fungos conidiais associados a substratos … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes...

101
SILVANA SANTOS DA SILVA FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS VEGETAIS SUBMERSOS EM ALGUNS CORPOS D'ÁGUA NO BIOMA CAATINGA FEIRA DE SANTANA - BA 2013

Upload: buianh

Post on 05-Jan-2019

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

SILVANA SANTOS DA SILVA

FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS

VEGETAIS SUBMERSOS EM ALGUNS CORPOS D'ÁGUA

NO BIOMA CAATINGA

FEIRA DE SANTANA - BA

2013

Page 2: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA

FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS

VEGETAIS SUBMERSOS EM ALGUNS CORPOS D'ÁGUA

NO BIOMA CAATINGA

SILVANA SANTOS DA SILVA

ORIENTADOR: Prof. Dr. Luís Fernando Pascholati Gusmão

FEIRA DE SANTANA - BA

2013

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Botânica da Universidade Estadual de

Feira de Santana, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Botânica.

Page 3: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________ Profa. Dra. Rosely Ana Piccolo Grandi

Instituto de Botânica-SP

_____________________________________________________ Profa. Dra. Flávia Rodrigues Barbosa

Depto. Ciências Biológicas-UESB

_____________________________________________________ Prof. Dr. Luis Fernando Pascholati Gusmão

Depto. Ciências Biológicas-UEFS

Orientador e Presidente da Banca

FEIRA DE SANTANA - BA

2013

Page 4: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

À minha família pelo amor

incondicional, pois sem eles nada

seria possível.

Page 5: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

i

AGRADECIMENTOS

À DEUS, meu guia, por me fortalecer e me conceder tantas bênçãos;

À minha mãe, Maria das Graças, e ao meu pai, Reinardo Fagundes, pela educação

que me proporcionaram, pelo zelo, pelo apoio em todos os momentos, e acima de tudo, pelo

amor incondicional. Devo tudo o que sou a vocês!

À minha irmã, Marília Santos, e ao meu irmão, Luciano Santos, pelo carinho, amor,

conselhos, incentivos, por serem irmãos maravilhosos para mim, sendo fundamentais na

minha vida. Ao meu cunhado, Jeferson Ribeiro, e à minha cunhada, Tamara Sales, pelo

apoio de sempre e pela irmandade construída. Ao meu sobrinho Felipe, de dois anos, que

com toda sua fofura e inocência torna os dias mais leves e alegres. À minha avó, Albertina

Barbosa, pelo exemplo de alegria, força e determinação, na melhor idade. E a todos os

familiares que sempre partilham de minhas conquistas;

Ao meu namorado, Luiz Antonio, que foi o maior presente que ganhei durante o

mestrado, cujo amor é fundamental em minha vida e que se fortalece a cada dia. Obrigada

por sempre estar ao meu lado, e pelo apoio e paciência durante esta fase de dissertação;

Ao meu orientador Luís Fernando Pascholati Gusmão, pela oportunidade de trabalhar

com este grupo de fungos e entrar no mundo da pesquisa científica, pelos ensinamentos,

paciência e disponibilidade, inclusive em suas férias, contribuindo para o meu crescimento

profissional;

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela

bolsa de mestrado concedida;

A Universidade Estadual de Feira de Santana, especialmente ao Laboratório de

Micologia (LAMIC) que forneceu a infraestrutura necessária ao desenvolvimento deste

trabalho;

Ao Programa de Pós Graduação em Botânica e aos Professores, pelos auxílios e

pela contribuição na minha formação como Mestre;

Aos meus colegas do LAMIC, Alisson Cruz, Carolina Azevedo, Carolina Ribeiro,

Jorge Luís, Marcos Marques, Myrna Antunes, Sheila Leão, Taiana Araújo, Tiago Andrade,

Page 6: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

ii

pelos momentos de descontração, dicas e discussões micológicas, em especial Davi Almeida,

Loise Costa e Tasciano Santa Izabel pelas coletas, e aos dois últimos também pela ajuda nos

assuntos de ecologia;

À Dra.

Flávia Barbosa e ao Dr. Huzefa Raja pela disponibilização de bibliografias

especializadas que foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho;

Às amigas Daniele Mendes, Kamilla Lopes, Lara Pugliesi e Priscila Lopes pelo

carinho, apoio, torcida, e claro, por todas as conversas, “resenhas” e passeios que sempre nos

divertimos. À amiga Patrícia Fiuza que compartilha comigo todas as alegrias e aflições do

mundo acadêmico, desde a graduação. À amiga Josiane Monteiro, pela agradável

convivência, pela amizade construída, pelo apoio, dicas e discussões valiosas, e por estar

sempre disponível para ajudar. À amiga de infância Josiane Marques, que nunca deixa de me

incentivar. À amiga Tatiane e ao amigo Mateus Fadigas pelo carinho e apoio. Ao amigo Igor

Monteiro, por toda a consideração, torcida e pela confecção do mapa das áreas de estudo;

Aos colegas de mestrado pelos momentos compartilhados durante esses dois anos e

pelas amizades formadas;

Agradeço sinceramente a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o

desenvolvimento deste trabalho.

