geografia e a filosofia estruturalista formatado final

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

    ANTONIO ALCIR DA SILVA ARRUDA

    A RELAO DO ESTRUTURALISMO E DA FENOMENOLOGIANA GEOGRAFIA

    CURITIBA

    2015

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

    ANTONIO ALCIR DA SILVA ARRUDA

    A RELAO DO ESTRUTURALISMO E DA FENOMENOLOGIANA GEOGRAFIA

    Trabalho apresentado no curso de graduao do cursode GeografiaDisciplina: Filosofia da GeografiaTurma ASetor de Cincias da Terra, daUniversidade Federal do Paran.Professor: Sylvio Fausto Gil Filho

    CURITIBA

    2015

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    RESUMO

    O objetivo neste trabalho dissertar sobre a Fenomenologia e o

    Estruturalismo e suas aplicaes na Geografia. Este trabalho procura distinguir arelao que a geografia exerce sobre o estruturalismo e suas vertentes junto ao

    socialismo clssico e sua escola francesa, bem como a fenomenologia aplicada

    geografia humanista. Falar das formas que cada vertente exerce ate hoje e onde

    elas so aplicadas para podermos ter uma noo mais clara do saber geogrfico em

    cada um destes conceitos. A fenomenologia est presente na geografia desde os

    tempos remotos a cultura grega, vindo a passar por mudanas durante os sculos e

    que mais tarde se torna destaque na busca de novos paradigmas na metade do

    sculo XX.

    Tambm ser dissertado o pensamento estruturalista e suas vertentes ao

    socialismo grfico e sua escola francesa, que com os pensamentos de seus vrios

    seguidores que tinham como fundamento as relaes de justia, com a renegao

    da tica e da moral entre outras caractersticas. O estruturalismo uma teoria que

    se desenvolveu no mbito das cincias sociais a partir da dcada de 1960. A teoria

    estruturalista originria da cincia lingustica e foi incorporada s cincias sociais

    inicialmente por influncia dos trabalhos de cientistas sociais franceses.

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    INTRODUO

    Conforme a revista Geografia em Questo volume 6, nmero 2, de 2013, so

    definidos os parmetros das geografias humanistas que sero tratados nestetrabalho em diferentes abordagens:

    As geografias humanistas basicamente surgiram em reao ao racionalismodas geografias neopositivistas, recolocando o homem no centro dos estudosgeogrficos, mas marcadamente sob um carter subjetivista, festejando,inclusive, a retomada de discusses clssicas da Geografia, como a do gnerode vidalablacheano. Constituiu-se em diversas tendncias, no to prximasumas das outras, mas que possua em comum a anlise do espao a partir daexperincia dos homens e mulheres, positivas ou negativas, no lugar vivido(Lebenswelt); e um consenso crtico quanto s geografias racionalistas e

    objetivistas. A adoo do mtodo fenomenolgico no foi unnime, apesarde muitos gegrafos humanistas levantarem esta bandeira.

    O surgimento das geografias humanistas, assim como dascorrentes mais crticas da Geografia, teve em comum a insatisfao com aNova Geografia ou Geografia Quantitativa, em todos os mbitos. Deacordo com Campos, a insatisfao dos gegrafos com esta corrente sedeu [...] devido sua reificao dos problemas sociais, supresso dasdimenses ticas e ideolgicas das decises, omisso das contradies,idealizao das condies reais atravs de modelos, crena de que aquantificao fornecia objetividade, proximidade dos princpios dodarwinismo social, excluso do processo histrico, fragmentao do real e ano incluso da vida real como objeto de estudos, [e] provocou a busca denovos caminhos. Ao mesmo tempo, nas dcadas de 1960 e 1970 ficarampatentes que o crescimento capitalista desordenado e cada vez maisglobalizado, gerava grandes custos sociais e polticos, agravando osproblemas sociais e ambientais, notadamente no Terceiro Mundo. Algunsgegrafos iro investir no estudo das causas da crise, vo procurar as razesdos problemas; outros contornaro a discusso mais profunda, retornando,de modo marcadamente subjetivista, a discusses clssicas da Geografia,como a relao entre o homem e o meio natural. (CAMPOS, 2010, p. 01)

    Os gegrafos que fazem referncias fenomenologia no pouparamcrticas e questionamentos ao mundo racionalista. Para esta corrente, o

    comportamento das pessoas no est fundamentado no conhecimentoobjetivo do mundo real, e sim na base das imagens subjetivas deste mundo(LENCIONI, 2003). A corrente da percepo apresenta interao entreGeografia, Psicologia e Sociologia que buscam uma nova anlise espacial,resgatando a totalidade do homem, evitando o seu reducionismo.

