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GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE RONDÔNIA PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE 2010

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  • GEODIVERSIDADE DO

    ESTADO DE RONDNIAPROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL

    LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE

    2010

    capa_letter_rondonia.indd 1capa_letter_rondonia.indd 1 27/4/2011 11:49:1427/4/2011 11:49:14

  • GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE RONDNIA

    PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASILLEvAntAMEntO DA GEODIvERSIDADE

  • CASA CIvIL DA PRESIDnCIA DA REPBLICAMinistra-Chefe Dilma Rousseff

    MInIStRIO DE MInAS E EnERGIA

    SECREtARIA DE GEOLOGIA, MInERAO E tRAnSFORMAO MInERAL

    MInIStRO DE EStADOEdison Lobo

    SECREtRIO ExECutIvOMrcio Pereira Zimmermann

    SECREtRIO DE GEOLOGIA, MInERAO E tRAnSFORMAO MInERALCludio Scliar

    CPRM SERvIO GEOLGICO DO BRASIL

    COnSELHO DE ADMInIStRAO

    Presidente Giles Carriconde Azevedo

    vice-PresidenteAgamenon Sergio Lucas Dantas

    ConselheirosBenjamim Bley de Brito NevesCludio ScliarLuiz Gonzaga BaioJarbas Raimundo de Aldano Matos

    DIREtORIA ExECutIvA

    Diretor-PresidenteAgamenon Sergio Lucas Dantas

    Diretor de Hidrologia e Gesto territorialJos Ribeiro Mendes

    Diretor de Geologia e Recursos MineraisManoel Barretto da Rocha Neto

    Diretor de Relaes Institucionais e DesenvolvimentoFernando Pereira de Carvalho

    Diretor de Administrao e FinanasEduardo Santa Helena da Silva

    SuPERIntEnDnCIA REGIOnAL DE MAnAuS

    SuperintendenteMarco Antnio Oliveira

    RESIDnCIA DE PORtO vELHOHelena da Costa Bezerra

    Coordenao ExecutivaLuiz Gilberto DallIgna

    Assistente de Produo de Hidrologia e Gesto territorialFrancisco de Assis dos Reis Barbosa

  • MInIStRIO DE MInAS E EnERGIASECREtARIA DE GEOLOGIA, MInERAO E tRAnSFORMAO MInERAL

    CPRM - SERvIO GEOLGICO DO BRASIL

    GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE RONDNIA

    PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASILLEvAntAMEntO DA GEODIvERSIDADE

    ORGANIZAO

    Amilcar Adamy

    Porto Velho, Rondnia

    2010

  • CRDITOS TCNICOS

    LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE RONDNIA

    COORDENAO NACIONAL

    Departamento de Gesto TerritorialCassio Roberto da Silva

    Coordenao de Geoprocessamento e da Base de Dados de GeodiversidadeMaria Anglica Barreto RamosMaria Adelaide Mansini Maia

    Coordenao RegionalValter Jos Marques

    Execuo TcnicaAmilcar Adamy

    Organizao do Livro Geodiversidade do Estado de RondniaAmilcar AdamyLuiz Gilberto DallIgna

    Sistema de Informao Geogrfica e Leiaute do MapaAmilcar Adamy Sheila Gatinho Teixeira Maria Adelaide Mansini Maia Aldenir Justino de Oliveira

    Apoio Banco de Dados, SIG e Desenvolvimento da Base Geodiversidade Diviso de Geoprocessamento (DIGEOP)Joo Henrique GonalvesAntnio Rabello SampaioLeonardo Brando ArajoElias Bernard da Silva do Esprito SantoPatricia Duringer JacquesGabriela Figueiredo de Castro Simo

    Geoprocessamento e Cartografia DigitalSistema de Informaes Geogrficas - SIGMarcos Luiz do Esprito Santo QuadrosAntonio do Nascimento Silva JuniorMrio Srgio dos Santos

    Colaborao Antonio Sanzio vila CavalcanteAntonio TheodoroviczEdgar ShinzatoElvis Martins de OliveiraJoo Marcelo R. de CastroJorge PimentelMarcelo Eduardo DantasMarcos Luiz do Esprito Santo QuadrosMnica Mazzini PerrottaPedro Augusto dos Santos PfaltzgraffRegina Clia Gimenez ArmestoTelma Cristina Nascimento NeryValter Jos Marques

    Reviso TcnicaLuiz Gilberto DallIgna

    Reviso LingusticaAndr Luis de Oliveira Mendona

    Projeto Grfico/Editorao/MultimdiaDepartamento de Relaes Institucionais (DERID)Diviso de Marketing e Divulgao (DIMARK)(padro capa/embalagem)Ernesto von SperlingJos Marcio Henriques SoaresTrao Leal Comunicao

    Departamento de Apoio Tcnico (DEPAT)Diviso de Editorao (DIEDIG) (projeto de editorao/diagramao)Valter de Alvarenga BarradasAndria Amado ContinentinoAgmar Alves Lopes

    (superviso de editorao)Andria Amado Continentino

    Superintendncia Regional de Manaus (SUREG-MA)Gerncia de Relaes Institucionais e Desenvolvimento (GERIDE)(projeto de multimdia)Maria Tereza da Costa DiasAldenir Justino de Oliveira

    Superintendncia Regional de So Paulo (SUREG-SP)Gerncia de Relaes Institucionais e Desenvolvimento (GERIDE)(editorao)Marina das Graas PerinJos da Costa Pinto

    Agradecimentos Prefeitura Municipal de Alto Alegre dos ParecisPrefeitura Municipal do Vale do AnariPrefeitura Municipal de VilhenaPrefeitura Municipal de Espigo dOestePrefeitura Municipal de Nova UnioDepartamento Nacional de Produo Mineral (19 DS)Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA)Agncia Nacional do Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis (ANP)Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento (SEDAM)Superintendncia Estadual de Turismo de Rondnia (SETUR/RO)Associao Profissional dos Gelogos do Estado de Rondnia (APROGERO)Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA-RO)Associao de Defesa Etnoambiental KanindCentro de Estudos da Cultura e do Meio Ambiente da Amaznia RIOTERRACarlos Rangel da Silva (IBAMA)Joaquim Cunha da Silva (ECOPOR)Josuel A. Ravani (SEDAM-RO)Lioberto Caetano (Corpo de Bombeiros/RO)Ivaneide Bandeira Cardozo (Associao de Defesa Etnoambiental Kanind)Rogrio Vargas Motta (SIPAM)Valentim Manduca Pcios (Autnomo)Grupo de Estudos em Geoprocessamento ILES/ULBRA Porto VelhoInstituto de Terras de Rondnia (ITERON)

    Este produto pode ser encontrado em www.cprm.gov.br e [email protected]

    Adamy, Amilcar. Geodiversidade do estado de Rondnia / Organizao Amilcar Adamy. Porto Velho : CPRM, 2010 337 p.: 30 cm + 1 DVD-ROM

    Programa Geologia do Brasil. Levantamento da Geodiversidade. 1. Geodiversidade Brasil Rondnia. 2. Meio ambiente

    Brasil Rondnia. 3. Planejamento territorial Brasil Rondnia. 4. Geologia ambiental Brasil Rondnia. I. Ttulo.

    CDD 551.098175

    FOTOS DA CAPA:1. Aspecto arqueolgico: Coleo de artefatos indgenas; municpio de Porto Velho

    (Fonte: Valentim Manduca Pcios).2. Atrativo geoturstico: Forte Prncipe da Beira, construdo com lateritos; municpio de

    Costa Marques. 3. Atrativo geoturstico: Cachoeira do Teotnio, rio Madeira; municpio de Porto Velho

    (Fonte: Centro de Estudos da Cultura e do Meio Ambiente da Amaznia RIOTERRA).4. Aspecto geomorfolgico: Canal meandrante do rio Guapor; municpio de Costa

    Marques (Fonte: Departamento de Turismo - DETUR).

  • Uma das realizaes mais marcantes da atual gesto do Servio Geolgico do Brasil, em estreita sintonia com a Secretaria de Geologia, Minerao e Transformao Mineral do Ministrio de Minas e Energia (SGM/MME), tem sido a consolidao do conceito de geodiversidade e, consequentemente, do desenvolvimento de mtodos e tecnologia para gerao de um produto de altssimo valor agregado, que rompe o estigma de uso exclusivo das informaes geolgicas por empresas de minerao.

    A primeira etapa no caminho dessa consolidao foi a elaborao do Mapa Geodiversidade do Brasil (escala 1:2.500.000), que sintetiza os grandes geossistemas formadores do territrio nacional. Alm de oferecer sociedade uma ferramenta cientfica indita de macroplanejamento do ordenamento territorial, o projeto subsidiou tanto a formao de uma cultura interna com relao aos levantamentos da geodiversidade quanto os aperfeioamentos metodolgicos.

    A receptividade ao Mapa Geodiversidade do Brasil, inclusive no exterior, mostrando o acerto da iniciativa, incentivou-nos a dar prosseguimento empreitada, desta feita

    passando aos mapas de geodiversidade estaduais, considerando que nos ltimos cinco anos o Servio Geolgico atualizou a geologia e gerou sistemas de informaes geogrficas de vrios estados brasileiros.

    nesse esforo que se insere o LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE RONDNIA aqui apresentado. Trata-se de um produto concebido para oferecer aos diversos segmentos da sociedade rondoniana uma traduo do conhecimento geolgico-cientfico estadual, com vistas a sua aplicao ao uso adequado do territrio. Destina-se a um pblico-alvo variado, desde empresas mineradoras tradicionais, passando pela comunidade acadmica, gestores pblicos da rea de ordenamento territorial e gesto ambiental, organizaes no-governamentais at a sociedade civil.

    Dotado de uma linguagem de compreenso universal, tendo em vista seu carter multiuso, o produto compartimenta o territrio rondoniano em unidades geolgico-ambientais, destacando suas limitaes e potencialidades, considerando-se a constituio litolgica da supraestrutura e da infraestrutura geolgica. So abordadas, tambm: caractersticas geotcnicas; coberturas de solos; migrao, acumulao e disponibilidade de recursos hdricos; vulnerabilidades e capacidades de suporte implantao de diversas atividades antrpicas dependentes dos fatores geolgicos; disponibilidade de recursos minerais essenciais ao desenvolvimento social e econmico do estado. Nesse particular, em funo de fatores estratgicos, so propostas reas de Relevante Interesse Mineral (ARIMs), constituindo-se em valioso subsdio s tomadas de deciso conscientes sobre o uso do territrio.

