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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIASECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL

CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSOSECRETARIA DE ESTADO DE INDÚSTRIA, COMÉRCIO, MINAS E ENERGIA DO

ESTADO DE MATO GROSSO-SICME-MT

PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASILPROJETO NOROESTE DE MATO GROSSO

FOLHA ARIPUANÃEscala 1:250.000

Organizado porMario Cavalcanti de AlbuquerqueCipriano Cavalcante de Oliveira

Goiânia, 2007

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

PROJETO NOROESTE DE MATO GROSSOFOLHA ARIPUANÃ

PROGRAMA INTEGRAÇÃO, ATUALIZAÇÃO E DIFUSÃO DE DADOS DA GEOLOGIA DO BRASIL,SUBPROGRAMA MAPAS GEOLÓGICOS ESTADUAIS, EXECUTADO EM CONVÊNIO ENTRE CPRM-

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE GOIÂNIA E A SECRETARIA DE ESTADO DE INDÚSTIRA,COMÉRCIO, MINAS E ENERGIA DO ESTADO DE MATO GROSSO - SICME-MT

Ficha Catalográfica

A 345 ALBUQUERQUE, Mário Cavalcanti de

Folha Aripuanã. Organizado por Mário CavalcantiAlbuquerque e Cipriano Cavalcante de Oliveira, escala1:250.000. Goiânia: CPRM, 2007. (Convênio CPRM/SICME-MT).

90 p. il.; + mapas

“Projeto Noroeste de Mato Grosso”Executado pela CPRM- Serviço Geológico do Brasil. Superintendência Regional deGoiânia.

1. Geologia Regional 2. Aripuanã 3. OLIVEIRA, CiprianoCavalcante de II. Título

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIASECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL

CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL

Programa Geologia do Brasil

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSOSECRETARIA DE ESTADO DE INDÚSTRIA, COMÉRCIO, MINAS E ENERGIA DO ESTADO DE MATO GROS-

SO - SICME-MT

GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS DA FOLHA ARIPUANÃCONVÊNIO DE COOPERAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA CPRM/SICME-MT

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIANELSON HUBNERMinistro Interino

SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO ETRANSFORMAÇÃO MINERALCLÁUDIO SCLIARSecretário

SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL-CPRMAGAMENON SÉRGIO LUCAS DANTASDiretor-Presidente

MANOEL BARRETTO DA ROCHA NETODiretor de Geologia e Recursos Minerais

JOSÉ RIBEIRO MENDESDiretor de Hidrologia e Gestão Territorial

FERNANDO PEREIRA DE CARVALHODiretor de Relações Institucionais eDesenvolvimento

EDUARDO SANTA HELENA DA SILVADiretor de Administração e Finanças Interino

REINALDO SANTANA CORREIA DE BRITOChefe do Departamento de Recursos Minerais

INÁCIO DE MEDEIROS DELGADOChefe da Divisão de Geologia Básica

JOÃO HENRIQUE CONÇALVESChefe da Divisão de Geoprocessamento

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DEGOIÂNIAMARIA ABADIA CAMARGO Superintendente

JOFFRE VALMÓRIO DE LACERDA FILHOGerente de Geologia e Recursos Minerais

JOÃO OLÍMPIO SOUZACIPRIANO CAVALCANTE DE OLIVEIRASupervisores

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSOBLAIRO BORGES MAGGIGovernador

SINVAL BARBOSAVice-Governador

SECRETARIA DE ESTADO DE INDÚSTRIA,COMÉRCIO, MINAS E ENERGIAALEXANDRE FURLANSecretário

MÁRCIO LUIZ DE MESQUITASecretário Adjunto de Gestão

MANOEL ANTONIO RODRIGUES PALMASecretário Adjunto de Desenvolvimento

JOAQUIM JURANDIR PRATT MORENOSuperintendente de Minas

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIASECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO MINERAL

SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL-CPRMPrograma Integração, Atualização e Difusão de Dados da Geologia do Brasil

Subprograma Mapas Geológicos Estaduais

Equipe ExecutoraMário Cavalcanti de AlbuquerqueCipriano Cavalcante de Oliveira

ConsultoresFrancisco Valdir Silveira

Jaime Alfredo Dexheimer LeiteRicardo da Cunha Lopes

APOIO TÉCNICOClaudionor Francisco de Souza

Divino Francisco de PaulaJoão Rocha de AssisLuiz Carlos de Melo

Gilsemar Rego de OliveiraMaria Gasparina de Lima

Nair DiasPedro Ricardo Soares Bispo

ColaboradoresRogério Roque Rubert

Isaias MamoréAntônio Augusto Soares Frasca

O Projeto Noroeste de Mato Grosso, uma ação do Programa Geologia do Brasil, desenvolvidoem convênio com a Secretaria de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia do Estadode Mato Grosso - SICME-MT foi executado pela Superintendência Regional de Goiânia, comapoio técnico das gerências de Geologia e Recursos Minerais-GEREMI-GO e Gerência de RelaçõesInstitucionais e Desenvolvimento (GERIDE), dos departamentos de Geologia-DEGEO e de RecursosMinerais-DEREM e das divisões de Geologia Básica-DIGEOB e de Geoprocessamento-DIGEOP.

Coordenação Técnica Nacional: Geólogos: )

Coordenação Técnica Regional: Geólogo Joffre Valmório de Lacerda Filho

Chefe do Projeto : Geólogo João Olímpio Souza

Reinaldo Santana Correia de Brito (DEREM)Inácio de Medeiros DelgadoJoão Henrique Gonçalves (DIGEOP

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

Departamento de Recursos MineraisReinaldo Santana Correia de Brito

Divisão de Geologia BásicaInácio de Medeiros Delgado

Gerência de Geologia e Recursos MineraisJoffre Valmório de Lacerda Filho

RevisãoHardy Jost

Revisão FinalJoão Olímpio Souza

Said AbdallahEdson Gaspar Martins

Hardy Jost

CRÉDITOS DE AUTORIA

CApítulo 1: INTRODUÇÃO:Mário Cavalcanti de AlbuquerqueCipriano Cavalcante de Oliveira

CAPÍTULO 2: Contexto Geológico RegionalJoffre Valmório de Lacerda FilhoCipriano Cavalcante de Oliveira

CAPÍTULO 3: Unidades EstratigráficasMário Cavalcanti de AlbuquerqueCipriano Cavalcante de OliveiraRicardo da Cunha Lopes – CPRM

CAPÍTULO 4: LitogeoquímicaLéo Rodrigues Teixeira

CAPÍTULO 5: Geologia EstruturalCipriano Cavalcante de OliveiraMário Cavalcanti de Albuquerque

CAPÍTULO 6: Geoquímica Prospectiva e GeofísicaEric Santos AraújoVladia Cristina Gonçalves de SouzaFrancisco Valdir Silveira

CAPÍTULO 7: Recursos MineraisCipriano Cavalcante de OliveiraMário Cavalcanti de Albuquerque

CAPÍTULO 8: Conclusões e RecomendaçõesMário Cavalcanti de AlbuquerqueCipriano Cavalcante de Oliveira

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS:- Súmula dos dados físicos de produção- Mapa Geológico da Folha Aripuanã

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

APRESENTAÇÃO

O Ministério de Minas e Energia, por meio da Secretaria de Geologia, Mineração e TransformaçãoMineral - SGM e do Serviço Geológico do Brasil - CPRM, e o Governo do Estado do Mato Grosso, porintermédio da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio Minas e Energia – SICME/MT, têm agrata satisfação de disponibilizar aos matogrossenses, à comunidade técnico-científica e aosempresários do setor mineral, o estado da arte do conhecimento geológico da Folha Aripuaña,como parte do PROJETO NOROESTE DE MATO GROSSO.

Em termos macro-políticos, o presente produto é mais uma ação do PROGRAMA GEOLOGIADO BRASIL da CPRM, do Plano Plurianual 2004-2007 do Governo Federal, cujo objetivo é encetarações que incrementem o conhecimento geológico, hidrogeológico, além de gerar importantesinformações para o melhor ordenamento e ocupação do território brasileiro.

As informações de superfície da região foram atualizadas e incorporadas aos mapas geológicoe de recursos minerais, escala 1:250.000, estruturados em Sistema de Informações Geográficas-SIG, e acompanhados de texto explicativo nos formatos digital e analógico.

O projeto compreendeu extensivos trabalhos de mapeamento geológico, coleta de amostras,estudos petrográficos e análise química de amostras de rocha e sedimentos ativos de corrente,suportados por interpretação de fotografias aéreas e de imagens de satélite, complementada comestudos geofísicos. Estes temas possibilitaram a geração e organização de banco de dados, demapa geológico e de recursos minerais, bem como a elaboração do texto explicativo, tudo subsidiadopelo grande acervo de dados que embasa o diagnóstico do potencial mineral da região.

Com este passo, o Serviço Geológico do Brasil sistematiza e organiza o conhecimento geológicodaquela região, compilado em sistema digital de fácil atualização, e dá um salto de qualidade nainfra-estrutura local, voltada à gestão do meio físico.

O Estado do Mato Grosso conta, assim, com poderoso instrumento de fomento à pesquisamineral e oferece aos potenciais investidores um trabalho confiável e orientador de estratégias amédio e longo prazo que, sem dúvida, promove um impacto sócio-econômico positivo, devido àgeração de riquezas. Por outro lado, o conhecimento geológico constitui indispensável ferramentapara o planejamento do ordenamento e ocupação territorial, em bases sustentáveis, aspecto que,por si só, sobreleva a importância do presente trabalho, cuja essência procura conciliar a exploraçãode riquezas minerais ao desenvolvimento sustentável.

Com mais este lançamento, a CPRM - Serviço Geológico do Brasil segue cumprindo a políticae ações governamentais de atualizar o conhecimento geológico do país, seja pela retomada doslevantamentos geológicos básicos, seja pela integração de dados.

Contribui, dessa maneira, com o resgate da infra-estrutura de desenvolvimento regional,como subsídio importante à formulação de políticas públicas e apoio às tomadas de decisão deinvestimentos. Reconhecendo o esforço de todos os que possibilitaram concretizar esta obra, osparceiros enaltecem a importância da atuação conjunta entre a CPRM e a SICME/MT, como açãoimportante de uma efetiva política nacional de geologia e de mapeamento geológico, integrada eseguida pelos órgãos estaduais do setor e coordenada e articulada pela Secretaria de Geologia,Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, por intermédio da CPRM -Serviço Geológico do Brasil.

Agamenon Sérgio Lucas DantasDiretor-Presidente do

Serviço Geológico do Brasil – CPRM

Alexandre FurlanSecretário da

Secretaria de Estado de Indústria, Comércio,Minas e Energia

Governo do Estado de Mato Grosso

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

RESUMO..................................................................................................................ABSTRACT..............................................................................................................1. INTRODUÇÃO...................................................................................2. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL.................................................3. UNIDADES ESTRATIGRÁFICAS..........................................................4. LITOGEOQUÍMICA.............................................................................5. GEOLOGIA ESTRUTURAL..................................................................6. GEOQUÍMICA PROSPECTIVA E GEOFÍSICA.......................................7. RECURSOS MINERAIS......................................................................8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................ANEXOS- Súmula dos dados físicos de produção........................................................- Mapa Geológico da Folha Aripuanã

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S U M Á R I O

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

RESUMO

Este relatório contém os resultados do mapeamento geológico, do levantamento geoquímicoe da avaliação do potencial mineral da folha Aripuanã (SC.21-Y-A), na escala 1:250.000, localizadana noroeste de Estado de Mato Grosso, e abrange cerca de 18.000 km². O estudo é parte doProjeto Noroeste de Mato Grosso, realizado mediante o Convênio CPRM - Serviço Geológico doBrasil/SICME, dentro do Programa Geologia do Brasil.

O estudo foi desenvolvido com técnicas de interpretação de mapeamento geológico a partirde imagens SRTM e ETM+. Os produtos de sensoriamento remoto e os dados aerogeofísicos foramprocessados digitalmente por meio do ENVI e integrados em sistema de informações geográficas(GIS). Os trabalhos de campo foram efetuados com o levantamento de perfis geológicos ao longode estradas e trilhas e envolveu o estudo de afloramentos, coleta de amostras, análisespetrográficas, litoquímicas e geocronológicas (métodos U-Pb e Sm-Nd) e amostragem sistemáticade sedimentos de corrente e concentrados de bateia.

A integração multidisciplinar das informações permitiu estabelecer nova ordenaçãoestratigráfica para a área, a qual é constituída de terrenos plutono-vulcânicos e bacias sedimentaresdo Proterozóico da porção sudoeste do Cráton Amazônico, e fazem parte da Província Rondônia-Juruena (1,810-1,520 Ma.) subdividida nos domínios Roosevelt-Aripuanã (1,790 Ma) e Jamari (1,760-1,535 Ma).

O domínio Roosevelt-Aripuanã é um segmento plutono-vulcânico formado pelas seguintesunidades litodêmicas: (i) Suíte Intrusiva Vitória (1,77 Ga) - tonalitos, granodioritos e quartzo-monzodioritos; (ii) Granito São Pedro (1,78 Ga) - granodioritos, biotita-anfibólio granodioritos equartzo dioritos; (iii) Granito Zé do Torno (1,77 Ga) - monzo e sienogranitos deformados; (iv)Grupo Roosevelt (1,74 Ga) - seqüência metavulcano-sedimentar: a) unidade metavulcânica – riolitos,dacitos, vulcanoclásticas e piroclásticas e b) unidade metassedimentar - chert, formação ferrífera,quartzitos ferruginosos e metapelitos; (v) Suíte Nova Canaã (1,74 Ga) - monzogranitos e quartzo-sienitos; (vi) Intrusivas Básicas Serra do Cafundó - diques e sills de gabro, microgabro, diabásio ediorito. As rochas da Suíte Vitória têm características petrográficas e químicas similares às de arcomagmático, aqui denominado de Roosevelt (1,79-1,65 Ga). Este período foi sucedido por uma fasetardi-orogênica e pós-colisional, representada por um conjunto plutono-vulcânico cálcio-alcalinode alto potássio representado pelos granitos Zé do Torno e São Pedro, pela Suíte Intrusiva NovaCanaã e pelo Grupo Roosevelt.

O domínio Jamari evoluiu em regime anorogênico e consiste de: (i) Granito Aripuanã (1,54Ga) – alcaligranitos e sienogranitos; (ii) Granito Rio Vermelho - sienogranitos porfiríticos e rapakivi;(iii) Granito Fontanillas – biotita sienogranitos e biotita monzogranitos porfiríticos e rapakivi e (iv)Alcalinas Canamã - sienitos, microssienitos, quartzo-sienitos e biotita traquitos. Este conjuntoplutônico integra uma associação AMCG típica de ambiente anorogênico, com todos os seusrepresentantes cartografados e definidos na folha Juína.

No Mesoproterozóico formou-se a Bacia do Dardanelos, representada pelas rochasmetassedimentares da Formação Dardanelos e sills e diques máficos da Formação Arinos.

A área contém dois domínios tectono-estruturais, um essencialmente dúctil (Dn+1) e outrorúptil a rúptil-dúctil (Dn+2), desenvolvidos em regime compressional e transtensional. O domíniodúctil é marcado por zonas de cisalhamento transcorrente sinistrais, orientadas E-W/subvertical,conjugadas com zonas transcorrentes de componente oblíqua (transpurrão) de direçãopredominante NW-SE, com o vetor compressivo situado na posição NE-SW.

O domínio rúptil a rúptil-dúctil é caracterizado por zonas de cisalhamento confinadas, delargura centimétrica a métrica, derivadas por nucleação de fraturas e/ou falhas orientadaspreferencialmente na direção NE-SW que interceptam e deslocam as zonas de cisalhamento dúctilde direção E-W a NW-SE, formadas no evento Dn+1.

O levantamento geoquímico regional realizado, integrado aos dados de anomaliasaerogeofísicas, ratificou as áreas com mineralizações conhecidas, como o depósito polimetalico(Zn, Pb, Ag, Cu, Au) de Aripuanã, e ocorrências auríferas (Garimpos Mastigado I e II). Tambémresultou na identificação de novos alvos mediante anomalias de Fe, Au e Ag nas rochasmetassedimentares do Grupo Roosevelt, especialmente nas formações ferriferas; de Ag e .Au noGranito Aripuanã e nas Alcalinas Canamã; de Rb, Al, Ga, Sn, Be, Au, Ag e ETR aliadas a anomaliasgeofísicas hidrotermais em zonas de cisalhamento e de Cr, Ni, Co, Zn, Ag e Au no domínio dosgabros e basaltos da Formação Arinos.

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

ABSTRACT

This report contains the results of a systematic geological mapping, geochemical regionalsurvey results, in a 1:250.000 scale, and the evaluation of the metalogenetic potential of the FolhaAripuanã (SC.21-Y-A), located in northwest portion of State of the Mato Grosso, with an area of18.000 km². The mapping project is part of the Northwest Project of Mato Grosso performed byagreement between the Geological Survey of Brazil (CPRM) and SICME, and part of the GeologyProgram of Brazil.

The study was developed using interpretation techniques of geological maps and SRTM andETM+ images. The remote sensing products and aerogeophysical data were processed by meansof ENVI and integrated in a Geographic Information System (GIS). The fieldworks were performedby geological profiles along roads and paths with outcrop description. Petrography and lithochemicalanalyses, geochronologic dating (U-Pb and Sm-Nd methods), and systematic sampling of streamsediments and pan concentrated were also carried.

The multidisciplinary integration of the obtained data allowed to establish a new stratigraphicordering for the area, which is constituted by Proterozoic plutono-volcanic terrains and sedimentarybasins of the southwestern portion of the Amazon Craton, being part of the Rondônia-JuruenaProvince (1.810-1.520 Ma) subdivided into the Roosevelt-Aripuanã (1.790 Ma) and the Jamari (1.760-1.535 Ma) domains.

The Roosevelt-Aripuanã domain is a plutono-volcanic segment composed of the followinglithodemic units: (i) Vitória Intrusive Suite (1,77 Ga) – tonalites, granodiorites and quartz-monzodiorites; (ii) São Pedro Granite (1,78 Ga) - granodiorites, biotite-amphibole granodioritesand quartz-diorites; (iii) Zé do Torno Granite (1.77 Ga) – deformed monzogranites and syenogranites;(iv) Roosevelt Group (1.74 Ga) subdivided into two sequences: a) metavolcanic unit – riolitos,dacites and pyroclastic rocks, and b) metasedimentary unit - chert, iron formation, ferruginousquartzites and metapelites; (v) Nova Canaã Suite (1,74 Ga) - monzogranites and quartz-syenites;(vi) Serra do Cafundó Basic Intrusives – dikes and sills of microgabbro, diabase and diorite. Rocksof the Vitória Suite have petrographic and chemical characteristics similar to those of magmaticarcs, here called as Roosevelt (1,79-1,65 Ga).

This period was succeeded by a late orogenic to post-collisional event represented by high-K calc-alkaline magmatism (Zé do Torto and São Pedro granites, Nova Canaã Intrusive Suite andthe Roosevelt Group).

The Jamari domain formed under an anorogenic regime and is represented by (i) the AripuanãGranite (1,54 Ga) – alkali granites and syenogranites; (ii) Rio Vermelho Granite – porphyritic andrapakivi syenogranites; (iii) Fontanillas Granite - biotite syenogranites and porphiritc and rapakivibiotite syenogranites and (iv) the Canamã Alkaline rocks - syenites, microsyienites, quartz-syenites,and biotite trachyte. This plutonic set integrates an AMCG association, typical of anorogenicenvironment, with all its representatives mapped and defined in the Folha Juína.

The Mesoproterozoic is represented by rocks of the Dardanelos Basin, which consists of themetasedimentary rocks of the Dardanelos Formations and mafic dikes and sills of the ArinosFormation.

Two tectono-structural domains occur in the area, one ductile (Dn+1) and another brittle tobrittle-ductile (Dn+2), developed in compressional and transtensional regimes. The ductile domainis marked by E-W/subvertical sinistral strike-slip shear zones, conjugated with NW-SE oblique shearzones, with the maximum NE-SW compressive vector.

The brittle to brittle-ductile domain is characterized by restrict, centimetric to metric shearzones derived by fracture and/or fault nucleation preferably oriented NE-SW, which crosscut anddisplace the ductile E-W to NW-SE shear-zones formed during the Dn+1 event.

Regional geochemical survey results integrated with aerogeophysical anomaly data recognizedthe already known mineralized areas, as the Aripuanã polimetalic deposit (Zn, Pb, Ag, Cu, Au) andauriferous occurrences (Garimpo Mastigado I and II). They also lead to the identification of newtargets, the main being the Fe, Au, and Ag anomalies associated with metasedimentary rocks ofthe Roosevelt Group, specially the iron formations; Ag and Au anomalies associated to the AripuanãGranite and Canamã alkaline rocks; Sn, Be, Au, Ag and REE anomalies related to hydrothermalgeophysical signatures in shear zones and the Cr, Ni, Co, Zn, Ag and Au anomalies associated tothe gabbros and basalts of the Arinos Formation.

