Indicadores sócio-econômicosAs raízes do Brasil injusto

Unidade 07 – Pág. 55 – 63

marciobredariol@gmail.com

“Retirantes” – Cândido Portinari (1944)

Esta charge retrata bem a situação de umagrande fatia da população brasileira

• Muitas são as causas da injustiça social no Brasil. Destacamos:

• Herança escravocrata – cria a mentalidadede indiferença com relação à desigualdade, violência e exclusão.

• Planos econômicos X políticas sociais.• Inefieciência das políticas sociais.

Renda – A riqueza nas mãos de poucos

• Segundo relatório das Nações Unidas, publicado em 2002, o Brasil mesmo sendo uma das maiores e mais ativas economias do mundo, ainda concentra a riqueza nas mãosde uma pequena parcela de sua população.

• Para a ONU, as democracias são os melhores meios de se combater as desigualdades.

• Porém, o Brasil é a prova cabal de que democracia nem sempre é sinônimo de distribuição equitativa de riqueza.

• Renda mais concentrada que a do Brasil sóem Serra Leoa, República Centro Africana e Suazilândia, paupérrimos países do continente africano.

• A democracia é o meio mais eficiente para a melhor distribuição de renda. A liberdadepara reivindicações é fundamental para exigir das elites uma equiparação econômica. Ex: MST, centrais sindicais, MAST, Sem Teto…

Distribuição da PEA no Brasil por faixa de rendimento em salários mínimos

1%

18%

19%

26%

11%

5%

3%

17%1% Sem decl

18% até 1 s. m.

19% de 1 a 2 s. m.

26% de 2 a 5 s. m.

11% de 5 a 10 s. m.

5% de 10 a 20 s. m.

3% mais de 20 s. m.

17% semrendimentos*

*Inclusive todos os trabalhadores que recebem em espécie, isto é, na forma de alimentos, roupas, medicamentos, etc.

Fonte: SEM AUTOR. Unidade 07 – Indicadores sócio-econômicos. Material do Professor – Geografia 2ªsérie. Maringá: Liceu. Pág. 55 – 63.

“…Perpétua a exclusão social…”

• Em vista da disparidades regionais, altas taxas de analfabetismo, concentração de renda e exploração de trabalho infantil, o Brasil apresenta hoje um quadrodesalentador: 25 milhões de pobres e 16,6 de indigentes.

Distribuição de Renda no Brasil

37%

23%

40%

34%

18%

48%

1960

2000

Na cor roxa – os 60% mais pobres

Na cor azul – os 30% intermediários

Na cor bege – os 10% mais ricos

Fonte: SEM AUTOR. Unidade 07 – Indicadores sócio-econômicos. Material do Professor – Geografia 2ªsérie. Maringá: Liceu. Pág. 55 – 63.

• Só existe desenvolvimento com justiça social. As reformas constitucionais, recentementepropostas, devem contemplar sobre o prisma social-democrata, ajustes que objetivemaliviar o Estado, para torná-lo mais eficiente, dotando-o dos meios necessários a umaação mais eficaz na esfera social.

• A reforma social debe legitimar a reforma do Estado, na medida em que ameniza a desigualdade e as verticalidades de nossasrelações sociais. O que se debe é melhorar a má performance social resultante da inflaçãocrônica, que por longo tempo, parecia se eternizar no país.

• Se por um lado, como decorrência do longo período inflacionário, foi provocada a indesejada concentração de renda, por outro, o abuso da conciliação política, adiando reformas indispensáveis ao Estado, tambémexacerbou as contradições sociais.

• As medidas corretivas para recompor o tecido social exigem políticas sociais de longo prazo nos segmentos da educação, saúde, saneamento, infra-estrutura de serviços públicos, habitação popular, gestãoe conservação ambientais. Não devemosacreditar em soluções neoliberais de curto/médio prazos.

• O povo brasileiro deve permanecer atento quanto à intenção de empréstimos dos países enriquecidos como a fórmula a ser adotada para financiamento na área social. Sob a promessa de abertura social, o FMI não será complacente e, por certo, exigiráretorno de seu investimento nos segmentos sociais dos países empobrecidos.

Como acabar com a pobreza?

• O estudo da FGV-SP revela que o problema da miséria no país é uma questão de mádistribuição de renda, e não de falta de recursos. Segundo os dados, em concoanos, se houver um crescimento econômicoe ao mesmo tempo uma melhor distribuiçãode renda, o índice de indigência no Brasil poderá cair quase que pela metade, de 29,3% para pouco mais de15%.

