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1 GESTÃO DE OPERAÇÕES E LOGÍSTICA

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1GESTÃO DE OPERAÇÕES E LOGÍSTICA

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Ministério da CulturaJuca Ferreira

Secretaria de Economia CriativaMarcos André Carvalho

Governo do Estado da BahiaRui Costa

Secretaria de Cultura do Estado da BahiaJorge Portugal

Superintendência Promoção CulturalAlexandre Simões

Diretoria de Economia da CulturaRoseane Patriota

Coordenadora Executiva do Escritório Bahia CriativaRita Clementina Pereira

Coordenador Técnico do Escritório Bahia CriativaDaniel Carneiro

ElaboraçãoLuis Alencar

RevisãoLuana Martins

Projeto Gráfico e EditoraçãoDesigner Márcio Medeiros

Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult/BA). ®Copyright 2014 – Todos os direitos reservados.

A distribuição total ou parcial deste conteúdo é permitida, desde que sejam citadas as fontes.

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SUMÁRIO1. O ESCRITÓRIO BAHIA CRIATIVA 5

2. APRESENTAÇÃO 7

3. CONCEITOS ASSOCIADOS À LOGÍSTICA E OPERAÇÕES 9

3.1 LOGÍSTICAS INTERNACIONAL - EXPORTAÇÃO DE BENS CULTURAIS 9

3.4 LOGÍSTICA x PRODUÇÃO CULTURAL 10

3.4.1 O Negócio Criativo 10

4. PRODUÇÃO CULTURAL 12

4.1.1 Gestor Cultural x Produtor Cultural 13

4.2 Produtor Cultural x Produtor Artístico 13

4.3 Projeto Expográfico 14

4.4 Artes Cênicas e Música 15

4.5 Produção Audiovisual 17

4.6 Produção Editorial 19

5. ATIVIDADES 21

6. LEITURAS RECOMENDADAS 22

REFERÊNCIAS 22

5

Provavelmente, você já percebeu que tem um ingrediente novo nas receitas de modelos de negócios.

Uma pesquisa rápida na internet e você, talvez, tenha descoberto diversos documentos oficiais, relatórios,

pesquisas acadêmicas e redes empresariais que utilizam o conceito de economia criativa. Mas, afinal, o

que é a economia criativa?

A capacidade de inventar, reinventar e empreender a partir das potencialidades do entorno são

reconhecidamente características do ser humano. Todavia, apenas a partir de meados dos anos 90,

diversas instituições públicas e privadas passaram a dar destaque às atividades econômicas relacionadas

à criatividade como mola propulsora do desenvolvimento econômico, social e urbano. Embora ainda

não exista consenso no que tange às definições e conceitos do setor, em geral, são incluídas no escopo

das atividades criativas aquelas resultantes de “ato criativo gerador de um produto, bem ou serviço, cuja

dimensão simbólica é determinante do seu valor, resultando em produção e riqueza cultural, econômica

e social”. (BRASIL, MINC, 2012)

O termo economia criativa é utilizado para denominar uma conceituação mais ampla do segmento

cultural com foco em sua dimensão econômica. A economia criativa reúne as atividades econômicas

relacionadas ao Patrimônio Cultural, às Expressões Culturais Tradicionais, às Artes Visuais, às Artes dos

Espetáculos; à Arte Digital; ao Audiovisual; aos Serviços Funcionais; e às Artes Editoriais, Publicações

e Mídias Impressas. Os segmentos criativos, assim, abrangem aqueles reconhecidamente “culturais”, em

suas diversas linguagens, e outros que têm a criatividade e o valor cultural como elementos fundamentais,

a exemplo do design, arquitetura, publicidade e moda.

Para além do impacto econômico, outros indicadores apontam a força dos segmentos criativos no que

concerne à formação de redes urbanas que fomentam o desenvolvimento socioprodutivo de forma

transversal. A dinâmica da economia criativa realiza-se a partir de redes de colaboração e influência. Na

definição de Jason Potts e outros (2008), tal economia está inserida nos “mercados de redes sociais”,

nos quais redes de interações de indivíduos atuam desde a produção até o consumo e influenciam

decisivamente os resultados finais. (POTTS et al., 2008, p. 169) Nesse cenário, insere-se a tendência

mundial de elaborar políticas públicas estratégicas para potencializar o trabalho em rede e as vocações dos

O ESCRITÓRIO BAHIA CRIATIVA

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segmentos criativos em cidades.

