ganapati outubro 2013

8
Ganapat i DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - 2.000 EXEMPLARES OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 POR UM MUNDO MAIS ÉTICO Quando os elefantes choram por Denise Barcelar - pag. 04 O Veganismo definido por Leslie Cross - pag. 02 Autocentramento por Lama Padma Santen - pag. 03 A extrema arrogância do império por Leonardo Boff - pag. 12 Adote bem - um espaço para adoção animal por Romero Moraes - pag. 14

Upload: romeromorais

Post on 22-Mar-2016

261 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Ganapati Outubro 2013

GanapatiDISTRIBUIÇÃO GRATUITA - 2.000 EXEMPLARES OUTUBRO/NOVEMBRO 2013

P O R U M M U N D O M A I S É T I C O

Quando os elefantes choram por Denise Barcelar - pag. 04

O Veganismo definido por Leslie Cross - pag. 02Autocentramento por Lama Padma Santen - pag. 03A extrema arrogância do império por Leonardo Boff - pag. 12 Adote bem - um espaço para adoção animal por Romero Moraes - pag. 14

Page 2: Ganapati Outubro 2013

Adriana Miranda Lama Padma Santem

Leslie Cross

Editorial - por Simone Freire

02 03

Por trás de coisas a priori tão diversas como um agricultor envenenando a todos com seus pesticidas, indústrias jogando metais pesados na água, um motorista que ignora um idoso no ponto de ônibus, um traficante com drogas à porta de uma escola, um carroceiro que espanca seu cavalo, um jovem que mata os pais, pais que matam filhos, um político corrupto desviando verbas, a mutilação e matança dos jovens nas guerras e dos animais nos matadouros – uma única e verdadeira causa: nós não respeitamos a Vida. Ela não é para nós um valor supremo. E enquanto permanecermos na ilusão de que se pode pedir paz e exigir segurança num mundo sem esse respeito essencial, enquanto admitirmos a crueldade e a destruição de qualquer forma de vida, tudo que fizermos será incapaz de mudar verdadeiramente o mundo. Sendo tão vastas as mudanças requeridas, o que você poderá fazer no âmbito de sua vida? Há uma sugestão simples, acessível e de alcance inimaginável: pare de matar (ou, retire a procuração para que o façam por você). Como? Você seria incapaz disso? Confira, por favor, no seu prato de cada dia. Se há seres animais sendo mortos para se transformarem em sua refeição, evidentemente o respeito à Vida não senta à mesa junto com você. Não existem vidas maiores ou menores: existe a Vida.

Os caranguejos e lagostas quando mergulhados em água fervente não têm a capacidade de implorar por suas vidas ou gritar, mas conseguem sentir dor, afirmaram

cientistas em um estudo publicado no periódico Journal of Experimental Biology.Lagostas são vendidas e cozidas enquanto estão vivas, para, supostamente, preservar o sabor e a textura da carne do ani-mal. A mesma coisa acontece com caranguejos e outros crus-táceos que não são protegidos pelas leis de direitos animais. Até o momento, a ciência considerava que esses bichos não eram capazes de sentir dor - em vez disso, eles passariam por uma espécie de ‘percepção da dor’ chamada de nocicepção (conjunto das percepções de dor que somos capazes de distin-guir), que causaria o impulso de se afastar de algo prejudicial. Mas agora essa noção pode mudar: de acordo com um novo estudo publicado na revista Nature, realizado pelo pesquisa-dor de comportamento animal Robert Elwood, os crustáceos podem, sim, sentir dor.“Bilhões de crustáceos são capturados ou criados para aten-

Produzido e Publicado pelo Grupo Ganapati , e-mail :jornal [email protected]: Adriana Miranda, Conceição Cavalcanti,Denise Bacelar, Fátima Dias, Ioná Ponce, João Asfora Neto, Lena Costa Carvalho, Romero Morais, Sérgio Pires e Simone Nassar. Para contato: João Asfora Neto (081) 96976629, Romero Morais (081) 99964765

O Veganismo Definido

der à demanda da indústria alimentícia. Em comparação com os mamíferos, eles não gozam de quase nenhuma proteção sob a única presunção de que não podem sentir dor. Nossas pesquisas sugerem o contrário”, resumiu Bob Elwood, biólo-go da Universidade Queen’s, em Belfast, na Irlanda do Norte.Para chegar a essa conclusão, Elwood analisou se os crustáce-os conseguem aprender através da dor ou apenas respondem a estímulos imediatos para evitar situações desconfortáveis, como supõe o modelo da nocicepção.De acordo com Elwood, resultados como estes fariam com que, se estivéssemos falando de vertebrados, como ratos, por exemplo, os animais fossem poupados de mortes dolorosas (como serem cozidos vivos). “Estamos nos comportando de forma ilógica ao termos leis que protegem ratos da cruelda-de, mas não os crustáceos”, declarou o cientista em uma con-venção realizada em Newcastle, na qual ele apresentou suas conclusões.

A palavra veganismo significará o princípio pelo qual o homem deve viver sem explorar animais. A Sociedade se compromete no cumprimento de seu objetivo

de “buscar um fim para o uso de animais pelo homem para alimentação, apropriação, trabalho, caça, vivissecção e todos os outros usos que envolvam exploração da vida animal pelo homem”.O veganismo é em si um princípio, do qual certas práticas derivam logicamente. Se, por exemplo, o princípio vegano for aplicado à dieta, pode-se ver de imediato por que esta deve ser vegetariana no sentido mais estrito e não pode conter alimentos derivados de animais. Alguém pode se tornar vegetariano por várias razões – humanitária, de saúde, ou mera preferência por tal dieta. O princípio aí seria uma questão de sentimento pessoal e variaria de acordo com este. Contudo, o princípio vegano (de que o homem não tem direito de explorar outras criaturas para seus próprios fins) não está sujeito a variações. Desse modo, a dieta do vegano é derivada inteiramente de “frutas, nozes e castanhas, legumes e verduras, grãos e outros

produtos não animais” e exclui “carne de mamíferos, de peixes e de aves, ovos, mel e leite animal e seus derivados”.Em um mundo vegano, as criaturas seriam reintegradas ao equilíbrio e à sanidade da natureza tal como esta é. Um grande erro histórico, cujo efeito sobre o curso da evolução pode ter sido espantoso, seria corrigido. A ideia de que as demais criaturas poderiam ser usadas pelo homem para seus propósitos estaria tão alheia ao pensamento humano que seria quase impensável. Sob esse prisma, o veganismo não é tanto bem-estar, mas libertação, para os animais e para a mente e o coração do homem; não tanto um esforço para tornar a presente relação tolerável, mas um reconhecimento inflexível de que, por ser esta relação uma de senhor e escravo, ela tem de ser abolida para que algo melhor possa ser construído.O veganismo é, na realidade, uma afirmação de que, onde o amor existe, a exploração deixa de existir. Ele é a continuidade histórica do movimento que libertou os escravos humanos. Se fosse colocado em prática, todo o mal causado aos animais pelo homem desapareceria automaticamente. Em sua essência está o poder curador da compaixão, a maior expressão de amor da qual o homem é capaz. Pois é dar sem esperar receber. Além do que, ao se libertar de muitas das demandas criadas pela parte inferior de sua natureza, o benefício ao próprio homem seria incalculável.Leslie Cross (vice-presidente, Vegan Society)

O autocentramento é essa praga que nos faz ignorar o outro e suas infinitas possibilidades. Quando nos concedemos o direito de criticar supostas falhas

alheias, condenar seus comportamentos, julgar o que deveriam ou não estar fazendo, posso diagnosticar com alguma certeza que estamos vivendo um surto de autocentramento. O autocentramento que me ataca é uma fixação exagerada na minha própria paisagem, aliada a diferentes graus de indisposição de incluir o outro. E ainda saímos por aí querendo paz. Como seria possível viver uma experiência de paz? No mundo convencional dos seis reinos, cada um está defendendo o jogo da sua identidade e na melhor das hipóteses tentando moldar o outro ao conforto do seu próprio mundo. Em algum momento, os interesses vão colidir, certo? Para experimentar a paz, precisamos deslocar nossa paisagem para fora deste mundo das identidades. Sentir compaixão e amor. Ceder. Aceitar.

