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2 GEOLOGIA 2.1 Contexto Geológico Regional Os limites da Folha Goiânia (1:250.000) estão contidos na área do Maciço Mediano de Goiás, en- tidade geotectônica definida por Almeida (1968) e Marini et al. (1981), onde estão incorporados os ter- renos granito-greenstone e os de alto grau meta- mórfico, que constituem o embasamento arqueano de Goiás (figura 2.1). Os terrenos granito-greenstone ocupam áreas no oeste de Minas Gerais e parte substancial de Goiás. Compreendem grandes extensões de ro- chas granito-gnáissicas de composição granodio- rítica a tonalítica (Berbert, 1980 e Danni & Fuck, 1981), metamorfizadas nas fácies xisto-verde a an- fibolito, geralmente milonitizadas e ultramilonitiza- das. As seqüências vulcano-sedimentares do tipo greenstone belts, associadas às rochas grani- to-gnáissicas, foram definidas nas regiões de Pilar de Goiás, Hidrolina, Guarinos (Danni & Ribeiro, 1978), Crixás (Sabóia, 1979) e serra de Santa Rita ou Goiás Velho (Barreiras & Dardenne, 1981, e Ve- neziani, 1985). As datações radiométricas (Rb/Sr) disponíveis re- ferem-se aos ortognaisses da região de Crixás, Hi- drolina e Pilar de Goiás, nos quais Tassinari & Montalvão (1980) obtiveram isócrona de 2.929Ma, com razão inicial de 0,701. Nas rochas dos comple- xos: Anápolis-Itauçu, Canabrava, Niquelândia e Barro Alto, as datações radiométricas (K/Ar), reali- zadas por Matsui et al. (1976) e Girard (1978), de- terminaram idades que variam de 4.125 ± 192Ma a 552 ± 6Ma, evidenciando diferentes eventos termo- tectônicos, mas não deixando dúvidas quanto à idade arqueana. Os terrenos de alto grau metamórfico integram o embasamento arqueano/proterozóico inferior, e são constituídos pelos complexos básico-ultrabásicos (Canabrava, Niquelândia e Goianésia-Barro Alto), corpos esses situados na porção centro-norte do es- tado de Goiás. O Complexo Granulítico Anápo- lis-Itauçu é formado por corpos básico-ultrabásicos diferenciados, suítes charno-enderbíticas e por componentes metassedimentares, representados por quartzitos impuros, rochas calcissilicáticas, már- mores impuros e gnaisses aluminosos e hiperalumi- nosos. Relacionada genética e espacialmente a es- ses granulitos, ocorre a Associação Ortognáissi- ca-Migmatítica (Araújo et al., 1994 e Oliveira et al., 1994), onde predominam ortognaisses calcio-sódi- cos, tonalíticos e granodioríticos (Schobbenhaus Fi- lho et al., 1984 e Danni & Fuck, 1981). –7– Folha SE.22-X-B (Goiânia)

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GEOLOGIA

2.1 Contexto Geológico Regional

Os limites da Folha Goiânia (1:250.000) estãocontidos na área do Maciço Mediano de Goiás, en-tidade geotectônica definida por Almeida (1968) eMarini et al. (1981), onde estão incorporados os ter-renos granito-greenstone e os de alto grau meta-mórfico, que constituem o embasamento arqueanode Goiás (figura 2.1).

Os terrenos granito-greenstone ocupam áreasno oeste de Minas Gerais e parte substancial deGoiás. Compreendem grandes extensões de ro-chas granito-gnáissicas de composição granodio-rítica a tonalítica (Berbert, 1980 e Danni & Fuck,1981), metamorfizadas nas fácies xisto-verde a an-fibolito, geralmente milonitizadas e ultramilonitiza-das. As seqüências vulcano-sedimentares do tipogreenstone belts, associadas às rochas grani-to-gnáissicas, foram definidas nas regiões de Pilarde Goiás, Hidrolina, Guarinos (Danni & Ribeiro,1978), Crixás (Sabóia, 1979) e serra de Santa Ritaou Goiás Velho (Barreiras & Dardenne, 1981, e Ve-neziani, 1985).

As datações radiométricas (Rb/Sr) disponíveis re-ferem-se aos ortognaisses da região de Crixás, Hi-drolina e Pilar de Goiás, nos quais Tassinari &

Montalvão (1980) obtiveram isócrona de 2.929Ma,com razão inicial de 0,701. Nas rochas dos comple-xos: Anápolis-Itauçu, Canabrava, Niquelândia eBarro Alto, as datações radiométricas (K/Ar), reali-zadas por Matsui et al. (1976) e Girard (1978), de-terminaram idades que variam de 4.125 ± 192Ma a552 ± 6Ma, evidenciando diferentes eventos termo-tectônicos, mas não deixando dúvidas quanto àidade arqueana.

Os terrenos de alto grau metamórfico integram oembasamento arqueano/proterozóico inferior, e sãoconstituídos pelos complexos básico-ultrabásicos(Canabrava, Niquelândia e Goianésia-Barro Alto),corpos esses situados na porção centro-norte do es-tado de Goiás. O Complexo Granulítico Anápo-lis-Itauçu é formado por corpos básico-ultrabásicosdiferenciados, suítes charno-enderbíticas e porcomponentes metassedimentares, representadospor quartzitos impuros, rochas calcissilicáticas, már-mores impuros e gnaisses aluminosos e hiperalumi-nosos. Relacionada genética e espacialmente a es-ses granulitos, ocorre a Associação Ortognáissi-ca-Migmatítica (Araújo et al., 1994 e Oliveira et al.,1994), onde predominam ortognaisses calcio-sódi-cos, tonalíticos e granodioríticos (Schobbenhaus Fi-lho et al., 1984 e Danni & Fuck, 1981).

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Folha SE.22-X-B (Goiânia)

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Figura 2.1 – Esboço geológico simplificado do Estado de Goiás.

Coberturas Cenozóicas

Coberturas Paleo-mesozóicas: 1 - Bacia do Paraná; 2 - Bacia do Urucuia

Faixa Brasília: 1 - Grupo Paranoá; 2 - Grupo Bambuí

Faixa Araguaia

Faixa Uruaçu

Seqüências Metavulcano-sedimentares Proterozóicas

Associação Ortognáissica e/ou Migmatítica

Cinturão Granulítico: 1 - Complexo Anápolis-Itauçu; 2 - Complexo Goianésia - Barro Alto3 - Complexo Niquelândia; 4 - Complexo Canabrava

Complexo Granito-Gnáissico

Seqüência Metavulcano-Sedimentar Tipo Greenstone-belt

FAIXAS DE DOBRAMENTOS PROTEROZÓICAS

TERRENOS DE ALTO GRAU METAMÓRFICO

TERRENOS GRANITO-GREENSTONE

MATOGROSSO

DOSUL

47°

13°

15°

49°

13°

15°

17°

19°

53°

51°

49°

47°

17°

19°

51°

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0 100 200km

Folha Goiânia

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Fazem parte também do Maciço Mediano deGoiás os terrenos originados no ProterozóicoInferior, representados pelos complexos máfico-ultramáficos de Americano do Brasil (Nilson, 1981 e1984) e de Santa Bárbara (Baêta J.r., 1994) e asseqüências metavulcano-sedimentares de Jusce-lândia (Fuck, 1981), Indaianópolis (Danni &Leonardos, 1978, 1980a e1980b) e Palmeirópolis(Ribeiro Filho & Teixeira, 1980) que situam-seimediatamente a oeste, respectivamente, dosgrandes maciços básico-ultrabásicos de Goianésia-Barro Alto, Niquelândia e Canabrava, sendo correla-cionáveis entre si (Sá et al., 1984) e consideradascomo desenvolvidas sobre crosta oceânica (Araújo,1987 e Baêta Jr., 1987).

Na região centro-sul do estado de Goiás ocor-rem as seqüências metavulcano-sedimentares Ani-cuns-Itaberaí (Barbosa, 1987), Silvânia (Valen-te,1986), Rio do Peixe e Nerópolis (Nascimento,1985), originadas no Proterozóico Inferior, cujosdesenvolvimentos no Ciclo Tectônico Transama-zônico foram atribuídos a uma possível ambiênciavulcânica do tipo arcos-de-ilhas oceânicas, embo-ra os dados texturais, estruturais e as datações ra-diométricas ainda não se mostrem conclusivos.

Os metassedimentos da Faixa Uruaçu, definidoscomo do Proterozóico Médio, encontram-se distri-buídos na borda ocidental do Cráton do São Fran-cisco, apresentando estruturação em dobras re-cumbentes com metamorfismo do tipo “barrowia-no”, de intensidade crescente de leste para oeste(Fuck & Marini, 1981). Esta Faixa Uruaçuana é sec-cionada em dois compartimentos distintos pela Me-gainflexão dos Pirineus, com direção aproximadaWNW-ESE (Marini et al., 1981). No compartimentonorte estariam alojados os litótipos dos grupos Ara-xá, Serra da Mesa, Araí e Natividade, enquanto nodo sul encontrar-se-iam os do Grupo Araxá e da Se-qüência Serra Dourada (Barbosa, 1987).

A Faixa de Dobramentos Brasília encontra-seconfinada entre a Faixa Uruaçu a oeste e o Crátondo São Francisco a leste, sendo formada por me-tassedimentos epimetamórficos, tidos como doProterozóico Médio a Superior. É constituída basi-camente pelos sedimentos dos grupos Paranoá eBambuí, cujo baixo grau de metamorfismo é de-crescente de oeste para leste.

Na região oeste de Goiás, Pimentel & Fuck(1991), por meio de datações isotópicas U/Pb e

Rb/Sr, interpretaram que extensas áreas ortognáis-sicas, distribuídas nas regiões de Arenópolis, Ma-trinxã e Sanclerlândia, tidas como do embasamen-to arqueano, estão relacionadas a episódio do Neo-proterozóico. Associadas a estes gnaisses vincula-ram as seqüências metavulcano-sedimentares deBom Jardim, Arenópolis, Iporá e Jaupaci, cujos litó-tipos encontram-se metamorfizados nas fácies xis-to-verde a anfibolito.

Assinala-se também o desenvolvimento de sedi-mentos continentais lagunares no Terciário, de co-berturas detrítico-lateríticas no Tércio-Quaternário,e de depósitos aluvionares no Quaternário; estesencontrados principalmente ao longo dos rios MeiaPonte, dos Bois, Corumbá, Piracanjuba, das Antas,Areia e Padre Souza.

2.2 Estratigrafia

A área encontra-se inserida em terrenos meta-mórficos pré-cambrianos de evolução complexa,contendo elementos estratigráficos, estruturais emineralógicos total e/ou parcialmente obliteradospor eventos tectono-metamórficos superpostos, oque dificulta a identificação apropriada dos ambi-entes de formação das unidades geológicas, bemcomo as determinações de suas posições estrati-gráficas.

O arcabouço litoestratigráfico da área, foi esta-belecido com base na individualização dos princi-pais eventos deformacionais ocorridos, bem comopelas caracterizações petrográficas, petrogenéti-cas e geocronológicas das associações de litóti-pos existentes. Estas informações, fornecidas pelacartografia geológica realizada nas folhas Nerópo-lis (Araújo et al., 1994), Goiânia (Moreton et al.,1994), Anápolis (Radaelli et al., 1994), Leopoldo deBulhões (Oliveira et al., 1994) e Caraíba (LacerdaFilho et al., 1994), permitiram estabelecer a seguin-te estrutura litoestratigráfica (figura 2.2):

– Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu (APai) –uma provável seqüência do Arqueano ao Protero-zóico Inferior, representada por ortognaisses gra-nulíticos e paragnaisses aluminosos de alto grau eseus derivados anatéticos;

– Associação Ortognáissica-Migmatítica (� 1) – deprovável idade arqueana a proterozóica, formadapor ortognaisses tonalíticos, granodioríticos e gra-níticos, às vezes migmatíticos;

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Folha SE.22-X-B (Goiânia)

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Figura 2.2 – Arcabouço Estratigráfico.

