2.2 GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS A anlise apresentada neste item foi produzida para o Projeto Meu Lugar pelo Prof. Juars Aumond, da Universidade Regional de Blumenau. A regio de Blumenau est contida na Bacia Hidrogrfica do Itaja, geologicamente formada por litologias do Embasamento Catarinense (Escudo Catarinense), que incluem rochas magmticas e metamrficas mais antigas, rochas sedimentares e vulcnicas da Bacia Sedimentar do Paran e sedimentos mais recentes ainda incosolidados. Especificamente dentro desta regio ocorrem rochas do Complexo Granultico, Complexo Tabuleiro, Complexo Brusque, Grupo Itaja e Grupo Itarar. A maior extenso do territrio, abrangendo municpios de Blumenau, Pomerode, Benedito Novo, Indaial, Timb e Rio dos Cedros, compe parte do arcabouo geolgico mais antigo e formado por rochas metamrficas gnassicas granulticos. Os diferentes litotipos, associados aos movimentos tectnicos, intemperismo e a eroso diferencial, desenvolveram ao longo de milhes de anos uma morfologia diferenciada, caracterstica das serras litorneas. Vales apertados e controlados pela estrutura da rocha vm condicionando, desde a poca da colonizao, a ocupao humana e suas atividades. A ausncia de grandes superfcies planas torna impraticvel uma atividade baseada essencialmente na agricultura ou pecuria. Assim, cidades como Timb, Blumenau, Indaial e Pomerode, por exemplo, apresentam uma vocao predominantemente industrial, pelas limitaes impostas pela morfologia do terreno e pela tradio cultural dos imigrantes. Geomorfologia da Bacia Hidrogrfica do Rio Itaja

fonte: Santa Catarina, 1999.

Os condicionantes fsicos impuseram tambm, na origem da colonizao, em muitas cidades do

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Vale, um tipo de ocupao espacial que Siebert e Lapolli (1999) comparam com aquela ocorrida na Westflia (Alemanha) em que os rios esculpiram vales estreitos e impuseram um assentamento territorial longitudinal, nos quais os lotes estreitos e compridos so distribudos transversalmente ao rio e ao caminho para facilitar a comunicao, aumentar a segurana e dar acesso gua a todos. Esta ocupao fundiria espacial ainda hoje perceptvel na estrutura urbana de diversas cidades do Vale do Itaja e tambm condicionou, pelo menos em parte, uma vocao para atividades econmicas de alta concentrao espacial humana, como por exemplo, a indstria de tecidos, confeco, entre outras. As caractersticas petrogrficas das rochas granulticas e as feies morfolgicas de suas ocorrncias so tambm fatores determinantes na sua escolha, pela indstria da construo civil, para sua utilizao em unidades de produo de brita para atender as demandas regionais da construo civil. As rochas de constituio gnissica-quartzo-feldsptica, quando intemperizadas geram um excelente macadame, constituindo excelente matria-prima, extrado pelas administraes das prefeituras locais, para uso em aterros e manuteno do leito das rodovias municipais (AUMOND, 2005). O Complexo Tabuleiro, o Complexo Brusque e o Grupo Itaja, ocorrem no sul da regio e se estendem dentro dos municpios de Gaspar, Blumenau e Indaial. Destas trs estruturas geolgicas, tem expresso o Complexo Tabuleiro, que ocorre no sul dos municpios de Gaspar, Indaial e Blumenau, sendo formado por rochas metamrficas do tipo gnaisses-granito e migmatitos polifsicos. O Grupo Itaja representado por associaes de rochas vulcano-sedimentares de distribuio espacial sub-horizontais, com predominncia de conglomerados e espessos pacotes de camadas rtmicas de arenitos finos e folhelhos (ardsias) de baixo grau metamrfico. Esse Grupo ocorre em expressiva rea, estendendo-se pelos municpios de Gaspar, Blumenau e Indaial. As ardsias alteradas, ainda enriquecidas de metais alcalinos, aflorantes nos municpios de Gaspar e Ilhota, constituem as melhores e mais importantes fontes de abastecimento de matria-prima para a indstria de cermica vermelha regional. No sul de Blumenau, a tectnica, o sistema de fraturas, a morfologia do terreno, somado ao avanado estado de alterao dessas rochas, tornam algumas reas nos bairros do Garcia e da Velha, inadequadas a ocupao humana, por se constiturem em reas de risco de escorregamentos. O norte de Blumenau, incluindo parte considervel dos municpios de Indaial, Pomerode e Rio dos Cedros, onde afloram os granulitos, a morfologia suavizada e os vales assumem a forma de U aberto formando plancies com centenas de metros de largura. Pela sua morfologia, constituio geolgica e ausncia de cheias peridicas, constituem reas com vocao para expanso urbana. A paisagem do alto e mdio vale, dissecada pelos rios Benedito e Cedros, foi esculpida pelos rios sobre rochas sedimentares gondwnicas que compem o Supergrupo Tubaro. A feio mais marcante dessa paisagem, a topografia em forma de planalto sedimentar escalonado, com topo plano e bordas abruptas, resultante da eroso diferencial sobre pacotes de rochas sedimenatres. Esses altiplanos, ladeados por bordas abruptas, representam uma paisagem com elevado potencial turstico, seja pela morfologia do terreno, pelas suas belas quedas de guas (como p.ex. a cascata Vu de Noiva, no Municpio de Dr. Pedrinho), pela barragem de Alto Cedro e que somado a tradio cultural da populao local, determinam uma forte vocao turstica.