Autocentramento

Na edição passada o Ganapati apresentou o texto “Hora de abolir os zoológicos”, que reflete sobre o comportamento humano de encarceramento de outras espécies. Agora trazemos uma ótima notícia: a Costa Rica anunciou planos para fechar seus dois zoológicos estatais e libertar os animais do cativeiro.

“Estamos nos livrando das gaiolas e reforçando a ideia de interagir com a biodiversidade em parques botânicos de uma forma natural”, disse o ministro do Meio Ambiente René Castro. “Nós não queremos os animais em cativeiro ou presos de modo algum, a menos que seja para resgatá-los ou salvá-los.”

Segundo os planos do governo, o Zoo Simon Bolivar, localizado na capital de San Jose e que acolhe centenas de animais, será transformado num jardim botânico. E o segundo zoo do país, o Centro de Conservação de Santa Ana, a oeste da capital, será transformado num parque natural urbano.

“Estamos enviando uma mensagem ao mundo. Queremos ser congruentes com nossa visão de país que protege a natureza”, disse à BBC Mundo Ana Lorena Guevara, vice-ministra de Meio Ambiente da Costa Rica

Notícias assim são extremamente animadoras e nos impulsionam para continuarmos lutando pelo direito de todos os animais, humanos ou não, viverem em liberdade. E quem disse que não muda?

Revista Galileu

E agora você ?

“O Homem tem feito na Terra um inferno para os animais” Arthur Schopenhauer

Quem disse que não muda?

“Para os animais todos os seres humanos são nazistas.” Isaac Bashevis Singer - escritor judeu e prêmio Nobel.

Page 3: Ganapati Outubro 2013

“Estar livre da exploração e do abuso pela raça humana deveria ser direito inalienável de todo ser vivente. Os animais não estão aqui para fazermos buracos neles, amarrá-los, dissecá-los, despedaçá-los, submetê-los ao desamparo, sujeitá-los a experimentos agonizantes. (...) Os animais são como nós, espécies ameaçadas de extinção em um planeta igualmente ameaçado, e somos sofredores em um inferno de nossa fabricação. Devemos, no mínimo, deixar de feri-los mais.”

O trecho é do livro Quando os Elefantes Choram: a vida emocional dos animais, um best-seller do New York Times, de Jeffrey Moussaieff Masson e Susan McCarthy.

A obra é uma fascinante viagem, por meio de artigos, anotações de campo, depoimentos, pelo mundo emocional dos outros animais. “Outros” porque nós, humano(a)s, também somos animais. E como tais, possuímos motivações, que também podem ser chamadas de instintos, básicos, inatos, geneticamente determinados, que orientam nossos comportamentos, nossos relacionamentos intraespecíficos (entre a mesma espécie) e interespecíficos (entre espécies diferentes). Desconhecer tal influência e nossa própria natureza animal, para alguns autores, como o zoólogo inglês Desmond Morris, é um erro que nos custa a satisfação de viver melhor, de compreender o mundo, a nós mesmos e reconhecer os outros animais como iguais, constituídos pela mesma matéria e capazes de expressar emoções e racionalizar também. Senciência (capacidade de sentir) e consciência (percepção, conhecimento do que se passa). Elefantes que velam e choram os corpos do(a)s companheiro(a)s morto(a)s. Papagaios que reconhecem formas, números, expressões e até mesmo enten-dem o significado de frases como “eu te amo” e “sinto muito”. Chimpanzés e suas diferentes personalidades estudadas pela

04 05

etóloga inglesa Jane Goodall. Como negamos sentimentos e razão aos outros animais, se lemos, ouvimos, identificamos e observamos tantas evidências? Por essas razões, os autores do livro mencionado acima, acre-ditam que deveríamos, ao menos, deixar os outros animais em paz. Existem por suas próprias razões e não, como nos faz acreditar o pensamento ocidental dominante (que defende o antropocentrismo), em função da espécie humana. Não somos únicos nem singulares no sentido absoluto das palavras. Cada animal, cada ser vivo é único e singular em suas capacidades, em sua existência. Os outros animais deveriam ter a chance de viver sem serem vistos e usados como objetos pelos animais humanos. Senciência. Consciência. Compaixão. Compaixão significa “sofrer com” e corresponde ao princípio moral presente na filosofia e em praticamente todas as cultu-ras e religiões: não fazer ao outro o que não gostaríamos que nos fizessem. Não deveríamos utilizar uma regra universal tão admirável apenas quando nos é conveniente ou nos agrada. Os “outros” já esperam há muito tempo por nossa compaixão.Denise Bacelar é Bióloga e colaboradora do Ganapati.

Quando os elefantes choram

O contexto em que vivemos é feito de ateísmos e teísmos, de pluralidade cultural e religiosa, de fragmentação da crença e de emergência de novas formas de crer. Em

meio a esta pluralidade importa situar como a pergunta por Deus é constitutiva da identidade humana, mesmo quando esta pretende negá-la ou a ela ser indiferente.A crise da modernidade e o advento da chamada pós-moder-nidade, longe de dar um fim ao processo de reconfiguração do discurso teológico, assumem suas marcas principais e se pro-põem a radicalizar a “morte” cultural e conceitual de Deus. Ao lado da reconfiguração do religioso na fragmentação pós-moderna, o ateísmo não desapareceu do horizonte ocidental. E não se trata mais de um ateísmo qualquer, ou de uma não religiosidade pura e simples. É, com efeito, uma atitude vital de extrema complexidade, que não busca grandes sistemas ou narrativas para explicar a vida; que entende a existência em termos fragmentados e provisórios; que persegue respostas imediatas e o consumo não só de produtos como de ideias, conceitos e crenças.Se a objetividade do mundo – fruto da modernidade – é a re-sultante extrema da separação de Deus, separação que por sua vez liberta o ser humano e o institui sujeito de seu conheci-mento, tornando-o autônomo diante da inteligência e da nor-matividade divinas, é possível examinar o problema sob outro ângulo. Este seria pensar que agora Deus se retira, deixando o ser humano às voltas com seu trabalho e suas disputas.Neste contexto, toda maneira de falar de Deus cai por terra e

sua inadequação radical é constantemente relembrada. A ex-periência radical do mistério questiona um discurso moderno que pretenderia trazer tudo à luz, incluída aí a “retirada” e a “morte” de Deus. Pensar e falar sobre Deus, hoje, não pode acontecer senão a partir do mundo. E este mundo é algo em constante mutação, exigindo uma reinvenção constante e permanente daqueles que o pensam e o dizem.O mundo contemporâneo não é o mundo idílico, perfeito, completo e reconciliado, que parecem descrever muitos dis-cursos. Pensamos, em particular, naqueles marcados pelo oti-mismo dos progressos e conquistas da modernidade, assim como nos que se encontram atravessados de lado a lado pela interpelação legítima da questão ecológica, racial, étnica, de gênero. Assim também como por deploráveis injustiças. A in-serção nas realidades temporais ou terrestres é específica para cada um daqueles e daquelas que por esse Mistério foram tocados, podendo acontecer de distintas formas, dependendo de como se configurará sua experiência.A teologia crítica, assim como o ateísmo crítico, coincidem em buscar e encontrar na injustiça, no sofrimento humano e nas situações insuportáveis deste mundo, o marco da per-gunta pelo sentido último da vida como justiça. Nesse ponto, tanto os cristãos críticos como os ateus críticos encontram-se na luta contra a injustiça e sua sanção religiosa fácil, vislum-brando como único caminho uma solidariedade prática.Fonte - Adital

