês

Custos e Despesas Variáveis 400 unidades

Preço de Venda 700 unidades

Ponto de Equilíbrio 250.000 unid./mês, igual a A

Lucro ao nível de 300.000 unid./mês 15 milhões, maior que em A

GAO ao nível de 300.000 unid./mês 6, igual a A

Ambas as empresas possuem o mesmo GAO, mas estão com lucros, em termos absolutos, bem diferentes uma da outra. Se em ambas houver um aumento de 5% no volume de atividade, também lhes ocorrerá 30% de acréscimo no lucro. Na empresa A isso significará um aumento de $ 3 milhões, e em B de $ 4,5 milhões.

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Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional

Admita agora uma empresa C, com outra estrutura, mas com o mesmo preço de venda:

Custos e Despesas Fixos 60 milhões/mês

Custos e Despesas Variáveis 400/unid.

Preço de Venda 700/unid.

Ponto de Equilíbrio 200.000 unid./mês

Lucro ao nível de 300.000 unid./mês 30 milhões

GAO ao nível de 300.000 unid./mês 3

O GAO da empresa C é a metade do das outras duas, e seu risco, ao nível de 300.000 unid./mês, é bem menor. Uma alteração, para C, de 5% no seu volume de atividade significa alteração de 15% no lucro. Esse percentual também resulta no valor de $ 4,5 milhões (15% x $ 30 milhões), mas, como resultado anterior já era alto, seu impacto percentual é menor. A empresa C apresenta assim um risco menor.

Uma forma de comprovar tal fato é verificar quanto cada uma das três empresas pode perder um volume antes de entrar em prejuízo. Obviamente, a menos afetada é C, pois suas vendas podem cair até 200.000 unid./mês, ou seja, pode sofrer queda de 100.000 unid., ou 33,3% do volume de 300.000 unid./mês, enquanto as outras duas empresas só podem perder 50.000 unid., ou seja, 16,6%. Assim, se todas as empresas, por exemplo, sofrerem 20% de redução em seus volumes de atividade, A e B entrarão em prejuízo e C ainda estará com lucro.

Em síntese

Quanto maior o GAO, maior o risco e maiores os efeitos sobre o resultado de qualquer porcentagem de alteração no volume de atividade. Quanto menor o GAO, menor o risco e menores esses efeitos.

Quanto mais distante do ponto de equilíbrio, menor o GAO.

Risco e Alterações nos custos e despesas fixos

Mantendo os valores anteriores para as empresas A, B e C, admita um acréscimo de 20% em seus custos e despesas fixos.

Para A esses gastos fixos passarão a 60 milhões/mês, o que determinará:

Novo Ponto de Equilíbrio = 300.000 unid./mês=60 milhões/mês

200/unid. de MCu

Lucro ao nível de 300.000 unid./mês = 0

Para a empresa B, os gastos fixos irão para 90 milhões, com:

Novo Ponto de Equilíbrio = 300.000 unid./mês=90 milhões/mês

300/unid. de MCu

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Para a empresa C, os custos e despesas fixos subirão para 72 milhões, com:

Novo Ponto de Equilíbrio = 240.000 unid./mês=72 milhões/mês

300/unid. de MCu

Assim, se percentualmente o aumento nos gastos fixos for igual para todas, A e B correm o risco de ficar fora do mercado mais rapidamente que C.

Para todas as empresas, o novo ponto de equilíbrio também é 20% maior do que o anterior.

Se, porém, o aumento nos custos e despesas fixos for de 30%, e não de 20%, tem-se uma nova situação.

Para a empresa A, seus custos e despesas fixos irão para 65 milhões, com novo ponto de equilíbrio definido em 325.000 unid. Ao nível de atividade de 300.000 unid., sofrerá prejuízo de 5 milhões.

A empresa B passará, então, a ter novo ponto de equilíbrio em 325.000 unidades também. Mas ao nível de 300.000 unidades, seu prejuízo será de 7,5 milhões.

Observe como o risco está fazendo com que a empresa B tenha uma situação mais periclitante do que A, em função de seu maior nível de custos e despesas fixos e maior margem de contribuição unitária.

Em síntese

Quanto maiores os custos e despesas fixos, maiores as chances de grandes lucros acima do ponto de equilíbrio e maiores os riscos de grandes prejuízos abaixo dele.

Com 30% de aumento nos custos e despesas fixos, a empresa C estará com novo ponto de equilíbrio em 260.000 unid./mês, e ainda apresentará lucro ao nível de 300.000 unid./mês. Ela possui a mesma margem de contribuição da empresa B, mas os seus custos e despesas fixos são menores.

