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Gazetas manuscritas da Biblioteca Pública de Évora: notícias de história * Tiago C. P. dos Reis Miranda (Centro de História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa) Para D. Frei Raphael de Bluteau, “noticia” é “conhecimento, ou cousa que vem ao conhecimento”. “Humas saõ certas, & evidentes, como he a sciencia. Outras saõ duvidosas, & escuras, como he a opiniaõ, a conjectura, a sospeita; outras, firmes, mas escuras, como a Fé; outras, firmes, & clarisimas, como he a Luz da gloria. Tambem ha noticias naturaes, como he a intelligencia; outras adquiridas, como he a Metaphysica, outras infusas, como saõ todas as revelaçoens; a estas acrescenta o moral as noticias celestes, terrestes, profanas, ou mundanas, politicas, diabolicas”. Numa palavra, notícia é “conhecer”. “Erudição”. “Letras”. E é nessa acepção que se pode falar, nessa altura, de um “homem que tem muitas noticias”. Ou recorrendo a um vocábulo de origem espanhola que os portugueses já empegavam ao menos desde meados do século XVII, “homem noticiosoi . O duplo sentido que aí se concentra, de “informação” e “saber”, recorda o que agora ainda subsiste na locução idiomática “ter ciência de [alguma coisa]”. Mas, com o tempo, o termo “notícia” passou a ser circunscrito ao domínio dos “factos” concretos ou da “informação” que deles se produz. E a noção de “ciência” passou a abarcar toda a extensão do “saber” adquirido e fundamentado por intermédio de procedimentos metodológicos em que Bluteau, com certeza, não cogitava, ao aludir à existência de algumas “noticias” que, para ele, eram, de todo, “certas, & evidentes” ii . Ora, os mais destacados integrantes das academias da primeira metade do século XVIII europeu tendiam a viver o processo de busca e acúmulo de elementos de estudo e de trabalho como uma espécie de dimensão necessária e praticamente indistinta da “reflexão” que levava ao “saber”. Lembre-se, por exemplo, em Itália, o labor erudito de um Muratori e o empenho de correspondente e difusor de “novidades” do mundo das letras, de um Giovanni Lami iii . No universo de língua espanhola, desponta, de longe, Gregorio Mayans iv . E assim na Inglaterra, como na França, ou noutros estados de menores dimensões, são conhecidos os casos de philosophes e humanistas que se empenharam de corpo e de alma em alimentar um verdadeiro mercado de “informação” e “notícias”, para além das estreitas fronteiras de ordem política e dos antigos limites continentais v . No Portugal dessa altura, a qualidade de “homem noticioso” encarnou sobretudo no 4º Conde da Ericeira: D. Francisco Xavier de Meneses, membro da Arcádia romana, sócio da Royal Society e correspondente da Academia de São Petersburgo. Seus interesses compreendiam praticamente todo o espectro de conhecimentos contemporâneo: da matemática à medicina. Merecem destaque os trabalhos de história, as orações académicas e as composições

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Gazetas manuscritas da Biblioteca Pública de Évora: notícias de história*

Tiago C. P. dos Reis Miranda (Centro de História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa)

Para D. Frei Raphael de Bluteau, “noticia” é “conhecimento, ou cousa que vem ao conhecimento”. “Humas saõ certas, & evidentes, como he a sciencia. Outras saõ duvidosas, & escuras, como he a opiniaõ, a conjectura, a sospeita; outras, firmes, mas escuras, como a Fé; outras, firmes, & clarisimas, como he a Luz da gloria. Tambem ha noticias naturaes, como he a intelligencia; outras adquiridas, como he a Metaphysica, outras infusas, como saõ todas as revelaçoens; a estas acrescenta o moral as noticias celestes, terrestes, profanas, ou mundanas, politicas, diabolicas”. Numa palavra, notícia é “conhecer”. “Erudição”. “Letras”. E é nessa acepção que se pode falar, nessa altura, de um “homem que tem muitas noticias”. Ou recorrendo a um vocábulo de origem espanhola que os portugueses já empegavam ao menos desde meados do século XVII, “homem noticioso”i. O duplo sentido que aí se concentra, de “informação” e “saber”, recorda o que agora ainda subsiste na locução idiomática “ter ciência de [alguma coisa]”. Mas, com o tempo, o termo “notícia” passou a ser circunscrito ao domínio dos “factos” concretos ou da “informação” que deles se produz. E a noção de “ciência” passou a abarcar toda a extensão do “saber” adquirido e fundamentado por intermédio de procedimentos metodológicos em que Bluteau, com certeza, não cogitava, ao aludir à existência de algumas “noticias” que, para ele, eram, de todo, “certas, & evidentes”ii. Ora, os mais destacados integrantes das academias da primeira metade do século XVIII europeu tendiam a viver o processo de busca e acúmulo de elementos de estudo e de trabalho como uma espécie de dimensão necessária e praticamente indistinta da “reflexão” que levava ao “saber”. Lembre-se, por exemplo, em Itália, o labor erudito de um Muratori e o empenho de correspondente e difusor de “novidades” do mundo das letras, de um Giovanni Lamiiii. No universo de língua espanhola, desponta, de longe, Gregorio Mayansiv. E assim na Inglaterra, como na França, ou noutros estados de menores dimensões, são conhecidos os casos de philosophes e humanistas que se empenharam de corpo e de alma em alimentar um verdadeiro mercado de “informação” e “notícias”, para além das estreitas fronteiras de ordem política e dos antigos limites continentaisv. No Portugal dessa altura, a qualidade de “homem noticioso” encarnou sobretudo no 4º Conde da Ericeira: D. Francisco Xavier de Meneses, membro da Arcádia romana, sócio da Royal Society e correspondente da Academia de São Petersburgo. Seus interesses compreendiam praticamente todo o espectro de conhecimentos contemporâneo: da matemática à medicina. Merecem destaque os trabalhos de história, as orações académicas e as composições

