gerais de equipamentos de proteção do sistema de ... · a chave fusível: também denominada...

12
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO ” FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA Micro Redes Apostila _02 Prof a Mariângela de Carvalho Bovolato Ilha Solteira - SP, agosto de 2013 Considerações Gerais de Equipamentos de Proteção do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica

Upload: doduong

Post on 21-Jan-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO ”

FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

Micro Redes

Apostila _02

Profa Mariângela de Carvalho Bovolato

Ilha Solteira - SP, agosto de 2013

Considerações Gerais de Equipamentos de Proteção do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica

Considerações Gerais sobre equipamentos de Proteção

1 - Introdução

No sistema elétrico ocorrem falhas que podem ser classificadas como sobretensões e sobrecorrentes, que se perdurarem podem causar danos aos equipamentos. Assim, o sistema de potência deve ser provido de proteções, de forma a eliminar a anormalidade o mais rápido possível. Por outro lado, esta proteção não deve atuar quando a anormalidade é pequena ou inexistente (seletividade), de forma a não prejudicar o fornecimento da energia.

Pode-se citar como exemplo, durante um curto-circuito, surge uma corrente de elevada intensidade que pode trazer efeitos mecânicos e térmicos aos equipamentos ligados ao circuito sob falha. Os efeitos mecânicos, cujas forças são proporcionais ao quadrado da corrente instantânea, podem deformar condutores e romper materiais isolantes. Já os efeitos térmicos estão ligados ao tempo de permanência da falha e ao valor eficaz da corrente e podem produzir um aquecimento excessivo dos materiais condutores isolantes, com sua consequente deterioração. As correntes de curto-circuito, de pequeno valor, podem causar danos permanentes e/ou temporários a pessoas e animais, se essas correntes não forem interrompidas em intervalo de tempo adequado.

Para minimizar os efeitos produzidos pelas correntes de falhas, é comum o uso dos seguintes equipamentos:

- corta circuito ou chaves fusíveis;

- religadores automáticos;

- seccionadores automáticos;

- reles com disjuntores.

2 – Equipamentos de Proteção: 2.1- CHAVES FUSÍVEIS 2.1.1-Definições

A Chave Fusível: também denominada Corta-Circuito, é o dispositivo constituído de um porta fusível e demais partes destinadas a receber um Elo Fusível. Elo Fusível: é uma peça facilmente substituível, composta de um elemento sensível e demais partes, que completa o circuito entre os contatos de um corta-circuito.

Revisão: out/2012

Sobrecorrentes: é a intensidade de corrente superior à máxima corrente permitida para um sistema, equipamento ou para um componente elétrico qualquer. Corrente Nominal do Fusível: é o valor de corrente que o fusível pode suportar continuamente sem deteriorar-se ou exceder os limites de temperatura especificados, satisfazendo as características de tempo/corrente desta especificação. Elo- Fusível Protegido: é aquele que está instalado do lado da fonte. Elo – Fusível protetor: é aquele que está instalado do lado da carga. 2.1.2 – Principio de Funcionamento da Chave Fusível, do tipo expulsão. Quando da circulação de sobrecorrente em uma chave fusível, devido ao efeito térmico, o elemento fusível se funde, interrompendo o circuito. A alta temperatura do arco provoca a queima e a decomposição parcial do revestimento interno do cartucho, gerando gases que interrompem o arco no instante de corrente nula. A pressão dentro do cartucho aumenta em função dos incrementos de temperatura e a geração dos gases cria condições dentro do tubo que ajudam a desionizar o caminho do arco. A pressão exercida também ajuda a manter a condição de circuito aberto, uma vez que as partículas ionizadas forçam a abertura das extremidades do cartucho, sendo expelidas em seguida.

2.2- RELIGADOR AUTOMÁTICO

O Religador Automático é um dispositivo interruptor automático, que abre e fecha seus contatos repetidas vezes na eventualidade de uma falha do circuito por ele protegido.