COLUNA ESTRATIGRÁFICA – FOLHA GOIÂNIA

CENOZÓICO

COBERTURAS SUPERFICIAIS

Aluviões recentes, arenosas e areno-argilosas, areias com níveis de cisalhamento e pequenas turfeiras associadas.Coberturas detrito-areno-argilosas, com a formação de latossolos com ou sem desenvolvimento de crostas late-ríticas.Sedimentos argilosos a síltico-arenosos, de coloração rósea-avermelhada.

MESOZÓICO

Diques de diabásio.

PROTEROZÓICO SUPERIOR

Biotita-muscovita granito, metagranodiorito pegmatóide-greisen e pegmatitos associados a zonas de cisalha-mento.

PROTEROZÓICO MÉDIO

GRUPO PARANOÁ Quartzitos, metargilitos e metassiltitos intercalados (metarritmito).

GRUPO ARAXÁUnidade D – ± clorita + muscovita + quartzo xisto, clorita-muscovita-quartzo xisto grafitoso e piritoso (sgf), filitos

(fl), sericita quartzito (qt) e subordinadamente lentes de metacalcários (cc).

Umdade C – Calci-clorita-quartzo-biotita xisto, com intercalações de grafita xisto e lentes de metacalcário esericita quartzito (qt). Subordinadamente granada-biotita xisto.

Unidade B – Muscovita-quartzo xisto, com intercalações de sericita quartzito (qt) e subordinadamente granada-biotita xisto.

Unidade A – Granada-quartzo-biotita xisto feldspático.

PROTEROZÓICO MÉDIO A INFERIOR

Biotita metagranito porfirítico.

SEQÜÊNCIA METAVULCANO-SEDIMENTAR DE SILVÂNIA

Unidade B – Granada ± silimanita ± estaurolita + muscovita + biotita + quartzo xisto e sericita quartzito (qt).Subordinamente grafita xisto e lentes de talco xisto e anfibolito (af).

Unidade A – Granada-epidoto anfibolito e metandesito. Subordinadamente sericita-quartzo xisto feldspático,clorita xisto e quartzito ferruginoso (qtf).

INTRUSIVAS ULTRAMÁFICAS TIPO MORRO FEIO

Serpertinito parcial ou totalmente talcificado ou cloritizado.

PROTEROZÓICO INFERIOR A ARQUEANO

ASSOCIAÇÃO ORTOGNÁISSICA-MIGMATÍTICA

Ortognaisses tonalíticos, granodioríticos e graníticos, às vezes migmatíticos. Migmatitos com restitos de rochasgranulíticas.

COMPLEXO GRANULÍTICO ANÁPOLIS-ITAUÇU

Granulitos paraderivados (APaip) – gnaisses aluminosos e hiperaluminosos, com intercalações de quartzitosaluminosos (qt), quartzitos ferruginosos, gonditos, rochas calcissilicatadas e mármore (mm). Subordinadamentegranulitos ortoderivados associados.

Granulitos ortoderivados (APaio) – gnaisses ortoderivados, charnockitos (ck), e/ou enderbitos, metagabróides(mgb), metabásicas (mb), metaultrabásicas (mub), piroxenitos (px) e seus derivados transformados. Subordina-damente granulitos paraderivados.

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– Granitóides (� 2 e � 3) – os diversos granitóidesreunidos sob esta denominação estão posiciona-dos em diferentes níveis crustais;

– Intrusivas Ultramáficas Tipo Morro Feio (� ) –pequenos corpos plutônicos ultramáficos posicio-nados no Proterozóico Inferior a Médio;

– Seqüência Metavulcano-sedimentar de Silvâ-nia (PIvs) – representada por rochas de filiação vul-cânica e metassedimentos, posicionados entre oProterozóico Médio e o Inferior;

– Grupo Araxá (PMa) – formado essencialmentepor metassedimentos e posicionado no Proterozói-co Médio;

– Grupo Paranoá (PMpa) – representado pormetassedimentos essencialmente psamo-pelíti-cos; e,

– Coberturas Superficiais (TQdl-Qa) – coberturasdetrítico-lateríticas e aluviões recentes.

2.2.1 Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu(APai)

Neste trabalho conservou-se a denominaçãoComplexo Granulítico Anápolis-Itauçu de Mariniet al. (1984), para congregar todas as rochas dafácies granulito. Este complexo, segundo os da-dos obtidos por Araújo et al. (1994), Moreton et al.(1994), Radaelli et al. (1994), Oliveira et al. (1994)e Lacerda Filho et al. (1994), permitiram subdivi-dir esta unidade em granulitos para e ortoderiva-dos. Os paraderivados são predominantementeconstituídos por gnaisses aluminosos e hiperalu-minosos, enquanto os ortoderivados englobamígneas metamorfizadas na fácies granulito e cor-respondem ao conjunto de piroxenito/gnaissesgábricos, como os indicados por Nilson & Motta(1969) na região de Goianira-Trindade, e às me-tabásicas e metaultrabásicas granulitizadas e/ouas típicas da transição entre as fácies anfibolito/granulito.

A região onde aflora o complexo, principalmentea porção sudeste da folha, apresenta-se extrema-mente arrasada, com espesso latossolo associadoa coberturas detrítico-lateríticas, o que impediu adeterminação precisa dos litótipos que o cons-tituem. Para auxiliar na separação entre os orto e osparagranulitos, foram executadas seções ter-restres de magnetometria e de cintilometria, orto-

gonais à estruturação geológica regional, a partirdas quais foi possível separar faixas com altos gra-dientes magnéticos de outras com variações inex-pressivas. Compatibilizados esses dados com asinformações obtidas nos raros afloramentos, foipossível determinar correspondências: altas ma-trizes com litótipos básico-ultrabásicos (ortoderiva-dos); baixas diferenças com os aluminosos (para-derivados).

O complexo distribui-se segundo uma faixa alon-gada, que vai do extremo-noroeste da folha até aporção sudeste (região de Caraíba), perfazendoaproximadamente 35% da área mapeada. Ocorreentremeado a granitóides da Associação Ortog-náissica-Migmatítica, ambos sob a forma de cor-pos estreitos, alongados e orientados preferencial-mente segundo NW-SE (figura 2.3).

Os contatos entre os orto e os paragranulitosestão intrinsecamente relacionados com a tectôni-ca regional, caracterizada por intensa deformaçãomilonítica, representada por transposição da fo-liação e expressivo estiramento mineral. Os conta-tos com os granitóides da Associação Ortognáissi-ca-Migmatítica, tanto podem ter sido realizados porprocessos tectônicos, quanto por intrusões brus-cas destes. Já os contatos com a SeqüênciaMetavulcano-sedimentar de Silvânia e com os me-tassedimentos do Grupo Araxá são marcados porexpressivas zonas de cisalhamentos (transcorren-tes compressionais ou contracionais), ao longo decujas faixas encontram-se alojados veios peg-matóides.

Este complexo define um cinturão de rochas ci-salhadas, estabilizadas na fácies anfibolito alto agranulito, e separadas como ortoderivadas (APaio)e paraderivadas (APaip). Nas ortoderivadas desta-cam-se metagabróides, metabásicas, enderbitos,charnoenderbitos, charnockitos e metapiroxenitos,estes últimos às vezes transformados em serpenti-nitos, talco xistos e tremolita-talco xistos. Alternan-do-se com tais litótipos ocorrem os paraderivados,dentre os quais granada gnaisses, biotita-granadagnaisses, biotita-sillimanita-granada gnaisses, cia-nita-granada gnaisses, granada quartzitos, gondi-tos e calcissilicáticas.

Às rochas desta unidade são atribuídas idadesarqueana e proterozóica inferior, com base nasemelhança com aquelas dos terrenos de alto grauda Bahia e do sul de Minas Gerais, bem como a

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Folha SE.22-X-B (Goiânia)

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partir da datação dos granulitos bandados queocorrem na pedreira Santa Bárbara, nas proxi-midades da rodovia Goiânia-Anápolis, que, pelométodo Rb/Sr, (Ianhez et al., 1983), acusaramidade aproximada de 2.600Ma, com razão inicialpróxima a 0,701.

2.2.1.1 Granulitos Ortoderivados (APaio)

Os granulitos ortoderivados ocorrem em faixaorientada segundo NW-SE, em toda a extensão doComplexo Granulítico. Às vezes contêm interca-lações subordinadas de paraderivados e de

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Falha indiscriminada

Contato definido

Zona de cisalhamento

Zona de cisalhamento contracional

Zona de cisalhamento transcorrentecompressional

Aluviões

Depósitos Detrítico-lateríticos

Sedimentos Continentais Lagunares

Granitóides e� �2 3

Grupo Paranoá

1

3

4

5

2

Grupo Araxá

Seqüência Metavulcano-sedimentar de Silvânia

Intrusivas Ultrabásicas

Complexo Granulítico Anápolis - Itauçu

Associação Ortognáissica-Migmatítica

6

8

9

7

10

5 0 10 20km49º30' 48º00'

16º00'

17º00'

49º30' 48º00'16º00'

17º00'

4

42

2

32

2

2

4

2

29

95

5

5

5

6

6

66

66Hidrolândia

6

8

1

67

6

5

9

9

9

9

9

9

9

2

2

2

99

97

7

7

7

9

9

7

9

9

7 7

66

6

6

6

6

6

5

6

10

1010

10

10

10

10

110

10

10

10

10

1010

10

10

10

10

10

10

10

10

10 2

Figura 2.3 – Distribuição geográfica e relação de contato do Complexo Granulítico Anápolis - Itauçu.

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granitóides Gama 1, não cartografáveis na escalado mapa. São constituídos predominantemente pormetagabróides, metanoritos, enderbitos, charnocki-tos, anfibolitos e metapiroxenitos e seus derivados(talco xistos, talco-tremolita xistos e serpentinitos).

Devido à escassez e ao elevado grau de intempe-rismo dos afloramentos, é bastante difícil a indivi-dualização de faixas com litótipos específicos desteconjunto. Na região de Nerópolis, Araújo et al. (1994)conseguiram caracterizar corpos de metagabro, demetabásicas e de metaultrabásicas. Também foramdiscriminados, no extremo-oeste da folha, corpos demetagabros e de metapiroxenitos, que correspon-dem ao conjunto piroxenito-gnaisses gábricos deNilson & Motta (1969) da região de Goianira-Trindade.

Moreton et al. (1994) utilizando o diagrama trian-gular de Streckeisen, mostraram a tendência com-posicional média dos granulitos ortoderivados nasfolhas Anápolis e Goiânia (figura 2.4).

O evento metamórfico regional atuante foi res-ponsável pela recristalização da paragênesemetamórfica principal: ortopiroxênio + clinopiroxênio+ plagioclásio + hornblenda ± biotita (avermelhada)

± quartzo ± granada. A recristalização do ortopi-roxênio em rochas máficas é aceita universalmentecomo diagnóstico da fácies granulito regional.