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literáriasvi. Na Bibliotheca de Barbosa Machado, contam-se em torno de seis dezenas de títulos impressos e meia centena de manuscritos da sua autoria. Entre estes, “Cartas Familiares em cinco linguas” e “Cartas Filosoficas sobre pontos eruditos a muitos homens doutos de Europa”, como Pio Nicolò Garelli, Giovanni Crescimbeni, Francesco Bianchini, Jean Le Clerc, Pierre Bayle, Jean Dumont, Eusèbe Renaudot, Jean de La Roque, Jean-Paul de Bignon, Luiz Salazar, Salvador Mañer, Benito Feijóo... e os já referidos Gregorio Mayans e Muratorivii. Os originais arderam no fogo do terremoto de 1755. Mas muitas lembranças da assiduidade dos exercícos epistolográficos de D. Francisco sobreviveram em obras de letra de forma, como o catálogo que o escrivão Lopes Ferreira fez editar como anexo das Fabulas de Eco, y Narcisoviii.

Segundo essa lista, a colecção dos autógrafos do 4º Conde estava ordenada na livraria da sua casa em seis blocos distintos, correspondentes não propriamente a períodos de escrita consecutivos, mas aos estudos mais adequados a cada uma das “idade do homem”; a saber: infância, puerícia, adolescência, juventude, idade varonil e velhice. Os géneros típicos da idade infantil eram os versos e os poemas. Na puerícia, classificavam-se as orações, alguns dos discursos, os problemas morais e as intervenções académicas. Na adolescência, os discursos filosóficos e os métodos de estudo. Na idade juvenil, dissertações críticas, epistolografia e tratados científicos. Trabalhos de história, genealogias e relações de temas políticos e militares, na idade varonil. Para a velhice, ficavam somente as obras do espírito. Vários dos géneros mais abrangentes apresentavam alguns subtítulos. No caso das cartas, chegava a haver oito divisões: cartas latinas; cartas italianas; cartas francesas; cartas castelhanas; cartas a pontífices, reis e príncipes; cartas a homens doutos; cartas familiares, e cartas “com noticias da Corte, e do Mundo”. Utilizavam-se, assim, em simultâneo, três diferentes critérios de ordenação: o da língua de escrita, o do estatuto do destinatário e o do tipo de assunto.

As indicações resumidas da Bibliotheca de Barbosa Machado talvez decorressem precisamente de um esforço de síntese mais razoável. A solução adoptada transmite, porém, uma imagem menos completa da diversidade da produção epistolográfica de D. Francisco e da relevância particular das suas cartas com as “noticias da Corte, e do Mundo”. Ainda no tempo da Guerra da Sucessão Espanhola, o Cardeal D. Nuno da Cunha, conselheiro do rei, mantinha informado o embaixador português em Barcelona, D. João de Almeida, Conde de Assumar, sobre os negócios políticos e militares que se tratavam junto do trono, acrescentando, naturalmente, que “as novas da terra tocão ao Conde de Ericeira”ix. Anos mais tarde, o mesmo D. Nuno, ausente em Itália, agradecia ao seu amigo D. João de Almeida a assiduidade das cartas familiares, e comentava em tom de lamento que, para além delas, só recebia da corte as do indefectível Xavier de Menesesx.

