gÊnese e (re)produção do espaço da baixada fluminense

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GÊNESE E (RE)PRODUÇÃO DO ESPAÇO DA BAIXADA FLUMINENSE  Maria Aparecida de Figuerêdo 1 [1]  Resumo  O presente trabalho analisa o passado da baixada fluminense. Um região do Estado do Rio de Janeiro que nos últimos anos vem alcançando um notável crescimento. Palavras-chav es: Rio de Janeiro, r egião, história, baixada fluminense Abstract Our goal is to study the past of baixada fluminense. One part of Rio de Janeiro state wich is growing very fast . Keywords: Rio de Janeiro, region, history, baixada flumine nse 1

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GÊNESE E (RE)PRODUÇÃO DO ESPAÇO DA BAIXADA FLUMINENSE

 

Maria Aparecida de Figuerêdo1[1]

 

Resumo

 

O presente trabalho analisa o passado da baixada fluminense. Um região

do Estado do Rio de Janeiro que nos últimos anos vem alcançando um notável

crescimento.

Palavras-chaves: Rio de Janeiro, região, história, baixada fluminense

Abstract

Our goal is to study the past of baixada fluminense. One part of Rio de

Janeiro state wich is growing very fast .

Keywords: Rio de Janeiro, region, history, baixada fluminense

1

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Apresentação

O objetivo deste trabalho é realizar uma síntese do processo de formação,  produção e reprodução do espaço da Baixada Fluminense desde o períodocolonial.

Para isso, será feita uma abordagem histórica, espacial e econômica da

área ao longo dos séculos XVI, XVII, XVIII, XIX e XX. De um modo geral,  predominava na área de estudo a agricultura como atividade predominante,

existindo em menor escala atividades secundárias como a policultura e

estabelecimentos comerciais. Tal padrão espacial mudará a partir da última

metade do século XX.

Daí em diante registra-se a transformação desse espaço de característica

rural, para um padrão urbano e industrial em decorrência do processo da segunda

fase da industrialização brasileira e do Rio de Janeiro o que acarretou impactos

sócio-espaciais na Baixada Fluminense.

1.1. Da colonização, ocupação até o ciclo do ouro

 

Área integrante da Região Metropolitana do Rio de Janeiro teve nos

municípios que compõem a Baixada Fluminense, divisão adotada pela Secretaria

de Desenvolvimento da Baixada Fluminense, grande parte do seu

desenvolvimento econômico e social atrelado ao Rio de Janeiro.

Caracterizada por uma paisagem natural composta por planícies, colinas,

morros, manguezais, serra do Mar ao fundo, matas, rica rede hidrográficadesaguando na Baía de Guanabara tendo a mesma como porta de entrada, essa era

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a visão daqueles que se destinavam a Baixada Fluminense nos primeiros séculos

da colonização e ocupação.

Tem-se o registro da concessão das primeiras sesmarias nos anos de: 1558,

no rio Guandu nas terras de Sepetiba; 1565, nos rios Magé, Iguaçu; 1566, rio

Magé; 1568, no rio Inhomirim, e no mesmo ano uma grande sesmaria doada a

Brás Cubas que tinha “ 3000 braças de testada pela costa do mar e 9000 fundos pelo rio

Meriti, (...) que por não ter tomado posse, em 1577 e em 1602 foi partilhada entre sesmeiros.”

(MATOSO apud LAMEGO, 1964, p.195 ) , seguida por outras concessões que vão

ocorrendo ao longo dos anos de mil quinhentos, seiscentos, setecentos e com isso

a presença dos primeiros desbravadores (homem branco) em terras ocupadas por 

indígenas.

Das sesmarias foram surgindo fazendas que se dedicavam a atividade

econômica predominante alicerçada no plantio e cultivo da cana-de-açúcar com a

 presença de engenhos para o fabrico do açúcar e aguardente, ambos localizados às

margens dos rios, tendo-se o registro de um dos primeiros engenhos às margens

do rio Magé no século XVI.

O aparecimento das fazendas foi acompanhado pela presença religiosamaterializada nas construções de capelas. A igreja dividia seu território em

 jurisdição religiosa como freguesias, paróquias ou curatos, no caso de freguesias

estas possuíam a igreja matriz que ligada a ela existiam várias capelas erguidas

nas fazendas. Essas capelas serviam como célula inicial de aldeias, freguesias, vila

ou cidade. Dentre algumas freguesias que surgiam podemos citar: Freguesia de

Santo Antônio de Jacutinga, Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de

Marapicu, Freguesia de Nossa Senhora da Piedade de Inhomirim, Freguesia de Nossa Senhora do Pilar, Freguesia de São João de Meriti e Freguesia de Piedade

de Iguaçu.

Além da monocultura da cana desenvolvia-se em menores escalas o plantio de produtos agrícolas como arroz, feijão, milho, mandioca, legumes entre outros e praticava-se o extrativismo de madeira retirada das matas transformada em lenha.Tanto os gêneros de primeira necessidade quanto a lenha produzida destinavam-seas próprias fazendas como também abasteciam o mercado consumidor do Rio de

Janeiro.

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Para a realização de tais atividades foi utilizada a mão-de-obra escrava

negra, datando em meados do século XVI o primeiro carregamento de negros que

chegou em terras fluminenses.

Desta maneira inicia-se aos poucos a ocupação da Baixada Fluminense, ainda quedispersa, sob a égide da monocultura da cana, assim como as demais atividadesrelacionadas ao extrativismo e lavoura de subsistência, usufruindo-se dascondições naturais favoráveis disponíveis.

Sendo tal área, em suas planícies, cortada por vários rios que deságuam na

Baía de Guanabara, logo surge um obstáculo para aqueles que desejavam utilizá-

la como via de comunicação terrestre, tal como a presença dos brejos, áreas

 pantanosas ou alagadiças que se localizavam nos terrenos marginais aos rios como

Meriti, Sarapuí, Iguaçu, Pilar, Inhomirim, decorrente da influência das marés ou

das cheias periódicas que ocorriam nos terrenos adjacentes de altitudes superiores

às preamares máximas.

Porém, se a via de comunicação terrestre pela planície é dificultada, a

solução do problema para a comunicação foi encontrada na via aquática, com a

utilização dos rios que possibilitavam o contato da Baixada Fluminense, não só

ela, como todo o recôncavo da Guanabara com o Rio de Janeiro e seu porto.