Metabásicas – foram definidas por Araújo et al.(1994) e afloram numa faixa alongada, segundo SE-NW, na região noroeste de Anápolis. Estão bastantemilonitizadas e são transformadas em anfibolitos.Exibem coloração verde-escura a cinza-escura, tex-tura granoblástica, estrutura foliada e granulaçãofina a média. Seus minerais principais são plagio-clásio, ortopiroxênio, clinopiroxênio, biotita e horn-blenda; estes últimos presentes principalmente nosterrenos mais afetados pelo cisalhamento. Algumasdestas rochas podem ser classificadas como miloni-tos ou protomilonitos.

Na zona urbana de Anápolis, os granulitosbásicos, (Radaelli et al., 1994) estão representadospor vulcânicas básicas a intermediárias retrometa-morfizadas, constituídas por epidoto, clorita, serici-ta, tremolita e carbonato.

Metagabros, Metanoritos e Metaanortositos –ocorrem nas regiões de Goianira-Trindade, nanascente do rio Lagoinha (noroeste da folha) e emtoda a faixa dos granulitos ortoderivados, mas semsuas devidas individualizações. São caracteriza-dos pela coloração cinza-esverdeada, estruturafoliada, granulação fina a média, textura granoblás-tica eqüigranular, sendo formados essencialmentepor clinopiroxênio, ortopiroxênio, plagioclásio,biotita e hornblenda. Alguns litótipos mostram-seem bandas centimétricas: as claras de composiçãoquartzo-feldspáticas e, as escuras, ricas emmáficos (piroxênio e anfibólio).

Nos metanoritos o ortopiroxênio predominante éo hiperstênio. O metanortosito é um termo subor-dinado do metagabro, sendo composto por labra-dorita (mais de 80% da rocha), máficos (horn-blenda e hiperstênio), opacos (magnetita) e mine-rais derivados de processos de alteração (biotita,clorita e serpentina).

Enderbitos, Charnockitos e Charnoenderbitos –são de difícil distinção no campo, tanto em razão dauniformidade de seus aspectos mesoscópicos,quanto da composição mineralógica, ocorrendo, deforma restrita e subordinada, na porção centro esudeste da faixa dos ortoderivados. Também dificultasuas caracterizações a recristalização avançada daparagênese, sob a forma de gnaisses blastomiloníti-cos que obliteram as texturas pré-tectônicas.

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Folha SE.22-X-B (Goiânia)

Figura 2.4 – Representação modal dos granulitos máfi-cos (% estimada). Extraído de Moreton et al. (1994).

PG

1

2

53

6

9 1087

4

HBPXDiagrama Triangular: Pg (Plagioclásio); Px (Orto + Clinopiroxênio);

Hb (Hornblenda + Actinolita); Streckeisen (1975)

- Metagabróides e Piroxenitos da Região Goianira-Trindade (Folha Goiânia)- Metagabróides e Granulitos Máficos Bandados (Folha Goiânia)- Metagabróides e Granulitos Máficos Bandados (Folha Anápolis)

6 - Metagabróides;7 - Piroxenitos a

clásio;10 - Hornblenditos a

Plagioclásio;8 - Hornblenda Piroxenitos a Plagioclásio;9 - Piroxênio Hornblenditos a Plagio

Plagioclásio.

1 - Anortosito;2 - Leuco- Gabróides;3 - Gabro-norito;4 - Piroxênio /Hornblenda/Gabro-norito;5 - Hornblenda Gabro;

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Na porção noroeste, Araújo et al. (1994) defini-ram faixas de ortoderivadas, predominantementeconstituídas por granulitos félsicos (principalmenteenderbitos), com ocorrências típicas na estradaAnápolis-Petrolina de Goiás e em duas pedreirasnas imediações do povoado de Veniápolis(próximo à nascente do rio da Lagoa Alegre). Taisconstatações levaram a concluir que esses litótiposapresentam um zoneamento na folha mapeada,haja vista que, no centro-sudeste, as máficas sãomais abundantes (figura 2.5).

Os enderbitos são caracterizados por textura gra-noblástica média a grossa, estrutura foliada, local-mente bandados e marcados por níveis cinza-esverdeados (plagioclásio e quartzo). Ao micros-cópio, são compostos essencialmente por plagio-clásio (An 40), quartzo, hiperstênio e granada; e se-cundariamente biotita, carbonato, muscovita e epi-doto. Ao microscópio os charnockitos exibem com-posição mineralógica média, essencialmente for-mada por feldspato potássico (40%), plagioclásio(10%), quartzo (30%), biotita (15%), ortopiroxênio(3%); tendo por acessórios, apatita e zircão. Os char-noenderbitos são compostos por plagioclásio (35%),ortopiroxênio (8%), pertita (5%) e quartzo (45%).

Na região de Goiânia, Moreton et al. (op. cit.) car-tografaram charnockitos/enderbitos no córrego

Capoeirão, exibindo os charnockitos cores vari-ando de rosa-claro a verde-claro, com tonalidadestendendo para o cinza. Os enderbitos apresentam-se na cor cinza-esverdeada.

Anfibolitos – ocorrem de forma restrita, geral-mente resultantes de retrometamorfismo, associa-dos localmente a zonas de cisalhamentos. Exibemcoloração cinza-escura a esverdeada, granulaçãofina a média, textura nematoblástica, estrutura fo-liada. São constituídos essencialmente por horn-blenda e plagioclásio, podendo ocorrer piroxênio,quartzo, biotita, epidoto e clorita. Em lâmina del-gada não foi possível observar texturas primárias,mas as geminações complexas apresentadas peloplagioclásio sugerem origem ígnea.

Na Folha Anápolis (Radaelli et al., 1994), foipossível, em amostra de anfibolito, caracterizar trêsgerações de hornblenda: os grandes cristais (1 a2mm), castanho-avermelhados, são possivelmentemagmáticos (primários); os da fácies granulito pos-suem cor verde-oliva; e, finalmente, os verde-claros, de mais baixa temperatura, são típicos datransição entre xisto-verde e anfibolito.

Metaultrabásicas – no extremo-oeste da folha, anorte de Trindade, afloram piroxenitos que formamelevações destacadas na topografia regional. Apartir de análises petrográficas foram caracteriza-dos como pertencentes a um corpo plutônico dife-renciado, representado por metagabros e metapi-roxenitos. Apresentam-se na fácies granulito, cujometamorfismo ocorreu sintectonicamente a umevento deformacional progressivo não-coaxial, emcondição de alta ductibilidade.

Os metapiroxenitos apresentam granulação finaa média, exibindo localmente porfiroclastos acha-tados de hiperstênio, que atingem até 10cm decomprimento, coloração vermelha-escura a cinza-escura, e, às vezes, estrutura bandada. Ao micros-cópio evidenciam composição mineralógica bas-tante simples, marcada pela predominância de or-topiroxênio e de hornblenda, além de clinopiroxê-nio e plagioclásio subordinadamente.

Da atuação de processos metassomáticos sobreos litótipos metaultrabásicos resultaram talco xis-tos, talco-clorita xistos, actinolita-tremolita xistos eserpentinitos que ocorrem localizadamente. Repre-sentam estágios finais da atuação de eventosdinâmicos que provocaram transformações retro-metamórficas nos metapiroxenitos. Em geral apre-

– 14 –

Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Q

PA

ENDERBITOS

CHARNOCKITOS

CHARNOENDERBITOS

Figura 2.5 – Composição modal das rochas ortoderiva-das félsicas do Complexo Granulítico Anápolis -

Itauçu. (Modificado de Araújo et al., 1994).

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sentam cores esverdeadas, estrutura xistosa fina,ocorrendo nos serpentinitos, além da serpentina,magnetita e talco subordinadamente. Quando alte-rados exibem cor amarela. Os actinolita-tremolitaxistos são constituídos predominantemente por an-fibólio (tremolita e actinolita).

2.2.1.2 Granulitos Paraderivados (APaip)

Os granulitos paraderivados estão presentes emtoda a área de abrangência do Complexo Anápo-lis-Itauçu, dispondo-se segundo faixas subparale-las, alongadas na direção NW-SE, e alternadas comas dos ortoderivados, ou como encraves internos dedimensões não representáveis nesta cartografia.

Compreendem uma associação de supracrustais,tendo como litótipo de maior distribuição os gnaissesaluminosos, cuja paragênese típica: quartzo + sil-limanita + plagioclásio ± cianita ± granada ± biotita,caracteriza o alto grau do metamorfismo regional emseqüências sílico-aluminosas (Winkler, 1977). Ocampo de estabilidade é o da fácies anfibolito supe-rior, em transição para a fácies granulito. A estabili-zação da paragênese diagnóstica ocorreu simulta-neamente a um evento deformacional com geome-tria não-coaxial em condições de alta ductibilidade(cisalhamento simples).

Também observa-se o retrometamorfismo generali-zado que degrada a paragênese de alto grau, do queresultaram gnaisses diaftoréticos, cujas paragênesesrepresentativas: quartzo + muscovita (sericita) + clorita,caracterizam fácies xisto-verde-baixo.

Moreton et al. (op. cit.) sugerem que esta compo-sição sílico-aluminosa pode ter origem sedimentar,e/ou mesmo ser resultante da atuação de soluçõeshidrotermais associadas ao cisalhamento dúctiloperante, com lixiviação parcial dos protólitos or-toderivados. Ainda descrevem gnaisses sílico-aluminosos com paragênese: quartzo + granada +sillimanita ± hiperstênio + safirina, em afloramentoa norte de Goiânia, na fazenda Cascão (margemesquerda do rio Meia Ponte) e a oeste de Damolân-dia (Folha Nerópolis).

A safirina – por si própria uma raridade mineraló-gica – ocorre junto ao quartzo, numa paragênesesaturada, de raro registro na literatura mundial. Se-gundo Winkler (1977), a associação safirina +quartzo tem um campo de estabilidade muito

restrito no intervalo da fácies granulito, e indicariapressões superiores a 8kb.

Os contatos dos granulitos paraderivados com osortoderivados e com os litótipos da AssociaçãoOrtognáissica-Migmatítica, da Seqüência Meta-vulcano-sedimentar de Silvânia e do Grupo Araxá,resultaram de imbricamentos tectônicos que gera-ram intensa xistificação de todas as unidadesenvolvidas.

Gnaisses Sílico-Aluminosos – sob esta desig-nação foram agrupados uma série de gnaisses, cujacomposição modal média pode ser representadapor biotita, granada, sillimanita, feldspato potássicoe plagioclásio, embora em alguns desses ocorra acianita como o mineral aluminoso estável.

Apresentam cor cinza a cinza-clara, textura gra-noblástica e, por vezes, estrutura bandada, eviden-ciada pela intercalação entre níveis, centimétricosa decimétricos de máficos e félsicos. Localmentepodem ser porfiroblásticos, com granadassubarredondadas de até 3cm, imersas em matrizfina. Pode também ocorrer espinélio associado agranada e, como acessórios, zircão, rutilo e opa-cos. A cordierita é de ocorrência restrita.

Afloram dispersos por toda a área da unidade,em escassos e diminutos locais, geralmente nomeio de superfícies arrasadas.

Gonditos – ocorrem em raras lentes de espessu-ras centimétricas a métricas, intercaladas em gra-nada gnaisses. Exibem coloração cinza-escura,textura granoblástica e granulação média. Sãoconstituídos por granada, quartzo e óxidos de ferroe manganês. Quando supergenicamente alteradosformam pequenas concentrações manganesíferasde vários tamanhos, em meio a latossolos.

Quartzitos Aluminosos e Ferruginosos – osquartzitos distribuem-se de maneira restrita, for-mando lentes descontínuas de espessuras métri-cas, alongadas segundo NW-SE e geralmente in-tercaladas tectonicamente com os gnaisses alumi-nosos. São composicionalmente impuros, exibindogranulação fina a grossa (com predominância damédia), cor variando de branca a amarela, quepassa a rósea-avermelhada quando alterados.

