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BRASIL: INTEGRAÇÃO DO TERRITÓRIO E A ARTICULAÇÃO AO CAPITALISMO INTERNACIONAL

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Page 1: Geografia do Brasil - Aula - Brasil integração do território e a articulação ao capitalismo internacional

BRASIL: INTEGRAÇÃO DO TERRITÓRIO E A ARTICULAÇÃO AO CAPITALISMO INTERNACIONAL

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1. Antes da industrialização

A economia colonial era “[...] segmentada em uma série de regiões, cada uma vinculada à economia da metrópole (ou à economia dos países industrializados), sem que haja relações comerciais significativas entre elas, denotando a inexistência de qualquer divisão de trabalho inter-regional no país”. (SINGER, 1977, p.8, grifo nosso)

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1. Antes da industrialização

Analisando as linhas gerais da dinâmica regional no país, Cano (1985, p.53-63) faz referência:

à Amazônia, com sua economia extrativista; ao Nordeste, que considera um complexo econômico

baseado no açúcar, no algodão e na pecuária; ao Extremo Sul, caracterizado por uma estrutura

fundiária marcada por uma economia camponesa (salvo a pecuária);

aos estados cafeeiros – Minas Gerais, Rio de Janeiro e Guanabara – com destaque para a concentração do capital mercantil na capital do país; e a São Paulo, cuja economia também baseada no café, logo se distinguiu das outras economias regionais.

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2. As bases da industrialização

Há uma pluralidade e uma diversidade de fatores que incidiram sobre a atividade industrial que se desenvolveu com base na economia cafeeira paulista é destacada por vários autores:

Mamigonian (1969) reconhece no imigrante a determinação principal do processo de industrialização e destaca esse aspecto para entender essa dinâmica no sul do país.

Dean (1971), por exemplo, chama atenção sobre a importância da economia cafeeira para o crescimento industrial, ressaltando que ela propiciava o “... pré-requisito mais elementar de um sistema industrial – a economia monetária”.

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2. As bases da industrialização

Sobre as relações entre capital cafeeiro e capital industrial, Mello (1982, p145) afirma:

...o capital monetário excedente pôde se metamorfosear em capital industrial. O surgimento do trabalhador livre, à disposição do capital industrial, não é difícil de ser explicado. Não se trata, apenas, de afirmar que o capital cafeeiro provoca a constituição de um mercado de trabalho. Mais que isso: a imigração em massa sobrepassou as necessidades do complexo exportador cafeeiro, quer dizer, permitiu a reprodução do capital cafeeiro no número produtivo e no segmento urbano e, ainda, ‘depositou’ nas cidades um ‘excedente’ de força de trabalho, de modo que o capital cafeeiro cria, ele próprio, as condições de reprodução do capital-dinheiro excedente.

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2. As bases da industrialização

O comércio teve um papel central no complexo cafeeiro e foi uma atividade econômica de grande importância para a estruturação da formação socioespacial.

Furtado (1961, p.135) ressalta que: A economia cafeeira formou-se em condições

distintas. Desde o começo, sua vanguarda esteve formada por homens com experiência comercial. Em toda a etapa de gestação os interesses da produção e do comércio estiveram entrelaçados.

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2. As bases da industrialização

  O equacionamento da falta de mão-de-

obra foi, também, determinante na constituição dessa formação socioespacial. A partir de 1885, portanto antes mesmo da abolição da escravatura, e em função do crescimento exponencial da produção de café, começou a “[...] crescente oferta de trabalho dos imigrantes estrangeiros” (CANO, 1997, p. 238).

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2. As bases da industrialização

Em 1902, já teria entrado no Estado de São Paulo, segundo Simonsen (1973, p. 212), mais de um milhão de estrangeiros, o que ajuda a entender porque, entre 1988 e 1903, mais que triplicaram os pés de café nesse território.

