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GAYA CAROLINA SILVA VIEIRA INFLUÊNCIA DO ACESSO CORONÁRIO E DO PREPARO MINIMAMENTE INVASIVO NA MODELAGEM DOS CANAIS RADICULARES DE INCISIVOS INFERIORES AVALIADOS POR MICROTOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 2019 Programa de Pós-Graduação em Odontologia Av. Alfredo Baltazar da Silveira, 580, cobertura 22790-710 – Rio de Janeiro, RJ Tel. (21) 2497-8988

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GAYA CAROLINA SILVA VIEIRA

INFLUÊNCIA DO ACESSO CORONÁRIO E DO PREPARO MINIMAMENTE INVASIVO NA MODELAGEM DOS CANAIS RADICULARES

DE INCISIVOS INFERIORES AVALIADOS POR MICROTOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

2019

Programa de Pós-Graduação em Odontologia Av. Alfredo Baltazar da Silveira, 580, cobertura

22790-710 – Rio de Janeiro, RJ Tel. (21) 2497-8988

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GAYA CAROLINA SILVA VIEIRA

INFLUÊNCIA DO ACESSO CORONÁRIO E DO PREPARO MINIMAMENTE INVASIVO NA MODELAGEM DOS CANAIS RADICULARES DE INCISIVOS

INFERIORES AVALIADOS POR MICROTOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia, da Universidade Estácio de Sá, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Doutor em Odontologia (Endodontia).

Orientador:

Prof. Dr. José Claudio Provenzano

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ RIO DE JANEIRO

2019

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DEDICATÓRIA

A Deus e minha família pelo apoio, incentivo,

paciência e amor incondicional em todos os

momentos dessa caminhada. Sou muito

grata por ter vocês em minha vida.

Obrigada.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me permitir chegar a este importante momento da minha vida, me

abençoar e me dar forças para alcançar este objetivo.

Aos meus pais, Jorge e Sarita Vieira, por me apoiarem sempre durante minha

trajetória, e compreenderem minha ausência em certos momentos. Obrigada pelos

ensinamentos diários, pelo carinho, força e incentivo. Vocês são minha vida.

Aos meus irmãos, Jorge e Matheus Moutinho, pelo carinho, pelas brincadeiras

e pela parceria de sempre. Mesmo distantes nos mantemos unidos.

Ao meu noivo, amigo, mozisi, Alejandro Pérez, por me incentivar e participar

ativamente da minha caminhada na docência, na pesquisa e na vida. Feliz de ter te

encontrado, meu amor e companheiro de todas as horas. Te amo.

Ao meu filho, Chico pipoca, por todos os momentos felizes que me

proporciona, todo carinho e amor que trás para nossa família. Um anjinho que foi

enviado a terra.

A minha avó, Otilia Joaquina pelo amor e confiança de sempre.

A Dona Cida pelo amor, carinho, mimos e dedicação com nossa família.

Aos meus sogritos e família, pela ajuda, cumplicidade e carinho. Vocês são

pessoas iluminadas. Obrigada pelo incentivo e por estarem sempre presentes nas

nossas vidas.

A Professora Doutora Isabela das Neves Rôças Siqueira, que tenho profunda

admiração, por sempre estar por perto para me ajudar e ensinar. É uma honra ser

sua aluna.

Agradeço ao Professor Doutor José Freitas Siqueira Júnior, por ser um

exemplo de profissional e pela sua dedicação e competência na pesquisa em

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Endodontia. Tive a oportunidade de ser sua aluna de especialização, mestrado e

doutorado. Sem dúvidas é meu grande exemplo a ser seguido. Uma pessoa

generosa, conhecida mundialmente, que divide seu conhecimento e nos incentiva a

crescer.

Ao Professor Doutor José Claudio Provenzano, pelos ensinamentos,

dedicação e oportunidade de aprendizado. Obrigado por aceitar ser meu orientador.

Ao Professor Doutor Flávio Alves e família, por todos os ensinamentos e pela

amizade. Obrigada pela oportunidade de trabalharmos juntos e poder aprender com

o grande profissional e pessoa que é.

Aos professores do PPGO, em especial a Doutora Mônica Neves, Doutor

Lucio Gonçalves e Doutor Fábio Vidal pelos ensinamentos e ajuda ao longo de toda

a caminhada.

A minha querida amiga Angélica Pedrosa, por todo carinho comigo e com

Alejandro. Sempre nos ajudando.

A Ana Paula, pela ajuda e por estar sempre disponível para ajudar.

Aos meus companheiros do PPGO, em especial ao Warley Silva, Ximena

Bermudez, José Palma, Andrea Campello e Bernardo Mattos, Sabrina Brasil e Sara

Silva por serem além de um grande apoio na Universidade, grandes amigos.

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ÍNDICE

RESUMO ......................................................................................................

ABSTRACT ..................................................................................................

LISTA DE FIGURAS .....................................................................................

LISTA DE TABELAS .....................................................................................

LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS ...................................

1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................

2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................

3. JUSTIFICATIVA ........................................................................................

4. HIPÓTESE ................................................................................................

5. OBJETIVOS ..............................................................................................

6. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................

7. RESULTADOS .........................................................................................

8. DISCUSSÃO .............................................................................................

9. CONCLUSÃO ...........................................................................................

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................

11. ANEXOS .................................................................................................

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RESUMO

Objetivo. Este estudo ex vivo teve como objetivo avaliar a modelagem promovida

pelo preparo químico-mecânico (PQM) em canais radiculares ovais submetidos a

tratamento endodôntico convencional ou minimamente invasivo, através de

microtomografia computadorizada (micro-CT).

Materiais e Métodos. Sessenta incisivos inferiores foram pareados e divididos em

dois grupos, de acordo com o tipo de acesso (minimamente invasivo e

convencional). Escaneamentos microtomográficos foram realizados após cada

aumento sequencial da instrumentação (30/04 e 40/04).

Resultados. A análise intragrupo revelou redução significativa na quantidade de

áreas não preparadas após o aumento sequencial do preparo (P<0,01). Quando

comparada a quantidade de áreas não instrumentadas entre os grupos, para ambos

os comprimentos (porção apical e comprimento total do canal) e diâmetros, não foi

observada diferença estatística significante (P>0,05).

Conclusões. O acesso endodôntico minimamente invasivo não influenciou na

modelagem dos canais radiculares, quando comparado ao acesso convencional, em

incisivos inferiores ovais. Preparos apicais mais amplos, diminuíram

significativamente o número de paredes não preparadas após o PQM.

Palavras-chave: áreas não preparadas; endodontia minimamente invasiva;

ampliação apical mínima; microtomografia computadorizada.

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ABSTRACT

Aim. The aim of this ex vivo study was to evaluate the shaping abilities of the

chemomechanical preparation in oval root canal submitted to conventional or

minimally invasive endodontic treatment, by computed microtomography.

Materials and methods. Sixty mandibular incisors were matched and divided into

two groups, according to the type of access (minimally invasive and conventional).

Micro-CT scans were performed after each sequential increase of the instrument

(30/04 and 40/04).

Results. The intragroup analysis revealed a significant reduction in the amount of

unprepared areas after each increased in size of preparation (P<0,01). When

comparing the number of uninstrumented areas between groups, for both lengths

(apical portion and total length of the root canal) and diameters, no statistically

significant difference was observed (P>0.05).

Conclusions. Minimally invasive endodontics access did not influence the shaping

ability when compared to conventional access, in oval mandibular incisors. Larger

apical preparations significantly decreased the number of unprepared areas after

chemomechanical preparation.

Keywords: Unprepared areas; minimally invasive endodontics; minimal apical

enlargement; micro-computed tomography.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.

Figura 2.

Figura 3.

Figura 4.

Figura 5.

Figura 6.

Mensuração do comprimento da incisal do dente com o paquímetro

digital ..................................................................................................

Sobreposição das imagens no programa ImageJ 1.50 d ....................

Imagem de um acesso minimamente invasivo ..................................

Imagem de um acesso convencional .................................................

Representação esquemática depois de cada etapa da

instrumentação de um incisivo inferior do grupo com acesso

minimamente invasivo. Imagem A. Canal inicial; Imagem B.

Sobreposição do antes e depois da instrumentação com a XP-endo

Shaper (30/04); Imagem C. Sobreposição do antes e depois da

instrumentação com a BioRace 5 (40/04); Imagem D. Sobreposição

das imagens após o final da instrumentação com ambos os

instrumentos……………………………………………………………….

Representação esquemática depois de cada etapa da instrumentação

de um incisivo inferior do grupo com acesso convencional. Imagem A.

Canal inicial; Imagem B. Sobreposição do antes e depois da

instrumentação com a XP-endo Shaper (30/04); Imagem C.

Sobreposição do antes e depois da instrumentação com a BioRace 5

(40/04); Imagem D. Sobreposição das imagens após o final da

instrumentação com ambos os instrumentos ………………..

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.

Tabela 2.

Tabela 3.

Tabela 4.

Resumo das características dos trabalhos ex vivo ................................. Dados da avaliação por micro-CT do comprimento total do canal (10

mm) dos incisivos inferiores ovais quanto à área (mm2) e volume (mm3)

totais antes e depois do preparo com instrumentos de diferentes

diâmetros ..............................................................................................

Dados da avaliação por micro-CT da porção apical (04 mm) dos

incisivos inferiores ovais quanto à área (mm2) e volume (mm3) totais

antes e depois do preparo com instrumentos de diferentes diâmetros ...

Porcentagens das áreas não preparadas antes e depois do preparo

com instrumentos de diferentes diâmetros no comprimento total do

canal (10 mm) e na porção apical (4 mm) ..............................................

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LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS

ALARA

CBCT

CP

CT

EMI

Micro-CT

NaOCl

NiTi

PCR

PQM

SCR

SAF

As Low as Reasonably Achievable

Tomografia computadorizada de feixe cônico

Comprimento de patência

Comprimento de trabalho

Endodontia minimamente invasiva

Microtomografia computadorizada

Hipoclorito de sódio

Níquel-titânio

Reação em cadeia da polimerase

Preparo químico-mecânico

Sistema de canais radiculares

Self-Adjusting file

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1. INTRODUÇÃO

A lesão perirradicular é uma doença inflamatória de origem infecciosa

causada por microrganismos que colonizam o sistema de canais radiculares (SCR),

sendo assim, o tratamento endodôntico possui como objetivo principal o controle da

infecção (SIQUEIRA & RÔÇAS, 2008).