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

A Folha Aripuanã (SC.21-Y-A) é parte inte-grante do Projeto Noroeste de Mato Grosso,objeto de convênio firmado entre a CPRM - Ser-viço Geológico do Brasil e o Governo do Estadode Mato Grosso, por intermédio da Secretariade Estado de Indústria, Comércio Minas e Ener-gia – SICME/MT, inserido no Programa Levanta-mento Geológico Básico do Brasil (PLGB). O proje-to visou ao mapeamento geológico e ao levanta-mento geoquímico de três folhas na escala1:250.000 (Aripuanã, Tapaiúna e Juína), compre-endendo aproximadamente 54.000 km², para do-tar a região de cartografia geológica básica, cominformações atualizadas capazes de fomentar aprospecção e pesquisa mineral em área com fortepotencial e vocação mineira, onde já há expressi-vas ocorrências auríferas e ferríferas e um depósi-to de substâncias polimetálicas (Pb-Zn-Cu-Au),além de granitos com potencial para uso como ro-cha ornamental.

1.1 – Métodos de trabalhoA sistemática de trabalho seguiu os princí-

pios padronizados no guia de procedimentos téc-nicos do Programa de Levantamento GeológicoBásico do Brasil (PLGB), adotado pela CPRM – Ser-viço Geológico do Brasil, compreendendo as se-guintes etapas:

Etapa Preparatória – Consistiu no plane-jamento, análise da documentação técnica dis-ponível, aquisição de bases cartográficas, ima-gens de radar, satélite (Landsat, Shauttle, ETM,Áster, Cbers) e fotografias aéreas na escala1:60.000 (USAF-1967) e mapas aerogeofísicosdigitais e bases plani-altimétricas; tratamentodos dados, fotointerpretação, interpretação deimagens de satélite, integração dos dados geo-lógicos e aerogeofísicos, elaboração do mapageológico digital preliminar e programação dasatividades de campo.

Atividades de Campo – O mapeamentogeológico sistemático compreendeu o levantamen-to de perfis estratégicos ao longo de estradas,trilhas e picadas, prioritariamente transversais àsunidades geológicas e à estruturação regional,avaliação das principais anomalias aerogeofísi-cas, coleta de amostras de rocha para análisespetrográficas, químicas e geocronológicas, e deamostras de sedimento de corrente e concen-trado de bateia para tratamento geoquímico, emestações previamente selecionadas ao longo dasdrenagens. Em função da complexidade geoló-

gica, a densidade dos afloramentos estudadosfoi maior nas unidades plutônicas e vulcânicasdo que nas sedimentares, pela pouca varieda-de litológica e dificuldades de acesso. O mapea-mento e a amostragem não foram executadosnas áreas de Reservas Indígenas.

O cadastramento dos recursos mineraiscompreendeu o levantamento dos dados de con-sistência locacional do bem mineral, condiciona-mento geológico/estrutural, forma de ocorrência,reserva/teor e método de explotação.

Análises de Laboratório - Em razão de amaioria das amostras coletadas durante o ma-peamento geológico ser de rochas ígneas, op-tou-se pela realização de análises petrográficas,químicas para óxidos de elementos maiores ede elementos traços e de isótopos. As análisespetrográficas, inclusive a preparação das lâmi-nas, foram feitas na Superintendência Regionalde Goiânia (CPRM), as análises químicas e geo-químicas pelo laboratório da ACME, as mineraló-gicas pela Superintendência Regional de PortoAlegre (CPRM) e as isotópicas pela Universida-de Federal do Rio Grande do Sul.

Montagem do SIG Geológico - Compre-endeu a consolidação de todas as informaçõesdo Projeto, alimentação do banco de dados daCPRM (GEOBANK), bases AFLO, PETR, GEOCR eGEOQ, e digitalização do mapa geológico final,com emprego do programa Arc-Map.

Elaboração da Nota Explicativa - Acom-panham cada folha notas explicativas engloban-do os tópicos descritivos e interpretativos, tornan-do-se desnecessária a elaboração de um relató-rio integrado.

1.2 – Localização e Vias de AcessoA Folha Aripuanã tem cerca de 18.000 km2,

localiza-se na porção noroeste de Mato Grosso,Região Amazônica, é limitada pelos paralelos10º00’ e 11º00’ de latitude sul e meridianos58°30’ e 60º00’ de longitude oeste de Greenwiche abrange partes dos municípios de Aripuanã,Juruena, Castanheira, Juína e Colniza (Fig. 1.1).

O acesso à área por via rodoviária a partirde Cuiabá, em percurso de 970Km, é feito pelaBR-163 (Cuiabá-Santarém) até Jangada e, daí,pelas rodovias asfaltadas MT-246, BR-364 e MT-170 até Juína, e, a seguir, pela MT-418, não pavi-mentada, até Aripuanã,. Diversas rodovias esta-duais e municipais, além de estradas vicinais, per-mitem o deslocamento na área. Por via aérea, Juína

1 – Introdução

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

e Aripuanã são servidas com vôos regulares apartir de Cuiabá em aeronaves de pequeno emédio porte.

1.3 – Aspectos Sócio-EconômicosAs principais atividades econômicas da re-

gião estão centradas no setor primário, como apecuária extensiva, exploração madeireira, agri-cultura e mineração. A atividade secundária con-siste na geração de energia elétrica e no turismoecológico.

A pecuária concentra-se na criação degado para corte que abastece os frigoríficos dosmunicípios vizinhos de Alta Floresta, Juína,Tangará da Serra e Juara, que elaboram produ-tos semi-industrializados para abastecimentodos mercados mato-grossense, nacional e inter-nacional.

A indústria madeireira mostra sinais de de-clínio, mormente em função da fiscalização maisefetiva dos órgãos ambientais, com sérios abalosà economia regional. As espécies mais explora-das são a peroba, umburana, piúva, angico, ipê eo cedro.

A agricultura está em expansão devido àalta produtividade das lavouras de grande por-te. Dentre as principais culturas destacam-se ado arroz, milho, sorgo, soja, milheto e, de formaincipiente, do algodão. Pequenos produtorescultivam café, feijão e guaraná.

O setor mineral conta com um depósitopolimetálico (Zn, Pb, Cu, Ag e Au) do GrupoVotorantin, com reservas da ordem de 23 milhões

de toneladas.Indústrias de cerâmica vermelha, para a

produção de telhas e tijolos, e a extração deareia e cascalho por meio de dragas, estão ins-taladas nos arredores dos principais centros ur-banos.

A atividade garimpeira floresceu principal-mente nas décadas de 1980 e 1990, com a ex-tração de ouro nos garimpos “Vale do Ouro” e“Expedito”. Atualmente, com a exaustão dessesdepósitos secundários e o incremento da fiscali-zação pelos órgãos ambientais, esta atividadese concentra apenas na extração de ouro deveios de quartzo em zonas de cisalhamento, nogarimpo do Bigaton, na serra do Expedito.

A energia elétrica da região é gerada pe-las usinas hidroelétricas FACHINAL I (2,4MW) eFACHINAL II (10,0MW) (Leodete & Amorim, 2000).Está em construção a usina hidroelétrica Darda-nelos, com capacidade nominal de aproximada-mente 261MW.

O turismo ecológico vem despontando comouma atividade promissora, fomentado pelopaisagismo contemplativo dos inúmeros locais daregião, como serras, cachoeiras (Foto 1.1), gru-tas, cavernas, canyons ruiniformes e pesca espor-tiva.

A cidade de Aripuanã conta com infra-estru-tura consolidada e dispõe de cursos de formaçãouniversitária, hospitais, agências bancárias, hotéis,energia elétrica, água tratada, agência telefônica,emissoras de rádio e comércio diversificado (MatoGrosso-MT, 2005).

Figura 1.1 - Mapa de localização da Folha Aripuanã

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tono/inverno), o que resulta em duas estaçõesbem definidas, com verão chuvoso e invernoseco.

A hidrografia da área está representadapela bacia do rio Aripuanã, localizada na porçãooeste da folha e com fluxo de sul para norte. Seusprincipais tributários da margem direita são os riosCanamã, Taboca, Capitari, Branco, Furquim. Naporção leste da folha situam-se os rios Tucumã eVermelho, afluentes da margem esquerda do RioJuruena. As drenagens menores possuem padrãodendrítico com variação para radial e circular.

A vegetação dominante compreende oBioma das Florestas (IBGE, 2007). Cerca de 60%da folha é ocupada pela Floresta Ombrófila den-sa, desenvolvida na superfície rebaixada que cir-cunda a serra do Dardanelos com cotas entre150 e 250 m. Esta é sempre verde, com dosselde até 15 m e árvores de até 40 m de altura,caracterizada por mogno, cedro e ipê. Os de-mais 40% compreendem o platô da serra doDardanelos, desenvolvida entre as cotas 250 e450 m e constituída de floresta aberta, em meioa zonas aplainadas e dissecadas, onde se de-senvolve vegetação arbustiva, arborescente,trepadeiras e epífitas e, nas áreas mais úmidas,figueiras, jerivás e palmitos.

Boaventura (1974) e Melo & Franco (1978)descrevem a existência de três domíniosgeomorfológicos distintos na folha, isto é, o Pla-nalto Residual do Norte de Mato Grosso, o Pla-nalto Dissecado Sul da Amazônia e a DepressãoInterplanáltica da Amazônia Meridional (Fig. 1.2).

O domínio do Planalto Residual do Norte de

Figura 1.2. Mapa das Unidades Geomorfológicas da Folha Aripuanã, modificado do Projeto Radambrasil(1970). Legenda: PRNMT – Planalto Residual do Norte do Mato Grosso; PDSA – Planalto Dissecado Sul daAmazônia; DIAM – Depressão Interplanáltica da Amazônia Meridional.

Foto 1.1 – Turismo no balneário Oásis nas cacho-eiras do Rio Aripuanã.

1.4 – Aspectos Climáticos, Fisiográficos eGeomorfológicos

A área em estudo enquadra-se namicrorregião Norte Mato-Grossense (Leodete &Amorim, 2000), com temperatura média anual de26ºC, com máxima de 37°C em setembro e ou-tubro e mínima de 14°C em junho e julho.

O regime de chuvas está associado ao cli-ma da região, definido como tropical continen-tal, com precipitação pluviométrica média anualentre 2.500 a 2.750 mm. O período de chuvasabrange de novembro a março (primavera/ve-rão), e a estação seca de abril a setembro (ou-

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Mato Grosso abrange aproximadamente 40% daárea e é caracterizado por relevo aplainado comcotas entre 250 e 450 m sustentadas pelas ro-chas sedimentares da Formação Dardanelos evulcânicas da Formação Arinos, e contornado poruma superfície rebaixada onde dominam as rochassupracrustais do Grupo Roosevelt e o Granito Zédo Torno.

A Depressão Interplanáltica da Amazôni-ca Meridional compreende cerca de 55% da fo-lha e se caracteriza por relevo com superfíciesde aplainamento dissecadas, formas convexas

e colinas restritas e de cotas entre 150m e 450m, sustentadas pelo Granito Zé do Torno e pe-las rochas supracrustais do Grupo Roosevelt,cobertas por solo podzólico vermelho, distrófico,pouco espesso.

O Planalto Dissecado Sul da Amazôniaperfaz cerca de 5% da folha e se caracteriza porrelevo dissecado e isolado no extremo nordes-te, norte e noroeste da mesma, com cotas entre300 e 400 m, nos domínios das rochas do GrupoRoosevelt, do Granito Zé do Torno, Granito Ari-puanã e das Alcalina Canamã.

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A Folha Aripuanã situa-se na porção su-doeste do Cráton Amazônico (Almeida et al.,1977, 1981) (Fig. 2.1), no âmbito da ProvínciaRio Negro-Juruena (Tassinari et al., 1996) ouRondônia-Juruena (Santos, 2000) (Fig. 2.2) e éconstituída por terrenos pré-cambrianos plutono-vulcânicos, bacias sedimentares proterozóicas ejuro-cretácicas, coberturas plataformaispaleógenas/neógenas e formações superficiaisneógenas.

A evolução do conhecimento geológicosobre a região resulta de vários estudos apoia-dos em levantamentos geológicos, geofísicos egeoquímicos executados principalmente pelaCPRM - Serviço Geológico do Brasil, realizadosdesde a década de 1970, de maneira isolada oupor convênios com o DNPM e o governo do Esta-do de Mato Grosso, e pelo Projeto RADAMBRASIL.Trabalhos desenvolvidos pelas universidades, aexemplo da UFMT, USP e UnB, e empresas demineração, também foram decisivos naelucidação e entendimento da geologia e evolu-ção da área.

Até então, esta área era inserida no Com-plexo Xingu indiviso, juntamente com as cober-turas sedimentares do Grupo Caiabis, FormaçõesDardanelos, Arinos, Arenito da Fazenda CasaBranca e Alcalinas Canamã (Silva et al., 1980).

Estudos geológicos e datações geocrono-lógicas por métodos modernos mais precisosrealizados por Leite et al. (2001a), Leite & Saes(2003), Souza et al. (2004), Lacerda Filho et al.(2004), Rizzotto et al. (2002, 2004) e Leite et al.(2005a, 2005b), aliados aos dados desse rela-tório, permitem o melhor entendimento da suaevolução geológica, delimitar seus principais com-partimentos geotectônicos e propor novoordenamento estratigráfico para a área. Nesteestudo também se procurou destacar apotencialidade metalogenética da mesma, emparticular para metais básicos, ouro e diaman-te.

A Província Rondônia–Juruena (Santos,2000), onde se insere a área em estudo, situa-se na porção sudoeste do Cráton Amazônico eformou-se entre 1,85 e 1,53 Ga. (Fig. 2.2). Estáorientada segundo NW-SE a E-W e é constituí-da por terrenos graníticos e vulcanossedimen-tares que evoluíram em sucessivos episódiosorogenéticos (Scandolara et al. 1995; Rizzottoet al. 1995; Santos et al., 2000; Leite et al.2001a; Lacerda Filho et al., 2001, 2004; Frascaet al., 2003; Souza et al., 2004). A província foiinicialmente subdividida por Santos (2003) nosdomínios Jamarí e Roosevelt-Juruena e modifi-cada por Lacerda Filho et al. (2004, 2006) para

2. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

Figura 2.1 - Compartimentação tectônica do território brasileiro, segundo Schobbenhaus et al. (1984).

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2.1 - Domínio Roosevelt-Aripuanã (1.790-1.740. Ma)

Este domínio é um segmento crustal doPaleoproterozóico exposto na porção noroestedo Estado de Mato Grosso (Fig. 2.2.). Limita-sea nordeste pelo Domínio Juruena, caracterizadopelo Arco Magmático Juruena de idade-modeloSm-Nd (TDM) de 2.100 Ma e idades U-Pb entre1.850 e 1.773 Ma, e, ao sul, pelo Domínio Jamaride idade U-Pb 1.763-1.734 Ma e Sm-Nd TDM de2,2-2,1 (Payola et al., 2002; Santos, 2003). Odomínio consiste de (i) rochas do embasamento;(ii) suítes de rochas graníticas cálcio-alcalinas;(ii) grupos de rochas vulcânicas e vulcanossedi-mentares (iii) granitos anorogênicos e (iv) baci-as sedimentares a leste da Serra da Providên-cia (Rondônia) até o limite com o domínio Juruena(Rio Apiacás) e abrange o noroeste de Mato Gros-so (municípios de Aripuanã, Juruena, Nova Mon-te Verde e Apiacás).

(i) Embasamento - Ocorrem dois tipos deembasamento. O mais antigo é representado porrochas supracrustais e metaplutônicas(ortognaisses, metagabros e anfibolitos) do Com-plexo Bacaeri Mogno, com idade isocrônica Sm-Nd de 2.243 ± 130 Ma (Souza et al., 2004). Omais jovem consiste de ortognaisses e rochassupracrustais do Complexo Nova Monte Verde(1.785 ± 8 Ma). Pimentel (2001) registra a ocor-rência de evento tectono-metamórfico de idade

U-Pb SHRIMP em zircão de anfibolito do Comple-xo Monte Verde de 1.653 ± 42 Ma, a qual poderepresentar a fase colisional marcada pormetamorfismo de grau alto acompanhada darecristalização do zircão (Santos, 2003).

(ii) Suítes Graníticas Orogênicas a Pós-Orogênicas - Caracterizadas por diversas suí-tes graníticas cálcio-alcalinas do intervalo entre1.790 e 1.740 Ma (U/Pb SHRIMP) e compostaspor quatzo-dioritos, tonalitos e granodioritos daSuíte Intrusiva Vitória (1.775 Ma a 1.785 ± 8 Ma),quartzo-dioritos, granodioritos e granitos cálcio-alcalinos de alto K São Pedro (1.784 ±17 Ma,Pimentel, 2001), São Romão (1.770 ± 9 Ma) e Zédo Torno (1.743 ± 4 Ma) além de rochas graníti-cas alcalinas e cálcio-alcalinas das Suítes NovaCanaã e Morro do Índio. Este conjunto, de ida-de-modelo Sm-Nd TDM de 2.182 Ma, sugere lon-go período de residência crustal e podecorresponder a um arco magmático continental,do qual o Complexo Monte Verde representa afração dominantemente juvenil.

(iii) Grupos Vulcânicos eVulcanossedimentares (Grupos Roosevelt eSão Marcelo Cabeça) – Formaram-se no iníciodo Estateriano, são contemporâneos a algumasdas supracitadas suítes graníticas e possuemafinidade cálcio-alcalina de alto potássio. O Gru-po Roosevelt é vulcanossedimentar, se originouem bacias intermontanas de arco vulcânico (San-

Figura 2.2 - Compartimentação do Cráton Amazônico, em Províncias com a subdivisão da ProvínciaRondônia-Juruena em domínios, Santos (2003) modificada por Lacerda Filho (2006).

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tos, 2003) e tem idade U/Pb SHRIMP de 1.740 ±8 Ma. (Rizzotto et al. 1995 e Santos et al., 2000).Esse terreno recebeu a denominação de ArcoMagmático III (Santos, 2003), ou arco vulcâni-co-plutônico Japuira-Roosevelt (Leite et al.,2005) desenvolvido entre 1.770 e 1.740 Ma, comidade Sm-Nd TDM entre 2.320 e 2.650 Ma e εNd de0,56 a -2,76.

Os grupos Roosevelt e São Marcelo–Ca-beça são compostos por riolitos e riodacitos comintercalações de rochas metassedimentaresclásticas e químicas (quartzo muscovita xistos,silimanita-quartzo xistos, clorita xistos, grafitaxistos, quartzitos e formações ferríferasbandadas), com idade U-Pb em torno de 1.740Ma. (Rizzoto, et al., 1995; Santos et al., 2000).

Estas rochas foram deformadas emetamorfizadas na fácies xisto verde a anfibolito,com evidências de retrometamorfismo. A idadedo evento metamórfico é de 1.652 ± 42 Ma(Pimentel, 2001), determinada pelo método U-Pb SHRIMP em zircão com sobrecrescimentos.

(iv) Suítes Anorogênicas - Na porção oci-dental do domínio Roosevelt-Aripuanã ocorremcorpos do Granito Aripuanã, com idade U/Pb de1.542 ± 2 Ma, comparável à da Suíte Serra daProvidência e corpos correlatos do DomínioJamari. É provável que os corpos ora mapeados,assim como o Granito Rio Vermelho e as Alcali-nas Canamã também sejam correlatos com es-tas suítes. O controle estrutural destas rochasé caracterizado por extensas zonas de cisalha-mento transcorrentes sinistrais, marcadas por

milonitos, de larguras variáveis e orientaçãogeral NNW-SSE com inflexões para EW.

(v) Coberturas Sedimentares – As cober-turas sedimentares deste domínio sãotafrogênicas, por reativação de antigas estru-turas, e responsáveis pela implantação da ba-cia sedimentar mesoproterozóica do Dardane-los. Esta é representada pelas rochas do GrupoCaiabis (Formações Dardanelos e Arinos), comidade máxima do início de sedimentação em tor-no de 1,3 Ga, obtida a partir da datação Pb-Pbde cristais de zircão detríticos de conglomera-dos basais (Leite & Saes, 2003). A bacia é conti-nental e representada por conglomeradospolimíticos e arcóseos seguidos de siltitos e ar-gilitos avermelhados com níveis de arenitos fi-nos a arcoseanos com intercalações de conglo-merados (Formação Dardanelos), e intercalaçõesde sills de diabásio, basalto e gabro (FormaçãoArinos) de idade K-Ar de 1.225 e 1.416 Ma (Silvaet al., 1980). A Formação Dardanelos ésubhorizontal e sustenta platôs no interior degrabens da região noroeste do Mato Grosso eestá sobreposta às rochas do Grupo Roosevelte às suítes graníticas do embasamento regionalpor discordância erosiva e/ou zonas de cisalha-mento transcorrente.

Após esses eventos, a área foi recebeucoberturas lateríticas paleógenas/neógenas edepósitos neógenos de areias argilas e níveisconglomeráticos ao longo das principais drena-gens.

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O mapeamento geológico da folhaAripuanã permitiu individualizar as principaisunidades litoestratigráficas mediante critérios decampo associados aos dados de laboratório ede informações bibliográficas. A estratigrafiaregional, ora proposta, foi obtida por meio daintegração dos dados de campo na escala1:250.000, interpretação de fotografias aéreas,imagens de satélite, dados aerogeofísicos eresultados de análises químicas, petrográficase geocronológicas. Individualizou-se a presençade dois domínios geotectônicos na Folha,designados de domínios Roosevelt-Aripuanã,Jamari e Parecis, cada qual com unidadesrespectivas (Fig. 3.1). O conjunto destasinformações consta do mapa geológico na escala1:250.000 e a descrição sintética e interpretaçãode cada unidade é a seguir apresentada.

