geografia e a filosofia estruturalista formatado final
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN
ANTONIO ALCIR DA SILVA ARRUDA
A RELAO DO ESTRUTURALISMO E DA FENOMENOLOGIANA GEOGRAFIA
CURITIBA
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN
ANTONIO ALCIR DA SILVA ARRUDA
A RELAO DO ESTRUTURALISMO E DA FENOMENOLOGIANA GEOGRAFIA
Trabalho apresentado no curso de graduao do cursode GeografiaDisciplina: Filosofia da GeografiaTurma ASetor de Cincias da Terra, daUniversidade Federal do Paran.Professor: Sylvio Fausto Gil Filho
CURITIBA
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RESUMO
O objetivo neste trabalho dissertar sobre a Fenomenologia e o
Estruturalismo e suas aplicaes na Geografia. Este trabalho procura distinguir arelao que a geografia exerce sobre o estruturalismo e suas vertentes junto ao
socialismo clssico e sua escola francesa, bem como a fenomenologia aplicada
geografia humanista. Falar das formas que cada vertente exerce ate hoje e onde
elas so aplicadas para podermos ter uma noo mais clara do saber geogrfico em
cada um destes conceitos. A fenomenologia est presente na geografia desde os
tempos remotos a cultura grega, vindo a passar por mudanas durante os sculos e
que mais tarde se torna destaque na busca de novos paradigmas na metade do
sculo XX.
Tambm ser dissertado o pensamento estruturalista e suas vertentes ao
socialismo grfico e sua escola francesa, que com os pensamentos de seus vrios
seguidores que tinham como fundamento as relaes de justia, com a renegao
da tica e da moral entre outras caractersticas. O estruturalismo uma teoria que
se desenvolveu no mbito das cincias sociais a partir da dcada de 1960. A teoria
estruturalista originria da cincia lingustica e foi incorporada s cincias sociais
inicialmente por influncia dos trabalhos de cientistas sociais franceses.
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INTRODUO
Conforme a revista Geografia em Questo volume 6, nmero 2, de 2013, so
definidos os parmetros das geografias humanistas que sero tratados nestetrabalho em diferentes abordagens:
As geografias humanistas basicamente surgiram em reao ao racionalismodas geografias neopositivistas, recolocando o homem no centro dos estudosgeogrficos, mas marcadamente sob um carter subjetivista, festejando,inclusive, a retomada de discusses clssicas da Geografia, como a do gnerode vidalablacheano. Constituiu-se em diversas tendncias, no to prximasumas das outras, mas que possua em comum a anlise do espao a partir daexperincia dos homens e mulheres, positivas ou negativas, no lugar vivido(Lebenswelt); e um consenso crtico quanto s geografias racionalistas e
objetivistas. A adoo do mtodo fenomenolgico no foi unnime, apesarde muitos gegrafos humanistas levantarem esta bandeira.
O surgimento das geografias humanistas, assim como dascorrentes mais crticas da Geografia, teve em comum a insatisfao com aNova Geografia ou Geografia Quantitativa, em todos os mbitos. Deacordo com Campos, a insatisfao dos gegrafos com esta corrente sedeu [...] devido sua reificao dos problemas sociais, supresso dasdimenses ticas e ideolgicas das decises, omisso das contradies,idealizao das condies reais atravs de modelos, crena de que aquantificao fornecia objetividade, proximidade dos princpios dodarwinismo social, excluso do processo histrico, fragmentao do real e ano incluso da vida real como objeto de estudos, [e] provocou a busca denovos caminhos. Ao mesmo tempo, nas dcadas de 1960 e 1970 ficarampatentes que o crescimento capitalista desordenado e cada vez maisglobalizado, gerava grandes custos sociais e polticos, agravando osproblemas sociais e ambientais, notadamente no Terceiro Mundo. Algunsgegrafos iro investir no estudo das causas da crise, vo procurar as razesdos problemas; outros contornaro a discusso mais profunda, retornando,de modo marcadamente subjetivista, a discusses clssicas da Geografia,como a relao entre o homem e o meio natural. (CAMPOS, 2010, p. 01)
Os gegrafos que fazem referncias fenomenologia no pouparamcrticas e questionamentos ao mundo racionalista. Para esta corrente, o
comportamento das pessoas no est fundamentado no conhecimentoobjetivo do mundo real, e sim na base das imagens subjetivas deste mundo(LENCIONI, 2003). A corrente da percepo apresenta interao entreGeografia, Psicologia e Sociologia que buscam uma nova anlise espacial,resgatando a totalidade do homem, evitando o seu reducionismo.