    O Mapa Geodiversidade do Estado de Rondnia foi gerado a partir dos SIGs Geologia e Recursos Minerais do Estado de Rondnia (2007) e do Mapa Geodiversidade do Brasil (2006), escala 1:2.500.000, bem como de informaes agregadas obtidas por meio de trabalho de campo, consulta bibliogrfica e dados de instituies pblicas e de pesquisa.

    As informaes tcnicas produzidas pelo levantamento da Geodiversidade do Estado de Rondnia na forma de mapa, SIG e texto explicativo encontram-se disponveis no portal da CPRM/SGB () para pesquisa e download, por meio do GeoBank, o sistema de bancos de dados geolgicos corporativo da Empresa, e em formato impresso e digital (DVD-ROM), para distribuio ao pblico em geral.

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  • Com este lanamento, o Servio Geolgico do Brasil d mais um passo fundamental, no sentido de firmar os mapas de geodiversidade como produtos obrigatrios de agregao de valor aos mapas geolgicos, na certeza de conferir s informaes geolgicas uma inusitada dimenso social, que, em muito, transcende sua reconhecida dimenso econmica. E, como tal, permite maior insero dos temas geolgicos nas polticas pblicas governamentais, a bem da melhoria da qualidade de vida da populao brasileira.

    Agamenon Sergio Lucas Dantas Diretor-Presidente

    CPRM/Servio Geolgico do Brasil

  • 1. INTRODUO ................................................................................... 09Pedro A. dos Santos Pfaltzgraff, Amilcar Adamy

    2. CONTEXTO GEOLGICO .................................................................... 15Marcos Luiz do Esprito Santo Quadros

    3. COMPARTIMENTAO DO RELEVO ................................................... 37Marcelo Eduardo Dantas, Amilcar Adamy

    4. SOLOS ............................................................................................... 55Edgar Shinzado, Wenceslau Geraldes Teixeira, ngelo Mansur Mendes

    5. RECURSOS HDRICOS SUPERFICIAIS .................................................. 79Jlio Cesar Sebastiani Kunzler, Francisco de Assis Reis Barbosa

    6. ASPECTOS HIDROGEOLGICOS ........................................................ 93Cludio Cesar de Aguiar Cajazeiras, Luiz Antonio da Costa Pereira, Antonio Snzio vila Cavalcante

    7. REAS DE RELEVANTE INTERESSE MINERAL E RESTRIES S ATIVIDADES DE MINERAO .............................................................. 105Luiz Gilberto DallIgna

    8. RECURSOS MINERAIS ...................................................................... 121Luiz Gilberto DallIgna, Amilcar Adamy

    9. RISCOS GEOLGICOS ...................................................................... 133Amilcar Adamy

    10. ATRATIVOS GEOTURSTICOS ......................................................... 153Amilcar Adamy

    11. METODOLOGIA E ESTRUTURAO DA BASE DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICA .................................... 181Maria Anglica B. Ramos, Marcelo E. Dantas, Antnio Theodorovicz, Valter J. Marques, Vitrio O. Filho, Maria Adelaide M. Maia, Pedro A. S. Pfaltzgraff

    12. GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E LIMITAES FRENTE AO USO E OCUPAO ................................ 197Amilcar Adamy

    APNDICES

    I . UNIDADES GEOLGICO-AMBIENTAIS DO TERRITRIO BRASILEIRO

    II . BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITRIO BRASILEIRO

    NOTA SOBRE OS AUTORES

    SUMRIO

  • 1INTRODUO Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff ([email protected])Amilcar Adamy ([email protected])

    CPRM Servio Geolgico do Brasil

    SUMRIO

    Geodiversidade ................................................................................................... 11

    Aplicaes ............................................................................................................ 12

    Referncias .......................................................................................................... 14

  • INTRODUO

    11

    GEODIVERSIDADE

    O planeta Terra se comporta como um sistema vivo, por meio de um conjunto de grandes engrenagens que se movimenta, que se modifica, acolhe e sustenta uma imensidade de seres vivos em sua superfcie. A sua vida se expressa pelo movimento do planeta no entorno do Sol e de seu eixo de rotao, assim como por seu movi-mento interno por meio das correntes de conveco que se desenvolvem abaixo da crosta terrestre. Em decor-rncia, tem-se, em superfcie, a deriva dos continentes, vulces e terremotos, alm do movimento dos ventos e diversos agentes climticos que atuam na modelagem das paisagens.

    Embora seja o sustentculo para o desenvolvimento da vida na superfcie terrestre, o substrato tem recebido menos ateno e estudo que os seres que se assentam sobre ele. Partindo dessa afirmao, so mais antigos e conhecidos o termo e o conceito de biodiversidade que os referentes geodiversidade.

    O termo geodiversidade foi empregado pela primeira vez em 1993, na Conferncia de Malvern (Reino Unido) sobre Conservao Geolgica e Paisagstica. Inicialmente, o vocbulo foi aplicado para gesto de reas de proteo ambiental, como contraponto a bio-diversidade, j que havia necessidade de um termo que englobasse os elementos no-biticos do meio natural (SERRANO e RUIZ FLAO, 2007). Todavia, essa expresso havia sido empregada, na dcada de 1940, pelo gegrafo argentino Federico Alberto Daus, para diferenciar reas da superfcie terrestre, com uma conotao de Geogra-fia Cultural (ROJAS citado por SERRANO e RUIZ FLAO, 2007, p. 81).

    Em 1997, Eberhard (citado por SILVA et al, 2008a, p. 12) definiu geodiversidade como a diversidade natural entre aspectos geolgicos, do relevo e dos solos.

    O primeiro livro dedicado exclusivamente temtica da geodiversidade foi lanado em 2004. Trata-se da obra de Murray Gray (professor do Departamento de Geografia da Universidade de Londres) intitulada Geodiversity: Valuying and Conserving Abiotic Nature. Sua definio de geodi-versidade bastante similar de Eberhard.

    Owen et al. (2005), em seu livro Gloucestershire Cotswolds: Geodiversity Audit & Local Geodiversity Action Plan, consideram que:

    Geodiversidade a variao natural (diversidade) da geologia (rochas minerais, fsseis, estruturas), geomor-fologia (formas e processos) e solos. Essa variedade de ambientes geolgicos, fenmenos e processos faz com que essas rochas, minerais, fsseis e solos sejam o substrato para a vida na Terra. Isso inclui suas relaes, propriedades, interpretaes e sistemas que se inter-relacionam com a paisagem, as pessoas e culturas.

    Galopim de Carvalho (2007), em seu artigo Na-tureza: Biodiversidade e Geodiversidade, assume esta definio:

    Biodiversidade uma forma de dizer, numa s palavra, diversidade biolgica, ou seja, o conjunto dos seres vivos. , para muitos, a parte mais visvel da natureza, mas no , seguramente, a mais importante. Outra parte, com idntica importncia, a geodiversidade, sendo esta entendida como o conjunto das rochas, dos minerais e das suas expresses no subsolo e nas paisagens. No meu tempo de escola ainda se aprendia que a natureza abarcava trs reinos: o reino animal, o reino vegetal e o reino mineral. A biodiversidade abrange os dois primeiros e a geodiversidade, o terceiro.

    Geodiversidade, para Brilha et al. (2008), a variedade de ambientes geolgicos, fenmenos e processos activos que do origem a paisagens, rochas, minerais, fsseis, solos e outros depsitos superficiais que so o suporte para a vida na Terra.

    No Brasil, os conceitos de geodiversidade se desen-volveram praticamente de forma simultnea ao pensamen-to internacional, entretanto, com foco direcionado para o planejamento territorial, embora os estudos voltados para geoconservao no sejam desconsiderados (SILVA et al., 2008a).

    Na opinio de Veiga (2002), a geodiversidade expressa as particularidades do meio fsico, abrangendo rochas, relevo, clima, solos e guas, subterrneas e superficiais.

    A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/Servio Geolgico do Brasil (CPRM/SGB) define geodiversidade como:

    O estudo da natureza abitica (meio fsico) constituda por uma variedade de ambientes, composio, fenmenos e processos geolgicos que do origem s paisagens, rochas, minerais, guas, fsseis, solos, clima e outros depsitos superficiais que propiciam o desenvolvimento da vida na Terra, tendo como valores intrnsecos a cultura, o esttico, o econmico, o cientfico, o educativo e o turstico (CPRM, 2006).

    J autores como Xavier da Silva e Carvalho Filho (citados por SILVA et al., 2008a, p. 12) apresentam definies diferentes da maioria dos autores nacionais e internacionais, definindo geodiversidade a partir da variabilidade das caractersticas ambientais de uma determinada rea geogrfica.

    Embora os conceitos de geodiversidade sejam menos conhecidos do grande pblico que os de biodiversidade, esta dependente daquela, conforme afirmam Silva et al. (2008a, p. 12):

    A biodiversidade est assentada sobre a geodiversidade e, por conseguinte, dependente direta desta, pois as rochas, quando intemperizadas, juntamente com o relevo e o clima, contribuem para a formao dos solos, disponi-bilizando, assim, nutrientes e micronutrientes, os quais so absorvidos pelas plantas, sustentando e desenvolvendo a vida no planeta Terra. Em sntese, pode-se considerar que o conceito de geodiversidade abrange a poro abitica do geossistema (o qual constitudo pelo trip que envolve a anlise integrada de fatores abiticos, biticos e antrpicos) (Figura 1.1).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE RnDOnIA

    12

    APLICAES

    O conhecimento da geodiversidade nos leva a identi-ficar, de maneira melhor, as aptides e restries de uso do meio fsico de uma rea, bem como os impactos advindos de seu uso inadequado. Alm disso, ampliam-se as possibi-lidades de melhor conhecer os recursos minerais, os riscos geolgicos e as paisagens naturais inerentes a uma deter-minada regio composta por tipos especficos de rochas, relevo, solos e clima. Dessa forma, obtm-se um diagnstico do meio fsico e de sua capacidade de suporte para subsidiar atividades produtivas sustentveis (Figura 1.2).

    Exemplos prticos da importncia do conheci-mento da geodiversidade de uma regio para subsidiar o aproveitamento e a gesto do meio fsico so ilustrados a seguir.

    Exemplos prticos da importncia do conhecimento da geodiversidade de uma regio para subsidiar o aprovei-tamento e a gesto do meio fsico so ilustrados a seguir.

