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1 GESTÃO DO CONHECIMENTO DA INFORMAÇÃO * Tania Rodrigues Mendes Agente Técnico Legislativo/Departamento de Comissões/SGP – Coordenadora do Comitê Executivo do Projeto Portal da ALESP (Ato nº05/2005 da Mesa). e-mail: [email protected] 1. INTRODUÇÃO Este trabalho não se propõe esgotar o tema ou explicar, detalhadamente, todos os conceitos, práticas, ferramentas e técnicas desenvolvidas pela teoria das organizações, disponíveis para a gestão do conhecimento, da informação e do capital intelectual. Procura esclarecer como esse tipo de metodologia e de ação emerge histórica e socialmente, e iluminar o lugar desse processo no campo das políticas públicas, destacando os elementos prioritários para aqueles que se interessem pelo estudo do tema. Objetiva, assim, apresentar o referencial conceitual básico, indicar processos e instrumentos de desenvolvimento e aplicação, seu contexto histórico, social e político (ambiente), os principais atores e as condições de aplicação, visando a destacar a importância estratégica da informação e do conhecimento para o processo legislativo. Para entender o que é Gestão do Conhecimento e da Informação é necessário saber o que é conhecimento, o que é informação. Antes de se transformar em objeto de estudo das ciências sociais e da teoria das organizações e, recentemente, em objeto da preocupação dos gestores de empresas, o conhecimento sempre foi uma questão central para a filosofia, que lhe dedica todo o campo da teoria do conhecimento. _____ * Texto elaborado em 01/01/2006, originalmente, para subsidiar discussões e deliberações do Comitê Executivo do Portal da ALESP, reunindo os conteúdos da palestra proferida no Seminário do INTERLEGIS e da aula ministrada em 15/12/2004, no ILP. Adaptado e atualizado em 04 de maio de 2009. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

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GESTÃO DO CONHECIMENTO DA INFORMAÇÃO * Tania Rodrigues Mendes Agente Técnico Legislativo/Departamento de Comissões/SGP – Coordenadora do Comitê Executivo do Projeto Portal da ALESP (Ato nº05/2005 da Mesa). e-mail: [email protected]

1. INTRODUÇÃO Este trabalho não se propõe esgotar o tema ou explicar, detalhadamente,

todos os conceitos, práticas, ferramentas e técnicas desenvolvidas pela teoria das organizações, disponíveis para a gestão do conhecimento, da informação e do capital intelectual.

Procura esclarecer como esse tipo de metodologia e de ação emerge histórica e socialmente, e iluminar o lugar desse processo no campo das políticas públicas, destacando os elementos prioritários para aqueles que se interessem pelo estudo do tema.

Objetiva, assim, apresentar o referencial conceitual básico, indicar processos e instrumentos de desenvolvimento e aplicação, seu contexto histórico, social e político (ambiente), os principais atores e as condições de aplicação, visando a destacar a importância estratégica da informação e do conhecimento para o processo legislativo.

Para entender o que é Gestão do Conhecimento e da Informação é

necessário saber o que é conhecimento, o que é informação. Antes de se transformar em objeto de estudo das ciências sociais e da

teoria das organizações e, recentemente, em objeto da preocupação dos gestores de empresas, o conhecimento sempre foi uma questão central para a filosofia, que lhe dedica todo o campo da teoria do conhecimento. _____ * Texto elaborado em 01/01/2006, originalmente, para subsidiar discussões e deliberações do Comitê Executivo do Portal

da ALESP, reunindo os conteúdos da palestra proferida no Seminário do INTERLEGIS e da aula ministrada em 15/12/2004, no ILP. Adaptado e atualizado em 04 de maio de 2009.

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2. O QUE É CONHECIMENTO – VISÃO GERAL

Dependendo da abordagem, há várias definições para este conceito. Porém, apenas para atender aos objetivos da nossa aula, podemos definir conhecimento como:

A apropriação do objeto/realidade pelo pensamento, independente da forma como ocorre essa apropriação, seja como definição, como percepção clara, apreensão completa, ou análise, seja como reflexão consciente. Funda-se nas relações entre sujeito e objeto, pessoa e natureza, entendida esta como tudo que não seja o pensamento humano. (1)

É um fenômeno, exclusivamente, humano que pressupõe a existência de um sujeito pensante. Não existe conhecimento sem pessoas e sem uma realidade com a qual elas se relacionam através das suas percepções.

Embora seja concreto (2), é intangível, no sentido de não ter materialidade para nossos sentidos, ser intátil, exceto quando se traduz em produtos de conhecimento, tais como documentos, dados, instruções, normas técnicas, bases de dados, sistemas de informação, softwares, etc. É uma reflexão que só se materializa em produtos de saber. 2. 1. Do senso comum à consciência reflexiva.

O conhecimento é alimentado e fortalecido pela educação e pela escolaridade, mas existe independente delas, à medida que a apropriação da realidade pelo pensamento é essencial no ser humano.

Todavia, há diferentes estágios nessa relação sujeito/objeto, nesse processo de apreensão da realidade pelo pensamento, que variam entre o que podemos denominar de senso-comum e a consciência reflexiva, transitando, ainda, pelo conhecimento científico. (3)

O senso-comum pode ser caracterizado pelo saber que temos dos fenômenos sem que saibamos explicar os seus processos, os elementos determinantes, ou os impactos de sua existência.

Não dá conta de explicar a complexidade do objeto apropriado e, simultaneamente, dos processos mentais aplicados nessa apropriação. Porém, essas características não lhe tiram importância.

A consciência reflexiva, também equiparada por algumas abordagens ao conhecimento científico ou conhecimento “strictu sensu”, é aquela que, absorvidos dados e informações da realidade, consegue explicitar a essência dos fenômenos, dar conta da complexidade e relações com o contexto em que se manifesta e, ainda, perceber que elabora uma construção mental, um conceito, sobre a realidade e que com esta não se confunde. Explica a coisa e, simultaneamente, é capaz de explicitar o método adotado para fazer isso. Sabe que está pensando e construindo conhecimento.

É importante ressaltar que esse movimento do pensamento humano e do conhecimento, entre o senso-comum e a consciência reflexiva, não é um processo linear e contínuo, numa única seqüência evolutiva, histórica ou pessoal. Pelo contrário, ocorre a cada nova apropriação do objeto pelo pensamento. Ou seja, a mesma pessoa capaz de analisar um fenômeno no nível da consciência reflexiva, pode se apropriar de outros no nível do senso-comum.

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Essa característica determina, em parte, a definição da gestão do conhecimento e do capital intelectual como forma de potencializar os processos de reflexão que agreguem valor econômico aos produtos e serviços. 3. DADOS, INFORMAÇÕES SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO, INTELIGÊNCIA.

O conhecimento é exclusivo da pessoa, porém não é uma simples

absorção e armazenagem de dados e informações na memória, implica reflexão desse sujeito, exige elaboração mental transformadora que se utiliza de dados, documentos, informações e sistemas de informações.

Dados são registros do saber sobre fenômenos e fatos que não têm

significado inerente e estão armazenados em documentos. Representam fatos, conceitos, instruções, séries numéricas, passíveis de

interpretação e processamento. Documento é qualquer base que dê suporte aos conteúdos de saber e

sirva de referência para a sua recuperação num acervo. É todo o objeto, prática, etc, capaz de reter e transmitir conteúdos de saber e que seja rastreável para a localização de informações nos acervos ou bases de dados digitais.

Informação é uma relação entre a necessidade de saber de um sujeito e a

possibilidade dessa necessidade ser atendida pelo conjunto de dados acumulados em acervos, unidades ou sistemas de informação. É qualquer tipo de dado, ou de conteúdo, desde que satisfaça uma determinada necessidade de saber emanada de um sujeito.

Possui significado, relevância e propósito. É o receptor, e não o emissor, quem define se o conteúdo emitido é ou não uma informação.

É, portanto, algo relativo, pois o que seria relevante para o processo educacional, por exemplo, pode não o ser para a decisão de investir recursos no mercado de capitais.

Para a Ciência da Informação é a medida da redução da incerteza sobre um determinado estado de coisas.

Informação estratégica é aquela que permite identificar, dentro do conjunto

de informações em processo, o elemento determinante, o rumo histórico, a tendência, a missão e os eixos a reforçar para a consecução de objetivos ou, ainda, configurar o fator permanente. É a informação que alimenta e potencializa a ação na práxis política e social.

Sistema de Informação é o elemento mediador entre produtos de

reflexão/ação e os processos de reflexão/ação, dos usuários, não se confundindo com “arquivo”, estoque de documentos ou o “corpus” de dados, que são a sua base de sustentação. É uma “engenharia de tráfego” entre o saber acumulado e as necessidades dos sujeitos pensantes.

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Porém, nada disso em si é conhecimento, pois ele exige uma pessoa, um sujeito apropriando-se desses recursos, elaborando novidades sobre eles, aplicando-os de maneira consciente, refletindo e produzindo novos saberes, dados, documentos e informações (produtos de reflexão), que irão alimentar outros processos de reflexão.