Ateismo e teísmos

“O reconhecimento dos direitos desses animais tem consequencias de longo alcance. As grandes indústrias que usam os animais os exploram aos bilhões. Esses são os animais cujas vidas são tiradas, cujos corpos são feridos e cuja liberdade é negada pela indústria de peles e de carne, por exemplo. Tudo isso emerge como moralmente errado, uma vez que tomamos conhecimento de seus direitos morais. Tudo isso emerge como algo que precisa parar, e não ficar mais “humanitário”. A tarefa que os Defensores dos Direitos dos Animais tem diante de si é assombrosa: temos de esvaziar as jaulas, não deixá-las maiores.”Tom Regan – Livro Jaulas Vazias

Maria Clara Lucchetti Denise Bacelar

“Independentemente de saber se são crentes ou agnósticos, se cremos em Deus, ou no carma, ética moral é um código que todos são capazes de seguir.”

Dalai Lama, “The Path To Tranquility: Daily Meditations

�� d�ana �ana�at�i

quinta-feira, 12 de maio de 2011 19:58:08

Page 4: Ganapati Outubro 2013

06

“Neste direito não te entravoEm vão não me comprometiDe qualquer forma sou escravoQue importa, se de outro ou de ti”

Numa lógica truncada, Fausto acaba justificando sua escolha. E assim consegue a plenitude de sua curta existência trocando sua alma pelos seus sonhos.Mefistófeles espreita sempre, ainda hoje, dentro de nós... Não um capeta com rabo e cheiro de enxofre, mas encarnado nas bifurcações do nosso caminho.Nas nossas escolhas.O certo, o justo, o ético, o inclusivo, o nosso...O fácil, o automático, o prático, o exclusivo, o meu...Em cada pequeno ato, por mais banal que possa parecer, nossa consciência está posta em xeque.E então penso em uma mulher comum: brasileira, nordestina, de uma família classe-média, que foi estudar na Europa e por curiosidade, um dia, fez uma viagem que mudou a sua vida: foi à Palestina.Ela sou eu! “Eu” no sentido amplo de ser mulher, brasileira, nordestina, e de acreditar, nesta minha soberba e como tantas mulheres daqui, não ter nada a ver com as dores de outras mulheres tão distantes.Eu que, mesmo supondo não precisar saber sobre lágrimas que choram em outras línguas, levei um susto ao ouvir relato tão cruel: um piquenique com crianças palestinas de sete anos que terminou porque israelenses resolveram soltar seus cães doberman e acabar com a alegria infantil.

Meu peito doeu. Emudeci.Incrédula me perguntei: como isso é possível?Não foram eles os massacrados da grande guerra?Não sofreram na carne as mais horrendas injustiças?Como podem atacar crianças desta forma?

Então eu diria tratar-se de terroristas, diria ser guerra religio-sa, diria que tudo por lá é violência, diria que por certo foi por segurança. Eu diria isto se não acreditasse no que ouvi.E eu não acreditaria no que ouvi se não me fosse contado por alguém como eu: que não tem absolutamente nada a ver com palestinos e com israelenses. Alguém exatamente como eu!Sou eu que viajo em pensamento para aquele piquenique, e sentada com crianças de sete anos me divirto ouvindo suas histórias. Sou eu que corro e vejo os pequenos subirem apavorados nas árvores, enquanto olho os ferozes dentes dos dobermans sol-tos propositadamente.Sou eu que percebo que aquele grupo de israelenses tem-nos, a mim e a estas crianças, como lixo incômodo e fedorento.É o meu grito de revolta que ouço agora, não o dela.O susto que esta mulher me deu com seus relatos fez meus olhos perceberem Mefistófeles escondido no meio do meu mundinho tão “normal”. Não posso mais me iludir, a Palestina está dentro de mim.Está dentro de nós!A vida está nos dando um xeque e pedindo nossa atitude.Às vezes jogamos bem.Às vezes xeque-mate!

DaLai Lama

Somos todos Palestinos!

07

mundo estão cobrando que os EUA torne-se livre de cruel-dade, proibindo testes de cosméticos em animais. Ninguém quer coelhos ou outros animais sofrendo por nossa vaidade. Vamos parar seu sofrimento aqui e agora. Junte-se a mim no apoio à chamada da ‘Cruelty Free International’ ao Congres-so e à FDA para pôr fim aos testes de cosméticos em animais nos EUA., Paul McCartney, Ricky Gervais (The Office) são outros apoiadores da campanha.Os testes em animais para cosméticos foram proibidos em todos os 28 países da União Europeia, em Março (13), mas mais de 80% dos países ao redor do mundo, incluindo os EUA, Austrália, Japão e Brasil ainda permitem a prática.Através da campanha Cruelty Free International, a ONG BUAV está recolhendo assinaturas de pessoas do mundo todo para pressionar o Congresso dos Estados Unidos. Todos podem ajudar assinando a petição no site do grupo: www.crueltyfreeinternational.org.

