galeria nara roesler milton machado // mão pesada · como caneta e pincel. embora não sigam...

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galeria nara roesler milton machado // mão pesada cerca de 40 desenhos produzidos desde a década de 1970, além de 11 vídeos, serão exibidos na Galeria Nara Roesler. A revista em quadrinhos A Esperança no Porvir será relançada em seu 40ª aniversário Em 24 de agosto, sábado, das 11h às 15h, a Galeria Nara Roesler inaugura a exposição Mão Pesada, de Milton Machado. A mostra reúne cerca de 40 desenhos feitos entre 1970 e 2013, além de uma seleção de vídeos do artista. Será também relançada A Esperança no Porvir, revista de quadrinhos editada pelo artista em 1973. Nas palavras do artista: "Mão Pesada. Matilha. Um bando de vira-latas, uivando, virados de rabo para a lua, traçados fora-de-séries, quase todos inéditos, guardados em gavetas por 40, 30, 20, 10 anos. Alguns mais recentes, mas igualmente do-contra, invariavelmente anacrônicos, a bico-de-pena e nanquim. Desenhos raivosos, errantes, babados, sujos, mofados, mal feitos, vagabundos, esculhambados, secretos e clandestinos, enjoados, algumas vezes enojados, produzidos sob o efeito de viagens marítimas, de navegações nordestinas, de rebordosas de praia, movidas a blue cherry, purple haze e manga-rosa. Memórias de homens-ao-mar, de prisões, de esperanças no porvir, encalhamentos, quase- naufrágios, diverticulites fatais, fúnebres cortejos presidenciais exibidos na TV, diretas-já, romances na tarde, coisas saindo, cheiros da corte e de esgoto, monstros da lagoa espalhando merda para todos os lados, frutos de mãos pesadas, de olhos vermelhos, de ações paralelas, marginais (quase traidoras) às abertura 24.08.2013 11h>15h exposição 26.08>21.09 seg>sex 10h>19h sáb 11h>15h galeria nara roesler avenida europa 655 01449-001 são paulo sp brasil t 55 (11) 3063 2344 f 55 (11) 3088 0593 www.nararoesler.com.br assessoria de imprensa agência guanabara t 55 (11) 3062 6399a diego sierra [email protected] laila abou [email protected] claudia oliveira (rj) [email protected] milton machado the fool is cool, 1987 nanquim sobre papel, sobre folhas de bloco da marca PEARL 28 x 35,3 cm avenida europa 655 são paulo sp brasil 01449-001 t 55(11)3063 2344 f 55(11)3088 0593 [email protected] www.nararoesler.com.br

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galeria nara roesler milton machado // mão pesada

cerca de 40 desenhos produzidos desde a década de 1970, além de 11 vídeos, serão

exibidos na Galeria Nara Roesler. A revista em quadrinhos A Esperança no Porvir

será relançada em seu 40ª aniversário

Em 24 de agosto, sábado, das 11h às 15h, a Galeria Nara Roesler

inaugura a exposição Mão Pesada, de Milton Machado. A mostra

reúne cerca de 40 desenhos feitos entre 1970 e 2013, além de

uma seleção de vídeos do artista. Será também relançada A

Esperança no Porvir, revista de quadrinhos editada pelo artista

em 1973.

Nas palavras do artista:

"Mão Pesada. Matilha. Um bando de vira-latas, uivando, virados

de rabo para a lua, traçados fora-de-séries, quase todos inéditos,

guardados em gavetas por 40, 30, 20, 10 anos. Alguns mais

recentes, mas igualmente do-contra, invariavelmente

anacrônicos, a bico-de-pena e nanquim. Desenhos raivosos,

errantes, babados, sujos, mofados, mal feitos, vagabundos,

esculhambados, secretos e clandestinos, enjoados, algumas

vezes enojados, produzidos sob o efeito de viagens marítimas, de

navegações nordestinas, de rebordosas de praia, movidas a blue

cherry, purple haze e manga-rosa. Memórias de homens-ao-mar,

de prisões, de esperanças no porvir, encalhamentos, quase-

naufrágios, diverticulites fatais, fúnebres cortejos presidenciais

exibidos na TV, diretas-já, romances na tarde, coisas saindo,

cheiros da corte e de esgoto, monstros da lagoa espalhando

merda para todos os lados, frutos de mãos pesadas, de olhos

vermelhos, de ações paralelas, marginais (quase traidoras) às

abertura 24.08.2013 11h>15h exposição 26.08>21.09 seg>sex 10h>19h sáb 11h>15h galeria nara roesler avenida europa 655 01449-001 são paulo sp brasil t 55 (11) 3063 2344 f 55 (11) 3088 0593 www.nararoesler.com.br assessoria de imprensa agência guanabara t 55 (11) 3062 6399a diego sierra [email protected] laila abou [email protected] claudia oliveira (rj) [email protected]

milton machado the fool is cool, 1987 nanquim sobre papel, sobre folhas de bloco da marca PEARL 28 x 35,3 cm

avenida europa 655

são paulo sp brasil 01449-001

t 55(11)3063 2344

f 55(11)3088 0593 [email protected]

