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Capa: Djinani LimaProjeto gráfico e diagramação: Djinani Lima

Este livro foi escrito no ano de 2010.

Gelaskia – Aurora VermelhaDjinani Lima

Lima, DjinaniGelaskia – Aurora Vermelha. PerSe EditoraAno da edição: 2014 – São Paulo/SP

ISBN: 978-85-8196-267-2

Literatura Infanto-juvenil.

PerSe EditoraPS Autopublicação e Prestação de Serviços Ltda

Copyright by Djinani LimaC

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Ofereço este livro às minhas amadas filhas, Amanda e Marina; aos meus queridos pais; e a Antonio Augusto, meu grande amor.

E também aos “pequenos e grandes” viajantes ecológicos do planeta.

Djinani

“Poucos terão a grandeza de mudar a direção da história, mas cada um de

nós pode trabalhar para transformar uma pequena parcela dos eventos, e

na totalidade desses atos é que a história dessa geração será escrita.”

Robert F. Kennedy

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Burububu sentia dores até nas suas últimas e míseras penas, seu corpo franzino estava em frangalhos. E, para completar seus angustiantes momentos, quando entrou na nave, no instante em que o turbo foi acionado por Glicogênia, foi arre-messado contra uma de suas paredes. Atordoado pelo impacto, ainda tentou se levantar mas não resistiu e desmaiou.

– Burububu! Levante-se criatura abominável. Rápido! Venha assumir seu posto de co-piloto pena.

Após ultrapassar o limite da estratosfera, a espaçonave, em forma de meteoro negro, desgovernada, em poucos minutos, começou a perder potência.

– Algo está errado! A nave não está obedecendo aos meus comandos. Será que aqueles idiotas não consertaram as antigas avarias de nossa primeira queda neste planetinha? – gritava Glicogênia, perguntando para ele, que, mudo e imóvel, permanecia na mesma posição do momento do choque, desfalecido.

A madrugada fria apresentava um intenso e lindo céu azul-marinho, onde maravilhosas estrelas, vestidas para um baile na imensidão, cintilavam. Quando um estranho objeto voador, acendendo e apagando suas luzes negras, adentrou novamente à atmosfera ter-restre.

A bruxa, sozinha no comando, apertava todos os botões do Monstrelão, tela de controle do painel de sua nave. Apelou até para seu cajado mágico, mas não era seu dia de sorte. Nada funcionava e para seu desespero a queda parecia iminente.

Em poucos instantes, ouviu-se ao longe, muito longe:Craaakkttt! – este foi o som ecoado pelo impacto da nave-meteoro com o gelo, em uma

região silenciosa, desconhecida e inóspita.Mas isto era apenas o começo, ou o fim...Um inesperado, contínuo e frio mergulho iniciou-se para a malévola e seu depenado de

estimação.A nave, congelando rapidamente, afundava cada vez mais.Glicogênia, um pouco tonta com a colisão, sem saber direito onde se encontrava e o

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que estava acontecendo, tentava assumir o comando. E, posicionando seu cajado mágico espacial, estrategicamente, lançou alguns raios sobre o painel de controle, que, reagindo, acendeu lentamente seus primeiros botões.

A bruxa, animada com o êxito da operação, resolveu repetir o procedimento. Enfi m, conseguiria conduzir sua gélida nave-submarina até a superfície, onde encon-

traria soluções para sua nova situação.E assim aconteceu...

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No Pequeno Vale das Flores, os primeiros raios de sol do amanhecer da Primavera, trazendo mais um dia de vida para a pacata região, brindavam os habitantes e a natureza local.

Bom, podemos melhorar essa afirmação, nem tão pacata assim...A turminha de Violeta e todos da pré-escola Nucleotídeo, vestindo suas

camisetinhas bordadas com uma pegadinha verde, que nada mais era do que as digitais de um pezinho de bebê, seguida pela mensagem “Vida ao Planeta!”, pareciam bem agi-tados no portão de entrada, dando início a mais um dia de diversão e aprendizagem, com direito a várias surpresas.