O Bahia Criativa é um escritório público de atendimento e suporte a profissionais e empreendedores,

que atuam nos setores criativos na Bahia, por meio da oferta de informação, capacitação, consultorias e

assessorias técnicas, entre outros serviços voltados para a qualificação da gestão de projetos, produtos e

empreendimentos criativos.

Fruto de um convênio firmado entre o Ministério da Cultura e o Governo da Bahia, o equipamento

é gerido pela Secretaria de Cultura do Estado e tem como objetivo proporcionar qualificação ligada à

gestão de sustentabilidade econômica de atividades criativas e também contribuir para o desenvolvimento

de competências que auxiliem na geração de ocupação, renda, produzindo, assim, riquezas culturais,

econômicas e sociais.

Equipe Bahia Criativa

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APRESENTAÇÃO

Caro participante,

Neste módulo de GESTÃO DE OPERAÇÕES E LOGÍSTICA, iremos tratar do fazer que fundamenta

a profissão do produtor cultural.

Vale lembrar, haja vista o pouco esclarecimento que temos sobre os diferentes fazeres do profissional

da cultura, que há duas vertentes importantes no ofício da produção cultural. Primeiro: aquele que

desenvolve a produção artística. Segundo: o profissional que realiza a parte executiva da produção, ou

seja, o produtor executivo.

O produtor artístico contribui para a concepção do conteúdo que será apresentado ao público,

assessorando o artista na escolha do repertório, ambientação do espetáculo ou na expografia da mostra de

artes, enquanto o produtor executivo responde pela parte operacional, a logística do bom funcionamento,

desde as etapas prévias até o encerramento do ciclo de produção.

Portanto, o interesse deste módulo é trazer conceitos associados à operação de empreendimentos e

projetos culturais e revelar o perfil e o cotidiano desse profissional, juntamente com as atribuições que

correspondem ao seu labor.

Após a apresentação dos conceitos associados, podemos pontuar, basicamente, as três etapas que

trabalharemos a seguir e que correspondem à atividade do produtor executivo: pré-produção, produção

e pós-produção.

A pré-produção abrange toda ação prévia ao acontecimento artístico ou cultural. É a etapa caracterizada

pela organização e suporte à criação do produto, ou seja, locação de espaços, equipamentos, contratação

e coordenação de equipe, busca por licenças e autorizações, seguros, liberações de direitos autorais,

fornecimento de material e controle dos prazos de entrega de projetos gráficos, encaminhamento de

comunicação junto à assessoria de imprensa e contratação dos profissionais envolvidos na criação artística,

desde o elenco de artistas e diretores, como cenógrafos, figurinistas, sonoplastas e outros profissionais

que se façam necessários em um determinado processo de produção.

A produção consiste na etapa do acontecimento cultural, propriamente dito. Nessa fase há o contato da

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criação com o público. Dessa forma, a função do produtor é estar atento, de forma minuciosa, às situações

imprevisíveis que possam ocorrer. Então, para minimizar os riscos de algum possível fracasso, o produtor

faz uso do checklist. Essa ferramenta de trabalho colabora na identificação de todas as necessidades

que possam surgir, tais como: materiais de primeiros socorros, pasta com as autorizações da Prefeitura,

liberação de direitos autorais, telefones úteis e contatos da equipe envolvida, passagem de som e luz,

camarim, etc.

A pós-produção é a etapa posterior, o desmonte da produção. O trabalho do produtor consiste na entrega

dos espaços e materiais, na fiscalização das desmontagens, relatório de avaliação, agradecimento aos

apoiadores e patrocinadores e também na participação da atividade de prestação de contas.

Neste módulo, exploraremos caminhos para as operações em diferentes áreas culturais.

É um prazer tê-lo nesta formação. Sinta-se convidado para aprender conteúdos e experimentar a aplicação

desses na sua área de atuação.

Equipe Bahia Criativa

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3. CONCEITOS ASSOCIADOS À LOGÍSTICA E OPERAÇÕES

3.1 LOGÍSTICA INTERNACIONAL – EXPORTAÇÃO DE BENS CULTURAIS

A existência de políticas públicas para a exportação de bens culturais no Brasil é um fato recente. As

principais instituições nacionais são o Ministério da Cultura, através da Diretoria de Relações Internacionais,

e a Agência Brasileira de Promoção e Exportação (APEX), ligada ao Ministério de Relações Exteriores

por meio do eixo de atuação em economia criativa. A atuação no âmbito regional fica a cargo do Bahia

Music Export, iniciativa da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia, dedicada

a promover a música da Bahia nos mercados nacional e internacional. O BME integra o Programa de

Apoio à Mobilidade Artística e Cultural e se insere em uma estratégia de internacionalização da cultura.