À imigração estrangeira, seguiu-se a entrada de imigrantes brasileiros. Segundo Silva (1980, p.52), no período 1908-1917, eles correspondiam a 5,5% do total de imigrantes chegados, para se tornarem 23,4% no período 1918-1927. Segundo gráfico apresentado por Monbeig (1984, p. 153), os brasileiros já eram mais de 50%, dentre os que imigraram para São Paulo, entre 1928 e 1953.

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2. As bases da industrialização

Silva (1980, p.52) destaca que esse crescimento já era “[...] uma conseqüência do próprio desenvolvimento das relações capitalistas que tinha como centro a economia cafeeira”.

A presença de mão de obra assalariada não apenas resolvia a demanda constituindo um mercado de trabalho rural, mas trazia outros desdobramentos, como “sobras” para um mercado de trabalho urbano e alteração na estrutura do “consumo de massa” que, por sua vez, ampliava e diversificava as importações (CANO, 1997, p.239).

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2. As bases da industrialização

Os bancos estrangeiros tenham ajudado a financiar atividades do complexo cafeeiro, mas não dominaram completamente a comercialização do café e as atividades bancárias, pois cresciam os bancos e casas de exportação que pertenciam à “burguesia do café”, para usar a expressão utilizada pelo autor.

Constituía-se, assim, no bojo do complexo cafeeiro, um sistema bancário que, por sua vez, era mais um componente do fortalecimento dos papéis desempenhados pelas cidades na nova divisão territorial do trabalho.

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2. As bases da industrialização

Há relações entre consolidação da economia cafeeira paulista e expansão ferroviária. A existência de uma “barreira” geológico-geomorfológica que a Serra do Mar representou nas ligações entre a Capitania de São Paulo e a metrópole européia, precisava ser transposta com maior facilidade, já que a Estrada do Mar (antiga Vergueiro) era insuficiente para esse transporte e essa limitação já vinha dificultando a participação da então Província de São Paulo nas exportações.

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2. As bases da industrialização

A importância do capital que se acumulava com a produção cafeeira é notável, quando se verifica que grande parte das ferrovias resultou de investimentos de capital nacional. Cano (1990, p.52) ressalta que, em 1910, no Estado de São Paulo, havia 20 ferrovias, das quais 16 eram de propriedade privada nacional.

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Estado de São Paulo - Expansão ferroviária - 1860 – 1889

Cidades Ferrovia Ano em que chegaram os trilhos

Jundiaí Santos-Jundiaí 1868 Campinas Companhia Paulista 1872 Mogi das Cruzes São Paulo – Rio de Janeiro 1875 Sorocaba Sorocabana 1875 Rio Claro Companhia Paulista 1876 Cachoeira Companhia Paulista 1877 Piracicaba Companhia Ituana 1879 Mogi-Guaçu Companhia Paulista 1880 Boituva Sorocabana 1882 Ribeirão Preto Mojiana 1883 Franca Mojiana 1887 São Carlos Companhia Rio Claro 1884 Jaú Companhia Rio Claro 1887 Botucatu Sorocabana 1889 Jaboticabal Companhia Paulista 1892 Salto Grande Sorocabana 1910 São José do Rio Preto Araraquarense 1912 Presidente Prudente Sorocabana 1920 Presidente Epitácio Sorocabana 1922

Fonte das informações: SINGER (1977, p. 38) e MONBEIG (1984)

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E S TA D O D E S Ã O PA U LOP R IN C IPA IS C ID A D E S E F E R R O V IA S

F O N T E : S ing er (1 97 7) M o nb e ig (19 84 ) http ://W W W .fe rroc ron o lo gia .h p g.ig.co m .b rO R G A N IZ A Ç Ã O : M A R IA E N C A R N A Ç Ã O B . S P O S ITO E D ITO R A Ç Ã O : M A R IA S . A K IN A G A B O T TI

0 50 100KmESCALA

LEGEND A

PERÍODO DE C HEGADA DOS TRILHO S DA FERROVIA

JU N D IA ÍS Ã O PA U L O

B O T U C AT U

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S E R R A N E G R AS A N TA BA R B A R A(A M E R IC A N A )

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C A C H O E IR A PA U LIS TA