2.2.1 – Principio de Funcionamento. O Religador é um equipamento de proteção a sobrecorrentes utilizado em circuitos aéreos de distribuição, que opera quando detecta correntes de curto- circuito, desligando e religando automaticamente os circuitos um número predeterminado de vezes. Quando o religador sente uma condição de sobrecorrente, a circulação desta corrente é interrompida pela abertura de seus contatos. Os contatos são mantidos abertos durante determinado tempo, chamado de tempo de religamento, após o qual se fecham automaticamente para reenergização da linha. Se, no momento do fechamento dos contatos, a corrente persistir, a sequência abertura/fechamento é repetida até três vezes consecutivas e, após a quarta abertura os contatos ficam abertos e travados. O novo fechamento só poderá ser manual.

As operações de um religador podem ser combinadas nas seguintes sequências:

a- se for ajustado para 04 operações:

-uma rápida e três retardadas;

-duas rápidas e duas retardadas;

- três rápidas e uma retardada;

- todas rápidas;

- todas retardadas.

b- para qualquer número de operações menor que quatro, em combinações similares de operações rápidas e retardadas.

A partir dessa característica de temporização dupla, pode-se coordenar o equipamento com os fusíveis dos ramais de um alimentador ou outros equipamentos localizados a jusante.

Religador na saída de Subestação- (fonte CEMIG)

Os fabricantes, geralmente fornecem a curva média para uma operação temporizada do religador, com variações de ± 10%. Isto significa que para uma dada corrente In, o tempo de operação correspondente pode variar sobre uma reta, de ± 10% na base do tempo e ± 10% na base da corrente. O maior desvio será o limite aceitável. Quando se estuda a coordenação dos equipamentos, pode-se levar em consideração esta tolerância, admitindo sempre o caso mais desfavorável.

2.2.2 – Classificação dos Religadores a- Quanto ao número de fases Monofásicos: são utilizados para proteção de linhas monofásicas ou ramais de alimentadores trifásicos, um para cada fase, onde as cargas são predominantemente monofásicas, sendo que na eventualidade de ocorrer uma falha permanente para terra, será bloqueada somente a fase com falha, enquanto é mantido o serviço aos consumidores ligados às outras duas fases. Trifásicos: são utilizados onde é necessário o bloqueio das três fases simultaneamente, para qualquer tipo de falha permanente, a fim de evitar que cargas trifásicas sejam alimentadas com apenas duas fases. Os religadores trifásicos podem operar das seguintes formas: -trifásicos com operação monofásica e bloqueio trifásico: são constituídos de 03 religadores monofásicos, montados em um único tanque, com mecanismos interligados apenas para proceder o bloqueio trifásico. Cada fase opera independentemente em relação às correntes de defeito. - trifásicos com operação trifásica e bloqueio trifásico: são constituídos de um único religador, que opera e bloqueia sempre trifasicamente, independente do tipo de falta. Mesmo que a falta ocorra somente em uma fase, todos os contatos realizam a operação de abertura e fechamento. b- Quanto ao tipo de controle

Os religadores possuem dois tipos de controle: - controle hidráulico : as correntes são detectadas pelas bobinas de disparo que estão ligadas em série com a linha. Quando, através da bobina flui uma corrente igual ou superior à corrente mínima de disparo do religador, também conhecida como pick-up, o núcleo da bobina é atraído para seu interior, provocando abertura dos contatos principais do religador. Nos religadores com corrente nominal de até 200ª, são empregadas molas de fechamento, que são carregadas pelo movimento do núcleo da bobina série. Nos religadores com correntes nominais de 250, 280, 400 e 560 A, o fechamento é realizado pela bobina de fechamento, que é energizada pela tensão da linha. - controle eletrônico: o religador , com este tipo de controle apresenta mais facilidade para ajustes e ensaios e maior flexibilidade. É mais preciso, em comparação ao controle hidráulico. Este controle abriga-se em uma caixa separada do religador e permite modificações de ajustes no equipamento, sem a necessidade de sua abertura, onde tem-se:

Característica tempo x corrente; níveis de corrente de disparo; sequência de operação. c- Quanto ao meio de interrupção

Os religadores, em relação ao meio de interrupção, classificam-se em: - religadores com interrupção a óleo; - religadores com interrupção à vácuo. A interrupção à vácuo apresenta um período de trabalho cerca de 3 a 4 vezes maior do que o com interrupção a óleo, mas são mais caros devido as garrafas de vácuo serem importadas. 2.3 - SECCIONADOR AUTOMÁTICO O Seccionador Automático é um equipamento utilizado para interrupções automáticas de circuitos, que abre seus contatos quando o circuito é desenergizado por um equipamento de proteção situado à sua retaguarda e equipado com dispositivo para religamento automático.

