"dose unitÁria": sistema de distribuiÇÃo de

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"DOSE UNITÁRIA": SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS EM HOSPITAIS *Elíane Ribeiro Os resultados da implementação de um sistema de distribuição de medicamentos em hospitais brasileiros. Outcomes Of the implementation of a drug distribution system in Brazilian hospitaIs. INTRODUÇÃO para garantir que o paciente os receba de acordo com a prescrição médica. No final da década de 50, com o aumento do uso de medicamentos mais potentes, mas também causadores de graves efeitos colaterais, iniciou-se a publicação de É inegável a importância dos medicamentos no tra- tamento da maioria das doenças e a necessidade do hospital manter um sistema efetivo de sua distribuição 62 • Farmacêutica Bioquímica pela UNESP e Mestre em Administração de Empresas pela EAESP/FGV. São Paulo, 33(6):62-73 Nov./Dez. 1993 Revista de Administração de Empresas

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Page 1: "DOSE UNITÁRIA": SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE

"DOSE UNITÁRIA":SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DEMEDICAMENTOS EM HOSPITAIS

*Elíane Ribeiro

Os resultados da implementação de um sistema de distribuição demedicamentos em hospitais brasileiros.

Outcomes Of the implementation of a drug distribution system in Brazilian hospitaIs.

INTRODUÇÃO para garantir que o paciente os receba de acordo com aprescrição médica.

No final da década de 50, com o aumento do uso demedicamentos mais potentes, mas também causadoresde graves efeitos colaterais, iniciou-se a publicação de

É inegável a importância dos medicamentos no tra-tamento da maioria das doenças e a necessidade dohospital manter um sistema efetivo de sua distribuição

62

• Farmacêutica Bioquímica pela UNESP e Mestre em Administração de Empresas pela EAESP/FGV.

São Paulo, 33(6):62-73 Nov./Dez. 1993Revista de Administração de Empresas

Page 2: "DOSE UNITÁRIA": SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE

"DOSE UNITÁRIA": SISTEMA DE DISTRIBUiÇÃO DE MEDICAMENTOS EM HOSPITAIS

trabalhos sobre a incidência de erros de medicação em hospitais.Os dados obtidos relataram que, em média, para cada seis doses

administradas ao paciente uma estava errada. Incidência superior àprevista pelos autores, mostrando que os sistemas h-adicionais dedistribuição de medicamentos (ver anexo 1) necessitavam ser re-pensados, visando a melhorar a segurança na distribuição e na ad-ministração dos medicamentos,

Nos anos 60, farmacêuticoshospitalares apresentaram umnovo sistema: a Dose Unitária,capaz de reduzir a incidência deerros de medicação, o custo dosmedicamentos, as perdas e osfurtos dos mesmos, de melhoraro aproveitamento dos profissio-nais envolvidos e de melhorar onível de assistência oferecido aopaciente internado,

Os resultados de vários estu-dos comprovaram as afirma-ções descritas acima e fizeram aAmerican Society o] HospitalPharmacists preconizar o uso daDose Unitária em hospitais

n"I''írfl'nri"in dessetaqem de

meatcacoo declino",2% para 13,4%,

to, houve reduçõodeda variante estudada.

americanos.Apesar do Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose

Unitária - SOMOU - estar sendo utilizado com êxito nos paísesda América do Norte e Europa, são raros os hospitais brasileirosque o adotam. Assim, este texto tem como objetivo aprimorar oconhecimento sobre o sistema e relatar o resultado da sua implan-tação em nossos hospitais.

INCID~NCIA DE ERROS DE MEDICAÇÃO CAUSADOS PELA ENFERMAGEM

A iatrogênia, segundo Lacaz ', é a denominação dada às doen-ças ou manifestações causadas pelo uso de medicamentos (aplica-dos de maneira criteriosa ou não), das radiações, do sangue, doscontrastes radiológicos, dos anestésicos e( por outro lado, as quepodem ser induzidas por atos cirúrgicos ou pela ação pouco pru-dente do médico, por um mecanismo de sugestões, através de im-pactos emocionais, constituindo, este último, o grupo de doençaspsicogênicas ou "doenças iatrogênicas propriamente ditas".

