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Gestão da Educação Profissional B. Amin Aur Manual de Orientações e Procedimentos para Acordos de Parcerias

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Gestão da Educação Profissional

B. Amin Aur

Manual de Orientações e Procedimentospara Acordos de Parcerias

Gestão da Educação Profissional 1

Gestão da Educação Profissional

B. Amin Aur

Educação Profissional :: Pontos de partida2

©2005 UNESCO. Todos os direitos reservados.

Publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Esta publicação é fruto de uma parceria entre a Representação da UNESCO no Brasil e a SecretariaEstadual de Educação de Mato Grosso do Sul

Esta publicação tem a cooperação da UNESCO no âmbito do Projeto 31- 412504BR, o qual tem oobjetivo de capacitar e promover o desenvolvimento das equipes locais responsáveis pela educaçãoprofissional nos estados do Brasil. Os autores são responsáveis pela escolha e pela apresentação dosfatos contidos nesta publicação, bem como pelas opiniões nela expressas, que não sãonecessariamente as da UNESCO, nem comprometem a Organização. As indicações de nomes e aapresentação do material ao longo desta publicação não implicam a manifestação de qualquer opiniãopor parte da UNESCO a respeito da condição jurídica de qualquer país, território, cidade, região oude suas autoridades, tampouco a delimitação de suas fronteiras ou limites.

BR/2005/PI/H/39

Gestão da Educação Profissional 3

Prefácio

Este documento apresenta diretrizes e instrumentos referentes ao estabelecimento das

indispensáveis parcerias na educação profissional no Mato Grosso do Sul. Inicialmente, identifica

e comenta o tratamento dado ao assunto pelo Plano Estadual de Educação Profissional – PEP,

pela legislação estadual de EP e pela política de Educação Profissional do estado.

O texto trata, também, do conceito de parceria e do conceito legal de pessoa. Caracteriza e

orienta as etapas prévias de pesquisa, mapeamento e cadastramento de possíveis parceiros, bem

como as de relacionamento e articulação e de formalização da parceria, apresentando, também,

instrumentos de formalização de acordo. Inclui exemplos e ilustrações de contrato, convênio, contrato

de gestão e minutas de termo de parceria, termo de convênio e termo de compromisso.

Elizabeth Fadel

Consultora

Gestão da Educação Profissional 5

Sumário

1. APRESENTAÇÃO ...............................................................................................................07

2. A PARCERIA NO PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL (PEP) .......................................................................................................07

3. A PARCERIA NA LEGISLAÇÃO ESTADUAL REFERENTE À

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL .............................................................................................08

4. A PARCERIA NA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL .........................................08

5. CONCEITO DE PARCERIA .................................................................................................05

6. CONCEITO JURÍDICO DE PESSOA ..................................................................................09

7. DESENVOLVIMENTO DE PARCERIAS ..............................................................................11

7.1. Pesquisa mercadológica ..............................................................................................12

7.2. Cadastro .......................................................................................................................17

7.3. Relacionamento e articulação ......................................................................................18

8. FORMALIZAÇÃO DE PARCERIA .......................................................................................19

9. INSTRUMENTOS DE FORMALIZAÇÃO DE ACORDOS ...................................................20

9.1. Contrato ........................................................................................................................21

9.2. Convênio ......................................................................................................................22

9.3. Contrato de gestão .......................................................................................................23

9.4. Termo de parceria .........................................................................................................24

9.5. Convênio para estágio .................................................................................................25

ANEXOS...................................................................................................................................27

Gestão da Educação Profissional 7

1.APRESENTAÇÃOEste Manual é produto de consultoria que visou a definir orientações e procedimentos, para que

o Órgão Gestor e os Centros de Educação Profissional da Secretaria de Estado de Educação de

Mato Grosso do Sul implementem sistema de parcerias mediante modelos de acordos.

No trabalho realizado, foram desenvolvidas as seguintes atividades:

• Identificação de procedimentos para ampliação de parcerias, incluindo levantamento de possíveis

parceiros nos níveis regional, local e interestadual.

• Sistematização da legislação que regulamenta convênios, acordos, contratos ou outros instru-

mentos para o estabelecimento de parcerias, com diretrizes e orientações legais para o estabe-

lecimento de parcerias.

• Orientação para levantamento mercadológico local, regional e interestadual, identificando possí-

veis parceiros.

• Identificação e análise das possíveis dificuldades no processo de parceria, mediante análise e

definição de vantagens e desvantagens de parcerias com empresa ou instituição identificada,

analisando aspectos financeiros, de marketing e de negócios.

• Elaboração do Manual de Orientações e Procedimentos para realizar parcerias, convênios e acor-

dos, indicando tipos de acordos com os organismos identificados na pesquisa.

Capacitação do Órgão Gestor para implementação da sistemática proposta.

O Manual incorpora as contribuições dos participantes dos trabalhos, que foram realizados du-

rante o mês de janeiro de 2005.

B. Amin Aur

Consultor

Nos próximos itens, apresentam-se algumas considerações que fundamentam a necessidade de

estabelecimento de cooperação e de parcerias na implementação da Educação Profissional no Es-

tado de Mato Grosso.

2.A PARCERIA NO PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL (PEP)

O PEP já adiantara a necessidade de efetivação de parcerias para a implantação e o desenvol-

vimento da Educação Profissional no estado de Mato Grosso do Sul.

Assim, para a área de integração com a comunidade, previa a definição de mecanismos para o

estabelecimento de parcerias e para essa integração, bem como o estabelecimento de estratégias,

visando à articulação com o mundo do trabalho, realizando “parcerias com instituições tais como:

Sistema S, sindicatos, organizações empresariais, culturais, municipais, estaduais, federais e ONGs,

objetivando potencializar recursos para a gerência dos CEPs”.

Reforçava, ainda, que a gestão da Educação Profissional pretendia, “além da articulação com os

órgãos governamentais, realizar intercâmbio e parcerias com as instituições executoras que realizam

essa modalidade de educação nos seus diferentes níveis”, com as quais o órgão gestor estaria em

permanente articulação.