Os litótipos predominantes são cianita-sillimanitaquartzitos, granada-sillimanita quartzitos e ± biotita+ muscovita + granada quartzitos, muitos dosquais apresentam características miloníticas, sob aforma de quartzo xistos.

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Folha SE.22-X-B (Goiânia)

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Na rodovia Goiânia - Anápolis, Moreton et al.(1994) descreveram ocorrência de quartzito ferrugi-noso milimetricamente bandado, caracterizado porintercalações entre níveis claros, compostos porquartzo e por alguns plagioclásios; e escuros (decor vermelha-amarronzada), constituídos por mag-netita e opacos. Embora não sejam continuamentepersistentes por grandes extensões, eles apresen-tam espessuras métricas e se encontram inseridosparalelamente na foliação milonítica transposta dosgnaisses aluminosos encaixantes.

Calcissilicáticas e Mármores – as rochas calcis-silicáticas ocorrem normalmente associadas às me-tabásicas em quase todas as áreas de afloramentosdo Complexo Granulítico. São constituídas por len-tes, de dimensões centimétricas a métricas, embuti-das concordantemente nas encaixantes (estiradase/ou boudinadas), em razão da ação tectônica docisalhamento dúctil que afetou a região.

Apresentam cor verde a cinza, granulação fina amédia e textura granonematoblástica poligonal. Atextura poiquiloblástica ocorre nas variedades emque a granada atinge dimensões centimétricas.Exibem, em nível microscópico, bandamento com-posicional distinto, com intercalações entre faixasricas em ferromagnesianos e em quartzo/plagio-clásio. As bandas são irregulares, desenvolvendocomumente mútuas interpenetrações. Geralmenteestão milonitizadas, destacando-se nelas as se-guintes paragêneses:

– Quartzo + escapolita + plagioclásio + clinopi-roxênio ± titanita

– Plagioclásio + clinopiroxênio + hornblenda +apatita + titanita;

– Quartzo + hornblenda + epidoto + clorita-Mg +flogopita.

A noroeste de Nerópolis e a norte de Trindade,foram encontrados mármores impuros, normal-mente calcíticos, ricos em diopsídio e escapolita,com textura granoblástica e estrutura conglome-rática em matriz muito fina, rica em Ca. A pa-ragênese principal do mármore – calcita + diop-sídio + escapolita + quartzo + granada – é estávelem larga faixa de temperatura da fácies anfibolitode média pressão, embora a escapolita possa serindicativa de atividade metassomática de CO2 emaltas temperaturas. As feições observadas, bemcomo seu modo de ocorrência – sempre ligadas abásicas, ultrabásicas e/ou calcissilicáticas – per-

mitem supor a hipótese de geração por processoshidrotermais.

Marundito – na rodovia Nerópolis Petrolina deGoiás, nas proximidades do entroncamento deacesso a Damolândia, ocorre uma rocha constituídaessencialmente de margarita e coríndon, contendopor acessórios turmalina, muscovita e opacos. Estacomposição mineralógica evidencia a atuação de in-tensos processos hidrotermais de enriquecimentoem alumínio e cálcio, que transformaram localmenteuma porção do gnaisse regional em marundito.

De acordo com Araújo et al. (1994), tal asso-ciação mineral indica que a rocha poderia ter sidooriginada do mesmo modo que os gnaisses calcis-silicáticos, ou seja, pela ação de fluidos hidroter-mais circulantes ao longo das zonas de cisa-lhamento. Além da elevada concentração dealumínio e cálcio (margarita), a geração requereriaa lixiviação do ferro e da sílica dos protólitos gnáis-sicos. Essas trocas, supostamente relacionadas amovimentações tectônicas, teriam ocorrido sobcondições hidrotermais/pneumatolíticas, conformeaponta a presença de turmalina.

A denominação marundito é devida a Hall (1922,in: Anhaeusser, 1978), restringindo-se sua ocorrên-cia ao interesse acadêmico, haja vista que a rari-dade não se deve somente na presença do corín-don, mas, especialmente, da própria margarita –uma mica de composição cálcica formada sobcondições especiais.

2.2.2 Associação Ortognáissica-Migmatítica (�1)

É constituída por uma geração de granitóidesde filiação calcialcalina, de baixo potássio, com-posta por tonalitos, com variações locais paragranitos e granodioritos, além de migmatitos comencraves de granulitos. Estes litótipos, ora rea-grupados em uma associação distinta, estavamincluídos anteriormente: ou no Complexo BasalGoiano (Almeida, 1967), ou na Unidade Pré-Cambriana Indiferenciada (Barbosa, 1970b).Mais recentemente, em trabalho executado pelaCPRM para o PLGB na região centro-sul deGoiás, folhas Nerópolis, Goiânia, Anápolis, Leo-poldo de Bulhões e Caraíba, tais rochas foramdenominadas informalmente de GranitóidesGama 1 (� 1).

Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

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Neste trabalho adotou-se a proposição de Oliveiraet al. (1996) e Araújo et al. (1996), que denominaramo conjunto, Associação Ortognáissica-Migmatítica(� 1). O bandamento milonítico – gerado por transposi-ção da foliação – e a proeminente lineação de estira-mento mineral associada são suas características in-defectíveis. Associam-se-lhes encraves de granuli-tos, o que possibilita supor que derivaram de anate-xia, parcial ou total, de rochas do Complexo Granulíti-co Anápolis-Itauçu.

É difícil delimitar com precisão os locais deocorrência desses litótipos, haja vista afloraremtambém granitóides de geração mais nova (Araújoet al., 1994 e Radaelli et al., 1994), parte dos quaisprovavelmente originados da própria refusão dosprimitivos. Em razão desta superposição espaço-temporal, os diagramas QAP (Streckeisen, 1975)mostram as amplas variedades composicionaisdessas misturas, ao invés de caracterizar os tonali-tos dominantes na unidade (figura 2.6).

– 17 –

Folha SE.22-X-B (Goiânia)

Figura 2.6 – Composição modal no triângulo Q A P de litótipos da AssociaçãoOrtognáissica - Migmatítica – (Streckeisen – 1975).

FOLHA CARAÍBA

Q

PA

TONALITOS

GRANODIORITOSGRANITOS

J V - 0 2J V - 8 2 BJ V - 2 6 4

J V - 0 6J V - 1 2 J V - 2 6 0

J V - 9 1

FOLHA LEOPOLDO DE BULHÕES

Q

PA

GRANODIORITO TONALITOGRANITO

CV-05A

CV-23A

CV-07A

CV-68A

CC-130A

CC-216A

C V - 6 0

FOLHA ANÁPOLIS

P

Q

60

20

5A

78A

27 52

54

74

326207 397

29

84

172A

50 1

166186

69

199167

117

7

FOLHA NERÓPOLIS

Q

PA

GRANODIORITOS

TONALITOS

GRANITOS

GRANITOS

PT-43

PT-106A

MK-29

MK-78

MK-81MK-64

JF-43JF-58

JF-25PT-76

GM-156

GM-12A

GM-116

GM-182GM-134C

GM-121

GM-92AGM-220

GM-286A

GM-07GM-92

GM-55

GM-118

GM-89

GM-02F2VA-26B

VA-57

VA-03

VA-24/ PT-71

VA-30

VA-89 VA-02

VA-98VA-79

VA-89A

VA-28

VA-13

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Corpos de tal natureza ocorrem em uma faixade direção SE-NW, que se estende desde a re-gião sudeste até as nascentes do rio Piracanjuba,local em que se subdivide em dois braços (figura2.7). Na porção noroeste, os gnaisses formamlentes alongadas descontínuas, intercaladas emgranulitos, encontrando-se suas melhores expo-

sições nas cabeceiras e nas margens dos princi-pais drenos.

Os contatos com as unidades vizinhas se reali-zam através de extensas zonas de cisalhamento,tanto contracionais como transcorrentes compres-sionais, em cujos locais desenvolveram-se impor-tantes ações hidrotermais.

– 18 –

Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Figura 2.7 – Distribuição geográfica e relação de contato dos litótipos daAssociação Ortognáissica - Migmatítica.

5 0 10 20km

Falha indiscriminada

Contato definido

Zona de cisalhamento

Zona de cisalhamento contracional

Zona de cisalhamento transcorrentecompressional

Aluviões

Depósitos Detrítico-lateríticos

Sedimentos Continentais Lagunares

Granitóides e� �2 3

Grupo Paranoá

1

3

4

5

2

Grupo Araxá

Seqüência Metavulcano-Sedimentar de Silvânia

Intrusivas Ultrabásicas

Complexo Granulítico Anápolis - Itauçu

Associação Ortognáissica-Migmatítica

6

8

9

7

10

49º30' 48º00'

16º00'

17º00'

49º30' 48º00'16º00'

17º00'

4

42

2

32

2

2

4

2

29

95

5

5

5

6

6

66

66Hidrolândia

6

8

1

67

6

5

9

9

9

9

9

9

9

2

2

2

99

97

7

7

7

9

9

7

9

9

7 7

66

6

6

6

6

6

5

6

10

1010

10

10

10

10

110

10

10

10

10

1010

10

10

10

10

10

10

10

10

10 2

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Folha SE.22-X-B (Goiânia)

A paragênese secundária, originada pela defor-mação superposta (quartzo + albita + mica branca+ clorita ± epidoto), é própria de um evento meta-mórfico da fácies xisto-verde, ao passo que, aquelaexclusiva dos tonalitos aluminosos (quartzo + bioti-ta (titanífera) + granada + sillima- nita + cianita), ca-racteriza recristalização em condições da fáciesanfibolito. Admite-se que esses corpos ascende-ram a níveis crustais superiores em razão de tectô-nica contracional regional.

Com base nas características texturais e compo-sicionais, na evolução síncrona com o ComplexoGranulítico Anápolis-Itauçu e em duas isócronasRb/Sr (Tassinari, 1988) de granitóides da FolhaJaraguá (Justo et al., 1989) – a primeira acusando2.000Ma ± 70Ma e razão inicial 0,707 ± 0,0023; e asegunda 2.160Ma ± 130Ma, e razão inicial de 0,719± 0,006 – interpretou-se que o sistema teria sidofechado no Proterozóico Inferior, durante o CicloTransamazônico.

Na Folha Anápolis, na região da fazenda Concei-ção, foi datado (Rb/Sr) um granitóide, cuja isócronarevelou idade de 1.300Ma ±100Ma e razão inicial de0,714. Entretanto, esta datação deve ser encaradacom profunda cautela, haja vista estar a região inter-ceptada pelo principal sistema de cisalhamento re-gional (Radaelli et al., 1994).

Dentre os ortognaisse, destacam-se dois grandesconjuntos:

Metatonalitos – exibem cor cinza a cinza-escura,com manchas esbranquiçadas, granulação média(mais raramente, fina), estrutura bandada de nature-za milonítica e textura hipidiomórfica granular. Sãoconstituídos por plagioclásio do tipo oligoclá-sio-andesina, quartzo em ribbons e biotita mar-rom-avermelhada. Os termos aluminosos (tonalitos)apresentam granada, sillimanita, e, raramente, cia-nita. Incluem-se como acessórios rutilo, titanita, car-bonato e sericita. Clorita, epidoto, carbonato e seri-cita resultam da alteração hidrotermal.

Metagranitos e Metagranodioritos – ocorrem su-bordinadamente, possuindo coloração cinza- claraa cinza-esverdeada, textura porfiroclástica e estru-tura foliada milonítica a protomilonítica. São consti-tuídos por feldspato potássico (microclínio), pla-gioclásio, quartzo, biotita e gra- nada. Como aces-sórios foram identificados: zircão, apatita e opacos,desenvolvendo-se secundariamente, sericita, epi-doto, titanita e clorita.