A atuação em economia criativa realizada pela APEX ocorre por meio dos projetos setoriais que constituem

o setor, são estes: Latitude, com atuação no mercado das artes visuais; Brazilian Producers e Cinema

do Brasil, com atuação com mercado audiovisual; Brazilian Tv Publishers, com atividades no mercado

editorial; Brazil Design, com atuação no mercado do design; Brasil Music Exchange, com operação no

mercado da música. Segundo os diretores dessas organizações, que promovem a internacionalização do

mercado da economia criativa do Brasil, há alguns obstáculos a serem superados para que os produtos

criativos alcancem um patamar de destaque no cenário global, como: baixa participação em feiras; alto

custo de exportação; desconhecimento do processo de produção; elevado grau de competição; programas

voltados para capacitação de profissionais do setor; definição de objetivos de internacionalização;

produção voltada para o mercado interno; falta de fluência em idiomas universais: o inglês e o espanhol;

ausência de planejamento; custos de produção elevados (passagens, vistos e etc.); formulação de acordos

bitributários; falta de reconhecimento da música no show business, no qual o produto brasileiro é classificado

como World Music.

Já o Bahia Music Export desenvolve ações de promoção comercial (produção de material promocional,

participação em feiras, visita de empresários estrangeiros à Bahia), fortalecimento da cadeia produtiva

(capacitação e pesquisa), difusão e comunicação (apoio a programas de rádio dedicados à música da Bahia,

contatos com a mídia), bem como ações de promoção da mobilidade artística internacional (acesso de

artistas a festivais internacionais, coproduções, residências de criação, realização de turnês e intercâmbio

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musical), visando potencializar a produção musical baiana e aumentar a sua exportação.

Para iniciar um processo de internacionalização em economia criativa, faz-se condição sine qua non

atender algumas necessidades, tais como: elaboração de portfólio (ou release) em versão bilíngue: inglês

e espanhol; otimização do nível do material de apresentação; realização de ensaio fotográfico e making

of profissional; produção local e assessoria de imprensa nos países estrangeiros; e realização de contrato

com empresas de produção e agenciamento que se responsabilizem pela prensagem e distribuição do

conteúdo e agendamento de apresentações, participação de festivais e coordenação de turnê, no caso de

produtos ligados às artes do espetáculo.

3.4 LOGÍSTICA X PRODUÇÃO CULTURAL

O reconhecimento das condições de operacionalização de empreendimentos e projetos culturais está

relacionado com a eficiente execução da rotina de tarefas de armazenagem, transporte e distribuição de

bens e serviços, o que exige planejamento, organização e controle.

Pela natureza dos negócios criativos, a logística está integralmente associada à rotina da produção cultural.

3.4.1. O negócio criativo

Antes de nos declinarmos a entender o processo de produção de um bem cultural é fundamental obter

uma maior compreensão do funcionamento de uma organização cultural. Esse é o primeiro desafio para

a sustentabilidade de quem trabalha com cultura. Portanto, para entendermos a cadeia produtiva de uma

organização cultural lhes apresento o Modelo de Negócio Canvas.

O Business Model Canvas é uma ferramenta muito útil para definir o Modelo de Negócios de uma empresa

ou de qualquer projeto em que você for trabalhar. Um modelo de negócios é o modo como nossa

empresa vai criar valor, entregá-lo a nossos clientes e gerar renda no processo. Diferentemente dos planos

de negócio tradicionais, propostos pela administração clássica, o modelo de negócio se caracteriza pelo

seu dinamismo, cujo objetivo principal é iniciar uma empresa e colocá-la para funcionar, obviamente, sem

perder de vista a necessidade de encontrar a sustentabilidade do negócio. (Fonte?)

Com isso, fica claro que para entender o plano operacional das nossas organizações culturais é preciso

montar seu modelo de negócio. O quadro que iremos compor para identificar nosso modelo de negócio,

ilustrado na Figura 1, é o seguinte:

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Figura 1: Modelo de Negócio Criativo

Para facilitar a compreensão do processo, sugere-se que complete o quadro seguindo o roteiro indicado

abaixo. Além disso, para a otimização do resultado, procure atentar-se para as definições de cada bloco.