Professor Girassol, vestido de boneco de neve, recepcionava as crianças, distribuindo uma tacinha de frozen com frutas, a cada um dos pequeninos que por ele passava.

Para tia Mina sobrara a difícil tarefa de encaminhá-los, sem muitos atropelos, a mais nova e ampla sala do Nucleotídeo, chamada de Palestreca. Onde seriam ministradas pa-lestras, apresentações teatrais e aulas especiais.

O espaço comportava os alunos de todos os períodos da escola e ainda sobravam luga-res, favorecendo assim o ensino coletivo.

Correndo para pegar as melhores poltronas, de frente para o palco, a turminha de Violeta – encabeçada por Toni Espiguinha, seguido em fila indiana por Violeta, Rosinha Verde-mar, Frederico Melancia, Petúnia, Lótus, Ernesto Ervilha e Joca Feijão – passava tropeçando pelos amiguinhos do período da tarde, chegando a salvo na fileira de número 01 da grande sala, que poderia ser classificada como “gigante” para o tamanho deles.

Do palco enxergavam-se cabecinhas atentas e ansiosas aos próximos acontecimentos. Em poucos minutos, a Palestreca estava repleta por alunos e convidados especiais, como doutor Tortum, doutor Cabeçudo, doutor Zarolho, dona Asséptica, o Sr. Floresta e também o Sr. Coleta.

Eles eram amigos das donas da pré-escola: tia Adenina, tia Timina, tia Citosina e tia Guanina. Estas alegres companheiras, sempre que era possível, aproveitavam os eventos festivos para prestigiá-los.

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Os seis não deixavam por menos, compareciam felizes, trazendo lindas flores ou pe-quenos mimos.

Enquanto tia Mina terminava de se trocar para a primeira apresentação, alguns moni-tores distribuíam casacos quentinhos, luvas macias e toucas com uma bolinha na ponta, em formato de planeta miniatura.

A cortina com as cores do arco-íris enfim se abriu, as sócias do Nucleotídeo fizeram os agradecimentos iniciais e um curto discurso.

Uma breve e lenta chuva de neve artificial começou a cair.Prontos, professor Girassol, ainda de boneco de neve, e tia Mina, vestida de pinguim,

entraram no palco dançando, iniciando assim a aula show. As crianças foram atingidas por um rápido vento gelado, seguido por uma leve onda

de vapor quentinho, na intenção de não resfriá-los. Os pequenos telespectadores aplau-diram, encantados com aquele momento mágico.

Um telão com o mapa mundi desceu. Girassol tirou sua cabeça de boneco de neve, en-quanto a professora pinguim deslizava pelo chão gelado, chegando ao interruptor, onde apagou as luzes de cor amarela do cenário, deixando acesas apenas as azuis.

– Bom dia! Um ótimo, gostoso e quentinho dia para vocês, Verdinhos! Hoje, estudaremos os dois polos do nosso globo terrestre, o Norte e o Sul. São regiões muito frias, frozen! Des-culpem-me, quero dizer, geladas, como um freezer. No hemisfério norte, temos o Círculo Polar Ártico, e no hemisfério sul, situa-se o Círculo Polar Antártico. Sim, lá as temperaturas são baixíssimas, Verdinhos! Uiii, que gelo! Que bom, que estão aqui bem agasalhadinhos e protegidos do frio!

– No clima polar ou glacial, como costumam chamá-lo, não existe verão, pelo menos não como nós conhecemos. Durante o inverno, a temperatura chega a aproximadamente 50ºC negativos. Há dias em que o sol não nasce, e no verão ele não se põe, fazendo com que o dia dure 24 horas. Este fenômeno é denominado de Sol da meia-noite. Não é fascinante, Verdinhos? Muito, muito legal! Mas não se preocupem, nós mostraremos todos os detalhes no filme que será exibido logo depois das explicações teóricas. – falou

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Girassol contente em poder ministrar, além de suas aulas de jardinagem, essas matérias de ecologia e geografia extracurriculares, nesse dia de festa de inauguração.