2.3.1 – Principio de Funcionamento. O Seccionador é um equipamento basicamente construído de um elemento sensor de sobrecorrente e de um mecanismo para contagem de desligamentos do equipamento de retaguarda, além de contatos e de dispositivos para travamento na posição aberto. Quando ocorre uma sobrecorrente no circuito, passando através do seccionador, cujo valor seja maior ou igual à corrente de acionamento, o equipamento é armado e preparado para a contagem. A contagem se inicia quando a corrente que circula por ele é interrompida pelo equipamento de retaguarda ou cai abaixo de determinado valor. Após um certo

número dessas ocorrências, que corresponde ao ajuste do equipamento, ele abre os contatos e permanece travado na posição “aberto”, isolando o trecho com falha.

2.3.2 – Classificação dos religadores - Quanto ao número de fases: Monofásicos: são utilizados exclusivamente para seccionamento automático de sistemas monofásicos primários de Distribuição. Trifásicos : são utilizados exclusivamente para seccionamento automático de sistemas trifásicos primários de Distribuição. - Quanto ao tipo de controle : Controle Hidráulico: Este mecanismo compõe-se de3 uma bobina série e do respectivo êmbolo, um pistão de disparo, uma mola e duas válvulas de retenção. Um seccionador hidráulico opera, quando sua bobina série é percorrida por um fluxo de corrente que exceda 160% de sua corrente nominal. A operação de contagem de um seccionador típico se faz quando o religador de retaguarda interrompe uma sobrecorrente. O equipamento pode ser ajustado para mais de uma contagem e caso o número programado seja completado dentro do período de memória, o dispositivo abrirá seus contatos e só poderá ser fechado manualmente. O tempo de rearme dos seccionadores com controle hidráulico é de 1 a 1,5 minutos por contagem. Como a corrente mínima de acionamento é de 160% da corrente nominal da bobina, podem-se obter determinadas correntes mínimas de atuação através da simples troca de bobina série do equipamento.

Controle Eletrônico: As unidades controladas eletronicamente preparam-se para contar quando ocorre uma sobrecorrente e completam a contagem quando o circuito for desenergizado. A diferença está no fato de que os seccionadores com controle eletrônico têm suas operações supervisionadas por circuitos de estado sólido. Ocorrendo uma falta permanente, o seccionador irá disparar após o número prefixado de contagens. Caso a falta seja temporária, o circuito armazena a contagem em uma memória eletrônica até o tempo preestabelecido, para depois, gradativamente, esquecê-la. 2.3.3 – Acessórios Existem acessórios que aumentam a flexibilidade de aplicação dos seccionadores e são normalmente usados onde a coordenação é particularmente difícil. a- Acessório restritor de tensão Este dispositivo faz com que o equipamento seja capaz de contar somente as operações do dispositivo situado do lado da fonte e isto permitirá que o seccionador conte as interrupções somente quando não existir tensão no mesmo. Foi projetado somente para seccionadores trifásicos hidráulicos. b- Acessório restritor de corrente:

Este acessório desempenha a mesma função que o acessório restritor de tensão, efetua nos seccionadores hidráulicos, mas só é disponível para seccionadores eletrônicos e sua atuação se faça por comparação de correntes. c- Acessório restritor de corrente inrush.

Correntes de inruh são correntes transitórias de energização e desenergização de circuitos e equipamentos. Os acessórios restritor de corrente inruh são utilizados em sistemas onde a coordenação é prejudicada por altas correntes de inruh e quando este problema não é solucionado pelo aumento da corrente de atuação do seccionador, os equipamentos eletrônicos podem ser usados com o acessório restritor de corrente inruh. . Este tipo de acessório só é utilizado para seccionadores com controle eletrônico.