1. Oferta de valor: o que sua empresa vai oferecer para o mercado que realmente terá valor para os

clientes;

2. Segmentos de clientes: quais segmentos de clientes serão foco da sua empresa;

3. Os canais: como o cliente compra e recebe seu produto e serviço;

4. Relacionamento com clientes: como a sua empresa se relacionará com cada segmento de cliente;

5. Atividades-chave: quais são as atividades essenciais para que seja possível entregar a Proposta de

Valor;

6. Recursos principais: quais os recursos necessários para realizar as atividades-chave;

7. Parcerias principais: quais as atividades-chave realizadas de maneira terceirizada e os recursos

principais adquiridos fora da empresa;

8. Fontes de receita: quais as formas de obter receita por meio de propostas de valor;

9. Estrutura de custos: quais os custos relevantes necessários para que a estrutura proposta possa

funcionar.

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4 PRODUÇÃO CULTURAL

Produção cultural pode fazer referência a um conjunto de obras artísticas, produtos ou serviços culturais

realizados por indivíduos, sozinhos ou em grupos, em um determinado espaço e tempo ou à produção

de uma ação cultural.

A existência da palavra cultural faz com que a produção cultural assuma uma diversidade de significados.

Se considerarmos que produção cultural pode ser produção de cultura, tanto seu significado enquanto

“coisa”, como seu sentido enquanto “ato de produzir” assumirão sentidos mais amplos do que apenas

obras artísticas.

No Brasil, ainda não há pesquisa sobre a origem do aparecimento dessa expressão. Acredita-se que iniciou

com o desenvolvimento do teatro, rádio, televisão e cinema, atividades em que a divisão do trabalho

contempla a função de organizar (pré-produção, produção e pós-produção) uma atividade artística e/ou

cultural.

A expressão produção cultural tornou-se mais conhecida no Brasil no final da década de 80 e ganhou

força nos anos 90, com o surgimento das leis de incentivo à cultura.

A produção cultural no Brasil tem sido bastante associada à atividade profissional de:

- pessoas que atuam em eventos e entretenimento;

- pessoas que fazem projetos para leis de incentivo;

- pessoas que fizeram cursos de produção cultural;

- pessoas que organizam atividades de cultura, como: recursos em programas, projetos e ações de

responsabilidade socioambiental, educação, saúde, esporte, promoção da cidadania, direitos humanos e

bem-estar;

- pessoas que organizam atividades culturais em pontos de cultura;

Exemplos de atividades de produção cultural:

Atividades de organização de shows, exposições de arte, montagens teatrais, espetáculos de dança, stand-up

comedy, encontros literários, exibição de filmes, programas de TV, programas de rádio, produção de conteúdo

para blogs, produção de conteúdo para internet, projetos que contemplem arquitetura, patrimônio, artes,

antiquários, artesanato, design, moda, cinema, música, artes híbridas e artes performáticas.

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4.1 GESTOR CULTURAL X PRODUTOR CULTURAL

Segundo Avelar (2008), produtor cultural é o profissional que “(...) cria e administra diretamente eventos

e projetos culturais, intermediando as relações dos artistas e demais profissionais da área com o Poder

Público, as empresas patrocinadoras, os espaços culturais e o público consumidor de cultura”, enquanto o

gestor cultural é o profissional que: “administra grupos e instituições culturais, intermediando as relações

dos artistas e dos demais profissionais da área com o Poder Público, as empresas patrocinadoras, os

espaços culturais e o público consumidor de cultura; ou que desenvolve e administra atividades voltadas

para a cultura em empresas privadas, órgãos públicos, ONGs e espaços culturais”. (AVELAR, 2008, p.52)

De acordo com esse autor, o produtor age, enquanto posição central do processo cultural, atuando como o

grande mediador entre os profissionais da cultura e os demais segmentos. “Nessa perspectiva precisa atuar

como ‘tradutor’ das diferentes linguagens, contribuindo para que o sistema funcione harmoniosamente”.

(AVELAR, 2008, p. 50) Ao gestor também caberia o papel de interface entre diferentes profissionais, no

entanto, ele pode ainda estar presente no interior de outras instituições, contexto no qual é o responsável

por alguma área privada de patrocínio à cultura ou por algum espaço cultural. Ainda de acordo com

Avelar (2008), produção e gestão culturais são atividades essencialmente administrativas.

4.2. PRODUTOR CULTURAL X PRODUTOR ARTÍSTICO

O Produtor executivo é, na área de cultura, um Produtor Cultural (nome genérico para todas as funções

de produção na área de cultura). A diferença está entre um diretor de produção e um produtor executivo.

Nesse caso, o diretor de produção é o que cria todas as estratégias e coordena os produtores executivos.

Já o produtor executivo, como diz o nome, executa esse plano, podendo se especializar em uma área

(logística ou técnica, por exemplo) ou fazer tudo.