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2 DESENVOLVIMENTO
O termo fenomenologia foi popularizado na tradio filosfica em funo de
Hegel (ZILLES, 2008). Hegel tambm foi o primeiro pensador a utilizar a palavra
fenomenologia como indicador do conhecimento que a conscincia tem de si mesma
atravs dos fenmenos que lhe aparecem e Husserl alm de manter o conceito
kantiano e hegeliano fez ainda uma ampliao da noo de fenmeno
(CHAUI,2010).
Ainda sobre o conceito de fenomenologia existe o conceito de
intencionalidade definido na obra, Dicionrio Bsico de Filosofia.
O projeto fenomenolgico se define como uma volta s coisas mesmas,isto , aos fenmenos, aquilo que aparece conscincia, que se d como seuobjeto intencional. O conceito de intencionalidade ocupa um lugar central nafenomenologia, definindo a prpria conscincia como intencional, comovoltada para o mundo: toda conscincia conscincia de alguma coisa
(Husserl). Dessa forma, a fenomenologia pretende ao mesmo tempocombater o empirismo e o psicologismo e superar a oposio tradicionalentre realismo e idealismo. Fenomenologia pode ser considerada uma dasprincipais correntes filosficas deste sculo [sculo XX], sobretudo naAlemanha e na Frana, tendo influenciado fortemente o pensamento deHeidegger e o existencialismo de Sartre, e dando origem a importantes
desdobramentos na obra de autores como Merleau-Ponty e Ricouer.(JAPIASSU; MARCONDES, 2001, p. 101)
O carter fenomenolgico esteve e est presente, mesmo que timidamente no
decurso histrico da Geografia desde a Antiguidade com os gregos, passando pelos
clssicos da sistematizao da Geografia vindo a ganhar destaque com a
efervescncia pela busca de novos paradigmas na segunda metade do sculo XX.
Nogueira (2007). Nogueira afirma ainda que, de incio, estas pesquisas se resumem
em entender certas formas de percepo do meio ambiente e sua significao
geogrfica, passando posteriormente a demonstrar como o espao era sentido e
como era dividido. Ainda segundo a autora, com os dilogos das escolas
deterministas e possibilitas os debates de percepo comearam a ganhar maior
destaque. No menosprezando a influncia francesa os melhores avanos na
perspectiva fenomenolgica ocorreram nos pases anglo-saxes que a valorizavam
como sendo uma contraproposta s perspectivas da revoluo qualitativa.
Cabe uma ressalva diferena entre a Geografia da Percepo [Nogueira
(2007) traz outros nomes como Geopsicologia, Geosofia, etc. interpretados como
desdobramentos dessa proposta e s perspectivas fenomenolgicas. Ao se avaliar a
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relao homem X meio com olhares positivistas, se estabelece, uma relao causal
entre a percepo e o mundo real tendo nossos comportamentos definidos pela
maneira como percebemos a realidade. Sendo que dessa forma o conhecimento
produzido pela relao vivida simplesmente ignorado. O que diferencia
basicamente as novas teorias fenomenolgicas do ps-renovao geogrfica
justamente essa ligao com filosofias orientadas prtica humanista, no
aceitando um mundo objetivo independente da existncia humana.
A mesma interpretao acaba no ocorrendo em CORREA (2006 p.183) que
incorpora a Geografia com base fenomenolgica como sendo um desdobramento
da perspectiva da Geografia da percepo. Segundo ele, a Geografia da Percepo
faz parte de uma escola de pensamento com bases inspiradas no kantismo epositivismo e tm alguns de seus integrantes altamente comprometidos com um
humanismo subjetivista. Ainda segundo o mesmo autor, os gegrafos radicais,
sobretudo os Neomarxistas, combatem essa perspectiva, alegando que ela foge da
anlise da realidade e conduz a reflexo a teorias alienadas e comprometidas com o
psicologismo dificultando qualquer ao social.
de se inferir que tal fato, contraposto (com relao ao emprego do
Neopositivismo) na perspectiva fenomenolgica ao se trazer o conceito deintencionalidade que pressupe que todo problema de conscincia intencional,
no existindo uma conscincia pura, separada do mundo real (Camargo & Elesbo,
2004, p. 9).
Esse aprisionamento no subjetivismo apontado por uma srie de Gegrafos.