O conhecimento, portanto, reside no usuário das informações e dos

documentos (digitalizados ou não) e não nos acervos, textos, soluções tecnológicas e bases de dados. É como o sujeito/usuário reage às coleções de documentos e de informações que importa. É esse processo que é o objeto da gestão do conhecimento, que a determina e a caracteriza como atividade não passível de ser realizada por terceiros que não a própria organização.

Para produzir informação a partir de dados, a pessoa processa esses

dados e os transforma em informação aos lhes dar sentido. O sujeito produz conhecimento avaliando as informações, apropriando-se delas e relacionando-as com o conhecimento que já detém, adquirido principalmente através da aprendizagem.

Mediante a síntese, na qual a experiência é fundamental, a pessoa produz inteligência ou informação estratégica.

Inteligência é a habilidade de um indivíduo e, por extensão de uma

organização ou país, de adquirir novas informações e conhecimentos, fazer julgamentos, adaptar-se ou modificar o ambiente, desenvolver novos conceitos e estratégias e agir de modo racional e efetivo com base em informações. (4)

4. A DESCOBERTA DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES: CONTEXTO HISTÓRICO

Nas primeiras décadas do século XX, a industrialização desenvolveu a

chamada produção em escala e linhas de montagem, cujo paradigma mais explícito é a indústria automobilística. (5)

A maioria das organizações era estruturada, então, segundo conceitos burocráticos, envolvendo cadeia hierárquica de comando, especialização por função, procedimentos padronizados, promoção baseada em competência técnica.

Esse modelo foi imprescindível num ambiente de produção onde o trabalho mais adequado era o repetitivo, porém está sendo superado pela aceleração da produção de valor, os processos de circulação e de produção de riqueza e, ainda, pela exacerbação da competitividade do mercado.

A crescente busca por produtividade, lucratividade e competitividade, estimula o desenvolvimento constante e acelerado de novas tecnologias, especialmente de tecnologias da informação e comunicação - TIC.

Os modelos de organização da produção transitam, então, entre o paradigma fundado na ordenação lógica das coisas tangíveis, para aquele fundado na articulação inteligente das informações e do conhecimento das pessoas sobre as coisas, para a lógica dos processos intangíveis e para a economia das idéias. Da prática no manuseio físico da produção, para a “práxis” (ação informada por reflexão prévia) que envolve a aplicação da reflexão/conhecimento na produção de valor econômico. (6)

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Esse processo significa, ainda, transitar do material, a coisa tangível, para o virtual, a idéia, a imagem, o conceito, o símbolo ou o índice da coisa, que se torna viável com o emprego das TIC.

Essa mudança de centralidade, do objeto produzido ou fornecido para o sujeito produtor, começa a modificar as práticas voltadas aos empregados das organizações que passam a considerar a individualidade dos sujeitos, transitando da gestão de recursos humanos, para a gestão de pessoas/colaboradores e, nas organizações mais modernas, para a governança corporativa.

O trabalhador deixa de ser visto como portador de força de trabalho a ser adquirida, gerando custos, e passa a ser visto como criador/portador de conhecimento a ser utilizado, gerando receitas.

O paradigma da produção fundado no conhecimento, que se cria com base no uso de dados e informações, impõe a necessidade de organizar o trabalho por fluxos de transferência de informações e de conhecimento entre as pessoas (wokflow), dar transversalidade aos processos, relativizando a hierarquia organizacional.

As TIC e as redes de computadores permitem representar simbolicamente a produção econômica, transformando essa informação em impulso eletrônico (revolução dos semicondutores), descolando esse fluxo simbólico/virtual da economia do fluxo material da produção física/real.

Assim, torna-se possível criar e gerir as relações desse processo, que se manifestam na mente das pessoas, para além da simples gestão das coisas físicas produzidas. Esse fenômeno é chamado de nova economia ou economia das idéias e informações. (7)

A elaboração das normas de qualidade, que nascem do chão das fábricas e consolidam o saber dos trabalhadores, capturando e compartilhando os sistemas de melhores práticas e priorizando a noção de processo, faz parte dessa transição para o novo paradigma de produção, que caracteriza a economia das idéias.

Esses movimentos transformadores realimentam o desenvolvimento das TIC que, por sua vez, re-acelera o processo por viabilizar a administração da produção a partir da representação virtual de seus componentes e elementos, traduzidos em informações, bases de dados, etc, descolando-se de sua presença física tangível.

Isso é bastante visível no caso da circulação da mercadoria dinheiro. Hoje o dinheiro/moeda, mais que materialidade, é uma informação. A sua circulação é feita pelos registros contábeis e financeiros de seus fluxos nas redes informatizadas mundiais.

Essa revolução corresponde ao advento da sociedade informacional (8), onde os fluxos mundiais de transferências de informações caracterizam uma globalização de novo tipo.

Com o advento da sociedade informacional, as TIC deixam de ser simples ferramentas a serem aplicadas, ou serviços a serem adquiridos de terceiros, e passam à condição de processos estratégicos a serem governados e desenvolvidos como foco das organizações, inclusive como forma de registrar o saber (conhecimento tácito) dos trabalhadores, através do desenvolvimento de softwares especialistas.

4.1. Sociedade informacional.

Na sociedade informacional em rede, no conceito de Castells (8), o que conta

é a capacidade de se apropriar de saber e de informações, de utilizá-los, de tomar

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iniciativas, de apontar alternativas viáveis para resolver problemas ou para equacionar situações estratégicas.

Nela há a hegemonia de uma forma específica de organização social em que a geração, o processamento e a transmissão da informação tornam-se fontes fundamentais de produtividade e poder devido às novas condições tecnológicas.

Algumas de suas principais características são a lógica de estrutura em redes, o descolamento entre o real e o virtual e a apropriação da inteligência e do raciocínio humanos como componentes essenciais do processo produtivo. O processo de produção resulta da aplicação, produtiva e sistemática, de informações e conhecimento.

As TIC desempenham, nesta revolução, papel equivalente ao desempenhado, na primeira revolução industrial, pelo domínio das fontes de energia e pela implantação da produção em massa.

O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é apenas a centralidade do conhecimento e da informação, mas a aplicação sistemática desse conhecimento e dessa informação para a geração de novos conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicação de informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso.

Assim, se para a linha de montagem, fundada na organização das coisas, o melhor trabalhador era equiparado a um “macaco amestrado”, do qual se exigia treinamento específico, pouca reflexão, condicionamento na repetição precisa de movimentos físicos, determinados pelas formas de operação de máquinas, na produção alicerçada na geração e aplicação de conhecimento exige-se capacidade de reflexão para a apropriação de todo o processo de produção no qual cada indivíduo está participando.

Para tanto, a inteligência e o raciocínio humanos (o conhecimento) passam a compor, intrinsecamente, os processos produtivos (organizados com fulcro na transferência de informações) como insumos básicos e ativos estratégicos.

4.2. A necessidade de gerir o conhecimento.

É essa situação histórica, econômica e social que faz emergir, como área de atuação explícita dos administradores, a gestão do conhecimento. Como decorrência, a supervisão, direção e outras posturas centralizadoras e controladoras da produção de coisas, especialmente nas grandes corporações, perdem importância. A nova realidade exige supervisores capazes de articular equipes, admitir e potencializar as diferenças entre as pessoas e gerir as relações entre seus colaboradores.

Por conseqüência, embora o estudo do conhecimento como fenômeno remonte à antiguidade e seja um extenso campo de reflexão da filosofia, sociologia, antropologia, psicologia, e todas as demais ciências humanas, a novidade (o conhecimento novo) posta pela teoria das organizações é a sua apropriação como objeto de gestão, visando à produção de mercadorias e serviços, à acumulação econômica e a maximização do lucro no setor privado ou da qualidade de ação no setor público.

A novidade aqui é o termo gestão, que define o olhar (e o lugar) do sujeito imerso na práxis produtiva econômica sobre o objeto conhecimento.