PP4γγγγγv – Suíte VitóriaO termo foi proposto por Frasca & Borges

(2004), Oliveira & Albuquerque (2004) e Ribeiro& Villas Boas (2005) durante o Projeto AltaFloresta para caracterizar uma associação dedioritos a tonalitos cálcio-alcalinos de médiopotássio e metaluminosos.

Na área ocorre a norte de Castanheiracomo batólitos e stocks alongados em faixaselipsoidais, balizadas por zonas de cisalhamentotranscorrente dúctil-rúptil de direçãopredominante NW-SE a EW. Seus contatos comas rochas do Grupo Roosevelt são em geraltectônicos e é intrudida pelos granitos RioVermelho. A maioria dos contatos está obliteradapor latossolo argiloso. Aflora em matacões eextensos lajedos.

3 - UNIDADES ESTRATIGRÁFICAS

Figura 3.1 – Coluna estratigráfica da Folha Aripuanã.

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Seus litótipos formam uma suíte expandidaresultante de diferenciação magmática ecompreende tonalitos com variações paragranodioritos, dioritos e quartzo monzodioritos(MC-281).

Os tonalitos são cinza opaco com níveisou pontuações cinza-escuras a cinza-esverdeadas, são foliados devido à texturamilonítica a protomilonítica e por vezes exibemexpressiva lineação mineral (Foto 3.1). Possuemtextura granular a granoblástica, equigranularmédia a porfiroclástica e seus constituintescompreendem plagioclásio, hornblenda e cristaisde quartzo poligonizados, com biotita intersticial.Ao norte de Castanheira, estrada para Juruena(WA-27), os tonalitos ocorrem em estreitasfaixas alongadas limitadas por zonas decisalhamento dúctil EW. Datação U/Pb SHRIMPem cristais de zircão de amostra de tonalitodesta unidade forneceu a idade de 1.785 ± 8Mae a idade-modelo Sm/Nd de 2,182Ma com εNd(t)de -2,56.

PP4γγγγγsp – Granito São PedroA unidade compreende um conjunto de

corpos graníticos deformados que ocorrem nointerior do Complexo Xingu e foram denominadospor Silva et al. (1974) como granito Juruena epor Leal et al. (1980) como gnaisse Apiacás.Durante o projeto Alta Floresta, desenvolvidopela CPRM na região, os corpos foramdesvinculados do Complexo Xingu edenominados de Granito São Pedro (Frasca &Borges, 2004; Oliveira & Albuquerque, 2004;Ribeiro & Vilas Boas, 2005). São batólitos e

stocks aglutinados, de formato sigmoidal,limitados por zonas de cisalhamento dúctiltranscorrente oblíqua, de direção predominanteWNW-ESE a NW-SE, com a Suíte Granítica Zé doTorno e Alcalinas Canamã.

Na área, a unidade é dominada porgranodiorito com proporções variadas de biotitae anfibólio, quartzo diorito e anfibólio-quartzomonzodiorito (pontos MC-57 e MC-57A), todosdeformados e metamorfizados na fácies xistoverde a anfibolito médio.

Os granodioritos afloram em matacões(Foto 3.2) e lajedos, particularmente a NW dodistrito de Ouro Verde (MC-50), quadrante NEda folha. Suas relações de contato com os demaislitótipos são gradacionais e, por vezes, possuemenclaves dos mesmos (Foto 3.3). São cinza-castanhos com manchas escuras, com ou semfoliação milonítica a protomilonítica (Foto 3.4).Em lâmina delgada possuem texturaequigranular média a grossa, granoblástica e sãocompostos por prismas de plagioclásio, por vezescom mirmequitos, microclínio, quartzo emagregados lenticulares e hornblendaparcialmente transformada em biotita.

Pimentel (2001) obteve idades U/PbSHRIMP em zircão de 1.784 ± 17Ma e Sm/Nd de2.060 a 2.147Ma, com εNd entre +0,65 a -1,11,indicativo de derivação crustal ou contaminaçãode material mantélico com crustal.

Grupo RooseveltAs primeiras descrições sobre rochas vul-

cânicas félsicas da região do médio-alto do rio

Foto 3.1 – Lineação mineral em tonalito da suíteVitória. (WA - 27).

Foto 3.2 – Aspecto de afloramento do granodioritonão deformado do Granito São Pedro (ponto MC-50).

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Foto 3.4 – Protomilonito do granodiorito (ponto WA-18A).

Foto 3.3 – Enclaves de diorito no granodiorito pórfironão deformado (ponto MC-50).

Roosevelt devem-se a Leal et al. (1978) que ascorrelacionaram ao vulcanismo da Formação Irirido Grupo Uatumã e as denominaram de Forma-ção Roosevelt. Posteriormente, a formação foiredefinida como Seqüência Metavulcanossedi-mentar Roosevelt por Rizzotto et al. (1995), ele-vada à categoria de Grupo por Santos et al.(2000), com área-tipo localizada nas bacias hi-drográficas dos rios Roosevelt e Aripuanã.

Para Santos (2003), o Grupo Rooseveltcombina vulcanismo de arco magmático continen-tal do tipo Andino (Grupo Colíder) de idade 1,77-1,78Ga, com sedimentação em bacia intra-arco(intermontana) (Grupo Beneficente) de idade1,72-1,69Ga. No presente estudo, o GrupoRoosevelt foi subdividido em uma Unidade

Metavulcânica e outra Metassedimentar. O con-junto ocorre em extensas faixas EW a WNW-ESSE em contato por zonas de cisalhamento como Granito Zé do Torno e as Alcalinas Canamã, naporção norte da folha. Stocks e batólitos dosgranitos Aripuanã, a NW de Aripuanã, e do Gra-nito Rio Vermelho, nos arredores do Distrito doNovo Horizonte, intrudem as rochas do grupo.

MP4rv–Unidade Metavulcânica - Constituída delavas maciças de riolito a dacito, por vezesporfiríticos, e grande variedade de produtosvulcanoclásticos e piroclásticos com evidênciastanto de ambiente subaéreo quanto subaquoso.Estes litótipos estão bem expostos na regiãonorte e noroeste de Aripuanã (MC-209, MC-30,MC-29), onde ocorrem tufos riolíticos de cristal(MC-192), tufo dacítico de cristal e tufo riodacítico(MC-192A, MC-209), (Foto 3.5), ignimbritos (MC-30) (Foto 3.6), lapilli tufo e tufos líticos.

Intimamente associada às rochas vulcâni-cas ocorre uma fácies de porções zonas apicaisde intrusões rasas de microgranito maciço e ho-mogêneo (MC-81, MC-76A, MC-78). Na porçãomédio sudeste da área ocorrem brechas vulcâni-cas MC -202 (Foto 3.7).

MP4rms-Unidade Metassedimentar - Esta uni-dade é composta de lentes de chert, chert ferru-ginoso, às vezes fortemente hidrotermalizados(Serra do Expedito) (MC-182), e camadas de for-mações ferríferas bandadas e quartzito ferrugi-noso, documentadas a sudoeste do Distrito doNovo Horizonte (MC-203a e MC-203b). A unida-de está cortada por zona de cisalhamento trans-corrente sinistral EW/70°S, quando, então, ad-quire dobras isoclinais assimétricas (Foto 3.8).

Ao oeste da cidade de Juruena ocorremvestígios dessa unidade (MC-268 e MC-269) sob

Foto 3.5 – Grupo Roosevelt, Unidade Metavulcânica.Tufo de cristal dacítico (MC-209).

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Foto 3.6 – Grupo Roosevelt, Unidade Metavulcânica.Ignimbrito com fragmentos líticos orientados (MC-30).

Foto 3.7 – Grupo Roosevelt, Unidade Metavulcânica.Brecha vulcânica MC-198.

a forma local de quartzito ferruginoso, formaçãoferrífera, chert e milonito xisto (clorita-biotitaxisto). E na estação MC-138 ocorre andesitoepidotizado.

Na faixa sul e sudoeste da folha, próximoaos contrafortes da serra do Dardanelos, pre-domina termos metassedimentares representa-dos por metarenito, metargilito, metassiltito equartzo-muscovita xisto, localmente dobrados(MC-250 e MC-226a; Foto 3.9).

A resposta geofísica destas rochas com-preende níveis radiométricos de 40 a 120 cps eexpressivas anomalias gamaespectrométricasno canal do K.

A datação U/Pb SHRIMP em zircão de amos-tra de metadacito da unidade gerou a idade de

1.672 ± 6Ma (Néder et al., 2000), enquanto ou-tra amostra, coletada próximo ao rio Roosevelt,a idade 1.740 ± 8Ma (Santos et al., 2000).

Essa seqüência é conhecida por hospedaro depósito de sulfetos maciços polimetálicos (Zn,Pb, Cu, Ag e Au), da Serra do Expedito, NW deAripuanã.

PP4γγγγγzt – Granito Zé do TornoO termo Granito Zé do Torno foi proposta

por Costa (1999) durante trabalhos de pesquisada Mineração Aripuanã, para designar corposgraníticos rasos, contemporâneos e cogenéticosao vulcanismo do Grupo Roosevelt. Ocorremcomo batólitos elipsoidais, alongados segundoNW-SE e distribuídos em extensas faixas desdeo limite oriental desta folha com a de Tapaiuna,

Foto 3.8 – Grupo Roosevelt, UnidadeMetassedimentar. Dobra isoclinal assimétrica emquartzito ferruginoso (MC-203).

Foto 3.9 - Grupo Roosevelt, UnidadeMetassedimentar. Intercalações de metarenito,metassiltito e metargilito.

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na altura da cidade de Juruena, até ao norte deAripuanã.

Seus contatos com as rochas do GrupoRoosevelt e as Alcalinas Canamã são por zonasde cisalhamento transcorrente sinistral rúptil-dúctil a dúctil EW a N20W, bem documentadas aNE da vila Tutilândia (MC-82 a MC-86), marcadaspor milonitos (Foto 3.10) a protomilonitos (Foto3.11). Na Serra da Milagrosa, a zona decisalhamento assume componente transpressivo(MC-271) (Foto 3.12). A unidade sustenta relevosuavemente ondulado a morrotes alongados eseus afloramentos ocorrem sob a forma deblocos e matacões (Foto 3.11) e lajedos.

Seus principais termos petrográficosvariam de monzosienito a sienogranito, cinza-claros a cinza-rosados, médios a finos, de texturaporfirítica a equigranular nos termos isótroposou pouco deformados (Foto 3.13), que passa aporfiroclástica ou foliada nos deformados (Foto3.14) por cisalhamento, cujas zonas podematingir largura quilométrica. Textura rapakivi éfeição local (Foto 3.15) (MC-20B, MC-19). Écomum a presença de enclaves elípticos asubarrendondados centimétricos (MC-210) debiotita-quartzo diorito.

Fenocristais ou fenoclastos bem como amatriz são compostos de microclínio, plagioclásio,quartzo e, por vezes, hornblenda. Acessórioscompreendem biotita, magnetita, titanita, zircão,granada e apatita e os de alteração são sericita,epidoto e clorita. O microclínio e o plagioclásioocorrem em cristais tabulares geminados, emmédia de 0,5 cm, mas podem atingir 2cm. Omicroclínio é pertítico e o plagioclásio, por vezes,zonado e com incipiente alteração para sericitae epidoto. O quartzo ocorre em agregados

Foto 3.10 – Granito Zé do Torno. Zona de altostrain dado por milonito. (MC-82A).

Foto 3.11 – Aspecto de afloramento do Granito Zédo Torno pouco deformado.

Foto 3.12 – Granito Zé do Torno. Milonito comlineação, serra Formosa. (MC-271).

Foto 3.13 – Granito Zé do Torno pouco deformado.(MC-173).

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

Foto 3.14 – Granito Zé do Torno foliado em zonade alto strain (MC-82).

Foto 3.15 – Granito Zé do Torno com texturarapakivi (MC-19).

irregulares com tendência à textura em mosaico,às vezes alongados. A biotita ocorre emagregados alongados de palhetas finas, àsvezes associada com prismas irregulares dehornblenda. Os demais constituintes sãointersticiais. A abundância de magnetita conferea essas rochas uma susceptibilidade magnéticaque permite enquadrá-las como magnetita-granito (Ishihara, 1981).

A datação do Granito Zé do Torno pelométodo U-Pb SHRIMP em zircão por Néder et al.(2001) forneceu a idade de 1.755 ± 5Ma.

PP4γγγγγnc – Suíte Intrusiva Nova Canaã 2No relatório do Projeto Promim Alta

Floresta, Frasca & Borges (2004), Oliveira &Albuquerque (2004) e Moreton & Martins (2005)propõem esta unidade para caracterizar um

conjunto de batólitos e stocks compostos porbiotita monzogranitos, sienogranitos,alcaligranitos, hornblenda biotita-granito,quartzo-monzonitos, micromonzogranitos finose granófiros. Estes corpos são, em geral, elípticosa alongados e limitados por zonas decisalhamento transcorrente dúctil-rúptil dedireção dominante NW. Na folha Aripuanã ocorreem estrita faixa no extremo nordeste, ondepredominam quarzo-sienitos e monzogranitoscinza mosqueados de rosa, médias a grossas eporfiroclásticas. Dados de datação U/Pb SHRIMPda unidade geraram a idade 1.743 ± 4Ma (Frasca& Borges, 2004).

PP4δδδδδsc – Intrusivas Básicas Serra doCafundó

Neste relatório propõe-se a denominaçãode Intrusivas Básicas Serra do Cafundó parareunir um conjunto de diques de norito, diabásioe diorito controlados por sistema extensionalN40ºE ou por falhas transcorrentes NE-SW, maisraramente NW-SE, intrusivos nos Granitos Zé doTorno, na Suíte Nova Canaã e no GrupoRoosevelt. Os diques ocorrem principalmente naporção NNE da folha (MC-174 e MC-174A), naserra homônima (área-tipo) e possuemdimensões desde poucos metros, como nasFazendas União (MC-277) e Banco do Brasil (MC-145), até 2 km, no entorno da cidade de Juruena(MC-267). Os contatos com o Granito Zé do Torno,a Suíte Nova Canaã e as rochas do GrupoRoosevelt estão, em geral, obliterados por soloargiloso cinza-avermelhado, mas podem serdefinidos pelo seu baixo nível radiométrico, daordem de 20 a 40 cps.

Os noritos são cinza-escuros a esverdea-dos, granulares médios a grossos, maciços eisótropos (MC-267). Possuem textura granularhipidiomórfica, localmente poiquilitica, e seusconstituintes compreendem labradorita,hiperstênio e hornblenda tabulares e euédricos.Os diabásios são cinza-escuros a esverdeados,finos, maciços, com núcleo isótropo (MC-174) ebordas foliadas. Possuem textura ofítica asubofítica e são compostos por hornblenda eplagioclásio. Os dioritos são, a rigor, biotita quart-zo-dioritos, em geral cinza-claros, finos e maci-ços. Possuem textura granular hipidiomórfica aalotriomórfica e são compostos de plagioclásio,subordinadamente microclínio com quartzo emintercrescimento gráfico e biotita.

Em virtude das idades obtidas no GrupoRoosevelt (1.672±6Ma, 1.740±8Ma), no GranitoZé do Torno (1.755 ± 5Ma) e na Suíte NovaCanaã (1.743±4Ma), os diques desta unidade

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

poderiam corresponder a um evento doEstateriano tardio.

PP4γfo – Granito FontanillasGranitos deformados que afloram entre os

grabens Dardanelos e Caiabis e a Bacia dosParecis e distribuídos a oeste da cidade deFontanillas até o leste de Juara foram incluídospor Silva et al. (1974) no Complexo Xingu.Rizzotto et al. (2004) as anexaram na SuíteIntrusiva Serra da Providência devido à presençade textura rapakivi, característica marcante doslitótipos da unidade. Gomes & Uchôa (2004)denominaram informalmente de GranitoFontanillas às rochas aflorantes nos arredoresda cidade homônima e Lacerda Filho et al. (2004)adotaram o termo como pertencente à Suíte Riodo Sangue.

A unidade está representada porbatólitos alongados segundo a estruturaçãoregional E-W e WNW-ESE e expostos em estreitafaixa no extremo sudeste da Folha Aripuanã. Aunidade contém poucos afloramentos e suasmelhores exposições situam-se no extremo SWda Folha Tapaiúnas. O contato com rochas daSuíte Vitória e do Granito Rio Vermelho é intrusivo.

As suas rochas variam de biotita-sienogranito a biotita-monzogranito, róseos aavermelhados, médios a grossos, porfiríticos,dado por fenocristais de K-feldspato eplagioclásio de até 10 cm imersos em matriz deK-feldspato, plagioclásio, quartzo e biotita. Amaioria dos fenocristais de K-feldspato estámanteados por plagioclásio, característica datextura rapakivi. Com freqüência possuem veiospegmatóides e de aplito, bem como enclaves dediorito e granito de tamanhos e formas variadase faixas de cisalhamento WNW-ESSE expressaspor protomilonitos e milonitos.

Determinações geocronológicas pelométodo Sm/Nd realizados por Leite et al. (2005),geraram idade-modelo de 1.475Ma, com εNd -4,98. Estes granitos são correlacionados à SuíteIntrusiva Serra da Providência, de idade U/Pb1.570±17 (Tassinari et al., 1996), 1.532±04(Bittencourt et al., 1999), 1.547±13 (Santos etal., 2002) e 1.532±13 (Lacerda Filho et al., 2004).

MP1γγγγγrv – Granito Rio VermelhoAs feições circulares realçadas em imagens

de satélite e radar nessa área foram associa-das por Silva et al. (1980) ao Granito Teles Pires.Nesse domínio Leite (2004) denomina de Grani-to Novo Horizonte a um corpo batólito graníticocom cerca de 120 km2 que ocorre no distrito ho-mônimo. O termo foi proposto por Lacerda Filhoet al. (2004) para englobar os batólitos

graníticos que ocorrem desde o sul do Distritode Filadélfia até o nordeste da cidade de Casta-nheira, inclusive o Granito Novo Horizonte, par-te SE da folha, distribuídos pelo alto e médiocurso do Rio Vermelho. A unidade sustenta rele-vo suavemente ondulado a montanhoso e afloraem blocos, matacões e lajedos.

Seus litótipos podem ser reunidos em duasfácies. A dominante é de sienogranito homogê-neo, isótropo, cinza-esbranquiçado e a subordi-nada é de leuco-sienogranito e monzogranito,cinza-avermelhado, grosso e porfirítico dado porfenocristais de K-feldspato, por vezes pertítico,em média de 2 a 3 cm (MC-219) (Fotos 3.16 a3.18), mas que podem atingir até 7 cm. Osfenocristais têm textura rapakivi (MC-41A), àsvezes zonados (fotos 3.17 a 3.19), imersos emmatriz de quartzo azulado (Fotos 3.17 a 3.21)(MC-222A), biotita, plagioclásio, hornblenda eproporções significativas de magnetita. Osfenocristais estão, por vezes, orientados por flu-xo magmático (WA-45) (Fotos 3.19 e 3.21). Piritae eventual calcopirita podem ocorrer dissemina-das, como no Distrito de Novo Horizonte.

Em cartas aerogeofísicas a unidade res-ponde com altas anomalias nos canais de K eTh. Sua assinatura radiométrica em afloramen-tos varia de 100 a 130 cps.

Os corpos desta unidade intrudem as ro-chas da Suíte Vitória e do Grupo Roosevelt, comoatesta a presença de numerosos enclaves detonalito (MC-41A) (Fotos 3.20 e 3.21) e de ro-chas vulcânicas (perfil Castanheira-Juruena).

MP1γγγγγar – Granito AripuanãA unidade foi denominada originalmente de

Granito Rio Branco por Costa (1999) eredenominado como Granito Aripuanã por Néder

Foto 3.16 – Aspecto textural e estrutural do GranitoRio Vermelho (MC-219).

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Foto 3.17 – Granito Rio Vermelho grosso comfenocristais zonados de K-feldspato.

Foto 3.18 – Aspecto textural do Granito RioVermelho no distrito de Novo Horizonte (MC-222A).

Foto 3.19 – Granito Rio Vermelho porfirítico comfenocristais de K-feldspato orientados em duasdireções de fluxo magmático (WA–45).

Foto 3.20 – Granito Rio Vermelho inequigranularporfirítico com enclaves de tonalito (MC- 41A).

Foto 3.21 – Fácies fina do Granito Rio vermelhocom enclave do granito grosso (WA-46).

et al. (2000) e adotado por Rizzotto et al. (2004)e Lacerda Filho et al. (2004). Ocorrepreferencialmente a NW de Aripuanã e nodomínio da bacia do rio Branco. Na principalocorrência, a NW de Aripuanã, é batólito ovalcom cerca de 13 km de diâmetro, intrusivo emrochas vulcanoclásticas do Grupo Roosevelt.Nesta, o corpo é de sienogranito cinza-avermelhado, isótropo, maciço, homogêneo,equigranular a porfírítico com fenocristais de K-feldspato de até 3 cm (MC-23B, Foto 3.22) emmatriz de quartzo, K-feldspato, plagioclásio ebiotita, com magnetita e titanita acesssórias.Aflora em matacões (Foto 3.23) e lajedos, comfreqüentes xenólitos de rochas vulcânicas doGrupo Roosevelt. Medidas de radiometria emafloramentos registraram valores em torno de140 cps.