Nogueira (2007) tece uma crtica no sentido de que a geografia ao absorver a
discusso da psicologia, priorizaria a mente e acabaria por omitir a realidade dada
atravs da experimentao, da convivncia entre homem e o lugar. Realiza-se umacrtica interessante ao afirmar que a Geografia da Percepo (acreditamos poder
incluir nessa proposio tambm a fundamentada na fenomenologia) conforme o
autor explica, ANDRADE (2006) (p. 184) ...apesar de encontrar divergncias
internas, encontra-se em ascenso, isto por que ela no contesta a ordem
estabelecida e transfere ao individual, ao pessoal, muitos problemas considerados
por outros grupos como sociais, no sendo contestatria ordem dominante.
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Geografia e a filosofia estruturalista
Inicialmente iremos compreender a filosofia estruturalista entendendo que se
trata de uma das principais abordagens filosficas nos envolvendo a entender anoo de Estrutura que teve alteraes ao longo da histria.
Bastide (1971) nos apresenta uma histria sobre o termo, iniciando com a sua
origem etimolgica que deriva do latim structura, um desdobramento do verbo
struere, construir. Nesse primeiro momento, estrutura faz referncia a um sentido
arquitetnico, sendo o modo pelo qual est construdo um edifcio. No sculo XVII,
a utilizao da palavra se expande para dois sentidos. No primeiro sentido, o
homem, estabelecendo semelhanas entre o corpo humano e sua constituio fsica
(por exemplo, a disposio dos rgos) e num segundo sentido, para as lnguas,
estabelece-se paralelos com a distribuio das palavras na orao, ou na
composio de um estilo potico. A partir do sculo XIX este termo ultrapassa
fronteiras e , ampliado o entendimento para os interessados das cincias exatas,
da natureza e dos homens em que, nesta ltima, a compreenso se deu como
generalizao das cincias da natureza. Somente na segunda metade deste sculo
que o termo ganha novos delineamentos, aproximando-se compreenso de que
temos atualmente.
Nesse desenrolar, Bastide reconheceu que as outras influncias como a
escola de Chicago e pensamento da escola alem no marxista, tambm
contriburam para a constituio do entendimento do termo sobre estrutura; porm,
o autor marca o ano de 1930 como a data base de ruptura com a compreenso
atrelada s morfologias sociais, para um entendimento que constituir a filosofia
estruturalista.
O ano da publicao do livro de Freyer 1930 uma data capital. Ela
marca o trmino de uma etapa em nossa histria e o incio de outra, ou seja, a da
inversopraticamente que explosiva da preocupao estruturalista em todas as
cincias, e simultaneamente, a da mudana de sentido que a palavra iria sofrer sob
a influncia dos novos conhecimentos adquiridos no campo da lgica e da
matemtica.
(BASTIDE, 1971, p. 05) Dosse (1994), sistemas de relaes, conjunto de
elementos no redutveis sua soma, dependncia das partes quanto ao todo
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Dois conflitos se evidenciam no desenrolar da filosofia estruturalista, que se
desdobraro na Geografia. O primeiro, determina o que Estrutura, que pode ser
vista como algo que est presente na realidade concreta, um sistema de relaes,
[] sintaxe das transformaes possveis. O segundo se refere compreenso de
modelo: uma abstrao da realidade, ou uma deduo mental em que se deseja
fazer a conteno da realidade.
O entendimento de Lvi-Strauss somado as primeiras compreenses de modelos
foram as proposies que prevaleceram. Cabe, ento, verificarmos algumas
influncias que este autor teve para entendermos seus desdobramentos no
pensamento estruturalista. Lvi-Strauss recebeu fortes influncias do Positivismo de
Auguste Comte em que duas caractersticas chamariam sua ateno:A primeira, a necessidade de garantir o estatuto de Cincia para os estudos
sobre a sociedade; e a viso holstica, que se contrapunha ao pensamento da
filosofia tradicional. Outro autor que o influenciou foi Emilie Durkheim com a
construo da sociologia no incio do sculo XX. Herdeiro da ambio globalizante
comtiana, Durkheim dedicou parte de seu tempo ao campo das cincias do Homem,
constituindo uma concepo de sociedade em que umtodo irredutvel soma das
partes(DOSSE, 1994, p. 34).A segunda, a noo de sistemas e modelos obteve um xito crescente, assim
como a compreenso de estruturas, nas circunstncias de constituio das cincias
humanas na virada do sculo XIX para o XX.