Contudo, foi através do emprego da mão-de-obra escrava que se criavam a

condição favorável para a navegação nesses rios, onde ela cuidava da limpeza,

desobstrução dos mesmos, assim como, a abertura de canais, permitindo o

transporte da produção agrícola da área a princípio e também o recebimento de

mercadorias e pessoas que se dirigiam a ela por meio de barcos, lanchas, canoas,

saveiros e outras embarcações.

Embora as planícies não fossem adequadas como via de comunicação

terrestre, isso não impediu que surgissem caminhos terrestres para a circulação de

mercadorias, produtos e pessoas na Baixada Fluminense, neste caso, a opção foi

as áreas livres de encharcamento, como salienta SOARES: 

“(...) A drenagem insuficiente tornava pantanosas quase todas as planícies, dificultando a sua ocupação. (...) Por outro lado, o brejo sempre

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fora um obstáculo ao estabelecimento de comunicações terrestres entre acidade e o seu recôncavo. A própria região, porém, possuía outroselementos que lhe permitiriam solucionar essa dificuldade. (...) as abasdas montanhas que enquadram a Baixada da Guanabara permitiram aadoção de um itinerário terrestre que possibilitava contornar a parteencharcada.” (SOARES, 1962, p.158)

A respeito da circulação na Baixada Fluminense BERNARDES assinala:

“(...) de duas maneiras se fazia a circulação: 1) por via fluvial até o limiteda navegabilidade dos baixos cursos e a partir dos portos estabelecidos pelo sopé dos morros, até à base da serra; por “terra firme”, contornandoos trechos mais freqüentemente alagados e aproveitando, sempre que  possível, as zonas de colinas e morros que circulavam as baixas planícies.” (BERNARDES apud PERES, 2000, p.10)

Como pode-se notar, rios e terrenos não alagados tornaram possível o

desbravamento da Baixada, os rios por navegação, onde as embarcações

aportavam em pequenos portos fluviais localizados nas suas margens, para daí em

diante, seguir por terra firme buscando os caminhos existentes.

 No final dos anos do século XVII sob o ciclo da cana tem-se o registro da

abertura de novos caminhos. Esses surgem impulsionados pelo descobrimento e

exploração de minas de ouro nas Minas Gerais (Ciclo do Ouro), tendo por 

objetivo facilitar o escoamento da produção e abastecimento da área, provocando

o intercâmbio do interior (no caso Minas Gerais) com o litoral (no caso Rio de

Janeiro), onde o porto do Rio atuou de forma atrativa e as terras da BaixadaFluminense, como de todo recôncavo da Guanabara, serviram de passagem. Cabe

ressaltar que também surgiram caminhos particulares que deram acesso a esses

caminhos.

PERES nos fala a respeito desses novos caminhos, apresentando-os em

ordem cronológica:

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“Durante o século XVIII, três eram os caminhos oficialmentereconhecidos entre o Rio de Janeiro, através da Baixada Fluminense e aregião da Gerais.Descritos em ordem cronológica de abertura tínhamos: ‘Caminho Novodo Pilar’ ou do ‘Guaguassú’ ou ainda de Garcia Rodrigues Pais, abertoem 1699 e 1704.

‘Caminho Novo do Inhomirim’ ou ‘Caminho Bernardo Soares Proença’ou ‘Caminho Proença’, aberto em 1724.‘Caminho de Mestre de Campo Estevão Pinto’ ou ‘Caminho Novo doTinguá’, aberto em 1728.” (PERES, 1993, p.9)

Esses caminhos novos ofereceram de imediato a redução dos dias de

viagem até o interior, foi o que ocorreu com o surgimento do Caminho Novo do

Pilar que diminuiu a viagem do Rio a Minas Gerais de 3 meses para pouco mais

de 15 dias, tempo gasto por aqueles que usavam o Caminho dos Guaianás que

 partia de Parati para alcançar o alto do Paraíba, através da Serra do Cunha, única

via de acesso a região das minas, sendo também o caminho do Pilar superado pelo

Caminho do Inhomirim que reduziu a viagem do Rio de Janeiro a Minas Gerais

 para quatro dias.

Desses três caminhos novos dois tinham seus trajetos iniciados em portos,

o Caminho de Garcia Pais e o Caminho do Proença. O Caminho de Garcia Paisiniciava-se no porto fluvial do Pilar (afluente do rio Iguaçu) feito de norte para

sul, ou seja, do interior para o litoral, PERES apresenta seu percurso:

“Após cruzar o rio Paraíba, acompanha o Ribeirão do Lucas até Cavarú, eem seguida o rio Ubá, indo atingir a Roça do Alferes (hoje Pati dosAlferes). Subindo a Serra da Manga Larga e cruzando o vale do rio

Sant’Ana, chegava-se ao alto da Serra do Couto onde ‘em dia claro sedescobre o Rio de Janeiro’. Atingia-se a planície próxima ao engenho docapitão-mor Francisco Gomes Ribeiro (na antiga fábrica nacional demotores), em busca do porto fluvial do Pilar, para prosseguir por mar, em barcos e saveiros, ou por terra rumo às capelas de N. Sra. Da Piedade deIguaçu; a de Sto. Antônio de Jacutinga; a de S. João Batista de Meriti e ade N. Sra. da Apresentação de Irajá, à caminho da côrte.” (ibid., p.3)

Com relação ao trajeto à côrte toda a ligação entre Irajá a Pilar era feita

através de caminhos particulares. Já o Caminho do Proença começava no Porto daEstrela à margem do rio Inhomirim, em Magé. No seu percurso atravessava uma

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localidade chamada “Côrrego Seco” (atualmente Petrópolis) seguindo pelo rio

Piabanha até alcançar o rio Paraíba. E o caminho do Tinguá que cortava a serra do

Tinguá transpondo a serra do Mar encontrando-se com o caminho de Garcia Pais

e o caminho de Bernardo Proença.

Esses caminhos eram considerados os “caminhos do ouro”, porém o século

XVIII teve a abertura de inúmeros outros, citando apenas alguns deles: Caminho

do Comércio, Caminho do Couto, Estrada da Polícia, Estrada da Taquara, Estrada

União Indústria, Estrada de Estrela a Minas, Estrada de Magé aos portos, Estrada

normal da Estrela. E é nesta época do Ciclo do Ouro que temos o surgimento de

um outro ciclo com marco inicial na primeira metade do século XVIII, trata-se do

Ciclo das Tropas ou Tropeirismo, que foi responsável pelo transporte das riquezasoriundas da mineração e abastecendo-a de mantimentos e mercadorias, chegou a

transportar colheitas das grandes plantações de café, além de muitas das vezes ter 

a companhia de viajantes, cientistas, comerciantes ou curiosos que visitavam o

 país.