Estamos felizes? Você está feliz? Eu estou feliz? Esta é uma pergunta que pode ter muitos significados e diferentes respostas a depender de cada pessoa, circunstância, crença e valores. Dizemos que as tecnologias e seus avanços contribuem para o nosso bem-estar. Basta um clic e temos as facilidades de acesso a produtos, serviços e pessoas. Nos supermercados temos a nossa disposição receitas prontas. Todas elas prometem sabores exclusivos, comodidade e o prazer de uma boa mesa em poucas horas ou mesmo segundos. Servidos a tempo e à hora nos acostumamos com os enlatados, às fórmulas prontas e receitas infalíveis. Receitas para sedução, beleza, corpo perfeito, amor eterno, sucesso, riqueza e claro receita para a felicidade. Os manuais garantem uma noite de amor pirotécnica, cura para a solidão, relações sem conflitos. Muitas promessas. É possível imprimir a fórmula da felicidade? Pensamos e sentimos da mesma forma? Encaramos os problemas, as adversidades da mesma maneira? A neurologia e as tecnologias de imageamento cerebral estão mapeando e encontrando pistas importantes para apresentar os termos da equação da felicidade. Pesquisa feita na Universidade de Edimburgo, Escócia demonstrou que características genéticas dos indivíduos influenciam mais que o ambiente no grau de felicidade alcançado. Parte da aptidão para ser feliz está inscrita nos genes. Para a professora de psicologia estudiosa do assunto Sonja Lyubomirsky a genética explica 50% da predisposição à plenitude, 40% dependam do comportamento e cerca de 10% sejam condicionados pelas circunstâncias favoráveis, como viver em um país sem guerras ou ser bonito. Baseando-se nessas descobertas pode-se dizer que a felicidade se aprende, como qualquer outra habilidade. Sob a luz da ciência são muitos os fatores que contribuem para o estado de felicidade. Ter bons sentimentos, cultivar amizades, ser cooperativo, possuir um temperamento flexível, um estilo de vida positivo, assim como, desenvolver um tipo de conexão espiritual seja através do amor, da fé, da ética ou da busca por uma vida de excelência capaz de transcendência. A ciência pode nos apontar caminhos e possibilidades, modelos e probabilidades para chegarmos a tão sonhada felicidade, mas a busca é singular, terá a lente original de cada um. O olhar para a vida, as cores percebidas, as formas encontradas dependerão do quanto cada ser é capaz de ressurgir das cinzas, de superar dificuldades, de manter a fé nos momentos mais improváveis, de amar incondicionalmente, de fazer entregas sem expectativas, de ofertar um gesto generoso em direção ao outro, de enxergar a unicidade e interdependência presente em toda forma de vida, de se perceber em eterna construção, inacabado como dizia Paulo Freire. Se formos capazes de acreditar no “cavalinho azul” do querido D. Hélder seremos pessoas do possível, da verdade, da amorosidade, do humano que nos leva ao amor e à compaixão. As armadilhas modernas preparadas sob a ótica de que felicidade é ter e não ser estão nas esquinas, nos bares, nas vitrines, nos amores vazios, nas palavras de ordem, no consumo como meio e fim, na ilusão da imutabilidade da vida, na crença fundamentada nos objetos, na coisificação dos sujeitos e na banalização da própria vida. Felicidade, plenitude, êxtase, bem-estar, realização, prazer como caminho para a felicidade, tudo isso, tem sido o objetivo da vida humana em diferentes épocas. O homem anseia por plenitude e realização e ao longo da história tem travado muitas batalhas em nome desse anseio e cometido desatinos pelo fato de não compreender ainda que para ser feliz e pleno seja necessário incluir tudo que supõe estar fora dele, inclusive a dor do outro. O sofrimento é inerente à condição humana, mas ser feliz é inerente ao desejo humano. Integrar essas duas dimensões existenciais pode ser a chave para responder a questão que o diretor de cinema Woody Allen coloca quando se refere ao sofrimento como algo inevitável “Como eu seria feliz se eu fosse feliz? Você sabe a resposta? Até a próxima edição!

Conceição Cavalcanti

Tributo a Sandra Guimarães

Receita para Felicidade... Existe?

No dia 09 de agosto a Livraria Cultura do Shopping Rio Mar recebeu a palestra “Violações de direitos humanos e resistência popular na Palestina”, com a

ativista brasileira e vegana Sandra Guimarães, que há cinco anos mora na Palestina e trabalha em campos de refugiados. Sandra de uma maneira muito objetiva nos apresentou uma realidade desconhecida por muitos: a subjugação perpetrada pela política de Israel ao povo Palestino, em 65 anos de ocupação ilegal do seu território. Mas as humilhações, prisões e torturas não tiram a força desse povo que luta contra a segregação e a opressão e insiste em sobreviver. Nossa colaboradora Fátima Dias traz suas impressões...

Fátima Dias

18

Adriana Miranda

Campanha - Cruelty Free InternationalAdriana Miranda

A Humanidade diz “queremos paz, queremos liberdade, queremos amor e felicidade. Mas, como poderão manifestar-se tais condições, se não se ouve dizer na terra: damos paz, damos liberdade, damos amor e felicidade para todos e para sempre”? Do Livro Haja Luz.

A Cruelty Free International é uma campanha global da ONG BUAV, que pede que os Estados

Unidos (e outros países) acabem com os testes em animais na indústria

da beleza.Entre os artistas que apoiam a campanha está Peter Dinklage (que interpreta Tyrion Lannis-ter na série de TV Game of

Thrones), vegetariano embaixa-dor da Cruelty Free. O ator afirma: “Estou muito satisfeito em apoiar e ser parte da campanha global para acabar com os testes de cosméticos em animais. É inaceitável que os animais continuem a sofrer em todo o mundo, incluindo os EUA, em prol da beleza.”Norman Reedus (que interpreta Daryl Dixon na série The Walking Dead), posou com uma gata chamada ‘Lola’ para fotos promocionais e disse: “Dezenas de países ao redor do

Page 5: Ganapati Outubro 2013

08

Há abundantes evidências de que porcos são tão inteligentes e sociáveis quanto cães. Mas enquanto para uma espécie é permitida a afeição e o respeito,

a outra encara assassinatos em massa na rota para se tornar bacon, presunto e costeletas.Buscando capitalizar em cima dessa discrepância, defensores dos direitos animais estão lançando uma campanha chamada Someone Project, que pretende destacar pesquisas retratando porcos, galinhas e outros animais criados para o consumo como mais inteligentes e emocionalmente complexos do que geralmente se acredita. A esperança é que mais pessoas possam ver estes animais com a mesma empatia que sentem para com cães, gatos, elefantes, símios e golfinhos.“Quando você pergunta às pessoas por que elas comem galinhas, mas não gatos, a única coisa que elas expressam é que sentem cães e gatos mais sofisticados cognitivamente do que as espécies que elas comem – e nós sabemos que isso não é verdade”, afirma Bruce Friedrich do Farm Sanctuary, uma organização de proteção animal vegana que está coordenando o novo projeto.A cientista líder do projeto é Lori Marino, professora de Psicologia na Universidade de Emory que conduziu extensiva pesquisa sobre a inteligência das baleias, golfinhos e primatas. “O ponto não é colocar estes animais em um ‘ranking’, mas reeducar as pessoas sobre quem eles são. E eles são animais muito sofisticados. (…) Este projeto não visa coagir as pessoas a se tornarem veganas do dia para a noite, e sim dar-lhes uma nova perspectiva. Pode ser que elas venham a pensar: ‘Eu não sabia que vacas e porcos poderiam reconhecer uns aos outros e fazer amigos especiais’ ”, afirmou Marino.Apesar do Someone Project abranger várias espécies de animais exploradas para consumo humano, os porcos deverão receber um foco especial dada a amplitude de estudos anteriores sobre sua inteligência e comportamento. Alguns

pesquisadores dizem que as habilidades cognitivas dos porcos são superiores às de uma criança de três anos de idade, assim como as dos cães e gatos.“Porcos são conhecidos por sonhar, por reconhecer seus próprios nomes, aprender truques como sentar para ganhar um petisco, e levar vidas sociais com uma complexidade previamente observada somente em primatas”, diz o site. “Como os humanos, os porcos apreciam ouvir música, brincar com bolas de futebol e receber massagens” (site PETA)O professor Bernard Rollin, que leciona Filosofia e Ciência

Animal na Universidade do Colorado, acredita que uma “cegueira ideológica” faça pensar que estes animais não são inteligentes. Ele considera que o problema possa residir no fato das pessoas verem estes animais como rebanhos. “Você vê mil vacas ou porcos e pensa que eles são iguais, mas há realmente diferenças individuais imensas”, argumentou ele.Há pesquisas sugerindo

que campanhas como a Someone Project podem exercer grande influência nos consumidores. Em um recente estudo que examinava as dúvidas que as pessoas tinham quanto a comer carne, os psicólogos Matthew Ruby e Steven Heine, da Universidade de British Columbia, concluíram que o nível de inteligência dos animais não-humanos era a preocupação mais comum.Outro estudo conduzido por pesquisadores universitários da Austrália e Inglaterra revelou que muitas pessoas que comem carne sentem conflito moral se lembradas da inteligência dos animais que estão consumindo.“Embora a maior parte das pessoas não se importe em comer carne, elas não gostam de pensar que os animais que elas comem têm mentes pensantes”, escreveram os pesquisadores no Boletim de Personalidade e Psicologia Social.