M O G I-M IR IM

M O G I D A S C R U Z E S

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S E RT Ã O Z IN H OB E B E D O U R O

A G U D O S

B A U R U

ITA P E TIN IN G A

S A N TA C R U Z D O R IO PA R D O

A R A Ç AT U B A

O U R IN H O S

P R E S ID EN TEP R U D E N T E

P R E S ID EN TEE P ITÁ C IO

ITA R A R É

B A R R E TO S

S Ã O JO S É D O R IO P R ET O

ITA N H A É M

V ILA O L ÍM P IA(O L ÍM P IA)

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2. As bases da industrialização

À expansão ferroviária, seguiram-se as primeiras iniciativas para que houvesse um desenvolvimento rodoviário. Para Reis Filho (1997, p.147), o período que se iniciou em 1908 foi significativo para a elaboração das “...diretrizes mais importantes de promoção e implantação da política rodoviária paulista, nas duas décadas seguintes”, sob a liderança de Washington Luís.

Segundo esse mesmo autor, em 1917, havia, no Estado de São Paulo, 2661 veículos, dos quais apenas 88 eram caminhões, mas, em 1924, o número total já era de 22432 veículos, dos quais 4395 eram caminhões, trafegando em mais de mil km de rodovias. Nesse caso, a iniciativa era de responsabilidade do poder público, pois as rodovias foram construídas pelo governo estadual.

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2. As bases da industrialização

A mecanização e a eletrificação são outros elementos constitutivos da formação socioespacial em análise.

Para Silva (1980, p. 54-55), a substituição do escravo pelo trabalhador assalariado promoveu a mecanização das operações de beneficiamento da produção, o que era importante para o estabelecimento de plantações a distâncias maiores do porto de Santos. Além disso, essa mecanização supunha, ao lado da propriedade privada, um elemento de separação dos trabalhadores dos meios de produção, sendo, portanto, reforçadora do desenvolvimento capitalista, tanto mais porque só podia ocorrer em grandes plantações, capazes de sustentar o investimento necessário a esse tipo de beneficiamento.

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2. As bases da industrialização

As terras disponíveis foram um dos elementos fundamentais para a constituição da formação socioespacial.

O relevo havia sido, no período colonial, um dos entraves à expansão agrícola na Capitania de São Paulo, em função das dificuldades de transposição impostas pela Serra do Mar. Prado Jr. (1973, p.134) destaca que, no século XVIII, era, ainda, o litoral que prevalecia sobre o planalto, embora fossem inúmeras as condições desfavoráveis daquela área, em comparação, principalmente, aos solos do planalto paulista.

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2. As bases da industrialização

Com a economia cafeeira, que entrou no território paulista pelo Vale do Paraíba, esse quadro se modificou definitivamente, em primeiro lugar, porque esse tipo de cultivo se adequava melhor às temperaturas mais elevadas do planalto do que às condições climáticas litorâneas; em segundo lugar, e com maior importância, porque a expansão da produção cafeeira exigia mais terras para a ampliação das áreas cultivadas.

O que a expansão cafeeira propicia é o reforço de uma interiorização da produção agrícola que a cultura da cana-de-açúcar já iniciara. Simonsen (1973, p. 217) sintetiza as causas que mais concorreram para o incremento do avanço sobre o território denominado por ele de “sertões paulistas”.

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3. O desenvolvimento industrial

A industrialização no Brasil pode ser dividida em quatro períodos principais:

a) 1500 a 1808, "Proibição" b) 1808 a 1930, "Implantação" c) 1930 a 1956, “Consolidação da

Industrialização” d) após 1956, Internacionalização da

economia brasileira”

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3. O desenvolvimento industrial a) 1500 a 1808, "Proibição"

Restrição ao desenvolvimento de atividades industriais no Brasil e somente era permitida a existência de pequena indústria para consumo interno era permitida.

Na segunda metade do século XVIII algumas indústrias começaram a crescer, como a do mármore e a têxtil.

Assim, em 5 de janeiro de 1785, D. Maria I assinou um alvará, extinguindo todas as manufaturas têxteis da colônia, exceto a dos panos grossos para uso dos escravos e trabalhadores.