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Exactamente no ano da publicação do catálogo de Lopes Ferreira, começa uma série de folhas volantes, denominadas “Diario”, que o mesmo Ericeira passou a compor a cada semana para informar as mais importantes notícias da corte e do mundo, em complemento às que corriam impressas pela Gazeta. Tudo indica tratar-se de uma versão portuguesa do mesmo gênero que em França se denominou de nouvelles à main, scribal news ou newsletters, na Grã-Bretanhaxi. Ainda que mal definido, seu público-alvo parece compor-se por indivíduos de um modo ou de outro afastados da corte; entre eles, o Conde de Unhão, D. Rodrigo Xavier Teles de Meneses, governador das armas do Reino do Algarve. Numa missiva que lhe enviou aos 20 de Maio de 1738, o Ericeira procurou convencê-lo de que essas “gazetas” escritas à mão constituíam uma espécie relativamente singular da família das epístolas: “[...] os diarios são humas cartas, que vos escrevo, sem o encargo de respostas [...]”xii. Fisicamente, o “Diario” do Conde era um manuscrito em folhas in-quatro que se dobravam depois sobre si, em sentidos opostos, para mais fácil remessa pelo correio. As suas páginas iniciais têm à cabeça a indicação do local e da data. Logo em seguida, existe uma mancha de texto praticamente contínua (fig. 1). O inventário das caligrafias intervenientes ainda precisa ser feito em pormenor; mas, para já, fica a impressão de ascenderem ao menos a seis.

Salvo nos casos em que se juntam pequenos bilhetes no fim dessas folhas, o redactor não assina. E, no corpo do texto, todo o discurso tende a fluir numa linguagem impessoal, que excepcionalmente se neglicencia para a emissão de algum voto festivo ou para justificar a ocorrência de falhas na transmissão das notícias, sem que, entretanto, se rompa a observância do anonimato. Porque quem se nomeia não é D. Francisco; quem se nomeia é “o Autor”: “O Autor do Diario dezeja a V. Exas as, festas e annos mais feliçes”xiii; “Dezeja o Autor do Diario a V. Exas as festas tão alegres que acabem e prinçipiem os annos com as majores feleçidades”xiv; “O impedimento do Autor foi motivo de não se fazer Diario a semana passada”xv; “O Diario paçado se fes com tanta preça e se remeteo com tanto vagar que sente o Autor fazer este prejuizo a curiozidade dos seus ilustres correspondentes”xvi. A condição de folheto complementar em relação às gazetas impressas é assumida com todas as letras: “[...] se não repetem neste diario as noticias das gazetas, porque a de Lisboa as recopilla [...]”xvii; “[...] as [notícias] do mundo vem agora bastantemente individuadas na nossa gazeta [...]”xviii. E há um cuidado muito expressivo em qualificar pontualmente a fiabilidade das fontes utilizadas e a verossimilhança de cada registo: “[...] Entrou a frota de Pemambuco com bastante carga, e por hum navio da Bahia se soube que tinha chegado a 2ª nao da India com noticias quinze dias mais frescas, que a primeira mas ainda não aparecerão cartas [...]”xix; “[...] não he verosimil a noticia que aqui corre de que o Infante D. Carllos está prezo pello Emperador

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[...]”xx; “[...] corre a noticia, ainda que sem toda a certeza de que Paulo Coutinho morreo em Angola, o que dizem se sabe pella Jlha [...]”xxi; “[...] Muitas novas correm deste ultimo ajuste com a Corte de Roma e nenhũas athegora são certas [...]”xxii.

Pouco precisos são, igualmente, os conjuntos de temas com que o autor se debate semana a semana: os assuntos sucedem-se, uns após outros, praticamente de forma fortuita. A inexistência de subsecções e a exiguidade de pontos ou de parágrafos criam a impressão de atropelos consecutivos: massas disformes, sem arte ou sistema.

De um modo geral, a narrativa das coisas do mundo dispensa os juízos que D. Francisco expedia nas suas cartas particulares e o enorme volume de figuras de estilo que tanto marcavam as suas obras poéticas e oratóriasxxiii. Na redacção do “Diario”, o engenho do Conde é sobretudo empregado em construções que acentuam o carácter imprevisível do tempo vivido, para dele retirar um efeito de angústia mais penetrante ou sugerir uma leve ironia aos leitores mais discretos. A recorrência de um mesmo problema, meses a fio, abre caminho, inclusive, ao domínio da troça. E caso se encontre envolvido algum personagem de distinção, mais delicado o motivo do risoxxiv.

A rainha D. Mariana tinha um notável conjunto de damas e aias, que se serviam, assim como ela, do enorme aparato das cavalariças da sua Casa. Sucede, entretanto, que, ao mesmo tempo em que o Rei dispendia rios de dinheiro em objectos de arte, na magnificência da Patriarcal, nas obras de Mafra e em missões diplomáticas no estrangeiro, as carruagens da sua esposa iam sofrendo acidentes consecutivos nas ruas da corte.