Someone Project

Um grande passo foi dado em relação ao reconhecimento dos golfinhos como inteligências não humanas. Agora, na Índia, além de os golfinhos

serem protegidos por lei, eles não poderão mais serem mantidos em cativeiro.O Ministério do Meio Ambiente e Florestas da Índia de-cidiu proibir a manutenção de golfinhos em cativeiro para entretenimento público em todo o território nacional, por considerar ser moralmente inaceitável.A declaração liberada pela Autoridade Animal Central diz que: “Os cetáceos no geral são muito inteligentes e sen-síveis, e vários cientistas do mundo que os pesquisam com-provaram a sua alta inteligência comparada aos outros ani-mais do planeta, devendo eles serem vistos como pessoas não humanas com os seus próprios direitos, sendo por isso moralmente inaceitável mantê-los em cativeiro.”Ric O’Barry, ex-treinador de golfinhos e responsável pelo documentário The Cove – A Enseada, que mostra o cruel processo de captura de golfinhos em Taiji, no Japão, visando a distribuição dos mesmos em aquários de todo o mundo, aplaudiu a nova política da Índia. “Esta é uma gigantesca vitória para os golfinhos”, disse O’Barry.O governo Indiano não se posicionou apenas contra a crueldade, mas também contribuiu para um emergente e indispensável diálogo sobre o modo que entendemos os golfinhos: como indivíduos que pensam e que sentem, em vez de fragmentos de propriedade que geram lucro.Fonte: Anda

09

Sam Simon, produtor americano e co-criador da série “Os Simpsons”, após o diagnóstico de câncer de cólon em estágio avançado declarou que doará toda a sua

fortuna (royalties ganhos com a animação) para o combate à miséria e para ONGs que promovem os Direitos dos Animais.Vegano e ativista, Simon fundou a Sam Simon Foundation (www.samsimonfoundation.com), que recolhe animais de rua, oferece tratamento veterinário e promove a adoção, entre outras ações como as visitas-pet, com cães que par-ticipam de visitas a idosos e pessoas em tratamento mé-dico e o treinamento e doação de cães-guias para pessoas com deficiência visual. Fornece ainda refeições veganas a famílias carentes.Entre as instituições que serão beneficiadas estão ONGs já patrocinadas por Simon, como a PETA (em português: Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) e a Sea Shep-herd (instituição de conservação da vida marinha, que nomeou um dos seus barcos anti-baleeiros como SSS Sam Simon, em homenagem ao filantropo), além da ONG Save The Children, entidade de proteção à criança. Em parceria com a PETA, Sam vem resgatando animais maltratados em circos e zoológicos. Sobre isso, ele lamentou o curto tempo de vida que o resta: “Eu só queria ter mais alguns dias para ver estes animais pisando na grama pela primeira vez.”Em entrevista recente ao site norte-americano Hollywood Reporter, Sam declarou: “Eu quero que os testes em animais acabem. Eles não funcionam. O veganismo é a resposta para a maioria dos problemas que temos no mundo em termos de fome e mudanças climáticas. Ele ajuda a saúde das pessoas. A produção de carne é a maior emissora de gases do efeito estufa. E tem o aspecto da crueldade e do sofrimento. Quan-do as pessoas deixam de comer produtos de origem animal e quando escolhem adotar um cão ao invés de comprá-lo, é uma vitória.

fonte - ANDA

“Enquanto nós não valorizarmos o sofrimento desnecessário de animais e não pararmos de comer ani-mais, nosso esquema irá distorcer nossas percepções sobre os animais e a carne que comemos, para que possamos nos sentir confortáveis o suficiente para consumi-los.” (Melanie Joy)

Inteligências não humanas

Acontecendo lá fora Adriana Miranda

Um grande exemplo

Page 6: Ganapati Outubro 2013

O vai e vem político e os animais

10

Lena Costa CarvalhoO HAMbURGUER FRANkSTEIN !

11

Quando pensáva-mos que já havíamos visto

tudo no mundo dos hambúrgueres, uma vez mais a realidade nos surpreende. Se há uns meses, alguns meios de comunicação ecoavam o achado de um hambúrguer do Mc Donald’s em perfeito estado de conservação

quatorze anos depois de ser servido, anteontem se difundia o lançamento do hambúrguer de laboratório, ao qual também podíamos chamar de hambúrguer Frankenstein, desenhada, da mesma forma que o “monstro” de Mary Shelley, em provetas.Um hambúrguer que contem tudo: sua produção não contamina, gasta pouca energia, quase não utiliza solo e, além de tudo, não contem gordura. Sua “carne” é resultado de extrair algumas células mãe do tecido muscular do trazeiro de uma vaca. O que mais podemos pedir? Hamburguer light. Perfeita para o verão!Nos dizem que com tal avanço científico, a fome no mundo se acabará. As pessoas querem comer, e querem carne, pois carne lhes daremos, parece ser o raciocínio dos “pais” de

dito engendro.Então, vejo duas questões: Primeira: para nos alimentarmos, é necessário comer tanta carne? Antes de produzir mais carne, independentemente de sua origem, não seria melhor fomentar outro tipo de alimentação mais saudável, respeitosa dos direitos dos animais e sustentável? Porém, quem ganha com esse tipo de comida oriunda de gado vacuno e porcino? Smithfield Foods, o maior produtor e processador mundial de carne de porco, é um dos grandes beneficiários. Em seu currículo destaca-se a violação de direitos trabalhistas, a contaminação ambiental etc. No Estado espanhol, a Smithfield Foods opera através de Campofrío.Segunda questão: para acabar com a fome é necessário um hambúrguer de laboratório? Segundo a ONU, hoje se produz suficiente comida para alimentar 12 bilhões de pessoas, no planeta há 7 bilhões; e, apesar dessas cifras, quase uma em cada sete pessoas passa fome. Comida há, o que falta é justiça em sua distribuição. Não se trata de aumentar a produção, nem de engendrar hambúrgueres nos laboratórios, nem de mais agricultura transgênica. Trata-se, simplesmente, de que exista democracia na hora de produzir e distribuir os alimentos.