Uma fácies associada à periferia do

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batólito do Granito Aripuanã consiste de diques(MC-23) (Foto 3.24) de sienogranito fino, cinzaou com auréolas rosada, porfirítico, isótropo ede nível radiométrico entre 100 a 130 cps

Datações isotópicas desse granito pelosmétodos U-Pb SHRIMP e Pb-Pb forneceramidades de cristalização de 1.537 ± 7Ma e 1.546± 5Ma, respectivamente (Rizzotto et al., 2002)

MP2γγγγγac – Alcalina CanaãSilva & Issler (1974) denominaram de

Sienito Canaã o álcali-sienito que sustenta orelevo positivo da margem direita do alto cursodo rio Canamã. Silva et al. (1980) agregaram aeste, outros corpos subcirculares semelhantesque ocorrem na porção norte/noroeste de MatoGrosso, sob a denominação genérica de AlcalinasCanaã e as correlacionaram com as efusõesbásico-alcalinas da Formação Arinos, GrupoCaiabis.

A unidade é composta de sienitos,subordinadamente microssienitos, quartzo-sienitos e biotita-traquitos (MC-64) e termospegmatóides. Os sienitos são leucocráticos,médios a grossos, porfiríticos, com estruturas defluxo magmático e compostos de ortoclásiopertítico com proporções subordinadas deplagioclásio sódico, biotita e anfibólio e piroxêniosódicos e, por vezes, quartzo.

Silva et al. (1980) também incluíram nestaunidade as rochas alcalinas que ocorrem naconfluência dos rios Teles Pires e Cristalino, anorte de Alta Floresta. Contudo, durante arealização do Projeto Promin Alta Floresta,Oliveira & Albuquerque (2004) revelaram queaquelas rochas não pertenceriam às AlcalinasCanamã por apresentarem idade U/Pb de 1.806± 3Ma (Santos, 2000) e se correlacionarem com

Foto 3.22 – Granito Aripuanã. Textura grossaporfírítica e estrutura isótropa (MC-23B).

Foto 3.23 – Aspecto de afloramento do GranitoAripuanã (MC-23B).

Foto 3.24 – Fácies fina do Granito Aripuanã (MC-23).

a acomodação do arco magmático Juruena. Aidade Rb/Sr das Alcalinas Canamã na folhaAripuanã obtidas por Silva et al. (1974) e Basei(1974) é da ordem de 1.200Ma, mas requerreavaliação por meios mais precisos.

GRUPO CAIABIS

FORMAÇÃO DARDANELLOS - UnidadeMP2d1 e Unidade MP2di

A Formação Dardanelos foi originalmentedescrita por Almeida & Nogueira (1959) parareunir quartzitos, conglomerados e ardósias daCachoeira do Dardanelos, no rio Aripuanã. Aunidade ocorre na porção central da Folha eonde ocupa cerca de 9.000 km² na forma dechapadão limitado por escarpas de erosão oude falha, conhecido como Serra do Dardanelos,

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

de cotas entre 200 e 500 m. Estruturalmenteconforma sinforme de eixo NW-SE, flancos commergulhos entre 5º e 10º e núcleo subhorizontal.Flancos próximos a zonas de cisalhamentopodem ter mergulho acentuado.

Durante o Projeto Alta Floresta, Frasca &Borges (2004) subdividiram a formação em qua-tro unidades que, da base para o topo, compre-endem: Unidade MP2d11 – arenitos e arenitosarcosianos com intercalações de conglomeradosintraformacionais e estratificação plano-parale-la e cruzada; Unidade MP2d2 – siltitos e argilitosavermelhados; Unidade MP2d3 – arenitosarcosianos e arenitos finos argilosos com níveisde conglomerado intraformacional e UnidadeMP2d4 – arenitos argilosos e arenitos arcosianoscom intercalações de níveis conglomeráticos. Oconjunto resulta de ciclo transgressivo-regres-sivo.

Neste trabalho, a formação foi informal-mente dividida em Unidade MP2d1 e UnidadeMP2di.

Unidade MP2d1 – No extremo noroeste ena porção oeste da folha, sustenta mesetas eformas residuais de inselbergs. O seu contato aoeste, noroeste, norte, nordeste, leste e sudesteé com as rochas do Grupo Roosevelt e os grani-tos Zé do Torno e Aripuanã e, a sul, com as doGrupo Roosevelt. Nas escarpas de falha, o con-tato não se situa, necessariamente, no pé dasmesmas, mas pode ocorrer na meia encosta,como na serra do Cafundó (altitude de 207 m),ou após o topo da escarpa, como na serra Gra-ciosa (altitude de 299 m), a nordeste de Aripua-nã.

A unidade é composta de arenitos compelitos subordinados. Os arenitos são acinzen-tados, muito grossos a grossos na base, comintercalações de arenito médio a fino com locaise dispersos grânulos de quartzo. São mal sele-cionados, com grãos subangulosos a subarre-dondados e de esfericidade moderada. Os lei-tos são lenticulares, amalgamados, com 40 cm a1 m de espessura, de base plana ou com com-pensação de relevo, maciços ou com estratifica-ção cruzada acanalada e eventuais marcas on-duladas simétricas no topo. A direção geral dapaleocorrente indica transporte para WSW. So-brepostos ocorrem camadas de arenito róseo,médio a fino, com grãos angulosos a subangu-losos e esfericidade média a boa. Na cachoeirade Aripuanã, os arenitos são lenticulares, com40 cm de espessura média e contêm estratifica-ção cruzada acanalada e superfícies dereativação sigmoidal.

Ao sul da Serra Graciosa, os arenitos sãomuito finos, possuem estratificação cruzada

hummocky, e contêm intercalações de camadasde 0,5 a 1 cm de pelitos cinza e estão cobertospor basalto.

Os arenitos basais são interpretados comodepósitos fluviais de canais anastomosados edeltáicos. Os arenitos da cachoeira de Aripuanãsão de planície de maré sobrepostos por depó-sitos de plataforma sujeitos a ondas de tempes-tade, como indicam arenitos com estratificaçãocruzada hummocky. A sucessão caracteriza even-to transgressivo, com aumento da espessura delâmina d’água indicado pelos pelitos que aflorama sudeste da cidade de Aripuanã, no topo daencosta noroeste do vale do rio Aripuanã.

Os pelitos compreendem estreita faixa desiltitos, siltitos argilosos e argilitos acinzentadose se situam no topo da unidade. São maciçosou com laminação plano-paralela ou cruzada(Foto 3.25) e com intercalação de finas camadasde arenito. Estima-se que sua espessura sejada ordem de 10 m, o que impossibilitou sua car-tografia na escala adotada.

Baseado em dados de campo e na corre-lação com o sistema de deposição dos sedimen-tos desta Formação na Folha Tapaiunas, conclui-se pela existência de um hiato evidenciado peloafogamento do sistema flúvio-deltáico e evolu-ção de shoreface nesta unidade (Fig. 3.2).

A unidade MP2di – É o pacote superior,indiviso, da Formação Dardanelos na área. Suaespessura mínima é de 125 m e seu topo situa-se na superfície de cota mais elevada que sus-tenta, marcada por lateritos da unidade NQdl.Sua base é composta de arenitos (Foto 3.26)cinza, médios a grossos, com estratificação cru-zada acanalada e em espinha de peixe, comsuperfícies de reativação sigmoidais e ondula-das, eventualmente finos a médios e com estra-

Foto 3.25 – Laminação cruzada em siltito da For-mação Dardanelos.

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Figura 3.2 – Correlação entre os perfis compostos para a Formação Dardanelos nas Folhas Aripuanã eTapaiúnas.

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tificação plano-paralela. Estes estão sotopostosa arenitos lenticulares, amalgamados, com es-pessura média de 70 cm, cinza, finos a médios,maciços com eventual laminação planoparalelano topo e compostos por grãos subangulosos,de esfericidade moderada e mal selecionados.No topo ocorrem arenitos médios a finos comeventuais grãos grossos e estratificação cruza-da festonada. Os grãos de quartzo são suban-gulosos a subarredondados, de esfericidademoderada e mal selecionados. Estes possuemintercalações de arenito médio a muito grossocom estratificação cruzada acanalada. Medidasde paleocorrente indicam transporte para su-doeste (180º a 330º),

As camadas inferiores da unidade sãointerpretadas como depósitos de shoreface e deplanície de marés, sucedidos por depósitosfluviais e deltáicos de canais entrelaçados, oconjunto constituindo a fase regressiva queocorreu após o máximo transgressivorepresentado pelos pelitos subjacentes.

Ambas as unidades (MP2d1 e MP2di)contêm sil ls de basalto de até 50 m deespessura, pertencentes à Formação Arinos(Foto 3.27).

Saes & Leite (2002) sugerem que o inícioda sedimentação da Formação Dardanelos temidade máxima de 1,44Ga, determinada a partirda variação da idade Pb-Pb entre 1.987 ± 4Maa 1.377 ± 13Ma de cristais de zircão detríticosdo conglomerado basal da unidade.

MP2γac – Formação ArinosO termo foi proposto por Silva et al. (1980)

para representar basalto amigdalóide, diabásio,olivina norito e gabro de dois horizontesintercalados em arenitos da Formação

Dardanelos. Na Folha Aripuanã a unidade ocorrecomo extenso sill intercalado em arenitos daFormação Dardanelos. Na borda norte da baciaconstitui o assoalho da cabeceira dos rios Natale Canamã (RR-32 e MC-195), localmente cobertopor arenitos, argilitos e siltitos da FormaçãoDardanelos. Na estrada Aripuanã-Filadélfia-Juína, a unidade têm ampla distribuição na SerraMorena (MC-212 a MC-245A), onde diabásios ebasaltos apresentam disjunção poliedral,possuem pirita disseminada (MC-245A) e geramsolo argiloso vermelho bordeaux bastantemagnético. Neste perfil, próximo ao Rio Capivari,a unidade está em contato lateral, por falha, comos arenitos arcosianos (MC-212 a MC-280) daFormação Dardanelos.

São maciços, homogêneos e exibemfenocristais milimétricos de plagioclásio em matrizmuito fina, cinza-escuro. Amídalas preenchidaspor epidoto e carbonato são comuns (Foto 6.28)

Foto 3.26 – Unidade MP2di, Formação Dardanelos.

Foto 3.27 – Contato da Formação Arinos com aFormação Dardanelos.

Foto 28 - Detalhe do basalto amigdalóide daFormação Arinos, Grupo Caiabis.

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Sua textura é microporfirítica a subofítica e osseus constituintes compreendem plagioclásio eaugita-pigeonita, o acessório é olivina e, ostraços, zircão, minerais opacos, possivelmentesulfetos, e rara apatita.

Dados radiométricos K/Ar forneceram, se-gundo Silva et al. (1980), a idade de 1.225 ±20Ma em amostra de basalto do patamar inferi-or da Serra dos Caiabis, e de 1.416 ± 14Ma, dopatamar superior.

NQdl – Coberturas Detritos-lateríticasFerroginosas

Essas ocupam cerca de 5% da área e re-sultam de alteração intempérica de quase to-das as unidades geológicas. Ocorrem preferen-cialmente sobre as rochas da FormaçãoDardanelos, onde sustentam os platôs das por-ções mais elevadas da Chapada homônima, e,na porção centro-leste, sobre as rochas do Gru-po Roosevelt. Compreende lateritos maduros eimaturos bem como regolitos autóctones ealóctones. O perfil mais completo contém, dabase para o topo, um horizonte argiloso ouargilo-arenoso, mosqueado, seguido de outroargilo-arenoso com blocos concrecionários, nó-dulos e fragmentos de rocha, sotoposto a cros-ta laterítica ferruginosa.

As exposições mais representativas situ-am-se ao longo da rodovia MT-420, onde os perfisse desenvolveram sobre arenitos da FormaçãoDardanelos. Os arenitos originais passam aferruginosos, avermelhados a amarelados, porvezes arroxeados, de aspecto nodular, excepci-onalmente vesicular, que dão lugar ao horizontemosqueado areno-argiloso com grãos de quart-zo soldados por cimento ferruginoso, contendoconcreções limoníticas e/ou hematíticas episolíticas.

Q2a – Depósitos AluvionaresSão constituídos por depósitos atuais e

subatuais de canais e planícies de inundação darede de drenagem regional. Devido à escala domapeamento, foram cartografados apenas osdepósitos associados ao rio Aripuanã, mas tam-bém ocorrem ao longo de seus principais aflu-entes, como os rios Amarelinho, Branco, Canamã,Capitari, Claro, Furquim, Natal e Ribeirão Taboca,bem como nos rios Tucumã e Vermelho. Os de-pósitos aluvionares subatuais ocorrem em co-tas topográficas mais elevadas do que a das alu-viões recentes. Alguns depósitos, em particularos associados aos córregos Vale do Ouro e Ex-pedito, contêm concentrações de ouro em ex-plotação garimpeira desde os anos 1980.

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4.1. Introdução4.1.1. Considerações gerais

A litogeoquímica foi utilizada no projetopara caracterizar as principais unidades ígneas,sobretudo as rochas graníticas que compõemgrande extensão da área mapeada. A aborda-gem geoquímica procurou definir a natureza dasrochas ígneas, suas características evolutivas eas possíveis relações mútuas.

A apresentação dos resultados será su-cinta, os procedimentos claros e os diagramasutilizados serão clássicos e mais conhecidos. Asunidades serão descritas na seguinte ordem: (i)Complexo Bacaeri-Mogno; (ii) Suíte Intrusiva Vi-tória; (iii) Granito Morro do Índio; (iv) Granito SãoPedro e Suíte Intrusiva São Romão; (v) GranitoZé do Torno; (vi) Vulcânicas Roosevelt; (vii) Suí-te Nova Canaã; (viii) Suíte Intrusiva Serra da Pro-vidência, (ix) granitos Aripuanã e Rio Vermelho eAlcalinas Canamã e (x) Rochas máficas de Arinos,Cafundó e Juína.

Foram analisadas 201 amostras das quais174 utilizadas na interpretação. Não foram utili-zadas no tramento as amostras com problemasde balanço químico ou de procedência incertacom relação às unidades mapeadas. As análi-ses foram realizadas no laboratório ACME. Osóxidos de elementos maiores (SiO2, TiO2, Al2O3,Fe2O3, MnO, MgO, CaO, Na2O, K2O, P2O5 e Perdaao Fogo) foram determinados por ICP-ES e oselementos traços (Ba, Be, Co, Cs, Ga, Hf, Nb, Rb,Sn, Sr, Ta, Th, U, V, W, Zr, Y e ETR) por ICP/MS, apartir de fusão das amostras com LiBO2. Os re-sultados analíticos das amostras utilizadas, porunidade, constam de tabelas ao longo do texto.Todos os dados originais de amostras, utiliza-das ou não, constam do apêndice 1 do relatóriotemático de Litogeoquímica (Teixeira, 2007).

4.1.2. Síntese do magmatismo na áreaA geologia da área é marcada por exten-

so cortejo de rochas graníticas, expostas emconsiderável extensão da área mapeada, e pormagmatismo máfico subordinado. A colocaçãodas primeiras ocorreu durante o Riaciano, oEstateriano (entre 1750 e 1780 Ma) e o Calimiano(1600 Ma). O magmatismo máfico ocorreu noCalimiano e no Ectasiano (Souza et al., 2005).

No Riaciano (> 2200 Ma) ocorreumagmatismo félsico cálcio-alcalino normal, cujascaracterísticas são típicas de ambiente de arcomagmático. Este magmatismo, representado

pelo complexo Bacaeri-Mogno, foi originalmentedefinido como de fundo oceânico (Souza et al.,2005). Sua ocorrência é restrita na área e ape-nas 4 amostras foram analisadas.

Durante o Estateriano (1784 a 1740 Ma)houve a intrusão das rochas graníticas dominan-tes na área mapeada. Além de plutonitos, tam-bém houve a instalação de uma bacia vulcano-sedimentar, na qual os termos vulcânicos, inter-mediários a ácidos, são quimicamente semelhan-tes às intrusivas. Todas as unidades deste perí-odo geraram idades-modelo Sm-Nd TDM iguais ousuperiores a 2100 Ma, o que indica resultaremde reciclagem de crosta mais antiga, pois as ida-des podem refletir a mistura de material crustalantigo com mantélico mais jovem (Noce et al.,2000), comum em granitos híbridos. Agranitogênese deste intervalo (44 Ma) pode serdesdobrada em três tipos principais:

1 — O conjunto mais extenso é compostopor granodioritos ou monzogranitos porfiríticos,com ou sem deformação, metaluminosos aperaluminosos, álcio-alcalinos de alto K, com al-tos teores de sílica e ricos em HFSE. Pertencema este conjunto os granitos Morro do Índio, SãoPedro e Zé do Torno, a Suíte Intrusiva São Romãoe as rochas vulcânicas do Grupo Roosevelt. Ro-chas deste conjunto são típicas da associaçãoKCG de Barbarin (1999), de colocação tardi a pós-orogênica em regime de colisão continental. Osconteúdos de elementos traços variam poucoentre as unidades, como mostram os diagramasde ETR, nos quais os valores de ETRP possuempadrão plano em torno de 20 vezes o condrito.Esta homogeneidade reflete a presença de fon-te comum e de evolução análoga (cristalizaçãofracionada) das unidades, exceto o São Pedroque mostra dois padrões de ETR, um semelhan-te ao dos demais e outro empobrecido em ETRP,e a Suíte São Romão que exibe altos valores deETR leves e intermediários.

2 — Um conjunto de área de ocorrênciamais restrita, representado pela Suíte IntrusivaVitória, composto de tonalitos, granodioritos egranitos. No Projeto Alta Floresta (Souza et al.,2005), onde foi definida, é composta de tonali-tos, mas, na área do presente projeto, predo-minam granodioritos e granitos. Os termos me-nos evoluídos são cálcio-alcalinos normais, masos granodioritos e granitos mostram razoávelvariação nas proporções de óxidos de elemen-tos maiores. A suíte é metaluminosa a peralumi-

4. Litogeoquímica

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

nosa, rica em alumina e os elementos traços eóxidos de elementos maiores sugerem ambien-te de arco magmático. Todavia, como a suíteocorre em contexto onde todas as rochas ígne-as têm idade semelhante e de colocação pós-colisional, este posicionamento pode ser tam-bém estendido à suíte. Rochas com característi-cas de arco podem ser geradas em ambientepós-colisionais, desde que fatores típicos de arcomagmático tais como, por exemplo, restos domanto metassomatizado ainda estejam presen-tes. Esta possibilidade será discutida no item4.2.1, quando serão descritas as característicasda Suíte Intrusiva Vitória.

3 — O terceiro conjunto compreende mon-zonitos, monzogranitos e sienogranitos, porfirí-ticos, deformados ou não, da Suíte Nova Canaã.Os termos sem ou com pouca deformação com-preendem a fácies Nova Canaã 1 e a deformadaa fácies Nova Canaã 2. Apesar da diferença dedeformação, entre ambas há uma evolução con-tínua a partir de um magma alcalino do tipo A,rico em HFSE. Granitos cálcio-alcalinos de alto Kdo tipo A são interpretados como produtos defusão crustal com a participação, em grau variá-vel, de material mantélico (Eby, 1990).

A maioria das rochas graníticas cálcio-al-calinas e alcalinas do Estateriano são pós-colisionais. A presença de atividade magmáticacálcio-alcalina e alcalina de um mesmo ambientecom pouca diferença de idade sugere a existên-cia de transição de regime pós-orogênico paraanorogênico.

Após 1600 Ma houve a colocação de umconjunto de vários tipos de granitóides comoAripuanã e Rio Vermelho, mas o principal repre-sentado pela Suíte intrusiva Serra da Providên-cia, formado por magmatismo bimodal com ter-mos básicos (gabros de Juína) toleiíticos evoluí-dos, anortositos, charnockitos, e granitos alcali-nos de características anorogênicas. Acontemporaneidade entre os termos máficos efélsicos é evidenciada pela freqüência de feiçõesde mingling. A maior área de ocorrência destasrochas localiza-se na Folha Juína.

A última manifestação magmática na áreaé representada pelas rochas máficas da Forma-ção Arinos, com 1300 Ma. São rochas toleiíticaspouco diferenciadas, algumas com característi-cas de cumulatos, com provável contaminaçãocrustal e de difícil definição do ambiente de colo-cação a partir dos dados geoquímicos.

4.2. Caracterização das unidades4.2.1. Magmatismo cálcio-alcalino normal

Dentre as unidades estudadas apenas

algumas amostras do Complexo Bacaeri-Mogno(Riaciano) e da Suíte Intrusiva Vitória(Estateriano) têm estas características, como aseguir descrito..

Complexo Bacaeri-Mogno - Os resultados ana-líticos de quatro amostras de rochas félsicasdesta unidade constam da Tabela 4.1, ao finaldesta capítulo. Os teores de SiO2 são os meno-res dentre as unidades intermediárias a ácidasamostradas. Os teores de Al2O3 são superioresa 15%. Os diagramas das figuras 4.1 a 4.3, queincluem as amostras da Suíte Intrusiva Vitória,mostram a semelhança entre ambas as unida-des e permitem concluir que o magmatismofélsico do Complexo Bacaeri-Mogno é cálcio-al-calino normal, sódico e com muitas característi-cas semelhantes à Suíte Intrusiva Vitória.