O preparo da cavidade de acesso coronário é uma das mais importantes

etapas operatórias do tratamento endodôntico (CHRISTIE & THOMPSON, 1994).

Um adequado acesso visa remover completamente o teto da câmara pulpar que

pode abrigar tecido pulpar e servir como substrato para microrganismos (WELLER

& HARTWELL, 1989). Além disso, facilita a detecção da entrada dos canais

radiculares e melhora a eficácia da instrumentação, devido à eliminação de

interferências coronárias, evitando iatrogenias como desvio da anatomia original do

canal, durante o preparo e a fratura de instrumentos (SCHROEDER et al., 2002;

YUAN et al., 2016). As cavidades de acesso convencionais possuem formatos

geométricos predefinidos, dependendo do tipo de dente (TROPE & GROSSMAN,

1985). No entanto, estratégias como o pré-alargamento cervical e desgaste

anticurvatura (ABOU-RASS et al., 1980), são geralmente recomendados para

facilitar a limpeza, instrumentação e obturação dos canais radiculares (LEEB,

1983). Alguns estudos demonstraram que o acesso convencional pode reduzir

criticamente a quantidade de dentina hígida (PANITVISAI & MESSER, 1995;

ASUNDI & KISHEN, 2001; LANG et al., 2006), aumentando a capacidade de

deformação do dente, tornando-o mais susceptível à fratura (PANITVISAI &

MESSER, 1995; ASUNDI & KISHEN, 2001).

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Nos últimos anos, uma nova filosofia de tratamento está gradativamente

sendo utilizada em Odontologia, a Endodontia Minimamente Invasiva (EMI), que

visa a prevenção e o tratamento das patologias pulpares e perirradiculares, através

do menor desgaste de tecido dentário possível, objetivando manter a resistência e

a função do dente submetido a tratamento endodôntico (CLARK & KHADEMI,

2010a). Estudos demonstram que a perda de estrutura é um fator importante na

diminuição da resistência à fratura de dentes tratados endodonticamente, quando

sob cargas funcionais (PANITVISAI & MESSER, 1995; KISHEN, 2006).

O conceito preconizado pelos profissionais está relacionado com a

manutenção da dentina pericervical, situada aproximadamente 4 mm acima e

abaixo da crista óssea, durante o acesso endodôntico (CLARK & KHADEMI,

2010a; BÓVEDA & KISHEN, 2015). Acredita-se que adotando tais medidas, o risco

de fratura do dente iria diminuir devido à redução da flexão de cúspides (CLARK &

KHADEMI, 2010a). Porém essa filosofia é baseada na percepção clínica do

operador e não em evidência científica comprovada. Estudos que avaliaram a

influência do acesso endodôntico minimamente invasivo quanto a resistência à

fratura do dente tratado endodonticamente demonstraram que esse tipo de

tratamento não aumenta a resistência à fratura (KRISHAN et al., 2014; MOORE et

al., 2016; DE-DEUS et al., 2017; ROVER et al., 2017; CORSENTINO et al., 2018;

ÖZYÜREK et al., 2018; ABOU-ELNAGA et al., 2019).

Além de preparos mais conservadores, a EMI indica a utilização de

instrumentos de menores diâmetros e conicidades (CLARK & KHADEMI, 2010a;

BÓVEDA & KISHEN, 2015). Porém, estudos clínicos têm demonstrado que quanto

maior a ampliação apical, maior a desinfecção do canal (DALTON et al., 1998;

CARD et al., 2002; RODRIGUES et al., 2017), e consequentemente maior índice

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de sucesso do tratamento endodôntico (SAINI et al., 2012; AMINOSHARIAE &

KULILD, 2015b).

Certamente a pergunta mais intrigante com relação à influência do desenho

do acesso endodôntico no PQM é se o acesso minimamente invasivo permite uma

adequada modelagem dos canais radiculares. Até o momento nenhum estudo

avaliou a influência do acesso e do preparo minimamente invasivo, na capacidade

de modelagem promovida pelo PQM com diferentes diâmetros apicais, utilizando

imagens de microtomografia computadorizada (micro-CT).

Assim, o objetivo desse estudo ex vivo foi avaliar e comparar a capacidade

de modelagem promovida pelo PQM, em incisivos inferiores ovais submetidos a

tratamento endodôntico convencional ou minimamente invasivo. A avaliação da

qualidade do PQM foi realizada através de micro-CT.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Objetivos do preparo químico-mecânico

A lesão perirradicular é uma doença inflamatória de origem infecciosa

causada por microrganismos, principalmente bactérias que colonizam o SCR

(SIQUEIRA & RÔÇAS, 2008). De forma geral, formam uma comunidade

microbiana mista cuja diversidade pode variar de acordo com o tipo de infecção e

de manifestação clínica da doença (SIQUEIRA et al., 2012). Estudos morfológicos

da microbiota endodôntica de dentes associados a infecção primária (dentes sem

tratamento) e infecção persistente ou secundária (dentes tratados) demonstraram

que o padrão dominante de colonização é na forma de biofilme bacteriano aderido

às paredes do canal, podendo ser encontradas também células planctônicas

(RICUCCI et al., 2009; RICUCCI & SIQUEIRA, 2010).

Bactérias presentes na forma de flocos individuais e planctônicas no canal

radicular principal podem ser facilmente alcançadas e eliminadas pela ação

mecânica dos instrumentos endodônticos e pelas substâncias químicas auxiliares

usadas durante o tratamento, porém aquelas organizadas na forma de biofilme,

muitas vezes aderidas em áreas de complexidade anatômicas como istmos,

túbulos dentinários e ramificações são difíceis de serem eliminadas (RICUCCI &

SIQUEIRA, 2010). Dependendo de vários fatores, incluindo número células

microbianas, disponibilidade de nutrientes, espaço disponível para crescimento,

virulência e acesso aos tecidos perirradiculares, bactérias residuais podem colocar

o resultado final do tratamento em risco (SIQUEIRA & RÔÇAS, 2008).

Durante o tratamento endodôntico a redução ou eliminação dos

microrganismos pode ser alcançada pelos procedimentos realizados durante o

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PQM e através da colocação de medicação intracanal (VERA et al., 2012). Embora

enfatizar um procedimento em particular não pareça ser o ideal, o PQM pode ser

considerado uma etapa essencial para a desinfecção do canal radicular (SIQUEIRA

et al., 2000) pois tem demonstrado causar redução significativa do número de

microrganismos intracanal (ALVES et al., 2012; NEVES et al., 2014; NEVES et al.,

2016). No entanto, apesar de ser um passo fundamental em termos de controle da

infecção, pode não ser suficiente para eliminar previsivelmente os microrganismos,

já que em muitos casos há persistência microbiana pós tratamento endodôntico

(PAIVA et al., 2013; RODRIGUES et al., 2015).

Os principais objetivos do PQM são controle da infecção através da redução

máxima do número de microrganismos presentes no interior do SCR e seus

produtos; limpeza e remoção de todo o tecido pulpar, necrosado ou não, que possa

servir como fonte de nutrientes para o crescimento microbiano; modelagem para

permitir a obturação de todo o espaço que outrora era ocupado pela polpa,

impedindo uma possível recolonização microbiana (RICUCCI et al., 2009). Quando

esses objetivos não são alcançados o sucesso a curto e a longo prazo do

tratamento endodôntico pode ser influenciado (SIQUEIRA et al., 2012).

Os procedimentos realizados durante o tratamento endodôntico deveriam

eliminar todos os microrganismos que colonizam o SCR. Contudo, devido a grande

complexidade anatômica, com os recursos disponíveis na atualidade (instrumentos,

substâncias químicas auxiliares e protocolos), o cumprimento desse objetivo é

impossível para grande parte dos casos (VERA et al., 2012). Portanto, o objetivo

alcançável é reduzir as populações bacterianas a níveis compatíveis com o reparo

dos tecidos perirradiculares, ou seja, abaixo do necessário para induzir ou

sustentar a doença (SIQUEIRA & RÔÇAS, 2008). A diminuição da carga

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microbiana é conseguida por uma combinação de medidas, tais como a ação

mecânica dos instrumentos endodônticos, a ação antimicrobiana da solução

irrigadora e a utilização de medicação intracanal entre consultas para suplementar

a desinfecção (SIQUEIRA & RÔÇAS, 2008).

2.2. Importância do acesso coronário

Tradicionalmente os principais objetivos do acesso endodôntico são a

identificação dos orifícios de entrada dos canais e a obtenção de um acesso em

linha reta ao terço apical (MAUGER et al., 1999). É importante que, para a

execução de um acesso adequado, seja removida toda a cárie existente,

calcificações, restaurações, o teto da câmara pulpar e o tecido pulpar necrosado ou

vital (WILCOX & WALTON, 1987). Um preparo adequado da cavidade de acesso

necessita de um bom conhecimento da anatomia da câmara pulpar e de uma

avaliação minuciosa das radiografias pré-operatórias (KRASNER & RANKOW,

2004).

Além disso, durante a execução do acesso deve-se remover estrutura

dentária suficiente para permitir que os instrumentos sejam posicionados facilmente

no canal radicular, sem que haja interferência das paredes, para diminuir o risco de

erros durante o preparo como fratura de instrumento, perfuração, transporte do

canal ou desvios (MANNAN et al., 2001). Já foi demonstrado que acessos

minimamente invasivos podem comprometer negativamente a instrumentação do

canal radicular, deixando maior quantidade de parede não preparadas (KRISHAN

et al., 2014), dificultando o ângulo de entrada do instrumento no canal (EATON et

al., 2015), comprometendo inclusive a limpeza da câmara pulpar (NEELAKANTAN

et al., 2018).

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Canais adicionais podem estar presentes em todos os tipos de dentes com

frequência significativa, e se estiverem colonizados por microrganismos e

permanecerem não tratados podem sustentar a doença (SIQUEIRA & RÔÇAS,

2008). Dentes com tratamento endodôntico, com pelo menos um canal não

localizado, apresentam alta frequência (98%) de lesão perirradicular pós tratamento

(COSTA et al., 2019). Assim, durante o tratamento endodôntico, é fundamental a

utilização de métodos diagnósticos adequados para antecipar a presença e

localização dos canais radiculares difíceis de encontrar ou extras, além da

realização de um acesso coronário com extensão suficiente que permita

visualização dos orifícios de entrada do canal (YOSHIOKA et al., 2005). Sem

dúvidas, um acesso bem executado é essencial para um bom resultado final do

tratamento endodôntico (RICUCCI et al., 2011).