2.2.3 Intrusivas Ultramáficas Tipo Morro Feio (�)

Numerosos e pequenos corpos ultramáficos, rela-tados como serpentinitos, actinolita xistos, talco xis-tos e clorita xistos, ocorrem em dimensões não repre-sentáveis na escala de apresentação (1:250.000).

O principal deles aflora no Morro Feio, sendoconstituído por serpentinito (90%), clorita xisto etalco xisto, com pequenas lentes de actinolita xisto,turmalina-clorita xisto e talco. Localiza-se no su-doeste da folha, 4km ao norte de Hidrolândia, epossui forma ovalada, com comprimento em tornode 4km e largura de 2km. Os demais corpossituam-se na porção norte da folha (nascente do rioCapivari) (figura 2.8).

O serpentinito do Morro Feio, caracterizado porBerbert (1970) como Tipo Alpino, foi original e deta-lhadamente estudado por Mello & Berbert (1969),que o apontaram como alojado à baixa temperaturanos metassedimentos do Grupo Araxá. Seu posi-cionamento alóctone, de acordo com Danni &Teixeira (1981), teria sido favorecido pela presençade grandes suturas fósseis, geradas provavelmentepela colisão de placas no Proterozóico Médio.

A evidência de sua aloctonia a frio pode ser reve-lada pela ausência de metamorfismo térmico emsuas bordas e pela concordância estrutural entre ocorpo plutônico e a encaixante milonitizada.

No conjunto, tais corpos são constituídos principal-mente por serpentinitos, que têm cor cinza a verde-escura, passando a verde-clara, e à amarelada poralteração. São compostos essencialmente por anti-gorita, tendo como subordinados crisotila e pórfirosde magnetita xenomorfa. Os xistos magnesianos sãorepresentados por clorita xistos e talco xistos. Os clo-rita xistos têm cor verde, xistosidade bem desenvol-vida, sendo constituídos essencialmente por clorita epelos acessórios: talco, epidoto e magnetita. Os talcoxistos têm cor branca-esverdeada, textura xenoblás-tica e estrutura xistosa incipiente. Os acessórios sãoclorita, antigorita e magnetita.

No Morro Feio chama a atenção a persistente pre-sença de calcedônia de cor verde-clara, susten-tando topograficamente as elevações internas.Também ocorrem, na sua borda oeste, níveis len-ticulares de quartzitos ferruginosos (BIF), de corcinza a vermelha, milimetricamente bandados, forte-mente foliados e com intensa lineação de estira-mento (ribbons de quartzo). Em contato com o

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quartzito ferrífero, ocorre rocha calcissilicatada, com-posta por plagioclásio (50%), quartzo (20%), musco-vita (10%), hornblenda (5%), granada (2%), clorita ebiotita, tendo por acessórios: opacos, apatita, epi-doto, turmalina e zircão (Moreton et al., 1994).

A paragênese representativa da unidade (talco eclorita magnesiana) caracteriza um evento meta-mórfico na fácies xisto-verde.

Em razão de o dunito/peridotito serpentinizadodo Morro Feio encontrar-se associado a rocha cal-cissilicatada e a sedimento químico-exalativo (for-mação ferrífera), poderia ser interpretado que teriasido gerado a partir de sedimentação supracrustal.Contudo, considerando as mineralizações de cro-mita e garnierita e os veios de crisotila e antofilita,propõe-se caracterizá-lo como plutônico e relacio-

– 20 –

Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Figura 2.8 – Distribuição geográfica e relação de contato das intrusivas ultramáficas.

Falha indiscriminada

Contato definido

Zona de cisalhamento

Zona de cisalhamento contracional

Zona de cisalhamento transcorrentecompressional

Aluviões

Depósitos Detrítico-lateríticos

Sedimentos Continentais Lagunares

Granitóides e� �2 3

Grupo Paranoá

1

3

4

5

2

Grupo Araxá

Seqüência Metavulcano-Sedimentar de Silvânia

Intrusivas Ultrabásicas

Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu

Associação Ortognáissica-Migmatítica

6

9

7

10

5 0 10 20km49º30' 48º00'

16º00'

17º00'

49º30' 48º00'16º00'

17º00'

4

42

2

32

2

2

4

2

29

95

5

5

5

6

6

66

66Hidrolândia

6

8

1

67

6

5

9

9

9

9

9

9

9

2

2

2

99

97

7

7

7

9

9

7

9

9

7 7

6

66

6

6

6

6

5

6

10

1010

10

10

10

10

110

10

10

10

10

1010

10

10

10

10

10

10

10

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10 2

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nado a ambiente vulcanogênico, supostamente doProterozóico Inferior.

Possivelmente seu alojamento atual ocorreu porimbricamento tectônico, de suficiente magnitudepara intercalar litótipos de níveis crustais diferentese gerar os numerosos pequenos corpos plutônicosultramáficos que são encontrados nos metassedi-mentos da Unidade C do Grupo Araxá. SegundoDrake Jr. (1980), esta porção híbrida pode ser con-siderada uma mélange ofiolítica.

2.2.4 Seqüência Metavulcano-sedimentar deSilvânia (PIvs)

Na região de Silvânia, Valente (1986), no ProjetoMapas Metalogenéticos e de Previsão de RecursosMinerais, descreveu rochas de filiação vulcânica,sob a denominação de Complexo MetamórficoVulcano-Sedimentar. Nesta mesma área, Valente &Veneziani (1988), em trabalho específico, adota-ram para o conjunto o nome de Seqüência Meta-vulcano-sedimentar de Silvânia, subdividindo-a emtrês unidades: Metavulcânica, Mista e Metassedi-mentar.

Adotou-se, neste trabalho, a proposição de Oli-veira et al. (1994), que subdividiram a SeqüênciaMetavulcano-sedimentar de Silvânia em duas uni-dades: Metavulcânica e Metassedimentar/Mista. Otermo Metassedimentar/Mista foi usado por causadas ocorrências de vulcano-clásticas intercaladasna forma de lentes entre os metassedimentos, cu-jos posicionamentos atuais resultaram de açãotectônica em regime de cisalhamento dúctil, queprovocou o imbricamento de corpos via falhamen-tos contracionais e de laminações entre segmentoscrustais de diferentes níveis de profundidade.

Ocorre em vários lugares da Folha Goiânia. Aprincipal ocorrência constitui uma faixa estreita ealongada, que se estende da porção norte de Leo-poldo de Bulhões até o sudeste de Caraíba. Nessafaixa, a Unidade Metavulcânica aflora entre Silvâniae o norte de Leopoldo de Bulhões, localizando-seos melhores afloramentos na cabeceira do córregoPosse (figura 2.9).

Nas porções centro-norte e noroeste foram indi-vidualizadas, em locais muito restritos, interca-lações de biotita-muscovita-quartzo xisto com len-tes de epidoto anfibolito, conjuntos esses atribuí-

dos nas folhas Nerópolis (Araújo et al., 1994) eAnápolis (Radaelli et al., 1994) à Seqüência Meta-vulcano-sedimentar Rio do Peixe. Nesta inte-gração, em virtude do idêntico posicionamentogeotectônico de ambas (Rio do Peixe e Silvânia) eda semelhança composicional entre os seus litóti-pos, optou-se por incluir tais associações na uni-dade Metassedimentar/Mista da Seqüência Meta-vulcano-sedimentar de Silvânia.

Em outros locais também ocorrem terrenos daUnidade Metassedimentar/Mista, como, por exem-plo, a seqüência de biotita-quartzo xisto granatíferocom um nível contínuo de epidoto anfibolito, que sedistribui desde as proximidades da barra do rio Sozi-nho, no rio Caldas, até o nordeste de Bonfinópolis.Na porção central da folha, tais intercalações esten-dem-se em estreita e alongada faixa, desde o nor-deste da nascente do rio Piracanjuba até o norte daconfluência entre os rios Extrema e das Antas.

No noroeste da folha (rio Padre Souza), são des-critas rochas metavulcano-sedimentares quetambém foram englobadas nesta seqüência. Sãoencontradas ainda ocorrências isoladas da uni-dade na porção norte da folha (região do rio doOuro), a nordeste da nascente do rio Piracanjuba,bem como assinalam-se pequenos corpos a lestede Trindade e a sudeste de Santa Teresa.

Os contatos entre os litótipos da SeqüênciaSilvânia e o Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu, aAssociação Ortognáissica-Migmatítica e o GrupoAraxá se realizam através de zonas de cisalhamento.Nos trabalhos de campo constatou-se que, na maio-ria das vezes, estes contatos encontram-se total-mente obliterados.

No contato entre as duas unidades da seqüência(Metavulcânica e Metassedimentar/Mista), ocor-rem freqüentes intercalações de cianita-clorita-muscovita-biotita xistos e granada anfibolitos, coma presença de veios de quartzo e de feldspato cor-tando o anfibolito (Oliveira et al., 1994).

2.2.4.1 Unidade Metavulcânica (PIvsA)

É constituída predominantemente por anfibolitoe metandesito.

O anfibolito exibe coloração verde-escura, tex-tura porfiroblástica muito fina e estrutura orientada.É constituído essencialmente por hornblenda e pla-

Folha SE.22-X-B (Goiânia)

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gioclásio, tendo por secundários: clorita, epidoto eactinolita. Como acessórios ocorrem: apatita, zir-cão e allanita, e, ainda, freqüentes disseminaçõesde pirita e calcopirita. Na Folha Leopoldo de Bu-lhões (Oliveira et al., 1994), na cabeceira do córre-go Posse, ocorre granada anfibolito de granulação

fina, cor cinza-escura e textura granoblástica. Ometabasito aí definido exibe texturas remanescen-tes do tipo blasto-eqüigranulares e abundância detitanita e de geminações complexas em algunscristais de plagioclásio, que indicam uma cristaliza-ção a partir de massa ígnea.

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Figura 2.9 – Distribuição geográfica e relação de contato da Seqüência Metavulcano-sedimentar de Silvânia.

Falha indiscriminada

Contato definido

Zona de cisalhamento

Zona de cisalhamento contracional

Zona de cisalhamento transcorrentecompressional

5 0 10 20km49º30' 48º00'

16º00'

17º00'

49º30' 48º00'16º00'

17º00'

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66Hidrolândia

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Aluviões

Depósitos Detrítico-lateríticos

Sedimentos Continentais Lagunares

Granitóides e� �2 3

Grupo Paranoá

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A B

Complexo Granulítico Anápolis - Itauçu

Associação Ortognáissica-Migmatítica

Intrusivas Ultrabásicas

Grupo Araxá

Seqüência Metavulcano-Sedimentar de Silvânia:A - Metavulcânica; B - Metassedimentar/ mista

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O metandesito exibe coloração cinza-escura,com níveis descontínuos verde-escuros, texturaporfiroblástica com matriz granoblástica muito finae estrutura orientada. É constituído essencialmentepor quartzo, feldspato e hornblenda, tendo titanitapor acessório. A paragênese representativa é dadapor hornblenda (verde-escura/marrom) + plagio-clásio (andesina) ± biotita (marrom) ± granada ± ti-tanita, determinando cristalização em condiçõesde fácies anfibolito de grau médio (Winkler, 1977).Sobreposto a este evento principal, observam-seocorrências localizadas de um evento retrometa-mórfico, atestado pela paragênese albita + epidoto+ quartzo + actinolita + carbonato + clorita, que in-dica condições metamórficas da fácies xisto-verdebaixo.