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O Grupo Itarar est presente nos municpios de Benedito Novo, Rio dos Cedros e Rodeio e formado por argilitos, ritmitos, diamictitos, arenitos e conglomerados, rochas ocorrentes nas nascentes do rio Benedito e do rio dos Cedros. Aqui a estruturao planar das rochas, caracterstica do planalto sedimentar, modelou a paisagem construindo grandes planos inexistentes no embasamento cristalino. A alterao dessas rochas gerou regionalmente solos Podzlicos Vermelho-Amarelo (Argissolos) e Cambissolos com horizonte B incipiente (EMBRAPA, 1999). Os primeiros se caracterizam por serem solos profundos (1 a 2 m), so bem drenados com marcante diferenciao entre o horizonte A, mais arenoso, e o horizonte B mais argiloso. Os Cambissolos so de menor espessura (0,5 a 1,5m) consistindo de solos jovens, que ainda esto trocando suas caractersticas. So solos susceptveis a eroso, principalmente quando o relevo acidentado. Nas plancies aluvionares altas, como as existentes em Dr. Pedrinho, se formam, com freqncia solos da ordem Glei Hmico, apresentando excesso de umidade, elevado teor de matria orgnica e por isso apresentam cores acinzentadas. Nestas condies, a rizicultura pode representar importante papel para a economia local. J nos altos campos, esculpidos sobre as rochas sedimentares gondwnicas, onde predominam os Cambissolos, o reflorestamento pode ser uma atividade econmica importante para a conservao desses solos. relevante destacar que o reflorestamento nessa regio ter reflexos positivos tambm a juzante, na medida em que a floresta tem importante papel de conservao das guas com minimizao do escoamento superficial e equilbrio do ciclo hidrolgico. Os argissolos mais profundos, ocorrentes nos altos campos de Rodeio, Dr Pedrinho e Rio dos Cedros, representam excelente fonte de matria-prima para uso na indstria cermica de revestimento regional (pisos e azulejos) e cermica estrutural local (tijolos, telhas e lages), (AUMOND, 2005). Os Sedimentos quaternrios formados por depsitos de encostas e plancies aluvionares so constitudos por argilas, siltes orgnicos ou no, areias e cascalheiras formados nos ltimos 10.000 anos, estando por isso, ainda inconsolidados. As plancies juzante de Blumenau, so constitudas por sedimentos que podem atingir at vrias dezenas de metros de espessura e esto sujeitas a inundaes ocasionais e formam freqentemente os denominados Gleissolos. A m drenagem desses solos apresenta srias restries para a ocupao urbana e para a prtica agrcola, no entanto, apresentam boas condies para o cultivo de arroz irrigado. fontes das referncias: AUMOND, Juars Jos. Geologia e Paleoambiente. In: Bacia do Itaja: Formao, recursos naturais e ecossistemas. EDIFURB: 2005. p. 20-44 (no prelo). EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificao de solos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999, 412 p. SANTA CATARINA. Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Zoneamento ecolgicoeconmico - ZEE: Vale do Itaja.Florianpolis, 1999. 170 p. SIEBERT, Claudia e LAPOLLI, Ana Paula. Lotes coloniais e loteamentos. In: Dynamis: revista tecno-cientifica. Blumenau: Editora da FURB, v. 7, n. 27, p. [78]-88, abr./jun. 1999.

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