3.A PARCERIA NA LEGISLAÇÃO ESTADUAL REFERENTE À EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

A Lei Estadual nº 2.787, de 24 de dezembro de 2003, que dispõe sobre o “Sistema Estadual de En-

sino de Mato Grosso do Sul”, prescreve, no seu art. 75, que “A educação profissional será desenvolvida

em articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em esta-

belecimentos de ensino público e privado ou no ambiente de trabalho, em cooperação com instituições

especializadas”. No seu art. 78, possibilita, às instituições públicas de ensino e à iniciativa privada, o

estabelecimento de parcerias para ampliar e incentivar a oferta da educação profissional no estado.

A Lei Estadual nº 2.791, de 30 de dezembro de 2003, que aprovou o Plano Estadual de Educação,

destaca pontos arrolados pelos representantes da sociedade civil, que se fizeram ouvir durante o

processo de elaboração deste Plano, entre os quais coloca o da promoção e implementação de par-

cerias entre estado, municípios e demais segmentos da sociedade organizada, visando ao fortale-

cimento e à qualidade da Educação Profissional.

Entre objetivos e metas para essa modalidade de educação, estão os de:

• criar um sistema integrado de informação em parceria com órgãos governamentais e instituições

privadas, que oriente a política de educação profissional, com atualização anual;

• estabelecer um programa de parcerias para executar a política de educação profissional em Mato

Grosso do Sul;

• oferecer cursos de educação profissional voltados para os educandos com necessidades educa-

cionais especiais, inclusive em parceria com entidades, com vistas a novas propostas de geração

de renda.

4.A PARCERIA NA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

O documento Política de Educação Profissional para Mato Grosso do Sul destaca a necessidade

e as vantagens de parcerias para o desenvolvimento da Educação Profissional no estado.

Assim, no item 5.1, recomenda: “expandir a oferta de educação profissional através de parcerias

ou contratos com entidades de reconhecida experiência nas áreas e níveis definidos como prioritá-

rios, com base em planilhas de custos e em estudos demonstrativos da relação custo-benefício,

submetidas à aprovação da instância de gestão multi-representativa competente”.

No item 5.4.2, lê-se: “As instituições governamentais e não-governamentais necessitam articular,

compatibilizar, racionalizar ações, converter investimentos, recursos e esforços que atendam às ne-

cessidades reais”. O proposto Comitê Intersecretarial de Cooperação e Intercâmbio (tendo por ob-

jetivo articular políticas, medidas, programas, ações e recursos dos diferentes órgãos e instituições

governamentais que digam respeito à educação profissional) incluiria em seus trabalhos “a definição

de condições e critérios específicos e a indicação ou negociação de possibilidades concretas de

parcerias no âmbito da educação profissional”.

No item 5.4.4, referente à definição de condições/critérios e implementação de programa de parce-

rias, acrescenta: “O atendimento a demandas de educação profissional não pode ficar limitado às pos-

sibilidades, muitas vezes restritas, da oferta de programas por instituições da administração pública

direta. Além da não-disponibilidade imediata ou em curto prazo de espaços e de recursos tecnológicos

Educação Profissional :: Pontos de partida8

e humanos, há que se considerar que, em algumas áreas, existem instituições não-governamentais

que acumulam experiência significativa e de qualidade reconhecida de educação profissional”.

“A viabilidade financeira, tecnológica e operacional da educação profissional de boa qualidade

requisita e envolve a implementação de programas de parcerias entre instituições públicas, institui-

ções privadas de interesse público, organizações não-governamentais, universidades, instituições

de pesquisa e desenvolvimento tecnológico e produtores de tecnologia”.

5.CONCEITO DE PARCERIASinteticamente, pode-se conceituar parceria como a “união voluntária de pessoas para alcançar

um objetivo comum”.

O uso por demais frequente e indiscriminado do termo parceria vem banalizando e, até, esva-

ziando e tornando indistinto seu significado. É usual considerar qualquer ação que alcance mais de

uma pessoa como parceria.

Assim, por exemplo, diz-se, impropriamente, que uma empresa fornecedora de outra é parceira

dela, contradizendo o fato de que cada uma tem seu objetivo comercial distinto: uma, o de vender

(quase sempre pelo preço mais alto); a outra, o de comprar (sempre pelo preço mais baixo).

O uso impróprio do termo ocorre, também, por exemplo, quando se diz que uma empresa, ao

cumprir uma obrigação legal como a de contratar menor aprendiz, procura a instituição de educação

profissional legalmente obrigada a propiciar o programa de aprendizagem. Na qualidade de cumpri-

doras das respectivas obrigações legais, não são parceiras. Só o serão se, voluntariamente, ajus-

tarem ação que vá além do que a lei as obriga.

Pelo conceito adotado, para que haja parceria, portanto, é necessário:

• objetivo comum;

• vontade, e não obrigação das partes;

• duas pessoas, pelo menos, que constituam as partes, que sejam os partícipes ou participantes

dessa união.

6.CONCEITO LEGAL DE PESSOASegundo a Lei Federal nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que instituiu o atual Código Civil, os

entes ou as pessoas que podem se unir, para estabelecer acordo, são:

Pessoas Naturais:

São os indivíduos da espécie humana, mais comumente designadas pessoas físicas, certamente,

por influência da legislação tributária.

Podem ter certas características, tais como:

• maior/menor;

• capaz/incapaz/absolutamente incapaz;

• solteiro/casado/divorciado/separado judicialmente;

• nacional/estrangeiro etc.

Gestão da Educação Profissional 9

Pessoas Jurídicas:

Podem ser de:

• Direito Público;

• Direito Privado.

Pessoas Jurídicas de Direito Público:

Interno:

• União;

• estados, Distrito Federal e territórios;

• municípios;

• autarquias;

• demais entidades de caráter público criadas por lei.

Externo:

• Estados estrangeiros;

• pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.

Pessoas Jurídicas de Direito Privado:

• associações (finalidades não econômicas: muito variadas);

• sociedades (com finalidades econômicas: empresárias e simples);

• fundações (finalidades não econômicas: privadas e públicas).

A seguir, tecem-se algumas considerações sobre estas últimas:

Associações:

São pessoas jurídicas de direito privado, constituídas pela união de pessoas que se organizem

para fins não econômicos.