    Como promover o aproveitamento econmico de uma regio constituda por coberturas cenozoicas, de relevo aplainado, clima tropical mido e com abundantes recursos hdricos?

    O conhecimento da geodiversidade da regio impli-caria o conhecimento de suas rochas, portanto, nesse caso especfico, o substrato rochoso formado por uma cobertura sedimentar inconsolidada mostraria aptides para aprovei-tamento do solo latertico concrecionrio desenvolvido sobre esses sedimentos para implantao e manuteno de uma rede rural viria no pavimentada ou mesmo para obras urbanas. Da mesma forma, o relevo aplainado e o solo mais espesso, de satisfatria permeabilidade hdrica, permitiriam a introduo de culturas agrcolas mecanizadas (como a soja), o que favoreceria o crescimento econmico da regio. Entretanto, lavouras extensivistas em terrenos aplainados requerem medidas preventivas quanto pos-sibilidade de contaminao do solo e dos recursos hdricos subterrneos pela dificuldade de circulao dos contami-nantes associados aplicao de agrotxicos (Figura 1.3).

    Em outro exemplo, tem-se uma rea plana (plancie de inundao de um rio), cujo terreno constitudo por areias e argilas, com possvel presena de turfas e argilas moles. Nessa situao, a expressiva variao sazonal do nvel das drenagens com inundaes peridicas, alm de sedimentos suscetveis ao desbarrancamento, torna determinadas reas inadequadas ocupao urbana ou industrial. Entretanto, os solos mais frteis, devido matria orgnica depositada anualmente, favorecem a agricultura de ciclo curto.

    Nesse caso, temos os exemplos clssicos das vrzeas e plancies de inundao, onde se instalaram vilas ribeirinhas como So Carlos, Nazar e Calama (Figura 1.4), alm de

    Figura 1.1 Relao de interdependncia entre os meios fsico, bitico e a sociedade.

    Disponibilidade e Adequada Utilizao dos Recursos Hdricos

    GEODIVERSIDADE

    Sade

    Meio Ambiente

    Educao

    Instrumento de Planejamento, Gesto e Ordenamento Territorial

    Obras de Engenharia Evoluo da Terra e da Vida

    Polticas Pblicas

    Mudanas ClimticasAgricultura

    Preveno de Desastres NaturaisGeoconservao e Geoturismo

    Levantamento Geolgico e Pesquisa Mineral

    Figura 1.2 Principais aplicaes da geodiversidade.Fonte: Silva et al. (2008b, p. 182).

    Figura 1.3 Plantao de soja introduzida no municpio de Cerejeiras (RO).

    Meio Bitico SociedadesHumanas

    Meio Fsico(Geodiversidade)

    Relao entre sistemas

  • INTRODUO

    13

    bairros em aglomerados urbanos de maior porte, como Porto Velho, Guajar-Mirim e Ji-Paran (Figuras 1.5 e 1.6), ou que estejam submetidos a uma forte e vigorosa eroso fluvial (Figura 1.7), os quais podem, periodicamente, ser inundados durante a poca de cheia dos rios em cujas margens se situam.

    Um grande problema que se instala por reas ridas e semiridas do planeta a desertificao, para o qual contribui fortemente o uso inadequado do solo. O conhecimento das caractersticas dos materiais geolgicos formadores do substrato de uma regio pode auxiliar na indicao das aptides e restries de uso desses materiais e apontar alguma forma de preveno, ou, pelo menos, de mitigao da instalao dos processos que levam desertificao.

    Em Rondnia, os processos de arenizao so de-rivados da extrema suscetibilidade ao erosiva a que so submetidas determinadas unidades geolgicas, que carreiam volumes significativos de sedimentos predomi-nantemente arenosos, gerando ravinas e voorocas, que atingem ncleos urbanos, vias de acesso, plantaes etc. (Figura 1.8).

    Importantes projetos nacionais na rea de infraestrutu-ra j se utilizam do conhecimento sobre a geodiversidade da rea proposta para sua implantao. Como exemplo, citamos o levantamento ao longo do trajeto planejado

    Figura 1.4 Vila So Carlos, baixo rio Madeira.

    Figura 1.5 Zona central de Porto Velho, submetida a inundao pela variao sazonal do rio Madeira.

    Figura 1.6 Elevao peridica do rio Ji-Paran, afetando as reas ribeirinhas da cidade homnima.

    Figura 1.7 Orla fluvial da cidade de Pimenteiras, situada em margem cncava do rio Guapor, submetida a forte eroso fluvial.

    Figura 1.8 Fenmeno de arenizao em sedimentos arenosos suscetveis a processos erosivos (regio sudeste de Rondnia).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE RnDOnIA

    14

    para as ferrovias Transnordestina, Este-Oeste e Norte-Sul, em que o conhecimento das caractersticas da geodiversi-dade da regio se faz importante para escolha no s dos mtodos construtivos do empreendimento como tambm para o aproveitamento econmico das regies no entorno desses projetos.

    Convm ressaltar que o conhecimento da geodiver-sidade implica o conhecimento do meio fsico no tocante s suas limitaes e potencialidades, possibilitando a planejadores e administradores melhor viso do tipo de aproveitamento e do uso mais adequado para determinada rea ou regio.

    REFERNCIAS

    BRILHA, J.; PEREIRA, D.; PEREIRA, P. Geodiversidade: valores e usos. Braga: Universidade do Minho, 2008.

    CPRM. Mapa geodiversidade do Brasil. Escala 1:2.500.000. Legenda expandida. Braslia: CPRM, 2006. 68 p. CD-ROM.

    GALOPIM DE CARVALHO, A. M. Natureza: biodiversidade e geodiversidade. [S.l.: s.n.], 2007. Disponvel em: . Acesso em: 25 jan. 2010.

    GRAY, M. Geodiversity: valuying and conserving abiotic nature. New York: John Wiley & Sons, 2004. 434 p.

    OWEN, D.; PRICE, W.; REID, C. Gloucestershire cotswolds: geodiversity audit & local geodiversity action plan. Gloucester: Gloucestershire Geoconservation Trust, 2005.

    SERRANO CAADAS, E.; RUIZ FLAO, P. Geodiversidad: concepto, evaluacin y aplicacin territorial: el caso de Tiermes-Caracena (Soria). Boletn de la Asociacin de Gegrafos Espaoles, La Rioja, n. 45, p. 79-98, 2007.

    SILVA, C. R. da; RAMOS, M. A. B.; PEDREIRA, A. J.; DANTAS, M. E. Comeo de tudo. In: SILVA, C. R. da (Ed.). Geodiversidade do Brasil: conhecer o passado, para entender o presente e prever o futuro. Rio de Janeiro: CPRM, 2008a. 264 p. il. p. 11-20.

    SILVA, C. R. da; MARQUES, V. J.; DANTAS, M. E.; SHINZATO, E. Aplicaes mltiplas do conhecimento da geodiversidade. In: SILVA, C. R. da (Ed.). Geodiversidade do Brasil: conhecer o passado, para entender o presente e prever o futuro. Rio de Janeiro: CPRM, 2008b. 264 p. il. p. 181-202.

    XAVIER DA SILVA, J.; CARVALHO FILHO, L. M. ndice de geodiversidade da restinga da Marambaia (RJ): um exemplo do geoprocessamento aplicado geografia fsica. Revista de Geografia, Recife: DCG/UFPE, v. 1, p. 57-64, 2001.

    VEIGA, T. A geodiversidade do cerrado. [S.l.: s.n.], 2002. Disponvel em: . Acesso em: 25 jan. 2010.

  • 2CONTEXTO GEOLGICOMarcos Luiz do Esprito Santo Quadros ([email protected])

    CPRM Servio Geolgico do Brasil

    SUMRIO

    Introduo ........................................................................................................... 17

    Provncia Rondnia-Juruena (1,82-1,66 Ga) ........................................................ 20

    Domnio Roosevelt-Juruena ............................................................................... 20

    Domnio Jamari ................................................................................................. 20

    Embasamento ortoderivado e paraderivado .................................................. 20

    Sequncias metavulcanossedimentares e metassedimentares ........................ 21

    Magmatismo grantico ps-orognico a anorognico .................................... 21

    Provncia Sunss (1,45-0,90 Ga) ........................................................................... 22

    Faixa Alto Guapor (Cinturo de Cisalhamento Guapor) ................................. 22

    Unidades de paraderivao e ortoderivao .................................................. 23

    Sequncias metavulcanossedimentares .......................................................... 23

    Magmatismo mfico-ultramfico ................................................................... 24

    Magmatismo grantico sin-, tardi- a ps-orognico ....................................... 24

    Faixa Nova Brasilndia ....................................................................................... 25

    Sequncias metavulcanossedimentares .......................................................... 25

    Magmatismo grantico tardi-orognico ......................................................... 26

    Magmatismo grantico ps-orognico a anorognico .................................... 26

    Coberturas sedimentares proterozoicas ............................................................... 26

    Bacia do Dardanelos (Mesoproterozoico) .......................................................... 26

    Bacia de Rondnia (Meso/Neoproterozoico) ..................................................... 27

    Coberturas sedimentares fanerozoicas ................................................................. 28

    Bacia dos Parecis (Paleozoico/Mesozoico) .......................................................... 28

    Coberturas Cenozoicas ...................................................................................... 30

    Referncias ........................................................................................................... 31

  • contexto geolgico

    17

    Quadro 2.1 Entidades geotectnicas e eventos representativos da evoluo crustal do sudoeste do crton Amaznico em Rondnia.Fonte: Modificado de Quadros e Rizzotto (2007).

    INTRODUO

    O estado de Rondnia, que, do ponto de vista geolgico, abrange a poro sul-ocidental do Crton Amaznico, apresenta registros de uma evoluo geolgi-ca policclica, que resultou na formao de um substrato rochoso que teve a sua gerao a partir de 1,78 Ga. Esse substrato resultante de sucessivos episdios de magma-tismo, metamorfismo, sedimentao e deformao que culminaram na formao de diversos materiais rochosos e de depsitos minerais que foram retrabalhados, em parte, por eventos orogenticos mais jovens do sudoeste do Crton Amaznico.

    Os recentes avanos no entendimento da evoluo geolgica do estado de Rondnia fruto de novos dados geolgicos e geocronolgicos obtidos pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/Servio Geolgico do Brasil (CPRM/SGB) e por diversos pesquisadores que atuam na regio, que, adicionados aos dados anteriores obtidos nas dcadas de 1970 e 1980, possibilitaram a subdiviso da regio em provncias geocronolgicas e em domnios (ou terrenos), cujos limites so oriundos de interpretaes conflitantes apresentadas pelos modelos geotectnicos de provncias geocronolgicas propostos para a regio.