Suíte Intrusiva Vitória - Os resultados analíti-cos de 22 amostras de rochas félsicas destaunidade constam da Tabela 4.1. Os teores de

Figura 4.1 - Complexo Bacaeri-Mogno, Suíte Vitóriae Granito Morro do Índio. A: diagrama AFM e B:diagrama R1R2 modificado de La Roche et al.(1980).

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Figura 4.2 — Complexo Bacaeri-Mogno, Suíte Vitóriae Granito Morro do Índio. A: diagramamultielementar; B: padrões de ETR.

Figura 4.3 — Complexo Bacaeri-Mogno, Suíte Vitóriae Granito Morro do Índio. Diagrama discriminantede Pearce (1996). Mesma legenda da figura 4.1.

SiO2 variam entre 62 a 72% e caracterizam aunidade como a menos diferenciada dentre asestudadas. O teor médio de Al2O3 é da ordem de15%. As amostras são metaluminosas aperaluminosas, levemente potássicas, com ra-zão K2O/Na2O média de 1,24. As razões molares(K2O+Na2O)/Al2O3 inferiores a 0,87 indicam cará-

ter subalcalino. No diagrama AFM (Fig. 4.1A) asamostras definem um trend cálcio-alcalino e nodiagrama R1R2 (Fig. 4.1B) a maioria das amos-tras se posiciona entre os trends cálcio-alcali-nos normal e de alto K. Quando os dados dasamostras do Projeto Alta Floresta (Souza et al.,2005) são lançados no diagrama, a unidade écaracterizada como cálcio-alcalina normal.

No diagrama multielementar normalizadopelo manto primordial da figura 4.2A, o lado es-querdo mostra que os elementos móveis ocor-rem em conteúdos bastante variáveis e irregu-lares, conseqüência de algum processo pós-magmático. Anomalias pronunciadas de Ta e Nbe de fracionamento destes elementos sugeremorigem a partir de manto metassomatizado. Osteores de Sr são elevados, com anomalias ne-gativas pouco pronunciadas. Os teores de Tb eY são baixos, o que também condiz com fontemantélica metassomatizada. Os padrões de ETR(Fig. 4.2B) variam desde 10 a 20 vezes o condri-to e possuem anomalias negativas de Eu poucopronunciadas. O segmento plano dos ETRP, co-mum a todos os granitóides de alto K da área,se assemelha ao de termos alcalinos, mas comteores menores. No diagrama da figura 4.3, ospontos das amostras situam-se no canto supe-rior direito do campo dos arcos vulcânicos, po-rém dentro do campo dos granitos pós-colisionais.

A Suíte Vitória é a única dentre as doEstateriano estudadas com características com-patíveis com magmatismo cálcio-alcalino de arcomagmático. Contudo, sua idade (1775/1785 Ma)é semelhante a dos extensivos granitóides pós-colisionais da área, cuja idade varia de 1784 a1740 Ma (Souza et al., 2005). Isto sugere queesta suíte também possa ser pós-colisional e suageração se daria a partir da fusão do mantometassomatizado, ainda presente na base doedifício colisional durante o soerguimento. A pre-sença de rochas cálcio-alcalinas de arco mag-mático colocadas em ambiente pós-colisional nãoé desconhecida, como ocorre no Rio Grande doSul (Gastal & Lafon, 2006) e de adakitos no suldo platô Tibetano (Guo et al., 2007). Isto é re-forçado pelas idades-modelo de todos os grani-tóides estaterianos da área, mais velhos do que2100 Ma. Como a sua gênese envolveu contri-buição crustal importante, se depreende que oembasamento que fundiu teria pelo menos 2100Ma. A presença de material mantélico doEstateriano e sua interação com material crus-tal pode diminuir a TDM da fração proveniente doúltimo e, assim, resultar em idade intermediáriaentre a dos dois componentes (Noce et al., 2000).

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Do exposto se conclui que os tonalitos egranodioritos da Suíte Vitória são cálcio-alcali-nos normais, de arco magmático continental ou,alternativamente, de ambiente pós-colisional, eforam gerados por fusão de manto metassoma-tizado. Talvez seja o magmatismo temporalmen-te mais próximo de uma colisão que deve terocorrido na área após 2100 Ma.

4.2.2. Magmatismo Cálcio-alcalino de alto KOs granitóides deste conjunto são róseos,

médios a grossos, porfiríticos, deformados, porvezes possuem granada e muscovita e são asrochas cálcio-alcalinas de alto K mais freqüen-tes na área. Participam deste grupo os GranitosMorro do Índio, Zé do Torno e São Pedro, aSuíte Intrusiva São Romão e as rochas vulcâni-cas do Grupo Roosevelt. São representantes tí-picos dos granitóides KCG de Barbarin (1999),particularmente abundantes no período após ofinal das colisões continentais. São bastante di-ferenciadas, com teores de SiO2 entre 67% emais de 75%. Os teores de Al2O3 variam entre11 e 15%, com média superior a 13%. As razõesK2O/Na2O predominam entre 1 e 2, o que lhesconfere caráter potássico pouco acentuado. Sãometaluminosas a peraluminosas e, no diagramaR1R2 de Batchelor & Bowden (1985), não mos-trado neste relatório, se posicionam nos cam-pos de rochas pós-colisionais e tardi-colisionaise, no diagrama de Pearce (1996), sistematica-mente no campo pós-colisional. Exibem padrõesde ETRP em torno de 20 vezes o condrito.

Granito Morro do Índio - Os resultados analí-ticos de 11 amostras da unidade constam daTabela 4.1. A maioria das amostras éperaluminosa e apenas algumas são metalumi-nosas. No diagrama AFM (Fig. 4.1A) as amostrassão cálcio-alcalinas diferenciadas e no diagra-ma R1R2 (Fig. 4.1B) como cálcio-alcalinas de altoK, típicas de granitóides pós-colisionais. No dia-grama multielementar (Fig. 4.2a) possuem ano-malias negativas de Sr, P e Ti, o que, comparati-vamente com a Suíte Vitória menos fracionada,pode significar crescente contribuição crustal. Opadrão de ETR (Fig. 4.2B) de algumas amostrasexibe acentuada anomalia negativa de Eu, au-sente em outras, o que pode ser atribuído a al-guma variação no conteúdo de plagioclásio en-tre as amostras. No diagrama da figura 4.3 asamostras se posicionam no campo das rochaspós-colisionais.

Granito São Pedro e Suíte Intrusiva SãoRomão - Os dados analíticos destas unidades

constam da tabela 4.2. O diagrama da figura 4.5Amostra que os granitos da Suíte São Ramão pos-suem, comparativamente ao Granito São Pedro,forte variação dos elementos móveis e são maisricos na maioria dos elementos traços. O dia-grama de ETR (Fig. 4.5B) mostra que os granitosSão Pedro têm dois tipos de padrão, um comacentuado empobrecimento em ETRP e anoma-lia de Eu pouco significativa, e outro de padrãoplano de ETRP e pequena anomalia negativa deEu. Em um conjunto de amostras do Granito SãoPedro, os teores são bastante destoantes en-tre estas e em relação às demais. Estas amos-tras estão relacionadas na tabela 4.2, mas osdados não foram utilizados nos diagramas paranão mascarar as informações das demais. Apa-rentemente são amostras que ou foram subme-tidas à alteração hidrotermal, ou são produtosde fusão parcial, ou de ambos. Os dadosgeoquímicos mostram que os granitos de ambasas unidades são cálcio-alcalinos de alto K, masos do Granito São Pedro são metaluminosos aperaluminosos e os da Suíte São Romão sãoperaluminosos.

No diagrama da figura 4.6 os granitos deambas as unidades plotam no campo pós-colisional, mas os do Grupo São Pedro se res-tringem ao campo de arcos vulcânicos e os daSuíte São Romão, por serem mais ricos em HFSE,se posicionam no início do campo dos granitosintraplaca.

Granito Zé do Torno - Os granitos Zé do Tornosão róseos, médios a grossos, pouco deforma-dos e contêm eventual granada e muscovita. Osdados analíticos destas unidades constam databela 4.3. O teor médio de Al2O3 é de poucosuperior a 13%. São metaluminosos aperaluminosos. As razões K2O/Na2O variam en-tre 0,8 e 1,9 com média próxima de 1,5. O índiceagpaítico ((N+K)/Al, molar) varia de 0,7 a 0,92.Considerando que 0,87 é o limite inferior de ro-chas alcalinas (Liégeois et al., 1998), estes gra-nitos são subalcalinos, com tendência alcalina.O diagrama AFM (Fig. 4.7A) mostra que as ro-chas desta unidade são cálcio-alcalinas muito di-ferenciadas e no diagrama R1R2 (Fig. 4.7B) seposicionam ao longo do trend cálcio-alcalino dealto K. Os padrões de elementos traços (Fig.4.8A) mostram as fortes oscilações de teores doselementos móveis, sugestivas de processos pós-magmáticos. As anomalias negativas de Sr, P eTi e Nb e positivas de Tb e Y são proeminentes esugerem forte fracionamento e importante con-tribuição crustal. Comparativamente aos grani-tos das unidades Vitória e São Pedro, os desta

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Figura 4.6 — Granitos São Pedro e São Romão.Diagrama discriminante de Pearce (1996). Mesmalegenda da figura 4. 4.

Figura 4.4 — Granitos São Pedro e São Romão. A:diagrama AFM; B: diagrama R1R2 modificado de LaRoche et al. (1980).

Figura 4.5 — Granitos São Pedro e São Romão. A:Diagrama multielementar; B: padrões de ETR.

unidade são discretamente mais ricos em ETRL(Fig. 4.8B), se assemelham nos ETRP e possuemanomalias negativas de Eu mais pronunciadas.No diagrama da figura 4.9, o granito Zé do Tor-no é caracterizado como pós-colisional, a exem-plo dos anteriores, mas algumas amostras, cujosconteúdos são mais característicos de rochas al-calinas, caem no campo dos granitos intraplaca(WPG). Isto sugere ambiente em regime de es-tabilização e tendência a anorogênico.

Rochas vulcânicas do Grupo Roosevelt - Asrochas vulcânicas do Grupo Roosevelt são finas,porfiríticas e podem ou não estar deformadas.São compostas de matriz de feldspato, quartzo,biotita e apatita, com fenocristais de plagioclásioou microclínio. Os dados analíticos destas uni-dades constam da tabela 4.4. A média dos teo-res de Al2O3 é pouco superior a 13%. São rochasmetaluminosas a peraluminosas, com razõesK2O/Na2O entre 0,7 e 1,7. O índice agpaítico((N+K)/A molar) varia entre 0,7 e 0,9, o que ca-

racteriza as rochas da unidade comosubalcalinas. O diagrama AFM (Fig. 4.7A) mostraque são cálcio-alcalinas de alto K e o diagramaR1R2 (Fig. 4.7B) que várias amostras têm valorde R2 abaixo da linha delimite do trend

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Figura 4.8 — Granitos Zé do Torno e vulcânicasRoosevelt. A: Diagrama multielementar; B: padrõesde ETR.

Figura 4.7 — Granitos Zé do Torno e vulcânicasRoosevelt. A: diagrama AFM; B: diagrama R1R2modificado de La Roche et al. (1980).

Figura 4.9 — Granitos Zé do Torno e vulcânicasRoosevelt. Diagrama discriminante de Pearce(1996). Mesma legenda da figura 4.7.

subalcalino, o que indica que possuem tendên-cia alcalina. O diagrama multielementar normali-zado ao manto primordial (Fig. 4.8A) mostra queestas rochas vulcânicas são composicionalmentemais homogêneas do que os granitóides daárea, o que resulta em padrões muito semelhan-tes e próximos. As variações de teores no seg-mento esquerdo do diagrama são menores doque nas dos demais granitóides, sugestivo deação menos intensa de agentes pós-magmáticos. As anomalias negativas de Nb, Sr,P e Ti e positivas de Tb e Y são proeminentes esugerem forte fracionamento e contribuiçãocrustal importante. Os teores e os padrões deETR destas vulcânicas (Fig. 4.8B) são idênticosaos da maioria das rochas graníticas estaterianasda área. Algumas amostras exibem anomaliasnegativas de Eu mais proeminentes, provávelreflexo da variação nas proporções defenocristais de feldspatos. No diagrama da figu-ra 4.9, estas rochas se posicionam no campo

pós-colisional, como todas as intrusões cálcio-alcalinos de alto K da área.

Durante o Projeto Alta Floresta (Souza, etal., 2005) foi mapeado o Grupo São Marcelo Ca-beças, de caráter vulcanossedimentare seme-lhante às rochas do Grupo Roosevelt. A nature-

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za petroquímica das rochas de ambos os gru-pos é análoga, mas as do Grupo Marcelo Cabe-ças tem acentuada característica alcalina. É pos-sível que estes grupos pertençam a um mesmoevento vulcano-sedimentar.

4.2.3 Magmatismo alcalinoAtividade magmática alcalina ocorreu na

área do projeto em dois períodos distintos. NoEstateriano é representada pela Suíte NovaCanaã, de idade semelhante a dos granitóidescálcio-alcalinos de alto K, e no Calimiano pelaSuíte Intrusiva Serra da Providência e granitosRio Vermelho e Aripuanã.

Suíte Nova Canaã – A suíte englobe as unida-des Nova Canaã-1, não deformada, e NovaCanaã-2, deformada, as quais consistem demonzogranitos e sienogranitos rosados, médi-os a muito grossos, respectivamente porfiríticose porfiroclásticos, com eventual muscovita.

Os dados analíticos de 14 amostras destaunidade constam da tabela 4.5. Os teores deSiO2 variam entre 65% e mais de 75%, predomi-nam amostras metaluminosas, a razão K2O/Na2Omédia situa-se em torno de 1,75, com K2O porvezes superior a 6% e o Na2O de até 3,5%. Oíndice agpaítico ((N+K)/A, molar) varia de 0,7 nasamostras menos diferenciadas até 0,9 nas maisdiferenciadas, o que as caracteriza como predo-minantemente subalcalinas. As razões FeOt/(FeOt+MgO) entre 0,83 e 0,97 (Frost et al., 2001)são indicativas de magmatismo do tipo A deLoiselle & Wonwes (1979). A posição das amos-tras no diagrama AFM (Fig. 4.10A) junto e para-lelo ao eixo AF realça a sua natureza alcalina emostra que a fácies Nova Canaã-1 é mais dife-renciada do que a Nova Canaã-2. No diagramaR1R2 (Fig. 4.10B) as amostram se posicionamao longo do trend subalcalino. O diagrama tam-bém contém os campos e trends dos granitosalcalinos que Whalen et al. (1987) propõem paradefinir granitos dos tipos A, I e S. Note-se quehá dois trends de granitos A, um que evolui comosubalcalino e outro alcalino. As amostras da su-íte se dispõem paralelas ao trend subalcalino,como observado em outros granitos deste tipocomo, por exemplo, na Noruega (Duchesne &Wilmarth, 1997).

O diagrama multielementar (Fig. 11A) mos-tra pronunciadas anomalias negativas de Sr,indicativas de fusão parcial em região com pla-gioclásio estável, em profundidade inferior a30km. Também indicam gradiente geotérmico ele-vado, característico de ambiente extensional ouáreas com presença de intrusivas básicas (Patiño

Figura 4.10 — Suíte Nova Canaã. A: diagrama AFM;B: diagrama R1R2 modificado de La Roche et al.(1980).

Douce, 1997). A variação da amplitude da ano-malia de Sr sugere que o conjunto foi geradopor cristalização fracionada. O enriquecimentoem Th e U sugere componente crustal importan-te. O empobrecimento em Sr, Ti e P aliado aoenriquecimento de La, Ce, Nd e Y (e Tb) é típicodo magmatismo do tipo A. Os padrões de ETR(Fig. 4.11B) são comuns aos granitos do tipo A.Sob cristalização fracionada, apenas o Eu é com-patível, enquanto os demais são incompatíveis.Assim, o líquido se torna progresssivamente maisrico em todos ETR, exceto em Eu, que empobre-ce continuamente e, em conseqüência, aumen-ta a sua anomalia negativa. No diagrama da fi-gura 4.12 A as amostras plotam no campo dosgranitos intraplaca e na figura 4.12B no campodos granitos A2, o que sugere que a suíte é pro-duto de fusão crustal ou mantélica com fortecomponente crustal.

Na área do Projeto Alta Floresta (Souza etal., 2005) o granito Teles Pires é composicional-mente análogo à Suíte Nova Canaã, mas menosdeformado, o que não impede a sua correlação,

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Figura 4.12 — Suíte Nova Canaã. A: diagrama discriminante de ambientes tectônicos; B: diagramadiscriminante de magmatismo do tipo A. Mesma legenda da figura 4.10.

Figura 4.11 — Suíte Nova Canaã. A: diagrama multielementar; B: padrões de ETR.

pois alguns corpos podem ter se colocado emregião tectonicamente mais ativa do que outros.

Conclui-se que o magmatismo Nova Canaãé alcalino, potássico, do tipo A2 de Eby (1992) eresultou de fusão crustal, com provável partici-pação mantélica, colocado em ambienteextensional pós-orogênico. Saliente-se que mag-matismo do tipo A (de anorogênico, alcalino eanidro), apesar do nome, ocorre em vários am-bientes tectônicos, não apenas em riftes, e asuíte pode sinalizar a passagem de estágio pós-orogênico a anorogênico.

Suíte Serra da Providência – A suíte consistede anortositos, charnockitos, granitos deforma-dos com granada e granitos rapakivi. Osanortositos não serão tratados, pois apenas 2amostras foram analisadas. Os termos menosdiferenciados são os granitos com granada, se-guidos pelos charnockitos e estes pelos grani-tos rapakivi. Sua idade é calimiana (1606 Ma).

Foram analisadas 13 amostras de granito

e 3 de charnockito, cujos resultados constam daTabela 4.6. Os teores de SiO2 variam entre 58 e75% e os de Al2O3 de 11% a 14%. São rochasmetaluminosas, com razão K2O/Na2O média emtorno de 2 e K2O de até 6%. O índice agpaítico((N+K)/A, molar) varia de 0,7, nas amostras me-nos diferenciadas, a 0,9 nas mais diferenciadas,o que caracteriza o magmatismo como subalca-lino. Contudo as razões FeOt/(FeOt+MgO) su-periores a 0,9, em quase todas as amostras, sãocaracterísticas de magmatismo do tipo A. No di-agrama AFM (Fig. 4.13A) as amostras se posici-onam junto e paralelo ao eixo AF de evoluçãoalcalina e típica das suítes AMCG (Emslie, 1991).Na figura 4.13B as amostras situam-se ao longodo trend subalcalino, de forma semelhante àSuíte Nova Canaã. Ambas as figuras tambémcontêm os dados de amostras do gabro de Juína,contemporâneo a este magmatismo, para mos-trar a possível mistura entre os magmas dadapelo desvio do trend dos granitos em direção aosteores das máficas. No diagrama R1R2 o desvio

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Figura 4.14 — Suíte Serra da Providência. A: diagrama multielementar; B: padrões de ETR.

Figura 4.13 — Suíte Serra da Providência. A: diagrama AFM; B: diagrama R1R2 modificado de La Rocheet al. (1980).

ocorre na direção de quatro amostras mais al-calinas, colocadas no início do trend subalcalino.Feições indicativas de mingling entre as máficase os granitos reforçam a presença de algumainteração entre os magmas.

O significado das anomalias no diagramamultielementar (Fig. 4.14A) é o mesmo que asda Suíte Nova Canaã. Entretanto, os padrõesmostram os efeitos da cristalização fracionada,particularmente nítida nos segmentos entre oSr e o Ti. A seqüência evolutiva inicia com grana-da-granitos, prossegue com charnockitos e en-cerra nos granitos rapakivi. As anomalias nega-tivas de Sr, P e Ti, Ta e Nb crescem gradualmen-te, o que mostra que estes elementos foramcompatíveis e participaram da cristalização fra-cionada. Já o La, Ce, Nd e outros ETR não mu-dam de posição nos três diagramas, o que indi-ca que os minerais que os contêm nãofracionaram de forma significativa durante a cris-talização. Os padrões de ETR (Fig. 4.14B) sãosemelhantes, em formato e conteúdo, nos trêslitótipos, o que indica pouco fracionamento du-

rante a cristalização e as anomalias negativasacentuadas de Eu se devem ao fracionamentode feldspato.

Na figura 4.15A as amostras se posicio-nam no campo dos granitos intraplaca e, na fi-gura 4.15B, no de magmas do tipo A2 (Eby,1992), o que se atribui a uma fonte crustal, ou àmistura de componente mantélico com materialcrustal.

Fato marcante é o sentido da diferencia-ção, das rochas mais deformadas (granada gra-nitos) para as menos deformadas (charnockitose granitos rapakivi). Isto sugere que o inicio doplutonismo ocorreu sob ambiente tectonicamen-te ativo e progrediu para menos ativo. Quandoa parte final se cristalizou o movimento já haviacessado ou diminuído muito, daí a pouca defor-mação observada nos granitos, o que sugereprovável colocação em regime anorogênico.