Os erros de medicação, como descrito, estão incluídos entre ascausas das doenças iatrofarrnacogênicas, podendo ser definidoscomo: a administração do medicamento ou dose errada, o trata-mento requerendo o uso de tais agentes para o paciente errado ouna hora errada, a omissão da administração do agente certo notempo especificado ou da maneira prescrita ou normalmente con-siderada aceitável na prática.

Em geral, esses tipos de erros são causados pela equipe de en-fermagem, principalmente em hospitais que ainda empregam ossistemas tradicionais de distribuição de medicamentos, onde opreparo da dose e a sua administração são tarefas designadas a es-ses profissionais.

Os estudos realizados por Barker? e colaboradores- mostraramque a incidência de erros de medicação causada pela equipe de en-

© 1993, Revista de Administração de Empresas I EAESPI FGV, São Paulo, Brasil.

1. LACAZ, Carlos da Silva et aI.latrofarmacogenia. Rio de Ja-neiro: Guanabara Koogan, 1980,p.3.

2. BARKER, Kenneth N.,MCCONNEL, Warren E. Detec-ting errors in hospitais. Ameri-can Journal of Hospital Phsr-macy, Washington, v. 19, p.361-69, Aug. 1962.

3. BARKER, Kenneth N., KIM-BROUGHT, Wilson, HELLER,William M. A study ot medica-tion errors in hospital. Originalpublication, University oi Arkan-sas, Arkansas, 1966, reprintedUniversity of Mississipi, 1968.

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i1~~CASES

%DEERRO

32282420161284O

BARKER

4. BARKER, Kenneth N. The ef-fects ot an experimental medi-cation system on medication er-rors and costs. Parte 1: Intro-duction and errar study. Ameri-can JoumaJ ot Hospital Phar-macy, Washington, v. 26, p.324-33, June 1969.

5. Idem, ibidem; SCHULTZ, S.M. et aI. Medication errors redu-ce by unit dose. Hospitais. v.47, p. 1068-12, 1973. In:MCLEOD, Donald C, MILLER,William A. The practice of phar-macy. Cincinnati: Harvey Whit-ney Books, 1 ed. 1981, capo13,p. 403-27; BERRY, J. Means etaI. Medication errors in a multi-dose and computer-base unitdose drug distribution system.American Joumal of HospitalPharmacy, Washington, v. 32,p. 186-91,Feb. 1975.

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Erros de Medicação

SCHULTZ ET ALI I

TIPO DE SISTEMA

BERRY ET ALlI

~ SISTEMA TRADICIONAL II1II DOSE UNITÁRIA

fermagem foi superior à prevista pelos autores, sendo detectado umerro para cada seis doses administradas. A maioria das causas atribuí-das aos problemas técnicos e de procedimentos são: a má qualidadeda grafia médica, os diferentes sistemas de pesos e medidas adotadosno mesmo hospital, a utilização de abreviaturas não padronizadas, osmedicamentos com nomes comerciais semelhantes, as ordens médi-cas verbais, as informações médicas incompletas e confusas, as múlti-plas transcrições de prescrições, as falhas de comurucação para a sus-pensão de medicamentos, as interpretações de dosagens.

A falta de conhecimento sobre a estabilidade, biodisponibilidade,armazenamento e preparo de medicamentos são, também, causas fre-qüentes de erros de medicamento em hospitais brasileiros.

Em 1965, Barker+ realizou o primeiro estudo comparando a inci-dência de erros de medicação em hospitais que utilizavam distintossistemas de distribuição de medicamentos, incluindo a Dose Unitária.Os dados obtidos indicaram uma redução significativa na incidênciadesses erros, no Hospital de Arkansas (EUA), com a implantação des-se sistema. A porcentagem de erros de medicação declinou de 31,2%para 13,4%, portanto, houve redução de 57% da variante estudada.

Outros autores>, também indicaram decréscimo significativo naporcentagem de erros com a utilização do Sistema de Distribuição deMedicamentos por Dose Unitária quando comparado com os outrossistemas, como observado no gráfico 1.