2.2.4.2 Unidade Metassedimentar/Mista (PIvsB)

É representada por quartzo-muscovita-biotitaxistos (± granada ± cianita ± clorita) de cor cinza,com níveis esverdeados, granulação média e es-trutura milonítica foliada. Ocorrem subordinada-mente: grafita xisto, muscovita quartzito e, local-mente, intercalações de lentes e bolsões de agal-matolito.

O grafita xisto apresenta cor cinza-escura e es-trutura milonítica foliada. É constituído por quartzo,sericita, muscovita e grafita. Ocorre de maneira res-trita, em intercalações centimétricas a métricas nasporções mais cisalhadas dos quartzo-mica xistos.

Os muscovita quartzitos ocorrem intercaladosnos quartzo-mica xistos, representando umavariação composicional dos mesmos. Têm colo-ração cinza-esbranquiçada, às vezes avermelhadapor óxido de ferro; estrutura orientada e textura gra-noblástica fina.

O agalmatolito ocorre na margem esquerda doribeirão Extrema (Folha Caraíba), formando lentes ebolsões centimétricos a métricos. Apresenta estru-tura xistosa, cor variando de cinza-esverdeada aamarelo-castanha e granulação fina. É untuoso aotato, e constituído essencialmente por pirofilita,cianita, pirita e quartzo.

O grau metamórfico é representado pela para-gênese: quartzo + cianita + biotita (marrom) + mus-covita ± sillimanita ± estaurolita, que configurafácies metamórfica anfibolito baixo. A natureza alu-

minosa dos minerais é sugestiva de uma derivaçãosupracrustal a partir da transformação de sedimen-tos pelíticos. Em evento posterior, a paragênesequartzo + clorita + mica branca (pirofilita) indicaretrometamorfismo, em condições da fácies xisto-verde inferior.

A seqüência está cortada por granitóides Gama2, cujas datações isotópicas Rb/Sr fornecemisócronas 1.300Ma ± 100Ma e razão inicial de0,7105 (Lacerda Filho et al., 1994), sugerindo assimter sido consolidada, no mínimo, no ProterozóicoMédio. Os dois corpos que permitiram referenciar aidade da Seqüência Silvânia entre o ProterozóicoMédio e o Inferior situam-se na fazenda Conceição(Folha Anápolis) e próximo ao rio dos Patos (FolhaCaraíba) respectivamente.

2.2.5 Granitóides Gama 2 (�2)

Definidos por Oliveira et al. (1994) e LacerdaFilho et al. (1994), nas folhas Leopoldo de Bulhõese Caraíba, respectivamente, como a segundageração de granitóides da área. Estão representa-dos por metagranitóides porfiríticos de compo-sição granítica a granodiorítica, leuco a mesocráti-cos de filiação calcialcalina.

Ocorrem nas regiões, sul e sudeste da folha(figura 2.10), ao longo do ribeirão Cachoeira, nocontato dos metassedimentos do Grupo Araxá comas rochas do Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu; na bacia do rio Piracanjuba, a norte e lestede Vianópolis, interceptando os granitóides daAssociação Ortognáissica- Migmatítica; ao nortede Bonfinópolis, alojados na Associação Ortog-náissica-Migmatítica; e, ainda, cortando o Com-plexo Anápolis-Itauçu, sudoeste de Leopoldo deBulhões, sob a forma de expressivo corpo elipsoi-dal, que contém restitos de gabróides anfibolitizados.

Os contatos supradescritos estão geralmenteencobertos por latossolos e, onde observados,são bruscos e intensamente deformados por cisa-lhamento.

A unidade compreende granitóides porfiríticos,representados por biotita metagranitos, metagra-nodioritos, alcaligranitos e, subordinadamente,metatonalitos. Encontram-se afetados por defor-mação de natureza dúctil, que lhes confere as-pecto gnáissico, ou mesmo de augen gnaisse.

Folha SE.22-X-B (Goiânia)

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O biotita metagranito tem cor cinza-clara commanchas verde-escuras, textura blastoporfirítica eestrutura gnáissica. É constituído por plagioclásio,quartzo, biotita e augen de feldspato potássico.

O metagranodiorito exibe cor cinza-clara acinza-esverdeada, textura porfiroclástica e estru-tura milonítica orientada. Na maioria das vezes

encontra-se transformado em protomilonito e/oumilonito.

O alcaligranito mostra cor cinza-clara com man-chas escuras e textura granular média a grossa. Éconstituído por feldspato potássico, plagioclásio,biotita e piroxênios transformados em hornblendasódica.

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Figura 2.10 – Distribuição geográfica dos granitóides �2.

Falha indiscriminada

Contato definido

Zona de cisalhamento

Zona de cisalhamento contracional

Zona de cisalhamento transcorrentecompressional

Grupo Araxá

Seqüência Metavulcano-Sedimentar de Silvânia

Intrusivas Ultrabásicas

Complexo Granulítico Anápolis - Itauçu

Associação Ortognáissica-Migmatítica

Aluviões

Depósitos Detrítico-lateríticos

Sedimentos Continentais Lagunares

Granitóides �2

Grupo Paranoá

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5 0 10 20km49º30' 48º00'

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49º30' 48º00'16º00'

17º00'

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5

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66Hidrolândia

6

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O metatonalito ocorre subordinadamente eapresenta cor cinza-clara, com intercalações defaixas milimétricas a centimétricas cinza-escuras.Tem textura hipidiomórfica granular, estrutura mi-lonítica gnáissica e granulação média, sendoconstituído essencialmente por quartzo, plagio-clásio e biotita.

Em todos esses granitóides ocorrem como aces-sórios: zircão, apatita e opacos; sendo secundári-os: sericita, epidoto, titanita e clorita.

Restos da paragênese primária estão ainda pre-servados e se caracterizam por quartzo + biotita(marrom) + plagioclásio (oligoclásio) + granada, in-dicando primitivas condições metamórficas dafácies xisto-verde alta a anfibolito baixa. Tais mine-rais, nas zonas de cisalhamento, estão retrometa-morfizados para quartzo + albita + clorita + micabranca + epidoto ± titanita; associação típica dafácies xisto-verde baixa.

Datações geocronológicas Rb/Sr efetuadas emgranitóides desta geração, na fazenda Conceição(Folha Anápolis) e próxima ao rio dos Patos (FolhaCaraíba), revelaram isócronas de referência comidade de 1.300 ± 100Ma e razão inicial ± 0,0012,que seria a idade provável atribuída aos grani-tóides Gama 2.

2.2.6 Grupo Araxá (PMa)

O Grupo Araxá foi definido originalmente por Bar-bosa (1955), para um conjunto de metamorfitos (es-sencialmente micaxistos e quartzitos) aflorantespróximo da cidade de Araxá (Minas Gerais). Estadesignação foi estendida aos litótipos assemelha-dos do estado de Goiás, os quais, no Projeto Brasília(Barbosa, 1969), foram subdivididos em duas uni-dades: A Unidade “A” representada por micaxistosa duas micas, finos a grosseiros, com granada, es-taurolita, cianita, cordierita e intercalações dequartzitos micáceos finos a grosseiros, xistos grafi-tosos e anfibolitos; e a Unidade “B”, constituída porcalcixistos com intercalações de calcários.

O levantamento geológico das folhas Nerópolis(Araújo et al., 1994), Goiânia (Moreton et al., 1994),Anápolis (Radaelli et al., 1994), Leopoldo deBulhões (Oliveira et al., 1994), Caraíba (LacerdaFilho et al., 1994), considerou o conjunto dosmetassedimentos do Grupo Araxá, da Formação

Ibiá e do Grupo Canastra (Barbosa et al., 1970a)um único pacote, denominando-os de Grupo/AraxáSul de Goiás.

Essa interpretação derivou das posições espa-ciais dos limites geográficos dos litótipos, dascaracterísticas ambientais e do caráter transicionale tectônico entre seus diversos componentes. Poressas considerações, tais autores concluíram queos diferentes tipos de depósitos sedimentaresoriginais representariam tão-somente ambientesdeposicionais distintos, de um único ciclo.

Nesse trabalho foi mantida a denominação original– Grupo Araxá – tendo em vista o posicionamentoestratigráfico do conjunto e a concordância dasáreas de ocorrência dessa unidade nas diversasfolhas cartografadas com os demais levanta-mentos geológicos pretéritos.

Com base nos ambientes deposicionais, o grupofoi subdividido em quatro unidades: A, B, C e D. AUnidade “A” seria formada por grauvacas, deposi-tadas em ambiente marinho. A Unidade “B”, repre-sentaria uma seqüência psamo-pelítica, sedimen-tada em ambiente marinho raso/deltaico. À Uni-dade “C”, corresponderiam sedimentos pelito-carbonáticos da Formação Ibiá, formados em am-biente litorâneo. A Unidade “D” retrataria umaseqüência pelito-psamítica, depositada em ambi-ente litorâneo de supramaré.

Os metassedimentos do Grupo Araxá ocupamaproximadamente 50% da folha, aflorando emduas porções distintas: sudoeste e nordeste.(figura 2.11)

As relações de contato com as demais unida-des se realizam, na maioria das vezes, por tectô-nica, através de zonas de cisalhamento em regi-me contracional ou transcorrente compressional,com marcante milonitização, ao longo das quaisse desenvolveram ações hidrotermais (figura2.11).

Os contatos entre as subunidades ocorrem deforma transicional e/ou por imbricação tectônica,como os desenvolvidos entre as unidades A e B,que se encontram empurradas para leste e se alter-nam tectonicamente entre si. Da mesma forma, oscalcixistos da Unidade “C” estão sobrepostos,através de uma zona de cisalhamento contracional,aos micaxistos da Unidade “B”.

Os dados radiométricos utilizados para da-tações isocrônicas na região em estudo só dis-

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Folha SE.22-X-B (Goiânia)

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criminam os grandes eventos metamórficos queatuaram ao longo dos tempos geológicos sobreseqüências já constituídas. Por essa razão, e combase nas idades dos granitóides Gama 3 (Pro-terozóico Superior) que estão alojados nesses me-tassedimentos, optou-se por considerar que o

Grupo Araxá teria provável evolução a partir do Pro-terozóico Médio, isto é, no Evento tectônico Urua-çuano (900Ma a 1.300Ma).

Unidade “A” – caracteriza-se por rochas de colo-ração cinza, granulação média a grossa, estruturaàs vezes gnáissica, sendo representada por ± gra-

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Figura 2.11 – Distribuição geográfica e relação de contato dos metassedimentos do Grupo Araxá.

Falha indiscriminada

Contato definido

Zona de cisalhamento

Zona de cisalhamento contracional

Zona de cisalhamento transcorrentecompressional

Aluviões

Depósitos Detrítico-lateríticos

Sedimentos Continentais Lagunares

Granitóides e� �2 3

Grupo Paranoá

1

3

4

5

2

Unidade A Unidade B

Unidade C Unidade D

Seqüência Metavulcano-Sedimentar de Silvânia

Intrusivas Ultrabásicas

Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu

Associação Ortognáissica-Migmatítica

8

9

7

10

5 0 10 20km49º30' 48º00'

16º00'

17º00'

49º30' 48º00'16º00'

17º00'

4

42

2

32

2

2

4

2

29

95

5

5

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6

6

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66Hidrolândia

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nada ± muscovita + quartzo + biotita xistos felds-páticos. Apresentam finas intercalações de grana-da-biotita xistos, quartzo xistos e muscovita quartzi-tos.