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3. O desenvolvimento industrial b) 1808 a 1930, "Implantação"

Em 1808 chegando ao Brasil D. João VI revogou o alvará, abriu os portos ao comércio exterior e fixou taxa de 24% para produtos importados, exceto para os portugueses que foram taxados em 16%. Com a complementação da invasão de Portugal por Napoleão, era contra-produtivo importar produtos de Portugal o que significaria financiar indiretamente os interesses Franceses em terras Portuguesas. Em 1810 através de um contrato comercial com a Inglaterra, foi fixada em 15% a taxa para as mercadorias inglesas por um período de 15 anos. Neste período, o desenvolvimento industrial brasileiro foi mínimo devido à forte concorrência dos produtos ingleses que, além de serem de melhor qualidade, eram mais baratos.

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3. O desenvolvimento industrial b) 1808 a 1930, "Implantação"

Crescimento do setor têxtil, favorecido pelo crescimento da cultura do algodão em razão da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, entre 1861 e 1865.

Na década de 1880, primeiro surto industrial quando a quantidade de estabelecimentos passou de 200, em 1881, para 600, em 1889. Esse primeiro momento de crescimento industrial inaugurou o processo de substituição de importações.

Entre 1914 e 1918 - Primeira Guerra Mundial – favorecimento do crescimento industrial brasileiros, fortalecido com a Crise Econômica Mundial / Quebra da Bolsa de Nova Iorque e, mais tarde, em 1939 com a 2ª Guerra Mundial, até 1945.

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3. O desenvolvimento industrial b) 1808 a 1930, "Implantação"

Foi na esfera da formação socioespacial, que se constituiu por meio da acumulação capitalista e da base material propiciada pelo complexo cafeeiro, que se deram condições mais propícias à efetivação de um novo padrão de acumulação capitalista no âmbito da economia brasileira, entre 1956 e 1980.

Antes dos anos de 1950, a industrialização brasileira encontrava-se

[...] restringida pela fragilidade das bases técnicas e financeiras, que inviabilizavam implantação, de uma só vez, de um

segmento de bens de produção, depois dessa data ficaram postas as condições para a autodeterminação do movimento

do capital. (NEGRI, 1988, p. 57)

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Brasil, Estado de São Paulo, Capital e Interior