A redução da incidência do erro de medicamentos é atribuída,principalmente, às propriedades da Dose Unitária, tais como indivi-dualidade e identificação, que proporcionam características definidasao sistema, a saber:

• a dose do medicamento é embalada, identificada e dispensadapronta para ser administrada ao paciente, de acordo com a prescri-ção médica, não requerendo manipulação prévia por parte da equi-pe de enfermagem;

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"DOSE UNITÁRIA": SISTEMA DE DISTRIBUiÇÃO DE MEDICAMENTOS EM HOSPITAIS

• permite descobrir, portanto evita, a omissão de doses, inevitávelnos sistemas tradicionais;

• na unidade de enfermagem somente estarão estocados os medica-mentos que atendem os casos de emergência, anti-sépticos e as do-ses necessárias para suprir as 24 horas de tratamento do paciente;

• o duplo controle do medicamento por parte da Farmácia, quandoprepara e dispensa o medicamento, e da Equipe de Enfermagem,quando o administra.

Ao melhorar o controle do processo de dispensação de medica-mentos ao paciente internado, o SOMOUproporciona maior satisfa-ção profissional para o médico - ao garantir que a terapêutica medi-camentosa está sendo cumprida segundo sua orientação, para a equi-pe de enfermagem - ao reduzir suas atividades burocráticas a favorda assistência ao paciente e para o farmacêutico - ao permitir queseus conhecimentos sejam empregados e reconhecidos como impor-tantes na recuperação do paciente.

PARTICIPAÇÃO DOS PROFISSIONAIS

Os principais profissionais envolvidos com o processo de distri-buição de medicamentos em hospitais são os médicos, os farmacêuti-cos e a equipe de enfermagem.

Com a implantação do SOMOU,esses profissionais terão suas ro-tinas modificadas proporcionalmente ao seu grau de envolvimento.

Os médicos são os menos afetados, porque sua atividade se res-tringe a prescrever os medicamentos a serem ministrados aos pacien-tes. Entretanto, sem dúvida, é de grande importância despertar seuinteresse para que auxilie no bom funcionamento do sistema.

As enfermeiras são as mais afetadas, já que várias etapas da distri-buição de medicamentos, que estão sob sua responsabilidade, no sis-tema tradicional, são transferidas para os farmacêuticos, quando im-plantado o SOMOU.

Os farmacêuticos, por sua vez, voltam a se dedicar às atividadespara as quais foram formados: todas as relacionadas com medica-mentos.

Os estudos> mostram que, com a implantação do SOMOU, a en-fermagem dedica menor parte do seu tempo às tarefas medicamento-sas, como mostra o gráfico 2, possibilitando melhorar a qualidade daassistência oferecida aos pacientes internados, ou reduzir o custodesse profissional para o hospital com a diminuição do quadro defuncionários.

PERDAS DE MEDICAMENTOS

No SOMOU, os medicamentos são dispensados em embalagensindividualizadas, de acordo com a prescrição médica, e somente coma apresentação deste documento.

Os estoques nas Unidades de Enfermagem ficam minimizados àsdoses para 24 horas, às soluções anti-sépticas e aos medicamentospara os casos de emergência.

As doses não administradas aos pacientes retornam à Farmácia,podendo ser reutilizadas, desde que as embalagens não tenham sidovioladas.

6. SCHWERTAN, Neal, STUR-DAVANT, Madalyne. A systemof packaging of dispensingdrugs in single doses. AmericanJournal of Hospital Pharmacy,Washington, v. 18, p. 542-59,Sep. 1961; STALER, Wallace E.,HEIPKO, Joseph R. The unit do-se system in a private hospital.Part Two: Evaluation. AmericanJournal of Hospital Pharmacy,Washington, v. 25, p. 641-48,Aug.1968.