15 de Novembro de 1729: “[...] Derão grandes quedas a Sra. Condessa do Redondo ao sahir da carruagem, a Sra. D. Anna Moscozo e a Sra. D. Thereza de Borbom a quem cahindo o cocheiro se hiaõ precipitando as mullas pela Rua de Santo Antonio [...]”xxv; 9 de Outubro de 1731: “[...] foi nomeada para camarista da Prinçeza a Sra. D. Marianna de Lencastre filha de João de Saldanha que era sua dama, e o couche destas senhoras cahiu duas vezes entrando às dividandes em hũa tenda de vidros, emquanto se foi buscar hũ cavallo [...]”xxvi; oito dias depois: “[...] A Rajnha tem sahido sem veadores por falta de carruage, e chegou a não ter em quem se encostar [i.e.: chegou a não ter companhia para sair]; e abrindose a portinhola de hum coche das Damas, saltou fora a Sra. D. Maria Caetana e ainda que deu huma queda de que se maltratou no rosto, lhe valeo ser grande o salto para não a molestarem as rodas do coche [...]”xxvii. E, no folheto seguinte, o testemunho é ainda mais claro: “[...] A Rainha foi a Santo Alberto a 21 com bastantes senhoras, mas as suas carrages estão em tal estado, que poucos são os dias em que não cauão, ou em que se não abrão as portinholas com perigo das senhoras, quevão nos coches”xxviii.

Ora, no início da segunda semana do mês de Dezembro, D. Francisco Xavier de Meneses retoma o assunto nestes termos: “Hum coche de Damas do

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Paço hindo com a Rainha se devidio em duas partes no Largo da Corte Real e mandando as Divindades pedir socorro aos não humanos, mas inhumanos veadores e estribeiros mores elles lhes responderão que se remediassem como pudessem e conduzidas com hum guarda damas, e alguns mariolas de Venus voltarão para o Paço, deixando mais na lama que no Pô renovadas as memorias de Faetonte”xxix.

A discrição deste trecho subentendia que o leitor conhecesse o enredo que estivera na origem de uma tragédia de Eurípides e de um longo episódio das Metamorfoses de Ovídio. Conta o poeta que Faetonte, filho de Climene, pretendeu que Apolo provasse que era seu pai. Como o deus acedesse a satisfazer-lhe qualquer desejo que ele formulasse, Faetonte reclamou o governo do carro celeste com que o Sol espalhava os seus raios na Terra. Contrariado, Apolo tentou demover o seu filho por todos os meios. Vendo, entretanto, ser impossível lograr consegui-lo, recomendou-lhe grande cautela e acabou anuindo ao pedido. O resultado que se seguiu foi uma série de desarranjos na ordem do mundo, interrompidos por intervenção de um acto de Júpiter, que precipitou o jovem rebelde sobre a Península Itálica, na altura do Póxxx.

Todo o conjunto de equívocos de que redunda a comicidade da narrativa do 4º Conde da Ericeira é um flagrante desvio ao princípio de contenção estilística anteriormente enunciado em relação ao “Diario”, mas constitui, igualmente, o melhor dos exemplos da satisfação do seu autor em realçar o carácter inusitado dos fastos mundanos: espécie de paroxismo desse seu gosto pelo imprevisto. E é por isso bastante expressivo que, anos mais tarde, em carta privada para o Conde de Unhão, o mesmo Ericeira tenha voltado a abordar o assunto das carruagens da Casa Real com um conjunto de imagens ainda mais forte: “[...] Já sabereis que descerão á terra seis devindades na grande queda de hũ coche de Damas de que 4 estão sangradas, mas não deyxa de ser milagre da virtude de Gastão [Gastão José da Câmara Coutinho] haver dia em que não cayão aquellas santas das más pianhas dos seus coches em que o seu Estribeiro mor as coloca para o nosso culto”xxxi.

Cabe frisar as diferenças: se, na primeira passagem, D. Francisco Xavier de Meneses usa metáforas do universo dos mitos greco-romanos, na segunda, todos os elementos da alegoria proposta têm a ver com a doutrina do catolicismo. Ora, de um lado, o autor é oculto e o seu texto destina-se a um público mal definido, mas alargado; do outro, o autor subscreve-se, e recomenda-se directamente ao seu primo e amigo, que guardará a devida reserva sobre as imagens utilizadas.

Este preciso exercício de acomodação do espírito crítico à publicidade dos espaços da escrita foi apontado, por vias diversas, como um dos traços mais importantes do alvorecer do Iluminismo. Noutras palavras, grande parte do processo de subversão dos antigos parâmetros de conhecimento efectuou-se através do recurso a um conjunto de “máscaras” adaptadas a circunstâncias

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diversasxxxii. O que talvez nos ajude a fazer o caminho de volta ao significado da qualificação do autor do “Diario” como um indivíduo “noticioso”. Para ele e para o texto.