Essa afeio a Comte e Durkheim, autores influenciadores de Lvi-Strauss, nos
servem para evidenciar a ambio que este autor teve em estabelecer uma
metodologia inovadora s cincias humanas, que garantisse seu carter cientfico,
atravs da filosofia estruturalista. Por estas questes, reconhecido o interesse naconstruo de leis gerais e formao de predilees, elementos constitutivos da
cincia moderna, que busquem o dimensionamento da totalidade social. A partir
dessa descrio sobre a adeso da teoria dos modelos na filosofia estruturalista,
vemos que os modelos correspondem a representaes aproximadas da realidade
esta constituda de uma essncia contraditria atravs do processo de abstrao
do real, objetivando a construo de um modelo que viabilize a manipulao da
realidade.
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Uma crtica filosofia estruturalista
Para o estruturalismo, a realidade composta por diferentes estruturas onde,
nos marcos do cientificismo, se expressam por meio de abstraes do real concretopelos sistemas e modelos. A adoo da teoria dos modelos, recurso utilizado por
Lvi-Strauss, foi a forma encontrada para garantir o status de cincia aos estudos
estruturalistas.
Fato que se evidncia ao nos referir ao perodo de
surgimento do estruturalismo moderno que buscava esta
fundamentao para os estudos sobre a sociedade, sem se
utilizar dos mtodos das cincias naturais, mas mantendo os
preceitos da cincia moderna (DOSSE, 1994).Os Modelos correspondem a generalizaes
resultantes da abstrao da realidade emprica, sem que
desconsidere as determinaes estruturais do real que, para
esta compreenso correspondem: a dimenso de totalidade,
a noo de solidariedade entre os elementos componentes da
Estrutura e o processo de autorregulao (LEPARGNEUR,
1972, p. 08).
Oferecendo assim, condies que garantam a manipulao do real para fins
prticos pela modelagem. A fim de conquistar este objetivo, necessariamente alguns
elementos que compem a realidade devem ser abstrados no processo de
construo do modelo, sendo somente assim possvel se obter, de maneira plena, a
realizao dele. Dessa forma ocorre um processo de escamoteamento de
determinados elementos da realidade, Constitui-se, deste modo, uma falsa -ideia de
equilbrio da realidade prpria de uma anlise sistmica que tem sua noo
originada nas cincias naturais, especificamente na Biologia, diante do processo de
rompimento com a perspectiva mecanicista e insero da noo de homeostasia.
Conclumos que no momento em que a filosofia estruturalista se estabelece
enquanto abordagem cientfica aos estudos da sociedade, se utilizando de
prottipos mentais (sistemas e modelos), ela se ocupa em 'estruturar' a sociedade
moderna para conservar sua ordem, comportando-se como uma ideologia do
status quo, por atuar como fora estabelecedora da ideologia do equilbrio e da
imobilidade. Alm disto, a presena de elementos de abordagem biolgica na
anlise social e cultural, impede-nos de realizar uma interpretao crtica da
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meio das modelagens as anlises sistmicas, e a utilizao de leituras sobre essa
realidade reestabelecedora do status quo.
Silva (1978) p87 reitera que so a partir das alteraes no mbito
das infraestruturas sociais do perodo ps 2Guerra que reacenderam,incisivamente, s discusses a cerca dos mtodos e dos objetos da cinciageogrfica, chegando a evidenciar uma crise contempornea das cincias emgeral; de um lado, o problema da renovao tecnolgica, sob o foco dachamada 'terceira revoluo industrial', cujas perspectivas esto sendoabertas, simbolicamente, pelas descobertas relacionadas ao tomo e pelaciberntica; de outro, como consequncia, ao impacto dessa 'revoluo' sobreos campos dos conhecimentos cientficos, tem acelerado o processo dematurao da crise contempornea das cincias, crise essa que apresentaproblemas especficos na rea da Geografia.
Esta renovao tecnolgica, citada por Silva, se apresentou na Geografia
como sendo a revoluo quantitativa (uma nova geografia), que teve umcomportamento de contrapor a posio a Geografia tradicional questionando se esta
no seria uma no geografia (SANTOS, 2002, p. 60). Atravs do aporte da
matemtica, o quantitativismo buscou dar fora a descrio, a objetividade e a
predileo(CHRISTOFOLLETI & OLIVEIRA, 1971, p. 07) atravs dos Sistemas e
Modelos que j estavam sendo usados; sendo este o movimento de construo de
uma Nova Geografia.