2.3. Preparo dos canais radiculares - Avaliação por micro-CT

O insucesso da terapia endodôntica geralmente está associado a

tratamentos inadequados, devido a deficiências técnicas durante os procedimentos

químico-mecânicos, onde a infecção microbiana permanece inalterada nos canais

radiculares pouco preparados, irrigados, medicados e mal obturados. Segundo

alguns estudos (TAVARES et al., 2009; MORENO et al., 2013), a baixa qualidade

do tratamento endodôntico anterior é o principal fator de risco para a manutenção

de uma lesão perirradicular pós-tratamento. Apesar disso, em uma porcentagem

menor de casos, a terapia endodôntica pode falhar devido à persistência

microbiana em canais tratados com alto padrão de qualidade (VERA et al., 2012).

Isso ocorre porque, embora o canal principal e pequenas irregularidades

anatômicas sejam geralmente incorporadas ao preparo, remanescentes pulpares e

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microbianos podem estar presentes em áreas de complexidades anatômicas e

podem representar grandes desafios para a limpeza, desinfecção e modelagem

adequadas, mesmo para um clínico experiente (LACERDA et al., 2017; SIQUEIRA

et al., 2018).

Algumas complexidades anatômicas do canal radicular podem influenciar no

sucesso final do tratamento endodôntico como: curvatura acentuada, canal lateral,

istmo, delta apical, área de recesso com seção transversal oval, em forma de C ou

achatada (SIQUEIRA et al., 2018). De acordo com alguns estudos (SIQUEIRA et

al., 1997; PETERS et al., 2001; VERA et al., 2012) independentemente do sistema

de instrumentação e instrumentos/irrigantes utilizados, os procedimentos realizados

durante o PQM são incapazes de promover limpeza, desinfecção e modelagem

completas do canal radicular, especialmente nessas áreas.

As imagens obtidas através do micro-CT têm sido amplamente utilizadas em

trabalhos in vitro para avaliar a área de superfície do canal radicular não preparada

pelos instrumentos endodônticos, avaliando a capacidade de modelagem de

diferentes técnicas de preparo (PETERS et al., 2001; VERSIANI et al., 2011;

SIQUEIRA et al., 2013; BRASIL et al., 2017). Trata-se de um método não destrutivo

que permite avaliação tridimensional do SCR, permitindo comparar a morfologia do

canal antes e após o preparo (PÉREZ et al., 2018). Através dessa metodologia, já

foi demonstrado que uma grande porcentagem de área das paredes do canal

radicular permanece não preparada após o PQM, independentemente da técnica

de instrumentação ou instrumento utilizado, especialmente em canais ovais

(PAQUÉ & PETERS, 2011; PETERS & PAQUÉ, 2011; VERSIANI et al., 2011;

ZHAO et al., 2014; BUSQUIM et al., 2015; STAVILECI et al., 2015; COELHO et al.,

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2016; GUIMARÃES et al., 2017; LACERDA et al., 2017; ARIAS et al., 2018; ESPIR

et al., 2018; ZUOLO et al., 2018).

As diferenças anatômicas internas entre os canais palatino, mésio e disto-

vestibular do molar superior, além do distal, mésio-lingual e vestibular do molar

inferior apresentam um desafio significativo durante a modelagem (PETERS et al.,

2003). Em canais ovais e em forma de fita, como no canal mésio-vestibular e no

distal, uma maior área não preparada é esperada (PETERS & PAQUÉ, 2011).

PAQUÉ et al. (2010) avaliaram por micro-CT as áreas de superfície não

preparadas em canais ovais de raízes distais de molares inferiores por quatro

diferentes técnicas. A média de área não preparada variou de 60% a 80% quando

avaliado o comprimento total do canal e 65% a 75% na porção apical (4 mm).

ZHAO et al. (2014) observaram que nesses mesmos tipos de raízes, as

porcentagens de áreas não preparadas, com outros três diferentes sistemas

mecanizados eram significativamente maiores que quando comparada aos canais

mesiais, alcançando média de 57%. Apesar disso, quando utilizaram no preparo

um instrumento que se auto ajusta ao canal, conhecido como Self Adjusting File

(SAF) (ReDent-Nova, Ra’anana, Israel), a média de superfície não preparada caiu

para 23,5% (PAQUÉ & PETERS, 2011). Todavia, quando a SAF foi utilizada em

canais mésio-vestibulares de molares superiores ovais observaram que a média de

área não preparada era de 26% (PETERS & PAQUÉ, 2011).

Em geral, a prevalência de canais radiculares ovais longos no segmento

apical é de cerca de 30%, porém incisivos inferiores exibem uma prevalência

aumentada desse tipo de configuração anatômica maior que 50% (WU et al.,

2000).

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VERSIANI et al. (2011) preparam incisivos inferiores ovais com os sistemas

SAF ou K3 (SybronEndo, West Collins, CA, EUA). Através da micro-CT

observaram que a SAF alcançou significativamente mais paredes no segmento

coronário e médio do que o K3 (8% e 35% respectivamente, de áreas não

preparadas). COELHO et al. (2016) observaram a porcentagem média de área não

preparada, nesse mesmo grupo de dentes, instrumentados com WaveOne

(Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça), Easy ProDesign Logic (Easy Equipamentos

Odontológicos, Belo Horizonte, MG) e One Shape (Micro Mega, Besançon,

França). As médias foram de 23%, 37,7% e 28,2%, respectivamente, e não

apresentaram diferenças estatísticas significantes.

Enquanto isso, ESPIR et al. (2018) compararam Reciproc (VDW, Munique,

Alemanha) e Mtwo (VDW, Munique, Alemanha), em incisivos inferiores ovais, e

encontraram 18% e 17% respectivamente, de paredes não preparadas em cada

grupo, quando toda extensão do canal foi avaliada, sem diferença estatística

significante entre os grupos. ZUOLO et al. (2018) avaliaram BioRace (FKG

Dentaire, La-Chaux-de-Fonds, Suíça), Reciproc, SAF e TRUShape (Dentsply Tulsa

Dental Specialties, Tulsa, OK, EUA) utilizando incisivos inferiores e observaram

que a BioRace (32%) deixou significativamente mais áreas não preparadas do que

Reciproc (19%) e SAF (16%) e nenhuma diferença significativa foi observada com

a TRUShape (19,2%).

Portanto, canais que possuem forma de seção transversal oval representam

um desafio significativo durante o PQM para uma adequada limpeza (LACERDA et

al., 2017), modelagem e desinfecção (ALVES et al., 2012) do canal radicular,

especialmente quando os instrumentos rotatórios convencionais são usados para o

preparo. Isso acontece porque esse tipo de instrumentação geralmente confere ao

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canal radicular uma forma circular, não alcançando muitas vezes as áreas de

recesso encontradas nas extremidades do maior diâmetro do canal oval (JOU et

al., 2004).

Nos últimos anos, tem sido introduzido na Endodontia, instrumentos com

novas propostas de desenhos e mudanças na liga de níquel-titânio (NiTi), visando

alcançar as áreas de recessos nas extremidades de maior diâmetro do canal, que

possam permanecer não preparadas pelos instrumentos tradicionais e abrigar

biofilme remanescente, colocando o sucesso do tratamento endodôntico em risco

(LACERDA et al., 2017).

A XP-endo Shaper (FKG Dentaire, La Chaux-de-Fonds, Suíça) é um novo

instrumento único mecanizado rotatório fabricado com liga NiTi MaxWire

(Brasseler, Savannah, GA, EUA), que proporciona alta flexibilidade e resistência à

fadiga. Apresenta forma de “serpente” e, segundo o fabricante, quando atua na

temperatura corporal consegue se expandir e contrair, adaptando-se à morfologia

do canal radicular. Apesar do diâmetro 30/.01, quando em ação esse instrumento

pode ampliar o preparo em até 30/.04. A XP-endo Shaper apresenta uma ponta

Booster que facilita a penetração em canal de diâmetro inicial menor do que o

próprio instrumento (ALVES et al., 2018; MACHADO et al., 2019).

LACERDA et al. (2017) foi o primeiro trabalho a avaliar a XP-endo Shaper,

quanto a capacidade de modelagem e limpeza de canais ovais, através da

correlação de duas metodologias: micro-CT e histologia. Canais distais ovais de

molares inferiores com vitalidade pulpar recém-extraídos foram divididos em três

grupos de acordo com o tipo de sistema de instrumentação empregado. Os

resultados revelaram que no segmento apical (4 mm), a quantidade média de área

não preparada após o emprego da SAF, TRUShape e XP-endo Shaper foi de

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9,85%, 15,88% e 17,77%, respectivamente. Os sistemas testados apresentaram

limpeza comparável, porém houve diferença estatisticamente significante entre as

porcentagens de áreas não preparadas entre a SAF e a XP-endo Shaper.

VERSIANI et al. (2018) avaliaram através de micro-CT, a capacidade de

modelagem dos sistemas XP-endo Shaper, iRaCe (FKG Dentaire SA, La Chaux-

de-Fonds, Suíça) e EdgeFile (EdgeEndo, Albuquerque, NM, EUA), em incisivos

inferiores com canais ovais longos, e a média das áreas não preparadas foi de

9,42%, 8,17%, 6,65% respectivamente. Não foi observada diferença estatística

significante entre os grupos.

Sistemas de instrumentação endodôntica com ação expandida são recentes

no mercado e consequentemente, não existem muitos estudos avaliando suas

capacidades. Sendo assim, novos trabalhos se tornam necessários para avaliar a

eficácia modelagem, assim como, na otimização da limpeza e desinfecção do SCR.

2.4. Desinfecção – alargamento x desinfecção

Dentes portadores de polpa necrosada e contaminada por microrganismos

ou com tratamento endodôntico associado a lesão perirradicular apresentam uma

infecção intrarradicular instalada. Portanto, os procedimentos endodônticos devem

objetivar principalmente a eliminação de microrganismos que colonizam os canais,

além de prevenir a introdução de novos patógenos no SCR (SIQUEIRA, 2001b).