Têm existência para o cumprimento de determinado fim, que está acima dos interesses pessoais

dos associados. Embora muitas associações tenham a denominação de sociedade, elas não são

desta categoria jurídica, pois a sociedade tem finalidade econômica, de negócios.

As associações são as mais variadas, para as mais diferentes finalidades (educacionais, assis-

tenciais, culturais, recreativas, esportivas, de profissionais, de união e defesa de interesses os mais

diversos etc.).

O Código Civil trata das associações do art. 53 ao 61. Algumas delas, por legislação especial,

podem ter diferencial que as qualificam como:

• Organização Social – OS;

• Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Oscip;

Filantrópica.

Sociedades:

São pessoas jurídicas de direito privado, constituídas por indivíduos que reciprocamente se ob-

rigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica, e a partilhar,

entre si, os resultados. São as empresas em geral (e, também, as cooperativas).

Podem ser:

• Empresária: a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito

a registro;

• Simples: as demais.

Educação Profissional :: Pontos de partida10

O Código Civil trata das sociedades, inclusive dos seus vários tipos, do art. 981 ao 1.141 (Título

II do Livro II).

Fundações:

Criadas por instituidor, por escritura pública ou testamento, com dotação especial de bens livres,

especificando o fim a que se destinam, podem declarar a maneira de administrá-la. Somente para

fins religiosos, morais, culturais ou de assistência, são veladas pelo Ministério Público.

As fundações podem ser:

• privadas, quando instituídas por pessoas naturais ou jurídicas de direito privado;

• públicas, quando instituídas pelo poder público, com autorização por lei específica.

• O Código Civil trata das fundações do art. 62 ao 69.

Algumas designações são usuais, porém não constituem categorias jurídicas de pessoas:

Entidade / Instituição / Organização: designações genéricas que não caracterizam sua natureza,

sendo utilizadas indistintamente para qualquer uma.

Instituto: sem definição legal, é um nome, uma designação, não uma figura jurídica, sendo usado

livremente para intitular as mais diversas organizações públicas e privadas.

Organização Não-Governamental – ONG: como categoria, não existe no ordenamento jurídico

brasileiro. Como seu nome indica, é uma organização privada (associação ou fundação) que

ocupa espaço público, sem que seja do governo, mobilizando a sociedade civil para executar

tarefas e atividades que beneficiam a todos genericamente.

Organização do 3º Setor: idem, porém, com mais amplitude, pois compreende, também, entidade

sindical, conselho profissional, cooperativa etc.

Organização / Entidade sem fins lucrativos: todas as associações e as fundações, cobrindo, por-

tanto, o campo das ONGs e quase todo o chamado 3º Setor.

Entidade filantrópica: organização sem fins lucrativos, especialmente qualificada pelo Conselho

de Assistência Social, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que concede

o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social.

7.DESENVOLVIMENTO DE PARCERIASA parceria é resultante de um processo que envolve o conhecimento dos possíveis parceiros, a

interação, a identificação de interesses comuns, a negociação, a efetivação mediante acordo e, fi-

nalmente, sua implementação.

Tanto o órgão gestor da Educação Profissional da SED quanto a Escolagov, instituição com ela

conveniada para a gestão do Cepef, podem e devem desenvolver estratégias e mecanismos per-

manentes de conhecimento, articulação e integração com o mundo do trabalho e, em particular, com

as instituições públicas e privadas que atuam na educação profissional e em áreas correlatas, que

com ela interagem, a começar pelos órgãos do próprio governo do estado.

Gestão da Educação Profissional 11

7.1. Pesquisa mercadológica

Todas as organizações que atuam com programas, projetos ou atividades relativas ao mundo do

trabalho, do ponto de vista de marketing, assim como as empresas que recebem os profissionais

qualificados e habilitados, constituem o mercado potencial para os órgãos estaduais responsáveis

pela educação profissional, quer no nível superior de gestão, quer no nível da execução.

É na perspectiva do marketing social que

devem se desenvolver as relações que

visam ao conhecimento dos possíveis par-

ceiros, a interação cooperativa, a identifica-

ção de interesses comuns, a negociação, a

efetivação mediante acordo e, finalmente, a

implementação da parceria que terá como

objetivo principal o enfrentamento de proble-

mas e carências da sociedade relacionadas

com a educação e o trabalho.

Um passo inicial é o levantamento das organizações que, por hipótese, serão potenciais parceiras,

e sua classificação segundo categorias adotadas:

Governamental (Administração Direta e Indireta – Empresa Pública e de Economia Mista, Autar-

quia e Fundação de Direito Público):

• Federal (GF);

• Estadual (GE);

• Municipal (GM).

• Não Governamental:

• Associação (NA);

• Fundação de Direito Privado (NF);

• Órgão de classe e profissional (NCP);

• Sistema “S” (NSS);

• Sociedade (NS).

No quadro a seguir, constam as Instituições Governamentais Federais (GF), as Estaduais (GE)

e as Municipais (GM) de Campo Grande e as Não Governamentais (NA, NF, NCP, NSS e NS), quase

todas desta cidade, identificadas nesta abordagem preliminar.

Trata-se de levantamento que foi realizado como ensaio, devendo ser considerado como prelimi-

nar e provisório, a ser “refinado” e completado pelo órgão gestor.

Educação Profissional :: Pontos de partida12

“Marketing Social é a modalidade de ação mercado-

lógica institucional que tem como objetivo principal

atenuar ou eliminar os problemas sociais, as carên-

cias da sociedade relacionadas principalmente às

questões de higiene e saúde pública, de trabalho,

educação, habitação, transportes e nutrição” (VAZ,

Gil Nuno, in Marketing Institucional: O Mercado de

Ideias e Imagens, São Paulo, Pioneira, 1995).

Gestão da Educação Profissional 13

Educação Profissional :: Pontos de partida14

Gestão da Educação Profissional 15

Educação Profissional :: Pontos de partida16

Gestão da Educação Profissional 17

São previsíveis dificuldades a serem enfrentadas no desenvolvimento do processo de parcerias,

que devem ser consideradas, em cada caso, com a análise das vantagens e desvantagens que se

apresentarem.