População segundo as profissões - 1920

Brasil

Estado de

São Paulo

Estado de São Paulo

/ Brasil

Capital

Interior

Capital / Estado de São Paulo

TOTAL DA POPULAÇÃO ( habitantes) 30 635 605 4 582 188 579 033 4 013 155

Total da população (%) 100,00 15,00 12,61

TOTAL DE PESSOAS OCUPADAS 9 607 612 1 487 848 244 681 1 243 167

Total de pessoas ocupadas (%) 100,00 15,45 16,45

Setor primário (%) 67,15 59,32 13,70 5,93 69,83 1,64

Setor secundário (%) 12,38 15,41 19,30 41,03 10,37 43,78

Setor terciário (%) 15,71 17,40 17,14 36,25 13,67 34,29

Transportes e comunicações 2,64 3,47 20,3 5,69 3,03 26,97

Comércio (incluso bancos) 5,18 5,89 17,6 12,50 4,59 65,12

Força pública 0,92 0,78 13,1 2,36 0,46 50,03

Administração pública 1,02 0,95 14,4 2,03 0,73 35,35

Administração particular 0,42 0,68 25,3 1,64 0,49 39,49

Profissionais liberais 1,75 2,57 22,7 5,71 1,95 36,57

Outros 4,76 7,88 16,78 6,13

Brasil, Estado de São Paulo, Capital e Interior

População segundo as profissões - 1920

Brasil

Estado de

São Paulo

Estado de São Paulo

/ Brasil

Capital

Interior

Capital / Estado de São Paulo

TOTAL DA POPULAÇÃO ( habitantes) 30 635 605 4 582 188 579 033 4 013 155

Total da população (%) 100,00 15,00 12,61

TOTAL DE PESSOAS OCUPADAS 9 607 612 1 487 848 244 681 1 243 167

Total de pessoas ocupadas (%) 100,00 15,45 16,45

Setor primário (%) 67,15 59,32 13,70 5,93 69,83 1,64

Setor secundário (%) 12,38 15,41 19,30 41,03 10,37 43,78

Setor terciário (%) 15,71 17,40 17,14 36,25 13,67 34,29

Transportes e comunicações 2,64 3,47 20,3 5,69 3,03 26,97

Comércio (incluso bancos) 5,18 5,89 17,6 12,50 4,59 65,12

Força pública 0,92 0,78 13,1 2,36 0,46 50,03

Administração pública 1,02 0,95 14,4 2,03 0,73 35,35

Administração particular 0,42 0,68 25,3 1,64 0,49 39,49

Profissionais liberais 1,75 2,57 22,7 5,71 1,95 36,57

Outros 4,76 7,88 16,78 6,13

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R IB E IR Ã O P R E T O

JU N D IA Í

S Ã O C A R LO S

G U AR ATIN G U ETÁP IR A C IC A B A

SA N TO S

A R A R A Q U A R A

B R A G A N Ç A PA U L IS TA

S ÃO PAU LO

C A M P IN A S

0 50 100KmESCALA

N

FR A N C A

F IG U R A IE S TA D O D E S Ã O PA U LO

L O C A LIZ A Ç Ã O D A S S E D E S D O S M U N IC ÍP IO S M A IS P O P U L O S O S

1 9 20

LEGENDA

CAPITAL

O UTRAS SEDES

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3. O desenvolvimento industrial b) 1808 a 1930, "Implantação"

Estado de São Paulo

Evolução da indústria de transformação

1907-1928

Anos

Número de estabelecimentos

Número de operários

Valor da produção de São Paulo sobre o valor da produção do Brasil

1907 327 24 686 15,9% 1919 4 112 80 782 31,5% 1928 9 603 158 746 37,1%

Extraído de Negri (1996, p. 36)

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3. O desenvolvimento industrial b) 1808 a 1930, "Implantação"

Estado de São Paulo

Indústria de transformação

1907-1928

Valor da produção (%) Pessoal ocupado

Em relação a São Paulo Em relação ao Brasil Em relação a São Paulo

Regiões 1907 1928 1907 1928 1907 1928

1. Grande São Paulo 58,2 65,0 9,3 24,1 57,1 67,8

1.1. Capital 51,8 58,0 8,3 21,5 51,7 63,5

1.2. Outros municípios 6,4 6,7 1,0 2,6 5,4 4,3

2. Interior 41,8 35,0 6,6 13,0 42,9 32,2

Total do Estado 100,0 100,0 15,9 37,1 100,0 100,0

Extraído de Negri (1996, p. 47)

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3. O desenvolvimento industrial c) 1930 a 1956, “Consolidação da Industrialização”

Revolução de 1930, Getúlio Vargas adota política industrializante, a substituição de mão-de-obra imigrante pela nacional. Essa mão-de-obra era formada no Rio de Janeiro e São Paulo em função do êxodo rural (decadência cafeeira) e movimentos migratórios de nordestinos.

Criação de:Conselho Nacional do Petróleo (1938)Companhia Siderúrgica Nacional (1941)Companhia Vale do Rio Doce (1943)Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945)

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3. O desenvolvimento industrial c) 1930 a 1956, “Consolidação da Industrialização”

Contribuíram para o desenvolvimento industrial a partir de 1930: o grande êxodo rural, devido a crise do café, com o aumento da população urbana que foi constituir um mercado consumidor; a redução das importações em função da crise mundial e da 2ª Guerra Mundial, que favoreceu o desenvolvimento industrial, livre de concorrência estrangeira.

No segundo governo Vargas (1951-1954), os projetos de desenvolvimento baseados no capitalismo de Estado, através de investimentos públicos no extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC, em 1951), BNDES, dentre outros, forneceram importantes subsídios para Juscelino Kubitschek lançar seu Plano de Metas, ainda que a um elevado custo de internacionalização da economia brasileira.