Assim, desinfecção é importante para o sucesso do tratamento endodôntico, uma

vez que a presença de bactérias é a causa da doença (KAKEHASHI et al., 1965;

SUNDQVIST, 1976).

Das etapas do tratamento envolvidas com a eliminação da população

bacteriana, o PQM é a mais importante, já que reduz significativamente a carga

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microbiana intrarradicular (DALTON et al., 1998; RÔÇAS & SIQUEIRA, 2011). A

redução bacteriana do canal radicular é realizada por meio da ação mecânica dos

instrumentos e da irrigação/aspiração, bem como dos efeitos antimicrobianos dos

irrigantes (ZEHNDER, 2006). Apesar disso, os trabalhos demonstram que mesmo o

PQM sendo altamente eficaz em reduzir significativamente o número de

microrganismos intracanal, cerca de 40% a 60% dos canais radiculares ainda

apresentam presença bacteriana pós preparo (SIQUEIRA et al., 2007a; SIQUEIRA

et al., 2007b).

A ampliação do preparo apical tem sido sugerida como uma estratégia para

otimizar a desinfecção do SCR. Trabalhos ex vivo e clínico (DALTON et al., 1998;

SIQUEIRA et al., 1999; RODRIGUES et al., 2017) demonstraram que quanto maior

a ampliação apical, maior a redução bacteriana intrarradicular. Preparos mais

amplos permitem que maior quantidade de dentina contaminada seja eliminada

(CARD et al., 2002), possibilita a penetração mais profunda da agulha de irrigação,

melhorando a ação da substância irrigadora e consequentemente, a limpeza do

canal radicular (USMAN et al., 2004).

DALTON et al. (1998) compararam em um trabalho clínico, a redução

bacteriana intrarradicular promovida pela instrumentação mecanizada rotatória de

NiTi e manual step-back, utilizando solução salina estéril como irrigante. Quatro

amostras microbiológicas foram coletadas após cada aumento sequencial do

instrumento, e analisadas pelo método de cultura. Independentemente da técnica

utilizada, o número de bactérias em todas as amostras foi significativamente menor

que a média inicial. A contagem de unidades formadoras de colônias após

instrumentação não revelou diferença estatística entre os grupos, indicando que

ambos os sistemas apresentam capacidade de desinfecção semelhante. Além

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disso, foi observado uma redução bacteriana adicional com o aumento do diâmetro

apical (D0) do instrumento, concluindo que a ampliação apical é mais relevante do

que o sistema de instrumentação em si.

SIQUEIRA et al. (1999) avaliaram a redução bacteriana em pré-molares

inferiores com canal único, contaminados com E. faecalis, e preparados por três

técnicas distintas de instrumentação. No grupo NiTiFlex (Dentsply Maillefer,

Ballaigues, Suíça) foram realizadas coletas após cada troca de instrumento,

portanto, a cada aumento do diâmetro apical. A redução média de bactérias foi de

98,17%, 99,5% e 99,57% para os canais preparados para os instrumentos nº 30, nº

35 e nº 40 respectivamente, revelando diferença significativa entre esses

instrumentos. Os autores concluíram que quanto mais amplo o preparo apical,

melhor a desinfecção do canal radicular.

Em um estudo in vivo, CARD et al. (2002) realizaram o PQM de dentes com

lesão perirradicular e coletaram amostras microbiológicas antes do preparo (S1) e

após cada uma das instrumentações consecutivas (S2 e S3). Diferença significativa

foi observada entre S1 e S2, e entre S1 e S3, demonstrando a importância da

ampliação apical na desinfecção do canal radicular.

RODRIGUES et al. (2017) avaliaram em um estudo in vivo, a influência do

diâmetro apical do preparo e o efeito de duas substâncias irrigadoras: hipoclorito de

sódio (NaOCl) e solução salina, na redução bacteriana em dentes submetidos a

retratamento, associados a lesão perirradicular. Os canais foram preparados pelo

sistema Twisted File Adaptive (SybronEndo, Orange, CA, EUA) e realizadas três

coletas bacterianas: antes do preparo (S1); após utilizar o primeiro instrumento (S2)

e após o terceiro instrumento (S3). A análise microbiana avaliada por método

molecular (PCR em tempo real) revelou que o aumento do diâmetro apical do

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terceiro instrumento, promoveu uma diminuição significativa na carga microbiana,

em relação ao primeiro instrumento empregado. Além disso, o NaOCl foi

significativamente mais eficaz que a solução salina, após o uso do instrumento de

maior diâmetro.

SAINI et al. (2012) realizaram um trabalho clínico prospectivo, para avaliar a

influência do diâmetro apical do preparo, em relação ao primeiro instrumento que

se ajustava ao comprimento de trabalho (CT), no sucesso do tratamento

endodôntico em primeiros molares inferiores com infecção primária. A percentagem

de reparo foi de 48% (dois diâmetros maiores), 71,43% (três diâmetros), 80%

(quatro diâmetros), 84,61% (cinco diâmetros) e 92% (seis diâmetros). Contudo,

apenas o grupo de dois diâmetros maiores apresentou um reparo

significativamente menor, do que demais grupos. Apesar dos autores observarem

que o índice de sucesso aumentou a cada aumento do diâmetro apical, concluíram

que ampliar além de três instrumentos pode não acarretar em nenhum benefício ao

resultado final do tratamento.

AMINOSHARIAE & KULILD (2015a), em uma revisão sistemática, avaliaram

se o aumento da porção apical dos canais afetava a redução microbiana em

pacientes submetidos a tratamento endodôntico. Cinco de sete artigos concluíram

que a ampliação do canal reduzia o número de microrganismos, enquanto que dois

artigos não encontraram diferença significativa entre os diâmetros nº 25 e nº 40.

No mesmo ano AMINOSHARIAE & KULILD (2015b) realizaram outra revisão

sistemática de pacientes submetidos a tratamento endodôntico, com o objetivo de

determinar se a ampliação apical influenciava no reparo do tecido perirradicular.

Baseados na informação da literatura concluíram que, a melhor evidência clínica

sugere que em caso de polpa necrosada e lesão perirradicular associada, o

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aumento do diâmetro apical resulta em maior sucesso do tratamento endodôntico,

em termos de avaliações clínicas e radiográficas. Portanto, vale ressaltar que

preparos apicais maiores aumentam a probabilidade do instrumento preparar maior

área das paredes do canal, incorporando irregularidades anatômicas, e aumentar a

desinfecção através da remoção de biofilme e dentina contaminada (PETERS et

al., 2015). Apesar disso, a ampliação do segmento apical deve ser compatível com

a anatomia da raiz, evitando um desgaste excessivo nessa região, a fim de

prevenir acidentes (RUNDQUIST & VERSLUIS, 2006).

2.5. Endodontia Minimamente Invasiva

2.5.1. Um novo conceito

Um dos passos fundamentais durante o tratamento endodôntico é a

realização da cavidade de acesso (LATURNO & ZILLICH, 1985). Tradicionalmente,

esta deveria ser ampla o suficiente para permitir a entrada no canal em linha reta,

facilitando a limpeza, modelagem e obturação, e consequentemente, evitando

possíveis erros de procedimento (CHRISTIE & THOMPSON, 1994).

Recentemente, o conceito de EMI foi introduzido objetivando prevenir e

tratar as patologias pulpares e perirradiculares, através da preservação máxima de

estrutura dentária, visando reduzir o risco de fratura dentária (CLARK & KHADEMI,

2010a). Segundo CLARK & KHADEMI (2010a) e GUTMANN (2013), esse conceito

envolve minimizar a remoção de estrutura dentária coronária, durante o acesso

endodôntico, preservando parte do teto em torno de toda câmara pulpar. A EMI

apresenta propõe algumas mudanças no protocolo clínico como:

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1) Evitar a remoção da dentina situada no segmento cervical do canal, utilizando

instrumentos de menor conicidade, enfatizando a importância da manutenção

de dentina pericervical localizada 4 mm acima e 4 mm abaixo da crista óssea.

Em incisivos, é sugerido a preservação da dentina na região do cíngulo.

2) Diâmetros apicais menores (> nº20 ≤ nº40) são desejáveis para a preservação

da dentina radicular.

O desenvolvimento tecnológico foi determinante para alcançar esses

objetivos. O advento de instrumentos em NiTi, microinstrumentos, da microscopia

operatória e da tomografia computadorizada de feixe cônico (CBCT), permitiu ao

profissional realizar tratamentos endodônticos mais conservadores, preservando o

máximo possível da estrutura dentária (BÓVEDA & KISHEN, 2015).

Nessa nova modalidade de conduta do tratamento endodôntico, a utilização

de magnificação é indispensável, pois algumas etapas do tratamento requerem

melhor resolução em relação ao olho humano (BÜRKLEIN & SCHÄFER, 2015).

Além disso, o CBCT é considerado fundamental como exame completar, pois

permite avaliar detalhes da anatomia interna dentária e suas estruturas de suporte,

com mensuração confiável de medidas que auxiliam no planejamento da

instrumentação e execução da cavidade de acesso, além de fornecer informações

indetectáveis pela radiografia convencional (BÓVEDA & KISHEN, 2015).

Todavia, a Associação Americana de Endodontia (AAE) em sua declaração

mais recente sobre o uso de CBCT, contraindica a utilização desse exame em

todos os casos, tanto no pré, assim como, no pós-operatório (SPECIAL

COMMITTEE TO REVISE THE JOINT, 2015). Isso porque, a seleção do exame de

imagem mais apropriado deve ser consistente com os princípios ALARA (“As Low

as Reasonably Achievable”), de que todo esforço deve ser feito para reduzir a dose

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de radiação efetiva ao paciente. Como a dose de radiação em um exame de CBCT

é maior do que em uma radiografia intraoral, o clínico deve considerar a dose total

de radiação ao longo do tempo.

2.5.2. Influência do tipo de acesso endodôntico na fratura do dente e na

qualidade do preparo

Fraturas dentárias geralmente são atribuídas à perda da estrutura causada

pelo tratamento endodôntico. A remoção de tecido dentário nas regiões do teto e

paredes da câmara pulpar, ao redor dos orifícios de entrada dos canais pode

prejudicar a resistência do dente à fratura sob cargas funcionais (KISHEN, 2006;

REE & SCHWARTZ, 2010; TANG et al., 2010). Entretanto, diversos estudos que

avaliaram as causas de extração de dente tratado endodonticamente

demonstraram que muitas vezes, a fratura não foi o principal fator, e sim a

impossibilidade de restaurar, a doença periodontal e problemas endodônticos

(VIRE, 1991; FUSS et al., 1999; CHEN et al., 2008; ZADIK et al., 2008; NG et al.,

2011; TOURE et al., 2011).