Existem grandes dúvidas quanto à origem dessaunidade, admitindo alguns serem metagrauvacasos protólitos dos gnaisses xistosos, enquanto queoutros interpretam serem esses litótipos apenas osgranitóides subjacentes cisalhados.

A associação paragenética quartzo + biotita(marrom) + albita ± granada caracteriza a fáciesmetamórfica xisto-verde, zona da biotita, al-cançando, às vezes, a zona da granada.

Unidade “B” – consiste em muscovita xistos ±granada + quartzo + muscovita xistos, com interca-lações centimétricas a métricas de muscovitaquartzitos, e, subordinadamente, clorita-muscovitaxistos, clorita xistos e granada-biotita xistos. Oquartzo-muscovita xisto apresenta cor cinza-clara,a avermelhada quando alterado. Está microdo-brado e crenulado e exibe textura granolepidoblás-tica fina a média e estrutura milonítica xistosa. Osquartzitos mostram coloração creme, texturagranular média. São ligeiramente foliados e consti-tuídos predominantemente de quartzo, muscovita esericita.

A paragênese dada por quartzo + biotita ± gra-nada, é indicativa da fácies metamórfica xisto-ver-de alto, zona da granada.

Unidade “C” – constitui a seqüência peli-to-carbonática, representada por carbonato ± gra-nada ± muscovita + clorita + quartzo + biotita xis-tos, às vezes feldspáticos e portadores de níveiscentimétricos de gnaisses, intercalações de grafi-ta-muscovita-quartzo xistos e lentes de calcários.

O carbonato-clorita-quartzo-biotita xisto apre-senta coloração cinza com tonalidade esverdea-da, e freqüentes manchas brancas de quartzo desegregação metamórfica. Exibe textura grano-blástica fina, estrutura milonítica foliada microdo-brada e microdobras anastomo- sadas de cisalha-mento.

A fácies metamórfica atinge xisto-verde médio,zona da biotita, caracterizada por biotita + quartzo+ carbonato. Observa-se ligeiro retrometamorfismocom a cloritização da biotita.

Os gnaisses bandados têm cor cinza, granula-ção fina a média e ocorrem como níveis subordi-nados nos calcixistos, (espessuras centimétricas

e sem continuidade lateral). Análises litogeoquí-micas revelaram tratar-se de sedimentos imatu-ros.

Os grafita-muscovita-quartzo xistos apresentamcor cinza-escura, estrutura foliada, textura granole-pidoblástica fina e ocorrem em lentes centimétricasa métricas, intercaladas nos calcixistos.

Os metacalcários mostram cor cinza-clara, comintercalações entre leitos claros e escuros, estruturabandada, granulação fina a média. São constituídospredominantemente por carbonato e ocorrem emlentes de espessuras métricas nos calcixistos.

Unidade “D” – corresponde aos metassedimen-tos do Grupo Canastra (Barbosa, 1955). Está repre-sentada por ± clorita + muscovita + quartzo xistos,clorita-grafita-muscovita-quartzo xistos piritosos,clorita-muscovita xistos, sericita quartzitos, filitoscarbonosos e, subordinadamente, lentes de meta-calcários e magnetita-muscovita xistos.

A paragênese quarto + muscovita + cloritacaracteriza a fácies metamórfica xisto-verde, zonada clorita.

Os clorita + muscovita + quartzo xistos, apresen-tam cor cinza-clara, com tonalidade esverdeada(avermelhada quando intemperizada) e texturagranolepidoblástica microdobrada e crenulada.

Os clorita-grafita-muscovita-quartzo xistos pirito-sos são de coloração cinza-média a escura, fo-liação milonítica e textura granolepidoblástica.Contêm níveis pulverulentos, e, muitas vezes, apre-sentam box works. Observa-se ao longo da foliaçãocristais de pirita de tamanhos submilimétricos amilimétricos.

Os clorita-muscovita xistos, são variedades lo-cais. Apresentam cor cinza-chumbo e granulaçãofina, sendo constituídos essencialmente por mus-covita e clorita, crenuladas e microdobradas.

Os sericita quartzitos têm cor branca ou creme,granulação fina a média, textura granoblástica eestrutura orientada bem laminada. Em alguns lo-cais exibem estruturas primárias, tipo estratifi-cação cruzada de alto ângulo e níveis de mineraispesados (Radaelli et al., 1994). Observam-se inter-calações de muscovita-quartzo xistos, grafita xis-tos e filitos.

Os filitos, aflorantes principalmente na porçãonordeste da folha, apresentam estrutura bandada elaminada; cor cinza, que, quando alterados, passaa variações entre lilás e marrom-avermelhada. Mui-

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Folha SE.22-X-B (Goiânia)

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tas vezes desenvolvem-se intercalações rítmicasentre níveis milimétricos de filitos, filitos carbonosose quartzitos laminados de granulação bastante finae cor cinza-chumbo.

Os metacalcários constituem lentes encaixadasnos muscovita-quartzo xistos, exibem coloraçãocinza, granulação média e estrutura maciça. Sãorelativamente puros, contendo cerca de 91% decarbonato. Como acessórios exibem quartzo, mus-covita, tremolita e epidoto.

Os magnetita-muscovita xistos ocorrem subor-dinadamente nos xistos da unidade. Apresentamcoloração cinza-esverdeada e, quando alterados,marrom-avermelhada. Exibem textura lepidoblás-tica microdobrada e crenulada, sendo constituídosessencialmente por quartzo, muscovita e mag-netita.

2.2.7 Grupo Paranoá (PMpa)

Na região do Distrito Federal, Ramos (1956) utili-zou o termo “Quartzito Paranoá”, para descrevermetaarenitos sotopostos às ardósias do GrupoBambuí. Por sua vez, o Grupo Bambuí foi estudadopor vários autores, dentre os quais Braun (1968),que propôs, com base no caráter puramente litoes-tratigráfico, a divisão do Grupo Bambuí em trêsgrandes unidades: Superior (Formação TrêsMarias), Intermediária (Formação Paraopeba) e In-ferior (Formação Paranoá).

Dardenne (1979) renomeou a Formação Para-noá para Grupo Paranoá, posicionando-o soto-posto ao Grupo Bambuí. Atribuiu-lhe uma sedi-mentação essencialmente detrítica, e o subdividiuem três unidades: Basal, representada pelo con-glomerado São Miguel; Intermediária, constituídapor uma espessa seqüência rítmica de argilitos,folhelhos e arenitos, contendo lentes de dolomitosalgais; e, Superior, composta por um grande pa-cote de arenitos, às vezes conglomeráticos, quetambém apresentam importantes lentes de dolo-mitos.

Os metassedimentos do Grupo Paranoá ocor-rem na porção nordeste da folha, em cujo extremoestão em contato com a Unidade “D” do Grupo Ara-xá por falha contracional. Na parte centro-leste, ocontato com as rochas das unidades “C” e “D” doGrupo Araxá se realiza por zonas de cisalhamento

transcorrentes contracionais e falhas indiscrimina-das (figura 2.12).

Segundo Lacerda Filho et al. (1994), a unidadeestá representada por fácies essencialmentepsamo-pelíticas, compostas por uma seqüência rít-mica epimetamórfica constituída por camadas cen-timétricas a métricas de metarenitos, metassiltitos emetargilitos, com intercalações de metarenitosconglomeráticos, metarcóseos e metarenitos pirito-sos. Estes ritmitos encontram-se sobrepostos pormetargilitos com intercalações subordinadas demetassiltitos (figura 2.13).

Os metarenitos têm cores cinza-clara a rósea egranulação fina a média. Exibem estruturas sedi-mentares primárias, tipo laminações paralelas, es-tratificações cruzadas de baixo ângulo e acama-mento gradacional.

Os metassiltitos exibem grande diversidade decores, com variações que vão de branca-rosada,lilás, vermelha a cinza-clara. Têm granulação extre-mamente fina e estrutura finamente laminada. Sãoconstituídos essencialmente por argilominerais,quartzo, sericita e opacos. O quartzo apresenta-seem grãos recristalizados e angulosos.

Os metargilitos apresentam características se-melhantes às dos metassiltitos. Exibem textura lepi-doblástica muito fina, constituída por palhetas desericita associadas a argilominerais e quartzo sob aforma de microveios.

Os metarenitos são conglomeráticos e apresen-tam cor cinza-amarelada a avermelhada, texturagranular grossa a conglomerática e estrutura ma-ciça. Na matriz ocorrem grãos de quartzo na fraçãoareia muito grossa em grânulos recristalizados emmosaicos. Os seixos de quartzo e de felds- pato,são mal selecionados e, em sua maioria, subarre-dondados.

Os metarcóseos exibem cor cinza-clara a rósea,textura granular muito fina a fina. Quartzo, micro-clínio e plagioclásio e, às vezes, palhetas demuscovita são os constituintes.

Os metarenitos piritosos são avermelhados e fina-mente laminados, exibem granulação fina e grandequantidade de cristais de pirita disseminados e limo-nitizados, o que lhes confere um característico sal-picado de manchas vermelhas. Às vezes ocorremalternâncias milimétricas a centimétricas entre níveisvermelhos (ricos em pirita e óxido de ferro) e claros(quartzo, feldspato e sericita).

– 28 –

Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

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Os metarcóseos mostram baixo grau de re-cristalização dos grãos de quartzo e feldspato, indi-cando metamorfismo de, no máximo, da zona daclorita da fácies xisto-verde.

As estruturas estromatolíticas nos carbonatospermitiram a identificação de Conophyton medulakirichenko, o que possibilitou a Dardenne (1973)indicar que a sedimentação teria ocorrido entre1.350Ma a 950Ma, valores estes que, juntamente

com as características estruturais, reforçam ahipótese de o Grupo Araxá (mais antigo) ser, pos-sivelmente, do Proterozóico Médio.

2.2.8 Granitóides Gama 3 (�3)

Constituem a terceira geração de granitóides in-dividualizados na área. Apresentam-se foliados,

– 29 –

Folha SE.22-X-B (Goiânia)

Figura 2.12 – Distribuição geográfica e relação de contato das rochas do Grupo Araxá.

Falha indiscriminada

Contato definido

Zona de cisalhamento

Zona de cisalhamento contracional

Zona de cisalhamento transcorrentecompressional

5 0 10 20km

Aluviões

Depósitos Detrítico-lateríticos

Sedimentos Continentais Lagunares

Granitóides e� �2 3

Grupo Paranoá

1

3

4

5

2

Grupo Araxá

Seqüência Metavulcano-Sedimentar de Silvânia

Intrusivas Ultrabásicas

Complexo Granulítico Anápolis - Itauçu

Associação Ortognáissica-Migmatítica

6

8

9

7

10

49º30' 48º00'

16º00'

17º00'

49º30' 48º00'16º00'

17º00'

4

42

2

32

2

2

4

2

29

95

5

5

5

6

6

66

66Hidrolândia

6

8

1

67

6

5

9

9

9

9

9

9

9

2

2

2

99

97

7

7

7

9

9

7

9

9

7 7

66

6

6

6

6

6

5

6

10

1010

10

10

10

10

110

10

10

10

10

1010

10

10

10

10

10

10

10

10

10 2

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milonitizados e controlados por zonas de cisa-lhamento. Os principais tipos são metagranito aduas micas, metagranodiorito e metadiorito.

Este tipo de granitóide foi cartografado na FolhaGoiânia em apenas oito locais, como mostra a figu-ra 2.14. Ocorre condicionado a zona de cisalha-mento dúctil e rúptil-dúctil, com desenvolvimento

de foliação milonítica e contatos concordantesbruscos.