É muito cedo para cantar vitória. Precisamos acompanhar a tramitação dos projetos e manter o ânimo para nos manifestarmos em defesa dos animais

É recorrente, nas redes sociais, o compartilhamento de notícias que comemoram a aprovação do aumento da pena contra maus tratos, mas, em verdade, ainda temos muito chão a percorrer até que essa matéria seja aprovada de fato. Atualmente, maus tratos a animais silvestres, domésticos ou domesticados são coibidos pelo Art. 32 da Lei de Crimes Ambientais (L9.605/1998) e penalizados com 3 meses a um ano de prisão e multa. Uma das principais bandeiras da defesa e da proteção animal em nível federal é o aumento dessas penas, que, na prática, não levam ninguém para a cadeia e geram multas pouco significativas para os criminosos. De 2010 pra cá, cinco deputados já propuseram projetos de lei (PL) que aumentam essas penas, mas todos foram reunidos (apensados) ao conjunto de outros PL que sugerem mudanças na Lei de Crimes Ambientais. Para serem votados, esses projetos deverão ir em conjunto ao plenário da Câmara dos Deputados, o que significa levar a votação também duas propostas de retrocessos espantosos. Um é o PL5952/2009 (Dep. Regis de Oliveira), que propõe que se restabeleça a regra de 1941, na qual maus tratos não eram considerados crimes; o outro é o PL 4548/1998 (Dep. Thomás Nonô), que sugere que se retire o termo “animais domésticos e domesticados” da lei, de forma que não sejam prejudicadas práticas cruéis que dão lucro, como vaquejadas e rodeios. Diante disso, dois caminhos mais seguros estão sendo adotados: O primeiro é mexer na Lei de Crimes Ambientais a partir do Senado (deixando parados os PL da Câmara), como está ocorrendo com a atual Reforma do Código Penal, na qual já está em debate a proposta de um aumento das penas para 1 a 4 anos de prisão e multa. Manifestações como a Marcha da Defesa Animal, realizada em 25 de agosto, cobram que esse aumento seja mais significativo. A proposta só será votada quando os outros tópicos da Reforma estiverem prontos para votação no Senado. De lá, a Reforma segue para a Câmara dos Deputados e, se aprovado, chega à presidenta, que pode dar a aprovação final (sancionar) ou vetar o projeto (em partes ou totalmente). O segundo caminho, pela Câmara dos Deputados, é propor a criação de uma lei à parte da Lei de Crimes Ambientais, como faz o PL 2833/2011 (Dep. Ricardo Tripoli), que trata de atos contra cães e gatos. Além de penas mais severas, essa proposta traz detalhamentos para casos como abandono, envenenamento e negação de socorro (inclusive por autoridade pública). . O PL precisa ser aprovado pelo plenário da Câmara, depois pelo Senado e só então pela presidenta. Se aprovada a lei, crimes contra cães e gatos passam a ser julgados a partir dela, ficando a Lei de Crimes Ambientais reservada às outras espécies. A mesma estratégia pode ser usada para aumentar as penas para crimes contra cada categoria/ espécie de animais. Entre a proposição de uma lei e sua aprovação final, muita coisa pode acontecer, por isso não podemos sossegar. Nesse sentido, podemos lembrar de outro tópico

fundamental, que é a aprovação de uma lei federal que determine a esterilização como método de controle populacional de cães e gatos (proibindo o extermínio desses animais nos CCZs e CVAs). Essa é a recomendação da Organização Mundial da Saúde desde 1992 e tem sido aprovada em legislações municipais e estaduais de forma pontual, mas está longe de ser regra geral no Brasil – como demonstra o recente episódio da encomenda de assassinato de cães pelo prefeito do município de Santa Cruz do Arari, no Pará. O controle populacional de cães e gatos via

esterilização foi proposto pela primeira vez na Câmara em 2003 (PL 1.376/2003) e só em 2010 foi discutida. Entre 2009 e 2013, outros cinco PL surgiram na mesma direção, mas foram reunidos (apensados) ao projeto de criação do Código Federal

de Bem-Estar Animal (PL 215/2007). Como a discussão do código está parada, a questão do controle populacional em nível nacional também ficou travada. Entre 2011 e 2012, quatro requerimentos foram apresentados para que se constitua uma Comissão Especial destinada a proferir parecer à proposta do Código, mas, até esse momento, não se tem notícia da comissão e, por isso, a matéria ainda não chegou nem ao Plenário da Câmara dos Deputados. A lentidão desse processo pode ser desanimadora, mas acompanhá-lo é parte da tarefa dos movimentos sociais. Tratando-se da defesa e da proteção animal, estar a par de questões políticas é ainda mais importante, visto que esta causa ainda carrega o fardo de ser percebida como “movimento fofinho” e, portanto, pouco sério ou pouco relvante. Essa visão precisa ser combatida com esclarecimentos e seriedade. A Defesa Animal trata de assassinatos em massa e da submissão de um número crescente de animais à vida de sofrimento imposta pelos interesses da indústria de alimentos; já a proteção, voltada para os animais de estimação, trata de seres que, embora estejam muito próximos humanos, corriqueiramente são expostos a castigos físicos, torturas psicológicas, negligência e abandono. Não se trata, definitivamente, de causas pouco sérias ou pouco relevantes. Além de tudo que podemos fazer através de engajamento pessoal, também podemos contribuir com as mudanças políticas se começarmos a pressionar nossos senadores, deputados e vereadores, bem como o poder executivo. Podemos acompanhar a tramitação dos Projetos de Lei através dos sites da Câmara e do Senado (isso também pode ser feito em nível estadual e municipal); enviar e-mail e cartas aos senadores, deputados e vereadores solicitando que agilizem e/ou apoiem os projetos; entrar em contato com grupos de proteção animal para a realização de ações conjuntas (manifestos coletivos, protestos, abaixo-assinados); cobrar políticas públicas por parte dos governadores e prefeitos; denunciar casos de maus tratos e cobrar providências da polícia; mobilizar a mídia a respeito das reivindicações políticas da proteção animal e, ainda, mobilizar nossas redes de contato para que também acompanhem e manifestem apoio à causa.

Quando a ganância, a vaidade e a gula deixarem de existir e, por sua ausência, a crueldade e o assassinato de tantas vidas de nossos irmãos do reino animal se

tornarem uma lembrança a trazer vergonha e lamento.Quando começarmos a nos questionar sobre a razão pela qual nos sensibilizamos tanto com a pureza e a ingenuidade de uma criança, mas não conseguimos enternecer nossos corações com a permanência desse estado latente nos seres que têm asas, mas que enjaulamos; nos seres das florestas, que acorrentamos, vendemos e expomos como objetos; nos seres que fazemos sofrer e sangrar por questões “cul-turais” ou por “diversão”; nos bebês que violentamos com pauladas para lhes arrancar as peles e os deixamos sangrar

Esther Vivas

Esther Vivas é Ativista política e social dos movimentos a favor da soberania alimentar e consumo crítico.

Não comer carne significa muito mais para mim que uma simples defesa do meu organismo; é um gesto simbólico da minha vontade de viver em harmonia com a natureza. O homem precisa de um novo tipo de relação com a natureza, uma relação que seja de integração em vez de domínio, uma relação de pertencer a ela em vez de possuí-la. Não comer carne simboliza respeito à vida universal.” (Pierre Weil)

QUANDO?

Lena é doutouranda em Sociologia e coordenadora do projeto Adote Um Vira Lata

e sofrer até a morte, porque depois de lhes tirar as peles não nos interessa perder tempo em matá-los; naqueles irmãoz-inhos miseráveis, que definham nos laboratórios por toda a vida, cujos gritos de dor e desespero não despertam qualquer tipo de compaixão em seus algozes chamados de “cientistas”.Quando chegar ao fim a indiferença quanto ao abandono, à velhice e à doença dos que estão pelas ruas e não têm mais do que seus olhares para poder clamar por nossa ajuda, nossa misericórdia e nosso amor.Só então creio que poderei considerar-me digna e feliz por pertencer à espécie humana. Até lá, sigo pedindo perdão...Ioná Ponce, Relações Públicas e defensora dos animais

Page 7: Ganapati Outubro 2013

12 1312

A extrema arrogância do Império:

Os casos de Edward Snowden, ex-conselheiro da CIA que revelou a agência de espionagem maciça na internet, do soldado Manning Yankee, que vazou

milhares de relatórios secretos do governo dos EUA, e de Julien Assange, fundador do Wikileaks, trazem à mente um poema de Bertolt Brecht.