Foram identificadas:

• falta de mapeamento completo do mercado constituído pelas instituições que desenvolvem pro-

gramas, projetos e atividades de educação profissional;

• busca de recursos financeiros por associações, sobretudo as de caráter assistencial, e não pro-

priamente proposição de trabalho cooperativo para um objetivo comum;

• interesses e aspirações políticas por parte de dirigentes de instituições;

• falta de entendimento, pelos demais órgãos, quanto à modalidade da educação profissional;

• falta de fluidez nas articulações entre os órgãos do setor público;

• burocratização de procedimentos para a concretização e formalização de parcerias;

• ausência de proposta de inclusão dos alunos no mercado de trabalho.

7.2. Cadastro

O passo seguinte é a organização de cadastro com informações mais completas sobre as insti-

tuições e, continuamente, sua manutenção atualizada.

Este cadastro deverá ser inserido no banco de dados do órgão gestor, podendo ter uma parte de

livre acesso, com os dados gerais sobre cada organização, e outra de acesso restrito, com informa-

ções estratégicas de interesse do órgão gestor e da fundação gerenciadora do Centro de Educação

Profissional.

A parte de livre acesso deverá conter dados como denominação, endereço(s), telefone(s), fax,

endereço eletrônico, site (se houver), finalidades, campos de atuação, dirigentes, instalações prin-

cipais etc.

A parte de acesso restrito será destinada ao registro de contatos, de pessoa(s)-chave para rela-

cionamento operacional efetivo, de possibilidades de parceria, das dificuldades, vantagens e des-

vantagens, aspectos financeiros, de marketing e de negócios e outras informações estratégicas para

o desenvolvimento de relações e parcerias.

O cadastramento das instituições identificadas como potenciais parceiras será efetivado por ini-

ciativa do órgão gestor e/ou da Fundação/Cedef. Outras instituições interessadas poderão ter a ini-

ciativa do cadastramento, com acesso livre ao banco de dados, para esse efeito.

7.3. Relacionamento e articulação

É necessário um comportamento cotidiano proativo da SED, da Escolagov e do Cedef, indispen-

sável para que sejam identificadas e aproveitadas as possibilidades e oportunidades de construção

conjunta de ações em parceria.

• Para articulação, devem promover contatos sistemáticos com seus responsáveis, interagindo e

estabelecendo canais formais e informais para mútuo conhecimento e intercâmbio de informações

e experiências.

• Para a articulação com os órgãos federais, deverão utilizar os canais da Secretaria de Estado de

Educação. A articulação poderá ser direta, quando se tratar do Ministério da Educação e órgãos

a ele vinculados, ou ministérios sem correspondência com as demais secretarias estaduais.

Quando se tratar de ministérios ou outros órgãos federais de áreas de competência de outras

secretarias estaduais, a articulação deverá ser realizada em conjunto com estas.

• Para a articulação com os órgãos do estado, o proposto Comitê Intersecretarial de Intercâmbio e

Cooperação será instrumento da maior valia (vide documento Estrutura de Gestão para a Edu-cação Profissional no Estado de Mato Grosso do Sul), propiciando natural intercâmbio e facilitando

a identificação de oportunidades de parceria.

• Para a articulação com as demais instituições, públicas e privadas que atuam no estado, será

fundamental o previsto Fórum Estadual de Educação Profissional (vide Plano Estadual de Edu-cação), o qual terá o objetivo de integrar iniciativas e articular esforços governamentais e não

governamentais voltados para melhor integração e articulação dos parceiros (vide documentoPolítica de Educação Profissional para Mato Grosso do Sul).É indispensável, ainda, a continuidade de participação ativa no Grupo de Estudo do Fórum Per-

manente de Educação, do Conselho Estadual de Educação.

A articulação com os setores produtivos, mais particularmente com as empresas, deve merecer

atenção e esforços especiais e permanentes, pois, sem consonância com tais setores, será inalcan-

çável a educação profissional eficaz, ou seja, que atenda tanto às demandas dos alunos e da socie-

dade, quanto às da produção.

Nesse particular, o caminho para a abordagem e o desenvolvimento de parcerias deve obedecer

à perspectiva da assunção, pelas empresas, de sua responsabilidade social, que vem a ser “uma

forma de conduzir os negócios que torna a empresa parceira e co-responsável pelo desenvolvimento

social” (Instituto Ethos de Empresas de Responsabilidade Social Empresarial).

Deve ser lembrado às empresas que, em geral, o compromisso social forma uma reação em ca-

deia, onde a aquisição de produtos e serviços de empresas que desenvolvem ações sociais gera a

Educação Profissional :: Pontos de partida18

satisfação do cliente em contribuir. Cite-se que "a sociedade como um todo passou a ser mais exi-

gente e conhecedora de seus direitos, consequentemente, se fortalecendo em vários aspectos, de

forma a questionar produtos e serviços que não sigam um padrão de qualidade, baixo preço, sem

se esquecer dos benefícios à comunidade ou da preocupação com os prejuízos ao ecossistema” (inResponsabilidade Social: Estratégia de Marketing para agregar valor à marca, de Ana Rita ValentimS. Amarília, Guilherme Duarte Jafar e Thereza C. Amêndola da Motta – abril/ 2002).

Para Amarília, oferecer oportunidade à empresa para que esta realize ações que proporcionem

o bem comum e mostrar as formas e os caminhos para um compromisso empresarial voltado para

a responsabilidade social pode fundamentar a realização de parcerias para o desenvolvimento e a

ampliação das atividades na educação profissional. “O grande desafio está em fazer com que as

pessoas e as empresas façam escolhas olhando a relação custo-benefício e percebendo que o be-

nefício final é maior que o custo. Neste aspecto, quanto maior o nível da responsabilidade social

que as empresas assumem, melhor para o país e a comunidade”.

• O relacionamento com o público em geral, indispensável para tornar visível e conhecida a atuação

da SED, da Escolagov e do Cepef, necessita de constante trabalho de divulgação, pelas emisso-

ras de televisão e de rádio e pelos jornais, buscando-se oportunidades de veiculação de avisos,

notícias, entrevistas, reportagens etc.

• A visibilidade e o conhecimento de sua atuação deverá ser, também, promovida pela participação

sistemática de seus representantes em todo e qualquer evento promovido pelas demais institui-

ções afins.

• Deverá, por seu lado, ter a iniciativa de promover eventos voltados para seus objetivos, tornando

o Cepef um centro irradiador de iniciativas relacionadas com a educação profissional e temas

correlacionados com seu campo de atuação.