Diversos trabalhos in vitro analisaram a influência do acesso endodôntico

minimamente invasivo, no risco de fratura e na qualidade do preparo mecânico

(KRISHAN et al., 2014; MOORE et al., 2016; PLOTINO et al., 2017; ROVER et al.,

2017; ALOVISI et al., 2018; CORSENTINO et al., 2018; JIANG et al., 2018;

MARCHESAN et al., 2018; NEELAKANTAN et al., 2018; ÖZYÜREK et al., 2018;

ABOU-ELNAGA et al., 2019; ZHANG et al., 2019).

KRISHAN et al. (2014) foram os primeiros a comparar as cavidades de

acesso minimamente invasivo com as convencionais, quanto a resistência à fratura

e quantidade de paredes preparadas. Foram avaliados incisivos superiores,

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segundos pré-molares e primeiros molares inferiores. A média de área não

preparada foi significativamente maior apenas nos canais distais dos molares com

acesso minimamente invasivo, portanto, esse tipo de acesso comprometeu

negativamente a instrumentação desse canal. A resistência à fratura dos pré-

molares e molares com acesso mínimo foi significativamente maior, e

demonstraram resistência comparável aos dentes intactos do mesmo tipo (controle

negativo). Quanto aos incisivos, não foi observada diferenças entre os grupos. Um

aspecto importante a se considerar é que nesse trabalho, a restauração coronária

não foi realizada previamente ao teste de fratura, o que pode ter influenciado no

resultado.

MOORE et al. (2016) utilizaram metodologia similar ao trabalho anterior,

porém avaliaram molares superiores e restauraram os dentes com compósito.

Obtiveram como resultados que tanto a resistência à fratura, quanto a quantidade

de paredes não preparadas foram similares entre os grupos e quando comparados

ao grupo de dentes hígidos. Apesar do resultado desse trabalho, um detalhe

importante a ser considerado é que os dentes não foram obturados pós PQM.

PLOTINO et al. (2017) compararam a resistência à fratura de pré-molares e

molares superiores e inferiores restaurados e obturados em que foram realizados:

acesso convencional, minimamente invasivo e ultraconservador (ninja). Os dentes

com acesso mínimo e ninja apresentaram maior resistência à fratura que o

convencional, porém sem diferença significativa entre eles. Assim, o acesso

ultraconservador não aumentou a resistência à fratura, em comparação aos dos

dentes com acesso mínimo.

ROVER et al. (2017) avaliaram em molares superiores, a influência do

acesso minimamente invasivo na localização dos canais radiculares, na eficácia da

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instrumentação e na resistência à fratura. Cavidades endodônticas convencionais

foram utilizadas como referência para comparação e os canais foram obturados e

restaurados. Nos dois primeiros estágios de avaliação (sem e com magnificação)

foi possível localizar mais canais radiculares nos dentes com acesso convencional,

enquanto que nenhuma diferença foi observada após a magnificação associada ao

ultrassom. Quanto a quantidade de áreas do canal não preparadas e a resistência

à fratura, não foi observada diferença significativa entre os grupos.

ALOVISI et al. (2018) avaliaram a influência do acesso minimamente

invasivo na preservação da anatomia original do canal, após o preparo com

instrumentos mecanizados rotatórios de NiTi, em raiz mesial de molares inferiores

que apresentavam canais com saídas independentes. De acordo com os

resultados, o acesso convencional proporcionou maior preservação da anatomia

original do canal durante o PQM em comparação com o outro grupo,

particularmente no segmento apical. A possível explicação para essa diferença é a

ausência de interferências coronais no grupo convencional.

CORSENTINO et al. (2018) avaliaram o impacto do preparo cavitário e do

acesso, na resistência à fratura de molares inferiores tratados endodonticamente.

Ao todo foram avaliados 10 grupos, 1 controle e 9 experimentais (combinando três

acessos distintos: minimamente invasivo, convencional e mínimo seletivo com o

número de paredes remanescentes – três e duas). Os dentes foram obturados e

restaurados e não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes

entre as três cavidades de acesso testadas. No entanto, a perda da crista marginal

mesial e distal reduziu significativamente a resistência à fratura, independente do

tipo de acesso.

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JIANG et al. (2018) compararam as propriedades biomecânicas dos

primeiros molares superiores com diferentes cavidades de acesso endodôntico

utilizando o método de elementos finitos. Três modelos de análise foram

construídos com três diferentes tipos de acesso: convencional, estendido e

minimamente invasivo e um modelo com um dente hígido. Os resultados revelaram

que à medida que a cavidade de acesso aumentava, as tensões na região da

dentina pericervical também aumentavam e que a distribuição das tensões na

superfície oclusal foi semelhante entre os grupos.

ZHANG et al. (2019) investigaram a influência das cavidades de acesso na

resistência à fratura de um molar superior tratado endodonticamente utilizando

também o método de elementos finitos. Foram avaliados um modelo de dente

natural e três com tratamento endodôntico e acessos minimamente invasivo,

modificado (similar ao convencional, porém preservando parte do teto da câmara

pulpar) e convencional. Observaram que a resistência à fratura de um dente tratado

endodonticamente aumentou quando realizado um acesso mínimo.

MARCHESAN et al. (2018) avaliaram em molares inferiores, a influência do

acesso minimamente invasivo sobre o ângulo, raio e localização da curvatura

primária em canais mesiais tipo IV de Vertucci, durante diferentes etapas do PQM e

compararam com o acesso convencional modificado (não foi realizado acesso em

linha reta em direção ao canal radicular, objetivando manter dentina pericervical).

Em ambos os grupos não houve diferença significativa quanto às mudanças de

ângulo, raio e localização da curvatura primária dos canais radiculares. Apesar

desse resultado, o tempo de tratamento foi consideravelmente maior (P < 0,01) no

grupo de EMI sugerindo que esse resultado deve ser considerado, na comparação

entre acessos mínimos e convencionais.

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NEELAKANTAN et al. (2018) avaliaram a limpeza da câmara pulpar, canais

radiculares e região de istmo, alcançada na raiz mesial de molares inferiores recém

extraídos vitais, comparando o acesso mínimo seletivo e o convencional. Após o

PQM, os espécimes foram processados para avaliação histológica, e mensurado o

tecido pulpar remanescente. Diferenças significativas não foram observadas entre

os grupos, quanto à quantidade de tecido pulpar na região de istmo e nos canais

radiculares. Porém, na avaliação da câmara pulpar, o grupo de acesso mínimo

seletivo apresentou significativamente mais tecido que o convencional,

demonstrando que esse tipo de acesso pode comprometer negativamente a

limpeza dessa região.

ÖZYÜREK et al. (2018) compararam a resistência à fratura de molares

inferiores com acesso convencional (classe II – mésio-oclusal) e mínimo seletivo

(classe II - porém o tecido dentinário entre os orifícios de entrada dos canais mesial

e distal não foram removidos), obturados e restaurados com dois materiais

diferentes, além do grupo controle (molares hígidos). A resistência à fratura do

grupo controle foi significativamente maior do que os grupos experimentais, porém

sem diferenças estatisticamente significantes entre os grupos de acesso seletivo e

convencional, quando empregado o mesmo material restaurador.

Um estudo em primeiros molares inferiores com cavidades mésio-ocluso-

distais, ABOU-ELNAGA et al. (2019) avaliaram o efeito da cavidade de acesso

convencional e mínimo seletivo, quanto à resistência à fratura. Após o preparo das

cavidades mésio-ocluso-distais em todos os dentes, os espécimes foram

agrupados aleatoriamente e a cavidade de acesso realizada, seguido do PQM,

obturação e restauração coronária. Os dentes foram submetidos a uma força

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oclusal vertical até que ocorresse a fratura e nenhuma diferença estatística foi

observada quando à resistência à fratura entre os grupos.

Uma revisão sistemática dos estudos in vitro (SILVA et al., 2018) avaliou se

acessos minimamente invasivos aumentam a resistência à fratura em dentes

humanos, em comparação com acessos convencionais. Segundo os autores, não

existem evidências científicas suficientes que apoiem a realização de acessos

mínimos. Maiores detalhes dos estudos, bem como os resultados estão resumidos

na Tabela 1.

Tabela 1. Resumo das características dos trabalhos ex vivo

IS – incisivo superior; PMI – pré-molar inferior; PMS – pré-molar superior; MI – molar inferior; MS – molar superior; AMI - acesso minimamente invasivo; AC – acesso convencional; ACE – acesso convencional estendido; NA – acesso ninja; AMS – acesso mínimo seletivo

Referência Amostra Número de dentes

Resultados Resistência à fratura e

outras variáveis

KRISHAN et al., 2014 IS, 2PMI e 1MI 20 por tipo

AMI > AC (PMI e MI) AMI = AC (IS)

Raiz distal > área não preparadas

MOORE et al., 2016 MS 18 AC = AMI

CHLUP et al., 2017 PMS e PMI 30 por tipo AC = AMI

PLOTINO et al., 2017 MS, MI, 1PMS, 1PMI 40 por tipo AC < AMI = AN

ROVER et al., 2017 MS 30 AC = AMI

ÖZYÜREK et al., 2018 MI 100 AC = AMI

ALOVISI et al., 2018 MI 30 Preservação da anatomia AC > AMI

CORSENTINO et al., 2018 MI 100 AC = AMI = AMS

NEELAKANTAN et al., 2018 MI recém extraídos 24

Limpeza: AC = AMS (canais e

istmos) AC > AMS (câmara pulpar)

JIANG et al., 2018 MS Modelo de elemento finito AC = ACE = AMI

ZHANG et al., 2019 MS Modelo de elemento finito AC < AMI

MARCHESAN et al., 2018 MI 24 Ângulo, localização e raio

de curvatura AC = AMI

ABOU-ELNAGA et al., 2019 MI 66 AC = AMS

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A EMI vem sendo utilizada por diversos profissionais, objetivando preservar

o máximo de estrutura dentária, para evitar a fratura do dente tratado

endodonticamente (CLARK & KHADEMI, 2010b). Este conceito envolve a

realização de acessos mínimos e diâmetros apicais reduzidos (BÓVEDA &

KISHEN, 2015). No entanto, ainda não existem estudos avaliando a quantidade de

áreas não preparadas com diferentes diâmetros apicais, quando se realiza essa

nova modalidade de tratamento.