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i1~lJCASES

7. WASH, C. Henry et aI. Effecti-ve decentralized unit dose dis-pensing on one - shift bases.American Journal of HospitalPharmacy, Washington, v. 25,p. 249-55, May 1968; BLASIN-GAME, W. G. et aI. Some timeand motion considerations withsingle - unít packaged drug infive hospitais. American Journalof Hospital Pharmacy, Washing-ton, American Society of Hospi-tal Pharmacists, v. 26, p. 310-15, June 1969; RONDA BEL-TRAN, Joaquim. Distribución deMedicamentos en Dosis Unitá-rias em los hospitales. In:SYMPOSIUM INTERNATIONAL.Envasado de Medicamentos enDosis Unitárias, 1978, Alicante,Sociedade Espaiíola de Farma-cêuticos de Hospitais; MARTI-NELLI, B. L., WURDACH, P J.Drug loss economics: traditio-nal distribution U.S. unit dose.Printed at the 1975. Mid-yearmeeting of the American So-ciety of Hospital Pharmacists.New Orleans, L. A. Citado em:BUCHAMAN, Clyde. Unit dosedrug distribution. In: MCLEOD,Donald C., MILLER, William A.The Practice of Pharmacy. Cin-cinnati: Harvey Whitney Books,1981, capo33; KUY, Van der A.Aspectos farmacêuticos y técni-cas de envasado de medica-mentos sólidos orales en dosisunitárias. In: SYMPOSIUM IN-TERNATIONAL. Envasado deMedicamentos en Dosis Unita-rias, 1978, Alicante, SociedadeEspaiíola de Farmacêuticos deHospitais.

B. SMITH, William, MACKEWIG,Dennis. An economic analysisof the PACE Pharmacy Service.American Journal of HospitalPharmacy, Washington, V. 27,p. 123-26, Feb. 1970; YORIO,Deborah et aI. Cost comparisonof decentralized unit dose andtradicional pharmacy services ina 600 bed community hospital.American Jaurnal ot HospitalPharmacy, Washington, V. 29, p.922-27, Nov. 1972; VARNUM,James W. Administration's viewof unit dose drug distributionsystem. The CanadianJournal otHospital Pharmacy, p. 13-6,Jan./Feb. 1973.

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Tempo de Enfermagem

TEMPO/DOSE (minutos)

21.81.61.41.2

10.80.60.40.20--"='-""

...................................•....

SCHWARTAN ET ALI I STATER ET ALI I

TIPO DE SISTEMA

~ SISTEMA TRADICIONAL 111 DOSE UNITÁRIA

o tratamento medicamentoso de cada paciente é acompanhado econtrolado diariamente pela Farmácia e pela Unidade de Enferma-gem, através, respectivamente, do Registro Farmacoterapêutico doPaciente e do Registro de Administração do Medicamento.

Com a implantação do SDMDU, há um controle mais eficaz so-bre todos os medicamentos dispensados e administrados ao pacien-te, diminuindo a porcentagem de perdas e de furtos 7, como podeser evidenciado no gráfico 3.

I•••••Perdas de Medicamentos

CONSUMO DE MEDICAMENTOS %

100908070605040302010

O

WASH ET ALlI BLASINGAME ET ALlI

ESTUDOSHOSPITAL DE MARTINELLUVETERANOS & WURDACH

KUY

~ SISTEMA TRADICIONAL _ DOSE UNITÁRIA

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"DOSE UNITÁRIA": SISTEMA DE DISTRIBUiÇÃO DE MEDICAMENTOS EM HOSPITAIS

Custos

CUSTO ( $/ paciente / dia)

161412108642O-"''-'-'-'--'--'-'"",",~'"''

SMITH & MACKEWING VORIO ET ALlI

COMPARAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS

VARNUM

~ SISTEMA TRADICIONAL _ DOSE UNITÁRIA

CUSTO

Há muita relutância em implantar o Sistema de Distribuição deMedicamentos por Dose Unitária, mesmo por parte daqueles quereconhecem a segurança oferecida pelo mesmo. Na maioria das ve-zes, a justificativa para essa atitude é o aumento do custo para ohospital.

Os estudos" desenvolvidos apresentam resultados opostos, mos-trando que o custo para implantá-lo é mais que compensado pelaredução do consumo de medicamentos e do tempo que a enferma-gem dedica às tarefas relacionadas aos medicamentos, como podeser observado no gráfico 4.

O quadro 1resume as principais vantagens e desvantagens dosSistemas de Distribuições Tradicionais e por Dose Unitária. 9

RESULTADO DAJMPLANTAÇÃO D(}SISrEMA DEDISTRIBUiÇÃO DE MEDICAMENTOS POR DOSEUNITÁRIA

EM HOSPITAIS BRASILEIROS

o estudo foi efetuado em quatro hospitais brasileiros,a saber: Instituto do Coração do Hospital das Clínicas daFaculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,Hospital Universitário da Universidàde de São Paulo,Hospitaldas Clínicas Dr, Paulo.Sacramento e Hospitaldo Servidor Público Estadual Francisco Morato de Oli-veira. Os dados' empíricos loramconfrontados com osapresent-ados na literatura sobre o assunto, como vere-mos aseguir.