Granitos Rio Vermelho e Aripuanã – Os da-dos analíticos de 20 amostras do granito RioVermelho e de 3 amostras do granito Aripuanã

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Figura 4.15 — Suíte Serra da Providência. A: diagrama discriminante de ambientes tectônicos; B: diagramadiscriminante de magmatismo do tipo A. Mesma legenda da figura 4.13.

constam da Tabela 4.7, juntamente com amos-tras do granito Canamã (alcalino) e Fontanillas,não tratados devido ao pequeno número.

Os granitos Rio Vermelho estão agrupa-dos na tabela em dois conjuntos denominadosRio Vermelho 1 (RV1) e Rio Vermelho 2 (RV2) quediferem em algumas características resultantesde magmatismo complexo. Os teores de SiO2

predominam entre 66% e 74% e os de Al2O3 sãomaiores nos granitos RV2. Os RV2 tendem ametaluminosos e os RV1 a peraluminosos. Osíndices agpaíticos ((N+K)/A, molar) situam-seentre 0,7 nas e 0,9, o que caracteriza o magma-tismo como subalcalino. As razões FeOt/(FeOt+MgO) variam de 0,75 a superior a 0,90 emostram tendência transicional ou mistura depopulações de rochas subalcalinas e alcalinas.No diagrama AFM (Fig. 4.16A) as amostras deRV1, apesar de muito diferenciadas, aparente-mente se colocam paralelas ao eixo AF e são,portanto, alcalinas, ao passo que as de RV2 seposicionam ao longo do trend cálcio-alcalino. Nodiagrama R1R2 (Fig. 4.16B) as amostras se ajus-tam ao padrão subalcalino, com as de RV2 algofora do alinhamento. O diagrama multielemen-tar (Fig. 4.17A) mostra que RV2 é mais rico emSr, P e Ti do que RV1, por seu turno mais rico emY e Tb, o que sugere a existência de duas linha-gens, uma cálcio-alcalina de alto K (RV2) e outraalcalina (RV1). Os padrões de ETR (Fig. 4.17B)são de dois tipos distintos. Enquanto Aripuanãe RV1 contêm fortes anomalias negativas de Eu,RV2 exibe padrões com teores totais semelhan-tes a RV1, mas com anomalias de Eu pouco pro-nunciadas. A dispersão das amostras no diagra-ma da figura 4.18 sugere que estas rochas sãode ambiente pós-colisional a anorogênico.

Do exposto se conclui que os granitos Ari-puanã são alcalinos, provavelmente anorogêni-cos. Já os granitos Rio Vermelho são, em algunslocais, alcalinos e semelhantes aos de Aripuanãe aos da Suíte Serra da Providência e, em ou-tros, são mais compatíveis com granitos cálcio-alcalinos de alto K. Embora o granito Rio Verme-lho seja do Calimiano e se considere o mesmono conjunto magmático anorogênico da Serra daProvidência, suas características químicas o co-locam como pós-colisional ou anorogênico (Fig.4.18).

4.2.3 Magmatismo máfico toleiíticoO magmatismo máfico na área do Projeto

NW do Mato Grosso está representado por trêsunidades principais, isto é, (i) gabros Juína(Calimiano), (ii) gabros de Arinos e (iii) gabrosde Cafundó.

Gabros Arinos e Cafundó – Os resultados ana-líticos de 8 amostras do gabro Juína e de 4 dogabro Cafundó constam da Tabela 4.8. Os valo-res de mg# (=100Mg/Mg+Fe [molar]) entre 76 e43 sugerem acentuado fracionamento do magmaoriginal. Os teores de Al2O3 de ambos os conjun-tos de amostras são elevados, o que retrata aacumulação de plagioclásio. Os termos mais pri-mitivos provêm do gabro Arinos e os mais dife-renciados do gabro Cafundó, mas ambos per-tencem ao mesmo trend evolutivo toleiítico dealto Mg (Figs. 4.19A e 4.19B).

Elementos traços incompatíveis dão infor-mações importantes sobre a fonte e a diferenci-ação magmática e o comportamento do Zr e Tiem líquidos normais é ilustrativo. Como ambossão incompatíveis, não participam de sólidos em

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fracionamento e, assim, sua razão inicial perma-nece constante durante a cristalizaçãofracionada. No diagrama Zr x Ti (Fig. 4.20) foitraçada a linha da razão condrítica Ti/Zr (=100),ao longo da qual se posicionam as rochasmantélicas normais, como komatiitos e toleiitosde fundo oceânico (Hofman, 1988; Sun &McDonough, 1989; Wilson, 1989; Kroner &Tegtmeyer, 1994). As amostras de Arinos eCafundó não seguem este trend, mas apresen-tam acentuada variação de teores de Ti (3000 a12000 ppm) frente à pequena variação de Zr (30a 50 ppm), o que resulta em alinhamento quasevertical das amostras. Isto retrata perturbaçãona evolução destes magmatismos.

As figuras 4.21A e 21B mostram os dia-gramas multielementar e de ETR normalizadosao manto, com os envelopes das rochas básicas

Figura 4.18 — Granitos Rio Vermelho e Aripuanã.Diagrama discriminante de ambientes tectônicos.Mesma legenda da figura 4.16.

Figura 4.17 — Granitos Rio Vermelho e Aripuanã. A: diagrama multielementar; B: padrões de ETR.

Figura 4.16 — Granitos Rio Vermelho e Aripuanã. A: diagrama AFM; B: diagrama R1R2 R1R2 modificadode La Roche et al. (1980).

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toleiíticas continentais da Chapada Diamantina(Teixeira, 2005). O comportamento das amos-tras de Arinos e Cafundó no diagrama da figura4.21A é muito irregular, com fortes anomaliaspositivas ou negativas, a depender do elemen-to. O empobrecimento em HFSE e em Nb, Th eRb, bem como o enriquecimento em Ba, Sr e Ksão notáveis. Assim, a variação é errática, o quetorna os padrões apenas grosseiramente para-lelos e diferentes dos gabros da Chapada. Estecomportamento pode resultar de vários fatores.Assim, pode ter ocorrido separação imperfeitaentre os sólidos e o líquido e as amostras re-presentar misturas de cumulatos e líquidos re-siduais. Pode, também, ter ocorrido contamina-ção crustal, efetiva em líquidos de alta tempera-tura. Alternativamente, pode-se considerar queas rochas de Arinos e Cafundó sejam produtosde fusão parcial de fragmento de manto metas-somatizado que permaneceu na litosfera apósos eventos colisionais da área, o que explicariaos baixos teores de HFSE e elevados teores deSr, Cs, Ba, K. Estas características dificultam oemprego de diagramas discriminantes de ambi-entes para estas rochas, não mostrados neste

Figura 4.19 — Rochas máficas de Arinos e Cafundó. A: diagrama AFM; B: diagrama de Jensen (1976).

Figura 4.20 — Rochas máficas de Arinos e Cafundó.Diagrama Zr versus Ti. Mesma legenda da figura4.19.

Figura 4.21 — Gabros de Arinos e de Cafundó. A: diagrama multielementar; B: padrões de ETR.

relatório, pois, embora continentais, tendem ase definir como de arco magmático e até mesmofundo oceânico.

Os padrões de ETR (Fig. 4.21B) de Arinose Cafundó são semelhantes, mas as amostrasde Arinos têm teores sensivelmente diferentesdos de toleiitos continentais normais, represen-tados pelo envelope dos gabros da Chapada

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Figura 4.22 — Gabros Juína. A: diagrama multielementar; B: padrões de ETR.

Diamantina. O mesmo se observa nas amostrasde Cafundó, embora seus teores se aproximemmais dos da Chapada. Duas amostras de Arinosexibem baixos teores de ETR, talvez por seremcumulados, com mg# de 76 e 70. As reduzidasanomalias positivas de Eu se relacionam com apresença de plagioclásio.

Conclui-se daí que as rochas máficas deArinos e Cafundó são toleiitos pouco diferencia-dos. Embora os processos que resultaram nassuas características químicas não sejam claros,ambas não diferem em mecanismos petrogené-ticos. Se não houver restrições de outra ordem,ambas podem ser interpretadas comagmáticas.

Rochas máficas de Juína - Os gabros de Juínaestão em intima relação com as rochas alcalinasda Suíte Serra da Providência, com as quais exi-bem relações de mingling, perceptíveis tambémnos dados químicos daquela suíte. Esta unida-de é mais abundante na folha Aripuanã.

Os resultados analíticos de 9 amostrasconstam da Tabela 4.8. Os seus valores de mg#(=100Mg/Mg+Fe [molar]) variam de 57 a poucomais de 35, o que reflete ampla diferenciaçãomagmática. No diagrama AFM (Fig. 4.19A) asamostras são toleiitos de alto Fe, com algumasamostras posicionadas próximas ao limite com asérie cálcio-alcalina. A abundância em Fe tam-bém é revelada no diagrama da figura 4.19B, oqual também mostra a diferença entre estas

amostras e as de Arinos e Cafundó.As relações entre os elementos traços in-

compatíveis mostram a natureza da fonte e aforma de evolução do líquido magmático. Assim,na figura 4.20, que inclui a razão Ti/Zr condrítica(linha tracejada), os gabros de Juína são conti-nentais e a distribuição da maioria das amos-tras próximo da razão condrítica sugere evolu-ção por cristalização fracionada. Isto também éobservado em diagrama La x Ce, não mostradoneste relatório, em contraste com as amostrasde Arinos e Cafundó que não evidenciam de for-ma clara a cristalização fracionada, ou a fusãoparcial.

Os diagramas multielementar com norma-lização ao manto primordial (Fig. 4.22A) e depadrão de ETR (Fig. 4.22B) contêm os dados dasamostras estudadas e os envelopes composici-onais das rochas básicas toleiíticas da ChapadaDiamantina (Teixeira, 2005). Na figura 4.22A, asamostras de Juína têm comportamento irregular(Fig. 4.22A), mas mais harmônico do que as deArinos e Cafundó, e, comparadas com os gabrosda Chapada Diamantina, são sensivelmentemais ricas na maioria dos elementos. Os teoresmais elevados de Y, Yb e Zr e as anomalias ne-gativas de Sr e Ti sugerem magmatismo de acen-tuada tendência alcalina. A figura 4.22B mostraque há enriquecimento em ETR e que estes es-tão fracionados, também sugestivo da tendên-cia alcalina destes gabros.

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Tabela 4.1 – Resultados analíticos de amostras do Complexo Bacaeri-Mogno, Suíte Intrusiva Vitória eUnidade Morro do Índio. Projeto NW do Mato Grosso.

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Tabela 4.1 - continuação

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Tabela 4.2 – Resultados analíticos de amostras do Grupo São Pedro e da Suíte Intrusiva São Ramão.Projeto NW do Mato Grosso.

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Tabela 4.2 – continuação.

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Tabela 4.3 - Dados químicos do granitóide Zé do Torno. Projeto NW do Mato Grosso.

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Tabela 4.3 – continuação.

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Tabela 4.4 - Resultados analíticos de amostras de rochas vulcânicas do Grupo Roosevelt. Projeto NWdo Mato Grosso.

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Tabela 4.4 – continuação.

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Tabela 4.5 - Resultados analíticos de amostras da Suíte Nova Canaã. Projeto NW do Mato Grosso.

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Tabela 4.6 - Resultados analíticos de amostras da Suíte Intrusiva Serra da Providência. Projeto NW doMato Grosso.

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Tabela 4. 7 - Resultados analíticos de amostras dos granitos Aripuanã e Rio Vermelho. Projeto NW doMato Grosso.

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Tabela 4.7 – continuação.

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Tabela 4.8 - Resultados analíticos de amostras de rochas máficas das unidades Juína, Arinos e Cafundó.Projeto NW do Mato Grosso.

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Tabela 4.8 – continuação.

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Silva et al. (1980) foram os primeiros a tra-tar, em escala regional, os principais traços es-truturais da porção norte de Mato Grosso, quan-do propuseram a existência de tectônicaextensional, marcada por movimentos verticaisque resultaram na formação de lineamentos efalhas NW-SE e WNW-ESE, interceptados por li-neamentos NE-SW. Os autores cartografaramfeições estruturais regionais como o graben doCaiabis, os lineamentos Arinos-Aripuanã e asfalhas do Dardanelos e Canamã, as quais ocor-rem na área do Projeto NW de Mato Grosso.Durante a realização realização deste projeto,o levantamento de perfis geológicos permitiureconhecer, na Folha de Aripuanã, que as estru-turas planares e lineares podem ser enquadra-das em 2 (dois) domínios tectônico-estruturais,um dúctil e outro dúctil-rúptil a rúptil, desenvol-vidos em regime compressional e transtensional.

5.1 - Domínio DúctilDurante o Projeto Promin Alta Floresta,

Oliveira & Albuquerque (2004) caracterizaram aexistência de uma fase de deformação (Dn),marcada por cisalhamento puro coaxial nãorotacional, com forte encurtamento crustal NW-SE (N65W) documentada por mullions emsillimanita quartzitos (L=10N30E) e eixos de do-bras (Lb)=80ºN70E em cordierita gnaisses doComplexo Bacaeri-Mogno. A este evento seguiu-se deformação progressiva não coaxial por cisa-lhamento simples transcorrente e oblíquo.

Na área em estudo, este domínio é repre-sentado principalmente por expressivas zonasde cisalhamento transcorrente dúctil sinistral, deorientação dominante EW/subvertical, conjuga-das e articuladas com zonas transcorrestes com-pressivas com componente oblíqua (transpurrão)de direção dominante NW-SE, desenvolvidas emfase deformacional Dn+1, com o vetor compres-sivo situado na posição NE-SW.

Registros desta deformação ocorrem prin-cipalmente no terço norte da folha, abrangendoa região norte de Aripuanã até NW de Juruena,com envolvimento dos litótipos dos Granitos Zédo Torno (Pontos MC-82A e 277; Fotos 5.1 e 5.2)e São Pedro, Alcalinas Canamã e rochas do Gru-po Roosevelt (pontos: MC-232, MC-32 e MC-203,Foto 5.3). Produtos desta deformação tambémocorrem na porção sul da área, a norte/noroes-te de Castanheira e a sul do distrito de Filadél-fia, impressas nos litótipos do Grupo Roosevelte Suíte Vitória (MC-40C).

Esta deformação resultou na formação defaixas com milonitos e protomilonitos com algu-mas dezenas a centenas de quilômetros de com-primento e algumas centenas de metros a pou-cos quilômetros de largura. Dados de pólos daatitude da foliação milonítica (Sn+1) reunidos emestereograma de igual área, hemisfério inferior,se concentram em torno de EW/subvertical (Fig.5.1).

Cisalhamento Transcorrente com Componen-te Oblíqua (Transpurrão) - Evidências dessadeformação ocorrem no domínio dos litótipos doGranito Zé do Torno (MC-45 , MC-271, MC-277 eMC-277B). Nesses, a foliação milonítica é forma-da por placas de biotita + clorita, agregados dequartzo e porfiroclastos de K-feldspatoamendoados, tem atitude N60W/65NE e contémlineação mineral e de estiramento Lx=40º/N40E.Extensa faixa de milonitos (Sn+1) situada a NEde Aripuanã, no domínio do Granito Zé do Torno(MC-271 e MC-45), tem orientação N70W/65NEa EW/60ºN e contém biotita, clorita e sericita,agregados de quartzo, fenoclastos de K-feldspato (± 1cm) amendoados e estirados en-tre as placas de micas e agregados de quartzo,o que produziu lineação de estiramento Lx=40ºN/50E, (Foto 5.4).

A disposição assimétrica dos cristais de K-feldspato e estruturas de tipo mica fish indicamdeformação por cisalhamento transcorrente comcomponente oblíqua (transpurrão).

Os registros dessa deformação reunidosem estereograma de igual área-hemisfério infe-rior forneceram uma foliação milonítica (Sn+1)com atitude média N76W/65NE. (Fig. 5.1).

5.2 - Domínio Dúctil-Rúptil a RúptilOcorre em zonas com deformação

descontínua nas rochas supracrustais do GrupoRoosevelt, nos granitos Aripuanã e Rio Verme-lho e na cobertura mesoproterozóica represen-tada pelo Grupo Caiabis. Caracteriza-se por zo-nas de cisalhamento confinadas, de larguracentimétrica a métrica e originadas pornucleação de fraturas e/ou falhas orientadaspreferencialmente na direção NE-SW que inter-ceptam e deslocam os cinturões de cisalhamen-to dúctil (direção EW a NW-SE). São atribuídas aevento deformacional Dn+2.

Registros dessa deformação estão bemexpostos em lajedo de tufo riolítico do GrupoRoosevelt (estação MC-192) cortado por fratu-

5. GEOLOGIA ESTRUTURAL

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Figura 5.1 – Estereograma igual área, hemisférioinferior, de pólos da foliação milonítica Sn+1 dodomínio dúctil (E/W- vertical e N760W 650 NE).

Foto 5.4 – Granito milonitizado com lineação deestiramento (MC-271).

Y e P, sintéticas) com cinemática anti-horária (si-nistral) e R’ e X (antitéticas) de deslocamentodextral. Esse domínio também ocorre nos pon-tos MC-145A, MC-274 e MC-277, onde afloramdiques de gabro e diabásio das Intrusivas Bási-cas Cafundó, com orientação preferencial N40E eonde preenchem fraturas extensionais (T).

Fraturas de Cisalhamento (Y, R, P) – Ocorremno interior de falhas N70E (R), N85E (Y) e (P)N80W e/ou zonas de cisalhamento confinadascom cinemática sinistral, e estão geralmente pre-enchidas por veios de quartzo em zonas

ras extensionais (T) preenchidas por veios dequartzo leitoso (Foto 5.5) orientados N40ºE/70ºSE. Constituem excelente marcador do vetorde compressão máxima (σ1), balizador das fra-turas de cisalhamento conjugadas de Riedel (R,

Foto 5.1 – Granito Zé do Torno com lineação Lx.(MC-277).

Foto 5.2 – Granito Zé do Torno deformado (MC-173).

Foto 5.3 – Rocha metassedimentar do GrupoRoosevelt (MC- 32) dobrada e falhada.

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

transtencionais. Registros dessa deformaçãoocorrem no ponto MC-27 (NW de Aripuanã) emtufos riolíticos hidrotermalizados do GrupoRoosevelt, onde a falha tem orientação N60E/35ºSE e contém slickensides (Ls) 30º/N50W (Foto5.6); no ponto WA-26 (Norte de Castanheira),como filonito do Granito Rio Vermelho, com ori-entação N80W/65NE e no ponto RR-31 (escarpanorte da serra dos Caiabis), como fraturas re-gularmente espaçadas de atitude N60W/70NEem arenitos arcosianos da Formação Dardane-los, em contato tectônico por falha transcorren-te com rochas da Suíte Vitória.

Fraturas de Cisalhamento (R’/X) – Compre-endem zonas cisalhamento transcorrente confi-nadas e geradas por nucleação de fraturas decisalhamento dextral (R’/X) conjugadas e

antitéticas ao movimento principal na área. Re-gistros dessa deformação ocorrem nos pontosMC-40B (estrada Castanheira-Juruena, NE dodistrito do Novo Horizonte), onde rochas da Su-íte Vitória contêm veios pegmatóides com quart-zo e K-feldspato de atitude N50E/subvertical quepreenchem fraturas extensionais (T) (Foto 5.7)e são deslocados por zonas de cisalhamentotranscorrente rúpteis dextrais, orientadasN25W/60SW (X) (Foto 5.8). Também ocorrem noponto MC-86 (NE da fazenda Banco do Brasil),onde o Granito Zé do Torno está intensamentedeformado por foliação milonítica (Sn+1) N40W,interceptada por feições da deformação rúptil(Dn+2) marcadas por fraturas transcorrentesdextrais (X) regularmente espaçadas N20W/subverticais, e fraturas extensionais (T) preen-chidas com veios de quartzo leitoso de N40E.

Foto 5.5 – Veio de quartzo extensional de direçãoN40E em riolito. (MC-192).

Foto 5.6 – Superfície de falha exibindo ressaltos eslickensides, em tufo riolítico. (MC-27).

Foto 5.8 – Veio de quartzo (N25W) em fraturatranscorrente dextral que intercepta veio de quartzoem fratura extencional (N50E). (MC-40B).

Foto 5.7 – Tonalito da suíte Vitória cortado por veiospegmatóides com quartzo e K-feldspato (MC-40B).

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

6.1. INTRODUÇÃOEste capítulo apresenta os resultados de

Prospecção Geoquímica da Folha Aripuanã e asua integração com os dados aéreo-geofísicosdo Projeto Juruena Teles Pires (Fase II, 1996), oqual salienta as anomalias de K e U Hidrotermal.A integração destes dados com as informaçõesgeológicas foi possível interpretar e classificaras áreas anômalas e individualizar o potencialmetalogenético das mesmas.

6.2 MÉTODOSO levantamento consistiu na coleta de se-

dimentos ativos de corrente e concentrados debateia em aproximadamente 18.000 Km2. Naamostragem atuaram 3 equipes de coleta, em 3etapas de campo de 25 dias consecutivos, comprodução diária de 3 pontos de amostragem/dia,envolvendo sedimentos de corrente, concentra-dos de bateia e concentrados para diamante.Os dados de produção previstos e executadospara a Folha Aripuanã constam da Tabela 6.1.Na tabela, as amostras previstas, mas não cole-tadas situam-se em áreas indígenas.