A mudança, do paradigma industrial para o paradigma do conhecimento, tem reflexos na transformação das práticas de gestão de recursos humanos, inclusive quanto à escolaridade, idade dos trabalhadores, carreiras, tempo de permanência, processos de

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captação e manutenção de saberes, desembocando nas chamadas “universidades corporativas” e organizações aprendizes. (09)

Alguns sintomas dessa transformação, desse trânsito das empresas do

paradigma industrial para o paradigma informacional/conhecimento seriam: (10) a) terceirização da produção e primarização nas atividades intelectuais; b) pessoas, antes vistas como recursos humanos ou custos, passam a ser

vistas como geradoras de receitas e capital; c) substituição da supervisão hierárquica gerencial, pelo apoio e liderança de

equipes; d) transformação da informação de instrumento de controle em ferramenta de

trabalho e a conseqüente classificação das TIC como processo estratégico a ser primarizado;

e) por conseqüência, a área de TIC deixa de ser vista como objeto de terceirização e passível de aquisição com base exclusiva na contratação de serviços de terceiros;

f) a produção deixa de fundar-se nos trabalhadores físicos (processam recursos físicos em produtos tangíveis) e passa para os trabalhadores do conhecimento (processam conhecimento em produtos com valores intangíveis);

g) o conhecimento deixa de ser visto como ferramenta (adquirir conhecimento sobre algo através de treinamento e capacitação em aplicativos) e passa a incluir o foco empresarial (incentivar, apoiar, gerir e reter a criação endógena de conhecimento e captar das fontes exógenas), relativizando a importância rígida da escolaridade e capacitação técnica especializada;

h) priorização da gestão por processos e projetos. “O conceito de gestão do conhecimento não é novo, pois há séculos

proprietários de negócios vêm passando a sua sabedoria comercial para os sucessores. Novo é reconhecer o conhecimento como ativo corporativo. Somente nos anos 90 as empresas passaram a se preocupar formalmente com isso, não apenas porque as economias têm se descolado dos recursos naturais para os ativos intelectuais, mas também porque avanços na TI permitem codificar, armazenar e compartilhar alguns tipos de conhecimento de forma fácil e barata como nunca foi possível.”

(...) “A caracterização como recurso estratégico e a percepção de sua importância

essencial ao processo produtivo vem transformando o conhecimento no principal ativo das organizações.” (10)

Se, como diz Castells (8), pela primeira vez na história a mente humana, capaz

de reflexão e de conhecimento, é uma força direta de produção, um insumo estratégico, cria-se para as organizações a necessidade de assumirem, no âmbito das técnicas administrativas, os desafios de produzir, acumular, preservar, manter, conquistar, fazer circular e aplicar o conhecimento. Para isso, ele é apropriado no campo de reflexão da teoria das organizações, como capital intelectual.

As organizações típicas da economia das idéias, não contratam “trabalhadores” e sim colaboradores que devem estar bem preparados por educação de

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qualidade e maior tempo de escolaridade. Isso é um dos fatores recolocam a educação como política pública estratégica e diferencial de competitividade entre países.

5. CARACTERIZAÇÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES

Na sociedade informacional, globalizada e competitiva, o sucesso de uma instituição está fortemente condicionado pela qualidade do conhecimento que ela aplica a seus processos corporativos e empresariais.

Esses ativos intangíveis de conhecimento estão presentes por toda a organização, na mente das pessoas e registrados em documentos, manuais, normas técnicas, softwares especialmente desenvolvidos.

Assim, quanto maior a compreensão e a capacidade de uma organização coletar, armazenar, criar, distribuir, sedimentar e gerar conhecimento e, ainda, de bem governar o seu capital humano/intelectual, mais eficaz será o desenvolvimento de seus objetivos estratégicos, do foco econômico, ou do seu papel político e social, tanto no setor privado quanto no setor público.

Segundo Drucker “O conhecimento é a informação que muda algo ou alguém – tanto pode transformar-se em base para a ação ou por fazer um indivíduo ser capaz de ações diferentes e mais efetivas.” (11)

Reside na pessoa, porém não é simples absorção de dados, implica elaboração mental e reflexão transformadora. Pressupõe inteligência. (4, 10)

É uma mistura de experiência, valores, informação contextual e insight que proporciona uma base para avaliação de novas experiências e de informações para a tomada de decisões e ações. (4, 10, 11)

No discurso da Teoria das Organizações, os trabalhadores deixam de ser

definidos como recursos humanos/horas trabalho físico alocadas na produção de bens físicos, como custos e despesas, e passam a ser conceituados como pessoas, com razão e emoção, portadoras de conhecimento, capital humano e intelectual.

O conhecimento, portanto, reside no usuário das informações e não nos arquivos, bases de dados, acervos ou documentos. É como o sujeito/usuário reage às coleções de documentos e de informações que importa.

De modo geral, pode ser classificado como explícito (tenho consciência do que sei e do que me falta conhecer) e tácito (não tenho consciência do que sei e do que me falta saber, mas tenho conhecimento e o aplico).

O conhecimento está no topo de uma escala de valores que vai da baixa à alta abstração. É o ápice de uma hierarquia que se inicia com dados, processados e transformados em informações através de análise, que são base para a geração do conhecimento como resultado da aplicação da inteligência de cada pessoa. (4)

Esse conhecimento é dinâmico, modificando-se constantemente na interação com o ambiente, num constante processo de aprendizagem, produzindo a inteligência organizacional que transforma a informação em oportunidade, em conhecimento contextualmente relevante e que permite atuar com vantagem num ambiente competitivo.

No ambiente corporativo, são componentes básicos do conhecimento do sujeito:

a) Experiência, que é adquirida com o tempo;

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b) Compreensão da complexidade: que é a capacidade de estabelecer relações, de enxergar para além da visão imediata, visualizando o fenômeno em seu contexto e em movimento;

c) Discernimento: capacidade de analisar e entender novas situações e informações à luz do já conhecido;

d) Intuições: conhecimento sem auto-consciência ou racionalização; e) Estabelecer normas práticas: capacidade de construir atalhos para a

solução de problemas práticos análogos a outros anteriormente desvendados; f) Valores e crenças: determinam, em parte, aquilo que o sujeito vê, absorve e

conclui. (15) O conhecimento deriva das informações, e a transformação pode ocorrer

através de: a) Comparação: comparar informações sobre uma situação com outras já

conhecidas, realizando analogias; b) Análise, avaliação, elaboração e conclusão: distinguir quais conseqüências

as informações trazem para as decisões e ações e serem empreendidas, distinguir hipóteses de soluções e saber formular problemas;

c) Conexões e relacionamento com o conhecimento acumulado: descobrir quais as relações deste novo conhecimento e aquele acumulado;

d) Compartilhamento/Conversação: observar o que as outras pessoas pensam desta informação e como reagem a elas;

e) Síntese: envolve o aprendizado, o reaproveitamento do conhecimento acumulado, a interação constante com o ambiente (rede de saber) e a experiência do sujeito.

Essas atividades acontecem na mente das pessoas e no contato entre elas, em muito casos, auxiliadas e alavancadas pelas TIC.(4, 10)

Todas as competências e saberes das pessoas, técnicos ou não, são tratados

como conhecimento e podem ser relevantes para a organização. Isso ocorre porque o conhecimento tácito, é um capital intelectual tão

importante (ou as vezes até mais importante) quanto o conhecimento explícito para a geração do novo conhecimento, de lucro e para agregar valor aos produtos ou serviços.

Decorre desse contexto que é característico das modernas organizações a preocupação com o pensamento das pessoas e as condições para que sua reflexão resulte em acumulação acelerada de “capital intelectual e dos ativos intangíveis”.

É apropriação e geração de valor configura o conhecimento das pessoas que compõem uma organização como seu capital intelectual, compondo seus ativos intangíveis que, somados ao valor contábil de uma empresa, representa hoje o seu valor de mercado.

O capital intelectual de uma organização pode então ser definido como o conjunto de conhecimento e informações que uma instituição possui e que é colocado, ativamente, a serviço da realização de seus objetivos, reunindo:

a) o capital humano - conhecimento e competência das pessoas; b) o capital estrutural - ferramentas e bases de dados que alavancam o

conhecimento das pessoas, especialmente, as TIC; c) o capital externo - conhecimento captado nos relacionamentos externos às

organizações e sua imagem institucional. (4, 10, 12, 13, 14, 16)

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Para alguns autores, a estrutura física das empresas é, atualmente, apenas suporte para a sua verdadeira natureza, que é definida como seu capital intelectual. No limite, uma empresa moderna continuaria existindo e sendo valiosa sem prédios e outros ativos tangíveis e operacionais, desde que mantivesse seu grupo de trabalhadores, seu capital intelectual e seus ativos intangíveis. Mas deixaria de existir se o inverso acontecesse.

Para dar conta de aproveitar e potencializar esse capital e obter dele a máxima

lucratividade, as organizações de ponta institucionalizam e organizam os processos de gestão do conhecimento e da informação.

Nas organizações que praticam a sua gestão, o conhecimento é, no limite, o processo de criação coletiva do conjunto dos seus trabalhadores/fornecedores/clientes, que resulta em acumulação de valor econômico e pode gerar receitas e lucros.

Se informação é poder, conhecimento é capital. Sem ele, na sociedade informacional, o poder de uma organização, pública ou privada, se esfacela, não responde estrategicamente nas relações com o ambiente externo, sejam comerciais, de mercado, políticas ou institucionais, apresentando dificuldades de se atualizar para enfrentar os desafios e os embates na sociedade.