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3. JUSTIFICATIVA

Uma questão preocupante sobre as novas abordagens preconizadas pela

Endodontia Minimamente Invasiva, está relacionada à possível influência da maior

preservação da estrutura dentária, na quantidade de áreas não instrumentadas

durante o preparo do canal radicular. Inúmeros trabalhos têm avaliado a resistência

à fratura e a qualidade do preparo de canais radiculares seguindo esse novo

conceito, porém, até o momento não existem estudos sobre a capacidade de

modelagem das técnicas de preparo em incisivos inferiores, com canais radiculares

ovais, submetidos a um acesso minimamente invasivo e instrumentação com

diferentes diâmetros apicais comparados a um tratamento convencional.

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4. HIPÓTESE

É esperado que nos incisivos inferiores ovais que sigam a filosofia

preconizada pela Endodontia Minimamente Invasiva (acesso e preparo mínimos),

os percentuais de áreas não preparadas sejam maiores. Em preparo com diâmetro

apical maior é esperado que a porcentagem de área não instrumentada diminua

significativamente. Dentes com acesso convencional e diâmetro apical mais amplo

apresentarão maior quantidade de paredes instrumentadas.

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5. OBJETIVOS

Este estudo ex vivo teve como objetivo avaliar a influência do acesso e do

preparo minimamente invasivo, na capacidade de modelagem promovida pelo

preparo químico-mecânico com diferentes diâmetros apicais, através da análise

quantitativa e qualitativa por microtomografia computadorizada.

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6. MATERIAIS E MÉTODOS

6.1. Cálculo amostral

Para estimar o tamanho da amostra foi realizado um cálculo amostral

através do Programa G*Power 3.1 (Heinrich Heine Universität, Düsseldorf,

Alemanha), sendo utilizados como parâmetros uma potência de 95% e uma

probabilidade de erro α de 0,05%. O resultado sugeriu um número total de 54

dentes. Assim, foram selecionados 60 incisivos inferiores hígidos divididos e

pareados igualmente entre dois grupos (n = 30): Grupo 1 - acesso minimamente

invasivo e Grupo 2 - acesso convencional.

6.2. Seleção e preparo da amostra

Este projeto foi submetido e aprovado (número do parecer: 1278002) pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estácio de Sá (Anexo 1), Rio de

Janeiro, RJ. A partir de uma amostra inicial de 150 incisivos inferiores, extraídos

por motivos não relacionados com esse estudo foram selecionados 60 dentes que

atendiam aos seguintes critérios de inclusão: coroa íntegra, canais achatados,

classe I de Vertucci, e que apresentassem raízes completamente formadas. Os

critérios de exclusão estabelecidos foram ausência de tratamento endodôntico,

reabsorções interna e externa e calcificações.

Para realizar essa análise, as raízes tiveram as superfícies radiculares

externas limpas com curetas periodontais e ultrassom (Profi Class, Dabi Atlante

Ltda, Ribeirão Preto, SP) e em seguida foram realizadas radiografias no sentido

mésio-distal e vestíbulo-lingual, com o aparelho Spectro 70X Seletronic (Dabi

Atlante Ltda., Ribeirão Preto, SP) na potência de 70 Kvp e 8 mA e película

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radiográfica E-speed (Ekta-speed, Eastman Kodak Co., Rochester, NY, EUA), com

tempo de exposição de 0,3 segundos e distância filme-objeto de 10 cm. As

radiografias foram processadas, secas e posteriormente digitalizadas em escâner

HP (Scanjet Professional 1000, Palo Alto, CA, EUA).

6.3. Escaneamento por micro-CT

Os dentes foram digitalizados no microtomógrafo do Laboratório de

Microtomografia computadorizada da Universidade Estácio de Sá - RJ, com

resolução isotrópica de 23,14 µm, 70 Kv, 800 µA. O escaneamento possuía como

principais objetivos: avaliação da anatomia interna dos canais radiculares,

padronização e pareamento das amostras quanto ao volume e similaridade da

anatomia entre os grupos, planejamento da cavidade de acesso e análise das

áreas preparadas e não preparadas.

Os espécimes foram posicionados na câmara do aparelho, e fixados em um

suporte com cera utilidade (Technew, Rio de Janeiro, RJ). A fonte de raios-X foi

acionada e a posição da raiz verificada pelo uso da ferramenta Video Image do

programa de controle do SkyScan 1174 v.2 (Bruker Micro-CT, Kontich, Bélgica).

Após a confirmação da posição, as projeções dos espécimes foram iniciadas em

diversas angulações, ao longo de uma rotação de 180°, com passos de rotação de

1.0°. O tamanho de voxel isotrópico foi definido em 23,14 µm, o que permitiu

estabelecer um tempo de escaneamento de aproximadamente 15 minutos por

espécime.

Na sequência foi realizada a reconstrução das imagens em 3D das raízes

pelo programa NRecon v1.6.6.0 (Bruker Micro-CT, Kontich, Bélgica), e realizada a

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redução de artefatos usando os parâmetros Ring Artifact Correction = 7; Beam

Hardening Correction = 50%; Smoothing = 7.

Após a fase de reconstrução das seções dos incisivos, as imagens foram

segmentadas no programa Ctan v.1.12 (Bruker-microCT) e realizada a

reconstrução dos modelos tridimensionais, no programa Meshmixer 3.5 (Autodesk,

CA, EUA) que permitiu a padronização e pareamento da amostra. Para ser

considerado achatado o canal deveria apresentar a 3 mm do ápice, a distância

vestíbulo-lingual de pelo menos duas vezes maior que a distância mésio-distal

(JOU et al., 2004).

6.4. Acesso coronário

6.4.1. Acesso minimamente invasivo

6.4.1.1. Planejamento

As imagens obtidas pelo microtomógrafo auxiliaram no planejamento da

cavidade de acesso, projetando sua trajetória em direção ao orifício de entrada do

canal radicular, no sentido que exigisse a menor remoção de estrutura dentária

possível. Os dentes tiveram a região da borda incisal mensurada com um

paquímetro digital (Stainless Hardened, TooXem, Nivelles, Bélgica) (Figura 1) e

essa medida, transportada para o programa ImageJ 1.50 d (National Institutes of

Health, Bethesda, MD, EUA). A imagem da borda incisal foi sobreposta à imagem

da câmara pulpar e as medidas das distâncias para mesial e distal mensuradas,

conforme a figura 2.

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Figura 1. Mensuração do comprimento da incisal do dente com o paquímetro digital

Figura 2. Sobreposição das imagens no programa ImageJ 1.50 d

6.4.1.2. Acesso à câmara pulpar

As raízes foram montadas verticalmente em uma braçadeira de metal para

estabilização durante todas as etapas do acesso coronário. Essa abertura foi

realizada na borda incisal com o auxilio de um microscópio operatório (DF

Vasconcellos; Valença, RJ) e brocas diamantadas esféricas 1012 HL (KG

Sorensen, São Paulo, SP) em alta rotação. Com o paquímetro digital, as medidas 2,15 mm

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mensuradas pelo programa ImageJ 1.5 d foram marcadas no dente com uma

caneta preta permanente. O acesso minimamente invasivo foi realizado de modo a

minimizar a remoção da dentina pericervical das regiões mésio-distal e vestíbulo-

lingual, promovendo a manutenção do cíngulo, conforme a figura 3.

Figura 3. Imagem de um acesso minimamente invasivo

6.4.2. Acesso convencional

As cavidades de acesso convencionais foram preparadas, com o auxílio de

um microscópio operatório, através da utilização de broca diamantada esférica 1014

HL (KG Sorensen, São Paulo, SP) de alta rotação, seguindo uma forma de contorno

inicial triangular regular, com a base voltada para incisal e o vértice voltado para o

cíngulo, conforme figura 4. Com uma broca Endo Z (Dentsply Maillefer, Ballaigues,

Suíça), a projeção dentinária localizada na região do cíngulo foi removida,

permitindo um acesso direto e amplo ao canal radicular.

Figura 4. Imagem de um acesso convencional

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6.5. Preparo químico-mecânico dos canais radiculares

O forame apical de cada raiz foi revestido com Top dam (FGM, Joinville,

SC), a fim de criar um sistema fechado para simular o efeito de vapor lock (TAY et

al., 2010). O preparo foi realizado por um único operador, especialista em

Endodontia e cego para a anatomia interna dos incisivos inferiores. Os dentes foram

divididos em dois grupos de 30 dentes cada, seguindo o pareamento inicialmente

realizado:

Grupo 1 - Acesso minimamente invasivo

Parte 1: O instrumento XP-endo Shaper foi utilizado conforme as

recomendações do fabricante. Foi realizada uma irrigação inicial com 2 ml de NaOCl

2,5% por 30 s com a agulha de irrigação Navitip 30G posicionada 3 mm aquém do

CT. Esta etapa foi executada com o auxílio de uma bomba peristáltica (VATEA,

ReDent-Nova, Israel), que controlou o fluxo da substância irrigadora. Foi realizado

um glide path com um instrumento manual tipo K nº 15 (FKG Dentaire, La Chaux-

de-Fonds, Suíça). O instrumento XP-endo Shaper foi operado no motor VDW Silver

(VDW, Munique, Alemanha) com 800 rpm e 1 Ncm por 10 s, com movimentos de

entrada e saída e amplitude de 3 a 4 mm até o CT. O instrumento foi removido do

canal, limpo com uma gaze, e o canal irrigado com 2 ml de NaOCl 2,5%. Para a

patência empregou-se um instrumento manual K nº 15 até o CP e em cada troca de

instrumento. A XP-endo Shaper foi utilizada mais duas vezes como descrito

anteriormente (um total de três ciclos de 10 s no CT). Após o último ciclo, o canal foi

irrigado com 3 ml de NaOCl 2,5% e a patência verificada. Um novo escaneamento

com micro-CT foi realizado antes do início da segunda parte (micro-CT 2).