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produções pretensamente mais nobres, organizadas, celebradas,

colecionadas, conceituadas, teorizadas, de História do Futuro

(1978-), As Férias do Investigador (1981), Conspiração Arquitetura

(1981), (1=n) (1983), Somas e Desarranjos (1985), Fugitivo Zero

(1987), Mundo Novo (1990), Sobre a Mobilidade (2001), Homem

Muito Abrangente (2005), Produção (2009) ..."

---

Embora a produção de Milton Machado seja notadamente

multidisciplinar, seu trabalho em desenho é especialmente

destacado na presente exposição. O título da mostra é

emprestado de uma obra de 1977. Ampliada em vinil adesivo e

exibida na vitrine da Galeria Nara Roesler, Mão Pesada é a

primeira das obras com que os visitantes tomarão contato.

Em seu trabalho, Milton cria projetos e articula narrativas

aparentemente lógicos, mas, de fato, ficcionais e irrealizáveis.

Sua qualidade de contador de histórias, frisada pelo crítico

Michael Asbury, origina personagens e mundos paralelos

obstinadamente conceitualizados e traçados.

São exemplos O Monstro da Lagoa (1976), “um cagalhão

descomunal, resultado da acumulação de sucessivas descargas de

esgoto irregular nas águas da Lagoa Rodrigo de Freitas”, fruto da

especulação imobiliária alimentada pelos fictícios Marcos Tramoia,

prefeito da cidade, e Servo Gourado, construtor inescrupuloso; os

animais antropomórficos que educadamente se sentam à mesa

em Prato de Resistência (En tenue de ville), de 1976; ou o tolo,

vaidosamente exibindo seu par de Óculos para Bobos

Internacionais – uma sofisticada coleção de óculos em busca de

patrocinadores para sua produção industrial – em The fool is

cool, de 1987.

The fool is cool integra a série PEARL Drawing Pad, produzida

entre 1984 e 1987, utilizando um mesmo instrumento de desenho

– um conta-gotas acoplado ao recipiente de nanquim, usado

como caneta e pincel. Embora não sigam qualquer roteiro comum

ou projeto anterior, alguns desenhos da série podem ser vistos

como depoimentos sobre fatos históricos, como em O país

agoniado e Eu vi o cortejo na TV, ambos de 1985, sobre o funeral

de Tancredo Neves.

milton machado sacrificar a torre para salvar o rei, 2010 nanquim sobre papel 28 x 38 cm

milton machado os ratos perceberam logo para quê as cordas. mas... e o sofá de bolinhas?, 1984 nanquim sobre papel, sobre folhas de bloco da marca PEARL 28 x 35,3 cm

milton machado Prato de resistência (En tenue de ville), 1976 técnica mista sobre papel 34.5 x 51.6 cm

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O título das obras, bem como o depoimento do artista sobre

cada uma delas, é essencial para a compreensão – ou para o

desvio de significado – de seu trabalho. Esta questão na obra de

Milton Machado foi comentada por Luiz Camillo Osorio: “até onde

o texto determina o que vemos? De que modo o que vemos pode

ser visto de outras maneiras depois de lermos o texto?”.

Entre os vídeos selecionados para a exposição estão História do

Futuro (2010, parte de sua instalação na 29ª Bienal Internacional

de São Paulo, com desenhos, esculturas, fotografias e textos),

Vermelho (2009, premiado na mostra Panoramas/Videobrasil

2010), Edifício Galaxie (sobre a mobilidade) (1994/2002) e Homem

Muito Abrangente (2002).

Vermelho e Pintura integram a série Produção, apresentada em

2009 na Galeria Nara Roesler, na qual o artista deslocou objetos

e imagens do contexto de uma fábrica de móveis de aço para o

espaço da galeria de arte. Edifício Galaxie (sobre a mobilidade)

complementa um conjunto de sete fotografias e fotomontagens,

relativizando a oposição entre – em princípio – a mobilidade dos

automóveis e a imobilidade dos edifícios.