Porém, esse capital precisa ser constantemente aplicado e investido em novos processos de produção, pois conhecimento não utilizado transforma-se em “arquivo morto” e, diferentemente do capital financeiro que diminui quando dividido, se não for compartilhado não cresce e se atrofia. 6. O QUE É GERIR CONHECIMENTO

“Processo que busca a organização da “expertise” coletiva da instituição,

em qualquer lugar em que se encontre, e a sua distribuição para onde houver maior retorno” (4)

(...) “Processo sistemático, articulado e institucional, apoiado na identificação,

geração, compartilhamento e aplicação de conhecimento organizacional, com o objetivo de maximizar a eficiência e o retorno sobre os ativos de conhecimento da organização. (4)

Em decorrência, gestão do conhecimento é gerir o saber das pessoas da

organização, os seus talentos, as suas experiências, articulando-os e potencializando-os, utilizando-se para tanto de TIC adequadas às suas características e não às características dos produtos deste saber, tais como documentos.

Não se reduz a sistemas de registro, de digitalização de documentos ou constituição de bases de dados que organizam os produtos de conhecimento, embora deles faça uso. Também não se equipara a uma solução automatizada para controlar o fluxo das coisas e documentos.

Caracteriza-se, essencialmente como um processo que (...) “busca

identificar as competências coletivas e individuais na organização e fora dela, que possam auxiliar na consecução das suas atividades principais. Ele estimula a troca de informações entre grupos distintos, proporciona ambiente para a geração de

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conhecimento multidisciplinar e facilita ao parlamentar identificar os recursos humanos e de informação para atender as suas necessidades de trabalho. A gestão do conhecimento pode facilitar enormemente o trabalho da consultoria legislativa e das assessorias parlamentares, na medida em que estimula a criação de redes de interesse e redes de competências em diversas áreas do conhecimento. Estas redes podem trazer novos subsídios para o desenvolvimento dos trabalhos e melhoram a eficiência dos profissionais que delas participam e melhoram a qualidade dos produtos gerados.” (15)

Os sistemas de informações e as soluções de TIC são elementos para

potencializar e alavancar esses componentes e devem se subordinar a eles e não lhes impor a sua própria lógica de produto de informática.

Gestão do conhecimento é, portanto, uma coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização de conhecimento nas organizações, englobando, dentro de cada uma delas, a gestão das informações, documentos e dados, bem como a tecnologia da informação. Diferentemente da gestão das informações, assume a organização dos processos de reflexão dos sujeitos que atuam na instituição. É um projeto que exige a mobilização das mentes dos trabalhadores da organização. (4, 10, 16)

Compreende a articulação dinâmica entre pessoas/conteúdos/comunicação, realizada, entre outros, através de um conjunto de decisões, funções, fluxos, regras, normas, procedimentos e funcionalidades, manuais e informatizados, permitindo a realização de um ciclo de produção, de bens e serviços, de forma desconcentrada (hierárquica e espacialmente), descentralizada e compartilhada, com distribuição de responsabilidades entre os sujeitos nele envolvidos (matriz de responsabilidades).

Está diretamente vinculada à consecução dos objetivos estratégicos de cada organização. Por isso, é um processo, avançado, de assessoria e tomada de decisões, que emerge em função das características da sociedade informacional, racionalizando e otimizando as competências disponíveis.

É mais abrangente que a gestão de informações porque assume a necessidade de administrar os processos de saber e de reflexão que acontecem na mente dos sujeitos, que usam dados, informações e suas capacidades, maiores ou menores, de produzir conhecimento.

Gestão do Conhecimento e sedimentação do capital intelectual não se

caracteriza como um projeto de informática ou uma “solução de inovação tecnológica” de TIC, passível de ser terceirizada e desenvolvida como produto. Pelo contrário, um dos indicadores da qualidade da gestão do conhecimento e do capital intelectual por uma organização é o seu grau de primarização, já que a gestão do conhecimento é atividade de caráter continuado impregnada no cotidiano das organizações. (8)

6.1. Modelos e processos

Há vários modelos e processos para a gestão do conhecimento que

apresentam alguns elementos comuns, pressupondo, sempre, a elaboração de um projeto estratégico global e claramente institucionalizado, implicando ações de:

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a) identificação das necessidades, visando a verificar quais informações e competências são consideradas críticas para o sucesso da organização e qual o conhecimento que lhe é essencial;

b) mapeamento das fontes, competências e do saber disponível na organização, bem como das lacunas críticas, visando a identificar e colocar em contado os portadores de conhecimento, tais como especialistas, filtradores, fornecedores de informação nas redes informais de conhecimento, documentos, acervos e, ainda, promover a necessária integração das bases de dados e dos sistemas de informação, resultando no mapa do conhecimento;

c) captura – processo de aquisição de conhecimento, habilidades e experiências necessárias para criar e manter as competências essenciais para a organização nas áreas mapeadas, especialmente, entre os próprios empregados, envolvendo o desenvolvimento de softwares especializados, registradores e tradutores;

d) seleção e validação de modo a filtrar e avaliar o conhecimento capturado; e) organização e armazenagem para garantir a recuperação rápida, fácil,

correta, em qualquer ponto e a qualquer tempo, do conhecimento acumulado e em processo de elaboração, constituindo também a memória corporativa e buscando, ainda, facilitar a localização, disponibilização e uso desse conhecimento, envolvendo atividades dirigidas a produção de inteligência e adotando/desenvolvendo ferramentas de TIC, tais como, “data warehousing”, “data mining”,bases de dados, GED – Gestão Eletrônica de Documentos, Gestão Eletrônica de Conteúdos;

d) distribuição/compartilhamento, significa disponibilizar o conhecimento para uso na hora em que se fizer necessário, na oportunidade que sua aplicação é requerida, pois seu valor estratégico está, indissoluvelmente, ligado à sua aplicabilidade em tempo real e oportuno, envolvendo atividades de compartilhamento, definição, operação e controle de fluxos de conhecimento e ação, alertas e comunicação sistemática sobre novos conhecimentos, disseminação seletiva de informações, interatividade, adotando/desenvolvendo ferramentas de TIC voltadas para o compartilhamento, tais como, videoconferências, correio eletrônico, redes de interesses, portais corporativos, Intranet/Internet, “groupware”, workflow, sistemas de notificação automática de informações por perfis de interesse;

e) aplicação – para a organização conhecimento não aplicado equivale à inexistente;

f) criação de conhecimento novo – viabilizar e incentivar pesquisa, experimentação, descoberta, inovação e pensamento criativo. (4, 10)

São processos típicos e chaves para a gestão do conhecimento, do capital

intelectual e dos ativos intangíveis de uma organização: a) coleta de dados e informações, pertinentes e relevantes, e sua introdução

de forma sistemática, organizada, qualitativa e vinculada a objetivos claros, usando/desenvolvendo ferramentas de TIC, tais como, portais corporativos, buscadores de textos e documentos;

b) processamento adiciona valor às informações coletadas, transformando-as em conhecimento necessário à organização, interpretando, associando, resumindo ou ampliando os dados, através de atividades de catalogação, indexação, taxionomias, arquiteturas de informação, filtros de seleção, criação/descoberta de relacionamentos entre informações (algoritmos especiais de leituras de dados), contextualização,

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projeções, simulações, desagregação de dados ou compactação, usando/desenvolvendo ferramentas de TIC, tais como, sistemas especialistas tipo inteligência artificial ou “data mining”;

c) sedimentação envolve a permeabilidade permanente do conhecimento acumulado como plataforma para a criação de novo conhecimento e incorporação/apropriação pelas novas gerações de trabalhadores da organização, formando a “cultura da produção baseada em idéias e conhecimento” e instaurando o conceito de organização aprendiz. (16)

Esses processos têm por objetivos e devem viabilizar: a) a identificação das competências coletivas e individuais presentes na

organização e fora dela, seus talentos, que interessem à realização de seu foco de atividades e interesses;

b) o estímulo a troca de informações entre grupos distintos, a formação de redes e comunidades de interesses, competências e áreas de saber;

c) ambiente e ferramentas para a geração de conhecimento multidisciplinar e incentivá-lo através de política adequada de gestão de pessoal;

d) facilidade para a governança de pessoas e colaboradores da organização; e) a identificação das informações essenciais para o trabalho. A implantação da gestão do conhecimento envolve, também: a) Desenvolvimento de um banco de competências; b) Criação de um banco de problemas e de soluções; c) Desenvolvimento de softwares tradutores e registradores do conhecimento

tácito; d) Criação e fomento de redes de competências e comunidades virtuais de

melhores práticas, compostas de colaboradores internos e externos, articulados por temas de interesse;

e) Implantação de ciclos de debates periódicos para discussão de temas de interesse com divulgação sistemática dos resultados. (16)

6.2. Estratégias Nos processos e modelos de gestão de conhecimento são observadas as

seguintes estratégias não excludentes: a) Melhores práticas – centrada na captura do conhecimento tácito, através de

sistemas apropriados e na implantação e dinamização de redes de intercâmbio de experiências;

b) Focalizar no cliente, fornecedores e concorrentes, priorizando o conhecimento do perfil dos clientes, análise das informações do ambiente externo e na análise de dúvidas e demandas;

c) Gestão de ativos intelectuais, centrada na preservação do conhecimento próprio, priorizando patentes e marcas;

d) Inovação e criação de conhecimento – centrada em manter pessoas com conhecimento-chave, nas inovações, no treinamento, buscando agregar o conhecimento

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das pessoas nos produtos e serviços da organização e investindo em Pesquisa e Desenvolvimento – P&D;

e) Como estratégia de negócios, utilizando o conhecimento como produto, através de consultorias, cursos, etc.