Toda a sua vida, D. Francisco Xavier de Meneses interrogou-se sobre o problema da apreensão da realidade das coisas do mundo. Foi partidário das teses de Renato Cartésio por quase três décadas; mais tarde, viria também a gostar de Newtónio e de outros colegas da Royal Society. No campo da história, advogou várias vezes a necessidade de um exercício de comprovação erudita, segundo os preceitos propostos por Mabillon. Nunca, entretanto, chegou a julgar que a aplicação do sistema de Newton pudesse produzir resultados de vulto na compreensão do espírito e das relações sociais e políticas. O que resulta, ao fim e ao cabo, num ideário semelhante ao de Baylexxxiii.

Quando transpostos para a narrativa, todos os tempos são sempre passadosxxxiv. Ao escrever sobre o estado presente da corte e do mundo, D. Francisco Xavier de Meneses estava, portanto, a escrever sobre um tempo passado. Exercitava dessa maneira a capacidade de apreensão do universo de relações pessoais e políticas em que ele próprio se inseria, e procurava testemunhar o seu esforço de superação das surpresas do quotidiano. Isso, na altura, dificilmente se aceitaria em sessões académicas como uma prática de escrita de História – o domínio de Clio –, tendente a exigir uma capacidade de “arranjo” das matérias tratadas que o “Diario” por certo não tinhaxxxv. Mas as distâncias eram pequenas...

Como de início se disse, os folhetos de notícias do Conde da Ericeira eram uma espécie de complemento da Gazeta de Lisboa. E a Gazeta de Lisboa eram folhetos hebdomadários que corriam impressos e anualmente se encadernavam com uma folha em que se lia Historia annual Chronologica, e politica do mundo, & especialmente da Europa [...]: título que consta, aliás, do verbete de José Montarroio na Bibliotheca de Diogo Barbosa Machado (fig. 2)xxxvi.

Os últimos números do “Diario” do Conde da Ericeira são de meados de 1740. No início do ano seguinte, começa a ser posto nas ruas, regular-mente, um jornal manuscrito denominado “Folheto de Lisboa Occidental”, que mais tarde muda de título, mas continua a ser feito até ao reinado de D. José. Seu redactor principal é, nada mais, nada menos, que um afilhado do Conde de Unhão: o académico escalabitano Rodrigo Xavier Pereira de Faria. E, curiosamente, logo no número de estréia do seu periódico, esse académico faz um pequeno resumo dos factos passados no Reino e no estrangeiro, desde o final do “Diario” de D. Francisco Xavier de Menesesxxxvii.

Este não é o espaço mais próprio para descrever as mudanças estéticas e de conceito que se operaram entre um veículo e outro. Interessa, entretanto, notar que um segundo letrado de Santarém, o franciscano Luís Montês Matoso, compartilhou de algum modo a iniciativa do seu amigo Pereira de

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Faria, e decidiu preparar cadernos anuais do jornal manuscrito equivalentes ao da Gazeta de José Montarroio. Para tanto, mandou imprimir todos os anos, até ao final da década de 1740, folhas de rosto intituladas Anno Noticioso e Historico. Historia Annual, que comprehende o resumo dos soccessos Militares e Politicos das Potencias Estrangeiras etc (fig. 3).

A mais extensa das colecções desse conjunto de gazetas de diferentes “empresas” ou “oficinas” encontra-se hoje na Biblioteca Pública de Évora. Pesquisas recentes levantam a ideia de que proveio do espólio do afilhado do Conde de Unhão, a partir de uma compra do Bispo de Beja, em meados da década de 1780xxxviii. Na altura, parece provável que fossem tratadas como uma espécie de testemunhos presenciais da história do tempo que registavam; o que, aliás, não era incomum: existem estudos sobre a efectiva montagem de colecções de folhetos manuscritos como fontes de história, durante a segunda metade do século XVIII, tanto na Europa, como na Américaxxxix.

José Heliodoro da Cunha e Rivara e Joaquim de Sousa Teles de Matos classificaram os vinte volumes dessas gazetas de Évora na subsecção de “Cronologia” da Bibliotecaxl. Nela ficaram praticamente esquecidos até ao início dos anos de 1960, quando, afinal, começaram a ser outra vez consultados para trabalhos de natureza académicaxli. Noutros locais do país, acervos semelhantes conheceram, entretanto, destinos melhores; entre eles, o da Biblioteca Nacional de Lisboa, que foi visitado com alguma frequência por retratistas de cenas românticas ou romanescasxlii. Não propriamente por historiadores, mais apostados na apreensão de um enredo potencialmente salvívico e sistemático, ainda na esteira do que dizia em meados da década de 1760 Joahn Cristoph Gatterer, para quem tudo o que não se encontrava previsto na sua grelha de análise não pertencia de facto ao domínio da históriaxliii.