Essas tropas eram formadas predominantemente por muares, sabendo-se

que as primeiras manadas de muares e eqüinos entraram no Brasil dispersando-se

 por São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro oriundas da Argentina e Uruguai

das regiões da bacia do Prata.

As tropas podiam ser de propriedade das fazendas ou dos próprios

tropeiros, contudo, era o meio de transporte mais adequado para a ligação do

interior com o litoral, elas dominaram os caminhos que davam acesso as duas

áreas. Peres aponta as dificuldades encontradas:

“As dificuldades dos caminho que castigavam as tropas eram por demais penosas. Contornar as serras com estreitas passagens onde o precipícioespreitava homens e animais ao sabor de pedras rolantes, e que ao menor descuido iriam fazer companhia às carcaças que, rodeado de urubus, jaziam no fundo do abismo.” (ibid., 2000, p.41)

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Em resumo, só as tropas de muares poderiam enfrentar situações ou

condições tão adversas, já que as estradas não permitiam o emprego de carros de

 boi ou carretas puxadas por cavalos, ainda que, as tropas defrontassem com

trechos íngremes dos caminhos da serra, rios sem pontes que cortavam as estradas

e muitas vezes fundos demais para serem atravessados, dependendo de uma

embarcação para atingir a outra margem ou levando dias a procura de um lugar 

mais raso.

 Não tardou que o Ciclo do Ouro aliado ao Tropeirismo viesse a acarretar 

mudanças na paisagem da Baixada e interferisse na vida política e econômica do

Rio de Janeiro. Na paisagem as conseqüências foram segundo PERES:

“ • Estabelecidas trilhas regulares de penetração, plantaram peloscaminhos, pousos para seu descanso e alimentação da alimária;• No rastro de sua passagem alinharam as primeiras casinhasacompanhando o caminho irregular;• Rodeados pela agricultura de subsistência e pequenos casebres,aumentaram os números de ‘vendas’, estalagem e ranchos, para descansodo tropeiros definindo a rua principal.” (ibid., p.21)

quanto ao Rio de Janeiro em 1763 foi elevado a sede do vice-reinado, não

esquecendo a importância adquirida pelo seu porto para a exportação do ouro que

 para lá se destinava e o deslocamento do eixo econômico do país para o Sul.

Esse período provocou na baixada Fluminense maior fluxo de

mercadorias, pessoas, intensificando-se a relação do interior com o litoral, onde as

vias de circulação fluvial e terrestre tiveram maior destaque que no séculoanterior, marcado pela monocultura da cana.

Mesmo assim, esses primeiros séculos com a presença da cana, dos

engenhos, da utilização dos rios, da movimentação nos caminhos, que

apresentaram grande expressão na área não repercutiram no crescimento e

desenvolvimento da mesma a ponto de atribuir-lhe funções próprias e até

aglomerações, LAMEGO explica a causa:

 

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“É que as curtas distâncias da cidade, o transporte fluvial e marítimo e a própria situação financeira dos colonos empenhados aos comerciantes doRio de Janeiro que lhes adiantavam o capital em troca da produçãoagrícola, quase impossibilitavam a presença de intermediários naqueles  portos. E assim, embora uma larga tarja de lavoura contornasse aGuanabara, os produtos alimentícios de consumo imediato, tais como a

farinha, o feijão, o milho e o arroz, além das caixas de açúcar, rumavamdiretamente das fazendas para o mercado carioca.” (LAMEGO, op.cit., p.199)

Soares também contribui na análise abordando o papel desempenhado

 pelas vias fluviais e os caminhos de acesso ao interior:

 

“Se as fluviais da Baixada da Guanabara não geraram aglomeradosdurante o apogeu do ciclo do açúcar nessa região, também os caminhos deacesso ao interior do século XVIII o Caminho Novo de Garcia RodriguesPais, a variante de Bernardo Proença e o Caminho de Terra Firme – por sua vez só contribuíram de início para dar maior importância à cidade doRio de Janeiro, que teve ampliada sua área de influência e se foi projetando cada vez mais, alcançando em 1763 a situação de capital daColônia.” (SOARES, op. cit., p.163)

Em linhas gerais, a Baixada, até então, não havia adquirido em suas terras,

funções de grande relevância que lhe oferecesse algum progresso. Todavia, com a

chegada do século XIX ela vivenciou um período auge de duração curta, que logo

depois foi delineado por profundas transformações, levando-a ao declínio. Quais

os fatos irão ocorrer e seus desmembramento?

1.2. Ciclo do café, vilas e decadência

 

Os anos de mil novecentos reservaram para o país mudanças significativas

e a Baixada Fluminense dentro deste cenário foi atingida por alguns fatos

decisivos para a sua vida econômica, tais como o Ciclo do Café; surgimento das

 primeiras vias férreas e a libertação dos escravos.

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Em fins do século XVIII, aparecem as primeiras plantações de café no Rio

de Janeiro e que logo se espalharam pelo vale do Paraíba atingindo também Minas

Gerais e São Paulo, tem-se o início do Ciclo do Café. Na Baixada o café não

chegou a substituir a cana, sendo seu cultivo pouco expressivo na área onde suas

terras apresentavam-se cansadas do plantio da cana, entretanto o café provocou

efeitos desencadeantes.

A monocultura cafeeira desenvolvida no plantio resultou para Baixada

Fluminense no surgimento e aglomerações populacionais fixadas no ponto de

encontro entre as vias de circulação aquática e terrestre; houve a intensificação e

abertura de novas estradas vinculadas com aquelas oriundas no período do Ciclo

do ouro; aparelhamento para armazenagem e transporte regular de mercadoriasvolumosas; grande fluxo de pessoas; proliferação de vários portos fluviais ao

longo dos rios que deságuam na Baía de Guanabara e conseqüentemente a

elevação de determinadas localidades a categoria de vilas em decorrência do ciclo

cafeeiro.