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    2 DESENVOLVIMENTO

    O termo fenomenologia foi popularizado na tradio filosfica em funo de

    Hegel (ZILLES, 2008). Hegel tambm foi o primeiro pensador a utilizar a palavra

    fenomenologia como indicador do conhecimento que a conscincia tem de si mesma

    atravs dos fenmenos que lhe aparecem e Husserl alm de manter o conceito

    kantiano e hegeliano fez ainda uma ampliao da noo de fenmeno

    (CHAUI,2010).

    Ainda sobre o conceito de fenomenologia existe o conceito de

    intencionalidade definido na obra, Dicionrio Bsico de Filosofia.

    O projeto fenomenolgico se define como uma volta s coisas mesmas,isto , aos fenmenos, aquilo que aparece conscincia, que se d como seuobjeto intencional. O conceito de intencionalidade ocupa um lugar central nafenomenologia, definindo a prpria conscincia como intencional, comovoltada para o mundo: toda conscincia conscincia de alguma coisa

    (Husserl). Dessa forma, a fenomenologia pretende ao mesmo tempocombater o empirismo e o psicologismo e superar a oposio tradicionalentre realismo e idealismo. Fenomenologia pode ser considerada uma dasprincipais correntes filosficas deste sculo [sculo XX], sobretudo naAlemanha e na Frana, tendo influenciado fortemente o pensamento deHeidegger e o existencialismo de Sartre, e dando origem a importantes

    desdobramentos na obra de autores como Merleau-Ponty e Ricouer.(JAPIASSU; MARCONDES, 2001, p. 101)

    O carter fenomenolgico esteve e est presente, mesmo que timidamente no

    decurso histrico da Geografia desde a Antiguidade com os gregos, passando pelos

    clssicos da sistematizao da Geografia vindo a ganhar destaque com a

    efervescncia pela busca de novos paradigmas na segunda metade do sculo XX.

    Nogueira (2007). Nogueira afirma ainda que, de incio, estas pesquisas se resumem

    em entender certas formas de percepo do meio ambiente e sua significao

    geogrfica, passando posteriormente a demonstrar como o espao era sentido e

    como era dividido. Ainda segundo a autora, com os dilogos das escolas

    deterministas e possibilitas os debates de percepo comearam a ganhar maior

    destaque. No menosprezando a influncia francesa os melhores avanos na

    perspectiva fenomenolgica ocorreram nos pases anglo-saxes que a valorizavam

    como sendo uma contraproposta s perspectivas da revoluo qualitativa.

    Cabe uma ressalva diferena entre a Geografia da Percepo [Nogueira

    (2007) traz outros nomes como Geopsicologia, Geosofia, etc. interpretados como

    desdobramentos dessa proposta e s perspectivas fenomenolgicas. Ao se avaliar a

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    relao homem X meio com olhares positivistas, se estabelece, uma relao causal

    entre a percepo e o mundo real tendo nossos comportamentos definidos pela

    maneira como percebemos a realidade. Sendo que dessa forma o conhecimento

    produzido pela relao vivida simplesmente ignorado. O que diferencia

    basicamente as novas teorias fenomenolgicas do ps-renovao geogrfica

    justamente essa ligao com filosofias orientadas prtica humanista, no

    aceitando um mundo objetivo independente da existncia humana.

    A mesma interpretao acaba no ocorrendo em CORREA (2006 p.183) que

    incorpora a Geografia com base fenomenolgica como sendo um desdobramento

    da perspectiva da Geografia da percepo. Segundo ele, a Geografia da Percepo

    faz parte de uma escola de pensamento com bases inspiradas no kantismo epositivismo e tm alguns de seus integrantes altamente comprometidos com um

    humanismo subjetivista. Ainda segundo o mesmo autor, os gegrafos radicais,

    sobretudo os Neomarxistas, combatem essa perspectiva, alegando que ela foge da

    anlise da realidade e conduz a reflexo a teorias alienadas e comprometidas com o

    psicologismo dificultando qualquer ao social.

    de se inferir que tal fato, contraposto (com relao ao emprego do

    Neopositivismo) na perspectiva fenomenolgica ao se trazer o conceito deintencionalidade que pressupe que todo problema de conscincia intencional,

    no existindo uma conscincia pura, separada do mundo real (Camargo & Elesbo,

    2004, p. 9).

    Esse aprisionamento no subjetivismo apontado por uma srie de Gegrafos.