O produtor executivo logístico cuida de hospedagem, alimentação, traslados. O produtor técnico (ou

artístico) cuida de sonorização, iluminação, montagem de palco e demais demandas de ordem técnica.

1. Sociedade do espetáculo aqui entendida a partir do pensamento de Morin (1969): a sociedade produto da cultura de massa onde o imaginário prepondera sobre a informação propriamente dita provocando a vedetização de fatos que não necessariamente corresponderiam a história. A tendência a espetacular-ização se amplia junto com o volume de informações.

2. Prossumer: segundo Kotler, Jain, Maesincee (2002, p.36) existe também uma segunda definição de prossumer originaria da combinação Professional + consumer; relativo a consumidores altamente especializados que escolhem produtos a serem consumidos a partir do seu profundo conhecimento.

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4.3 PROJETO EXPOGRÁFICO

O projeto expográfico consiste em organizar, criativamente, a disposição das obras selecionadas em um

determinado local preexistente ou, eventualmente, construindo um espaço ou estrutura adequada a esse

fim, através de um processo de curadoria.

No projeto será feita a ordenação do percurso, a distribuição das obras com a previsão de suportes

adequados (bases, painéis, vitrines, etc.) para a melhor visualização desses elementos e garantia das

necessárias condições museológicas (temperatura, iluminação, umidade, etc.), proteção e salvaguarda

(dispositivos que garantam a devida segurança quanto ao manuseio e possíveis furtos das obras e objetos

expostos).

Deve haver uma interação direta entre o coordenador do projeto expográfico e os demais profissionais

das equipes envolvidas.

• Museólogo/Conservador: define as condições de umidade, temperatura, índice de iluminação, entre

outros, que as obras podem suportar sem danos;

• Iluminador: garantirá a quantidade e a qualidade da iluminação;

• Técnico em conforto ambiental: indicará as adequadas condições de temperatura e umidade dos

dispositivos de ar-condicionado.

Montagem

Também caberá ao responsável pelo projeto expográfico a direção geral de arte, definindo o padrão

cromático dos espaços e o caráter de apresentação de textos, imagens e legendas com os quais trabalha,

em conjunto com o responsável pela comunicação visual, de forma a garantir harmonia e identidade de

tratamento conceitual para todo o espaço expositivo.

CHECK LIST

• Contratos: licenças de uso de imagem das obras, direitos autorais; contrato de trabalho com os

profissionais (curadores, assistentes, pesquisadores, museólogos, pintores, eletricistas, e demais

envolvidos), cronograma de trabalho, formas de pagamento, dentre outros;

• Museólogo/museografia: plano geral de necessidades com descrição de montagem de obras, confecção

de painéis, vitrines, pintura elétrica, iluminação, equipamentos e outros.

• Transporte de obras: transporte especializado e embalagens adequadas; acompanhamento e laudo

técnico na retirada e entrega das obras;

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• Instalação/montagem: projeto detalhado quanto aos custos, materiais, necessidades e especificações

técnicas;

• Iluminação: controle da iluminação (interna e externa), a fim de evitar incidência luminosa prolongada

sobre as obras;

• Produção de obras: projeto completo quanto a custos, materiais, necessidades e especificações técnicas

para montagem;

• Conservação das obras: acondicionamento, conservação, exposição e segurança não têm regras e

procedimentos padronizados. A temperatura e a umidade relativa devem estar entre 18 a 22 graus e 45%

a 55%, respectivamente;

• Monitores: treinamento de monitores para atendimento ao público;

• Empréstimo de obras: formalização e providência das necessidades técnicas. Providenciar documentações

adequadas para a devolução das obras; acompanhamento e devolução das mesmas;

• Segurança: ficha técnica e solicitação do valor da obra para efeito de seguro e transporte.

4.4. ARTES CÊNICAS E MÚSICA

Essa área abrange a venda de shows, produção de turnês e pré-produção (aquisição de passagens aéreas,

solicitação de rider técnico, mapa de palco, mapa de luz, e outros). Alguns projetos requerem, além do

produtor executivo, um produtor de estrada, aquele que viaja com o artista e é responsável por resolver

todas as situações ocorrentes, de modo a resultar na melhor condição para realização da turnê prevista.

Em uma situação ideal, é importante que exista um produtor (tour manager) que fique no escritório

atendendo às consultas, por telefone ou e-mail, e explorando as possibilidades de realização de outros

shows ou turnês, além de sempre associar as idas do artista às cidades vizinhas para divulgação do trabalho

na região.