A amostragem foi realizada de forma sis-temática e visou à caracterização de associa-ções geoquímicas relacionadas às possíveismineralizações de ouro, diamante e associaçõesmetalogenéticas, sempre que possível, com ve-rificação de suas relações com a geologia. Nes-ta programação, procurou-se manter uma den-sidade média de 1 (uma) amostra/15 Km2, ondea geologia fosse mais favorável paramineralizações. As amostras de sedimentos de

corrente e de concentrados de minerais pesa-dos obtidos por meio de peneiras e bateia, fo-ram numeradas sequencialmente de 3001 a3546 e 6001 e 6546 respectivamente. A locali-zação das amostras com seu código foramplotadas no mapa de serviço para facilitar aamostragem.

Para verificar a variância de amostrageme erros analíticos embutidos nos resultados, fo-ram coletadas amostras controles (replicatas eduplicatas) em pontos previamente definidos. Afigura 6.1 contém o programa de amostragemem mapa planimétrico da folha.

As Fotos 6.1 e 6.2 mostram os procedimen-tos empregados na coleta de amostras de sedi-mentos de corrente para obtenção de concen-trados de minerais pesados. Após a coleta, asamostras foram acondicionadas em embalagensadequadas (sacos de pano e plásticos), paraminimizar os riscos de contaminação. As amos-tras de sedimento de corrente foram encaminha-das para análise multi-elementar por meio deICP-MS no laboratório ACME, onde foramsecadas, peneiradas e analisadas para 57 ele-mentos, conforme consta da Tabela 6.2.

As amostras para obtenção de concentra-dos de minerais pesados foram coletadas deforma pontual, a partir de 100 litros de aluvião,classificados em seqüência de peneiras e bateia(Fotos 6.3 e 6.4). Em cada ponto amostrado fo-ram obtidos dois concentrados de frações dife-rentes, isto é, (i) grossa (fração > 28#), desti-nada à análise mineralógica semi-quantitativados minerais pesados e satélites do diamante e

Tabela 6.1 - Dados de produção previstos e executados na Folha Aripuanã.

Material coletado Número de amostras

Sedimentos de corrente Previstos: 545

Coletados: 296

Concentrados de bateia tradicional Previstos: 545

Coletados: 280

Concentrado para diamante Previstos: 545

Coletados: 279

Total coletado Sedimentos = 296

Concentrados=559

6 - GEOQUÍMICA PROSPECTIVA E GEOFÍSICA

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Figura 6.1 – Mapa de pontos de amostragem geoquímica e aluvião na Folha Aripuanã.

Foto 6.1 – Procedimentos de coleta de amostrasde sedimentos de corrente.

Foto 6.2 – Coleta de concentrado de peneira emsedimento aluvionar.

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Tabela 6.2 - Elementos analisados na Folha Aripuanã.

Elementos Limite de detecção Método

Au 0,2 ppb Fire Assay

Ag,Pt 2,0 ppb

Pd 10,0 ppb

Re 1,0 ppb

Ta 0,05 ppm

Co, Sc, Se, Ce, Rb, Sn, Zr, Ge, Li, Ag,

U, Be, Cs, Ga, W, Th, Cu, Ni, As 0,1 ppm ICP

Cd, Pb, Co, Sc, Zn, Mo, Y 0,01 ppm com digestão

B, Mn 1,0 ppm por Água Régia

Cr, Ba, La, Sr 0,5 ppm

V 2 ppm

Bi, S, Sb, Te, Tl, Hf, Cs, In, Nb 0,02 ppm

Hg 5 ppb

P 0,001 ppm

Al, Fe, Mg, Ca, Na, K, Ti 0,01%

Foto 6.3 - Seqüência de peneiras utilizada naclassificação das amostras de concentrado deminerais pesados.

Foto 6.4 - Kit completo para amostragem deconcentrados de minerais pesados (peneiras ebateia).

(ii) fina (fração < 28#) para análise mineralógicasemi-quantitativa tradicional, além dos mineraissatélites do diamante. Os procedimentos deanálise mineralógica foram executados no labo-ratório da CPRM, SUREG-PA. As espécies mine-rais das frações pesadas foram isoladas por meiode separador isodinâmico Frantz e identificadasem lupa binocular e microscópio. O fluxogramada figura 6.2 mostra os procedimentos de pre-paração das amostras na etapa de campo e delaboratório.

A partir dos resultados de laboratóriodeterminaram-se as matrizes de correlação e seobteve o sumário estatístico das unidadesgeológicas da folha com o emprego do programaOásis Montaj 6.1 da Geosoft. A partir dosresultados definiram-se os valores anômalos deprimeira, segunda e terceira ordem,representados por símbolos que definem asassociações geoquímicas.

Os dados geofísicos de cintilometria noscanais do potássio, urânio e do tório foram pro-

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Figura 6.2 – Fluxograma da coleta e procedimentos de laboratório para obtenção de e estudo deconcentrados de minerais pesados.

cessados no programa Oásis Montaj 6.1 pararessaltar as áreas de anomalias de potássio eurânio hidrotermal, segundo os seguintes pro-cedimentos:

1. Análise estatística dos dados dos canaisradiométricos de K, U, Th;

2. Retirada dos valores negativos do ban-co de dados radiométricos;

3. Gridagem do K, U e Th;4. Análise estatística dos grids;5. Retirada dos valores negativos dos da-

dos gridados;6. Processamento do K e do U normaliza-

do ao Th para realçar o K e o U hidrotermal (Kd eUd);

7. Retirada de valores negativos de Kd eUd gridados

8. Contorno das anomalias dos dados deKd e Ud normalizados;

9. Correlação das áreas hidrotermais anô-malas (Kd e Ud) com as estruturas e unidadesgeológicas e integração com anomalias geoquí-micas.

A partir desta integração foram definidosos critérios para classificação as áreas anôma-las nas três folhas do Projeto (Tabela 6.3).

6.3 RESULTADOS6.3.1 – SEDIMENTOS DE CORRENTE

A partir dos resultados analíticos degeoquímica das amostras de sedimentos de cor-rente foram calculados os parâmetros estatísti-cos que constam da Tabela 6.4 e das Tabelas6.5 a 6.8 ao final do capítulo, as quais incluemos valores de anomalias de primeira, segunda eterceira ordem por unidade geológica. Em se-guida, foram calculadas as matrizes de correla-ção dos elementos das unidades geológicas mai-ores para definir as associações geoquímicas ca-racterísticas. Os elementos analisados que apre-sentaram resultados abaixo do limite dedetecção não constam nas tabelas.

Os dados das tabelas revelam que nasunidades da Bacia de Dardanelos, GrupoRoosevelt, Granitos e Gabro Cafundó existemdiferenças de mais de 50 % entre a mediana ea média de Ag, Mn e Au. Estas diferenças de-vem estar relacionadas a amostras pontuais,com elevadas concentrações (efeito pepita) emrelação ao restante do grupo amostral. Isto in-dica desvio padrão elevado e distribuição dis-tinta da normal (Gaussiana).

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Tabela 6.3 - Critérios para classificação de áreas anômalas.

CLASSE

CRITÉRIO I-A I-B I-C I-D I-E II III

Anomalia geofísica de potássio (Kd)

ou urânio (Ud) hidrotermal X O X O O X X

Anomalia geoquímica de 1ª ordem X X X O O

Anomalia geoquímica de 1ª ordem

indicativa de alteração hidrotermal (Rb) X O O

Anomalia geoquímica de 2ª ou 3ª ordem X O X O O

Ocorrência de garimpos ou depósitos minerais X X

Controle estrutural X X O X O O

Geologia favorável X X X X X X X

Sedimentos de corrente não amostrados X

Valores Ag ou Au acima da mediana X X X X O X

Nota: X = CONDIÇÃO EXIGIDA O = CONDIÇÃO RELATIVA

Tabela 6.4 - Sumário estatístico da Folha Aripuanã englobando todas as unidades geológicas.

Média Mediana Desvio Minimo Máximo Ordem01 Ordem02 Ordem 03

Au (ppb) 1.3 0.2 7.5 0.2 93.5 23.8 16.3 8.8

Ag (ppb) 8.6 4.0 10.6 2.0 72.0 40.0 29.0 40.0

Rb (ppm) 8.3 3.6 11.9 0.4 93.7 12.0 32.0 99.0

Em relação ao Au e Fe no Grupo Roosevelt,a diferença entre a média e a mediana é devidaàs formações ferríferas da porção centro sul daárea. Cromo e Vanádio também apresentam es-tas diferenças no Gabro Cafundó, situado nocentro-leste da Folha, o que poderia sugerir pos-síveis mineralizações de Cr, V e Ag.

As associações geoquímicas mais impor-tantes das principais unidades geológicas sãodefinidas pelas matrizes de correlação dos da-dos geoquímicos. Nas rochas do Grupo Caiabis,localizado na parte central da folha e represen-tado pelas rochas sedimentares da FormaçãoDardanelos e pelos basaltos, diabásios e gabrosda Formação Arinos, a matriz de correlação (Fig.6.3) indica que as associações geoquímicas maissignificativas são (i) Fe-Mn-Cu-Ni-V-Co-Zn-Ag-Aue (ii) U-Th-Y-Zr-Hf.

Na Bacia do Dardanelos foram seleciona-das cinco áreas (numeradas de 01, 02, 03, 04 e07), classificadas como de potencialidade Clas-se I-D de acordo com os critérios da Tabela 6.3.Nestas áreas os valores de Au e Ag situam-seacima da mediana, com concentrações de 0,2 e4,0 ppb respectivamente. Destaque-se a área01 por conter um depósito de argila. As áreas

05 e 06, situadas na Formação Dardanelos, apre-sentam concentrações de Au e Ag acima da me-diana e anomalias de 2ª ordem de Cu, V, Ni, Ga,Y, Zr, Hf, Ce Ta e Th (amostras JA-S-3148 e JA-S-3153). Nas amostras JA-S-3144, JA-S-3145 e JA-S-3146 foram detectadas concentrações anôma-las de 2ª ordem de Mo, Ga, V, Co, Ni e Cu, o quepode ser reflexo das rochas máfias da Forma-ção Arinos. A potencialidade destas áreas se in-sere na Classe I-B, por apresentarem anomali-as geoquímicas de 1ª ordem, controle estrutu-ral favorável e teores de Au e Ag acima da medi-ana.

A área 8 é da Classe III, pois não foiamostrada nem mapeada por situar-se em áreaindígena, mas apresentar anomalias geofísicasde potássio e urânio hidrotermal.

Nas áreas dos granitos Aripuanã e Zé doTorno, a matriz de correlação (Fig. 6.4) indica queas associações geoquímicas mais significativassão (i) Mn-Sr-Y-La-Ce-Au-Ag, (ii) U-Th-Al-Ga, (iii)Ba-Rb-Be e (iv) Ta-Nb. Dentre os elementos se-lecionados, as correlações mais significativasforam de Al-Ga-Hg= 0.99, Mn-Sr=0.97, Ba-Sr=0.86, Sn-Sc-Li = 0.96 e U-Th=0.80.

Nos granitos destacam-se as áreas 09 e

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10, em especial a primeira por conter um depósi-to polimetálico de Zn-Ni-Cu-Au conhecido e bemestudado, e o maior valor anômalo de Au (93.5ppb, amostra JA-S-3014). A área 09 é da ClasseI-C por apresentar anomalias geofísicas de po-tássio e urânio hidrotermal (Kd e Ud), anomaliasde 1ª ordem, garimpos, depósitos minerais, ge-ologia favorável e concentrações de Au e Ag aci-ma da mediana.

A área 10, localizada na porção centro-nor-te da folha, se destaca por ser expressiva e nãoconter registro de ocorrência mineral conhecida.É extensa, delineada por 36 amostras e apre-senta anomalias geofísicas de potássio e urâniohidrotermal. A área contém concentrações anô-

malas de vários elementos geoquímicos, inclu-sive de alguns indicativos de alteraçãohidrotermal, como Rb e Be. Ademais, possui con-trole estrutural definido por falhas e teores deAu e Ag acima da mediana. A Tabela 6.9 contéma relação das amostras anômalas de 1ª e 2ªordens. Entre as amostras JA-S-3071 e JA-S-3087 há uma faixa com concentrações anôma-las de Rb, La, Ba, Sn e Be que pode caracterizaruma zona de cisalhamento com alteraçãohidrotermal.

Na área 11, localizada na porção centro-leste da folha, apesar da ausência de anomali-as geofísicas para potássio e urânio hidrotermal,ocorrem amostras com teores de Au e Ag acima

Figura 6.3 - Matriz de correlação dos sedimentos de corrente do Grupo Caiabis.

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da mediana. Nesta, as amostras JA-S-3310 e JA-S-3311 se destacam pelas concentrações anô-malas de 2ª ordem de Hf, e as amostras JA-S-3313 e JA-S-3317 com concentrações anômalasde 2ª ordem de Hf, Nb, Sr, Ba, Rb, La, Ce, Be eGa. A área tem bom controle estrutural e geolo-gia favorável o que a insere na Classe I-B.

A área 12 tem teores de Au e Ag acima damediana e anomalias de potássio e urâniohidrotermal. Entretanto, não contém anomaliasgeoquímicas nem ocorrências minerais conheci-das, o que a insere na Classe II.

Para caracterizar as associações geoquí-micas do Grupo Roosevelt, as amostras das uni-dades metavulcânica e metassedimentar foram

reunidas em um único conjunto. A matriz de cor-relação (Fig. 6.5) indicou que as associações maissignificativas são (i) Fe-Sc-V-Cr-Hg, (ii) As-Sb, (iii)Ba-Rb e (iv) Al-Ga.

Nesta área foram delineadas 07 áreasanômalas (numeradas de 13 a 19); quatro dasquais localizadas na região sudeste da folha. Naárea 13, foram detectados valores de Au e Agacima da mediana, há cadastro de uma ocorrên-cia de Au, mas não há anomalias geofísicas depotássio ou urânio hidrotermal, o que a inserena Classe I-D. A Área 14, localizada na porçãocentro-sul da folha é delineada por 19 amostras,dente as quais se destacam JA-S-3237 e JA-S-3238 pelas concentrações anômalas de Fe de

Figura 6.4 - Matriz de correlação dos sedimentos de corrente dos Granitos Aripuanã e Zé do Torno.

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2ª ordem. Estas amostras se localizam em For-mações Ferríferas, bem delineadas no mapaaerogeofísico do sinal analítico do campo mag-nético total (Fig. 6.6). Nesta área há cadastrode uma ocorrência de ametista. Em função des-tes resultados, a área 14 é da Classe I-D.

Na área 15 foram coletadas 5 amostras(PR-S-3409, PR-S-3410, PR-S-3411 e PR-S-3412)com concentrações baixas de elementosanalisados. Ocorre apenas uma anomalia depotássio hidrotermal e teores de Au e Ag acimada mediana e, por isso, é da Classe II.

Na Área 16 há apenas uma anomaliageofísica de urânio hidrotermal. Trata-se de áreaindígena não amostrada, e por isto, é da Classe

III. A Área 17, localizada no extremo SE da folha,contém granitos Rio Vermelho. Contém teoresde Au (PR-S-3419) e Ag (PR-S-3413, PR-S-3414,PR-S-3415, PR-S-3417, PR-S,3418, PR-S-3419 ePR-S-3420) acima da mediana e anomaliasgeofísicas de urânio hidrotermal, o que a inserena Classe II.

A área 18, localizada na porção oeste daSuíte alcalina Canamã, está representada pelasamostras CF-S-3125, CF-S-3329, CF-S-3330, CF-S-3349, CF-S-3350 e CF-S-3351, com teores deAg acima da mediana. Nesta área destacam-seas amostras CF-S-3329 com concentraçõesanômalas de 2ª ordem em Hf, Zr, Sn, Sb, Cd, Th,U, Ti, Mn e Fe.

Figura 6.5 - Matriz de correlação dos sedimentos de corrente do Grupo Roosevelt.

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Tabela 6.9 - Amostras anômalas de 1ª e 2ª or-dens e respectivos elementos químicos.

Amostra Elementos químicos

JA-S-3022 Ba, Sr, SnJA-S-3023 Ba, Sr,SnJA-S-3028 Hf, Zr, UJA-S-3034 Be, SnJA-S-3035 BeJA-S-3503 BaJA-S-3533 BaJA-S-3070 LaJA-S-3071 Rb, La, GaJA-S-3072 Be-SnJA-S-3073 Ba, Rb, La,Sn,GaJA-S-3077 Rb, Ce, La, BeJA-S-3077 Rb, Ce, La, Be,JA-S-3079 LaJA-S-3080 Rb, La, GaJA-S-3081 Ba, Ce, La, Rb, SnJA-S-3082 Hf, Zr, Ba, Rb, SnJA-S-3086 Hf, Zr, BaJA-S-3087 Hf, Zr, BaJA-S-3089 BeJA-S-3094 Hf, Zr, Ba, Be

Figura 6.6 - Mapa aerogeofísico do sinal analítico do campo magnético total.

A área 19, delineada pelas amostras JA-S-3364, JÁ-S-3365, JA-S-3366, JA-S-3367, JA-S-3379 e JA-S-3380, última importante na FolhaAripuanã, tem grande potencial para Au. A áreatambém se destaca por conter anomalias de 2ªordem de Ag e de 3ª ordem de Cr e V. Localiza-se no extremo leste da Folha Aripuanã, próximode Juruena, onde ocorre um dique de gabro emrochas do Grupo Roosevelt.

A figura 6.7 mostra o mapa resultante daintegração dos dados geoquímicos e geofísicos,salientando as áreas potenciais e as associaçõesgeoquímicas anômalas mais importantes. Nafigura merecem destaque as áreas 05, 06 e 10,nas quais há coincidência entre anomaliasgeofísicas de potássio e urânio hidrotermal,pronunciadas anomalias geoquímicas eproeminente controle estrutural, importantesindícios do potencial metalogenético.

A integração dos dados geoquímicos,geofísicos e de mapeamento revelou, portanto,o grande potencial metalogenético da folha deAripuanã, pois, além das ocorrências mineraisconhecidas como o depósito polimetálico deAripuanã (Zn, Ni, Cu, Pb e Au), os garimpos deAu do Mastigado I e II e do Expedito e depósitode argila, possui alvos prospectivos importantes

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Figura 6.7 - Mapa integrado geoquímico-geofísico de classificação das áreas anômalas da Folha Aripuanã.

nas áreas de ocorrência das rochas do GrupoRoosevelt e granitos associados, bem como nosbasaltos da bacia do Caiabis.

6.3.2 – CONCENTRADOS DE BATEIAAs figuras 6.8, 6.9, 6.10 e 6.11 mostram a

distribuição das concentrações de cromita, gra-nada, epidoto e ilmenita, respectivamente, emconcentrados de bateia. Das 279 amostras co-letadas na folha, 268 apresentaram possíveisminerais indicadores de kimberlito. Destas, 123possuem mais de um mineral indicador, 84 têmdois minerais, 30 têm três e 9 quatro, e geral-mente com mais de um grão por mineral. Dentreos minerais pesados indicadores, a ilmenita ocor-re em 254 amostras (Fig. 6.11), a granada em73 (Fig. 6.9), o espinélio em 83 e os piroxêniosem 28. Estes minerais podem ser encontradostanto na fração >28# quanto <28#. A figura 6.12mostra a distribuição dos minerais indicadores

de kimberlitos e/ou rochas relacionadas na fo-lha e identificados neste trabalho.

Dependendo da confirmação destes mine-rais por meio de análise química, os resultadospermitem apontar e identificar 39 amostras dealto interesse, pois possuem dois ou mais mine-rais satélites de kimberlitos e/ou rochas relacio-nadas. Algumas amostras sinalizam alvos situa-dos ao longo da bacia do rio Aripuanã, o que éjustificado pela dispersão mineral a partir dekimberlitos conhecidos logo a sul da folha, naProvíncia de Juina, ou pela dispersão a partir decorpos ainda desconhecidos e localizados no in-terior de áreas indígenas. Outro alvo importan-te localiza-se na porção NE da folha, borda nor-te da Bacia do Dardanelos, onde foram identifi-cados vários grupos de minerais satélites quenão se justificam pelos corpos da folha Juina,logo a sul, e derivar de fonte primária ainda des-conhecida na área.

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Figura 6.8 – Distribuição da Cromita.

Figura 6.9 – Distribuição da Granada.

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Figura 6.10 – Distribuição do Epidoto.

Figura 6.11 – Distribuição da Ilmenita.

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Figura 6.12 – Distribuição dos minerais indicadores de Kimberlitos.

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Tabela 6.5 - Sumário estatístico por unidade geológica da Folha Aripuanã.

Nota: n.d. = não detectado. Elementos analisados que não constam na tabela apresentaramconcentrações abaixo do limite de detecção do método para todas as unidades geológicasconsideradas.

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Tabela 6.6 - Sumário estatístico por unidade geológica da Folha Aripuanã.

Nota: n.d. = não detectado. Elementos analisados que não constam na tabela apresentaramconcentrações abaixo do limite de detecção do método para todas as unidades geológicasconsideradas.

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Tabela 6.7 - Sumário estatístico por unidade geológica da Folha Aripuanã.

Nota: n.d. = não detectado. Elementos analisados que não constam na tabela apresentaramconcentrações abaixo do limite de detecção do método para todas as unidade geológicasconsideradas.