    Ressalta-se que muitas questes sobre a evoluo desse segmento cratnico ainda permanecem sem soluo. Entre-tanto, os novos dados demonstram que amplas reas ante-riormente interpretadas como embasamento derivado por acreso de sucessivos arcos magmticos, compostos por ortognaisses e migmatitos, na verdade trata-se de terrenos granticos e sequncias metavulcanossedimentares e metas-sedimentares geradas por eventos extensionais submetidos a uma complexa evoluo metamrfico-deformacional em condies de mdio a alto grau de metamorfismo. A complexidade geomtrica e cinemtica e o retrabalhamento crustal so fatores complicadores no estabelecimento das faixas mveis paleoproterozoicas e mesoproterozoicas do sudoeste do Crton Amaznico, estas, por sua vez, for-madas durante episdios orogenticos que ocorreram do Estateriano ao Toniano.

    Nesse contexto, possvel definir que em Rondnia coexistem as provncias Rondnia-Juruena e Sunss (Quadro 2.1). De acordo com as caractersticas geolgicas de cada provncia, possvel subdividi-las em domnios, terrenos, cintures e faixas; entretanto, ainda existem limitaes para propor compartimentaes tectnicas seguras, em funo do conhecimento geolgico incipi-ente em determinadas pores do sudoeste do Crton Amaznico (Figuras 2.1 e 2.2).

    Provncias Terrenos Orogenias

    Rondnia-Juruena (1,82-1,42 Ga)

    Setor Oriental/Domnio Roosevelt-Juruena

    (1,82-1,66 Ga)

    Arcos Magmticos e Bacias Associadas

    (1,82-1,74 Ga)

    Orogenia Ouro Preto?Ou

    Orogenia QuatroCachoeiras

    (1,69-1,63 Ga)

    Setor Ocidental/Domnio Jamari(1,76-1,33 Ga)

    Orogenia Rondoniano-San Igncio

    OuOrogenia Candeias

    (1,37-1,33 Ga)

    Sunss(1,45-0,90 Ga)

    Faixa Alto Guapor (1,37-1,31 Ga)

    Orogenia Rondoniano-San Igncio

    OuOrogenia Candeias

    (1,37-1,33 Ga)

    Faixa NovaBrasilndia

    (1,25-0,97 Ga)

    Orogenia Sunss-Nova Bra-silndia

    (1,25-0,97 Ga)

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE RONDNIA

    18

    Figura 2.1 Contexto geotectnico do estado de Rondnia.Fonte: Quadros e Rizzotto (2007).

    A: subdiviso do estado de Rondnia em provncias geotectnicas; B: subdiviso do estado de Rondnia em domnios, terrenos ou faixas.

  • contexto geolgico

    19

    Figura 2.2 Contexto geolgico e geotectnico do estado de Rondnia.Fonte: Modificado de Quadros e Rizzotto (2007).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE RONDNIA

    20

    PROVNCIA RONDNIA-JURUENA (1,82-1,66 GA)

    A Provncia Rondnia-Juruena estende-se desde o extremo-oeste de Rondnia at a bacia hidrogrfica do alto curso do rio Teles Pires, a leste, sendo que a sua parte abrangida pelo estado de Rondnia tem sido subdividida em dois domnios: Roosevelt-Juruena e Jamari.

    Domnio Roosevelt-Juruena

    O Domnio Roosevelt-Juruena, na parte ocupada pelo extremo-nordeste do estado de Rondnia e poro noroeste do estado de Mato Grosso, composto pela Sute Intrusiva So Romo, que rene vrios corpos de granitos metaluminosos a peraluminosos, calcialcalinos de alto potssio, tardi- a ps-colisionais, representados por monzogranitos finos, subordinadamente magnetita-microgranitos e granodioritos, com variveis intensidades de deformao e metamorfismo. Esses granitos apresentam idade de 1770 9 Ma, obtida pelo mtodo U-Pb (SHRIMP), interpretada como idade de cristalizao (LACERDA FILHO et al., 2004). Compe tambm esse domnio o Grupo Roosevelt (SANTOS et al., 2000), representado por rochas metavulcanossedimentares compreendendo dacitos-riolitos com intercalaes de basaltos e tufos, ignimbritos (Figura 2.3) e conglomerados vulcanoclsticos subordinados, sotopostos por metargilitos/metassiltitos interdigitados com metacherts, formaes ferrferas e metatufos. Os litotipos do Grupo Roosevelt apresentam idades U-Pb (SHRIMP) em zirco de uma amostra de metadacito, coletada prximo serra do Expedito (MT), de 1762 6 Ma (NEDER et al., 2000). Amostra de um metadacito aflorante prximo ao rio Roosevelt, a norte da vila Boa Vista do Pacarana, forneceu idade de 1740 8 Ma (SANTOS et al., 2000). Associam-se ao Grupo Roosevelt as mineralizaes de sulfetos macios de Pb e Zn que ocorrem na serra do Expedito (Aripuan, MT).

    Domnio Jamari

    O Domnio Jamari ocupa a poro centro-ocidental do estado de Rondnia, sendo constitudo, dominante-mente, por rochas ortoderivadas e, subordinadamente, paraderivadas em alto grau metamrfico, rochas meta-vulcanossedimentares e metassedimentares em mdio a baixo grau metamrfico, localmente na fcies xisto-verde, alm de diversos granitoides e metagranitoides foliados a gnaissificados.

    Embasamento ortoderivado e paraderivado

    No contexto do embasamento do Domnio Jamari, ocorre o Complexo Jamari (designado por Isotta et al., 1978), composto por ortognaisses tonalticos, enderbti-cos e quartzodiorticos (Figura 2.4), com intercalaes subordinadas de lentes de gnaisses calcissilicticos e an-fibolitos, exibindo intensidades variveis de migmatizao e milonitizao. As rochas do Complexo Jamari foram metamorfizadas em condies P e T condizentes com a fcies anfibolito superior a granulito. As idades desse complexo foram obtidas em ortognaisses tonalticos, quartzodiorticos e enderbticos, apresentando idades U-Pb de 1750 24 Ma, 1761 3 Ma (MSWD = 0.43) e 1730 22 Ma, respectivamente (PAYOLLA et al., 2002; SANTOS et al., 2002). A deformao e o metamorfismo superimpostos em todas as rochas desse complexo so marcados por sobrecrescimentos de cristais de zirco, os quais forneceram idades de recristalizao em torno de 1,33 Ga (SANTOS et al., 2003).

    Dados geoqumicos obtidos por Payolla et al. (2002) e Scandolara (2006) nos gnaisses tonalticos indicam que eles so metaluminosos a fracamente peraluminosos, calcialcalinos de mdio a alto potssio, semelhantes aos granitos de arco vulcnico.

    Figura 2.3 Afloramento de ignimbrito bandado do grupo Roosevelt (proximidades de serra Morena, MT).

    Figura 2.4 Afloramento de ortognaisses tonalticos do complexo Jamari (Presidente Mdici).

  • contexto geolgico

    21

    Nas pores central e norte/nordeste de Rondnia, afloram as rochas da Sute Metamrfica Quatro Cachoeiras, designao dada por Rizzotto et al. (2004a) para englobar uma alternncia de gnaisses paraderivados de extenso e espessura variveis, aflorantes na regio a norte de Jaru e Ouro Preto do Oeste, ao longo do igarap Quatro Cachoeiras, e entre os municpios de Vale do Anari e Machadinho dOeste. Essa unidade litoestratigrfica constituda por biotita-cordierita-granada-gnaisses, gnaisses calcissilicticos (Figura 2.5), silimanita-granada-gnaisses, biotita-quartzo-gnaisses e gnaisses quartzofeldspticos finos, todos com intensidade varivel de migmatizao. As paragneses dessa unidade so compatveis com metamorfismo de alto grau, na transio da fcies anfibolito superior para a fcies granulito.

    Sequncias metavulcanossedimentares e metassedimentares

    Na regio noroeste de Rondnia ocorre a Formao Mutum-Paran (designada por Lobato et al., 1966), constituda por uma unidade inferior de filitos, ard-sias, metargilitos, metarenitos arcoseanos, quartzitos, metacherts e metatufos cinza e uma unidade superior de quartzo-metarenitos e metassiltitos. As estruturas sedimentares compreendem estratificao cruzada de baixo a mdio ngulo, ondulaes cavalgantes, marcas de ondas simtricas, bidirecionalidade de estratos em planos distintos e laminao truncada por ondas. Os litotipos e suas estruturas primrias sugerem ambiente marinho raso, epicontinental, com restritos episdios de sedimentao continental e vulcanismo. Uma amostra de metatufo flsico da base da sequncia foi datada por Santos et al. (2001), pelo mtodo U-Pb (SHRIMP), que mostrou vrias populaes de zirco herdado e de idade arqueana a

    paleoproterozoica. A populao principal apresentou idade concordante de 1731 17 Ma, interpretada como a de cristalizao do tufo.

    Na regio da serra da Providncia ocorre a Formao Igarap Lourdes, denominao dada por Quadros e Riz-zotto (2007) para uma associao de rochas metavulca-nossedimentares de idade atribuda ao Paleoproterozoico, apenas com base em suas relaes estratigrficas com as unidades espacialmente associadas. Nessa regio, os li-totipos da Formao Igarap Lourdes esto representados, na base, por metarenito e metaconglomerado e, no topo, por metassiltito, metapelito manganesfero e metassiltitos avermelhados. Na regio de Presidente Mdici, ocorrem intercalaes de metarenito, metassiltito, clorita-xisto, quartzito, metatufo, metavulcnica cida e formao fer-rfera bandada (BIF) ou macia (Figura 2.6). Essas rochas esto, em geral, metamorfizadas na fcies xisto-verde. Os litotipos metassedimentares ocorrem em camadas de direo varivel entre N-S, NNE-SSW e NNW-SSE, com mergulhos de 25 para NW ou SW, at subverticais prximo de falhas.