Índice de pobreza humana

• Em 1999, 9% da população do Brasil (15,1 milhões) vivia com apenas 1 dólar por dia. Neste mesmo ano, 22% estava abaixo da linha da pobreza (37 milhões). Em 1998, os índices eram, respectivamente, 5,1% e 17,4%. Os dados foram calculados pela ONU/Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

Brasil pode ser divido em três países diferentes

• Todo ano, desde 1990, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento(PNUD) publica Relatório sobre o Desenvolvimento Humano no mundo, cominformações que permitem acompanhar a evolução dos países e comparar resultados. Para cada um dos países, a mesma medida: o índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado com base nos indicadores de renda, escolaridade e esperança de vida, e que varia de 0 a 1.O nosso é de O,797.

• Estamos no nível intermediário (média de 0,632). Juntos, por exemplo, com países do leste europeu. Bastante próximos do patamarmínimo estabelecido pelo PNUD para caracterizar os países de alto desenvolvimento humano (0,800).

• O Brasil tem, pela primeira vez, um relatório àparte. Patrocinado pelo PNUD e coordenado pelo IPEA, acaba de ser divulgado e dáconta, por exemplo, que, em termos de Grandes Regiões, apenas o Nordeste ficaabaixo desta média nacional.

• Por isso mesmo, forma com o Pará e o Acre um dos três Brasis do relatório - o pior deles. No outro extremo, estão todos os estados do Sul, três do Sudeste (São Paulo, Rio de janeiro e Espírito Santo) mais o Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, que apresentam padrões de alto desenvolvimentohumano.

• Os demais compõem uma faixaintermediária.

PIB e Renda per Capita

• PIB – O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos em uma determinada região (qual seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc.). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região.

• Na contagem do PIB, considera-se apenas bens e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário(insumos). Isso é feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes na soma do PIB.

• O valor per capita foi o primeiro indicador utilizado para analisar a qualidade de vida em um país. Países podem ter um PIB elevado por serem grandes e terem muitos habitantes, mas seu PIB per capita pode resultar baixo, já que a renda total é dividida por muitas pessoas, como é o caso da Índiaou da China.

• Países como a Noruega e a Dinamarcaexibem um PIB moderado, mas que ésuficiente para assegurar uma excelente qualidade de vida a seus poucos milhões de habitantes.

• Renda per capita – A renda per capita é um indicador que ajuda a saber o grau de desenvolvimento de um país e consiste na divisão da renda nacional (produto nacional bruto menos os gastos de depreciação do capital e os impostos indiretos) pela sua população. Embora seja um índice muito útil, por se tratar de uma média esconde várias disparidades na distribuição de renda.

• Por exemplo, um país pode ter uma boa renda per capita, mas um alto índice de concentração de renda e grande desigualdade social. Também é possível que um país tenha uma baixa renda per capita mas não haja muita concentração de renda, não existindo assim grande desigualdade entre ricos e pobres. Os atuais países com a mais alta renda per capita são primeiro Luxemburgo, segundo Noruega, terceiro Estados Unidos.

Qualidade de vida e IDH

• O IDH foi criado para medir o nível de desenvolvimento humano dos países a partir de indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (expectativa de vida ao nascer) e renda (PIB per capita). Seus valores variam de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total).

• Países com IDH até 0,499 são considerados de desenvolvimento humano baixo; com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de desenvolvimento humano médio; e com índices maiores que 0,800 são considerados de desenvolvimento humano alto.

• O Índice de Desenvolvimento Humano também é utilizado para aferir o nível de desenvolvimento humano em municípios, denominando-se IDH-Municipal ou IDH-M e, embora meça os mesmos fenômenos -educação, longevidade e renda, os indicadores levados em conta no são mais adequados para avaliar as condições de núcleos sociais menores.

• O IDH do Brasil é de 0,792, ou seja, médio. O país está atrás de países como Macedônia, Rússia, Líbia, Uruguai, Chile e Argentina

Coeficiente de Gini

• Coeficiente de Gini, parâmetrointernacionalmente usado para medir a concentração de renda. O Coeficiente de Gini varia de 0 a 1,00.

• Zero significaria, hipoteticamente, que todos os indivíduos teriam a mesma renda e 1,00, mostraria que apenas um indivíduo teria toda a renda de uma sociedade.

• O Brasil é o oitavo pior na avaliação do Índice de Gini, o índice brasileiro é 59,3 – melhorapenas que Guatemala (59,9), Suazilândia(60,9), República Centro-Africana (61,3), Serra Leoa (62,9), Botsuana (63,0), Lesoto(63,2) e Namíbia (70,7).

Desigualdades: Índice de Gini2002

http://www.sciences-po.fr/cartographie/cartes/monde/developpement_economique/34_indice_gini_2002.jpg

Consequências

• O documento destaca ainda que a desigualdade social pode travar a expansãoeconômica e tornar mais difícil que os pobres sejam beneficiados pelo crescimento. “Altos níveis de desigualdade de renda são ruinspara o crescimento e enfraquecem a taxa emque o crescimento se converte em reduçãode pobreza: eles reduzem o tamanho do bolo econômico e o tamanho da fatia abocanhadapelos pobres”, diz o relatório.