A situação ideal é poder combinar todas essas estratégias, calibrando a importância de cada uma em função das características da organização e do seu capital humano e intelectual, bem como do seu ambiente de atuação.

As escolhas e as ferramentas de TIC derivam das estratégias escolhidas e não ao contrário.

6.3. Instrumentos e profissionais

O modelo tecnológico para a gestão do conhecimento pode envolver: a) Portais na Internet e Intranet; b) Mapas de conhecimento; c) e-mail, fóruns, grupos de discussão, redes de saber, videoconferências,

matriz de responsabilidade, workflow; d) universidades corporativas; e) bases de dados, sistemas de informação e de inteligência; f) Data Warehousing” – DW e Data Mining – DM; (23) f) agendas corporativas; g) GED – gestão estratégica/eletrônica de documentos e conteúdos. Todavia, é importante ressaltar que um projeto de gestão do conhecimento não

equivale a um projeto de informática, não é passível de terceirização e nem deve estar situado nas áreas de TIC ou processamento de dados das organizações.

Trata-se de um processo de suporte qualificado e ágil às atividades cotidianas dos trabalhadores, o mais amigável e menos exigente quanto a treinamento nas ferramentas, estratégico para a tomada de decisões, embora tenha forte uso de informática.

Porém, esses instrumentos devem ser desenvolvidos a partir das características e necessidades das pessoas da organização, que são os sujeitos e usuários do conhecimento, e não a partir das características de tratamento de documentos, seus fluxos e andamentos. Por natureza, exigem soluções endógenas de TIC que funcionem como instrumentos de transformação de conhecimento tácito em explícito, e não respondem à soluções exógenas adaptadas.

Normalmente, estão envolvidos na sua implantação profissionais cujas competências técnicas tradicionais já apontam para a gestão do conhecimento e podem ser potencializadas nessa direção, tais como, generalistas no foco da organização, gerentes de projetos e de P&D, analistas de sistemas, bibliotecários, jornalistas, especialistas em redes, não focados apenas para a obtenção der retorno financeiro, contábil ou mercadológico.

Esses profissionais são identificados nos mapas de conhecimento como consolidadores, articuladores e gerenciadores de conflitos, capazes de atuar em diferentes contextos, mobilizando valores, conhecimentos e habilidades relativos à gestão estratégica de negócios, de pessoas e de processos.

São profissionais facilitadores:

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a) técnico: responsáveis pela infra-estrutura tecnológica, por exemplo, pessoal de informática;

b) integrador: extraem conhecimento de quem o tem e estruturam a divulgação, por exemplo, bilbiotecários e jornalistas;

c) gerente/coordenador de projeto: gestor por processos, com foco no conhecimento e articulador de equipes;

d) diretor de conhecimento: promove a cultura do conhecimento na organização, lidera o desenvolvimento de estratégias do conhecimento. (4)

6.3.1. Mapas do conhecimento

São instrumentos fundamentais para a implantação de um projeto de gestão do conhecimento, nos setores público e privado.

Têm por objetivo, radiografar os detentores de conhecimentos estratégicos, que nem sempre coincidem com a hierarquia e os cargos da instituição, e não se confunde com descrições de funções ou de competências administrativas de cargos, bem como não se equipara à elaboração de tabelas de temporalidade ou ciclo de vida da informação.

Além de identificar os lugares onde está o conhecimento da organização, deve

representar uma forma de contato entre os portadores desse conhecimento, os talentos das pessoas, os documentos reais e virtuais, os acervos, as bases de dados, apresentando, no mínimo, informações sobre:

a) Especialistas: pessoas com grande conhecimento (tácito ou explícito) do seu setor de atuação ou de trabalho e, especialmente, da organização e seus objetivos estratégicos, papel político ou social, indicando onde estão e o meio de acessá-las;

b) Filtradores/generalistas: pessoas que recebem ou manipulam informações diversificadas e as filtram e organizam visando a sua utilização no trabalho;

c) Fornecedores/articuladores de redes: possuem muito conhecimento (tácito ou explícito) e criam/utilizam/movimentam redes formais ou informais de distribuição e compartilhamento;

d) Fontes estratégicas: pessoas instaladas em locais estratégicos do fluxo de informações, dados e de conhecimento, dentro ou fora da organização, capazes de sistematizar as informações estratégicas e observar a “paisagem”, a dinâmica do ambiente e do contexto e as tendências históricas;

e) Acervos, repositórios e memórias: bases onde o conhecimento está armazenado, onde estão e como acessá-las;

f) Documentos: suportes, eletrônicos ou físicos que registram conhecimentos importantes para a organização;

g) Talentos: pessoas que detém conhecimentos que podem vir a preencher lacunas identificadas, e onde estão. (4, 10)

Esses mapas funcionam como guias, ou catálogo referencial, para a

localização do conhecimento em pessoas e documentos, explicitando o censo do conhecimento disponível e apontando as lacunas a serem preenchidas.

Sua elaboração é feita com base em perguntas aos trabalhadores, sobre o que cada um sabe e a quem recorre quanto tem problemas. Por isso são, naturalmente,

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políticos, pois as respostas são subjetivas e envolvem valores como segurança, modéstia ou supervalorização, por parte de quem responde e, por outro lado, fazem emergir os detentores estratégicos de saber (a quem a maioria recorre) e os espaços privilegiados de obtenção de informações no workflow de cada ciclo de tarefas, que nem sempre coincidem com os cargos, locais e ocupantes de hierarquia, direção, ou chefia da organização.

6.4. Condições facilitadoras – pontos fortes

Funcionam como condições facilitadoras da implantação da gestão do conhecimento nas organizações:

a) liderança: sem o aval, o compromisso e o direcionamento de esforços da alta administração da organização, a eficácia da gestão do conhecimento e da informação fica prejudicada, especialmente quando não há continuidade de ações e planejamento estratégico;

b) cultura organizacional: deve estar condicionada pela exigência de alto desempenho, foco no cliente e em melhoria da gestão, com alto grau de flexibilidade, nível elevado de competência e conhecimento, altas taxas de aprendizagem e inovação e busca constante de compartilhamento e integração do seu capital humano;

c) medição e avaliação: para garantir a motivação e o compromisso do capital humano com os objetivos estratégicos da organização, é essencial a existência de uma política institucionalizada de reconhecimento e recompensa das pessoas, baseada em medição e avaliação de desempenho, fundada em critérios claros e indicadores capazes de diagnosticar as ações voltadas para o futuro e essenciais no contexto da sociedade informacional;

d) tecnologia da informação e comunicação – TIC: seu uso intensivo é vital para a disponibilização e o compartilhamento de conhecimento em larga escala, tornando-o acessível em qualquer parte, a qualquer hora e em qualquer formato, deve submeter-se a estratégia de gestão e ser apropriada às necessidades do conhecimento da organização.

6.5. Condições adversas – pontos fracos a) rotatividade de pessoal (turnover): mudança constante da maior parte dos

empregados da organização, resultando em dificuldades de realizar o processo de captura e sedimentação do conhecimento e da experiência;

b) burocratização: prioridade ao fluxo das coisas e não das informações; c) ausência de planejamento estratégico e descontinuidade: a organização não

consegue utilizar sua memória para definir ações futuras e potencializar seus objetivos; d) cultura organizacional: condicionada a fatores próprios do passado, na

retenção e guarda da informação e não na sua distribuição, divulgação e compartilhamento;

e) inexistência de política de valorização do conhecimento dos empregados (tácito ou explícito): gestão de pessoal e de carreiras centrada na avaliação de

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indicadores/fatores não relacionados com revelação do capital humano e focados em medir a simples “armazenagem de dados” comuns na memória das pessoas;

f) tecnologia da informação e comunicação inadequada: aquisição e uso de produtos prontos, sem a necessária análise de sua compatibilidade com as características e o metabolismo de produção do conhecimento na própria organização.

6.6. O papel da Tecnologia da Informação e comunicação - TIC.

A gestão do conhecimento e da informação não é um projeto de informática. A tecnologia da informação e comunicação - TIC, embora não seja a essência

da gestão do conhecimento, onde as pessoas representam o núcleo vital e o princípio ativo, tem papel fundamental, pois é o instrumento condicionador dos processos e das relações, inclusive os de reflexão.