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3. O desenvolvimento industrialc) 1930 a 1956, “Consolidação da Industrialização” Os primeiros esforços para a constituição de um

mercado interno, no Brasil, já tinham se dado, ainda que de “forma restrita e delimitada territorialmente, entre 1930 e 1955” (SCHIFFER, 1999, p. 83).

Foi, entretanto, no período reconhecido como da industrialização pesada, a partir de 1955, que se articularam as condições para “uma concentração de capitais e atividades produtivas justamente onde já estava implantado o maior parque industrial do país” (SCHIFFER, 1999, p.89), ou seja, no Estado de São Paulo.

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3. O desenvolvimento industrial

Brasil e São Paulo

Taxas médias de crescimento da indústria de transformação (%)

1911 a 1949

Brasil São Paulo Brasil

exclusive São Paulo

1911 a 1919 4,40 7,54 3,20

1920 a 1928 4,43 6,60 3,34

1928 a 1939 6,80 7,30 6,40

1930 a 1949 7,78 9,76 6,21

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3. O desenvolvimento industriald) após 1956, Internacionalização da economia brasileira”

A partir de 1956, esse processo desenvolveu-se de forma plena, já que a industrialização pesada criava as bases para o pleno capitalismo industrial, ainda que “[...] sob condições de um desenvolvimento retardatário” (NEGRI, 1988, p. 57).

No Estado de São Paulo, concentrou-se a maior parte das atividades modernas que sustentava esse desenvolvimento industrial pleno. No período 1950-1965:

[...] o Estado iniciou uma intervenção mais abrangente na economia e um fortalecimento da industrialização via

substituição de importações. Os investimentos no parque industrial tiveram forte influência sobre o lócus da expansão

das atividades econômicas, o que serviu para aumentar a hegemonia da região dominada por São Paulo. (MARTINE,

1995, p. 63)

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3. O desenvolvimento industriald) após 1956, Internacionalização da economia brasileira”

Após a 2ª. Guerra Mundial, a integração do território já vinha se tornando viável – rodovias, bases fiscais monetárias e financeiras articulam-se criando novas bases técnicas ao desenvolvimento do capitalismo no país. (SANTOS, 1993, p. 36)

No governo de Juscelino Kubitschek, 1956 a 1961, Plano de Metas que dedicou mais de 2/3 de seus recursos para estimular o setor de energia e transporte.

O Golpe de 1964 cria as condições de rápida integração do país combinada com movimento de internacionalização em escala mundial. (SANTOS, 1993, p. 36)

Crescimento da economia para atender a demanda interna e a demanda exterior

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3. O desenvolvimento industriald) após 1956, Internacionalização da economia brasileira”

Aumento da produção de petróleo e da potência de energia elétrica instalada, visando a assegurar a instalação de indústrias. Desenvolveu-se o setor rodoviário.

Houve um grande crescimento da indústria de bens de produção que cresceu 370% contra 63% da de bens de consumo.

Crescimento da população, classe média ampliada, sedução dos pobres por um consumo diversificado e sistemas extensivos de crédito, vão ampliar a produção industrial (SANTOS, 1993, p. 36)

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3. O desenvolvimento industriald) após 1956, Internacionalização da economia brasileira”

O crescimento da indústria de bens de produção refletiu-se principalmente nos seguintes setores: siderúrgico e metalúrgico (automóveis); químico e farmacêutico; construção naval,

No entanto, o desenvolvimento industrial foi calcado, em grande parte, com capital estrangeiro, atraído por incentivos cambiais, tarifários e fiscais oferecidos pelo governo.

Nesse período teve início em maior escala a internacionalização da economia brasileira, através das multinacionais.

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3. O desenvolvimento industriald) após 1956, Internacionalização da economia brasileira”

Após 1964, os governos militares retomaram e aceleraram o crescimento econômico e industrial brasileiro. O Estado assumiu a função de órgão supervisor das relações econômicas.