SOARES relata sobre este momento:

 

“Essas aglomerações que se desenvolveram em certos portos fluviais da baixada, não deveram sua existência às necessidades de organização dazona circulante e sim às necessidades do movimento de mercadorias e deviajantes de regiões distantes, facilitando-lhes o escoamento de sua produção e o provimento de suas necessidades.Apesar de levadas à categoria de ‘vilas’, na primeira metade do séculoXIX, em decorrência da importância que adquiriram neste tráfego entre o porto e seu hinterland, elas não apresentavam muitas das característicasque fazem de um aglomerado uma verdadeira cidade. Nessas vilas-entrepostos, a mercadoria das pessoas que animavam sua vida e lhe

davam movimento eram elementos em trânsito, que ali estavam de  passagem ou para tratar de negócios, como tropeiros, viajantes,mercadores, comissários de café, sendo a população estável pequena econstituída, predominantemente, por negociantes, botequineiros eferradores.” (ibid., p.165)

Ela ainda nos fala das características dessas “vilas” denominada de “vilas-entrepostos”, “(...) eram acima de tudo depósitos, onde ficavam as mercadorias com destino aointerior (fardos da fazenda, sal, etc) ou os produtos que desciam da serra, principalmente o café,aguardando praça nas embarcações que os levariam até o porto do Rio de Janeiro.” (ibid.,

 p.165)

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LAMEGO menciona o caso de Itaguaí que até antes o Ciclo do Café era

um imenso território dominado pelos jesuítas, fundação de colégios e aldeias

indígenas, mas com o advento do café tal situação é modificada, pois o produtoagrícola que passava por ali a caminho do Rio de Janeiro ou parava para o

embarque fluvial e marítimo, ocasionou na construção de casas, vendas, lojas à

 beira da estrada, assim como, a edificação de um pelourinho no meio de arbustos

que cobria o terreno entre a estrada e a aldeia de Itaguaí. Mediante ao exposto

Itaguaí foi elevada a categoria de vila, fato relacionado a fatores externos.

O mesmo ocorreu com Iguaçu que foi elevada a vila em 1833, povoado

localizado à margem direita do rio Iguaçu por onde passavam as tropas em

direção ao Porto de Pilar, início do Caminho de Garcia Pais. A vila de Iguaçu

adquiriu importância devido seus portos fluviais fixados no rio de mesmo nome.

Também tem-se a criação da Vila de Estrela, em decorrência do seu porto

à margem do Rio Inhomirim e cuja população ao redor denominava-se Estrela.

Além de ponto inicial do Caminho do Inhomirim que tornou-se o preferido pelos

tropeiros por ser menos íngreme e mais próximo ao vale do Paraíba.

Tanto o porto de Iguaçu quanto o de Estrela embarcavam a produção

cafeeira da serra, porém Iguaçu enfrentava a concorrência do porto de Estrela que

realizava a navegação a vapor, sem contar com a diminuição do seu volume

d’água em conseqüência do desmatamento da serra Tinguá que alimentava suas

nascentes.

Se a primeira metade do século XIX representou para a Baixada ummomento de opulência, foi justamente a partir da segunda metade que a mesma

entra num período de decadência e abandono.

Primeiramente, o grande tráfego de mercadorias e principalmente do café

que transitava pela Baixada através de seus caminhos e rios, ficavam à mercê das

inconveniências naturais dos rios, como a dependência da maré nos baixos cursos,

o baixo nível das águas no tempo das secas, o constante entulhamento dos rios e

canais e grandes ventanias.

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Essas dificuldades encontradas para o escoamento das mercadorias e

 produtos agrícolas levavam a procura de soluções achando-as nos trilhos, ou seja,

na instalação de vias férreas. No dia 30 de abril de 1854 Mauá inaugura a

 primeira estrada de ferro do Brasil saindo de Magé em direção à Raiz da Serra,

depois prolongada até Petrópolis e Areal, marcando o início do surgimento da

ferrovia que irá drenar o movimento comercial no transporte de mercadorias e do

café, até então realizada pelos caminhos que levavam ao interior e principalmente

 pelos rios que deságuam na Baía de Guanabara permitindo o acesso ao Porto do

Rio.

Com a implantação da primeira linha férrea, não tardou e outras surgindo,

inclusive partindo do Rio de janeiro em direção a Baixada Fluminense. Em 1858,foi inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro Central do Brasil, que

  passava pelas estações de Maxambomba (atual estação de Nova Iguaçu) e

Queimados que logo se estendeu a Belém (atual Japeri), chegando ao vale do

Paraíba em 1864.

Outra estrada de ferro cortou a Baixada, foi a estrada de ferro Leopoldina

Railway que tinha seu ponto inicial em São Francisco Xavier, chegando em

Duque de Caxias em abril de 1886.

Belford Roxo foi outra área agraciada pelos trilhos com a implantação da

Estrada de Ferro Rio d’Ouro (atual ramal Belford-Roxo – Central do Brasil) que

também passava por São João de Meriti, não só usa estrada de ferro, como a

Linha auxiliar que teve sua construção iniciada de 1892 e ia em direção a Estrada

de Ferro Central do Brasil encontrando-a em Japeri. Nesse percurso, a Linha

auxiliar cruzava os bairros de Éden e Tomazinho em São João de Meriti.

A ferrovia contribuiu de maneira decisiva para a crise na Baixada

Fluminense, outros fatores atuaram de forma definitiva, a abolição da escravidão

em 1888, contudo a própria proibição do tráfico negreiro em 1850, já havia

  provocado efeitos sobre a área que utilizava-se dessa mão-de-obra para

movimentar engenhos; a monocultura canavieira; cultivo nas várzeas; abertura de

valas, regos e canais tornando as terras mais enxutas; limpeza, desobstrução e

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conservação dos rios e canais; a decadência da vida agrícola que esbarrava com as

terras desgastadas pela cultura canavieira e a concorrência da cana campista.

Temos os elementos que dão conta do declínio econômico da Baixada, a

ferrovia; a falta de mão-de-obra; as condições de desgaste dos solos que

conseqüentemente afetou a agricultura; o abandono dos rios e canais com o

surgimento dos brejos aliado ao aparecimento do impaludismo e o desinteresse do

Rio de Janeiro pela área.

Com a implantação da ferrovia na Baixada, ela atendeu a demanda

solicitada ao transporte de café que vinha sendo realizada por via terrestre e

fluvial, exposto a todos os perigos no trânsito do interior ao porto do Rio, levado pelas tropas que percorriam os caminhos terrestre ficando armazenado nas vilas-

entreposto para seguir viagem pelos rios.

Até esse momento o café foi responsável pela construção de um aparato

em função de si mesmo (trapiches; estabelecimentos comerciais que giravam com

vultosos capitais) que provocou a elevação de localidades a vilas, porém a

ferrovia promoveu a decadência dessas áreas, sofrendo esvaziamento e abandono.