Homem Muito Abrangente, com direção de Cacá Vicalvi,

documenta a preparação, a performance e a instalação do

trabalho na coletiva Territórios, com curadoria de Agnaldo Farias,

no Instituto Tomie Ohtake, em 2002. “Trata-se de uma

performance com dois atores principais: um atirador de facas de

circo e seu assistente, que sou eu mesmo”, explica o artista.

Sobre o Homem Muito Abrangente, ele diz: “O HMA pode ser

todas as coisas, fazendo tudo o que quer. Porém, lhe é vetada

uma única ocupação: a própria. Sempre além dos limites, o

Homem Muito Abrangente é o mais puro exterior”.

A revista em quadrinhos A Esperança no Porvir será relançada na

exposição. Em uma de suas estorinhas, Milton Machado conta a

saga de Pedro José, “respeitável trabalhador do ramo dos

investimentos que gostava de samba e que tinha o costume

diário de almoçar na Espaguetilândia”. Assim como Pedro José,

Milton acabou preso por agentes da repressão da ditadura

militar, que o submeteram a inquérito focado no conteúdo da

revista. “O que para mim eram ‘árvores’, para eles eram

‘trabalhadores’; seus ‘elementos subversivos’ eram meus ‘discos

voadores’, e não foi possível qualquer conciliação”.

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A exposição na Galeria Nara Roesler fica em cartaz de 26 de

agosto a 21 de setembro de 2013.

Durante a exposição, em data a ser divulgada, haverá o

lançamento, na galeria, do livro História do Futuro, de autoria do

artista, com colaborações de Guilherme Bueno e Tania Rivera.

sobre o artista

Milton Machado (Rio de Janeiro, 1947). Arquiteto pela FAU-UFRJ

(1970), Mestre em Planejamento Urbano pelo IPPUR-UFRJ (1985) e

PhD em Artes Visuais pelo Goldsmiths College University of

London (2000). Professor Associado do Departamento de

História e Teoria da Arte e do PPGAV-Programa de Pós-Graduação

em Artes Visuais, Escola de Belas Artes EBA/UFRJ. Participou das

10ª, 19ª e 29ª edições da Bienal de São Paulo (1969, 1987 e 2010)

e da 7ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (2009). Exposições

individuais recentes incluem Produção, na Galeria Nara Roesler,

em São Paulo (2009); e Sobre a Mobilidade, no Paço Imperial, Rio

de Janeiro (2001) e no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo

(2005). Entre as participações em mostras coletivas recentes

estão: O abrigo e o terreno, mostra inaugural do Museu de Arte

do Rio, Rio de Janeiro, (2013); Genealogias do contemporâneo, no

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2012-2013); Novo

museu tropical, no TEOR/éTica, em San José, Costa Rica (2012);

17º Festival Internacional de Arte Contemporânea, Videobrasil–

Panoramas do Sul, no SESC Belenzinho (2011); Europalia, Art in

Brazil, no Bozar, Bruxelas (2011); Arte Contemporânea Brasileira –

Coleção João Sattamini, no Museu de Arte Contemporânea de

Niterói (2009); e MALI contemporáneo: adquisiciones y

donaciones, no Museo de Arte de Lima, Peru (2009). Seu trabalho

integra coleções públicas nacionais como a do Museu de Arte

Moderna de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro,

Museu de Arte Contemporânea de Niterói; e internacionais, como

a da University of Essex (Inglaterra), do Museu de Arte de Lima

(Peru), do Museo Civico Gibellina (Itália) e da Daros Latinamerica.

sobre a galeria

Há mais de 35 anos, Nara Roesler promove arte contemporânea

junto a um conjunto nacional e internacional de colecionadores,

curadores e intelectuais. Em 1989, fundou a Galeria Nara Roesler

em São Paulo, como um espaço para expandir as fronteiras da

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prática artística no Brasil e fora dele. Representando alguns dos

mais interessantes artistas da atualidade, a galeria direciona seu

interesse à justaposição de trabalhos dos anos 60 em diante e

suas ramificações contemporâneas, representando nomes

históricos ao lado de um seleto grupo de artistas em ascensão.

Em 2012, a galeria teve seu espaço expositivo dobrado,

totalizando uma área 1600m² e revitalizou o projeto curatorial

Roesler Hotel, iniciado em 2006, com propostas inovadoras como

as mostras coletivas Lo bueno y lo malo, sob curadoria de Patrick

Charpenel (diretor da Fundacción/Colección Jumex), e Buzz,

mostra dedicada à op art idealizada por Vik Muniz com obras de

Bridget Riley, Josef Albers, Marcel Duchamp e Yayoi Kusama.