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XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO 2ª FASE - TRIBUTÁRIO DAMASIO EDUCACIONAL XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO 2ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO Simulado Peça: O prefeito do município de Uberlândia, em razão do déficit de arrecadação, determinou que a procuradoria do município realizasse um mutirão para o levantamento de todos os créditos de IPTU a receber em razão do inadimplemento dos contribuintes. Além disso, publicou um decreto em 10/12/2013 que estabeleceu, entre outras providências relacionadas ao IPTU, a majoração da alíquota para todos os imóveis em mais 4%. Após o levantamento dos débitos, a Procuradoria passou a efetuar os respectivos lançamentos tendo por base a nova alíquota. João, proprietário de um imóvel em Uberlândia foi notificado em 07/01/2014 do lançamento de débitos de IPTU dos exercícios de 2007 e 2008 que constavam em aberto, além de receber o carnê de 2014 com a alíquota majorada. Inconformado com os valores cobrados pelo município, João lhe procura para saber se é possível afastar essa cobrança que ele considera abusiva. Como advogado de João, ingresse com a medida judicial ordinária cabível. (Valor: 5,00) Problema Simulado - Anulatória Quesito avaliado Faixa de Valores Média 1. Endereçamento ao Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de Uberlândia (ou Vara da Fazenda Pública do Estado de Minas Gerais) 0,2 2.Qualificação completa das partes: Sujeito Ativo Joana (0,10) e Sujeito Passivo Município de Uberlândia ou Fazenda Pública do Município de Uberlândia (0,10) 0,2 3. Fundamentação legal da Anulatória: Art. 38 da Lei nº 6830/80 (0,10), 273 do CPC (0,10) e 282 do CPC (0,10) 0,3 4. Tese Afronta ao princípio da legalidade (0,25), pois a majoração do IPTU se deu por um decreto municipal (0,10), nos termos do art. 150, I, da CF (0,25). Além disso, houve afronta ao princípio da irretroatividade (0,25), disposto no art. 150, III, a, da CF (0,25), uma vez que os lançamentos dos débitos anteriores se deu com base na alíquota majorada, ou seja, aplicou-se o decreto sobre fatos geradores ocorridos anteriormente à sua vigência. (0,25). Por fim, ocorreu a decadência (0,25) dos débitos de 2007 e 2008, em razão do decurso do prazo de 5 anos (0,15) disposto no art. 173, I, do CTN. (0,25) 2,0

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XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

2ª FASE - TRIBUTÁRIO

DAMASIO EDUCACIONAL

XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO

Simulado

Peça:

O prefeito do município de Uberlândia, em razão do déficit de arrecadação,

determinou que a procuradoria do município realizasse um mutirão para o levantamento de

todos os créditos de IPTU a receber em razão do inadimplemento dos contribuintes.

Além disso, publicou um decreto em 10/12/2013 que estabeleceu, entre outras

providências relacionadas ao IPTU, a majoração da alíquota para todos os imóveis em mais 4%.

Após o levantamento dos débitos, a Procuradoria passou a efetuar os respectivos lançamentos

tendo por base a nova alíquota.

João, proprietário de um imóvel em Uberlândia foi notificado em 07/01/2014 do

lançamento de débitos de IPTU dos exercícios de 2007 e 2008 que constavam em aberto, além

de receber o carnê de 2014 com a alíquota majorada.

Inconformado com os valores cobrados pelo município, João lhe procura para saber se é

possível afastar essa cobrança que ele considera abusiva.

Como advogado de João, ingresse com a medida judicial ordinária cabível. (Valor: 5,00)

Problema Simulado - Anulatória

Quesito avaliado Faixa de

Valores

Média

1. Endereçamento ao Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de Uberlândia (ou Vara

da Fazenda Pública do Estado de Minas Gerais)

0,2

2.Qualificação completa das partes: Sujeito Ativo – Joana (0,10) e Sujeito Passivo –

Município de Uberlândia ou Fazenda Pública do Município de Uberlândia (0,10)

0,2

3. Fundamentação legal da Anulatória: Art. 38 da Lei nº 6830/80 (0,10), 273 do CPC

(0,10) e 282 do CPC (0,10)

0,3

4. Tese –Afronta ao princípio da legalidade (0,25), pois a majoração do IPTU se deu

por um decreto municipal (0,10), nos termos do art. 150, I, da CF (0,25).

Além disso, houve afronta ao princípio da irretroatividade (0,25), disposto no art.