Nos anos 50, quando ouve a unificao da teoria dos sistemas com o mtodo
quantitativo dentro da geografia, recebendo a alcunha de (Nova Geografia). Essa
unificao s foi possvel graas aplicao tambm das teorias dos modelos, a
modelizao. (MENDONA, 1989, p. 45) Notamos, ainda que de forma indicativa,
existe a presena de uma inconsistncia em estudarmos a histria do pensamento
geogrfico de maneira retilnea ou linear. Tendo em vista que a comunidade
geogrfica de maneira geral tinha como o objetivo, principalmente na dcada de
1950, encontrar algo que indicasse o patamar de cincia Geografia, todas as
adeses metodolgicas buscavam essa finalidade. Com a incorporao dos
Modelos utilizados pela filosofia estruturalista e com o entendimento, desta
abordagem, da realidade enquanto uma estrutura social dimensionando-a em
subsistemas; a utilizao da teoria geral dos sistemas (de von Bertalanffi) e a
adeso de uma perspectiva matematizante na anlise do geogrfico, evidenciam
que a histria do pensamento geogrfico no se processou de maneira evolutiva ou
linearmente, mas sim de maneira catastrfica.
Hartshorne, que possui grande relevncia para histria da Geografia, inovou
incorporando em suas anlises aspectos da filosofia neokantista que teve como
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desdobramento uma perspectiva funcionalista, em outros autores. Algumas
caractersticas do pensamento hartshorniano, nos possibilita reconhecer a presena
de certos elementos citados anteriormente, demonstrando que o desenrolar histrico
da Geografia se deu de forma entrelaada a diferentes posturas terico-
metodolgicas e que no se opunham. A partir desta descrio feita por Andrade
(1977) sobre alguns problemas da incorporao da teoria geral dos sistemas
Geografia, podemos observar algumas caractersticas que se assemelham em
diferentes abordagens, como a noo de equilbrio para as anlises sociais que
partem da viso organicista, assim como, o entendimento de que a realidade se
comporta de maneira imvel: A viso sistmica, a aplicao da teoria geral dos
sistemas Geografia, apresenta vrios aspectos positivos ao lado de muitos outrosnegativos. Primeiramente, no existe certa uniformidade nesta teoria, e em segundo
lugar, ela tem uma base organicista, tendendo a confundir o sistema social com um
organismo e em terceiro lugar ela procura fazer um diagnstico do que e existente e
estabelecer a meta do desejado, procurando estabelecer mostrar caminho para
atingir esta meta. (CHURCHMON, 1972).
Assim, o desejado pelas classes dominantes pode se contrapor de forma
radical, ou ao menos se diferenciar do que desejado pelas classes dominadas peloproletariado. Tambm devemos observar que a Geografia, sendo considerada pelos
seus principais lderes como uma cincia de sntese, j encarava os fatos como
complexos e procurava analisa-los como um sistema, embora no usasse esta
expresso antes dos trabalhos de Bertalanfy (1973).
(ANDRADE, 1977, p. 15,) A teoria aos sistemas leva a umraciocnio dentro de uma lgica formal, que encara os fatos comoestticos e no como resultado de um processo que est empermanentemente evoluo, e em transformao. Talvez fosse
mais interessante analisar e estudar os fatos geogrficos eeconmico-sociais dentro de uma lgica dialtica, como o faz aescola hegeliana.
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CONCLUSO
Podemos inferir que o entendimento de que na incessante busca da cincia
geogrfica em se afirmar enquanto uma Cincia, a utilizao de recursos damatematizao, modelagens e teoria dos sistemas construram uma anlise
geogrfica que se concentrou em reconhecer as estruturas formadoras do real
emprico e, diante disto, aperfeio-las a fim de obter um avano melhor. Dessa
maneira, no se tinha como preocupao a realizao de uma anlise crtica a
lgica contraditria da estruturao da realidade social, a lgica do capital, e assim
motivar sua transformao; ao contrrio, permaneciam no mbito do
reconhecimento, descrio e melhoramento das estruturas. Com isto, reconhecemos
a necessidade de acatar a sugesto feita por Andrade que aponta para a
importncia da utilizao, como fundamento de uma metodologia geogrfica, a
lgica da mobilidade, a lgica dialtica. Sem perder de vista que boas partes das
anlises geogrficas ainda se encontram delimitadas, pelo que Silva (1988, p. 06)
chamou de impasse aristotlico-kantiano. Ou almejemos uma Geografia que
subverta a ordem da mercadoria, ou permaneceremos enquanto reguladores do
capital.
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