    Nogueira (2007) tece uma crtica no sentido de que a geografia ao absorver a

    discusso da psicologia, priorizaria a mente e acabaria por omitir a realidade dada

    atravs da experimentao, da convivncia entre homem e o lugar. Realiza-se umacrtica interessante ao afirmar que a Geografia da Percepo (acreditamos poder

    incluir nessa proposio tambm a fundamentada na fenomenologia) conforme o

    autor explica, ANDRADE (2006) (p. 184) ...apesar de encontrar divergncias

    internas, encontra-se em ascenso, isto por que ela no contesta a ordem

    estabelecida e transfere ao individual, ao pessoal, muitos problemas considerados

    por outros grupos como sociais, no sendo contestatria ordem dominante.

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    Geografia e a filosofia estruturalista

    Inicialmente iremos compreender a filosofia estruturalista entendendo que se

    trata de uma das principais abordagens filosficas nos envolvendo a entender anoo de Estrutura que teve alteraes ao longo da histria.

    Bastide (1971) nos apresenta uma histria sobre o termo, iniciando com a sua

    origem etimolgica que deriva do latim structura, um desdobramento do verbo

    struere, construir. Nesse primeiro momento, estrutura faz referncia a um sentido

    arquitetnico, sendo o modo pelo qual est construdo um edifcio. No sculo XVII,

    a utilizao da palavra se expande para dois sentidos. No primeiro sentido, o

    homem, estabelecendo semelhanas entre o corpo humano e sua constituio fsica

    (por exemplo, a disposio dos rgos) e num segundo sentido, para as lnguas,

    estabelece-se paralelos com a distribuio das palavras na orao, ou na

    composio de um estilo potico. A partir do sculo XIX este termo ultrapassa

    fronteiras e , ampliado o entendimento para os interessados das cincias exatas,

    da natureza e dos homens em que, nesta ltima, a compreenso se deu como

    generalizao das cincias da natureza. Somente na segunda metade deste sculo

    que o termo ganha novos delineamentos, aproximando-se compreenso de que

    temos atualmente.

    Nesse desenrolar, Bastide reconheceu que as outras influncias como a

    escola de Chicago e pensamento da escola alem no marxista, tambm

    contriburam para a constituio do entendimento do termo sobre estrutura; porm,

    o autor marca o ano de 1930 como a data base de ruptura com a compreenso

    atrelada s morfologias sociais, para um entendimento que constituir a filosofia

    estruturalista.

    O ano da publicao do livro de Freyer 1930 uma data capital. Ela

    marca o trmino de uma etapa em nossa histria e o incio de outra, ou seja, a da

    inversopraticamente que explosiva da preocupao estruturalista em todas as

    cincias, e simultaneamente, a da mudana de sentido que a palavra iria sofrer sob

    a influncia dos novos conhecimentos adquiridos no campo da lgica e da

    matemtica.

    (BASTIDE, 1971, p. 05) Dosse (1994), sistemas de relaes, conjunto de

    elementos no redutveis sua soma, dependncia das partes quanto ao todo

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    Dois conflitos se evidenciam no desenrolar da filosofia estruturalista, que se

    desdobraro na Geografia. O primeiro, determina o que Estrutura, que pode ser

    vista como algo que est presente na realidade concreta, um sistema de relaes,

    [] sintaxe das transformaes possveis. O segundo se refere compreenso de

    modelo: uma abstrao da realidade, ou uma deduo mental em que se deseja

    fazer a conteno da realidade.

    O entendimento de Lvi-Strauss somado as primeiras compreenses de modelos

    foram as proposies que prevaleceram. Cabe, ento, verificarmos algumas

    influncias que este autor teve para entendermos seus desdobramentos no

    pensamento estruturalista. Lvi-Strauss recebeu fortes influncias do Positivismo de

    Auguste Comte em que duas caractersticas chamariam sua ateno:A primeira, a necessidade de garantir o estatuto de Cincia para os estudos

    sobre a sociedade; e a viso holstica, que se contrapunha ao pensamento da

    filosofia tradicional. Outro autor que o influenciou foi Emilie Durkheim com a

    construo da sociologia no incio do sculo XX. Herdeiro da ambio globalizante

    comtiana, Durkheim dedicou parte de seu tempo ao campo das cincias do Homem,

    constituindo uma concepo de sociedade em que umtodo irredutvel soma das

    partes(DOSSE, 1994, p. 34).A segunda, a noo de sistemas e modelos obteve um xito crescente, assim

    como a compreenso de estruturas, nas circunstncias de constituio das cincias

    humanas na virada do sculo XIX para o XX.