As instalações do Cepef, aliás, em especial seu auditório, reúnem condições para sediar eventos

próprios e de terceiros, relacionados com suas finalidades. Podem, pois, concorrer para a estratégia

de visibilidade da política pública de educação profissional do estado.

A interação e a identificação de pontos de confluência de objetivos conduzirão à negociação de

ações em cooperação, que resultarão em acordos de parceria.

A negociação é um procedimento e uma técnica para superar diferenças e buscar coincidências

de interesse, harmonizando, conciliando e satisfazendo aspirações de todas as partes envolvidas.

A negociação que busca parceria é de perfil cooperativo, na qual é preciso, mutuamente, descobrir

as reais necessidades e os desejos da(s) outra(s) parte(s) e ajudar na forma de consegui-los. Implica,

portanto, um ambiente e um relacionamento de cooperação, confiança e boa-fé.

8. FORMALIZAÇÃO DE PARCERIADepois de negociada, a parceria efetiva-se formalmente mediante acordo (que pode ser chamado

de ajuste, entendimento, convenção, concertação, avença, combinação, trato, contratação etc.) entre

as partes, o qual pode se realizar de forma tácita ou explícita.

O acordo é tácito quando as pessoas, de forma silenciosa e implícita, isto é, não declarada e ex-

pressa por palavras, se comportam e agem na direção comum, cooperando entre si e cumprindo

obrigações de parte a parte.

É explícito quando a manifestação da vontade é previamente exteriorizada por palavras, decla-

rando-se, verbalmente ou por escrito, o objeto do acordo e as mútuas obrigações.

O setor público só pode e deve realizar acordo explícito e escrito, utilizando o instrumento ade-

quado para cada caso e, sempre, depois de cumpridas as exigências legais.

Gestão da Educação Profissional 19

Esse instrumento definidor do acordo da parceria pode ter variação no seu grau de formalidade.

Assim, para acordo que não implique ônus diretos, reais e/ou financeiros, o grau de formalidade

exigível pode ser menor, resumindo-se a documento menos complexo, sempre, porém, de forma

explícita e escrita. Uma troca de correspondência entre as partes pode ser suficiente para firmar

cooperação de caráter eventual e sem ônus direto.

São exemplos de ações

desse acordo de parceria

menos formal: intercâmbio de

informações ou de material di-

dático, utilização esporádica e

circunstancial de instalações

ou equipamentos, participação

de profissionais em atividades

conjuntas episódicas, estudos,

comissões, grupos de trabalho

e similares etc.

Dada a complexidade de

procedimentos para a formali-

zação de acordos, e as nuan-

ces que podem ter em cada caso, toda proposta, ou mesmo minuta, deve ser analisada previamente

pelo órgão encarregado dos assuntos jurídicos da Secretaria de Estado de Educação e/ou da Fun-

dação Escola de Governo.

9. INSTRUMENTOS DE FORMALIZAÇÃO DE ACORDOSOs principais instrumentos de formalização, indispensáveis sempre que houver ônus, são:

Contrato:

• com associação;

• com fundação;

• com sociedade (empresa), não aplicável a parcerias, pois visam a fins econômicos.

Convênio:

• com pessoa jurídica de direito público (órgão público);

• com associação ou fundação;

• com sociedade (empresa), só para fins não econômicos, inclusive para estágio de alunos.

Contrato de Gestão:

• com Organização Social – OS.

Termo de Parceria:

• com Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Oscip.

A seguir, apresentam-se breves indicações referentes a esses instrumentos.

Educação Profissional :: Pontos de partida20

Por vezes, mesmo nesses casos e em outros em que haja ações

de maior envergadura ou, mesmo, razões de marketing, ou

político-administrativas, justifica-se documento mais solene,

sem, no entanto, as exigências de convênio formal, nos termos

da Lei de Licitações.

Podem, então, ser firmados documentos com denominações

variadas, tais como acordo, ajuste ou termo de cooperação (ou

de colaboração, de intercâmbio etc.), seguidos de qualificativos,

como técnica, científica, acadêmica ou outros, adequados a

cada caso.

Esses acordos têm semelhança com o convênio “guarda-chuva”,

também chamado de convênio geral, abordado mais adiante.

9.1. Contrato

O contrato é um acordo ou ajuste, no qual as partes têm,

em princípio, interesses diversos. Uma parte pretende obter

o resultado de uma obra, um serviço, um bem etc., e a

outra pretende a compensação correspondente. O Código

Civil trata dos contratos em geral do art. 421 ao 480, e das

suas várias espécies, do art. 481 ao 860.

Alguns contratos, no entanto, são regulados por legislação

especial, não cível, como o contrato de trabalho, inclusive o de

menor aprendiz (Consolidação das Leis do Trabalho – CLT).

Outro exemplo de contratos regidos, também, por legis-

lação especial são os contratos agrários, dentre os quais o

da parceria rural – agrícola, pecuária, agroindustrial e ex-

trativa ou mista (Lei Federal nº 4.504/64, do Estatuto da

Terra, complementada pela de nº 4.947/66, com normas de

Direito Agrário, e pelo Decreto nº 59.566/66, que regula-

menta parte dos dispositivos de ambas).

Exemplo recente de modalidade bastante especial de

contrato é o da Parceria Público-Privada (PPP), no âmbito

das administrações públicas federal, estaduais e munici-

pais, em que a parte privada realiza ou gere, no todo ou

em parte, serviços, obras ou atividades de interesse público

(Lei Federal nº 11.079/2004, que instituiu normas para lici-

tação e contratação desse tipo específico de parceria, que

é efetivada por contrato administrativo de concessão).

O contrato que aqui tem particular interesse é o contrato administrativo, em que uma das partes

é órgão do poder público, e que é regulado pela Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a

qual institui normas para licitações e contratos da Administração Pública.

É esta lei, chamada comumente de Lei de Licitações, que deve ser atendida quando se realiza

contrato administrativo em geral.

Ela estabelece normas sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços,

inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos es-

tados, do Distrito Federal e dos municípios. Subordinam-se ao regime desta lei, além dos órgãos da

administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas pú-

blicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente

pela União, estados, Distrito Federal e municípios.