9. STALER, Waliace E., HEIPKO,Joseph R. The unit dose systemin a private hospital. Part Two:Evaluation. American Journal ofHospital Pharmacy, Washington,v. 25, p. 641-48, Aug. 1968;BLASINGAME, W. G. et al, Sometime and motion considerationswith single-unit packaged drugin five hospitais. American Jour-nal of Hospital Pharmacy, Was-hington: American Society ofHospital Pharmacists, v. 26, p.310-16, June 1969; RONDABELTRAN, Joaquim. Distribu-ción de Medicamentos en DosisUnitárias en los hospitales. In:SYMPOSIUM INTERNATIONAL.Envasado de Medicamentos enDosis Unitárias. Alicante, Socie-dade EspaFiolade Farmacêuticosde Hospitais, 1978; HANSAI Jr.,WILLIAM E. Drug Distribution-floor stock system. In: SYMPO-SIUM INTERNATIONAL Hospi-tal Pharmacy. 4. ed., Philadel-phia: Lea & Febiger, 1981, capo12, p. 220-221; PARDO GOMEZ,Esperanza. Sistemas convencio-nales de distribución de medica-mentos: "por stock de planta" y"por prescription individualiza-da". In: COLOQUIOS DEFARMÁCIA HOSPITALÁRIA. LaFarmácia Hospitalaria en 1980,Madrid, 1982, p. 83.; GARRI-SON, Thomaz J. Medication dis-tribution systems. In: SMITH,Mickey C.; BROWN, Thomas.Handbook of Institutional Pher-macy Practice. London: Willians& Wilkins, 1979, capo 4, p. 257;ASHP. Statment on unit dosedrug distribution. AmericanJournal of Hospital Pharmacy,Washington, V. 32, p. 835-1975;SUMMERS, Jack. Uni! DosePackaging - When? The Cana-dian Journal of Hospital Phar-macist, Jan.fFeb. 1973, p. 11;ORTIN, J. L. La dirección deihospital y la distribución de me-dicamentos. In: SEMINARIO SO-BRE DISTRIBUCIÓN DE MEDI-CAMENTOS EN OOSISUNITÁRIAS. Unit-dose, p, 3, Ali-cante, 1976; BUCCERL Jr., Paul,BARKER Jr., John A. Manage-ment strategy for the diffussionof innovations: unit dose drugdistribution. American Journalof Hospital Pharmacy, Washing-ton, American Society of Hospi-tal Pharmacists, V. 35, n. 2, p.168-9, Feb. 1978.

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l1~tJCASES

~

Vantagens e Desvantagens dos Sistemas de Distribuição de Medicamentos

VANTAGENS DESVANTAGENS

t • Acesso ao medicamento • Controle de estoque

COLETIVO~• • Recursos humanos

• Recursos materiais

• Erro de medicação• Tempo de dispensação• Custo de medicamentos• Desvios e perdas

INDIVIDUALIZADO

• Estoque nas unidades• Desvios e perdas

• Controle de estoque

• Erro de medicação• Recursos materiais• Recursos humanos• Tempo de dispensação

DOSE UNITÁRIA •• Erro de medicação• Tempo de dispensação• Desvios e perdas• Custo

• Custo de implantação• Recursos humanos• Dificuldade inicial• Controle de estoque

t • Adaptabilidade àinformatização

_ Acréscimo/Aumento • Decréscimo/Redução

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Hospital Universitário da Universidadedo Estado de São Paulo

Com,200 leites, estendendo às quatro especialidades'básicas, desde O início de seu 'funcionamento, há cercade dez anos, dispensa os medicamentos pelo Sistema deDistribuição por Dose Unitária, portanto não há traba-lho comparando a fase anterior à posterior à implanta-ção do sistema.

Esse hospital serviu tomo fonte de informação à im-plantação do sistema em outros hospitais brasileiros, co-mo o INCOR

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Instituto do Coração do Hospital das Oínicasda Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Com aproximadamente 300 leitos, é especializado emCardiologia Clínica e Cirúrgica.