O Vosso tanque General, é um carro forteDerruba uma floresta esmaga cem homens,Mas tem um defeito- Precisa de um motoristaO vosso bombardeiro, generalÉ poderoso:Voa mais depressa que a tempestadeE transporta mais carga que um elefanteMas tem um defeito- Precisa de um piloto.O homem, meu general, é muito útil:Sabe voar, e sabe matarMas tem um defeito- Sabe pensarÉ incrível como, apesar de toda a máquina repressiva,

do desenvolvimento tecnológico mais sofisticado nas mãos dos governos mais reacionários do planeta, de seus sistemas de segurança avançados, do seus poderosos aparatos estatais com isca de centenas de bilhões de dólares, de seus exércitos de agentes secretos, de policiais e de criminosos de todos os tipos aos seus serviços, basta a vontade de um único indivíduo de média e baixa fileiras, perdido e esquecido em um canto escuro de um escritório ou num quartel do exército, para revelar ao mundo todo o esgoto dos esgotos de poder que se esforça para se manter secreto, como um avarento ganancioso que guarda tesouros escondidos.

É preciso um grau de extraordinária coragem para fazer o que fizeram estes três indivíduos, e isso deve ser dito. Mas isso não pode explicar tudo. Para superar o medo das consequências de suas ações, também é preciso desenvolver um senso de profundo desprezo para o venenoso meio ao seu redor, e um enorme desejo de servir a humanidade para denunciar toda a imundícia do poder arbitrário de que foram testemunhas e participantes. A ideia dialética que das águas sujas pode fluir também água limpa, o velho do novo.

Eles são pessoas como todos nós e suas ações devem nos reconciliar com nossa humanidade e fortalecer nossa confiança na humanidade e seus mais altos padrões.

Se dezenas de milhões vão às ruas em todo o mundo, se o sentimento de revolta parece cada vez mais espalhado por todo o planeta em desafio aberto ao sistema existente, e se, até mesmo dentro da máquina de poder surgem aliados inesperados, quem pode duvidar que o medo começa a mudar de lado e que a vitória da justiça parece cada vez mais provável!

O sequestro do Presidente da Bolívia Evo Morales, impedindo que seu avião sobrevoasse o espaço europeu e a revelação da espionagem universal

por parte dos órgãos de informação e controle do governo norteamericano (NSA) nos levam a refletir sobre um tema cultural de graves consequências: a arrogância. Os fatos referidos mostram a que nível chegou a arrogância dos europeus forçadamente alinhados aos EUA. Somente foi superada pela arrogância pessoal de Hitler e do nazismo. A arrogância é um tema central da reflexão grega de onde viemos. Modernamente foi estudada com profundidade por um pensador italiano com formação em economia, sociologia e psicologia analítica, Luigi Zoja, cujo livro foi lançado no Brasil: “História da Arrogância” (Axis Mundi, São Paulo, 2000).Neste livro denso, se faz a história da arrogância, nas culturas mundiais, especialmente na cultura ocidental. Os pensadores gregos (filósofos e dramaturgos) notaram que a racionalidade que se libertava do mito vinha habitada por um demônio que a levaria a conhecer e a desejar ilimitadamente, num processo sem fim. Esse energia tende a romper todos os limites e terminar na arrogância, no excesso e na desmedida, o verdadeiro pecado que os deuses castigavam impiedosamente. Foi chamada de hybris: o excesso em qualquer campo da vida humana e de Nêmeses o princípio divino que pune a arrogância.O imperativo da Grécia antiga era méden ágan: “nada de excesso”. Tucídides fará Péricles, o genial político de Atenas, dizer: “amamos o belo, mas com frugalidade; usamos a riqueza para empreendimentos ativos, sem ostentações inúteis; para ninguém a pobreza é vergonhosa, mas é vergonhoso não fazer o possível para superá-la”. Em tudo buscavam a justa medida e autocontenção.A ética oriental, budista e hindu, pregava a imposição de limites ao desejo. O Tao Te King já sentenciava: ”não há desgraça maior do que não saber se contentar” (cap.46); “teria sido melhor ter parado antes que o copo transbordasse” (cap.9).A hybris-excesso-arrogância é o vício maior do poder, seja pessoal, seja de um grupo, de uma ideologia ou de um Império. Hoje essa arrogância ganha corpo no Império nortemericano que a todos submete e no ideal do crescimento ilimitado que subjaz à nossa cultura e à economia política.Esse excesso-arrogância chegou nos dias atuais a uma culminância em duas frentes: na vigilância ilimitada que consiste na capacidade de um poder imperial controlar, por sofisticada tecnologia cibernética, todas pessoas, violar os direitos de soberania de um país e o direito inalienável à privacidade pessoal. É um sinal de fraqueza e de medo, pois o Império não consegue mais convencer com argumentos e atrair por seus ideais. Então precisa usar a violência direta, a mentira, o desrespeito aos direitos e aos estatutos consagrados internacionalmente. Ou então as desculpas

pífias e nada convincentes do Secretário de Estado norte-americano quando visitou, há dias, o Brasil. Segundo os grandes historiadores das culturas, Toynbee e Burckhard, estes são os sinais inequívocos da decadência irrefreável dos Impérios. Nada do que se funda sobre a injustiça, a mentira e a violação de direitos se sustentam. Chega o dia de sua verdade e de sua ruína. Mas ao afundarem causam estragos inimagináveis.A segunda frente da hybris-excesso reside no sonho do crescimento ilimitado pela exploração desapiedada dos bens e serviços naturais. O Ocidente criou e exportou para todo mundo este tipo de crescimento, medido pela quantidade de bens materiais (PIB). Ele rompe com a lógica da natureza que sempre se autorregula mantendo a interdependência de todos com todos e a preservação da teia da vida. Assim uma árvore não cresce ilimitadamente até o céu; da mesma forma o ser humano conhece seus limites físicos e psíquicos. Mas esse projeto fez com que o ser humano impusesse à natureza a sua regulação arrogante que não quer reconhecer limites: assim consome até adoecer e, ao mesmo tempo procura a saúde total e a imortalidade biológica. Agora que os limites da Terra se fizeram sentir, pois se trata de um planeta pequeno e doente, força-o com novas tecnologias a produzir mais. A Terra se defende criando o aquecimento global com seus eventos extremos.Com propriedade diz Zoja: “o crescimento sem fim nada mais é que uma ingênua metáfora da imortalidade”(p.11). Samuel P. Huntington em seu discutido livro O choque de Civilizações (Objetiva 1997) afirmava que a arrogância ocidental constitui “a mais perigosa fonte de instabilidade e de um possível conflito global num mundo multicivilizacional” (p.397).Esta ultrapassagem de todos os limites é agravada pela ausência da razão sensível e cordial. Por ela lemos emotivamente os dados, escutamos atentamente as mensagens da natureza e percebemos o humano da história humana, dramática e esperançadora. A aceitação dos limites nos torna humildes e conectados a todos os seres. O Império norteamericano, por uma lógica própria da arrogância dominadora, se distância de todos, cria desconfianças mas jamais amizade e admiração.Termino com um conto de Leon Tolstoi no estilo de João Cabral de Mello Neto: De quanta terra precisa um homem? Um homem fez um pacto com o diabo: receberia toda a terra que conseguisse percorrer a pé. Começou a caminhar dia e noite, sem parar, de vale em vale, de monte em monte. Até que extenuado caiu morto. Comenta Tolstoi: se ele conhecesse seu limite, entenderia que apenas uns metros lhe bastariam; mais do que isso não precisaria para ser sepultado.Para serem admirados os EUA não precisariam mais do que seu próprio território e seu próprio povo. Não precisariam desconfiar de todos e bisbilhotar a vida de todo mundo.