Maior diversificação da produção industrial. O Estado assumiu certos empreendimentos como: produção de energia elétrica, do aço, indústria petroquímica, abertura de rodovias e outros, assegurando para a iniciativa privada as condições de expansão ou crescimento de seus negócios.

Grande expansão da indústria de bens de consumo não-duráveis e duráveis com a produção inclusive de artigos sofisticados.

Aumentou, entre 1960 e 1980, em números significativos a produção de aço, ferro-gusa, laminados, cimento, petróleo

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Brasil, segundo regiões e estados selecionadosDistribuição espacial da indústria de transformação 1970 a 1990

Regiões e estados

Percentual do VTI da indústria de transformação 1970 1975 1980 1985 1990

Nordeste (menos Bahia) 4,2 4,5 4,4 4,8 4,5 Bahia 1,5 2,1 3,1 3,8 4,0 Minas Gerais 6,4 6,3 7,8 8,3 8,7 Rio de Janeiro 15,7 13,6 10,2 9,5 9,8 São Paulo 58,1 55,9 54,4 51,9 49,2

a) Metrópole 43,4 38,8 34,2 29,4 26,2 b) Interior 14,7 17,1 20,2 22,5 23,0

Paraná 3,1 4,0 4,1 4,9 5,7 Santa Catarina 2,6 3,3 3,9 3,9 4,2 Rio Grande do Sul 6,3 7,5 7,9 7,9 7,7 Outros Estados 2,1 2,8 4,2 5,0 6,2 TOTAL 100,0 100,00 100,00 100,00 100,00

VTI – Valor da transformação industrial Extraído de Negri (1996, p. 143)

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3. O desenvolvimento industriald) após 1956, Internacionalização da economia brasileira”

Crescimento industrial, com aumento da capacidade aquisitiva da classe média alta, através de financiamento de consumo.

Exportação de produtos manufaturados através de incentivos governamentais.

Em 1979, as exportações de produtos industrializados e semi-industrializados superaram as exportações de bens primários (produtos da agricultura, minérios, matérias-primas).

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3. O desenvolvimento industriald) após 1956, Internacionalização da economia brasileira”

Pós-Plano Real - ajuste das contas públicas e adoção de medidas tanto políticas como jurídicas de apoio à micro e pequena indústria,

Entrada de capital estrangeiro atraído pelos programas de privatizações de estatais, tornaram o investimento do capital de risco no setor industrial atraente.

Estabilidade nas regras que regiam a economia nos oito anos do mandato que Fernando Henrique Cardoso exerceu a Presidência da República (1994-2002), e a decisão do seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, reeleito em 2006, de manter as mesmas regras, não obstante as divergências ideológicas de alguns grupos internos ao seu partido.

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Brasil, segundo regiões e estados selecionadosDistribuição espacial da indústria de transformação1970 a 1990.

Regiões e estados

Percentual do VTI da indústria de transformação 1970 1980 1990 2000 2008

Nordeste (menos Bahia) 4,2 4,4 4,5 4,9 4,6 Bahia 1,5 3,1 4,0 4,2 5,1 Minas Gerais 6,4 7,8 8,7 9,6 11,5 Rio de Janeiro 15,7 10,2 9,8 9,7 10,6 São Paulo 58,1 54,4 49,2 44,8 37,4

a) Metrópole 43,4 34,2 26,2 19,4 -- b) Interior 14,7 20,2 23,0 25,4 --

Paraná 3,1 4,1 5,7 5,7 7,3 Santa Catarina 2,6 3,9 4,2 4,3 4,3 Rio Grande do Sul 6,3 7,9 7,7 8,0 6,6 Outros Estados 2,1 4,2 6,2 8,8 12,5 TOTAL 100,0 100,00 100,00 100,00 100,00

VTI – Valor da transformação industrial Extraído de Negri (1996, p. 143) e Caçador e Grassi (2009, p. 465); IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa Industrial Anual - Empresa 2007-2008. Org.: Maria Encarnação B. Sposito e Clayton F. Dal Pozzo.

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Fonte: Cadastro Central de Empresas 2006/IBGE