Mais de dois séculos depois do começo de um longo processo de afirmação da história-ciência, a grande abundância de temas e de notícias que se recolhem nas folhas volantes do século XVIII levantam ainda enormes problemas de classificaçãoxliv ou, mais simplesmente, de conhecimento. E o primeiro de todos é o do modo de perceber as diferenças de tempo e de olhar. Certos aspectos, de ordem geral, praticamente dispensam maior reflexão: basta a consulta de bons manuais de hermenêutica e história moderna. Mas se atentarmos aos indivíduos concretos e aos indícios mais singulares, descobriremos outras perguntas e, possivelmente, novos caminhos.

Uma última vez, partamos, portanto, ao reencontro do 4º Conde da Ericeira, D. Fancisco Xavier de Meneses, membro do número da Academia Real da História Portuguesa, que tinha por lema a restituição da Verdade: nobre figura de mulher desnudada, resplandescente de luz (fig. 4).

Luz, Verdade e Saber. Saber e Informação, que, como já vimos, também são Notícia. E D. Francisco tudo fazia para ser referido como “indivíduo noticioso”. O que nem sempre se sabe é que, desde criança, ele conviveu,

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entre livros e sombras, com cataratas. E a meio do tempo da composição do “Diario” que aqui descrevemos, deixou de enxergar pelos olhosxlv.

O mais ilustrado dos académicos de D. João V, o industrioso colector de notícias da corte e do mundo, via de facto, somente, nos últimos anos, com a “luz da razão”: lumen anima e lumen mentisxlvi. Reiterar todos os dias a capacidade de apreender e registar a própria existência, era, por isso, uma prova tão exigente e inusitada, quanto também praticamente irrecusável, para poder conservar o prestígio que cedo tivera. Nessa precisa medida, o “Diario” do Conde da Ericeira tem com certeza um valor agregado, no universo dos testemunhos de história setecentista.

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fig. 1

BIBLIOTECA PÚBLICA DE ÉVORA, “Diario” de 21.01.1738, fl. 6

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fig. 2

Folha de rosto da compilação anual da Gazeta de Lisboa, no seu primeiro ano de existência

(rep. de Alfredo da Cunha, Elementos para a história da imprensa periódica portuguesa (1641-1821), Lisboa, s/ed., 1941, p. 71)

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fig. 3

Folha de rosto do “Anno Noticioso e Historico” de 1740 (BIBLIOTECA NACIONAL de Lisboa, Fundo Geral, Cod. 8065,

rep. de Ano Noticioso e Histórico, Lisboa, Biblioteca Nacional, 1934, T. I)

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fig. 4

Emblema da Academia Real da História Portuguesa

(rep.da Colleçam dos documentos, estatutos, e memorias da Academia Real da Historia Portugueza, Lisboa Occidental, Pascoal da Sylva, Vol. I)