Risco e Alterações nos custos e despesas variáveis

Conforme o exemplo, tem-se:

Empresa A Empresa B Empresa C

Custos e Despesas Fixos 50 milhões 75 milhões 60 milhões

Custos e Despesas Variáveis 500 unidades 400 unidades 400 unidades

Preço de Venda 700 unidades 700 unidades 700 unidades

Ponto de Equilíbrio 250.000 unid./mês 250.000 unid./mês 200.000 unid./mês

Assumindo 20% de aumento nos custos e despesas variáveis, $ 600, $ 480 e $ 480, respectivamente, os pontos de equilíbrio novos serão:

• Empresa A: 500.000 unid./mês

• Empresa B: 340.909 unid./mês

• Empresa C: 272.727 unid./mês

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Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional

Agora a empresa A terá mais dificuldade em sair do prejuízo, tendo em vista que 20% de aumento nos seus custos e despesas variáveis a afetaram bastante, já que eram maiores do que nas outras.

Em síntese

Quanto menor a margem de contribuição unitária ou quanto maiores os custos e despesas variáveis, maiores os riscos.

Igualmente, na guerra de preços, o risco é maior para quem tem menor margem de contribuição unitária.

Determinação do que é fixo e do que é variável e unidade de tempo

A segregação entre o que é fixo e o que é variável é uma tarefa muitas vezes complexa, e a quantificação mais ainda. Por exemplo, sabe-se que o consumo de determinado produto químico é variável, mas quanto é gasto por unidade produzida pode transformar-se num levantamento difícil.

Métodos estatísticos de regressão (tipo Método dos Mínimos Quadrados, por exemplo) tornam-se difíceis de ser aplicados numa situação inflacionária, já que não podem ser tomados valores monetários como parâmetros, na maioria das vezes, são necessárias quantificações físicas, e isso nem sempre é possível.

A própria inflação produz oscilações nos valores fixos e variáveis com tanta frequência, que obriga a empresa a um constante trabalho de atualização.

Certos custos ou despesas tem comportamentos não uniformes e dependem do nível do pessoal utilizado, época do ano, problemas de umidade, de qualidade da matéria-prima, curva de aprendizagem, necessidade de se usar material diferente do normal por problemas de importação, qualidade da safra etc.

Comumente, há itens que sabidamente tem parcela fixa e parcela variável, mas a segregação de um e outro nem sempre é fácil, como no caso da energia elétrica, ou nem sempre a medição é possível exatamente para cada mês, a própria energia medida as vezes no meio do mês.

Ainda, a unidade de tempo tem influência muito grande na classificação do que é fixo ou do que é variável. Assim, o uso de uma classificação para períodos curtos pode ser confundido com o uso de outra que é utilizada para períodos maiores.

Sabe-se também que para certas projeções para prazo mais longo haverá oscilações significativas nas estruturas de gastos, mas não se consegue dimensioná-las.

Reflita

Há outros pontos que devem ser considerados, mas também é muito importante lembrar que certas dificuldades não devem servir como razão para desânimo, porque às vezes as possibilidades de obtenção de bons resultados são maiores do que aquelas em que se acredita previamente.

A força da análise da relação entre os custos e as despesas, o volume de atividade e o lucro ou prejuízo, compensa muitos esforços para se tentar obter os parâmetros necessários.

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Material Complementar

Sites:Olá!

Para aprimorar seus conhecimentos sobre o conteúdo desta Unidade, sugiro a visita aos seguintes sites:

• www.valor.com

• www.folha.uol.com.br

• www.bndes.gov.br

• www.economatica.com.br

• www.bcb.gov.br

• www.investopedia.com

Boa pesquisa!

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Unidade: Análise Custo – Volume – Lucro e Alavancagem Operacional

Referências

ASSAF NETO, A.; LIMA, F.G. Curso de Administração Financeira. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.

BERTÓ, D. J. Gestão de Custos. São Paulo: Saraiva, 2006.

FABRETTI, L.C. Direito Tributário: para os cursos de Administração e Ciências Contábeis. 8ªed. São Paulo: Atlas, 2011.

MEGLIORINI, E. Custos: Análise e Gestão. 3ªed. São Paulo: Pearson, 2012.

RIGO, C.M. et al. Fundamentos de Finanças Empresariais: Técnicas e Práticas Essenciais. 1ªed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.

NASCIMENTO, A.M.; REGINATO, L. Controladoria: Instrumento de apoio ao processo decisório. São Paulo: Atlas, 2010.

OLIVEIRA, L.M. Gestão Estratégica de Custos. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.

OLIVEIRA, D.P.R. Introdução à Administração: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2009.

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Anotações