    Essa afeio a Comte e Durkheim, autores influenciadores de Lvi-Strauss, nos

    servem para evidenciar a ambio que este autor teve em estabelecer uma

    metodologia inovadora s cincias humanas, que garantisse seu carter cientfico,

    atravs da filosofia estruturalista. Por estas questes, reconhecido o interesse naconstruo de leis gerais e formao de predilees, elementos constitutivos da

    cincia moderna, que busquem o dimensionamento da totalidade social. A partir

    dessa descrio sobre a adeso da teoria dos modelos na filosofia estruturalista,

    vemos que os modelos correspondem a representaes aproximadas da realidade

    esta constituda de uma essncia contraditria atravs do processo de abstrao

    do real, objetivando a construo de um modelo que viabilize a manipulao da

    realidade.

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    Uma crtica filosofia estruturalista

    Para o estruturalismo, a realidade composta por diferentes estruturas onde,

    nos marcos do cientificismo, se expressam por meio de abstraes do real concretopelos sistemas e modelos. A adoo da teoria dos modelos, recurso utilizado por

    Lvi-Strauss, foi a forma encontrada para garantir o status de cincia aos estudos

    estruturalistas.

    Fato que se evidncia ao nos referir ao perodo de

    surgimento do estruturalismo moderno que buscava esta

    fundamentao para os estudos sobre a sociedade, sem se

    utilizar dos mtodos das cincias naturais, mas mantendo os

    preceitos da cincia moderna (DOSSE, 1994).Os Modelos correspondem a generalizaes

    resultantes da abstrao da realidade emprica, sem que

    desconsidere as determinaes estruturais do real que, para

    esta compreenso correspondem: a dimenso de totalidade,

    a noo de solidariedade entre os elementos componentes da

    Estrutura e o processo de autorregulao (LEPARGNEUR,

    1972, p. 08).

    Oferecendo assim, condies que garantam a manipulao do real para fins

    prticos pela modelagem. A fim de conquistar este objetivo, necessariamente alguns

    elementos que compem a realidade devem ser abstrados no processo de

    construo do modelo, sendo somente assim possvel se obter, de maneira plena, a

    realizao dele. Dessa forma ocorre um processo de escamoteamento de

    determinados elementos da realidade, Constitui-se, deste modo, uma falsa -ideia de

    equilbrio da realidade prpria de uma anlise sistmica que tem sua noo

    originada nas cincias naturais, especificamente na Biologia, diante do processo de

    rompimento com a perspectiva mecanicista e insero da noo de homeostasia.

    Conclumos que no momento em que a filosofia estruturalista se estabelece

    enquanto abordagem cientfica aos estudos da sociedade, se utilizando de

    prottipos mentais (sistemas e modelos), ela se ocupa em 'estruturar' a sociedade

    moderna para conservar sua ordem, comportando-se como uma ideologia do

    status quo, por atuar como fora estabelecedora da ideologia do equilbrio e da

    imobilidade. Alm disto, a presena de elementos de abordagem biolgica na

    anlise social e cultural, impede-nos de realizar uma interpretao crtica da

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    meio das modelagens as anlises sistmicas, e a utilizao de leituras sobre essa

    realidade reestabelecedora do status quo.

    Silva (1978) p87 reitera que so a partir das alteraes no mbito

    das infraestruturas sociais do perodo ps 2Guerra que reacenderam,incisivamente, s discusses a cerca dos mtodos e dos objetos da cinciageogrfica, chegando a evidenciar uma crise contempornea das cincias emgeral; de um lado, o problema da renovao tecnolgica, sob o foco dachamada 'terceira revoluo industrial', cujas perspectivas esto sendoabertas, simbolicamente, pelas descobertas relacionadas ao tomo e pelaciberntica; de outro, como consequncia, ao impacto dessa 'revoluo' sobreos campos dos conhecimentos cientficos, tem acelerado o processo dematurao da crise contempornea das cincias, crise essa que apresentaproblemas especficos na rea da Geografia.

    Esta renovao tecnolgica, citada por Silva, se apresentou na Geografia

    como sendo a revoluo quantitativa (uma nova geografia), que teve umcomportamento de contrapor a posio a Geografia tradicional questionando se esta

    no seria uma no geografia (SANTOS, 2002, p. 60). Atravs do aporte da

    matemtica, o quantitativismo buscou dar fora a descrio, a objetividade e a

    predileo(CHRISTOFOLLETI & OLIVEIRA, 1971, p. 07) atravs dos Sistemas e

    Modelos que j estavam sendo usados; sendo este o movimento de construo de

    uma Nova Geografia.