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* Texto apresentado no Seminário Internacional “Escrita, Memória e Vida Material: formas de transmissão da cultura letrada no Império Português (sécs. XVI-XIX)”, promovido pela Cátedra Jaime Cortesão da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, de 17 a 20 de Outubro de 2006, na Casa de Cultura Japonesa. i Vocabulario Portuguez & Latino, 10 Vols., Coimbra, No Real Colegio das Artes da Companhia de Jesus e outros, 1713-1728, sub voce “Noticia” e “Noticioso”. A datação do uso português é baseada no Dicionário Houaiss da língua portuguesa. ii Hans-Georg Gadamer, Elogio da Teoria, trad. de João Tiago Proença, Lisboa, Edições 70, 2001, p. 30. iii Stuart J. Woolf, “La Storia politica e sociale”, trad. de Aldo Serafini e Elda Negri, in Storia d’Italia, Vol. 3, Torino, Giulio Einaudi editore, [1973], pp. 59-79 (“La ripesa dell’Italia (1700-1750): IV. I «nuovi» intellettualli”); Giuseppe Ricuperati, “The renewal of the dialogue between Italy and Europe: intellectuals and cultural institutions from the end of the seventeenth century to the first decades of the eighteenth century” in Dino Carpaneto and Giuseppe Ricuperati, Italy in the Age of Reason: 168-1789, New York, Longman, 1987, pp. 78-95, e Jean Boutier, “Giovanni Lami, «accademico». Echanges et reseaux intellectuels dans l’Italie du XVIIIe siècle” in Carlo Ossala, Marcello Verga, Maria Antonietta Visceglia (éd.), Religione, Cultura e Politica nell’etá moderna, Florence, Olschki, 2003, pp. 547-558. iv Antonio Mestre Sanchis, “La carta: fuente de conocimiento histórico” e “Correspondencia erudita entre Mayans y Muratori” in Mayans: proyectos y frustaciones, Valencia, Ayuntamiento de Oliva, 2003, pp. 121-135 e 137-178, respectivamente. v Por todos, Paul Hazard, La crise de la conscience européene (1680-1715), [Paris], Fayard, 1989, pp. 3-105; René Pomeau, L’Europe des Lumières. Cosmopolitisme et unité européenne au XVIIIe siècle, [Mesnil-sur-l’Estrée], Éditions Stock, [1991], passim, e Pierre Chaunu, A Civilização da Europa das Luzes, trad. Manuel João Gomes, Vol. I, Lisboa, Editorial Estampa, 1985, pp. 47-90. vi Diogo Barbosa Machado, Bibliotheca Lusitana, Lisboa, Officina de Antonio Isidoro da Fonseca e outros, 1741-1759, Vol. II, 291-296, e Vol. IV, 146. vii Idem, Vol. II, 290-295, e Ofélia Milheiro Caldas Paiva Monteiro, No alvorecer do “Iluminismo” em Portugal. D. Francisco Xavier de Meneses, 4º Conde da Ericeira, Coimbra, 1965, pp. 73-79 (Separata da Revista de História Literária de Portugal, I). viii D. Francisco Xavier de Meneses, Fabulas de Eco, y Narciso [...], Lisboa Occidental, En la Imprenta Herreiriana, 1729. Sobre Miguel Lopes Ferreira, escrivão dos Contos do Reino, v. Diogo Barbosa Machado, Op. cit., Vol. III, 475. ix Carta do Cardeal D. Nuno da Cunha a D. João de Almeida, 1º Conde de Assumar, Pedrouços, 2.7.1712, Orig., I.A.N./T.T. [INSTITUTO DOS ARQUIVOS NACIONAIS/ TORRE DO

TOMBO], Casa da Fronteira, Mº 99, doc. 16. x Carta do Cardeal D. Nuno da Cunha a D. João de Almeida, 1º Conde de Assumar, Roma, 10.2.1722, Orig., ibidem, doc. 52. xi João Luis Lisboa, “Gazetas feitas à mão”, in João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda e Fernanda Olival, Gazetas manuscritas da Biblioteca Pública de Évora, Lisboa, Ed. Colibri, 2002-2005, Vol. 1, pp. 13-42, e António Coimbra Martins, “Notícia de mão”, Cultura. Revista de História e Teoria das Ideias, II Série, Vol. XXI, Lisboa, Centro de História da Cultura, 2005, pp. 317-324.

xii Carta de D. Francisco Xavier de Meneses, 4º Conde da Ericeira, a D. Rodrigo Xavier Teles de Meneses, 4º Conde de Unhão, Lisboa Ocidental, 20.05.1738, Orig., B.P.E. [BIBLIOTECA

PÚBLICA DE ÉVORA], CXX/ 2-6, p. 152, f. 175. xiii João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda e Fernanda Olival, Op. cit., Vol. 1, p. 89 (“Diario” de 25.12.1730). xiv Idem, Ibidem, Vol. 2, p. (“Diario” de 29.12.1732).