150, III, a, da CF (0,25), uma vez que os lançamentos dos débitos anteriores se deu

com base na alíquota majorada, ou seja, aplicou-se o decreto sobre fatos geradores

ocorridos anteriormente à sua vigência. (0,25).

Por fim, ocorreu a decadência (0,25) dos débitos de 2007 e 2008, em razão do

decurso do prazo de 5 anos (0,15) disposto no art. 173, I, do CTN. (0,25)

2,0

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XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

2ª FASE - TRIBUTÁRIO

DAMASIO EDUCACIONAL

XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

5. Abertura do item da Tutela Antecipada (0,20), nos termos do artigo 273 do CPC

(0,10). Demonstração dos requisitos – verossimilhança (0,10) e fundado receio de

dano (0,10), visando suspender a exigibilidade do crédito (0,10), conforme art. 151,

V, do CTN (0,10)/

OU Abertura do item do Depósito Judicial no Montante Integral (0,20),visando

suspender a exigibilidade do crédito (0,10), nos termos do art. 151, II, do CTN (0,20)

e Súmula 112 do STJ (0,20)

0,7

6. Pedido de concessão da tutela antecipada para suspender a exigibilidade do

crédito (0,15), conforme art. 151, V do CTN (0,15) / OU Pedido de suspensão da

exigibilidade do crédito em razão do depósito integral (0,15), conforme art. 151, II,

do CTN (0,15)

0,3

7. Julgamento procedente do pedido para anular o lançamento (0,10), uma vez

que a majoração do IPTU afronta os princípios da legalidade (0,10) e a cobrança

referente aos exercícios de 2007 e 2008 afronta o princípio da irretroatividade,

além destes estarem decaídos. (0,10)

0,3

8. Citação do ente público na pessoa do seu representante legal 0,2

9. Condenação da Ré ao pagamento de custas e honorários advocatícios 0,2

10. Pedido de provas 0,2

11 . Valor da causa 0,2

12. Fechamento da peça: Nestes termos, pede deferimento. Advogado. OAB 0,2

Questões:

1. José Carlos, proprietário de uma empreiteira com sede em Pirapora, resolveu

adquirir diversas máquinas para o seu negócio, em razão do aumento da demanda de seus

serviços.

Diante disso, procura uma instituição financeira para analisar as taxas de

financiamento e decide pela aquisição dos bens através do contrato de leasing com duração de

5 anos.

Para finalizar o contrato, a agência bancária deve enviar toda documentação à Matriz

em São Paulo, que é a responsável por administrar e autorizar essa modalidade de contrato.

Tão logo o contrato retorna à agência de Pirapora, há o registro em cartório e, em

razão do sistema integrado com a prefeitura do município, o município de Pirapora efetua

cobrança do ISS sobre a contratação desse serviço.

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XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

2ª FASE - TRIBUTÁRIO

DAMASIO EDUCACIONAL

XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

Pergunta-se: É válida a cobrança de ISS da instituição bancária sobre o contrato de

leasing, uma vez que não há a transferência da titularidade do bem? O município de Pirapora é

competente para efetuar a cobrança do ISS neste caso? (Valor: 1,25)

Questão 1

1. A cobrança de ISS da instituição bancária sobre o contrato de leasing financeiro é constitucional (RE 547.245/SC) (0,15). No leasing financeiro não há a transferência de titularidade ou de propriedade do bem no momento da celebração do contrato. (0,25) Esse tipo de contrato é realizado como um contrato de locação com opção futura de compra. (0,10).

2. A cobrança do ISS tem previsão expressa no item 15.09 da lista anexa à LC 116/2003 (0,25). Nos termos do art. 3º da LC 116/03 o ISS é devido no local do estabelecimento prestador do serviço (0,25).

3. Conforme entendimento recente do STF, considerando que a administração e autorização desta modalidade de contrato ocorre em São Paulo, o município de Pirapora não é competente para arrecadar o ISS neste caso (0,15), uma vez que o serviço é efetivamente prestado em São Paulo. (0,10)

1,25

2. Manuel, colecionador de veículos, resolveu importar uma Ferrari feita,

exclusivamente, para ele.

Para efetivar a importação, Manuel contratou uma agência responsável por cuidar de

todo o processo.

Ocorre que, assim que o veículo desembarcou no Porto de Santos, lhe foi exigido o

recolhimento do IPI no momento do desembaraço aduaneiro.