– Nesta primeira aula falaremos também sobre uma pequena ilha, chamada Gelaskia, que fica próxima da Groenlândia, da Finlândia, do Alasca e do Canadá. Como podem ver aqui no nosso mapa, o famoso Nucleomundi. – falou, apontando para a respectiva localização. E, prendendo a atenção do público, continuou, fazendo um rápido resumo geográfico dos locais mencionados.

– Agora, assistiremos a um documentário muito interessante sobre os dois polos, e aprenderemos um pouco mais da vida, da fauna e da flora dessas regiões, onde vivem: milhares de pinguins, focas, ursos polares, elefantes-marinhos, baleias, peixes do gelo, dentre outros. E não termina aí, não! No final da festa, tia Mina vestida de pinguim para homenagear uma dessas lindas espécies da Antártica, que fica no Círculo Polar Antártico, fará alguns sorteios. Uma salva de palmas para nossa querida professora! – finalizou o boneco de neve, sentando-se ao lado da pinguim, junto à plateia.

Após os aplausos, os momentos de empolgação foram seguidos por um surpreendente silêncio, e a atenção voltou-se inteiramente para o filme. Quando a sessão terminou, o Nucleomundi subiu e uma piscina vazia desceu. Então vários bichinhos de pelúcia da fauna dos polos caíram, enchendo-a.

As crianças, embasbacadas, começaram a gritar:– Nós queremos, nós queremos!Colocando fim na bagunça gerada, tia Mina apareceu para dar as boas novas:– Verdinhos, acalmem-se! Todos irão ganhar uma pelúcia. E, surpresa! Dentro de cada

uma delas há uma bolinha com um número. Nós iremos sortear 5 números para cinco grupos, que serão contemplados com uma viagem para um maravilhoso hotel de gelo, construído recentemente em Gelaskia.

– A viagem foi patrocinada pela Clínica Ninos, pelo Parque das Pétalas e pelo Serviço de Reciclagem da cidade. Eu, Girassol e os patrocinadores iremos com os sortudos. Va-mos lá? Quem quer ir?

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Tamanha era a felicidade deles que a grande sala quase veio abaixo com a explosão de alegria, pulos e gritos, em resposta à pergunta em questão.

– Os três doutores, o Sr. Coleta, o Sr. Floresta e alguns monitores formarão com vocês grupinhos de seis pessoas. Cada bolinha sorteada dará direito a todos, de um mesmo gru-po, de participarem da viagem. Boa sorte! – completou a professora.

Os monitores novamente entraram em ação, distribuindo os bichinhos de pelúcia para as crianças, que, eufóricas, festejavam com seus bichinhos levantados. E, separados em times de seis pessoas, com suas bolinhas nas mãos, aguardavam a definição do grande prêmio. A turminha de Violeta, somando oito Verdinhos, teve que se separar. Entrando em acordo, decidiram que as meninas iriam para um lado e os meninos para o outro.

– Meninas, hoje à tarde iremos às compras. Precisaremos de muitos casacos, luvas, toucas, meias, botas, e tudo mais, bem coloridinhos e quentinhos. Vamos para Gelaskia, juntas! – falou Rosinha, de maneira contundente.

– E quanto a nós? – reclamou Melancia, com um olhar maroto. E, sorrindo, começou a esfregar devagar sua foca de pelúcia na orelha da menina, tentando irritá-la.

Ele adorava quando ela ficava enfurecida.– Vocês também poderão ir conosco, mas nas lojas para meninos, quero dizer, para ho-

menzinhos, Sr. Frederico! Vamos lá, todos fazendo figa! – ordenou a amiguinha, jogando sua baleia na cabeça do amigo, em retribuição.