    Magmatismo grantico ps-orognico a anorognico

    Nas regies centro-leste, nordeste, noroeste e central de Rondnia ocorre a Sute Intrusiva Serra da Providn-cia (TASSINARI, 1984), constituda por monzogranitos porfirticos (piterlitos e viborgitos), sienogranitos, char-nockitos, mangeritos e gabros, intrusivos no embasamento do Domnio Jamari (Figura 2.7). Trata-se de uma sute subalcalina, metaluminosa a fracamente peraluminosa, intraplaca do tipo A. Seus litotipos variam de isotrpicos a deformados, sendo que os tipos deformados mostram ampla variao estrutural e textural, desde fracamente

    Figura 2.5 Paragnaisse bandado da sute metamrfica Quatro Cachoeiras (regio de Jaru).

    Figura 2.6 Formao ferrfera bandada pertencente formao Igarap Lourdes (afloramento localizado a norte de

    Presidente Mdici).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE RONDNIA

    22

    foliados at protomilonitos e milonitos, at gnaisses. Os protomilonitos so mais frequentes na borda oeste do batlito Serra da Providncia e em largas zonas da asso-ciao charnockito-granito entre as cidades de Ouro Preto do Oeste e Ji-Paran. Destaca-se que o magmatismo Serra da Providncia foi um episdio que ocorreu por um pe-rodo superior a 50 Ma, abrangendo reas que atualmente fazem parte do noroeste do Mato Grosso, sul do Amazo-nas e Rondnia. A fase mais antiga do magmatismo Serra da Providncia est representada por biotita-sienogranito porfirtico de idade U-Pb de 1606 24 Ma, seguida por hornblenda-biotita-monzogranito de idade U-Pb de 1573 15 Ma (BETTENCOURT et al., 1999). Uma amostra de piterlito e outra de viborgito forneceram idades idnticas de 1566 5 Ma e 1566 3 Ma, respectivamente. Uma fcies de biotita-sienogranito prfiro forneceu idade de 1554 47 Ma. A fase final do magmatismo, representada pelo quartzo-sienito do Macio Unio, forneceu idade de 1532 5 Ma (BETTENCOURT et al., 1999). Sua parcial deformao ocorreu em 1,33 Ga, associada Orogenia Alto Candeias, cronocorrelata da Orogenia Rondoniano-San Igncio (SANTOS et al., 2002; SCANDOLARA, 2006; SCANDOLARA et al., 1999; SILVA et al., 2002).

    Na regio noroeste de Rondnia ocorre o Granito Serra da Muralha, designao dada por Adamy e Ro-manini (1990), compreendendo dois stocks situados no extremo-noroeste de Rondnia, um dos quais sustenta a serra homnima. Esta constituda por monzogranitos mdios a grossos, que apresentam pronunciada foliao milontica, por vezes exibindo bandamento gnissico e enclaves de anfibolito e biotitito.

    Na regio central de Rondnia, mais especificamente na regio de Ariquemes, afloram rochas relacionadas Sute Intrusiva Rio Crespo, proposta por Payolla et al.

    (2002) para reunir os gnaisses granticos e granulitos charnockticos que ocorrem a sul da cidade de Ariquemes. Posteriormente, Rizzotto et al. (2004a) ampliam a rea de ocorrncia da unidade como resultado do mapeamento na regio centro-oeste de Rondnia. Essa sute compe um corpo alongado segundo a direo E-W que se estende desde a confluncia dos rios Branco e Pardo, a oeste, at prximo da cidade de Ariquemes, onde inflete para NE. Predominam gnaisses quartzofeldspticos rosados a esverdeados, finos a mdios, compostos por bandas leucocrticas quartzofeldspticas alternadas a bandas compostas de hornblenda, magnetita, granada e titanita. Os granulitos charnockticos so menos frequentes e ocor-rem em lentes de contatos transicionais com os gnaisses quartzofeldspticos.

    PROVNCIA SUNSS (1,45-0,90 GA)

    A Provncia Sunss ocorre no extremo-sudoeste do Crton Amaznico e cronologicamente correlata ao Ciclo Orognico Greenville na Laurncia e Bltica. Encontra-se representada, no estado de Rondnia, pela Faixa Alto Guapor/Cinturo de Cisalhamento Guapor e Faixa Nova Brasilndia (Terreno Nova Brasilndia). A Faixa Alto Guapor/Cinturo de Cisalhamento Guapor (1,35-1,31 Ga) engloba a regio de Colorado do Oeste e Corumbiara, estendendo-se, provavelmente, em direo regio noroeste de Rondnia, onde promoveu o retra-balhamento da crosta mais antiga, concomitantemente adio de material juvenil. As rochas que compem a Faixa Alto Guapor/Cinturo de Cisalhamento Guapor foram formadas durante a fase sin-acrescionria da Orogenia Candeias, cronocorrelata ao desenvolvimento da Oro-genia Rondoniano-San Igncio. A Faixa Nova Brasilndia (Terreno Nova Brasilndia) (1,25-0,97 Ga) composta, predominantemente, por uma unidade metaturbidtica terrgeno-carbontica dominante e, subordinadamente, por uma unidade mfico-flsica bimodal, formadas du-rante a Orogenia Nova Brasilndia (1,25-1,1 Ga), alm de granitoides tardi- a ps-tectnicos.

    Faixa Alto Guapor/Cinturo de Cisalhamento Guapor

    A Faixa Alto Guapor, tambm denominada Cinturo de Cisalhamento Guapor, consiste no segmento crustal ao longo do qual ocorrem rochas de ortoderivao e paraderivao, sequncias metavulcanossedimentares em alto grau metamrfico, rochas metamficas e me-taultramficas, alm de diversas geraes de granitoides sin-, tardi- e ps-orogenticos. Em parte dessa faixa ocorreram, tambm, retrabalhamentos da crosta mais antiga e adio de material juvenil na poro centro-ocidental de Rondnia durante a fase sin-acrescionria da Orogenia Alto Candeias, cronocorrelata Orogenia Rondoniano-San Igncio.

    Figura 2.7 Monzogranito com porfiroclastos subdricos a andricos de K-feldspato envoltos por fina aurola de plagioclsio,

    definindo a textura rapakivi, alm de quartzo azulado (sute intrusiva Serra da Providncia; Ministro Andreazza).

  • contexto geolgico

    23

    Unidades de paraderivao e ortoderivao

    Inclui-se nesse segmento crustal o Complexo Nova Mamor (definido por Rizzotto et al., 2005a, 2005b), constitudo por gnaisses polideformados e migmatizados expostos na regio oeste-noroeste de Rondnia, entre as cidades de Guajar-Mirim, Nova Mamor e Nova Califrnia, compreendendo termos paraderivados representados por gnaisses quartzofeldspticos, granada-biotita-quartzo-gnaisse (Figura 2.8), granofels quartzofeldspticos, gnaisses calcissilicticos bandados, granofels e silimanita-granada-biotita-quartzo-xistos. Esses litotipos se encontram em grau metamrfico, fcies anfibolito superior (zona da sili-manita). Zonas de fuso parcial so comuns e no raro com gerao de migmatitos de neossoma em lentes e bolses pegmatoides com K-feldspato, quartzo e biotita, alongados segundo a estruturao regional.

    Compe tambm essa unidade a Sute So Felipe, que se distribui ao longo de uma faixa que se estende desde as imediaes da cidade de So Felipe, a oeste, at o rio Pimenta Bueno, a leste. Ao norte de So Felipe, essa unidade se encontra limitada pela Zona de Cisalhamento Rio Branco. Em geral, os litotipos dessa sute ocorrem como corpos alon-gados e imbricados segundo a direo da foliao regional WNW-ESSE. Os litotipos principais so representados por augengnaisses de composio granodiortica, que apre-sentam texturas desde granoblstica de granulao mdia a porfiroclstica de granulao grossa; so leucocrticos a mesocrticos, cor rsea, foliados, eventualmente com termos porfirticos.

    Sequncias metavulcanossedimentares

    O Complexo Colorado (RIZZOTTO et al., 2010) encon-tra-se subdividido nas unidades Metapeltica, Metapsamtica e Ferromanganesfera. O referido complexo tem ampla

    distribuio na regio de Colorado do Oeste e Corumbiara, onde ocorre como faixa descontnua e alongada segundo a direo NNW-SSE, com cerca de 130 km de compri-mento e 30 km de largura no sudeste da folha e 15 km no centro-noroeste. constitudo por rochas supracrustais clastoqumicas compostas por plagioclsio-biotita-quartzo-paragnaisses bandados e parcialmente migmatizados, granada-silimanita-paragnaisses migmatticos, xistos heterogneos, biotita-gnaisses semipelticos, formaes ferrferas bandadas, gnaisses calcissilicticos, metamargas, raros talco-xistos, alm de xistos grafitosos e anfibolitos subordinados (Figuras 2.9 e 2.10).

    Figura 2.8 Paragnaisse com bandamento regular, contendo mobilizados leucogranticos com granada

    (linha 29 sul, Nova Mamor).

    Figura 2.9 Gnaisse paraderivado, com lentes de mobilizados granticos intercaladas ao bandamento

    (leito do igarap Taboca, linha 3).

    Figura 2.10 Formao ferrfera bandada da unidade ferromanganesfera do complexo Colorado, cortada por um veio de

    quartzo (regio de Corumbiara).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE RONDNIA

    24

    Magmatismo mfico-ultramfico

    Na regio de Colorado do Oeste e Cerejeiras ocorre o Complexo Mfico-Ultramfico Trincheira, designado ini-cialmente por Romanini (2000a). Posteriormente, Rizzotto (2010) descreve esse complexo como constitudo por rochas milonitizadas e bandadas, raramente isotrpicas, com pre-domnio de anfibolitos, com frequentes intercalaes de gnaisses paraderivados, metamargas, formaes ferrferas bandadas, metabasaltos e xistos (Figura 2.11). Metagabros, metagabronoritos e leucometagabros com texturas e estru-turas gneas reliquiares tambm so comuns. Tremolititos, actinolita-xistos e intercalaes de gnaisses calcissilicticos so litologias subordinadas. Duas amostras de anfibolito foliado foram datadas pelo mtodo 40Ar/39Ar por Rizzotto et al. (2002) e geraram idade mdia ponderada de 1319 10 Ma, interpretada como a poca do resfriamento metamrfico regional.

    Nessa mesma regio ocorre uma associao de rochas mfico-ultramficas, denominada Sute Intrusiva Serra do Colorado por Bizzi et al. (2003), composta por olivina-gabros e olivina-gabronoritos, anortositos intercalados com hornblenditos e olivina-gabronoritos, alm de gabronoritos e leucogabronoritos.