Finalizada a contratação do show e confirmadas as condições técnicas e financeiras com o contratante,

inicia-se o processo de pré-produção, pelo contratante e contratado, onde ambos estarão em contato

permanente até a realização do show/espetáculo. Nesse intervalo abordam questões técnicas referentes

ao show, horários de voos, hotel, passagem de som, luz, e outros, a fim de obter as melhores condições

para a realização do show/espetáculo.

Na fase de produção, quem entra em cena é o produtor de estrada, aquele que viaja com o artista e

tem como função resolver problemas como: falhas técnicas, falta de estrutura, hotel sem condições e

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inúmeras circunstâncias. O perfil desse profissional tem que ser de uma pessoa com iniciativa, presença

de espírito, habilidade para tomar decisões, enfrentar dificuldades e discussões com posição de liderança.

Além da passagem de som e luz e montagem de palco, também é responsável por orientar e coordenar o

acesso da imprensa, no caso de não haver uma assessoria especializada.

No início, pela deficiência de equipe e de experiência, pode haver uma mistura de funções, isto é, uma

mesma pessoa desempenhando a produção em todos os níveis, não só para testar as próprias habilidades

como para entender bem o processo. À medida que a carreira dos artistas deslancha, a figura do empresário

torna-se importante para definir junto com ele a direção e objetivos pretendidos. O empresário ou

manager, então, precisa gerenciar os aspectos jurídicos da carreira, além do marketing, estratégias e o

relacionamento com gravadoras, editoras e veículos de imprensa (por meio de um assessor de imprensa),

além de todos os aspectos do show/espetáculo, contratação de equipe, figurino, cenário, ensaios e outros.

CHECK LIST

• Contratação dos artistas: proposta de show junto com o rider técnico e o input list;

• Público: conhecer e respeitar o direito dos consumidores;

• Local: adequação para as apresentações artísticas e acessibilidade para o público;

• Locação do teatro e confirmação de pauta: horário de montagem e desmontagem de equipamentos;

verificação das necessidades de palco junto com a produção artística; checagem da estrutura física dos

camarins, banheiros, etc.

• Empresa de palco: contratação, solicitação de mapa de palco; montagem e desmontagem;

• Iluminação: contratação e solicitação de mapa de luz;

• Sonorização: contratação e solicitação de mapa de som;

• Cenografia: certificação do projeto cenográfico e as dimensões do palco do show/espetáculo; transporte

da cenografia no caso de turnês;

• Alimentação: diárias de alimentação e parcerias com restaurantes;

• Camarim: instalações adequadas, observar se há tomadas elétricas, ferro e tábua de passar roupa, água,

espelho, etc.;

• Produção executiva: informar placas de carro da equipe de produção que tenha autorização para ter

acesso a partes reservadas no local do show/espetáculo; distribuição de crachás ou pulseirinhas; locação

de radiocomunicadores, articulação de apoios culturais, estabelecimentos alimentícios, gráficas, canais de

comunicação, etc.;

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• Roadie: na contratação desses profissionais é preciso informar sobre suas necessidades;

• Transporte aéreo: prever excesso de bagagem; aquisição de passagens antecipadamente;

• Hospedagem: pesquisa no mercado, articulação de apoios e pré-bloqueio para garantir a hospedagem;

checagem de room list; certificar-se da localização do hotel com relação ao local do evento; confirmação

com os artistas e produção sobre check in e check out; informar sobre custos referente a consumos e

ligações telefônicas; entrega de kit com informações relevantes: mapa da cidade, programação impressa,

localização de restaurantes, pontos turísticos, hospitais, contatos para emergências, crachás, entre outros.

• Banheiro químico: contratação de acordo com o tipo de evento, tamanho do espaço físico e expectativa

de público;

• Limpeza: escala para limpeza (horários) e reposição de material de banheiros (sabonete, papel higiênico,

papel toalha e outros);

• Segurança, serviços médicos e ambulância: necessidade de segurança de acordo com a capacidade física

do local e expectativa de público; contratação de serviço médico e ambulância;

• Segurança: rotas de fuga sinalizadas e saídas de emergência;

• Órgãos públicos, liberações, autorizações e alvarás: alvarás de prefeituras, autorizações do corpo de

bombeiros e demais solicitações; liberações no ECAD, SBAT, Ordem dos músicos, etc.; certificar se há,

na equipe ou entre os grupos artísticos, menores de idade.

4.5 PRODUÇÃO AUDIOVISUAL

Produção audiovisual é a produção de conteúdos para meios de comunicação audiovisuais, especialmente

o cinema e a televisão, independentemente do suporte utilizado (filme, vídeo, vídeo digital) e do género

(ficção, documental, publicidade e outros).