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xv “Diario” de 05.02.1737, B.P.E., CIV/1-6 d, f. 132v (em fase de edição). xvi João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda e Fernanda Olival, Op. cit., Vol. 2, p. 183 (“Diario” de 15.07.1732). xvii “Diario” de 03.01.1737, B.P.E., CIV/1-6 d, f. 46. xviii João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda e Fernanda Olival, Op. cit., Vol. 2, p. 317 (Carta do 4º Conde da Ericeira ao 4º Conde de Unhão, Lisboa Ocidental, 24.08.1734). xix Idem, Ibidem, Vol. 2, p . 285 (“Diario” de 29.09.1733). xx Idem, Ibidem, Vol. 2, p . 79 (“Diario” de 18.03.1732). xxi Idem, Ibidem, Vol. 2, p. 70 (“Diario” de 19.02.1732). xxii Idem, Ibidem, Vol. 2, p. 62 (“Diario” de 03.02.1733). xxiii Cf. Aníbal Pinto de Castro, Retórica e teorização literária em Portugal. Do Humanismo ao Neoclassicismo, Coimbra, Centro de Estudos Românicos, 1973, pp. 434-435. xxiv Sobre o carácter moral do riso cortês no século XVIII, ver Anne Richardot, Le rire des Lumières, Paris, Honoré Champion, 2002, pp. 83-96. xxv João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda e Fernanda Olival, Op. cit., Vol. 1, p. 63. xxvi Idem, Ibidem, Vol. 1, p. 155. xxvii Idem, Ibidem, Vol. 1, p. 158 (“Diario” de 16.10.1731). xxviii Idem, Ibidem, Vol. 1, p. 161 (“Diario” de 23.10.1731). xxix Idem, Ibidem, Vol. 1, pp. 178-179. xxx Idem, Ibidem, Vol. 1, p. 179, n. 530. xxxi Carta de D. Francisco Xavier de Meneses, 4º Conde da Ericeira, a D. Rodrigo Xavier Teles de Meneses, 4º Conde de Unhão, Lisboa Ocidental, 17.05.1735, Orig., B.P.E., Cód. CXX/2-6, ff. 167-168, p. 148. xxxii Jean Starobinsky, As máscaras da civilização. Ensaios, trad. de Maria Lúcia Machado, São Paulo, Companhia das Letras, 2001, pp. 231 e ss., e Jonathan I. Israel, Radical Enlightenment. Philosophy and the making of modernity 1650-1750, Oxford, Oxford University Press, 2002, p. 497, in maxime. xxxiii Ernst Cassirer, La Philosophie des Lumières, trad. de Pierre Quillet, [Paris], Fayard, [1986]. pp. 264 e ss.; Paul Hazard, Op. cit., pp. 90-105, e Norberto Ferreira da Cunha, Elites académicas na cultura portuguesa setecentista, [Lisboa], Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 2001, p. 11-47. xxxiv Paul Ricoeur, Temps et récit, Paris, Éditions du Seuil, 1983-1985, 3 Vols. xxxv Íris Kantor, Esquecidos e Renascidos. Historiografia acadêmica luso-brasilera (1724-1759), São Paulo, Hucitec, 2004, pp. 69 e ss. xxxvi Alfredo da Cunha, Elementos para a história da imprensa periódica portuguesa (1641-1821), Lisboa, s/ed., 1941, pp. 65-77; João Luís Lisboa, “Informação política nos finais do Antigo Regime. Introdução”, Cadernos de Cultura, Nº 4, Lisboa, Centro de História da Cultura, 202, pp. 7-12, e André Belo, “Between history and periodicity: printed and hand-written news in eighteenth century Portugal”, e-journal of Portuguese History, Vol. 2, Nº 2, Winter 2004. xxxvii Tiago C. P. dos Reis Miranda, “Proveniência, Autoria e Difusão” in João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda e Fernanda Olival, Op. cit., Vol. 2, pp. 35 e 40. xxxviii Idem, ibidem, Vol. 2, pp. 23-27. xxxix Paul Benhamou, “Un collectionneur de gazettes en Amérique” in Henri Duranton & Pierre Rétat, Gazettes et information politique sous l’Ancien Régime, Saint-Étienne, Université de Saint-Étienne, 1999, pp. 199-210, por exemplo. xl José Heliodoro da Cunha Rivara, Catálogo dos manuscritos da Biblioteca Pública de Évora, Lisboa, Imprensa Nacional, 1850-1871, Vol. III, pp. 8-10. xli Ver, por exemplo, Ofélia Milheiro Paiva Monteiro, op. cit., pp. 79-80, e Jacqueline Monfort, Quelques notes sur l’histoire du thêate portugais (1729-1750), Paris, Fundação Calouste Gulbenkian (Separata dos Arquivos do Centro Cultural Português, IV).

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xlii Alberto Pimentel, As amantes de D. João V. Estudos históricos, Lisboa, Livraria Ferin, 1892, e Júlio Dantas, Figuras d’ontem e d’hoje, Porto, Livraria Chardron de Lelo & Irmão, 1914, e O amor em Portugal no século XVIII, 2ª ed., Porto, Livraria Chardron de Lelo & Irmão, 1917, entre outros. xliii Reinhart Koselleck, historia/ Historia, trad. de Antonio Gómez Ramos, Madrid, Editorial Trotta S.A., 2004, pp. 54-55, onde o autor referido é Johann Christoph Gatterer. xliv Cf. Tiago C. P. dos Reis Miranda, “Manual de edição das gazetas manuscritas da Biblioteca Pública de Évora”, Cultura. Revista de História e Teoria das Ideias, IIª Série, Vol. XXI, pp. 325-361. xlv Idem, “Proveniência, Autoria e Difusão” in João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda e Fernanda Olival, Op. cit., Vol. 2, pp. 32-34. xlvi D. Fr. Raphael de Bluteau, Op. cit., sub voce “Luz da razão”.