    As rochas mfico-ultramficas aflorantes na serra Cu Azul receberam a denominao de Sute Intrusiva Serra Cu Azul (RIZZOTTO et al., 2004b), composta por olivina-gabros coronticos, anortositos, gabros anortosticos, gabronoritos, hornblenda-gabros, metagabros e metapiroxenitos. Os primeiros apresentam textura granular mdia a grossa e so compostos por plagioclsio, clinopiroxnio, olivina e or-topiroxnio, subordinadamente anfiblio, epidoto e opacos.

    As rochas aflorantes na regio de Cacoal foram denominadas Sute Intrusiva Cacoal por Scandolara et al. (1999), sendo composta por lentes de dunito,

    olivina-melagabro, troctolito, serpentinito e olivina-gabronorito, com piroxenito, gabro, anortosito e diabsio subordinados.

    Magmatismo grantico sin-, tardi- a ps-orognico

    No estado de Rondnia ocorre uma srie de corpos e macios de granitoides isotrpicos a foliados, de natureza sin-, tardi- a ps-orognica e com idades de cristalizao no intervalo entre 1387 Ma e 1309 Ma. Esses corpos so englobados nas sutes intrusivas Santo Antnio (mon-zogranitos, quartzo-monzonitos, diques pegmatticos e aplticos, rochas hbridas e diques de diabsio), Teotnio (microclnio-granitos, microclnio-quartzo-sienitos e sie-nogranitos), Igarap Enganado (sieno/monzogranitos, granodioritos e raros tonalitos), Cerejeiras (granada-biotita-monzogranitos, biotita-sienogranitos e raros granodioritos), Alto Escondido (biotita-sienogranitos e biotita-monzogranitos, com ou sem granada, leucocrti-cos), Alto Candeias (hornblenda-biotita-monzogranitos, biotita-monzogranitos, charnockitos e quartzo-monzo-nitos) e So Loureno-Caripunas (monzo/sienogranitos, granitos prfiros subvulcnicos, aplitos e quartzo-sienitos, com mineralizao de cassiterita e wolframita em greisen e em veios de quartzo), alm do Granito Alto Saldanha (monzogranitos, lcali-feldspato-granitos, lcali-feldspato-sienitos e quartzo-sienitos, alm de riolitos, traquitos, gra-nitos prfiros, microgranitos e granfiros) e da Sute Laje (granitoides leucocrticos com biotita e granada) (Figuras 2.12 e 2.13). A origem e a evoluo dessas sutes granticas tm sido associadas evoluo da Orogenia Rondoniano-San Igncio (TEIXEIRA e TASSINARI, 1984) ou Candeias (SANTOS et al., 2002), sendo que os granitoides da regio sudeste de Rondnia tm sido associados evoluo da Faixa Alto Guapor (RIZZOTTO, 2010).

    Figura 2.11 Anfibolito bandado com foliao metamrfica em alto ngulo de mergulho (linha 8, Colorado do Oeste).

    Figura 2.12 Feio textural do monzogranito da sute intrusiva Santo Antnio (cachoeira de Santo Antnio).

  • contexto geolgico

    25

    Faixa Nova Brasilndia

    A Faixa Nova Brasilndia (Terreno Nova Brasilndia) constituda por rochas do Grupo Nova Brasilndia, composto de uma unidade dominante de metaturbiditos terrgeno-carbonticos e uma unidade menor mfico-flsica bimodal (RIZZOTTO, 1999). A fase tardi-orogentica en-contra-se representada pela Sute Intrusiva Rio Pardo. Seus ambientes so remanescentes de crosta ocenica, bacias remanescentes (rifte que evoluiu para margem passiva) e de magmatismo intraplaca.

    A evoluo da Faixa Nova Brasilndia ocorreu em dois ciclos, no intervalo de tempo entre 1250 a 1110 Ma, sendo o mais antigo correspondendo fase de extenso continen-tal com formao de rifte, crosta ocenica, magmatismo intraplaca e sedimentao turbidtica. O segundo, mais novo, refere-se fase de transpresso e espessamento crus-tal, compondo, assim, a Orogenia Nova Brasilndia. A esse segundo ciclo podem estar associadas as mineralizaes de ouro em veio de quartzo em zonas de cisalhamento e depsitos de metais bsicos.

    Sequncias metavulcanossedimentares

    O Grupo Nova Brasilndia (RIZZOTTO, 1999) encontra-se subdividido pelas formaes Migrantinpolis e Rio Branco. A Formao Migrantinpolis uma unidade composta por rochas psamopelticas, terrgeno-carbonticas, com intercalaes de sills de rochas metabsicas e granitos anatticos. As rochas psamopelticas (turbiditos) incluem biotita-muscovita-quartzo-xistos, granada-muscovita-quartzo-xistos, silimanita-granada-quartzo-xistos, biotita-albita-quartzo-gnaisse (Figura 2.14) e biotita-quartzitos, com lentes de rochas calcissilicticas, metamorfizadas na fcies anfibolito superior. Dataes geocronolgicas realizadas em zirces detrticos de um paragnaisse, pelo mtodo U-Pb (SHRIMP), revelaram um agrupamento maior em torno de 1215 Ma, interpretada como a idade mxima de sedimentao (RIZZOTTO, 1999).

    A Formao Rio Branco consiste de metagabro, metagabro-norito, metadiabsio e anfibolito com intercalaes subordinadas de rochas calcissilicticas e magnetita-quartzitos. As idades U-Pb de 1113 56 Ma e 1110 8 Ma, obtidas por Rizzotto (1999) em leucogranitos anatticos, indicam o pico metamrfico da unidade.

    A Formao Terra Boa (QUADROS e RIZZOTTO, 2007) constituda por rochas metassedimentares psamopelticas submetidas a condies da fcies xisto-verde e caracterizadas por intercalaes centimtricas a decamtricas de filitos e mica-quartzitos. De forma subordinada, ocorrem metassiltitos e metarenitos (Figura 2.15) com nveis locais manganesferos. A deformao incipiente, o que preservou estruturas sedimentares primrias, como laminao plano-paralela, estratificao cruzada e truncamento por ondas. Os filitos so de cor cinza cinza a castanhos, finos e sempre contm clivagem ardosiana. Seus constituintes compreendem muscovita, quartzo e biotita e a textura lepidoblstica. Os quartzitos so impuros; ora contm muscovita, quando so avermelhados; ora, biotita e so cinza-escuros. Exibem discreta anisotropia estrutural dada por textura granoblstica alongada.

    Figura 2.13 Feio textural do monzogranito da sute intrusiva Alto Candeias (afloramento prximo a Monte Negro).

    Figura 2.14 Paragnaisse exibindo bandamento dobrado e mobilizados granticos.

    Figura 2.15 Intercalao centimtrica de camadas de metassiltitos e metarenitos (BR 429, proximidades da vila Terra Boa).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE RONDNIA

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    Magmatismo grantico tardi-orognico

    A Sute Intrusiva Rio Pardo foi designada por Silva et al. (1992) para reunir rochas granticas subalcalinas a alcalinas, tarditectnicas, da regio sudeste de Rondnia, sendo subdividida em trs fcies: So Pedro, Rio Pardo e So Luiz. constituda por monzogranitos e sienogranitos, com quartzo-sienitos e microclnio-sienitos subordinados e raros diques de aplito e veios pegmatoides. Dados U-Pb em zirco, obtidos por Rizzotto (1999), revelaram para uma amostra de monzogranito porfirtico da Sute Intrusiva Rio Pardo a idade de 1005 41 Ma, considerada como idade de cristalizao.

    Magmatismo grantico ps-orognico a anorognico

    Nas regies central, norte, sul e parte do noroeste de Rondnia ocorrem trs sutes granticas ps-orognicas a anorognicas, com idades de cristalizao no intervalo entre 1082-950 Ma, as quais ocorrem associadas espacialmente ao Domnio Jamari e, em parte, relacionadas s manifes-taes finais do Ciclo Sunss ou Ciclo Ps-Sunss, mais especificamente Orogenia Nova Brasilndia.

    A mais antiga a Sute Intrusiva Santa Clara, desig-nao dada por Bettencourt et al. (1997), que engloba diversos macios granticos, com destaque para os macios Oriento Novo, Oriente Velho, Manteiga e Santa Clara. A Sute Intrusiva Santa Clara constituda por monzogranito porfirtico, sienogranito porfirtico, monzogranitos finos, quartzo prfiro, traquitos, albita-leucogranitos, microssie-nitos e, mais raramente, aplitos e pegmatitos; apresenta idades de cristalizao pelo mtodo U-Pb em zirco entre 1080-1082 Ma, obtidas por Bettencourt et al. (1999). Dife-rentes estilos de mineralizaes de cassiterita e elementos associados ocorrem nos granitos da Sute Intrusiva Santa Clara e compreendem stockwork em greisens, lodes de quartzo-cassiterita e quartzo-cassiterita-wolframita, veios de quartzo-topzio-fluorita, pegmatitos com albita, micro-clnio, berlio, topzio, molibdenita e cassiterita.

    A mais nova a Sute Intrusiva Rondnia, descrita por Kloosterman (1968) como Younger Granites of Rondnia, que engloba diversos macios granticos (batlitos e stocks) com ampla distribuio no centro-norte de Rondnia. Essa unidade constituda por sienogranitos equigranulares, monzogranitos porfirticos e ortoclsio-granitos, ocorrncias subordinadas de topzio-albita-granitos e topzio-quartzo-feldspato prfiro (Figura 2.16), alm de microssienitos e quartzo prfiros. Corpos de granitos datados por Betten-court et al. (1999), pelo mtodo U-Pb em zirco, apresen-taram idades de cristalizao entre 998-974 Ma. Os corpos datados por Sparrenberger et al. (2002), pelo mtodo U-Pb em monazita, obtiveram idades de cristalizao entre 993-989 Ma. A maioria dos granitos da Sute Intrusiva Rondnia contm mineralizaes de Sn, W, Nb-Ta, Be e F, em parte as-sociadas s fases tardias do magmatismo representadas por albita-leucogranitos (por exemplo, Mina de Bom Futuro).

    Alm dessas duas sutes, existe a Sute Intrusiva Costa Marques, designao dada por Rizzotto et al. (2004b) para um conjunto de sienogranitos equigranulares a porfirticos, microclnio-granitos, riebeckita-microclnio-sienitos, aegirina-augita-sienitos e quartzo-sienitos, aos quais se associam termos subvulcnicos, como riolitos e traquitos, e propores subordinadas de riolitos prfiros, granfiros e microgranitos, aflorantes na regio de Costa Marques (RO).