    Nos anos 50, quando ouve a unificao da teoria dos sistemas com o mtodo

    quantitativo dentro da geografia, recebendo a alcunha de (Nova Geografia). Essa

    unificao s foi possvel graas aplicao tambm das teorias dos modelos, a

    modelizao. (MENDONA, 1989, p. 45) Notamos, ainda que de forma indicativa,

    existe a presena de uma inconsistncia em estudarmos a histria do pensamento

    geogrfico de maneira retilnea ou linear. Tendo em vista que a comunidade

    geogrfica de maneira geral tinha como o objetivo, principalmente na dcada de

    1950, encontrar algo que indicasse o patamar de cincia Geografia, todas as

    adeses metodolgicas buscavam essa finalidade. Com a incorporao dos

    Modelos utilizados pela filosofia estruturalista e com o entendimento, desta

    abordagem, da realidade enquanto uma estrutura social dimensionando-a em

    subsistemas; a utilizao da teoria geral dos sistemas (de von Bertalanffi) e a

    adeso de uma perspectiva matematizante na anlise do geogrfico, evidenciam

    que a histria do pensamento geogrfico no se processou de maneira evolutiva ou

    linearmente, mas sim de maneira catastrfica.

    Hartshorne, que possui grande relevncia para histria da Geografia, inovou

    incorporando em suas anlises aspectos da filosofia neokantista que teve como

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    desdobramento uma perspectiva funcionalista, em outros autores. Algumas

    caractersticas do pensamento hartshorniano, nos possibilita reconhecer a presena

    de certos elementos citados anteriormente, demonstrando que o desenrolar histrico

    da Geografia se deu de forma entrelaada a diferentes posturas terico-

    metodolgicas e que no se opunham. A partir desta descrio feita por Andrade

    (1977) sobre alguns problemas da incorporao da teoria geral dos sistemas

    Geografia, podemos observar algumas caractersticas que se assemelham em

    diferentes abordagens, como a noo de equilbrio para as anlises sociais que

    partem da viso organicista, assim como, o entendimento de que a realidade se

    comporta de maneira imvel: A viso sistmica, a aplicao da teoria geral dos

    sistemas Geografia, apresenta vrios aspectos positivos ao lado de muitos outrosnegativos. Primeiramente, no existe certa uniformidade nesta teoria, e em segundo

    lugar, ela tem uma base organicista, tendendo a confundir o sistema social com um

    organismo e em terceiro lugar ela procura fazer um diagnstico do que e existente e

    estabelecer a meta do desejado, procurando estabelecer mostrar caminho para

    atingir esta meta. (CHURCHMON, 1972).

    Assim, o desejado pelas classes dominantes pode se contrapor de forma

    radical, ou ao menos se diferenciar do que desejado pelas classes dominadas peloproletariado. Tambm devemos observar que a Geografia, sendo considerada pelos

    seus principais lderes como uma cincia de sntese, j encarava os fatos como

    complexos e procurava analisa-los como um sistema, embora no usasse esta

    expresso antes dos trabalhos de Bertalanfy (1973).

    (ANDRADE, 1977, p. 15,) A teoria aos sistemas leva a umraciocnio dentro de uma lgica formal, que encara os fatos comoestticos e no como resultado de um processo que est empermanentemente evoluo, e em transformao. Talvez fosse

    mais interessante analisar e estudar os fatos geogrficos eeconmico-sociais dentro de uma lgica dialtica, como o faz aescola hegeliana.

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    CONCLUSO

    Podemos inferir que o entendimento de que na incessante busca da cincia

    geogrfica em se afirmar enquanto uma Cincia, a utilizao de recursos damatematizao, modelagens e teoria dos sistemas construram uma anlise

    geogrfica que se concentrou em reconhecer as estruturas formadoras do real

    emprico e, diante disto, aperfeio-las a fim de obter um avano melhor. Dessa

    maneira, no se tinha como preocupao a realizao de uma anlise crtica a

    lgica contraditria da estruturao da realidade social, a lgica do capital, e assim

    motivar sua transformao; ao contrrio, permaneciam no mbito do

    reconhecimento, descrio e melhoramento das estruturas. Com isto, reconhecemos

    a necessidade de acatar a sugesto feita por Andrade que aponta para a

    importncia da utilizao, como fundamento de uma metodologia geogrfica, a

    lgica da mobilidade, a lgica dialtica. Sem perder de vista que boas partes das

    anlises geogrficas ainda se encontram delimitadas, pelo que Silva (1988, p. 06)

    chamou de impasse aristotlico-kantiano. Ou almejemos uma Geografia que

    subverta a ordem da mercadoria, ou permaneceremos enquanto reguladores do

    capital.

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