A produção audiovisual é o resultado da combinação de várias necessidades: industriais, comerciais,

de entretenimento, culturais ou artísticas. Produção audiovisual é a planificação das ações pertinentes

à indústria cinematográfica, como na indústria televisiva, ou outro meio audiovisual. Sendo assim, a

importância do processo de produção, o modo de organizá-lo, será primordial para o êxito ou fracasso

da obra.

Portanto, em toda produção é fundamental elaborar um plano de trabalho. Nessa planificação é necessário

delimitar, claramente, o que será gravado, quem estará presente na gravação, em que local ela ocorrerá,

quando se fará e como se realizará. Apesar da rígida estrutura de uma planificação, a produção não deve

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ser um processo no qual a criatividade e a expressividade estejam ausentes. O realizador, braço direito do

produtor, é quem faz uso dessa criatividade e expressividade dentro dos limites técnicos e orçamentários.

A escolha do produtor pode interferir na qualidade do produto final.

Antes de aventurar-se em uma produção, o realizador e o produtor precisam da elaboração de um briefing

que responde às seguintes perguntas:

Qual o tipo de projeto? Exemplo: documental, curta-metragem, reportagem.

Qual duração e categoria? Exemplo: curta-metragem de animação com duração de 10 minutos.

Qual público-alvo?

Quais os recursos necessários? Exemplo: técnicos, econômicos, humanos, entre outros.

Para a produção audiovisual não existe uma equipe de produção predeterminada já que a mesma depende

da complexidade e do orçamento. Tomando como base uma produção de maior envergadura, sua

composição é, basicamente, a seguinte:

Produtor Executivo: profissional que mobiliza recursos, organiza e controla o projeto. Pode ser tanto

uma empresa como uma pessoa.

Produtor geral: profissional responsável pela organização técnica e a administração do recurso financeiro.

Pode ser o próprio gestor do projeto ou um executivo que a empresa coloca como representante.

Coprodutor: profissional que representa outras empresas que se associam na produção do projeto.

Produtor associado: empresa ou pessoa que investe recurso financeiro na produção com a finalidade de

obter lucro. Geralmente, não intervém no processo produtivo.

Diretor de produção: é o coordenador do produtor executivo. Pode assumir a gestão administrativa.

Chefe de produção: responsável pela etapa de rodagem.

Ajudantes de produção: encarregados de solucionar os problemas e as necessidades dos diferentes

departamentos de produção. Também trabalham com solicitação de materiais junto aos fornecedores.

Secretário de produção: executa as atividades burocráticas próprias da produção.

Auxiliares de produção: ocupam-se da resolução das necessidades urgentes que surgem durante a gravação.

Secretário de administração: executa as atividades burocráticas próprias da administração e da contabilidade.

Contador: responsável pela administração e contabilidade diária da produção. Encarrega-se de pagar os

fornecedores e a equipe de trabalho.

Assistentes de gravação: pessoas (preferencialmente da localidade onde ocorrerá a gravação) que são

contratadas para a resolução de problemas que possam surgir durante o trabalho devido aos seus

conhecimentos do entorno.

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CHECK LIST

• Argumento, sinopse, roteiro: avaliação dessas etapas para elaboração do planejamento, projeto,

orçamento, cronograma e outros.

• Planejamento: exigências para produção da obra; necessidades de filmagem; locações; estúdio; narração;

suporte de captação; plano de divulgação; verificação de dia e horários para filmagem; documento das

pessoas envolvidas; placas de carro; orientações para motoristas e seguranças; radiocomunicadores para

as filmagens;

• Profissionais: avaliar necessidades técnicas da equipe; solicitar lista de equipamentos; identificar

profissionais para execução da produção;

• Orçamento: listar necessidades, tais como: locação de equipamentos (câmera, acessórios, HD’s,

computadores e outros), luz, maquinaria, transporte, catering, compositor para trilha sonora, finalizadora

(imagem e áudio), laboratório, designer gráfico, empresa gráfica, assessoria de imprensa, equipe

administrativa, passagens aéreas, dentre outros; verificar a necessidade de diárias extras para montagem

e desmontagem, checar a exigência de utilização de imagens de arquivo (pagamentos de direito do uso);

cotação de hotel; transporte local; necessidades de cruas, câmera car, dollys, entre outros, e equipe de

operação; filmagem em locações, prever limpezas, danificação de equipamentos, etc.