    COBERTURAS SEDIMENTARES PROTEROZOICAS

    As coberturas sedimentares do Proterozoico ocorrem em vrias pores do estado de Rondnia e so reunidas nas bacias do Dardanelos e Palmeiral, de idades distintas.

    Bacia do Dardanelos (Mesoproterozoico)

    Remanescentes da Bacia do Dardanelos (representada pela Formao Dardanelos) ocorrem em pequena rea do alto curso do rio Roosevelt, no limite leste entre os estados de Rondnia e Mato Grosso, em discordncia sobre rochas do Grupo Roosevelt. O potencial mineral dessa unidade ainda desconhecido, devido carncia de estudos detalhados, em funo das restries de acesso Reserva Indgena Roosevelt e ao Parque Indgena Aripuan. A Formao Dardanelos foi definida por Almeida e Nogueira Filho (1959) para o conjunto de arenitos, arenitos tufceos conglomerticos, conglomerados, ignimbritos e, subordinadamente, ardsias. Silva et al. (1980) propuseram denominar Formao Dardanelos apenas aos termos clsticos que ocorrem nas serras dos Caiabis e Dardanelos, no estado de Mato Grosso, e agruparam as formaes Dardanelos e Arinos e as plutnicas alcalinas da regio

    Figura 2.16 Biotita-sienogranito comum da sute intrusiva Rondnia (macio So Carlos; Ariquemes).

  • contexto geolgico

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    no Grupo Caiabis. A seo-tipo da Formao Dardanelos situa-se nas cachoeiras de Dardanelos e Andorinhas, no rio Aripuan (MT).

    A Formao Dardanelos consiste de cobertura sedi-mentar horizontal da regio norte/noroeste do estado do Mato Grosso, que se estende at o setor oriental de Ron-dnia, em discordncia angular/erosiva sobre rochas dos grupos Roosevelt, Colder e Beneficente e unidades do embasamento regional. Segundo Pedreira (2000), na borda norte da serra dos Caiabis a Formao Dardanelos est, por vezes, dobrada e falhada.

    Os litotipos da Formao Dardanelos compreendem arenitos feldspticos, arenitos ortoquartzticos, arcseos, conglomerados e grauvacas. Na borda oeste da serra dos Caiabis, da base para o topo, ocorrem arenitos feldspticos mdios a grossos, com nveis conglomerticos contendo seixos subarredondados a subangulosos de quartzo leitoso e quartzo-arenito e eventuais de anfibolito, rochas vulcnicas, siltitos e argilitos. O intervalo contm estratificao cruzada acanalada de pequeno a mdio porte, com paleocorrentes para 320 Az e 220 Az. O intervalo est sotoposto a are-nitos ortoquartzticos finos, estratificados, avermelhados e de seleo moderada, com nveis milimtricos ricos em minerais pesados e atitude N50E/35SE.

    O ambiente de sedimentao da Formao Dardanelos foi inicialmente definido como de rios anastomosados, com subambientes de canais, leques aluviais distais e de plancie de inundao. Saes et al. (2001) destacam alguns registros sedimentolgicos indicativos de ambiente marinho raso.

    A idade da Formao Dardanelos foi estimada por Silva et al. (1980) em 1,40-1,20 Ga, com base na idade dos basaltos da Formao Arinos intercalados nos arenitos. Saes et al. (2001) estimaram a idade mxima de sedimentao em 1383 4 Ma, obtida por meio da datao Pb-Pb de zirces detrticos, quando obtiveram seis grupos de idades no intervalo entre 1,97 Ga e 1,38 Ga. J J. Orestes Santos (informao verbal) datou zirces detrticos pelo mtodo U-Pb (SHRIMP) de arenito da serra Apiacs e obteve idades de 1903 a 1321 Ma, dentre as quais o ltimo valor indica a idade mxima da formao.

    Bacia de Rondnia (Meso/Neoproterozoico)

    A Bacia de Rondnia, considerada como do tipo in-tracratnica por Bahia (1997), tem o seu preenchimento sedimentar representado pela Formao Palmeiral, e os produtos das manifestaes magmticas, de natureza mfica, pela Formao Nova Floresta.

    A Formao Palmeiral (LOBATO et al., 1966) constitu-da por ortoconglomerados (Figura 2.17), quartzo-arenitos e arenitos arcoseanos. Bahia (1997) sugere que o paleo-ambiente dessa formao de bacia do tipo sinclise, com deposio por sistema fluvial anastomosado proximal ou de leque fluvial, hoje limitada a grabens ps-deposicionais, com destaque para os de Pacas Novos, Uopianes e So Loureno (BAHIA, 1997; LEAL et al., 1978; QUADROS et al.,

    1998). A idade da Formao Palmeiral foi determinada por Santos et al. (2002), a partir do estudo de populaes de zirces detrticos dos arenitos pelo mtodo U-Pb (SHRIMP), os quais forneceram idade mxima da sedimentao de 1030 Ma.

    A Formao Nova Floresta foi descrita por Souza et al. (1975) como uma associao de rochas bsicas mais jovens que outras unidades pr-cambrianas da regio. Leal et al. (1978) denominaram Formao Nova Floresta a uma associao de sills de rochas bsicas com cerca de 120 m de espessura, intercalados em arenitos arcoseanos da Formao Palmeiral. Torres et al. (1979) destacam que o contato das rochas bsicas com os arenitos da Formao Palmeiral discordante e sugerem que elas seriam mais antigas que as rochas sedimentares. As rochas mficas da Formao Nova Floresta ocorrem na regio central de Rondnia e suas principais exposies situam-se na borda leste da serra dos Pacas Novos, de onde se estendem at as cabeceiras dos rios Joo Cmara e Jaciparan e do igarap Nova Floresta. Segundo Romanini (2000f), a unidade inclui basaltos, diabsios, gabros, olivina-gabros e gabros anorto-sticos. Os basaltos so macios, por vezes com disjuno colunar, finos a afanticos e com frequentes amgdalas preenchidas por epidoto e carbonato. Os olivina-gabros exibem discreta orientao de fluxo magmtico definida por cristais tabulares de plagioclsio; so finos a grossos e contm raros cumulados de piroxnio e olivina, sendo cortados por vnulas centimtricas de epidoto, as quais fornecem uma colorao esverdeada rocha. Os gabros so textural e composicionalmente semelhantes aos olivina-gabros, diferindo apenas no contedo de olivina. Os dados geoqumicos (ROMANINI, 2000f) mostram que essas rochas so toleticas. Dataes radiomtricas K-Ar, realizadas por Leal et al. (1978) em basaltos, forneceram idades que variam de 967 17 a 1098 17 Ma. Por outro lado, Tohver et al. (2002) dataram os basaltos da borda norte da serra Pacas

    Figura 2.17 Conglomerado da formao Palmeiral composto por seixos e calhaus de quartzo-arenito e, subordinadamente, quartzo

    leitoso (cascalheira localizada prximo vila de Palmeiral).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE RONDNIA

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    Novos e obtiveram idade Ar-Ar de 1062 3 Ma e idade-modelo Sm-Nd TDM de 1567 Ma. Os gabros da mesma localidade, interpretados pelos autores como equivalentes plutnicos dos basaltos, forneceram idade Ar-Ar de 1198 3 a 1201 2 Ma.

    COBERTURAS SEDIMENTARES FANEROZOICAS

    A evoluo das bacias do Fanerozoico foi fortemente controlada pela anisotropia da crosta preexistente, a qual condicionou a deposio de sedimentos, formao dos depocentros, migrao de sistemas deposicionais e atividade magmtica. Em Rondnia, ocorrem bacias paleomesozoicas e cenozoicas, as quais abrangem grande parte do estado.

    Bacia dos Parecis (Paleozoico/Mesozoico)

    As unidades sedimentares paleozoicas e mesozoicas de Rondnia fazem parte da Bacia dos Parecis, a qual contm cerca de 7.000 m de rochas sedimentares siliciclsticas. A parte dessa bacia abrangida pelo estado de Rondnia constituda pela cobertura sedimentar paleozoica da Fossa Tectnica de Rondnia (SIQUEIRA, 1989), que corresponde fase rifte da bacia (PEDREIRA e BAHIA, 2004), representada em superfcie pelas formaes Pimenta Bueno e Pedra Redonda e, em subsuperfcie, pela Formao Cacoal (QUADROS e RIZZOTTO, 2007). Sucedendo fase rifte, ocorrem as sequncias sedimentares associadas formao de uma bacia do tipo intracratnica sobre os riftes, sendo estas representadas em superfcie pela Formao Fazenda Casa Branca e pelo Grupo Parecis, que engloba as formaes Corumbiara, Rio vila e Utiariti (QUADROS e RIZZOTTO, 2007). As manifestaes magmticas ocorridas na Bacia dos Parecis em Rondnia encontram-se representadas por basaltos, diabsios e gabros da Formao Anari, alm de intruses kimberlticas.

    Segundo Siqueira (1989), a Fossa Tectnica de Rondnia composta pelos grabens de Pimenta Bueno e Colorado, separados pelo Alto Estrutural do Rio Branco do Guapor (SOEIRO et al., 1981). Essa fossa limitada, de norte para sul, pelos lineamentos Presidente Hermes, Itapu e Colorado. A fossa tem evidncias de subsidncia no Paleozoico, com preenchimento de conglomerados, arenitos, siltitos, calcrios e folhelhos, nessa ordem e em direo ao depocentro, que finaliza com depsitos glaciais na borda norte e importantes reativaes durante o Mesozoico.

    Das unidades mapeadas em superfcie, destaca-se a Formao Pimenta Bueno, constituda de folhelhos e siltitos, ambos de cor marrom-chocolate, e arenitos finos micceos, ritmicamente alternados na escala centimtrica (Figura 2.18), bem como calcrios (Figura 2.19) e espordicos siltitos carbonticos e conglomerados.

    A Formao Pedra Redonda (QUADROS e RIZZOTTO, 2007) constituda de paraconglomerados (Figura 2.20) e arenitos grossos (tilitos e diamictitos), suportados por matriz com clastos que variam de seixos a mataces de xisto, gnaisse, granito, anfibolito, folhelho e calcrio. Seixos estriados e facetados so espordicos. Associam-se a esses depsitos argilitos e siltitos de cor creme, com laminao plano-paralela, por vezes, deformados por seixos e mataces pingados, caractersticos da unidade dropstone da Formao Pedra Redonda (Figura 2.21). A associao diamictito-dropstone interpretada como evidncia de clima glacial, onde os diamictitos/tilitos correspondem a depsitos de detritos na base das geleiras e a unidade dropstone originou-se a partir da queda de clastos dos icebergs durante a deposio de pelitos em ambiente subaquoso (PEDREIRA e BAHIA, 2004).