Assim como a língua influencia a forma de pensar, os protocolos, estruturas e padrões de relações propostas pelos softwares adotados, na busca, na armazenagem, na recuperação da informação, na conectividade e formação de vínculos virtuais nas redes locais e mundiais, influenciam e podem até condicionar a reflexão e a geração do conhecimento. (17)

Os sistemas de TIC destinados à realização dos processos-chave da gestão do conhecimento podem ser classificados, basicamente, em duas grandes categorias:

a) Sistemas estruturantes: dão sustentação à atividade de gestão propriamente dita, administração, apoio, infra-estrutura;

b) Sistemas estruturadores: dão forma ao produto tangível do conhecimento gerado e definem as formas de interfaces entre os usuários, os dados armazenados e as demais pessoas, criando guias para entrada de dados, navegação nas redes, conectividade, disseminação das informações e tradutores das bases de dados existentes. (18)

São adotadas, geralmente, duas estratégias básicas e não excludentes, para o

desenvolvimento da tecnologia da informação, aplicáveis à gestão do conhecimento, derivadas das escolhas políticas quanto ao gerenciamento estratégico da organização:(10)

a) Formação de memória tangível de uso comum (codificação e reuso): centrada nos computadores onde o conhecimento é codificado e armazenado em bases de dados, permitindo a todos acessar o conhecimento sem a necessidade de demandar as pessoas que o possuem ou desenvolvem, gerando guias de entrevistas, agendas de trabalho, documentos de programação, normas técnicas, etc;

Porém, é importante ressaltar que de nada adianta implantar um grande arcabouço de tecnologia da informação se as pessoas da organização, que lhe darão sentido, não estiverem intrinsecamente envolvidas no processo e não o identifiquem como “seu”.

Esse arcabouço não pode ser algo postiço, um produto de informática com “adaptação de software”, e nem exigir mudanças exógenas e alteração radical dos mecanismos de geração de saber criados a partir da ecologia e metabolismo próprio de cada organização, sob pena de dilapidar o capital intelectual.

b) Conhecimento depositado em pessoas – personalização: centrada nas pessoas que geram o conhecimento, promovendo seu compartilhamento por contato

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pessoal (físico e virtual), onde o computador joga o papel de facilitador e mídia de comunicação.

Nesse cenário, a adoção de TIC incompatível com as especificidades do

conhecimento/pessoas de uma organização, ou adquiridas de terceiros como pacote fechado e sem abertura para adaptações necessárias, mesmo que tenham sido aplicadas com sucesso em outros lugares, mais que provocar ruído e dificuldades nos processos de coleta, processamento, armazenagem, distribuição e sedimentação da gestão do conhecimento, podem de fato funcionar como destruidores dos processos de conhecimento de uma organização (especialmente do conhecimento tácito), como vinculadores a terceiros, ou como expropriação ou apropriação externa do capital humano, com a transferência para o fornecedor do conhecimento da organização tomadora do serviço.

“O software, a linguagem básica da sociedade em rede, é essencialmente um

conjunto de informações, que carregam idéias, com características distintas dos bens físicos. É um algoritmo, um conjunto de lógicas articuladas que está, gradativamente, se transformando em elemento essencial de comunicação social e mesmo humana, na sociedade informacional globalizada.” (19) 6.6. Gestão da informação

A gestão da informação deve estar, portanto, condicionada aos objetivos

estratégicos da organização e as necessidades de seu capital humano, da gestão do conhecimento e da tomada de decisão:

É um processo contínuo de tratamento de coleções de dados e documentos, que dá suporte à instituição, serve de base para a produção e registro das informações produzidas pelos sujeitos, composto de seis etapas distintas e inter-relacionadas, definidas como:

a) identificação das necessidades/ levantamento de perfis de interesse; b) aquisição de dados, documentos, coleções e outros produtos de

conhecimento; c) organização, indexação e armazenagem, envolvendo a elaboração de

metadados, arquitetura da informação, “tesaurus” e sistemas de taxonomia; d) desenvolvimento de produtos e serviços que promovem a tradução e reuso

do estoque de informações; e) distribuição de dados e informações, especialmente, utilizando a

Disseminação Coletiva de Informações – DCI, voltadas para universo padrão de usuários, e a Disseminação Seletiva de Informações – DSI, que notifica cada usuário conforme seus interesses e necessidades específicas de informações, previamente registradas em sistemas apropriados;

f) uso efetivo, com a medição de resultados da distribuição e identificação de lacunas.

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6.7. Novo conceito de Organização. A partir da descoberta do conhecimento como capital intelectual e do

desenvolvimento dos processos necessários a sua gestão, determinados pelos desafios da sociedade informacional, globalizada e em rede, as organizações voltadas para o futuro passam a ser conceituadas como um agrupamento humano, planejado e organizado, que utiliza a tecnologia disponível no seu ambiente, para atingir um ou mais objetivos.

Desse modo, deixa de ser uma coisa estática, para caracterizar-se como um feixe/fluxo de relações pessoais.

A “Organização Aprendiz” é aquela voltada para o aprendizado e apta a transformar-se, constantemente. pela aquisição de novos conhecimentos, onde a aprendizagem individual é contínua, o conhecimento é compartilhado e a cultura apóia e incentiva essa aprendizagem.

Nela, os empregados são encorajados a pensar criticamente e a assumir riscos com novas idéias, sendo as suas contribuições devidamente valorizadas. (4)

7. SETOR PÚBLICO. Como vimos, a Gestão do Conhecimento e da Informação é um processo

essencialmente endógeno às organizações. Pelas suas características, não é passível de ser transplantado de forma mecanicista, do setor privado para o público.

Para obter-se o sucesso verificado nas organizações privadas, deve-se produzir “conhecimento novo” sobre gestão do conhecimento, aplicando a inteligência própria do “capital humano” do setor público, para produzir um projeto estratégico, os instrumentos específicos direcionados a alavancar o conhecimento e a sua gestão, visando à melhoria dos serviços públicos, por exemplo. Mais que procedimento, a Gestão do Conhecimento e da Informação no setor público adquire, obrigatoriamente, características de política pública. (4, 11, 16)

A implantação da gestão do conhecimento no setor público deve partir, necessariamente, de uma auto-análise de seu acervo intelectual e da explicitação de seu conhecimento tácito. Deve ser precedido de plano estratégico global e da institucionalização das equipes.

Assim, a aplicabilidade, com resultados positivos, no setor público das metodologias da gestão do conhecimento desenvolvidas pela teoria das organizações e a economia das idéias, a partir das necessidades e especificidades do setor privado e, especialmente, voltadas para a agregação de valor econômico aos bens e serviços, está determinada pela competência e a inteligência (consciência reflexiva) dos gestores públicos e do seu capital humano de apropriar-se, criativamente, dessas informações e produzir novo e próprio conhecimento em gestão do conhecimento, formulando práticas que identifiquem e atendam as diferenças essenciais, os condicionantes, princípios, objetivos e metas estratégicas próprios do Estado e da Administração Pública.

Na administração pública, o objetivo não seria, por exemplo, a acumulação de riqueza e de capital intelectual, inclusive através de patentes, ou a maximização do lucro como ocorre no setor privado. Deve ser a maximização da cidadania, do bem estar social, da transparência de governos, do cumprimento dos compromissos políticos que estão na

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alma da democracia, da qualidade de vida das populações, bem como da eficácia na aplicação de recursos públicos.

A implantação da gestão do conhecimento no setor público, portanto, exige reflexão e a produção de metodologias específicas, voltadas para as suas necessidades. Deve ser encarada como política pública estratégica e de longo prazo que supera os limites temporais de governos e mesmo o desenho institucional estrito do Estado como ente político, assumindo, obrigatoriamente, os cidadão como foco, colaborador e partícipe dessa ação, na direção da democracia participativa. (20)

Para tanto, há diferenças essenciais a serem consideradas. Uma delas é que o Estado e a Administração Pública só podem fazer aquilo

para o que estão autorizados, constitucional e legalmente, enquanto o setor privado, ou o particular, pode fazer tudo o que não lhe é proibido.

Outra, é que o setor público subordina-se aos princípios da moralidade, impessoalidade, legalidade, economicidade, razoabilidade, publicidade, finalidade, motivação, eficiência e interesse público, enquanto o setor privado, especialmente o econômico/financeiro, é comandado pela busca da acumulação privada de riqueza e capital, competitividade, lucratividade e demais regras de mercados globais.

Em decorrência, no setor público o conhecimento, embora possa ser analogicamente descrito como capital intelectual ou humano, poderia ser encarado, também, como patrimônio e bem públicos, aplicados e geridos visando a garantir a indisponibilidade do interesse público, e determinados pela lógica da relação política (e não econômica, comercial, de superior administrativo dos administrados, ou ainda como fornecedor de bens e serviços onde o cidadão é reduzido a consumidor) com o cidadão e voltada para a universalização do acesso aos serviços e ao conhecimento públicos, resultando em socialização ampla do saber e, ainda, evitando a sua apropriação privada ou a sua utilização prioritária como elemento para a criação de oportunidades de negócios para investidores privados.