– Parem de brincadeira! Tia Mina já vai pegar a primeira bolinha. – gritou Violeta, pe-dindo que prestassem atenção ao sorteio.

A professora pinguim pulou dentro da piscina cheia de bolinhas coloridinhas, pegando o primeiro número. Apenas as de cores azuis possuíam números, as demais serviam somente para dar sustentação ao mergulho. E, emergindo lá de dentro, ela lançou para o professor a primeira:

– Vamos lá, vamos lá! Boa sorte, Verdinhos! – gritou o boneco de neve sem sua res-pectiva cabeça, animadíssimo. E, fazendo um enorme suspense, falou:

– Número... Número... 31! Eu disse bolinha 31!

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Um som, quase um gritinho, surgiu entre os pequenos alunos:– Certo, certo! Sou eu! Sim, eu tenho o número 31! – respondeu doutor Tortum, sur-

preso e desconcertado, segurando seu leão-marinho, enquanto seu time de Verdinhos festejava, pulando sem parar.

Todos aplaudiram, e lá se foi a pinguim para mais um mergulho e um arremesso.– Número 7. Bolinha 7! Quem são os sortudos?– perguntou Girassol.Após conferir sua bolinha, pulando sem parar, jogando sua foca para o alto, o deslum-

brado Frederico Melancia, beijando e apertando a bochecha de Rosinha, que estava no time ao lado, gritou:

– Sou eu. Sou eu, sim! Eu vou, nós vamos meninos! Ela contente por eles, mas ao mesmo tempo irritada com mais um ataque carinhoso do

amigo, empurrou-o.– Acalme-se Frederico! O sorteio não acabou, você ainda tem que torcer por nós. Con-

tinue com sua figa!– completou a amiguinha ansiosa. Sem perceber, enquanto ela falava, a próxima bolinha parava na mão do professor, que

gritou:– Número 52. Quem é o número 52? Quando ela, enfim, ouviu seu número ser chamado pela terceira vez, olhou incrédula

para as mãos, e só então teve certeza de que era o seu. Sem pensar em mais nada, co-meçou a dançar, pular e gritar. Radiante, abraçou Frederico, Violeta, as amiguinhas que estavam ao seu redor, e até o Dr. Cabeçudo que também fazia parte de seu time.

A cada sorteio, uma festa era feita, principalmente pela turminha de Violeta, que seguia feliz com a nova oportunidade de aventura, em um lugar diferente e cheio de mistérios.

O boneco de neve havia anunciado mais um número, e com isso, mais seis Verdinhos do período da manhã, time do Sr. Coleta, era sorteado. Faltava apenas um para o término do sorteio na Palestreca.

Tia Mina deu seu rápido mergulho e atirou a última bolinha para o professor Girassol, que, desta vez, com direito a um suspense final maior que os anteriores, falou:

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– Número... Número... Bolinha... Número 93? Quem?A última turminha de Verdinhos a ser contemplada foi a do período da tarde, que ime-

diatamente respondeu, festejando intensamente com seu líder, o Sr. Floresta. Embarcariam em oito dias para Gelaskia, os seguintes viajantes: professor Girassol, tia

Mina, os três doutores, o Sr. Coleta, o Sr. Floresta, alguns monitores extras, a turminha de Violeta e os outros alunos sorteados dos dois períodos: manhã e tarde.

No grande anfi teatro, precipitou-se outra nevasca artifi cial, seguida de fortes ventos gelados e uivantes. E para aquecer um pouco mais o clima invernal daquele dia ines-quecível, foram servidas tigelinhas de sopa creme de legumes, bem quentinhas, e de sobremesa: bolo de chocolate com sorvete de nata e calda quente de chocolate, fi na-lizando as comemorações.

Assim, agradavelmente, a manhã transcorreu no Nucleotídeo.

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Já do outro lado, no meteoro submarino de Glicogênia, as coisas não estavam indo nada bem...