O esvaziamento populacional devido a diminuição do fluxo de pessoas, incluindo

negociantes do café estabelecidos no local ou não, dos tropeiros (chegando ao fim

do ciclo do troperismo) e o abandono da área agravado pela ausência da

conservação dos rios, dos lugares propícios ao encharcamento e a invasão do mato

sobre os caminhos e conseqüentemente o aparecimento de doenças devido as

condições insalubres.

Os trilhos localizados nas áreas livres de alagamento mais próximo aosopé dos morros atraíram o surgimento de casas ao seu longo e as terras e

fazendas foram valorizadas, além de atrair o deslocamento populacional que antes

se dava próximo aos rios.

Se grande parte da Baixada Fluminense na segunda metade do século XIX

foi assolada por um período de decadência na sua economia que também refletia o

descaso das autoridades em reverter tal quadro, isso, contudo, não significou a

ausência de atividade.

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Em terras pertencentes a Itaguaí que devido o trânsito do café fora elevada

a categoria de vila, quando tem sua economia atingida pela mudança do meio de

transporte ferroviário adotado pelos cafeicultores, encontra nas planícies o

desenvolvimento da pecuária que chegou a surpreender em rendas.

Outro caso deu-se nas terras de Magé menos afetada pela crise, que, por 

exemplo, Iguaçu, de seus portos Mauá e Estrela desembarcavam pequenas

embarcações a vapor que escoavam a produção de café vinda da serra. Entretanto,

os dois principais portos na Baixada eram o próprio Estrela e Iguaçu, sendo aquele

mais próximo ao porto do Rio e a serra. Ainda na primeira metade do século XIX

instalou-se em suas terras por iniciativa de D.Pedro I uma fábrica de pólvora

transferida da Lagoa Rodrigo de Freitas e concluída sua construção em 1831 nas proximidades do porto de Estrela. Para seu funcionamento foram adquiridas três

fazendas a da Cordoaria, da Mandioca e do Velasco porque eram abundantes em

mananciais e matas, atendendo a demanda solicitada pela fábrica que mais tarde

abasteceu o exército imperial e os aliados durante a Guerra do Paraguai.

Já na segunda metade do mesmo século tem-se a implantação da indústria

têxtil com as fábricas Pau Grande, Andorinhas e depois no século seguinte a

Fábrica de Tecidos Esther. No caso da fábrica Pau Grande, ela promoveu a

criação de vilas operárias, escolas, igrejas, armazéns e o desenvolvimento de

atividade agrícola.

Em linhas gerais, as últimas décadas do século XIX reservou para a

Baixada Fluminense um período de crise e declínio econômico, mas que teve na

última década em meio a tal fase plantada a semente que ofereceu a área uma

nova etapa de desenvolvimento econômico.

 

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1.3. O último ciclo monocultor e a transição de um espaço predominante

rural para

urbano – conclusão

Os anos noventa do século XIX marcaram o início do cultivo de um

 produto agrícola que proporcionou à Baixada Fluminense, em especial as terras de

 Nova Iguaçu (que englobava ao que corresponde atualmente aos municípios de

Queimados, Belford Roxo, Nova Iguaçu, Japeri, São João de Meriti, Mesquita,

 Nilópolis, Duque de Caxias) um novo desenvolvimento econômico para área.

Tratava-se do plantio, cultivo e o beneficiamento da laranja.

Fatores de ordem geográfica, infra-estrutural e naturais faziam desta área

um lugar atrativo para o desenvolvimento da citricultura.

Geograficamente mais uma vez é apontada a proximidade ao Rio de

Janeiro, ao seu mercado consumidor e ao seu porto. Na questão infra-estrutural é

ressaltado o fato da área ser cortada pelo transporte ferroviário que permitia o

recebimento de mercadorias e matéria-prima, escoamento da produção e acesso

fácil ao porto por meio dos trilhos. Associado a infra-estrutura a presença de

grandes latifúndios decadentes que foram aos poucos retalhados em sítios e

chácaras destinados a citricultura. Houve o interesse político no desenvolvimento

dessa atividade agrícola demonstrada por Nilo Peçanha, então presidente do

Estado e da República em relação ao frete, ao transporte, a conservação da laranja,

como a isenção de direitos aduaneiros sobre frutas entre o Brasil e Argentina. O

mesmo ainda promoveu obras de drenagem e recuperação das regiões pantanosas

  próximas aos rios Iguaçu, Sarapuí, Inhomirim e Pilar, proporcionando a

 proliferação dos laranjais.

Já as condições naturais nas terras de Nova Iguaçu apresentavam-se

favoráveis, com solo do tipo argilo/arenoso, clima quente e úmido, grande parte

do seu território composto pelas abas, encostas e contrafortes da serra de

Madureira e pela região de morros que antecede a serra do Mar, essas encostas

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  possibilitaram o escoamento do excesso de água e a insolação necessária à

qualidade do fruto, ou seja, um quadro natural propício ao cultivo da laranja.

 Numa primeira fase os laranjais se localizaram nas zonas de morros, nos

contrafortes e mesmo nas encostas íngremes da serra de Madureira, porém com a

valorização da laranja, ela começou a lastrar-se pelas baixas colinas e planície

onde loteadores e cultivadores drenaram a planície com a abertura de valetas,

 permitindo a ocupação pelos laranjais.

O plantio da laranja ocorria em pequenas propriedades e como já foi

mencionado anteriormente, as condições fundiárias nas terras de Nova Iguaçu

eram marcada pelos grandes latifúndios decadentes, tornando essas propriedadesalvo de fracionamento por firmas ou seus próprios proprietários na época que a

laranja desencadeava seu desenvolvimento e apogeu, período compreendido entre

1920 e 1940.

O desenvolvimento e crescimento do cultivo da laranja encontraram nos

capitais um fator determinante, associado ao ambiente de incentivo e apoio a

citricultura. A presença dos investimentos dava-se da seguinte maneira, segundo

salienta SOARES:

 

“(...) financiando a constituição de laranjais para obtenção da fruta para aexportação, quer pela compra de grandes áreas para fragmentação evenda, sob a forma de chácaras já plantadas com laranjeiras, quer pelaaquisição e plantio de imensas propriedades com laranjais, quer ainda, pela instalação em certos pontos da região e, principalmente, na cidade,de packing-houses – os barracões – para beneficiamento do produto. Os

  próprios elementos tradicionais do município, possuidores de grandes  propriedades improdutivas, com o êxito da citricultura e, diante dacrescente procura de terras para o plantio de laranjeira, passaram asubdividi-las arrendá-las e, finalmente, eles próprios começaram aconstituir os seus laranjais. (SOARES, op.cit., p.205)

 

Vindas do Rio de Janeiro muitas firmas empreenderam seu capital na

aquisição de grandes extensões de terra que as subdividiam e as arrendavam para

o plantio da laranja, encarregando-se as próprias firmas no beneficiamento e

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exportação, atitude também adotada por alguns proprietários particulares de

terras.