Eles são como nós Leonardo Boff

Anibal Montoya (Argentina)http://www.dialogosdosul.org.br/websul/bertolt-brecht-snowden-assange-e-manning/

Page 8: Ganapati Outubro 2013

15

12

14

Um anão procura um psiquiatra. Ao ser perguntado pelo motivo da consulta, responde:- Ora, doutor, está na cara! - e insiste para que o

médico descubra por si só o problema que o aflige.Depois de o especialista pedir reiteradas desculpas por não perceber o que o seu cliente acha tão óbvio, esse exclama:- Como o senhor não percebe? Eu sou anão, ora!O médico observa meticulosamente o cliente da cabeça aos pés e diz calmamente:- Mas qual é o problema? Você é um anão perfeito!O cliente seguinte é um lagarto que sofre por não ser um portentoso crocodilo; depois um pato porque sabe fazer muitas coisas, mas todas com imperfeição: voa mal, nada mal, corre tropegamente e não é belo como um cisne. Em seguida, pasmem, chega um jacaré, que sofre por não ser um delicado e atraente camaleão.Ao final do dia, depois de atender inúmeros clientes, todos insatiafeitos com a sua condição, o médico olha-se ao espelho com perplexidade e se pergunta: - Por que, meu Deus, me tornei psiquiatra?A insatiafação consigo próprio é um mal que aflige a todos nós. Somos anões perfeitos, ou lagartos, ou crocodilos, ou patos perfeitos e sofremos com isto. Não somente não nos contentamos conosco próprios mas com quase tudo que nos cerca. Sofremos porque chove ou porque o sol é causticante. Um executivo sofria danadamente porque suas várias namoradas lhe traziam muitos problemas e porque havia atingido o topo da carreira e, consequentemente, a partir daí tudo seria apenas derrocada.Seria estar satisfeito consigo próprio acomodação? A insatisfação nos dá forças para a transformação, ou, pelo contrário, mina as nossas energias, nos impedindo de existir em sua plenitude?Quando nos queixamos, desejamos realmente mudar ou apenas queremos receber uma esmolinha de afeto, amor, atenção? Não haveria algum gozo nesse sofrimento? E se achamos que mudar a nós próprios ou ao ambiente seria a melhor coisa a fazer, porque não o fazemos agora, de imediato, neste momento, e não em um futuro incerto? Tudo isso nos impede de viver em plenitude. Mas o que vem a ser plenitude? Seria inteireza, o contrário da fragmentação? Se assim é, em que estamos fragmentados? Quais são os nossos pedaços? Será que os nossos fragmentos lutam entre si? Então, o que nos impede de viver em plenitude são os nossos conflitos? E quem está brigando com quem? Será que o

pródigo briga com o que se compraz em acumular? A pessoa que deseja se santificar, luta contra o demônio que supõe ter dentro de si, como acontecia com Martinho Lutero e todos os santos da igreja católica? A boa mãe luta contra a mulher que quer se divertir? E esses personagens que lutam entre si têm existência real ou os criamos com a nossa mente? Se os criamos, o que nos impede de dissolvê-los?Parece, então, que viver em plenitude exige de nós um grande esforço. Será que se livrar do sofrimento da fragmentação, do conflito, da luta interior, exige um grande sofrimento? Ou, pelo contrário, trata-se de acolher tudo, sem nenhum esforço?Viver em plenitude seria voltar-se completamente para si próprio para a conscução desse objetivo, ou, pelo contrário, esquecer-se inteiramente de si?Seria procurar todos os meios de evitar o sofrimento, ou, ao invés disso, mergulhar nele tão profundamente até chegar ao fundo do poço e aí chegando, impulsionar o corpo com os dois pés até retornar à superfície clara e límpida? Isso seria masoquismo ou sincera e científica investigação do que nos aflige? Seria a plenitude o Sagrado? Se a resposta é sim, como permanecer ininterruptamente na dimensão do Sagrado, não isolado nas montanhas, na floresta, na gruta, mas no dia a dia, no trabalho, com a família, na rua?Por fim, será que temos medo de viver em plenitude?Quais são as suas respostas para essas instigantes questões?

Romero MoraisAntonio Guinho

Adote bem - Um espaço para adoção de animaisA plenitude ou o anão perfeito

Mali, cadela jovem, cas-trado, vermifugada, pelo curto e porte médio. Con-tato: Neuma 8455-6508

O Adote Bem é um espaço no Ganapati para promover a adoção de cães e gatos resgatados das ruas, em situação de risco e assim contribuir para a melhoria da vida desses animais. Todos os animais aqui anunciados receberam tratamento veterinário e estão prontos para adoção. Você pode ajudar a mudar uma vida: adote um animal resgatado e passe adiante essa ideia! Não compre animais, adote!

Raul, gato extremamente dócil, castrado, com aproxi-madamente 8 meses. Con-tato: Dra. Taci 9711-9694

Pretinha, canina jovem, castrada, pelo curto, e de médio porte. Conta-to: Neuma 8455-6508

Bianca, canina jovem, cas-trada, vermifugada, pelo curto de cor cinza. Con-tao: Neuma 8455-6508

Gato de 7 meses, castrado, vermifugado e vacinado. Contato: Lena 8899-6597 [email protected]

Kiara, canina castrada, porte médio, pelo cur-to, pelagem branca. Con-tato: Luciane 9922-9396

Felina castrada, com aproxi-madamente 4 meses, muito carinhosa e brincalhona. Contato: Tamires 9694-1864

Nina, canina, poodle, cas-trada, com aproximada-mente 1,5 ano. Conta-to: Neuma 8455-6508

Paloma, canina jovem, cas-trada, pelo curto, pelagem amarela e de médio porte. Contato: Luciane 9922-9396

Sofia, felina castrada, com aproximadamente 2 anos e pelagem mista. Con-tato: Ariene 8751-8445

A natureza faz parte de nossa vida. Nós nos originamos na semente, na Terra, e fazemos parte de tudo isso. Mas estamos perdendo rapidamente o sentido de

que somos animais como... os outros. Você consegue ter um sentimento por aquela árvore, olhe para ela, veja a beleza dela, escute o som que ela faz; seja sensível à plantinha, às pequenas ervas, àquela trepadeira que cresce muro acima, à luz sobre as folhas e as muitas sombras. Devemos estar conscientes de tudo isso e ter o sentido de comunhão com a natureza em nosso redor. Você pode viver em uma cidade, mas você tem árvores aqui ou ali. Uma flor no jardim do lado pode estar mal conservada, repleta de ervas daninhas, mas olhe para ela, sinta que você faz parte de tudo aquilo, parte de todas as coisas vivas. Se você prejudicar a natureza, estará prejudicando a si mesmo.

Letters to the Schools vol II, p 71

A UM CARNEIRO MORTO

OUVINDO kRISHNAMURTI

Antonio Guinho - Psicoterapia dos Transtornos do Desenvolvimento