Do seu início, até o art. 53, além das disposições gerais (Capítulo I), trata do processo licitatório

(Capítulo II), dispondo que a licitação tem as seguintes modalidades: concorrência, tomada de pre-

ços, convite, concurso e leilão (art. 22, cujos parágrafos as definem). O art. 24 estabelece os casos

em que é dispensável a licitação; e o art. 25, descreve quando ela é inexigível.

Do art. 54 até o 88, trata-se especificamente dos contratos, embora aspectos referentes a eles

surjam em outros artigos dessa lei.

Em princípio, o contrato não se aplica à parceria, uma vez

que ele é um acordo em que as partes têm interesses diver-

sos e é de natureza econômica.

Gestão da Educação Profissional 21

Há várias espécies de contrato re-

gulados pelo Código Civil, que são

os de:

• compra e venda;

• troca ou permuta;

• consignação (estimatório);

• doação;

• locação de coisas;

• empréstimo (incluindo o comodato

e o mútuo);

• prestação de serviços;

• empreitada;

• depósito (voluntário ou necessário);

• comissão;

• agência e distribuição;

• corretagem;

• transporte (de pessoas ou coisas);

• seguro (de pessoa ou coisa);

• constituição de renda;

• fiança.

Trata, também, do mandato e do

jogo e da aposta (inclusive prêmio).

No Anexo I, exemplo de contrato

Há, contudo, situações que levam o poder público a estabelecer contrato administrativo que con-

figura real parceria: não é, porém, o celebrado com sociedade (empresária ou simples), mas, sim,

com associações e fundações (privadas e públicas), quando o objeto comum pretendido corresponde

às finalidades destas. Embora, nestes casos, o instrumento mais apropriado possa ser considerado

o convênio, não é raro encontrar situações em que é utilizado o contrato administrativo de prestação

de serviços, por razões de ordem prática, até porque é de mais ágil celebração e de menos complexa

fiscalização e prestação de contas.

9.2. Convênio

O convênio é um instrumento jurídico de acordo ou ajuste

firmado entre entidades públicas de qualquer espécie, ou

entre uma destas e uma pessoa jurídica de direito privado,

pelo qual se comprometem à realização de objetivo não eco-

nômico e em benefício de interesse comum.

Destinava-se, originalmente, a formalizar acordos entre

pessoas jurídicas de direito público, tendo posteriormente se

estendido a acordos entre estas e organizações privadas.

Atualmente, firmam-se convênios até entre pessoas jurídi-

cas de direito privado, os quais, mesmo assim chamados, na

realidade, são contratos regidos pelo Direito Civil (Código Civil).

O setor governamental é regido pelo Direito Administrativo e, no caso de convênios, pela mesma

Lei de Licitações, a Lei Federal nº 8.666/93. Esta, além de regular os contratos, também regula os

convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades

da Administração Pública (art. 116 e parágrafos).

É importante destacar que, no estado de Mato Grosso do Sul, a matéria foi disciplinada comple-

mentarmente pelo Decreto nº 11.261, de 16 de junho de 2003, o qual estabelece normas para cele-

bração de convênios e instrumentos similares por órgãos e entidades do Poder Executivo Estadual.

É no sentido estrito da Lei Federal nº 8.666/93 e

do Decreto Estadual citado que, aqui, interessa ser

entendido o convênio.

A lei dispõe que sua celebração pelos órgãos ou entidades da Administração Pública depende

de prévia aprovação de competente plano de trabalho proposto pela organização interessada, o qual

deverá conter, no mínimo:

• identificação do objeto a ser executado;

• metas a serem atingidas;

• etapas ou fases de execução;

• plano de aplicação dos recursos financeiros;

• cronograma de desembolso;

• previsão de início e fim da execução do objeto, bem como da conclusão das etapas ou fases pro-

gramadas.

Para a formalização de acordos mediante convênio, devem ser atendidas as disposições da Lei

Federal, acrescidas das normas prescritas pelo Decreto Estadual nº 11.261/2003.Um adequado

exemplo de convênio, tanto na sua substância (objeto e atribuições para as partes), quanto no seu

aspecto formal, é o firmado entre a Secretaria de Estado de Educação – SED, e a Fundação Escola

de Governo – Escolagov, com a interveniência da Secretaria de Estado de Gestão Pública – Seges,

Educação Profissional :: Pontos de partida22

É comum, embora impróprio, o

uso genérico e indistinto do ter-

mo “convênio”, para qualquer

acordo, até para alguns contra-

tos. Assim, por exemplo, é usado

em acordos de descontos em

farmácias ou outros estabeleci-

mentos, de estacionamento de

veículos, de contratos de assis-

tência à saúde etc.

Nos Anexos II e III, exemplos de convênio

à qual está vinculada, para que a Fundação gerencie o Centro de Educação Profissional Ezequiel

Ferreira Lima – Cepef, estabelecendo parceria entre órgãos da própria administração estadual (um

da estrutura da administração direta – a SED, e outro, da indireta – a Escolagov), objetivando um

processo de execução indireta das atividades do Cepef.

Cabem, aqui, algumas observações sobre

o chamado convênio “guarda-chuva”, também

chamado de convênio geral, instrumento muito

utilizado para estabelecer compromisso entre

instituições, sem as formalidades exigidas para

os convênios no sentido estrito e sem os seus

efeitos. Pode ser intitulado de vários modos,

entre os quais, acordo, ajuste, termo, protocolo

etc. – de cooperação, de colaboração, de inter-

câmbio, de intenções etc., seguidos de qualifi-

cativos, como técnico, científico, acadêmico ou

outros, adequados a cada caso.

A denominação informal convênio “guarda-

chuva” é dada, portanto, a um instrumento amplo,

pelo qual pessoas jurídicas estabelecem, sem

ônus e implicações financeiras diretas, compro-

misso de iniciar mútua cooperação, prevendo o

desenvolvimento de ações específicas a serem

definidas ao longo da cooperação.