Mediante a multiplicação de propriedades aptas a lavoura citricultora, em

especial entre os períodos de 1920 a 1940, tem-se um aumento populacional na

área rural, decorrente do fluxo de mão-de-obra utilizada, incluindo-se

assalariados, meeiros e lavradores.

Sendo assim Nova Iguaçu (sua área central) tornou-se ao longo do tempo

um posto de concentração, beneficiamento e exportador (graças a presença da

ferrovia) da produção citrícola praticada em suas terras, que corria em várias

localidades como Belford Roxo, Queimados, Nova Iguaçu, Japeri, São João deMeriti, Mesquita, Nilópolis. Devido sua grande extensão territorial, Nova Iguaçu

dividida em distritos não era homogênea, características apontadas no relato de

SOARES:

 

“(...) [Nova Iguaçu] centro administrativo de um município amplo e muitodiversificado, que se compunha de nove distritos: Nova Iguaçu,

Queimados, Cava, São João de Meriti, Bonfim, Xerém, Nilópolis, Duquede Caxias e Estrela. Três áreas com características diferentes podiam ser distinguidas no município. A primeira era construída, aproximadamente; pelos distritos de Cava, Queimados, Xerém e Estrela, compreendendogrande área de relevo acidentado, mas também zonas pantanosas, comvastas extensões recobertas de florestas ou de mangues e fracamente povoadas nas quais predominavam os latifúndios. Outra área, constituída pelo distrito de Iguaçu era intensamente aproveitada para a citricultura;nela a terra estava grandemente fragmentada e apresentava apreciáveldensidade de população. Finalmente, uma área ainda menor, vizinha aoantigo Distrito Federal e constituída pelos distritos de Nilópolis, São Joãode Meriti e Duque de Caxias, se caracterizava por população densa, detipo suburbano, que mantinha relações de trabalho diário com a

metrópole. Tal área já se revelava auto-suficiente em relação à sedemunicipal no setor de comércio (subsistência e primeira necessidade) e deserviço e apresentava, também, incipiente função industrial.” (ibid.,

 p.209)

 

Assim, Nova Iguaçu assume papel de centro beneficiador da laranja,

chegando a beneficiar a produção praticada em Campo Grande, Santa Cruz e

Bangu, e ponto de embarque da maior parte da produção cítrica ao seu redor. Emconseqüência de sua importância, o poder público local e até a iniciativa privada

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investiram na abertura, melhoria e conservação de estradas facilitando várias

 partes de Nova Iguaçu e acesso a área central, tanto para a chegada da produção

laranjeira quanto para uso dos lavradores, moradores que se dirigiam a sede.

Contudo, mais uma vez, o progresso que atingiu Nova Iguaçu e por 

conseqüência grande parte da Baixada Fluminense, não repercutiu de maneira a

  proporcionar especificamente ao distrito de Nova Iguaçu a capacidade de

formação de um núcleo urbano, onde sua área territorial fosse influenciada

efetivamente, caracterizando-se pela diversificação do comércio, proliferação da

indústria, mudança na hierarquização dos centros.

Mesmo toda a riqueza produzida não se reverteu num aumento em área ou população (só acontecendo no campo), isso porque apenas um pequeno grupo

com negócios de arrendamento de terras, beneficiamento e exportação da laranja

residia no município, construindo belas residências e principalmente o papel

  preponderante do Rio de Janeiro nesse ciclo, atuando da mesma forma que

ocorreu no período do café, conforme descreve SOARES:

 

“(...) como o comércio do café, no passado, a laranja traria as maioresvantagens para a própria metrópole, através do movimento de seu porto,do lucro de seus bancos e da riqueza dos exportadores. Nem mesmo sôbretodo o município de que era a sede, Nova Iguaçu pode exercer suainfluência, pois desde cedo, a metrópole lançara seus tentáculos sobre asáreas municipais que lhe eram contíguas, as quais passaram a ter existência quase autônoma, a tal ponto que, com o correr dos anos, setransformariam em outros tantos municípios (São João de Meriti, Nilópolis e Duque de Caxias).” (ibid., p.213)

 

Se na primeira metade do século XX predominava na Baixada Fluminense

a ocupação das suas terras sobre a forma de chácaras, sítios e fazendas com a

 população ocupada no campo direcionada para o plantio e cultivo da laranja, isso

não se caracterizou como um fenômeno unânime. Já desde o final do século

 passado, tem-se o registro de residências localizadas próximas ou ao redor da via

férrea e esse processo ganhou maior destaque no século seguinte, intensificando-

se a partir da sua segunda metade.

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Em terras hoje que pertencem a Duque de Caxias, o primeiro lote data de

1918, este em uma área ao longo da ferrovia, outros são abertos em 1922 dando

origem aos futuros bairros Vila Centenário, Vila Itamarati e Parque Lafaiate.

 Nilópolis também conheceu o início do retalhamento de suas terras pela mesma

época, quando em 1916 João Alves de Mirandela com sua propriedade situada na

 parada ferroviária Engenheiro Neiva (atual Nilópolis) realiza tal feito.

O período compreendido entre 1920 a 1940 representou para área de

desenvolvimento da citricultura sua melhor fase, porém as terras que pouco sua

influência vivenciou foram mais afetadas pelo parcelamento de suas glebas,

 principalmente as mais próximas ao Rio de Janeiro.

Em decorrência do período econômico favorável houveram investimentos

 públicos direcionados para a área, com a expansão do sistema de transporte na

abertura de rodovias no final da década de 20 do século XX, como as: Rodovia

Washington Luiz, a antiga Rio - São Paulo, a Avenida Automóvel Club; expansão

da rede elétrica; implantação do programa de saneamento da Baixada (elaborado

 pelo governo de Getúlio Vargas, em 1934) visando solucionar problemas que

sempre a assolam, possibilitando desenvolvimento dos transportes e ocupação de

terras; além da eletrificação da ferrovia ramal Central do Brasil – Japeri em 1938

até Nova Iguaçu, atingindo Japeri em 1943.

Como todos os ciclos que atingiram a Baixada Fluminense proporcionando

um período de apogeu econômico, a citricultura também encontrou seu declínio e

conseqüentemente sua repercussão negativa na área.