Parte 2: Após o escaneamento, o canal foi irrigado com 1 ml de NaOCl 2,5%

por 15 s. O instrumento BioRace 5 (40/04) foi inserido no canal, com avanços em

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direção apical com movimentos de pecking (“bicada”), de aproximadamente 3 mm de

amplitude, até o CT, seguindo as recomendações do fabricante (600 rpm e 1 Ncm).

Em seguida, uma nova irrigação com 2 ml de NaOCl 2,5% foi realizada, e uma

irrigação final com 5 ml de EDTA por 30 s e 2 ml de NaOCl 2,5% por 30 s.

Finalizada essa etapa, realizou-se um novo escaneamento (micro-CT 3).

Grupo 2 - acesso convencional: esse grupo seguiu os mesmos protocolos

de PQM do grupo 1 (parte 1 e parte 2), mudando apenas o tipo de acesso coronário.

6.6. Análise estatística

Para análise das áreas não preparadas, a normalidade das variáveis

quantitativas foi verificada através do teste Kolmogorov-Smirnov e pela análise

gráfica. Para a comparação entre os grupos estudados no comprimento total do

canal (10 mm), como os dados apresentaram distribuição normal, foi aplicado a

análise de variância (ANOVA) para dados dependentes para comparação entre as

variáveis volume e superfície (inicial e final) e em seguida, o teste t de Student para

avaliar as áreas não instrumentadas. Quando o segmento apical do canal (4 mm)

foi avaliado, os dados não apresentaram distribuição normal, por isso foi utilizado o

teste não paramétrico de Kruskal-Wallis com ajuste de Bonferroni para a análise

intergrupo e Wilcoxon pra análise intragrupo. As análises dos dados do micro-CT

foram realizadas utilizando o programa estatístico SPSS (Statistical Package for

Social Sciences 21.0, IBM Brasil, SP). O nível de significância foi estabelecido em

5%.

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7. RESULTADOS

Na tabela 2 e 3 estão demonstrados a média, mediana e valores mínimos e

máximos dos dados de volume e área do comprimento total do canal (10 mm) e da

porção apical (4 mm) dos incisivos inferiores ovais antes e após o preparo com a

XP-endo Shaper (30/04) e BioRace 5 (40/04).

Tabela 2. Dados da avaliação por micro-CT do comprimento total do canal (10 mm) dos incisivos

inferiores ovais quanto à área (mm2) e volume (mm3) totais antes e depois do preparo com instrumentos de diferentes diâmetros

D, aumento médio do parâmetro avaliado

Não foram observadas diferenças estatísticas significantes quanto ao

volume e área de superfície inicial dos canais, demonstrando que a amostra era

homogênea entre os grupos (P > 0,05).

Dados (média-mediana/min/max) Grupo 1 Grupo 2

Comprimento total (10 mm)

Volume (mm3)

Inicial 7,03 (7,25; 2,48-11,42) 7,06 (6,35; 3,48-12,83)

Após a XP-endo Shaper (30/04) 12,01 (12,27; 6,98-16,55 12,66 (12,41; 8,42-19,60)

Após BioRace 5 (40/04) 13,24 (13,46; 7,90-18,58) 14,12 (13,90; 8,58-20,51)

D% após XP-endo Shaper (30/04) 79,61 (75,66; 25,04-198,39) 88,91 (78,77; 42,97-260,06)

D% após BioRace 5 (40/04) 98,54 (92,70; 31,87-259,27) 110,40 (100,86; 59,86-309,48)

Área de superfície (mm2)

Inicial 51,57 (52,78; 30,65-71,34) 51,26 (50,36; 34,66-74,34)

Após a XP-endo Shaper (30/04) 64,98 (65,17;46,10-82,61) 68,00 (66,17; 50,05-92,70)

Após BioRace 5 (40/04) 68,77 (70,19; 47,12-89,51) 72,24 (70,18; 50,23-95,66)

D% após XP-endo Shaper (30/04) 25,90 (24,77; 3,95-80,09) 32,31 (27,92; 15,78-76,57)

D% após BioRace 5 (40/04) 32,99 (30,58; 6,17-87,34) 40,54 (37,00; 20,47-89,56

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Tabela 3. Dados da avaliação por micro-CT da porção apical (04 mm) dos incisivos inferiores ovais quanto à área (mm2) e volume (mm3) totais antes e depois do preparo com instrumentos de

diferentes diâmetros

D, aumento médio do parâmetro avaliado

A análise intragrupo revelou uma diferença estatisticamente significativa em

relação ao volume e área de superfície, após o preparo com XP-endo Shaper e a

BioRace 5 (P<0,05) para os dois grupos. Portanto, ambos os parâmetros

aumentaram, conforme maior o diâmetro do instrumento utilizado no preparo

apical.

Na tabela 4 é possível observar o percentual de áreas não preparadas após

a utilização da XP-endo Shaper e após a BioRace 5 no comprimento total do canal

(10 mm) e na porção apical (4 mm).

Dados (média-mediana/min/max) Grupo 1 Grupo 2

Porção apical (4 mm)

Volume (mm3)

Inicial 1,35 (1,36; 0,45-2,45) 1,50 (1,41; 0,65-2,63)

Após a XP-endo Shaper (30/04) 2,60 (2,58; 0,83-4,18) 2,60 (2,69; 1,20-4,39)

Após BioRace 5 (40/04) 3,01(2,91; 1,16-5,02) 3,10 (3,23; 1,62-4,84)

D% após XP-endo Shaper (30/04) 97,21 (100,24; 37,96-182,46) 79,34 (70,35; 32,54-165,79)

D% após BioRace 5 (40/04) 132,94 (133,50; 44,49-240,35) 114,89 (112,87; 60,32-248,68)

Área de superfície (mm2)

Inicial 15,96 (15,41; 7,73-23,88) 16,50 (15,33; 9,24-24,12)

Após a XP-endo Shaper (30/04) 20,61 (19,97; 10,72-31,49) 21,02 (20,84; 13,72-29,29)

Após BioRace 5 (40/04) 21,82 (21,67; 11,54-32,69) 22,82 (22,41; 14,79- 30,26)

D% após XP-endo Shaper (30/04) 30,48 (28,73; 14,23-55,50) 29,05 (26,07; 10,84-62,49)

D% após BioRace 5 (40/04) 38,01 (37,99; 16,47-68,01) 40,61 (38,06; 18,81-83,23)

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Tabela 4. Porcentagens das áreas não preparadas antes e depois do preparo com instrumentos de diferentes diâmetros no comprimento total do canal (10 mm) e na porção apical (4 mm)

Dados % de áreas não preparadas

após XP-endo Shaper (30/04)

% de áreas não preparadas após BioRace 5

(40/04) Comprimento total (10 mm)

Grupo 1 35,36% 25,62%

Grupo 2 34,22% 25,69%

Porção apical (4 mm)

Grupo 1 44,18% 30,46%

Grupo 2 42,99% 30,32%

Foi observada uma diminuição significativa da quantidade de áreas não

instrumentadas conforme o aumento do diâmetro apical do instrumento, para

ambos os comprimentos do canal (P<0,01) nos dois grupos.

Quando comparada a quantidade de áreas não preparadas entre os grupos

no comprimento total do canal (10 mm) e na porção apical (4 mm) não foi

observada diferença estatística significante entre os grupos quando a XP-endo

Shaper foi utilizada. Além disso, não foram observadas diferenças significantes

quanto as áreas não instrumentadas entre os grupos, após a instrumentação com a

BioRace 5 (40/04), demonstrando que nesse caso, o acesso minimamente invasivo

não influenciou na quantidade de áreas não preparas e sim o diâmetro apical de

instrumentação.

Abaixo podem ser observadas as ilustrações qualitativas das áreas

instrumentadas e não instrumentadas para os dois grupos (figura 5 e 6):

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Figura 5. Representação esquemática depois de cada etapa da instrumentação de um incisivo inferior do grupo com acesso minimamente invasivo. Imagem A. Canal inicial; Imagem B. Sobreposição do antes e depois da instrumentação com a XP-endo Shaper (30/04); Imagem C. Sobreposição do antes e depois da instrumentação com a BioRace 5 (40/04); Imagem D. Sobreposição das imagens após o final da instrumentação com ambos os instrumentos

Figura 6. Representação esquemática depois de cada etapa da instrumentação de um incisivo inferior do grupo com acesso convencional. Imagem A. Canal inicial; Imagem B. Sobreposição do antes e depois da instrumentação com a XP-endo Shaper (30/04); Imagem C. Sobreposição do antes e depois da instrumentação com a BioRace 5 (40/04); Imagem D. Sobreposição das imagens após o final da instrumentação com ambos os instrumentos

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8. DISCUSSÃO

Este estudo ex vivo avaliou os efeitos do acesso coronário e do preparo

minimamente invasivo quanto a quantidade de áreas não instrumentadas de

incisivos inferiores com canais radiculares ovais, em comparação com um

tratamento convencional, avaliados por micro-CT. Os resultados demonstraram que

quanto maior o diâmetro apical, menor o número de áreas não preparadas e que o

acesso coronário minimamente invasivo não influenciou diretamente no preparo do

canal radicular, refutando a hipótese inicial deste trabalho. Conforme aumentava o

diâmetro apical do instrumento, foi observada diminuição significativa da

quantidade de áreas não instrumentadas (P<0,01), quando o comprimento total do

canal (10 mm) e a porção apical (4 mm) foram avaliados. Esses resultados estão

de acordo com de outros trabalhos que observaram que quanto maior o preparo

apical, menor a porcentagem de áreas não preparadas (PETERS et al., 2015;

PÉREZ et al., 2018).

Além disso, sobre a perspectiva de redução bacteriana, tanto estudos ex

vivo assim como clínicos, observaram que quanto maior a ampliação apical, maior

a redução bacteriana intrarradicular (DALTON et al., 1998; SIQUEIRA et al., 1999;

RODRIGUES et al., 2017). Preparos mais amplos permitem que uma maior

quantidade de dentina contaminada seja eliminada (CARD et al., 2002), possibilita

que a agulha de irrigação penetre mais profundamente, melhorando a ação do

irrigante e consequentemente a limpeza do canal (USMAN et al., 2004). Além

disso, estudos demostraram que os canais precisam ser ampliados utilizando no

mínimo um instrumento nº 35 ,para que a substância irrigadora possa atingir o

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segmento apical (SALZGEBER & BRILLIANT, 1977; HSIEH et al., 2007;

BOUTSIOUKIS et al., 2010).