O sistema de sua espaçonave, resfriando rapidamente, começou a falhar mais uma vez, assim como seu cajado luminoso.

A bruxa, aproveitando um pouco da energia que ainda restava, providenciou roupas quentinhas para ela e Burububu, antes que virassem cubos de gelos. E, acelerando o sistema do monitor espacial, também conseguiu prosseguir com o término de sua pes-quisa. Onde descobriu as possíveis rotas para chegarem à superfície, o mapa da região, o índice populacional, tipos de edificações e um pouco sobre a fauna que cruzava, “quero dizer nadava”, colidindo, às vezes, com sua nave-meteoro.

Infelizmente, não demorou muito para a tela começar a piscar, e Monstrelão, em alerta, deu mais um suspiro:

“Área de aurora boreal, altitude por volta de 200 km, altos níveis de átomos de nitrogênio e oxigênio, tempestade forte a caminho. Iniciar fase de ionização do cajado e captação geral de energia”.

Em meio ao caos, a sorte apareceu. A bruxa só precisava otimizar as últimas cotas de energia existente para emergir, urgentemente.

Durante a aurora boreal captaria toda energia de cor vermelha necessária para o con-serto de sua nave e para seus novos planos.

Tinha caído no lugar certo, na estação do ano correta e na hora exata.Monstrelão, piscando em um último suspiro, continuou mostrando suas explicações:

“A aurora boreal costuma acontecer de setembro a outubro, no polo Norte. Apresenta-se em um sublime e fantástico fenômeno de luzes e cores.

A cor da aurora depende de alguns fatores como: os átomos envolvidos, a carga energética e a altitude em que se dá a colisão destes átomos com o vento

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solar. As altitudes costumam variar entre 80 e 150 km, e geralmente a impressão luminosa é de tonalidade verde. Porém, quando são desencadeados intensos temporais, as alturas menos elevadas da atmosfera são golpeadas, gerando tonalidades vermelhas mais escuras.

Não existem duas auroras boreais iguais, elas variam suas tonalidades, enfei-tando o céu em tons laranja, lilás, azul, podendo formar até um arco-íris.”

Quando a tela terminou de mostrar a última sílaba da palavra arco-íris, desligou ime-diatamente, pifando de vez, como se estivesse em estado de choque.

Burububu emitiu um gemido, relembrando os últimos e terríveis acontecimentos, e a bruxa, arrepiada, emendou:

– Odeio arco-íris! Viva, os temporais! Nós captaremos apenas a energia das auroras vermelhas!

Em Gelaskia, uma forte tempestade acontecia, quando Glicogênia e seu urubu con-seguiram colocar a cara para fora da água gelada. O socorro que ela não esperava acon-teceu, fartando-a com um céu vermelho, assim que a intensa nevasca terminou.

Sem perder nem um segundinho, ionizou seu cajado, canalizou bastante energia para a nave, guardando a sobra nos reservatórios de emergência.

Muito satisfeita com a nova carga de seus equipamentos, que funcionavam em po-tência máxima naquele instante, para comemorar e testar seu cajado, em um ímpeto, ela disparou um raio vermelho em direção ao espaço.

A desvairada não percebeu, mas o raio foi tão forte que ultrapassou a estratosfera. Sem saber o que realmente estava acontecendo ao seu redor, Burububu, anestesiado

pela beleza do momento boreal, não conseguia tirar os olhos do céu.– O que foi agora, pássaro sem penas! Está com saudades do céu? – perguntou sar-

casticamente a cruela, debochando de sua ave desfigurada.– Feche a boca, criatura esquisita! Não temos tempo para contemplação. Vamos, va-

mos, temos muito trabalho pela frente! Faremos um reconhecimento geral dessa região!

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Tenho boas novas para Terra. Estou até pensando em providenciar algumas penas para uma certa criaturinha, caso ela se comporte! – ironizou ela, fi nalizando com sua garga-lhada bruxólica.