    Figura 2.18 Folhelhos e siltitos da formao Pimenta Bueno, com laminao plano-paralela.

    Figura 2.19 Calcrio dolomtico da formao Pimenta Bueno (mina da Companhia de Minerao de Rondnia (CMR),

    Espigo dOeste).

  • contexto geolgico

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    A Formao Fazenda Casa Branca composta por arenitos com estratificao plano-paralela cruzada acanalada e tabular de pequeno porte, avermelhados a arroxeados, micceos, finos a muito finos, ortoquartzticos e/ou feldspticos, com gros subarredondados a subangulosos, de esfericidade baixa a mdia. Os conglomerados ocorrem em lentes; so polimticos, sustentados por clastos de quartzo, quartzito, granito e gnaisse. Os pelitos so subordinados e ocorrem como camadas mtricas a decamtricas intercaladas nos arenitos. Olivatti e Ribeiro Filho (1976), devido ocorrncia de fsseis de psaronius sp, posicionam essa unidade no Permocarbonfero. O ambiente deposicional dos sedimentos da unidade foi fluvial, com depsitos de barras de canal (arenitos), resduos de canal (conglomerados) e de plancie de inundao (pelitos).

    O Grupo Parecis, na regio sudeste de Rondnia, composto pelas formaes Corumbiara, Rio vila e Utiariti (QUADROS e RIZZOTTO, 2007).

    A Formao Corumbiara constituda por pacotes pouco espessos de conglomerados polimticos imaturos, malselecionados, interdigitados e/ou sobrepostos por arenitos feldspticos (Figura 2.22). Os seixos dos conglomerados apresentam formas e tamanhos variados e consistem de quartzitos, gnaisses, granitos, xistos, quartzo leitoso e raros anfibolitos do embasamento. Por tais caractersticas, o conglomerado basal da Formao Corumbiara sugere uma origem a partir de sistemas deposicionais do tipo leques aluviais, onde os arenitos arcoseanos e/ou caulinticos so indicativos de fonte proximal de rochas granticas.

    A Formao Rio vila composta por arenitos bimodais finos, esbranquiados a amarelados, com estratificao cruzada tabular cuneiforme de mdio a grande porte (Figura 2.23). O ambiente da formao interpretado como de regime climtico desrtico, com formao de depsitos de dunas, interdunas e de wadis.

    A Formao Utiariti, proposta por Barros et al. (1982), composta por arenitos finos a mdios, macios e/ou com estratificao cruzada acanalada de pequeno porte, com raras intercalaes de arenito macio contendo grnulos e seixos de quartzo leitoso e de arenito siltoso e siltito argiloso. Padilha (1974) interpreta o ambiente deposicional do membro superior da extinta Formao Parecis, ao qual corresponde a Formao Utiariti, como fluviolacustrino, interpretao esta adotada no presente texto. Dados geocronolgicos sobre o Grupo Parecis so de Oliveira (1936), que descreve a ocorrncia de troncos petrificados de Gimnospermas, famlia das Conferas, do Cretceo Superior.

    Figura 2.20 Paraconglomerado da formao Pedra Redonda contendo seixos e calhaus de natureza diversa; matriz arenosa

    grossa imatura.

    Figura 2.21 Argilito com laminao plano-paralela, apresentando localmente planos de estratificao deformados por seixos

    pingados de metagranito (unidade dropstone da formao Pedra Redonda).

    Figura 2.22 Paraconglomerado de matriz sltico-arenosa da formao Corumbiara, com seixos angulosos de quartzo em matriz

    arenosa imatura (rodovia RO-485, 20 a 30 km de Colorado do Oeste a Corumbiara).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE RONDNIA

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    A Formao Anari corresponde s rochas bsicas que ocorrem na cachoeira 15 de Novembro, no rio Pimenta Bueno, e no salto do Anari (Hidreltrica de Chupinguaia). Essas rochas ocorrem como soleiras de at 50 m de espessura que se estendem por mais de 2.000 km2, intrusivas na Formao Pimenta Bueno e no Grupo Parecis (ROMANINI, 2000a), mais especificamente na Formao Rio vila (RIZZOTTO, 2010). Essa unidade constituda por basaltos, diabsios e microgabros com amplas variaes texturais verticais e horizontais (Figura 2.24). Dados isotpicos K-Ar e Ar-Ar, obtidos por Pinto Filho et al. (1977) e Santos e Oliveira (1980), em amostras de basalto da Formao Anari, geraram idades que oscilam entre o Cretceo e o Jurssico Inferior. A idade de 198 0,8 Ma considerada como a mais prxima da cristalizao dessas rochas e comparvel obtida no Basalto Tapirapu (MT).

    Em Rondnia, foram identificados 94 corpos de kimberlitos ocorrentes no limite norte do Graben Pimenta Bueno, nos municpios de Pimenta Bueno e Espigo dOeste, alojados tanto nas rochas que preenchem o graben como nas reas de embasamento (Figura 2.25). Alguns corpos se encontram nas reas de ocorrncia do Complexo Jamari, na regio entre Cacaulndia e Ariquemes, e nas reas de ocorrncia do Complexo Colorado, na regio de Colorado do Oeste e Corumbiara (RIZZOTTO et al., 2004a, 2004b). Dentre estes, alguns corpos so ora subaflorantes, ora cobertos por detritos do Grupo Parecis (Formao Utiariti), ora por coberturas residuais indiferenciadas. A maioria dos corpos subcir-cular, de dimetro varivel, desde alguns metros at 60 m, mas seus contatos com as rochas encaixantes esto raramente expostos devido ao manto de intemperismo. Contudo, na regio de Baro de Melgao h chamins encaixadas em folhelhos e siltitos da Formao Pimenta Bueno, onde o contato, quando exposto, marcado por zona brechada de kimberlito com abundncia de fragmentos das encaixantes. A idade dos kimberlitos de Rondnia tem sido atribuda ao Cretceo Superior, por analogia com os da Provncia Kimberltica de Juna (MT), onde Teixeira (1996) obteve idades entre 95 Ma e 92 Ma. Entretanto, dados de Zolinger (2005) sobre kimberlitos da regio de Colorado do Oeste indicaram que o corpo E1 tem idade de 293 18 Ma e o corpo ES1, de 317 43 Ma, o que os coloca no Carbonfero Superior-Permiano Inferior.

    Coberturas Cenozoicas

    As coberturas cenozoicas de Rondnia compreen-dem depsitos tercirios e quaternrios continentais que ocorrem principalmente ao longo do sistema fluvial

    Figura 2.23 Arenito fino bimodal com estratificao cruzada de grande porte; fcies elica da formao Rio vila (margem esquerda

    do rio Pimenta Bueno, entre Vilhena e Colorado do Oeste).

    Figura 2.24 Blocos de basalto com esfoliao esferoidal.

    Figura 2.25 Detalhe textural do kimberlito: fenocristais alterados de olivina em matriz afantica.

  • contexto geolgico

    31

    Guapor-Mamor-Alto Madeira e ao longo do Vale do Guapor, sendo a deposio e a formao dessas cober-turas controladas por diversos fatores, com destaque para os tectnicos, litolgicos e paleoclimticos. Os fatores tectnicos derivam de movimentos reflexos da Orogenia Andina e consequente deformao resultante de regimes compressivos que geraram estruturas dextrais E-W, com componentes transtensivos NE-SW e transpressivos NW-SE, devido rotao da Placa Sul-Americana para oeste (COSTA et al., 1996), responsveis por reativao e instalao de novas estruturas no embasamento pr-cambriano (CAMPOS e TEIXEIRA, 1988; COSTA e HASUI, 1991; LIMA, 1988; QUADROS et al., 1996; SOUZA FILHO et al., 1999). Nos limites de Rondnia, Souza Filho et al. (1999) descrevem trs compartimentos morfoestruturais regionais: Depresso do Guapor, Alto Estrutural de Guajar-Mirim-Porto Velho e Planalto Rebaixado da Amaznia Ocidental.

    As unidades cartografadas e representativas das cober-turas sedimentares cenozoicas compreendem as formaes Solimes e Guapor, Coberturas Detritolaterticas (perfil de intemperismo), Terraos Fluviais, as formaes Rio Ma-deira (Figura 2.26) e Jaciparan, Coberturas Sedimentares Indiferenciadas, Depsitos Lacustres, Depsitos Argilosos e Depsitos Aluvionares.

    As unidades sedimentares representadas pelas for-maes Solimes, Guapor, Rio Madeira e Jaciparan e pelos Terraos Fluviais, Depsitos Aluvionares e parte das Coberturas Sedimentares Indiferenciadas correspondem a depsitos sedimentares neognicos a pleistocnicos, cons-titudos, predominantemente, por sedimentos arenosos estratificados ou no, e, subordinadamente, por cascalhos, silte a argila, com nveis variados de ferruginosidade. Estes

    podem conter, localmente, fsseis vertebrados e de vegetais, associados a ambientes fluviais com fcies de canal, barra de canal e de plancie de inundao.

    As unidades englobadas nos Depsitos Lacustres e Depsitos Argilosos tm predominncia de sedimentos argilosos e siltosos, macios ou laminados, em geral com grande quantidade de matria orgnica. Esses depsitos tm sua origem relacionada a ambientes lacustrinos e de lagos de meandros abandonados, associados evoluo de sistemas fluviais.

    As unidades Coberturas Detritolaterticas e parte das Coberturas Sedimentares Indiferenciadas correspondem a um espesso perfil de intemperismo desenvolvido sobre as rochas preexistentes, formando horizontes de saprlito, argiloso, mosqueado, crosta latertica ferruginosa (Figura 2.27) e latossolos no topo.

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    Figura 2.26 Afloramento da formao Rio Madeira, na margem do rio Madeira, prximo vila Abun; argila macia com restos de vegetais na base; no topo, areia grossa e cascalhos estratificados,

    endurecidos pela ferruginosidade das camadas de areia.

    Figura 2.27 Crosta latertica ferruginosa colunar (depsito de cascalho latertico do bairro So Francisco, Porto Velho).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE RONDNIA

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