Para cada ação ou conjunto de ações específicas que forem definidas, deverá ser firmado, pos-

teriormente, o instrumento que definirá as atividades a serem efetivamente executadas, segundo o

respectivo Plano de Trabalho, bem como as mútuas obrigações. Pode este instrumento específico

tomar a forma de termo aditivo ao convênio geral, ou a forma de convênio, propriamente dito, ou,

até, de contrato, com a função de efetivar a parceria para a realização de atividades abrangidas pela

cooperação compromissada.

Na verdade, o chamado convênio “guarda-chuva”, ou convênio geral, não é um convênio no sen-

tido estrito do art. 116 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações). Pode ser encarado mais como uma

promessa de cooperações a serem definidas e que serão formalizadas pelos instrumentos de acordo

posteriores, conforme a citada lei. Cada um destes é que terá validade e efetividade, gerando as

mútuas obrigações.

9.3. Contrato de gestão

O contrato de gestão é o instrumento específico para a formalização de parceria com Organização

Social – OS.

É regulado pela Lei Federal nº 9.637, de 15 de maio de 1998, que dispõe sobre a qualificação de

entidades como organizações sociais, e outras medidas e providências.

Organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos (portanto, as-

sociações e fundações privadas), cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica,

ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e à preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde,

atendidos certos requisitos.

Gestão da Educação Profissional 23

O termo aditivo a um convênio “guarda-chuva”,

como instrumento que estabelece uma efetiva

parceria especificada, é, em tudo, um efetivo

convênio.É outro o sentido do instrumento,

também, chamado termo aditivo, que altera

um acordo em vigor, de qualquer tipo, pelo

qual as partes adicionam, ao original, modifi-

cação em uma ou mais cláusulas, por exem-

plo, para acréscimo ou exclusão de atividade

a executar, mudança em obrigação, inclusão

de novo parceiro, prorrogação de prazo etc.

Esta possibilidade de alteração deve estar pre-

vista no próprio instrumento de acordo original.

Se não estiver, a alteração leva à celebração

de um novo acordo (seja contrato, convênio,

contrato de gestão, seja termo de parceria ou

termo de compromisso).

Por contrato de gestão, entende-se o instru-

mento firmado entre o poder público e a entidade

qualificada como organização social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento

e execução de atividades relativas às áreas indicadas.

O contrato de gestão é elaborado de comum acordo entre o órgão ou entidade pública e a orga-

nização social, discriminando atribuições, responsabilidades e obrigações de ambas as partes. Sua

elaboração deve observar os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eco-

nomicidade e, na definição das cláusulas, devem ser contempladas:

• a especificação do programa de trabalho proposto pela organização social, a estipulação das

metas a serem atingidas e os respectivos prazos de execução, bem como previsão expressa dos

critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de qua-

lidade e produtividade;

• a estipulação dos limites e critérios para despesa com remuneração e vantagens de qualquer na-

tureza a serem percebidas pelos dirigentes e empregados das organizações sociais no exercício

de suas funções.

9.4. Termo de parceria

O termo de parceria é o instrumento específico para a formalização de acordo com Organização

da Sociedade Civil de Interesse Público – Oscip, seguindo modelo conforme os artigos 9º e seguintes

da Lei Federal nº 9.790/99, e artigos 8º e seguintes do Decreto nº 3.100/99.

Essa Lei, nº 9.790, de 23 de março de 1999, dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de

direito privado, sem fins lucrativos (portanto, associações e fundações privadas), como Organizações

da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o termo de parceria, e dá outras provi-

dências. Foi regulamentada pelo Decreto Federal nº 3.100/99.

Diz o art. 9º: “Fica instituído o termo de parceria, assim considerado o instrumento passível de

ser firmado entre o poder público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade

Civil de Interesse Público, destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o

fomento e a execução das atividades de interesse público previstas no art. 3º desta Lei”.

Apenas associações e fundações de direito privado, qualificadas pelo Ministério da Justiça como

Oscip, podem firmar termos de parceria e, somente, para desenvolver atividades de promoção da

assistência social; da cultura, da defesa e da conservação do patrimônio histórico e artístico; da edu-

cação e da saúde gratuitas, de forma complementar; da segurança alimentar e nutricional; da defesa,

da preservação e da conservação do meio ambiente e da promoção do desenvolvimento sustentável;

do voluntariado; do desenvolvimento econômico e social e do combate à pobreza; da experimenta-

ção não lucrativa de novos modelos socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, co-

mércio, emprego e crédito; de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria

jurídica gratuita; da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros

valores universais; de estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção

e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades

mencionadas no art. 3º da Lei nº 9.790/99.

O termo de parceria deverá ter, como essenciais, cláusulas sobre:

• seu objeto, contendo a especificação do programa de trabalho proposto pela Oscip;

• a estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos de execução

ou cronograma;

Educação Profissional :: Pontos de partida24

No Anexo IV, exemplo de contrato de gestão

• a previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados,

mediante indicadores de resultado;

• a previsão de receitas e despesas a serem realizadas, estipulando, item por item, as categorias

contábeis usadas pela organização e pelo detalhamento das remunerações e benefícios de pes-

soal a serem pagos, com recursos oriundos ou vinculados ao termo de parceria, a seus diretores,

empregados e consultores;

• o estabelecimento das obrigações da Oscip, entre as quais a de apresentar ao poder público, ao

término de cada exercício, relatório sobre a execução do objeto do termo de parceria, contendo

comparativo específico das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhado de

prestação de contas dos gastos e das receitas efetivamente realizados, independentemente das

previsões mencionadas no inciso IV;

• a publicação, na imprensa oficial do município, do estado ou da União, conforme o alcance das

atividades celebradas entre o órgão parceiro e a Oscip, de extrato simplificado do termo de par-

ceria e de demonstrativo da sua execução física e financeira.

9.5. Convênio para estágio

O convênio específico com organizações públicas e privadas para a realização de estágio de

alunos, bem como o termo de compromisso entre a organização concedente de estágio e o aluno

estagiário, são regulados pela Lei nº 6.494/77 (com alterações pela Lei nº 8.859/94 e medida provi-

sória), pelo Decreto Federal nº 87.497/82, pelo Parecer CNE/CEB nº 35/2003 e pela Resolução

CNE/CEB nº 01/2004.

Esse parecer e essa resolução do Conselho Nacional de Educação, em consonância com a le-

gislação federal pertinente, definem diretrizes normativas para a organização do estágio supervisio-

nado para alunos da educação profissional, do ensino médio e da educação de jovens e adultos.