A Farmácia, após adotar o SDMDU em 1983, nomeouuma comissão integrada por elementos desse serviço e daDivisão de Enfermagem, para avaliar os principais proce-dimentos envolvendo o novo sistema.

O resultado do estudo 10 concluiu que, apesar de serum sistema com procedimentos simples, atende, às neces-sidades das Unidades Clínicas, sendo considerado bompor 83% dos funcionários. Neste sistema há maior inte-gração profissional entre a Equipe de Farmácia e a da En-fermagem, melhor controle dos medicamentos distribuí-dos, diminuição das suas perdas, redução do tempo gastopela enfermagem para prepará-los e dos erros de medica-ção causados pela enfermagem.

Hospital das Clínicas Dr. Paulo Sacramento

Localizado em Jundiaí, privado, com 400 leitos, atende'várias especialidades.

Há cinco anos o sistema outrora vigente, Sistema Indivi-dualizado Indireto, foi substituído pelo "por Dose Unitá-ria". O êxito obtido com essa implantação fez com que osmateriais médicos fossem dispensados pelo mesmo método.

Em 1990, após três anos de adoção do sistema, compa-ramos o consumo médico mensal de medicamentos daépoca em que o hospital atendia pelo Sistema Individua-lizado Indireto com o consumo médio dos últimos seismeses. A diferença foi de US$ 78.324,40 (154.774,05 _76.449,65), ou seja, o consumo foi reduzido à metade(50,61%) com a implantação do SDMDU.

O custo dos recursos materiais para implantá-lo foi cal-culado, na mesma época, em US$ 24.~62,58, que seria pa-go em menos de um mês com a economia de US$78.324,40, proporcionada pelôSDMDU, quando utiliza-mos a técnica de investimento de capital conhecida porperíodo pay-back.

Hospital do Servidor Público EstadualFrancisco Morato de Oliveira

Com cerca de 1200leitos, presta assistência a várias clínicas.Desde meados de 1990, o SDMDU vem gradativamente

substituindo o sistema coletivo vigente até o momento nohospital.

10. ISHIHARA, Elizabete Yuricoet aI. Sistema de Distribuição deMedicamentos por Dose Unitá-ria - Avaliação de Funciona-mento no Instituto do Coração.São Paulo, 1986, mimeo.

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I1~/JCASES

CONCLUSÃOo Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Unitária

vem cumprir, como mostram os estudos apresentados neste traba-lho, os objetivos exigidos de um sistema racional de distribuição demedicamentos.

O melhor controle do processo permite que o medicamento che-gue ao paciente na dose, via e hora corretas. A abolição de transcri-ções da prescrição médica e a sua revisão pelo farmacêutico dimi-nuem a probabilidade de ocorrer erros de medicação.

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"DOSE UNITÁRIA": SISTEMA DE DISTRIBUiÇÃO DE MEDICAMENTOS EM HOSPITAIS

A dispensação dos medicamentos, de acordo com as ordens médi-cas, e em estado de serem administradas diretamente ao paciente, re-duz significativamente o tempo que a Equipe de Enfermagem gastaem atividades relacionadas com medicamentos, possibilitando o em-prego desse tempo na melhoria da qualidade da assistência dispen-sada aos pacientes internados. Além disso, garante ao corpo clínicoque os medicamentos estão sendo administrados de acordo com suaprescrição e, ao farmacêutico, sua participação da Equipe Multipro-fissional de Assistência ao Paciente.

O SDMDU, ao retirar os estoques das Unidades de Enfermagem eao aproveitar os medicamentos não administrados aos pacientes,conseguiu diminuir as perdas de me-dicamentos para o hospital.

A literatura mostra, ainda, que ocusto para implantá-lo e mantê-loé mais que compensado pela redu-ção do Custo da Equipe de Enfer-magem.

Outrossim, o custo para implan-tar o SDMDU em instituições desaúde não deve ser evocado comoum obstáculo antes de se avaliar osseus benefícios. As vantagens pro-porcionadas pelo SDMDU - maiorsegurança ao paciente, melhor utili-zação dos profissionais envolvidos,maior controle dos medicamentos,redução dos custos - não podem ser descartadas.