Ele, esperançoso e aquecido por seu belo casaco de pele, seguiu Glicogênia, apressa-damente, entrando na nave-meteoro, recém transformada em um veículo limpa-neve, com esteiras rolantes em vez de rodas. E, assim, deslizando no gelo, começaram a fazer uma pequena exploração pela região.

Monstrelão, trabalhando a plenos vapores, fez com que a imperatriz da maldade obti-vesse preciosas descobertas sobre a ilha branca, seus habitantes e também sobre o possível futuro da Terra.

– A sorte está a meu favor, Burububu! Esses terráqueos bobalhões estão acabando com seu próprio planeta. Tudo é uma questão de tempo, pois um pequeno aquecimento global já começou. Olhe o recuo das geleiras e o aumento do nível desse mar glacial. Como uma boa alíenigena, consigo enxergar até as camadas espessas dos maléfi cos gases nessa atmosfera. Respire e sinta, Burububu! Ah, que maravilha! Sou tão boazinha, que darei uma mãozinha, ou melhor, duas! – falou a bruxa, fria como a neve, imaginando o que poderia fazer com suas constatações.

O bicho, obedecendo-a, respirou profundamente, olhando para cima, mas não con-seguiu ver nada de diferente. A única coisa que sentia, naquele momento, era o tremelicar de seu esqueleto, causado pelo ar estupidamente frio, vindo das constantes lufadas que entravam pelas frestinhas do veículo. Sem entender porque ela estava falando em aque-cimento, naquele gélido instante, preferiu continuar encolhidinho.

– Precisamos de uma nova base para nosso Q.G. da Maldade! Bom, estou sentindo que encontraremos logo, logo... – fi nalizou, sem tirar os olhos do radar, que sinalizava, indi-cando a proximidade de um tipo de edifi cação.

E assim aconteceu...

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No Folhas ao Vento, shopping do Pequeno Vale das Flores, Violeta e sua turma, animadíssimos, divertiam-se a valer nas compras para viagem à ilha, terra das neves.

Rosinha, especializada em moda infantil, ajudava as amigas na escolha do vestuário de inverno rigoroso. Indicava roupas bem coloridinhas que

poderiam realçar com o branco de Gelaskia.– Rosinha o que você acha deste roupão de banho? – perguntou Petúnia para a ami-

guinha.– E deste meu biquíni de bolinhas? – indagou Lótus, na sequência.– Gostei dos dois, meninas! Não se esqueçam de nenhum item: casacos, meias, tou-

cas, pijamas e tudo mais, bem quentinho, hein! – respondeu Rosinha, feliz.– Já comprei tudo mais, e mais uma toalha para combinar com meu biquíni de fo-

quinhas. Falaram que a piscina aquecida do hotel é fantástica, fica rodeada pela neve. Vamos nos apressar, ainda temos que passar no piso superior. Precisamos comprar uma lembrancinha para os donos do hotel. O que vocês acham, amigas?– completou Violeta, gentilmente.

De sacolas nas mãos, compraram o presentinho e foram ao encontro dos meninos, que, ao contrário delas, ainda não tinham conseguido comprar nenhuma peça. Distraíam-se com alguns brinquedos e vídeos-games espalhados na praça central do shopping. As espertas garotas, dividindo os meninos em grupinhos de dois e três, intercalados com pelo menos uma das meninas da turma, conseguiram resolver o problema, facilmente. E assim juntos, saíram cheios de energia, encaminhando-se para casa de Violeta. Onde fariam sua reunião diária na casinha da árvore, e também os planos para a tão esperada viagem.

Os assuntos importantes que finalizariam a semana, foram iniciados por Espiguinha:– Eu já separei todos os brinquedos que não uso mais, para a doação na Feira de ama-

nhã, na Ação dos Pegadinhas Verdes do colégio. E vocês? – perguntou curioso.– Não tive tempo de separar nada. Só consigo pensar nos jogos que devemos levar para