Além de Nova Iguaçu, São Paulo e Campo Grande eram produtores delaranja. A produção citricultora realizada em Nova Iguaçu tinha nos mercados

consumidores da Inglaterra, França, Canadá, Argentina, Suécia, Noruega e

Finlândia seu destino.

 Não obstante este ciclo começou a apresentar os primeiros sintomas de seu

declínio, depois agravado por outros fatos que levaram a decadência do cultivo da

laranja, entrando a Baixada Fluminense numa fase de transição e transformação

desse espaço.

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SOARES (1964) aponta os vários elementos que acarretaram a crise da

citricultura, entre eles foram: o grande abalo sofrido pelas exportações brasileiras

de laranja decorrente da eclosão da 2ª Guerra Mundial, fazendo com que um do

seu principal mercado consumidor, o europeu, não demandasse mais pelo produto,

sobrando apenas a Argentina e o próprio mercado interno; a inexistência de um

grande frigorífico localizado no porto evitando que os frutos estragassem na

espera do transporte e facilitando a exportação, assim como, possibilitando um

maior controle da produção e impedindo que quando ocorresse uma grande oferta

no mercado argentino, não ocasionasse a queda do preço. Contudo, ficou por 

conta dos navios frigoríficos de companhias estrangeiras e transporte da

mercadoria perecível.

Havia problemas no transporte das chácaras produtoras aos pontos de

embarque ferroviário, seja por meio dos caminhões afetados pelo racionamento e

escassez de combustível, encontrando-o no mercado negro com custo crescente,

além do próprio transporte ferroviário já se apresentar deficiente, prejudicando

uma melhor distribuição do produto no mercado interno e mesmo a ampliação do

mesmo.

A eclosão da 2ª Guerra Mundial envolvendo a Europa no conflito e

fatalmente as exportações brasileiras de laranja, por ela ser um dos principais

mercado consumidor brasileiro, aliado aos problemas relacionados à ausência de

investimentos e melhoramento do transporte e armazenamento do produto,

explica, em parte, a crise citricultora alcançando sua decadência e fim.

Em conseqüência do quadro apresentado, SOARES (1964) menciona que

não tardou para que a crise se agravasse surgindo a praga da mosca domediterrâneo, decorrente do apodrecimento das frutas nos pés devido à carência

de transporte e compradores e até o órgão criado carregado de fiscalizar, proteger 

a citricultura demonstrou-se ineficiente e desonesto.

Diante de tal conjuntura os citricultores vivenciaram extremas dificuldades

vinculadas a falta de mercado consumidor; transporte ineficiente e de alto custo;

endividamento; estado precário dos pomares e abandono da limpeza e tratamento

dos laranjais associado ao seu baixo rendimento, que com o lucro obtido não

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cobria as despesas nem o aumento crescente da mão-de-obra utilizada, que via nas

indústrias instaladas no Rio de Janeiro um grande atrativo; e para encerrar em

definitivo o cultivo da laranja, aqueles citricultores que lutaram e resistiram a

crise mantendo seus pomares em boas condições, foram proibidos de exportar o

 produto numa atitude do governo de atender ao mercado interno.

A partir deste momento finaliza-se o ciclo da laranja, iniciando a transição

e transformação do espaço da Baixada Fluminense onde chácaras ou terras

destinadas ao cultivo da citricultura são fracionadas dando lugar a pequenos lotes

residenciais para venda direta ou para construção, venda ou aluguel de casas,

saída adotada por vários citricultores vendo o fim deste ciclo e estando

endividados.

O fim da citricultura repercutiu em definitivo na transformação do espaço

rural em “urbano”, já que o Rio de Janeiro consolida-se mais uma vez na absorção

e influência de sua área contígua.

Essa influência está estritamente relacionada ao processo de

industrialização que atinge o país durante os anos da 2ª Guerra Mundial,

orientando-se para a substituição de importações com a implantação progressiva

das indústrias de bens de consumo durável e bens de capital prosseguindo pelas

décadas seguintes, cabendo a Região Sudeste, principalmente os estados de São

Paulo e Rio de Janeiro, papel concentrador. Esse processo culminou na mudança

da imagem de um país predominantemente agrícola e rural para um país urbano-

industrial, tendo a interferência do Estado como agente estratégico na economia e

em especial em setores de atividades voltadas para a infra-estrutura.

Após o término da 2ª Guerra Mundial intensifica-se a ocupação nas áreas

 próximas ao Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense torna-se alvo da proliferação

de loteamentos e especulações de terra, especialmente onde o plantio de laranja

fazia-se presente mas já não fornecia retorno econômico para os agricultores.

Além do aumento dos loteamentos que ocorre, o final da década 40 do século XX

representa para Nova Iguaçu a perda de território dando origem a três novos

municípios no Estado: Nilópolis, São João de Meriti e Duque de Caxias, que já

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apresentavam a presença de loteamentos de maneira mais acentuada, além de

sofrerem maior influência do Rio de Janeiro.

O grande fluxo de migrantes, principalmente de nordestinos, após a década

de 50 século XX em direção ao Rio de Janeiro, na busca de melhores condições

de vida e oportunidade de trabalho promovida pela industrialização, acarretou na

ocupação da periferia, já que o Rio de Janeiro não apresentou capacidade

suficiente nem tão pouco planejamento para absorver esse contingente

  populacional, associado ao alto custo da moradia imposto pelo mercado

imobiliário excluindo a população de baixa renda, restando a ela procurar as áreas

  periféricas localizadas mais próximas ao Rio de Janeiro, transformando as

mesmas em cidades dormitórios.

É nesse cenário que a Baixada Fluminense se inseri como área de

expansão do Rio de Janeiro, apresentando a proliferação de loteamentos com

 baixo custo da moradia e carência de infra-estrutura na sua grande maioria.

Segundo CARNEIRO (2001), a expansão da periferia se dava com a valorização

dos loteamentos que adquiriam alguma infra-estrutura obtida por meio da

mobilização da população, já que o Estado não demonstrava interesse em

 promover a mesma, com isso os outros loteamentos próximos se valorizavam

atraindo população com poder aquisitivo melhor e os proprietários dirigiam-se

 para áreas mais distantes reproduzindo o mesmo processo.