A XP-endo Shaper foi escolhida porque segundo o fabricante, é um

instrumento projetado para melhorar o preparo das paredes irregulares do canal,

devido a forma de serpente e capacidade de expansão e contração quando à

temperatura corporal (ALVES et al., 2018; MACHADO et al., 2019). A quantidade

média de áreas que permaneceram não preparadas por este instrumento variou de

34,22% a 35,36% no comprimento total do canal e 42,99% a 44,18% na porção

apical. Quando os canais foram ampliados com a BioRace 5, as porcentagens

caíram para 25,62% a 25,69% e 30,32% a 30,46% para comprimento total e

segmento apical, respectivamente. Esses valores são superiores em comparação a

estudos anteriores, os quais empregaram a XP-endo Shaper em canais ovais

(LACERDA et al., 2017; VERSIANI et al., 2018). Uma possível explicação para

esse resultado é o tipo de amostra utilizada (LACERDA et al., 2017), diferentes

métodos de seleção dos dentes e avaliação das áreas não instrumentadas

(VERSIANI et al., 2018).

Quando o canal foi ampliado com a BioRace 5 (40/.04), foi observada uma

menor quantidade de áreas não instrumentadas (P<0,05) demonstrando a

importância do preparo apical mais amplo objetivando preparar em uma maior

quantidade de paredes. Já foi demonstrado que preparos apicais mais amplos

permitem uma melhor ação da substância irrigadora, proporcionando uma

desinfeção mais efetiva do canal radicular (RODRIGUES et al., 2017) e

consequentemente, aumentando as probabilidades de sucesso do tratamento

endodôntico em dentes infectados associados a lesão perirradicular (SAINI et al.,

2012; AMINOSHARIAE & KULILD, 2015b).

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Em ambos os grupos experimentais, após a utilização da XP-endo Shaper e

da BioRace 5, não foram observadas diferenças estatísticas significantes entre os

grupos, quando a quantidade de áreas não preparadas foi avaliada, para o

comprimento total do canal e porção apical. Assim, o tipo de acesso endodôntico

não influenciou na qualidade do preparo quando o mesmo diâmetro apical foi

utilizado. Esses achados estão de acordo com outros trabalhos que encontraram

resultados semelhantes, quando a modelagem do canal radicular foi avaliada

(MOORE et al., 2016; ROVER et al., 2017). Porém, foi demonstrado que acessos

minimamente invasivos podem comprometer negativamente, o ângulo de entrada

do instrumento no canal (EATON et al., 2015), influenciando negativamente a

qualidade do preparo de outros tipos de elementos dentários (KRISHAN et al.,

2014) e também a limpeza da câmara pulpar (NEELAKANTAN et al., 2018).

No presente estudo foram realizados três escaneamentos por micro-CT:

antes do preparo, após a XP-endo Shaper e após a BioRace. A análise intragrupo

revelou que houve aumento significativo (P < 0,05) do volume e da área de

superfície para ambos os grupos. É importante salientar que sempre deve haver

um equilíbrio entre uma instrumentação adequada, que permita uma maior redução

bacteriana intracanal, e a quantidade de dentina removida para não aumentar as

probabilidades de fratura do dente. WEINE et al. (1975) e PETERS (2004)

descreveram os danos estruturais e os erros durante o tratamento que podem

ocorrer ao preparar os canais radiculares com instrumentos de maior diâmetro.

Transporte, desvio, perfurações apicais são erros bem conhecidos, que muitas

vezes levam à perda do CT, e a remoção excessiva de dentina, enfraquecimento a

estrutura radicular. Um trabalho recente mostrou que o aumento do diâmetro apical

diminui o número de paredes não tocadas (PÉREZ et al., 2018), e apesar de ter

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sido observado diminuição significativa da dentina remanescente com o aumento

sequencial do instrumento, esta esteve sempre acima do limite aceitável, cerca de

1 mm em torno do preparo. Nesse estudo foi realizado uma distribuição inicial dos

dentes entre os dois grupos, com base nas imagens de micro-CT, conforme o

volume total e a similaridade da anatomia interna. A ausência de diferenças

estatísticas significantes quanto ao volume e área de superfície inicial dos canais

entre os grupos, demonstrou que a amostra era homogênea, reduzindo a

probabilidade de viés relacionado a anatomia. Além disso, as imagens ajudaram a

confirmar que todos os canais radiculares eram achatados e apresentavam a 3 mm

do ápice a distância vestíbulo-lingual pelo menos duas vezes maior que a distância

mésio-distal.

O acesso endodôntico minimamente invasivo foi realizado na região incisal

dos incisivos, seguindo as recomendações propostas por BÓVEDA & KISHEN

(2015) para manter a área do cíngulo e a maior quantidade de dentina sadia

possível. Uma questão que preocupa aos precursores dessa nova filosofia é que a

quantidade de dentina eliminada durante o tratamento pode aumentar as

probabilidades de fratura do dente tratado endodonticamente. Porém vários

trabalhos tem demonstrado que o tipo de acesso não influencia a resistência a

fratura do dente (MOORE et al., 2016; CHLUP et al., 2017; ROVER et al., 2017;

CORSENTINO et al., 2018) e que principal causa de extração dos dentes tratados

endodonticamente não é fratura e sim dentes não restauráveis (VIRE, 1991; FUSS

et al., 1999; CHEN et al., 2008; ZADIK et al., 2008). Uma revisão sistemática da

literatura publicada recentemente (SILVA et al., 2018) mostrou que até o momento,

não existem evidências científicas suficientes que suportem a realização de um

acesso mínimo com o objetivo de aumentar a resistência à fratura.

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Este é o primeiro trabalho a avaliar e comparar a modelagem obtida com

diferentes diâmetros apicais em incisivos inferiores submetidos a um acesso

minimamente invasivo e convencional. Como demonstrado, ao realizar acessos

mínimos com preparações menores, uma maior quantidade de áreas permanece

não preparadas. Caso essas regiões estejam colonizadas por microrganismos que

tenham acesso aos tecidos perirradiculares, podem colocar em risco o sucesso

final do tratamento endodôntico (SIQUEIRA, 2001a; RICUCCI et al., 2009).

Uma das limitações desse trabalho foi sua natureza ex vivo, em que os

resultados encontrados devem ser extrapolados com cautela para a situação

clínica. Trabalhos ex vivo microbiológicos futuros devem determinar se a filosofia

do tratamento minimamente invasivo em incisivos inferiores influencia na

desinfecção do canal radicular durante o PQM, além de trabalhos clínicos que

ajudem a avaliar se realmente esse tipo de acesso diminui o número de extrações

dentárias, devido a uma maior resistência a fratura do dente e por fim, se influencia

no prognóstico do tratamento a longo prazo.

Os achados desse trabalho sugerem que o acesso endodôntico

minimamente invasivo não influencia na modelagem do canal radicular de incisivos

inferiores ovais, em comparação ao acesso convencional. Além disso, diâmetros

apicais maiores aumentam a quantidade de paredes instrumentadas.

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9. CONCLUSÃO

Em conclusão foi observado que independente do tipo de acesso coronário,

convencional ou minimamente invasivo, uma menor quantidade de paredes

dentinárias não preparadas após o preparo químico-mecânico ocorre quando são

realizados preparos apicais mais amplos.

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Yoshioka T, Kikuchi I, Fukumoto Y, Kobayashi C, Suda H (2005). Detection of the second mesiobuccal canal in mesiobuccal roots of maxillary molar teeth ex vivo. Int Endod J 38: 124-128.

Yuan K, Niu C, Xie Q, Jiang W, Gao L, Huang Z, Ma R (2016). Comparative evaluation of the impact of minimally invasive preparation vs. conventional straight-line preparation on tooth biomechanics: a finite element analysis. Eur J Oral Sci 124: 591-596.

Zadik Y, Sandler V, Bechor R, Salehrabi R (2008). Analysis of factors related to extraction of endodontically treated teeth. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 106: e31-35.

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Zehnder M (2006). Root canal irrigants. J Endod 32: 389-398.

Zhang Y, Liu Y, She Y, Liang Y, Xu F, Fang C (2019). The effect of endodontic access cavities on fracture resistance of first maxillary molar using the extended finite element method. J Endod 45: 316-321.

Zhao D, Shen Y, Peng B, Haapasalo M (2014). Root canal preparation of mandibular molars with 3 nickel-titanium rotary instruments: a micro-computed tomographic study. J Endod 40: 1860-1864.

Zuolo ML, Zaia AA, Belladonna FG, Silva E, Souza EM, Versiani MA, Lopes RT, De-Deus G (2018). Micro-CT assessment of the shaping ability of four root canal instrumentation systems in oval-shaped canals. Int Endod J 51: 564-571.

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11. ANEXOS

Anexo 1. Comitê de ética

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Anexo 2. Artigos publicados

Artigo 1.

Siqueira JF Jr, Pérez AR, Marceliano-Alves MF, Provenzano JC, Silva SG, Pires

FR, Vieira GCS, Rôças IN, Alves FRF (2018). What happens to unprepared root

canal walls: a correlative analysis using micro-computed tomography and

histology/scanning electron microscopy. Int Endod J 51: 501-508.

Artigo 2.

Gazzaneo I, Vieira GCS, Pérez AR, Alves FRF, Gonçalves LS, Mdala I, Siqueira JF

Jr, Rôças IN (2019). Root canal disinfection by single- and multiple-instrument

systems: effects of sodium hypochlorite volume, concentration, and retention time. J

Endod 45. 736–741

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Artigo 1.

Siqueira JF Jr, Pérez AR, Marceliano-Alves MF, Provenzano JC, Silva SG, Pires

FR, Vieira GCS, Rôças IN, Alves FRF (2018). What happens to unprepared root

canal walls: a correlative analysis using micro-computed tomography and

histology/scanning electron microscopy. Int Endod J 51. 501-508.

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Artigo 2.

Gazzaneo I, Vieira GCS, Pérez AR, Alves FRF, Gonçalves LS, Mdala I, Siqueira JF

Jr, Rôças IN (2019). Root canal disinfection by single- and multiple-instrument

systems: effects of sodium hypochlorite volume, concentration, and retention time. J

Endod 45. 736–741.

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