Já no setor privado, o conhecimento é capital intelectual comandado pela lógica de mercado e das oportunidades de negócio, aplicado para agregar valor ao produto, serviço ou marca, aumentando a lucratividade, resultando em patentes, confidencialidade, etc.

O conhecimento como patrimônio público estratégico guarda relações

determinantes com os planos de cargos, salários e carreiras do funcionalismo e é elemento essencial para a delimitação/definição de quais são as funções típicas de Estado e estruturais (capital humano) e aquelas que apenas são decorrentes das atividades conjunturais de governos.

Da mesma forma, e de maneira análoga à importância que os fornecedores e parceiros têm na gestão do conhecimento no setor privado, as políticas de compras de produtos e serviços, os contratos de parcerias e concessões, os acordos e convênios, devem estar relacionados com a aquisição/preservação do conhecimento e do capital intelectual das organizações públicas e, também, com a implantação de novos vínculos com as organizações parceiras.

Portanto, a gestão do conhecimento no setor público, para ter a mesma

eficácia apresentada no setor privado, deve ser tratada como uma política pública

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estratégica e implantada de forma articulada e não como mais um modismo. Deve ganhar permeabilidade e permanência na estrutura do Estado e não se confunde com ação política de governo específico.

7.1. Gestão do Conhecimento e da Informação no ambiente legislativo – Caso ALESP

No caso específico do Poder Legislativo, embora a informação seja vital nos

processos desenvolvidos pelos parlamentos, o seu principal “produto” e a sua mais importante “matéria-prima” é o conhecimento. Sua principal atividade é intangível, e todas as ações e procedimentos adotados, tais como regimentos, registros de debates, rastreabilidade de tramitação de proposições e regras do processo legislativo, são produtos tangíveis de reflexão e conhecimento político. (21)

Apenas a título de exemplificar os desafios e, considerando-se as condições

facilitadoras ou adversas apontadas nos itens 6.4 e 6.5, no caso da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo – ALESP podem ser identificados os seguintes pontos fortes e fracos a serem trabalhados e equacionados na elaboração de um projeto global de gestão do conhecimento e da informação:

Condições facilitadoras: a) metabolismo de funcionamento centrado no processo legislativo, que é o

caminhar de uma idéia, registrada em proposições, e que, se alavancadas, potencializam a noção de rede de trabalho; (21)

b) política de qualidade institucionalizada e sistema em funcionamento; c) Sistemas corporativos de informação e documentação com largo emprego

de redes de TIC, com estratégias de codificação e reuso (Sistema do Processo Legislativo – SPL e Bases de Dados de Legislação do DDI), bem como voltados para a centralidade nas pessoas, (exemplos: Notes, Intranet)

d) programas de capacitação/aprendizagem contínuos e institucionalizados no Instituto de Legislativo Paulista – ILP;

e) Projeto “Portal da ALESP”, criado por decisão da Mesa Diretora, visando a inserção do Parlamento paulista na sociedade informacional e que está desenhado para servir às redes desconcentradas de saber, capturar o conhecimento tácito, gestão compartilhada e distribuída, onde todos são, simultaneamente, autores e usuários de conteúdos, com modelo conceitual que pressupõe a articulação de tecnologia/pessoas/conteúdos e a possibilidade de personalização; (23)

Além disso, dispõe de vários sistemas que contém procedimentos direcionados

à gestão do conhecimento, tais como o Sistema de Agenda Unificada, o Fórum de Debates na rede, os cursos do ILP, porém não há um projeto estratégico, endógeno e global, que consubstancie a opção pela gestão do conhecimento como elemento organizador do ambiente organizacional.

Condições adversas: a) cultura da organização com dificuldades de centrar-se na exigência de alto

desempenho e incentivo à inovação;

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b) elaboração de planejamento estratégico e de política de informação de largo prazo, condicionada pelas demandas conjunturais do ambiente político;

c) pressão constante da sociedade por velocidade de decisões e resoluções no curto prazo, que impactam a natural necessidade de tempo político de maturação das deliberações;

e) turnover periódico do pessoal contratado em função dos prazos dos mandatos, resultando em dificuldade de captura do conhecimento desse pessoal, com perda de ativo intangível;

d) necessidade de construir indicadores e critérios para medir e avaliar o conhecimento dos empregados e seu desempenho em relação aos objetivos estratégicos da organização;

e) insuficiência da política de reconhecimento, valoração e incentivo ao conhecimento, especialmente o tácito, que se caracterizem como essenciais e críticos para a realização dos objetivos estratégicos da instituição;

f) assimetria de informações, em relação aos demais Poderes de Estado, que resulta em lacunas de conhecimento em áreas críticas para os objetivos estratégicos da instituição como, por exemplo, quanto aos dados que embasam as deliberações das leis do ciclo financeiro e orçamentário e do planejamento estratégico do Estado.

7.1.1. O Portal da ALESP como ferramenta de gestão do conhecimento e

do capital intelectual. Embora a Gestão do Conhecimento seja uma das diretrizes básicas do Projeto

Portal da ALESP, como consta do Ato nº05/05 e do Plano de Trabalho (22), o Comitê Executivo, por rigor técnico e também por entender que a institucionalização da gestão de conhecimento, se obedecidas as melhores práticas dessa atividade gerencial, está sendo desenhada através do envolvimento de todos os funcionários como provedores de conteúdos do Portal, evita, no momento, utilizar as definições da teoria das organizações sobre a matéria.

Ou seja, embora esteja em curso um processo de captura tácita e priorização do conhecimento das pessoas, só poderemos denominá-lo explicitamente dessa forma quando toda a Casa dele tiver se apropriado, quando for transformado de conhecimento tácito (de um grupo de funcionários envolvidos com a implantação do Portal) em conhecimento explícito, quanto estiver institucionalizado como sistema intrínseco de gestão de pessoas e de planejamento estratégico da ALESP.

A ALESP, através do seu Portal, no ar desde 10 de março de 2005, e do modelo do SPL, vem adotando modelos conceituais de redes de conhecimento desconcentradas, compartilhadas e distribuídas mais compatíveis com as características essenciais do Poder e do Processo Legislativo, com a WEB 2.0 e, futuramente, com o conceito de Web 3.0.

O mapeamento de produtores e validação de conteúdos, bem como as

estratégias de codificação e reuso e de personalização, são diretrizes para a definição das TIC que estruturam o Portal e permitem a gestão de seus conteúdos

O Comitê Executivo do Portal articula a maior parte dos setores produtores de conteúdos e conhecimento da ALESP, adotando a gestão compartilhada com modelo de transversalidade, utilizando como instrumento a Matriz de Responsabilidade pela Inclusão

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Descentralizada de Conteúdos que identifica, explicitamente, os responsáveis pela sua produção e distribuição. (22)

Como instrumento de gestão do conhecimento, conforme a natureza mesma do desenvolvimento de portais corporativos, o Portal da ALESP compreende a articulação dinâmica entre pessoas/conteúdos/comunicação, que se realiza, entre outros, por um conjunto de decisões, funções, fluxos, regras, normas, procedimentos e funcionalidades, manuais e informatizados, permitindo a realização de um ciclo de produção de forma desconcentrada (hierárquica e espacialmente), descentralizada, compartilhada, com distribuição de responsabilidades entre os sujeitos nele envolvidos (matriz de responsabilidades), buscando altos padrões de interatividade.

Tem como horizonte constituir-se em ponto de acesso integrado aos diversos sistemas de informação, aos serviços e aos parlamentares, unindo Internet e Intranet, permitindo uma melhor gestão dos processos de reter e disseminar o conhecimento da instituição, de atender as demandas dialogando com os usuários e, dessa forma, transformar-se em instrumento poderoso de fortalecimento da Democracia, representativa e participativa.

É um bom embrião, porém o pleno desenvolvimento de seu plano de trabalho exige, obrigatoriamente, a elaboração de um projeto estratégico global para a gestão do conhecimento, envolvendo todos os aspectos da instituição, especialmente, a gestão de pessoas.

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NOTAS E BILIOGRAFIA

1. A relação entre sujeito e objeto é um fenômeno essencial, em vários aspectos, do estudo do conhecimento, especialmente, do conhecimento científico. A bibliografia é vasta. Ver: PINTO, Álvaro Vieira. Ciência e existência. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1962, e também, FOUCAULT, Michel. Arqueologia do saber. Petrópolis, Vozes, 1972.

2. É importante reter esse conceito filosófico de concreto para entender melhor o conceito de “ativo intangível”, que está no centro da preocupação das organizações com a gestão do conhecimento e do capital intelectual. Ver: KOSIK, Karel. Dialética do concreto. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976.

3. Sobre esse tema há também extensas discussões filosóficas, psicológicas e sociológicas. Para uma idéia sobre a questão, aplicada à análise da educação ver: SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo, Cortez e Moraes, 1978.