A integração da Baixada Fluminense ao Rio de Janeiro teve como espinha

dorsal a linha férrea, ramal Central do Brasil-Japeri, ocorrendo uma ocupação

concentrada não se dando o mesmo na Rodovia Presidente Dutra entregue ao

tráfego em 1951. Tal importância da ferrovia pode ser justificada no valor atribuído aos lotes localizados próximos a ela, sendo mais valorizados, devido o

tráfego de trens destinado ao transporte coletivo, levando os trabalhadores

residentes na área ao Rio de Janeiro, local de trabalho. No caso da Rodovia

Presidente Dutra, CARNEIRO (2001) argumenta que a política destinada a esta

rodovia era o transporte de cargas aproveitando o Vale do Paraíba e a

 proximidade com São Paulo; embora existisse poucos loteamentos já era possível

o acesso as terras não atingidas pela ferrovia.

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Assim, o período entre o final da década de 40 até 60 do século XX

caracterizou-se numa expansão urbana acentuada que direcionou-se pelo eixo

ferroviário e deu origem a uma periferia próxima ao núcleo do Rio de Janeiro.

Dados do censo demográfico do IBGE 1950 e 1960 registram esse grande

acréscimo populacional com decréscimo no de 1970, onde merecem ser 

destacados esses números e seus respectivos municípios, conforme tabela 1.

  TABELA 1

População na Baixada Fluminense

Município 1950 1960 1970

Duque de Caxias 92.459 241.026 431.397  Nilópolis 46.406 95.111 128.011  Nova Iguaçu 145.649 356.645 727.140São João de Meriti 76.462 190.516 302.394

  Fonte: IBGE. Censo Demográfico 1950, 1960 e 1970.

 

Se a industrialização provocou um grande fluxo de migrantes para a

capital e os altos preços dos terrenos junto a incapacidade de absorção de todoesse fluxo pelo Rio de Janeiro, destinaram os migrantes para área mais próxima

encontrando disponibilidade de terra farta decorrente do fim da atividade motriz

desenvolvida que era o cultivo da laranja, gerando um período de loteamentos

carentes em infra-estruturas, como a Baixada Fluminense além da especulação de

terras, se enquadrou nesse novo período de transformação para o modelo de

desenvolvimento urbano-industrial.

Dados dos censos industriais do IBGE 1960, 1970 e 1980 apresentam as

décadas sucessoras ao fim da agricultura como atividade econômica predominante

e referente ao processo de industrialização que se realiza no país e nas várias

unidades estaduais. No nosso caso específico, a Baixada Fluminense, no estado do

Rio de Janeiro, é caracterizada pela presença de estabelecimentos industriais

ligados aos gêneros de minerais não metálicos; metalurgia; mecânica; material

elétrico e de comunicações; material de transporte; madeira; mobiliário, papel e

  papelão; borracha; química; farmacêutico, perfumaria; produtos de material

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 plástico, têxtil; vestuário, calçado e artefato de tecidos; produtos alimentares,

editora gráfica e outras.

Todos esses gêneros apresentam aumento na quantidade de novos

estabelecimentos na Baixada Fluminense, com destaque para metalurgia; material

elétrico e telecomunicações; material de transporte; mobiliário; química; produtos

de material plástico; têxtil; vestuário, calçado e artefatos de tecidos; produtos

alimentares e editora gráfica. Os municípios mais abrangidos pelos gêneros

industriais descritos foram Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti e

em menor destaque Nilópolis e Magé.

Mesmo registrando atividades industriais diversificadas, a BaixadaFluminense configurou-se em relação ao Rio de Janeiro como área de influência

onde sua população recorria em busca de emprego, serviços públicos gratuitos,

lazeres insuficientes na sua área de origem.

Como já mencionado, a segunda fase da industrialização brasileira que se

concentrou na Região Sudeste com peso maior em São Paulo, depois Rio de

Janeiro, neste não se disseminou em todo seu território, culminou com a adoção

de uma política de criação de distritos industriais com o objetivo de descentralizar 

a atividade industrial existente, onde diversos estados abraçaram, isso na década

de 70 do século XX.

Essa política de caráter nacional foi aderida pelo Estado do Rio de Janeiro

e dois municípios da Baixada foram contemplados, Duque de Caxias e Nova

Iguaçu em fins da década de 70 do século XX. Novo Iguaçu composto pelos

setores de material elétrico, metalúrgico e mecânico e Duque de Caxias os ramosquímico, mecânico e metalúrgico, município este que na década de 50 do século

XX recebeu uma refinaria de petróleo REDUC (Refinaria Duque de Caxias).

Apesar do processo de industrialização, o Estado foi perdendo seu posto de

2ª economia do país, cujo modelo de desenvolvimento estava calcado no “Estado

dependente” (FIRJAN, 2002) devido a cidade do Rio de Janeiro ter sido a capital

do país até 1960 onde foram instaladas sedes de várias empresas estatais ou

órgãos federais, como BNDES, PETROBRAS, Companhia Siderúrgica Nacional

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(CSN). O fator determinante para perda desse posto foi a indefinição de um

modelo de desenvolvimento para sua economia.

Em linhas gerais, a partir da segunda metade do século XX a Baixada Fluminense

exerce um papel de periferia e área de expansão da cidade do Rio de Janeiro. Aocontrário do que ocorreu nos séculos anteriores, em que sua vida econômicaestava mais direcionada as atividades que atendiam a demanda externa como ocultivo cana-de-açúcar, mineração servindo suas terras de caminho as áreas deexploração em Minas Gerais e a citricultura. Porém, todas essas fases não

 proporcionaram o desenvolvimento da área e de sua população, embora sua posição geográfica tenha sempre sido privilegiada, o que retrata a ausência deuma política de desenvolvimento econômico planejada pelos governos visandoestimular e aproveitar seu potencial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

CARNEIRO, Sergio Arthur Trindade. Os (des) caminhos do migrantenordestino em

Nova Iguaçu (RJ): de uma periferia a outra . Niterói. Monografia deconclusão de

graduação em Geografia.UFF, 2001.

LAMEGO, Alberto Ribeiro. O homem e a Guanabara. 2. ed. Rio de Janeiro:IBGE, 1964.

PERES, Guilherme. Tropeiros e viajantes na Baixada Fluminense. Rio deJaneiro:

Gráfica Shaovan Ltda, 2000.

POLYDORO, Leonardo. Nova Iguaçu: uma nova identidade territorial?. Niterói

. Dissertação de Mestrado em Geografia. UFF, 2002.

SOARES, Maria Therezinha de segadas. Nova Iguaçu: absorção de uma célulaurbana

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pelo grande Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Geografia. Ano24, n.2, p.157-241,

abr.-jun.1952.