Lacerda Filho et al. (1994) e Oliveira et al. (1994),respectivamente, nas folhas Caraíba e Leopoldo deBulhões, definiram uma natureza crustal para estesgranitóides, com base nas relações Fe+2 e Fe+3; nodiagrama que os discrimina no campo da série il-

– 30 –

Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Metargilito cinza-esverdeado com intercalações centimétricas de metassiltitos

Metarenito piritoso, finalmente laminado, com estratificação cruzada tangencial

Metarenito ferruginoso, cinza-avermelhado, compactado

Metarenito conglomerático, cinza-claro, matriz arenosa quartzofeldspática, com seixossubarredondados de quartzo e feldspatos

Metargilito cinza-esverdeado

Metargilito cinza-esverdeado, finalmente laminado, sericítico, com intercalações demetassiltito

Metarcóseo cinza-avermelhado intercalado centimetricamente com metargilito cin-za-esverdeado

Metarenito médio, cinza-claro, finalmente laminado, com acamadamento gradacionale estratificação cruzada tangencial

Metarenito fino, siltoso, creme e avermelhado, finalmente laminado com níveis dequartzo recristalizado formando pequenas drusas

0

40m

30m

20m

10m

AF

LO

RA

ME

NT

OS

JV-

62

,JV

-6

3

AF

LO

RA

ME

NT

OS

JV-

68

,JV

-6

9

Figura 2.13 – Seção litológica do Grupo Paranoá, Folha Caraíba. Extraído de Lacerda Filho, 1994.

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menita (Ishihara, 1977); na presença constante decoríndon; na ausência de diopsídio e de horn- blen-da; e, na alta freqüência de biotita. Também deter-minaram suas correspondências com os granitos“S” (Chapell & White, 1974), em razão do caráterleucocrático, dos maiores valores em SiO2 (74%),do conteúdo em elementos-traço (Rb, Sr, Cu e Zr).

Além do mais, os padrões ETR são homogêneos,configurando o tipo “asa-de-pás- saro”, com fortedepleção em Eu e as razões ETRL/ETRP situando-se entre 0,77 e 3,37 (figura 2.15).

Nos biotita-muscovita granitos e granodioritos,os termos dominantes possuem cor cinza-clara e,às vezes, intercalações entre bandas milimétricas

– 31 –

Folha SE.22-X-B (Goiânia)

Figura 2.14 – Distribuição geográfica dos granitóides �3.

Falha indiscriminada

Contato definido

Zona de cisalhamento

Zona de cisalhamento contracional

Zona de cisalhamento transcorrentecompressional

Aluviões

Depósitos Detrítico-lateríticos

Sedimentos Continentais Lagunares

Granitóides �3

Grupo Paranoá

1

3

4

2

Grupo Araxá

Seqüência Metavulcano-Sedimentar de Silvânia

Intrusivas Ultrabásicas

Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu

Associação Ortognáissica-Migmatítica

6

8

9

7

10

5 0 10 20km49º30' 48º00'

16º00'

17º00'

49º30' 48º00'16º00'

17º00'

4

42

2

32

2

2

4

2

29

9

5

5

5

6

6

66

66Hidrolândia

6

8

1

67

6

9

9

9

9

9

9

9

2

2

2

99

97

7

7

7

9

9

7

9

9

7 7

66

6

6

6

6

6

5

6

10

1010

10

10

10

10

110

10

10

10

10

1010

10

10

10

10

10

10

10

10

10 2

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claras e escuras. Exibem granulação média, estru-tura foliada, textura milonítica localmente preser-vada e textura granoblástica. São constituídosdominantemente por muscovita, biotita, quartzo,plagioclásio (oligoclásio-andesina) e feldspatopotássico (ortoclásio e microclínio).

O metadiorito situado ao norte de Trindadeapresenta cor cinza-clara com pontuações pretas,granulação fina a média, textura granular eestrutura maciça. É constituído dominantementepor muscovita, biotita, quartzo e plagioclásio, e,nas proximidades das básicas do ComplexoGranulítico, exibe conteúdo elevado de horn-blenda. A paragênese, formada por quartzo +albita + muscovita + epidoto, sugere condiçãometamórfica da fácies xisto-verde baixa.

Datações realizadas no metagranito de Ara-goiânia evidenciaram uma isócrona Rb/Sr comidade de 700Ma e razão inicial 0,706, época essainterpretada como a da cristalização do corpo(Moreton et al., 1994). Em razão disso, e conside-rando as relações de campo, tais granitóides fo-ram associados ao Ciclo Brasiliano (ProterozóicoSuperior).

Vênulas e veios de pegmatitos e de quartzo te-riam sido originados pelos eventos que geraramfaixas de milonitos e ultramilonitos, assim como oscristais prismáticos de turmalina e de cassiterita,

encontrados em concentrados de bateia de algu-mas áreas em que esses corpos afloram, reve-lariam estágios magmáticos tardios, com perco-lação de fluidos ricos em boro e estanho. Na FolhaCaraíba, Lacerda Filho et al. (1994) citam ocorrên-cias, ao longo das zonas de cisalhamento, de peg-matitos compostos de quartzo, muscovita, felds-pato potássico e turmalina preta. Também ocorremveios de quartzo e corpos de greisen, de espessuracentimétrica a decimétrica, constituídos essencial-mente por quartzo, muscovita e turmalina em zonade cisalhamento transcorrente na Folha Anápolis(Radaelli et al., 1994).

2.2.9 Diques de Diabásio (Jdb)

Apenas quatro diques de diabásio foram carto-grafados: um alojado nos terrenos da AssociaçãoOrtognáissica-Migmatítica, no córrego Fundo, àmargem direita do rio Piracanjuba (Folha Caraíba);os outros três ocorrem inseridos nos metasse-dimentos da Unidade C do Grupo Araxá: a) a sul deTrindade, b) no córrego da Serra Pedreira, e, c) namargem esquerda do rio Dourados (Folha Goiânia).

A ocorrência da Folha Caraíba mede 2,5km decomprimento por 200m de largura, ocupando umaexpressiva zona de cisalhamento dúctil de direçãoNW-SE. O diabásio tem cor cinza-esverdeada-escura, granulação média, estrutura maciça e tex-tura isótropa subofítica. É constituído essencial-mente de plagioclásio e clinopiroxênio, tendo poracessórios: opacos e apatita.

Os diques da Folha Goiânia estão condicio-nados a falhamentos transcorrentes reativados.Apresentam espessura em torno de 50m por 200mde comprimento e mostram o desenvolvimento debrechas nos contatos com os xistos encaixantes.Têm coloração cinza-escura, granulação fina,textura ofítica a hialofítica e estrutura maciça.Exibem às vezes disjunções poliedrais e sãoconstituídos predominantemente por plagioclásio epiroxênio.

Um dique aflorante nas proximidades da folha,datado por K/Ar em concentrado de plagioclásio,acusou idade de 178Ma ± 5Ma, caracterizandomagmatismo jurássico, o que possibilita atribuir-lheuma associação com o vulcanismo toleiítico da Ba-cia do Paraná.

– 32 –

Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

GRANITÓIDES 3

RO

CH

A/

CO

ND

RIT

O

2

10

20

5

50

JV-188JV-216CC-22

CC-628CC-23AJV-290

CC-82JV-297DJV-297B

CC-62

Le Ce Nd Sm Eu Gd Dy He Er Yb Lu

Figura 2.15 – Padrão de Terras-Raras para os

granitóides �3 normalizados segundo o Condrito deEversen, 1978 (Extraído de Lacerda Filho et. al. 1994).

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2.2.10 Coberturas Tércio-Quaternárias (TQ)

2.2.10.1 Sedimentos Continentais Lagunares (Tc)

Os processos erosivos/deposicionais res- pon-sáveis pelo aplainamento da Superfície Sul-Ameri-cana, propiciaram o desenvolvimento, em peque-nas depressões continentais, de sedimentos de-positados em ambiente lacustre a fluviolacustre.

A sudeste de Vianópolis (figura 2.16), estes sedi-mentos são formados por argilitos (lamitos) de coravermelhada, com intercalações decimétricas deritmitos caracterizados por lâminas síltico-arenosas,de cores rósea-avermelhada a cinza-escura.Encontram-se parcialmente laterizados e exibemperfurações de organismo em forma de pequenostubos centimétricos.

2.2.10.2 Coberturas Detrítico-Lateríticas(TQdl)

Essas coberturas desenvolveram-se sobretodas as unidades geológicas pré-cambrianas,sendo, entretanto, mais prósperas nos terrenos dasrochas do Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu.Constituem solos areno-argilosos avermelhados,semiconsolidados, mal classificados, com espes-sura superior a 10m, que se apresentam parcial-mente laterizados. Esses terrenos são identificadospor superfícies aplainadas e pene- planizadas, queformam as extensas chapadas e chapadões.

Araújo et al. (1994), Radaelli et al. (1994), Oliveiraet al. (1994), Lacerda Filho et al. (1994), respectiva-mente nas folhas Nerópolis, Anápolis, Leopoldo deBulhões e Caraíba, descreveram perfis lateríticos

nessas coberturas, nos quais são observados osseguintes horizontes:

Superficial – solo areno-argiloso, desestrutu-rado, com espessura inferior a 1m e de coresamareladas a avermelhadas;

Ferruginoso – constitui a crosta laterítica propria-mente dita, com espessura média de 1,5m a 3m,formada por concreções limoníticas, parcialmentecimentadas por óxidos/hidróxidos de ferro e alumí-nio;

Argiloso – solo de caráter saprolítico, tendocores avermelhadas e espessura de até 15m;e,

Pálido – ocupa a interface rocha fresca/sapróli-tos, tendo forma irregular, cores claras e espessuramenor que 2m.

2.2.10.3 Depósitos Aluvionares (Qa)

Os depósitos aluvionares encontram-se confina-dos principalmente ao longo dos rios Meia Ponte(notadamente na sua porção noroeste), Patos, Pira-canjuba, Corumbá, Vermelho, Caldas, Antas, JoãoLeite, Sozinho e seus principais afluentes. São ca-racterizados por sedimentos arenosos, síltico-argi-losos e areias com níveis de cascalho.

As areias, bastante exploradas para utilizaçãona construção civil, são predominantemente for-madas por grãos de quartzo arredondados ousubarredondados, contendo subordinadamenteminerais pesados (magnetita e ilmenita).

Condicionadas às cabeceiras dos córregos,ocorrem pequenas turfeiras, que, em sua maioria,exibem pequenas dimensões e reduzido potencialeconômico.

Folha SE.22-X-B (Goiânia)

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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

Figura 2.16 – Distribuição geográfica dos sedimentos continentais lagunares.

Falha indiscriminada

Contato definido

Zona de cisalhamento

Zona de cisalhamento contracional

Zona de cisalhamento transcorrentecompressional

Aluviões

Depósitos Detrítico-lateríticos

Sedimentos Continentais Lagunares

Granitóides e� �2 3

Grupo Paranoá

1

4

5

2

Grupo Araxá

Seqüência Metavulcano-Sedimentar de Silvânia

Intrusivas Ultrabásicas

Complexo Granulítico Anápolis - Itauçu

Associação Ortognáissica-Migmatítica

6

8

9

7

10

5 0 10 20km49º30' 48º00'

16º00'

17º00'

49º30' 48º00'16º00'

17º00'

4

42

22

2

2

4

2

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95

5

5

5

6

6

66

66Hidrolândia

6

8

1

67

6

5

9

9

9

9

9

9

9

2

2

2

99

97

7

7

7

9

9

7

9

9

7 7

66

6

6

6

6

6

5

6

10

1010

10

10

10

10

110

10

10

10

10

1010

10

10

10

10

10

10

10

10

10 2