A resolução entende que toda e qualquer atividade de estágio deve ser sempre curricular e su-

pervisionada, assumida intencionalmente pela instituição de ensino como um ato educativo. Assim,

os estagiários deverão ser alunos regularmente matriculados em instituições de ensino público ou

privado e devem estar frequentando curso compatível com a modalidade de estágio a que estejam

vinculados.

O estágio, portanto, é essencialmente uma atividade curricular, que deve integrar a proposta pe-

dagógica da escola e os instrumentos de planejamento curricular do curso, devendo ser planejado,

executado e avaliado em conformidade com os objetivos propostos, assim como realizado ao longo

do curso, permeando o desenvolvimento dos diversos componentes curriculares e não deve ser

etapa desvinculada do currículo.

A concepção do estágio como atividade curricular e ato educativo intencional da escola implica a

necessária orientação e a supervisão dele por parte do estabelecimento de ensino, por profissional

especialmente designado. Compete à escola tomar as decisões inerentes à realização do estágio,

na própria instituição, na comunidade ou em organizações públicas ou privadas.

As instituições de ensino e as organizações concedentes de estágio, a seu critério, poderão, se

o desejarem, contar com os serviços auxiliares de agentes de integração, públicos ou privados, me-

diante condições acordadas em instrumento jurídico apropriado.

São modalidades de estágio, a serem incluídas no projeto pedagógico da escola e no planeja-

mento curricular do curso, como ato educativo:

• estágio profissional obrigatório, em função das exigências decorrentes da própria natureza da ha-

bilitação ou qualificação profissional, planejado, executado e avaliado à luz do perfil profissional

de conclusão do curso;

Gestão da Educação Profissional 25

• estágio profissional não obrigatório, mas incluído no respectivo plano de curso, o que o torna ob-

rigatório para os seus alunos, mantendo coerência com o perfil profissional de conclusão do curso;

• estágio sociocultural ou de iniciação científica, previsto na proposta pedagógica da escola como

forma de contextualização do currículo, em termos de educação para o trabalho e a cidadania, o

que o torna obrigatório para os seus alunos, assumindo a forma de atividade de extensão;

• estágio profissional, sociocultural ou de iniciação científica, não incluído no planejamento da ins-

tituição de ensino, não obrigatório, mas assumido intencionalmente por ela, com base na de-

manda de seus alunos ou de organizações de sua comunidade, objetivando o desenvolvimento

de competências para a vida cidadã e para o trabalho produtivo;

• estágio civil, caracterizado pela participação do aluno, em decorrência de ato educativo assumido

intencionalmente pela instituição de ensino, em empreendimentos ou projetos de interesse social

ou cultural da comunidade; ou em projetos de prestação de serviço civil, em sistemas estaduais

ou municipais de defesa civil; ou prestação de serviços voluntários de relevante caráter social,

desenvolvido pelas equipes escolares, nos termos do respectivo projeto pedagógico.

As modalidades específicas de estágio profissional supervisionado somente são admitidas quando

vinculadas a um curso específico de educação profissional, ou de ensino médio, com orientação e

ênfase profissionalizantes.

A escola (e, eventualmente, seu agente de integração) deverá esclarecer a organização conce-

dente de estágio sobre a parceria educacional a ser celebrada e as responsabilidades a ela inerentes,

firmando convênio específico e objetivando o melhor aproveitamento das atividades socioprofissio-

nais que caracterizam o estágio.

Para a efetivação do estágio, deve ser firmado termo de compromisso entre o aluno e a parte

concedente de estágio, com a interveniência obrigatória da escola e facultativa de eventual agente

de integração. Este termo é que estabelece o vínculo do aluno com a organização concedente do

estágio, o qual, mesmo quando remunerado, não gera vínculo empregatício de qualquer natureza,

ressalvado o disposto sobre a matéria na legislação previdenciária.

Observe-se que a carga horária, a duração e a jornada do estágio, a serem cumpridas pelo aluno

estagiário, devem ser compatíveis com a jornada escolar do aluno, sendo a do estágio profissional

não superior a seis horas diárias, perfazendo trinta horas semanais. A do estágio supervisionado

não profissional não poderá exceder três horas diárias, perfazendo quinze horas semanais.

Educação Profissional :: Pontos de partida26

ANEXO IEste contrato é apresentado como exemplo, e não como modelo a ser aplicado.

Cada proposta ou minuta de contrato deve ser analisada pelo competente órgão jurídico.

Gestão da Educação Profissional 27

Educação Profissional :: Pontos de partida28

Gestão da Educação Profissional 29

Educação Profissional :: Pontos de partida30

Gestão da Educação Profissional 31

ANEXO IIEste convênio é apresentado como exemplo, e não como modelo a ser aplicado.

Cada proposta ou minuta de convênio deve ser analisada pelo competente órgão jurídico

Educação Profissional :: Pontos de partida32

Gestão da Educação Profissional 33

ANEXO IIIEste convênio é apresentado como exemplo, e não como modelo a ser aplicado.

Cada proposta ou minuta de convênio deve ser analisada pelo competente órgão jurídico.

Educação Profissional :: Pontos de partida34

Gestão da Educação Profissional 35

Educação Profissional :: Pontos de partida36

Gestão da Educação Profissional 37

ANEXO IVEste contrato de gestão é apresentado como exemplo, e não como modelo a ser aplicado.

Cada proposta ou minuta de contrato de gestão deve ser analisada pelo competente órgão jurídico.

Educação Profissional :: Pontos de partida38

Gestão da Educação Profissional 39

Educação Profissional :: Pontos de partida40

Gestão da Educação Profissional 41

ANEXO VEsta minuta de termo de parceria é apresentada para orientar a elaboração de

proposta que deve ser analisada pelo competente órgão jurídico.

Educação Profissional :: Pontos de partida42

Gestão da Educação Profissional 43

Educação Profissional :: Pontos de partida44

Gestão da Educação Profissional 45

ANEXO VIEsta minuta de convênio para concessão de estágio é apresentada para orientar a elaboração

de proposta que deve ser analisada pelo competente órgão jurídico.

Educação Profissional :: Pontos de partida46