Dificuldades de sobreviver• Longevidade é um critério fundamental para

medir a qualidade de vida. E nesse quesito o Brasil está pior do que países mais pobres como Filipinas e Venezuela. Os brasileirosnascidos entre 1995 e 2000 tem umaexpectativa de vida de 67,7 anos. Um ganhode 7,7 anos, se comparado a geraçãoanterior (nascida há 25 anos). O que ainda émuito pouco, segundo os critérios da ONU. Entre os países enriquecidos, a expectativa gira em torno de 77 anos.

• O Brasil esbarra em problemas como a mortalidade infantil e a falta de saneamentobásico para incrementar a esperança de vida da população. De cada mil brasileirosnascidos vivos, 32 morrem antes de completar um ano. Entre os menores de 5 anos, a taxa de mortalidade é de 38 por cada mil crianças. O ideal é que esses números não ultrapassem 10, segundo a OrganizaçãoMundial de Saúde.

Mortalidade Infantil - 1999 (por mil nascidos vivos)

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Chile

Uruguai

Paraguai

Argentina

Colômbia

Brasil

Fonte: SEM AUTOR. Unidade 07 – Indicadores sócio-econômicos. Material do Professor –Geografia 2ªsérie. Maringá: Liceu. Pág. 55 – 63.

• As principais causas dos óbitos de criançassão diarréia, infecções respiratória e problemas perinatais (adquiridos durante a gestação ou parto). Todos são problemas perfeitamente evitáveis.

• Segundo números do Pnud, 77% da população brasileira tem instalaçõessanitárias. Mas estes dados não batem comos do IBGE .

• Para o IBGE, apenas 52,2% dos municípiosbrasileiros possuem redes de esgoto comtratamento. Água encanada é privilégio de 36% das cidades e vilarejos. Em diversas cidades do Brasil, o esgoto circula a céuaberto, a água, para seus mais diversos usos, vem de caminhão pipa – dia sim, dianão.

Educação

• Ainda longe do ideal, educação ajuda maisque saúde a melhorar a imagem da qualidade de vida do Brasil. A taxa de matrícula de pessoas de 7 e 23 anos emescolas ou universidades é a 43º melhor do mundo. Atinge pelo menos 80% dessapopulação. Quase a mesma do Japão, umdos dez melhores países para se viversegundo o IDH.

• A vitória só não é completa porque a qualidade da educação deixa a desejar. Falta capacitar professores, equipar as escolas e mudar a maneira de ensinar. O fato de ter umdiploma de ensino médio ou fundamental nãoé garantia de conhecimento no país. Estima-se que existam 35 milhões de analfabetos funcionais no Brasil. São incapazes de entender textos simples ou questionários. Lêem, escrevem, mas não relacionam idéias.

• O que puxa o Brasi para baixo, no quesito educação, são as altas taxas de analfabetismo. Segundo o Pnud 14,8% dos brasileiros com mais de 15 anos não sabemler nem escrever. A pesar de ter diminuídoesse índice em 10%, nos últimos 15 anos, o país teve um progresso mais lento emrelação aos demais. Não fosse por isso, teriaobtido melhor colocação no IDH.

Analfabetismo Funcional

• Não basta saber ler e escrever ou apenas assinar o nome para considerarmos que umapessoa está alfabetizada. Existe o analfabetismo funcional, que é a incapacidade de uma pessoa de ler um texto, mesmo que informativo e simples, e conseguir interpretá-lo satisfatoriamente e localizar a sua idéia central.

• Tal situação é um obstáculo para o desenvolvimento econômico e social do país. Ainda mais quando se reconhece que nãobasta, nos dias de hoje, saber apertarparafusos ou aplicar pontas de soldas emchapas metálicas, pois isso já é feito por robôs e outros instrumentos ou máquinas.

• O trabalhador de hoje não pode ser analfabeto funcional. Precisa saber ler e interpretar, conhecer informática, computação e linguagem, saber expressar-se com clareza, conhecer matemática, enfim, teroutra capacitação profissional. Afinal, o mundo vive hoje a era do conhecimento.

A partir da aula exposta, observe as obras do artista Cândido Portinarie elabore uma dissertação, comparando a situação retratada, com a situação sócio-econômica em que vive parte da população atualmenteno país.

Criança Morta - 1944

Retirantes - 1944

Fonte: http://masp.uol.com.br/exposicoes/2006/portinari/

Bibliografia

• SEM AUTOR. Unidade 07 – Indicadores sócio-econômicos. Material do Professor –Geografia 2ªsérie. Maringá: Liceu. Pág. 55 – 63.

• www.ipea.gov.br