Apesar de inconformado com a cobrança, Manuel efetuou o recolhimento para liberar

o seu veículo o quanto antes.

Pergunta-se: O IPI, neste caso, é devido no momento do desembaraço aduaneiro? Em

caso de resposta negativa, em que momento ele será devido? Manuel poderá ser ressarcido

do valor pago? (Valor: 1,25)

Questão 2

1. No caso de importação de bem para fins particulares não incide o IPI, em razão do princípio da não-cumulatividade (0,25), previsto no art. 153, §3º, II, da CF (0,15).

2. Segundo esse princípio, serão deduzidos do valor do imposto devido os valores cobrados nas operações anteriores relativamente à industrialização (0,25), de modo que o contribuinte de direito não suportará a carga tributária do imposto, que será repassada no preço ao contribuinte de fato (consumidor final) (0,10).

3. Considerando que Manuel não exerce nenhum ato de industrialização, não pode ser considerado contribuinte deste imposto (0,15), suportando a carga tributária do imposto pago nas operações anteriores. (0,10)

1,25

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XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

2ª FASE - TRIBUTÁRIO

DAMASIO EDUCACIONAL

XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

4. Neste caso, Manuel poderá ingressar com uma ação de repetição de indébito (0,15) para ser ressarcido dos valores recolhidos indevidamente, nos termos do art. 165, I, do CTN. (0,10)

3. Em 01/01/2014 o Estado de Roraima emitiu os carnês de IPVA referente ao exercício

de 2014, com vencimento para 15/04/2014.

Maria recebeu o carnê em 03/01/2014 e efetuou o pagamento à vista nesta mesma

data.

Ocorre que, em 04/01/2014 foi publicada uma lei estadual majorando a alíquota do

IPVA a partir do exercício de 2014.

Diante disso, Maria recebeu um novo carnê para o pagamento da diferença entre o

valor pago e o devido com base na nova legislação, uma vez que ela havia antecipado o

pagamento com vencimento para 15/04/2014.

O procedimento adotado pelo Estado de Roraima está correto? Justifique sua

resposta. (Valor: 1,25)

Questão 3

1. O procedimento adotado pelo Estado de Roraima é inconstitucional (0,10). 2. Isso porque houve afronta ao princípio da irretroatividade (0,25), nos

termos do art. 150, III, a, da CF (0,15), uma vez que está efetuando a cobrança da diferença cujo fato gerador ocorreu antes da vigência da lei que majorou a alíquota. (0,15)

3. Além disso, houve afronta ao princípio da anterioridade do exercício (0,10), disposto no art. 150, III, b, da CF (0,10), pois a cobrança se deu no mesmo exercício financeiro (0,10), bem como ao da anterioridade nonagesimal (0,10), nos termos do art. 150, III, c, da CF (0,10), uma vez que o lançamento ocorreu antes de decorrido o prazo de 90 dias (0,10).

1,25

4. A metalúrgica Vale do Aço, com o receio de falta de energia contratou, junto à

concessionária de energia elétrica, uma reserva de demanda de potência para garantir o seu

funcionamento, recolhendo-se o ICMS sobre toda a energia contratada, no montante de R$

5.000.000,00.

Ocorre que a empresa utilizou apenas metade de toda a energia contratada, causando-

se um déficit de R$ 2.500.000,00 apenas a título de ICMS pago antecipadamente.

A empresa lhe procura para saber se o ICMS é efetivamente devido e se haveria

alguma medida a ser tomada para, se for o caso, reaver os valores pagos. (Valor: 1,25)

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XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

2ª FASE - TRIBUTÁRIO

DAMASIO EDUCACIONAL

XII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

Questão 4

1. Não há a incidência do ICMS (0,10), uma vez que não ocorreu o seu fato gerador (0,15). Isso porque, a energia não foi utilizada, ficando apenas reservada e disponível para utilização, não havendo a circulação da mercadoria. (0,15)

2. Conforme a Súmula 391 do STJ (0,25), o ICMS somente incide sobre a potência efetivamente utilizada. (0,10)

3. Conforme recente julgado do STJ (REsp 1299303), o contribuinte pode ingressar com ação de repetição de indébito, apesar de ser o contribuinte de fato e não de direito (0,25). Isso porque a concessionária, embora seja a contribuinte de direito não irá se indispor com o poder concedente para reaver os valores pagos indevidamente. (0,25)

1,25