Devemos lembrar, também, que a melhoria da qualidade de assis-tência prestada ao paciente apressa sua recuperação e diminui suaexposição às doenças hospitalares, reduzindo o seu tempo de perma-nência no hospital e, conseqüentemente, o custo do tratamento paraambas as partes.

No Brasil há tentativas de modernizar a Farmácia Hospitalar, masnão podemos afirmar que os hospitais tenham realmente implantadoo SDMDU. O sistema se encontra em transição entre o Individualiza-do Direto e por Dose Unitária, tendendo para o último, porque aindanão podemos dispensar todos os medicamentos prontos para seremadministrados aos pacientes, e não empregamos alguns documentos- como o Registro Farmacoterapêutico do Paciente - primordiais pa-ra caracterizar o sistema como tal.

Apesar de não tê-lo implantado na integridade e das dificuldadesencontradas, não há dúvida de que sua adoção em nossos hospitaisapresenta-se como muito favorável. O

."As vantagenspropotcionadaspelo SDMDU.:...mq!o,r;$eJjfJrCmçaao 'paciente.

melho,rutililação, dosprofissionai~envolvido,s, mator~contro,lt:dos medicamentos,

, . '\?redução, dos custos -nãopoâemierdescdrtadas.. .

• Este texto tem por base a dissertação "Dose Unitária"; Sistema de Distribuição de Medicamen-tos em Hospitais, apresentada na EAESP/FGVpara obtenção do título de Mestre, contando com acolaboração das farmacêuticas Flávia Francís Patah e Vilma Domingues.

PALAVRAS-CHAVE: Medicamentos, farmácia hospitalar, sistema de distri-buição de medicamentos, dose unitária.

KEY WORDS: Drugs, hospital pharmacy, drugs distribution system, uniidose.

71

Page 11: "DOSE UNITÁRIA": SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE

11~üCASES

72

Af:4EXO 1

Tiposde Sistema~.de Ilistribuição de Medicamentos

, Os' sistemas de distribuição de medicamentos são divididos em: dois 'grandes grupOs: tradicional e moderno, O primeiro inclui o coletivo, oindividUalizadtl e o misto, '

I." Tradicional'"" ~ "I , t

a. Coletivo: osmedlcarnentossãe conservados nas unidades de enfer-magem sob a responsabilidade da enfermeira encarreçada. formandornlnl-estoques espalhadospór'to.do o hospital. IA reposição dos medi-camentos 'é feita periodicam:~nte, em nome da unidade, através de re-quisições envíaoas à Farmácia 'ou aO,Almoxarifad,O{ver figurá 1);

" + #-

b. Individualizado: b~' mediçamentossão dispensados às unidades deenfermagem pela Farmácia, sendo êlispensados em nome do pacien-te..de acordo com a·prescrição'médic3., suacópia direta 'ou sua trans-criçãapara determinâdo período. Ouando se emprega os dois prl-

.rneíros documentos, o sistemaé denominado Il1dividu'allzado.Direto, , 'e quando o último, Individualizado Indireto {ver,figura 2);

, .

c.Misto:combinação, num mesmo hospital; dos sistemasanteriormen-te descrítos. ." .' , ~, . >" •

.' r.t'

-11 ~ Moderno '

pose Unitária (SDMD,U): os' medicamentos estão contidos em arriba-, 'Iaçens. de dose unitária ou dose individuallzaua" e são admlnistraõos di-

retamente aé paciente, não requerendo, manipulação prévia da enferma-gem. Aqui incluímos, também.os injetáveis. . -,. .'.

Em qualquer momento, os medicamentos, não devem ser encontra-dos nas Hnidades de Enfermagem; a não ser a quantidade .de doses ne-cessáriaspara suprlr as 24 horas de tratamento dos pacientes. . ..

••••Distribuição de Medicamentos - Sistema Coletivo

MÉDICO

I

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"DOSE UNITÁRIA": SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS EM HOSPITAIS

Distribuição de Medicamentos - Sistema IndividualizadoINDIRETO DIRETO

Artigo recebido pela Redação da RAE em julho/93, aprovado para publicação em agosto/93.

Distribuição de Medicamentos - Sistema por Dose Unitária

PRESCREVE I•

73