4. TARAPANOFF, Kira (Org). Inteligência organizacional e competitiva. Brasília, Editora Universidade de Brasília, 2001

5. A relação desses paradigmas de produção com a política, a sociedade e o Estado, foi apontada por Gramsci já nas primeiras décadas do século XX, especialmente em: GRAMSCI, Antonio. Maquiavel, a política e o Estado Moderno. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980. – parte VI.

6. Para aprofundar o tema da “práxis” ver: SANCHEZ VASQUEZ, Adolpho. Filosofia da práxis. Petrópolis, Vozes, 1978.

7. “A velocidade somada a interatividade produziu um efeito acelerador nas práticas sociais, principalmente na economia. Esta se utiliza da comunicação mediada por computador para aprofundar a competitividade, a produtividade e o lucro em escala nunca vista. Os grandes centros financeiros do mundo parecem estar ocupando um mesmo espaço. Londres, Tókio, Nova York, São Paulo, Hong Kong, não estão mais distantes. A transferência de capitais entre estas praças alcança no ritmo ditado pela largura de banda das redes informacionais.”(...)

(...) “Uma informação pode estar em inúmeros pontos ao mesmo tempo, Informações são bens intangíveis. Toda a produção simbólica da humanidade pode ser transformada em um código binário, em dígitos. A humanidade atingiu o máximo de sua capacidade de virtualização. Sons, imagens, filmes e textos podem ficar latentes em servidores espalhados pelo mundo para se atualizarem nas telas dos computadores de quem os acessar.” SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Os fluxos de poder na rede mundial de computadores. São Paulo, 2000.

8. Para entender essa revolução a obra básica é: CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo, Paz e Terra, 1999. (3v)

9. Uma das universidades corporativas mais consistentes é a da PETROBRÁS, cuja visão geral pode ser vista no portal da empresa na Internet. Para uma visão mais detalhada dessa novidade organizacional ver: EBOLI, Marisa (coord). Coletânea universidades corporativas: educação para as empresas no século XXI. São Paulo, Schmucler, 1999.

10. MARÇULA, Marcelo. Gestão do conhecimento para pequenas e médias empresas: treinamento tecnológico. São Paulo, USP/Atual-Tec, 2001.

11. DRUCKER, Peter F. As Novas realidades. 4ed. São Paulo, Pioneira, 1997. 12. STWART, A Thomas A. Capital Intelectual. Rio de Janeiro, Campus, 1998. 13. XAVIER, Ricardo Almeida Prado. Capital intelectual: administração do conhecimento

como recurso estratégico para profissionais e empresas. São Paulo, STS, 1998. 14. SVEIBY, Karl Erik. A Nova riqueza das organizações: gerenciando e avaliando

patrimônios de conhecimento. Rio de Janeiro, Campus, 1998. 15. Essas características exigidas do sujeito, como o portador de conhecimento, são muitas

vezes contraditórias com àquelas exigidas dos trabalhadores nas organizações, ainda baseadas no paradigma industrial/físico/hierárquico, e usadas em avaliações de desempenho tais como, disciplina, pontualidade, (produtividade econômica. Nas organizações baseadas no paradigma

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informacional, servem de para a definição de novos indicadores de desempenho, mais voltados para o futuro.

16. NASCIMENTO, Armando Roberto Cerchi. Palestra sobre da Gestão da Informação à Gestão do Conhecimento: uma abordagem para a modernização de Legislativos. Brasília, Senado/Interlegis, 2004.

17. Segundo Roland Barthes, semiólogo francês, “a linguagem é uma legislação e a língua é o seu código.” (...) Jakobson mostrou que um idioma se define menos pelo que ele permite dizer, do que por aquilo que ele obriga a dizer.” BARTHES, Roland . Aula. 10.ed. São Paulo, Cultrix, 2002. (citado por Silveira, Sérgio Amadeu, 2004)

18. MENDES, Tania R. AVIDISCA – Armazém virtual de dados e informações sobre saneamento e ciências do ambiente nas Américas: Modelo Conceitual. São Paulo, junho de 2004. (Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental – AIDIS e Organização Panamericana de Saúde – OPAS/OMS).

19. “Uma disputa derradeira pelo futuro da sociedade da informação se trava hoje em escala global. Em seu centro está o processo de desenvolvimento e disseminação do software.”(...) “De un lado, o modelo de software proprietário, e, de outro, o modelo de software livre. O primeiro, integralmente baseado em licenças de uso. O último, centrado no compartilhamento e na disseminação livre do conhecimento.”(...)

“A economia de informação é uma economia em rede. Ela está estritamente vinculada ao software e aos padrões e protocolos de comunicação. O software é uma linguagem e, como tal, ele pode ser ou não traduzido para se efetuar a comunicação entre dois computadores ou entre duas ou mais redes. Assim, a estratégia usada pelos oligopólios é tentar aprisionar os usuários a um padrão, protocolo e software que não interpretem ou traduzam arquivos dos concorrentes.”(...)

“O problema, para as sociedades em desenvolvimento, é que o modelo de software proprietário de sistemas operacionais e softwares básicos, torna-se insustentável. O ritmo crescente de informatização de grandes países, como o Brasil, China e Índia, tende a aumentar o fluxo de recursos pelo pagamento de licenças de uso de software dessas sociedades para os oligopólios, que se concentram principalmente nos Estados Unidos.”(...)

“O principal insumo do conhecimento é o próprio conhecimento. O domínio da inteligência do software passa também pelo acesso ao conhecimento de como e com quê foi escrito. Conhecer seu código-fonte é fundamental para os países em desenvolvimento se capacitarem como produtores-desenvolvedores e não somente como consumidores de soluções de poucos oligopólios do mundo rido.”(...)

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. O avanço do software livre. In: FERRER, Florência/SANTOS, Paula (orgs.) E-government: o governo eletrônico no Brasil. São Paulo, Saraiva, 2004. P 79-86.

20. Estado no conceito de Gramsci, como aparelho de exercício de hegemonia, incluindo obrigatoriamente a sociedade civil. Nesse conceito e-government envolve, obrigatória e essencialmente, as políticas públicas de inclusão digital. Ver: BUCI-GLUCKSMANN, C. Gramsci e o Estado. Rio de Janeiro, Paz e Terra 1978.

21. “O texto de uma lei é uma peça de informação que representa o conhecimento associado à regulamentação de uma atividade humana definida por meio de um processo democrático de discussão. O processo legislativo agrega significado ao projeto de lei e a torna uma peça de conhecimento de criação coletiva produzida a partir de uma seqüência elaborada de análises, sínteses e discussões que buscam representar os interesses de todos os segmentos sociais afetados. A aplicação da lei leva a mudanças no comportamento das pessoas e a sua interpretação. MENDES, Tania R. Processo legislativo e democracia representativa. www.al.sp.gov.br Home>>ILP, cursos. - 2007

22. Ato nº 5, de 10 de março de 2005, da Mesa da ALESP, Institui o Comitê do Projeto Portal da ALESP, www.al.sp.gov.br –Home>>Sobre o Portal ;

23.”Data Mining” – (Mineração de dados) – Tarefa de estabelecer novos padrões de conhecimento, geralmente imprevistos, partindo-se de um conjunto de dados, previamente, coletados e preparados para esse fim. Pressupõe metodologia e TIC especializadas.

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“Data Warehousing” (Armazém de dados) – Abordagem tecnológica para resolver a questão do fornecimento de informações que fundamentam a tomada de decisão nas organizações, com o objetivo de fornecer informações confiáveis, ágeis, flexíveis e integradas à decisão. Tem metodologia e TIC especializadas. (4)

24. DE MASI, Domenico. A Sociedade pós- industrial. São Paulo, SENAC, 1999. 25. GATES, Bill. A Empresa na velocidade do pensamento. São Paulo, Companhia das

Letras, 1999. 26. TAKAHASHI, Tadao (Org). Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília-DF,

Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000. 27. GALBRAITH, John Kenneth. A Sociedade justa: uma perspectiva humana. Rio de

Janeiro, Campus, 1996. 28. NONAKA, I. & TAKEUCHI, H. A Criação do conhecimento na empresa. Rio de Janeiro,

Campus, 1997. 29. DAVENPORT, T. & PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações

gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro, Campus, 1998. 30. MENDES, Tania R. & BARROSO, Maria Isabel B. O Lugar das coisas. São Paulo,

Pontifícia Universidade Católica, 1978. (Trabalho para o curso de Teoria do Conhecimento/Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Educação).

31. GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Decreto nº 53.963, de 21 de janeiro de 2009. Institui, no âmbito da administração estadual, a política de gestão do conhecimento e inovação e dá providências correlatas. São Paulo, Diário Oficial/Poder Executivo:Seção I, p114. www.al.sp.gov.br.

Tania Rodrigues Mendes Contato: [email protected] Tel: (11) 3886-6353

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