• Cronograma: verificar agenda dos profissionais envolvidos; checar disponibilidade da equipe e dos

equipamentos para os dias de filmagem; compartilhar cronograma geral; prever com antecedência datas

de entrega de material;

• Infraestrutura das filmagens: refeições da equipe, estacionamento, gerador e outros;

• Autorizações: espaços públicos; particulares (parques, museus, escolas, empresas e outros), licenças de

prefeituras e corpo de bombeiros, liberações ECAD, direitos autorais, autorizações de uso de imagem e

som extras.

4.6 PRODUÇÃO EDITORIAL

A produção editorial consiste em transformar um projeto original em uma publicação atraente. A atuação

do produtor editorial é desenvolver e coordenar projetos editoriais nas mídias impressa, eletrônica e

digital, em todos os seus estágios.

O campo de atuação em produção editorial é bastante amplo, pois o profissional dessa área realiza todos

os tipos de edição nas diversas mídias. Em cada área específica, o profissional atua em várias etapas do

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processo de edição: da seleção de originais à produção gráfica, da consultoria de tendências editoriais à

revisão de um produto.

O exercício profissional do produtor editorial pode confundir-se, em alguns momentos, com o do

jornalista, publicitário e até do designer gráfico, mas é basicamente o da edição de livros, revistas, encartes

de CDs e folders publicitários, na mídia impressa, de vídeos, filmes e áudios (tv, cinema e rádio) na mídia

eletrônica, e de CDs-ROM e páginas da Internet, na mídia digital.

Em linhas gerais, a área de atuação do produtor editorial abrange as três mídias (impressa, digital e

eletrônica). O mercado profissional para esse segmento cultural está em ascensão, principalmente para

a atuação multimídia, isto é, na formatação de produtos que agregam mais de uma mídia. A atuação do

produtor pode dar-se na criação de projetos de produtos, no gerenciamento do processo de produção,

bem como na execução do produto. Dessa forma, o produtor editorial pode atuar nos processos de

produção de registros sonoros, videográficos e digitais, tais como: CDs, vídeos, edição de páginas e outras

publicações em internet; além de saber desenvolver ações de planejamento, organização e sistematização

dos processos editoriais, tais como: o acompanhamento gráfico de produtos editoriais, seleção de originais,

projetos de obras e publicações, planejamento e organização de séries e de coleções, planejamento de

distribuição, veiculação e tratamento de produtos editoriais.

CHECK LIST

• Anúncio, convite, cartaz, filipeta e folder: determinar no planejamento quais mídias impressas serão

utilizadas; conceito do projeto; revisão de texto;

Livros: Preparar o texto; boneca (protótipo de como será o livro quando finalizado); conferir e resolver

dúvidas com o editor; decidir o formato do livro; elaborar o projeto gráfico do miolo e da capa; solicitar

ilustrações (opcional); primeira revisão do autor; registro da obra (ISBN/Ficha catalográfica); segunda

revisão do autor; criação dos arquivos finais; impressão;

• Checar paginação e correspondência entre o índice e a paginação, título, nome dos autores entre outros;

enviar o texto para o revisor; calcular o tamanho da lombada;

• DVD’s e CD’s: informações sobre título da música, compositores, editoras, número de ISRC;

• Fotos e/ou ilustrações: liberação para utilização;

• Textos legais: incluir textos legais e obrigatórios; logotipo dos patrocinadores, apoiadores, parceiros e

leis municipais, estaduais ou Minc.

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5 ATIVIDADE

Agora que vocês já entenderam como funciona um processo de produção, que tal planificarmos a nossa

própria produção?

Vale lembrar que uma planificação de produção diminuirá a sua margem de risco proporcionalmente ao

nível de detalhamento em que conseguirmos estruturar as ações. Portanto, quanto mais enriquecida em

detalhes for a planificação, maiores as chances de realizar uma produção bem-sucedida.

Agora é hora de planificar!

Complete o quadro do plano de ação e bom trabalho!

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6 LEITURAS RECOMENDADAS

produtorindependente.blogspot.com

REFERÊNCIAS

BARRETO, Alê. Aprenda a organizar um show. Ed. Imagina, 2012

AVELAR, Romulo. Avesso da Cena: notas sobre produção e gestão cultural. Ed. Duo Editorial,

2010

NATALE, Edson; OLIVIERI, Cristiane. Guia Brasileiro de Produção Cultural. Ed. SESC- SP.

2011/2012

SYMPLA. O guia rápido para produção de shows e eventos musicais. (sympla.com.br)

GRANDO, Nei. Explicando o modelo de negócio Canvas. Virada Empreendedora/2013 (site http://

pt.slideshare.net/neigrando/explicando-o-modelo-de-negcios-viradaempreendedora)