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Tabela 6.8 - Sumário estatístico por unidade geológica da Folha Aripuanã.

Nota: n.d. = não detectado. Elementos analisados que não constam na tabela apresentaramconcentrações abaixo do limite de detecção do método para todas as unidades geológicasconsideradas.

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As substâncias minerais cadastradas nes-ta Folha foram agrupadas de acordo com a clas-sificação utilitária das substâncias mineraisestabelecida no GEOBANK, o banco de dados doServiço Geológico do Brasil (CPRM) de acordocom as seguintes classes:

• Gemas• Metais nobres• Metais ferrosos• Metais não ferrosos• Materiais de uso imediato na construção

civilAs substancias cadastradas revelam a

potencialidade da área para depósitospolimetálicos básicos (Pb-Zn-Cu-Au), sulfetosmaciços vulcanogênicos, ouro e minério de ferrohematítico associados à seqüênciametavulcanossedimentar Roosevelt. Também hápotencial para minérios sulfetados de Cu-Au re-lacionados aos granitos Rio Vermelho eFontanillas, onde foram detectados indícios desulfetos. Por outro lado, depósitos de materiaisde construção, como areia, areia saibrosa e ar-gilas são abundantes na forma de soloseluvionares oriundos da decomposição de rochasgraníticas e arenitos da Formação Dardanelos.

7.1 – Gemas7.1.1 - Ametista

Registra-se apenas uma ocorrência deametista, em garimpo localizado no distrito deNovo Horizonte, município de Castanheira (pon-to MC-222d). A ametista ocorre em veiospegmatóides de direção preferencial NE no gra-nito Rio Vermelho. Os veios têm de 0,20 a 1,0 mde espessura e são compostos de agregadosde feldspato, quartzo leitoso e ametista, maisraramente quartzo hialino. Os cristais deametista variam entre 0,5 a 2,0 cm, sãoarroxeados, ora claros ora escuros, em geralagregados em drusas e, quando bem formados,são hexagonais piramidados. A qualidade doscristais é, em geral, moderada, mas algumaspedras são de boa qualidade. A atividadeextrativa é rudimentar e atualmente está para-lisada.

7.2 – Metais Nobres7.2.1 – Ouro7.2.1.1 – Mineralização Secundária

A atividade mineira na folha Aripuanã estáhistoricamente ligada à extração de ouro porgarimpagem rudimentar em eluviões, coluviões

e aluviões provenientes da desagregação derochas do Grupo Roosevelt, as quais sustentama Serra do Expedito (Foto 7.1). Destaca-se ain-da o garimpo Vale do Ouro, localizado na porçãoSSE da folha, alvo de intensa atividade garimpeirana década de 1980 em aluviões do córrego Valedo Ouro, que drena rochas metavulcânicas doGrupo Roosevelt intrudidas pelo granito Rio Ver-melho.

7.2.1.1 – Mineralização PrimáriaA extração de ouro em depósitos primári-

os é feita nos garimpos do Mastigado I e II.No Garimpo do Mastigado I, (ponto MC-

270), situado aproximadamente 32 km a NNWde Aripuanã, porção NW da folha. Localmente aextração do ouro é feita por meio de shaft (foto7.2) com cerca de 130 m de profundidade, deonde partem três galerias sub-horizontais, dis-postas em três níveis. A mineralização auríferaocorre como veios de quartzo enfumaçado, com20 a 30cm de espessura, que cortam rochas me-tassedimentares fi lonitizadas do GrupoRoosevelt segundo N50W/30ºSW a N80W/20ºNE, às vezes sub-horizontais, em geometriasemelhante a ladder veins (Foto 7.3). As rochashospedeiras contém proeminente foliação N80W/subvertical de zona de cisalhamento dúctil-rúptil.

O Garimpo do Mastigado II situa-se pró-ximo do anterior, com os veios encaixados emcamada de chert recristalizado do GrupoRoosevelt. Os veios são de quartzo cinza-escu-ro, têm de 15 a 30 cm de espessura, e possuematitude N75W/75ºNE, concordante com a zonade cisalhamento hospedeira. Neste local tambémocorrem veios de quartzo interconectados e dis-cordantes, pois preenchem zonas transtensio-nadas representadas por fraturas conjugadasde Riedel de atitudes N80E (P) e N50W. (Foto7.4).

7.3 – Metais FerrososNa área foram cadastradas três ocorrên-

cias de formação ferrífera associadas a rochasclastoquímicas da Unidade Metassedimentar doGrupo Roosevelt

7.3.1 Ocorrências de formações ferríferasTrês ocorrências de formações ferríferas

ocorrem na folha, todas associadas à UnidadeMetassedimentar do Grupo Roosevelt.

Ocorrência MC-203 a MC-225 – Locali-za-se na porção sul da folha, a sul-sudoeste doDistrito de Novo Horizonte, onde constitui um cor-po alongado segundo NW/SE aparentemente

7 – RECURSOS MINERAIS

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Foto 7.1 – Vista geral das aluviões e coluviões, Ga-rimpo do Expedito na encosta da serra.

Foto 7.3.-Garimpo Mastigado I - Veio de quartzoenfumaçado com Au em forma de escada (laddervein).

Foto 7.2. Garimpo Mastigado I. Local com shaft pararetirada de minério.

continuo entre os pontos MC-203 e MC-225. Es-tende-se por cerca de 20 km com espessuramédia ao redor de 5 m, segundo N60ºW/70ºSW.A rocha tem bandamento centimétrico dado pelaalternância de níveis ricos em hematita especu-lar com vênulas de quartzo (Foto 7.5) e níveisde arenito ferruginoso.

Foto 7.4 – Garimpo Mastigado II – Frente de lavra(parede da cava) que expõe veios de quartzoauríferos interconectados e encaixados em chertdo Grupo Roosevelt que preenchem zonas trans-tensionadas (fraturas conjugadas). (ponto MC-270A)

Foto 7.5 – Amostra da formação ferrífera compos-ta de hematita especular da UnidadeMetassedimentar do Grupo Roosevelt. Ponto MC-203.

Ocorrência MC–230 – Localiza-se na por-ção sul da folha, na margem oeste da rodoviaMT-418, entre as vilas de Fontanillas e a SerraMorena. Trata-se de ocorrência pontual compos-ta de camada com alternância de níveiscentimétricos de arenito ferruginoso e comhematita especular (Foto 7.6),

Ocorrências MC – 268 - Situam-se no les-te da folha e consiste de horizonte com exten-são superior a 5 km e de 2 a 3 m de espessura edireção N60W/40NE, bandado e composto deníveis de hematita especular alternados comarenito fino a grosso, avermelhado, mal selecio-nado e com grãos angulosos e de esfericidadebaixa. Por vezes, a hematita ocorre em lentes

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Foto 7.6 – Formação ferrífera do ponto MC-230 per-tencente à Unidade Metassedimentar do GrupoRoosevelt.

Foto 7.7 – Formação ferrífera bandada - unidademetassedimentar do Grupo Roosevelt MC - 268

ricas no mineral (Foto 7.7).

7.4 Metais Não Ferrosos7.4.1 – Depósito de Sulfeto Polimetálico daSerra do Expedito, Alvo Aripuanã

Este depósito localiza-se 14 km a nortede Aripuanã, na Serra do Expedito, onde ocor-rem os corpos mineralizados Arex, Ambrex,Babaçu, Boroca, Mocotó-Gossan e Mocotó-Cabe-ça Branca e os alvos Vaca, Bigode, Cafundó eAcampamento Velho. O depósito foi descobertoquando do reconhecimento geológico executa-do pela Anglo American Brasil Ltda, iniciados noinício da década de 1990, a partir de gossansricos em Zn e Cu em antigas ocorrências de ouro.Com a continuidade dos trabalhos de pesquisa,os gossans foram reconhecidos como a zona deoxidação de depósito polimetálico do tipo VMS,com mineralização de Zn, Pb e Cu (Costa, 1999).A evolução da pesquisa confirmou o potencialdessas ocorrências. A fase de detalhamento con-duziu à descoberta de vários outros corposmineralizados e a conseqüente caracterizaçãode um depósito de médio a grande porte, comreservas da ordem de 23 milhões de toneladase com teores de 7,89 Zn % ; 1,60 % Pb; 0,08 %Cu ; 49,7 g/t Ag e 0,22 g/t Au.(Costa, 1999). Ostrabalhos de pesquisa atuais desenvolvidos peloGrupo Votorantim elevaram as reservas paracerca de 42 milhões de toneladas de minério,viabilizando assim a implantação de projeto in-dustrial na região.

Os depósitos estão associados à seqüên-cia metavulcanossedimentar do Grupo Roosevelt,do Paleoproterozóico (1.762 – 1.740 Ma). Se-gundo Costa (1999), na área dos mesmos, as

rochas adjacentes compreendem, da base parao topo, uma seqüência de riolitos e tufos asso-ciados, seguida de uma seqüência de lavas áci-das com intercalações de intermediárias e umasedimentar de metargil itos, metatufos emetacherts interestratificados.

Embora os trabalhos de pesquisa condu-zam à classificação deste depósito como do tipoVMS, as feições de substituição e a associaçãoespacial do minério com um conduto tectônico,as feições de remobilização, dentre outras, pos-sibilitam outras classificações, pois a zonamineralizada requer melhor definição da natu-reza e da fonte dos fluidos. Assim, é possívelque o depósito, na origem do tipo VMS, possater sido submetido á deformação, remobilizaçãoe superposição de novos fluidos durante a de-formação e, posteriormente, a fluidos derivadosda atividade granítica tardia presente na área(Lacerda Filho, et al., 2004).

O estudo mais recente do depósito foi re-alizado por Leite et. al. (2005), e do qual os pa-rágrafos que seguem resumem os aspetos maisrelevantes (Fig. 7.1). Os autores situam o essedepósito na Província Rio Negro-Juruena, SW doCráton Amazônico, hospedado em rochas vulcâ-nicas/vulcanoclásticas félsicas do GrupoRoosevelt, desenvolvido em ambiente aquoso,e formado por sistema hidrotermal de baixa tem-peratura. Descrevem a existência de três esti-los de mineralizações. A principal é constituídade uma zona inferior de stringer com sulfetos deCobre e Ouro disseminados em veios de quart-zo e uma superior de sulfetos maciços, bandadose disseminados, ricos em Zn, Pb e Ag, com Ausubordinado. Outro compreende mineralização

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Figura 7.1 – Localização e mapa e perfil geológico do Depósito de Sulfeto Polimetálico da Serra do Expe-dito, Alvo Aripuanã. Fonte: Leite et. al. (2005), original na escala 1:25.000.

disseminada, possivelmente oriunda darecristalização da mineralização principal duran-te a intrusão do Granito Aripuanã. O terceiroestilo compreende sulfetos e Ouro dissemina-dos em veios de quartzo formados durante even-to tardio de cisalhamento que afeta de formaheterogênea as rochas do Grupo Roosevelt. Oenvelope de alteração dos corpos de sulfetomaciço é composto de uma zona com aparagênese anfibólio + clorita ± biotita ± carbo-nato ± talco e outra com carbonato + anfibólio +talco ± clorita. As inclusões fluidas predominan-tes são aquo-salinas bifásicas (L+V) e aquo-sa-linas saturadas(L+V+S), com subordinadas in-clusões monofásicas (L ou V). As aquo-

carbonáticas revelaram CO2 e presença consi-derável de CH4. Estes fluidos são comuns em de-pósitos de sulfeto maciço hospedados em rochasvulcânicas (VHMS). Os isótopos de Pb de galenarevelaram idade-modelo entre 1,7 Ga e 1,9 Ga,similar à das rochas hospedeiras e fonte crustaldo Pb.

Os autores interpretam a principal mine-ralização da Serra do Expedito como produto demodelo vulcanogênico, com fluidos derivados daágua do mar levemente redutora, capaz de lixi-viar os metais do depósito em condições oxidan-tes. Os estilos tardios da mineralização, tantoassociados com metamorfismo de contato, quan-to com as zonas de cisalhamento, adicionam for-

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te potencial metalogenético para depósitos se-melhantes na área.

7.5 – Materiais de uso imediato na cons-trução civil7.5.1 – Areia e Cascalho

Os principais depósitos destes materiais,de emprego imediato na construção civil, ocor-rem nas aluviões do rio Aripuanã, onde predo-minam níveis de areia média a grossa sotopos-tos a níveis de cascalho. A sua extração dá-seprincipalmente nas imediações das cidades deAripuanã e Juruena e é executada por peque-nas empresas mediante técnicas simples e rudi-mentares, sem orientação sobre o impacto am-biental.

7.5.2 – ArgilaOs depósitos de argila têm ampla distri-

buição na área, em particular nas faixas comespessos regolitos derivados do intemperismode rochas de rochas granitóides. Também há

depósitos expressivos resultantes de sedimen-tação nas planícies aluviais do rio Aripuanã. Es-ses depósitos abastecem a produção de tijolos,telhas e cerâmica vermelha, ou são exploradoscomo saibro para mistura com cimento. A explo-ração desses depósitos acarreta forte impactoambiental que pode ser minimizado mediante oemprego de técnicas de manejo sustentável eextração racional.

9.5.3 – Rochas OrnamentaisA área contém grande diversidade de ro-

chas que podem ser empregadas como revesti-mento, destacando-se os granitos homogêne-os, não deformados e de matizes diversas, ex-postos em lajedos, matacões e blocos. Merecemdestaque os granitos cinza-avermelhados (Gra-nito Aripuanã) que afloram a NW de Aripuanã eos granitos cinza-rosados (Granito Rio Verme-lho) e tonalitos e granodioritos cinza-esbranquiçados (Suíte Vitória) que ocorrem naporção SE da folha.

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Os perfis geológicos realizados e o acer-vo bibliográfico disponível permitiram algunsavanços no conhecimento geológico da área epropor nova ordenação estratigráfica vinculadaprincipalmente à evolução do arco plutono-vul-cânico pós-colisional Roosevelt (1,79-1,65Ga), deambiente tardi-orogênico.

A área contém três segmentos crustaisdistintos, isto é, um cinturão plutono-vulcânico,deformado em regime dúctil de médio graumetamórfico, com assinatura de arco magmáti-co formado entre 1,79 a 1,65Ga (U-Pb), outrocomposto por suítes graníticas pós-orogênicasa anorogênicas, com deformação descontínuaou confinada, de regime rúptil a rúptil-dúctil emetamorfismo de baixo grau e a Bacia do Dar-danelos.

O segmento plutono-vulcânico é formadopela Suíte Vitória (1.785 ± 8Ma, U/Pb e idade-modelo 2.182Ma Sm/Nd, εNd-2,56), representa-da por tonalitos, granodioritos, dioritos, quart-zo dioritos e quartzo monzodioritos; Granito SãoPedro (1.784± 17Ma e 1786± 17Ma U/Pb e ida-de-modelo Sm/Nd de 2147Ma e 2060Ma e ªNd(t)-1,11 e +0,65) composto de granodiorito, quart-zo-diorito e anfibólio-quartzo monzodiorito; Gra-nito Zé do Torno (1.755 ± 5Ma, U/Pb) constituídopor batólitos elipsoidais aglutinados, alongadosde monzogranito e sienogranito deformados ebalizados por zonas transcorrentes EW e NW-SE e o Grupo Roosevelt (1.672 ± 6Ma a 1.740MaU/Pb) representado uma unidade metavulcânicacom riolitos, dacitos, andesitos e piroclásticasassociadas, e outra metassedimentar de chert,chert ferruginoso, formações ferríferas e quart-zo-biotita-clorita xisto.

O outro segmento consiste de suítes dealcaligranitos rapakivi e rochas alcalinas comdeformação descontínua, confinada e de regi-me rúptil a rúptil-dúctil, formados em ambientepós-orogênico a anorogênico entre 1,60 a1,53Ga. Desse segmento participam o GranitoAripuanã (1.537 ± 7Ma e 1.546 ± 5Ma – U/PbSHRIMP), formado por sienogranitos porfiríticosa equigranulares; o Granito Rio Vermelho com-posto de sienogranitos, leucosienogranitos emonzogranitos de textura grossa porfirítica, àsvezes rapakivi e com quartzo azulado e encla-ves máficos, e as Alcalinas Canamã (1.200Ma Rb/Sr) compostas de sienitos, microssienitos e quart-zo-sienitos.

No relatório propõem-se a denominaçãode Intrusivas Básicas Serra do Cafundó ao con-

junto de diques e stocks de gabro, microgabro,diabásio e diorito porfirítico controlados por fra-turas N40E.

A Bacia do Dardanelos é limitada, a nortee sul, com rochas do Grupo Roosevelt e com assuítes graníticas Zé do Torno e Vitória, por meiode extensas falhas transcorrentes WNW-ESE. Abacia é composta, na área, pela Formação Dar-danelos, composta de arenitos feldspáticos, ar-cósios, conglomerados arenitos ortoquartzíticos,siltitos e argilitos de ambiente continental e deidade máxima de 1.300Ma determinada porzircão detrítico. Intercalados na Formação Dar-danelos ocorrem sills de diabásio, basaltoamigdaloidal e gabros da Formação Arinos, Gru-po Caiabis, e idade estimada K/Ar entre 1.416 ±14Ma e 1.228 ± 20Ma.

O estudo de feições estruturais permitiuidentificar dois domínios, um de regime dúctil eoutro rúptil a rúptil-dúctil, formados durante trêsfases compressivas (Dn, Dn+1 e Dn+2), com re-gistro na área apenas das duas últimas.

O domínio dúctil (Dn+1) é marcado por zo-nas de cisalhamentos transcorrente e oblíquo,rotacionais, responsáveis pela transposição deestruturas e geração de milonitos (Sn+1) de di-reção dominante EW/subvertical, conjugadas earticuladas com zonas transcorrentes compres-sivas de componente oblíqua (transpurrão) edireção predominante NW-SE. Este domínioocorre principalmente no terço norte da folha,entre ao norte de Aripuanã e NW de Juruena, eenvolve principalmente as rochas da Suíte Vitó-ria, do Grupo Roosevelt e dos Granitos Zé doTorno e São Pedro.

O Domínio rúptil a rúptil-dúctil (Dn+2) ocor-re no segmento que contêm os Granitos Aripua-nã e Rio Vermelho e as Alcalinas Canamã, deambiente pós-orogênico a anorogênico. É carac-terizado por zonas de cisalhamento de larguracentimétrica a métrica, descontínuas e confina-das e marcadas por veios de quartzo em fratu-ras extensionais (T) N40E/70SE, fraturas conju-gadas R (N70E), Y (N85E) e P (N80W) dispostasem falhas e zonas de cisalhamentointerconectadas, transcorrentes sinistrais, detranstensão e/ou de transtração. As fraturasestão, por vezes, preenchidas com veios dequartzo auríferos. Também ocorrem fraturas decisalhamento dextral (R’/X), antitéticas e de ori-entação predominante N25W/60SW.

O bem mineral mais importante da áreareside no depósito polimetálico (Zn,Pb,Ag,Cu,-

6–CONCLUSÕES e ROCOMENDAÇÕES

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Au) de Aripuanã, de natureza disseminada e emveios nas rochas vulcânicas do Grupo Roosevelt.As mineralizações auríferas da área estão hos-pedadas em zonas de cisalhamento rúptil arúptil-dúctil NE-SW (Garimpo Vale do Ouro) e decisalhamento transcorrente dúctil NW-SE (Garim-pos do Mastigado I e II), ambos. em rochas doGrupo Roosevelt, e intrudidas Granitos Rio Ver-melho e Aripuanã, respectivamente.

Os resultados de análise química multie-lementar em amostras de sedimentos de cor-rente integrados aos dados de anomalias aero-geofísicas revelaram que a porção norte da fo-lha tem potencial para mineralização de ouro,provavelmente controlada por zona de cisalha-mento NW-SE. Foram detectadas concentraçõesanômalas para Cu nos sills de gabro e basalto

da Formação Arinos. Também foram identificadasduas faixas anômala em Fe-Cr-Au vinculadas àsformações ferríferas do Grupo Roosevelt, situa-das na porção sul e E-NE da folha. Por outro lado,concentrados de minerais pesados revelaramuma zona anômala na porção centro-norte dafolha, com granada, ilmenita e espinélio, a qualindica a presença de possíveis kimberlitos e/oulamproitos.

Recomenda-se a execução de mapeamen-to geológico na escala 1:100.000 nas áreas comanomalias de ouro, cromo, níquel e ferro, apoia-do em levantamentos aerogeofísico e geoquími-co (follow-up ) e detalhamento para avaliar asocorrências de ametista nos veios pegmatóidesdo Granito Rio Vermelho, próximo da Vila de NovoHorizonte.

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Geologia e Recursos Minerais da Folha Aripuanã

SÚMULA DE DADOS FÍSICOS DE PRODUÇÃO

FOLHA ARIPUANÃ SC.21-Y-A

Área Mapeada (km2)

Perfis Executados (km)

Afloramentos Descritos

Análises Petrográficas

Análises Geoquímicas de Rocha

Análises Geoquímicas de sedimento de corrente

Análises Mineralógicas de concentrado de bateia:

· < 28 mesh

· > 28 mesh

Análises Geocronológicas:

· U-Pb

· Sm-Nd

Jazimentos minerais cadastrados

18.000

1.720

311

103

48

296

280

279

2

3

3