Page 7: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

iii

RESUMO

Os fungos conidiais desempenham papel fundamental na manutenção dos ecossistemas

aquáticos através da decomposição da matéria orgânica, que cai ou é levada para os

habitats aquáticos. Estes fungos são morfologicamente adaptados para o ambiente

aquático, apresentando conídios de formas variadas que são modificações para sua

existência na água. Os fungos conidiais aquáticos são classificados ecologicamente em

quatro grupos distintos, baseados no ciclo de vida: fungos Ingoldianos, fungos aero-

aquáticos, fungos terrestre-aquáticos e fungos aquático-facultativos. No Bioma Caatinga os

estudos abordando fungos aquáticos ainda são incipientes. Diante desta carência, o

presente estudo teve como objetivo contribuir para uma melhor compreensão da

biodiversidade de fungos conidiais aquáticos associados a substratos vegetais (folhas,

pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do

Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da Chapada do Araripe-CE, Parque Nacional

de Ubajara-CE, Parque Nacional da Serra das Confusões-PI e Serra da Jibóia-BA. As

expedições foram realizadas entre 2011 e 2012, e as amostras coletadas foram encaminhas

ao Laboratório de Micologia da UEFS. No laboratório, as amostras foram lavadas em água

corrente e colocadas em câmaras-úmidas. Os substratos foram incubados à temperatura

ambiente durante 30 dias e, subsequentemente, analisados sob estereomicroscópio. Após a

identificação dos fungos nos substratos, lâminas foram confeccionadas com as estruturas

reprodutivas destes fungos e a identificação foi baseada na morfologia. As lâminas

preservadas e o material seco foram incorporados ao Herbário da Universidade Estadual de

Feira de Santana (HUEFS). As culturas de fungos axênicas obtidas durante o estudo foram

preservadas em óleo mineral e pelo método de Castellani, e foram adicionados à Coleção

de Cultura de Microrganismos da Bahia (CCMB). O primeiro capítulo destaca a descrição

de dois novos registros para o Brasil e três novos registros para o continente americano, e

uma lista de 15 fungos registrados pela primeira vez em habitats aquáticos. O segundo

capítulo descreve e ilustra uma nova espécie de Dictyochaeta. E o terceiro capítulo

representa a riqueza de espécies de fungos por área e por tipo de substrato analisado, além

disso, compara a similaridade das comunidades de fungos entre as áreas amostradas.

Palavras-chave: ambientes lóticos; biodiversidade; hifomicetos; semiárido; taxonomia.

Page 8: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

iv

ABSTRACT

Conidial fungi play a vital role in the maintenance of aquatic ecosystems through the

decomposition of organic matter, that falls or is carried into aquatic habitats. These fungi

are morphologically adaptive to the aquatic environment, in that they have variously

shaped conidia that are modified for an aquatic existence. Aquatic conidial fungi are

classified ecologically in four distinct groups, based on their life cycle: Ingoldian fungi,

aero-aquatic fungi, terrestrial-aquatic fungi and aquatic-facultative fungi. In the Caatinga

Biome, studies addressing aquatic fungi are still incipient. Due to the lack of knowledge on

aquatic fungi, this study aimed to contribute towards a better understanding of the

biodiversity of aquatic freshwater fungi associated with plant debris (leaves, petioles, twigs

and bark) submerged in lotic environments, five areas of Caatinga Biome: Brejo

Paraibano-PB, APA da Chapada do Araripe-CE, Parque Nacional de Ubajara-CE, Parque

Nacional da Serra das Confusões-PI e Serra da Jibóia-BA. Expeditions were conducted

between 2011 and 2012, and samples were collected and brought back to the Mycology

Laboratory of UEFS. In the laboratory, the samples were washed in tap water and placed in

moist chambers. The substrates were incubed at room temperature for 30 days and,

subsequently, analyzed under a dissecting microscope. After fungi were located on the

substrates, slides were made with the reproductive structures of fungi and identified basead

on morphology. The slides were preserved and the dried were deposited to Herbário da

Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS). Axenic fungal cultures obtained

during the study were preserved in mineral oil and Castellani method and were deposited

to Coleção de Cultura de Microrganismos da Bahia (CCMB). The first chapter of the study

highlights the description of two new records for Brazil and three new records for the

American continent, and lists 15 fungi recorded for the first time from aquatic habitats. The

second chapter describes and ilustrates a new species of the Dictyochaeta. And the third

chapter represents the species richness of fungi by area and type of substrate analyzed, in

addition, it compares the similarity of fungal communities between samples areas.

Key words: biodiversity; lotic environment; hyphomycetes, semi-arid; taxonomy.

Page 9: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

v

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ...............................................................................................................i

RESUMO ................................................................................................................................. iii

ABSTRACT .............................................................................................................................. iv

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ vii

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... viii

1. INTRODUÇÃO GERAL

1.1 O Bioma Caatinga e os enclaves de Mata Atlântica ...................................................... 01

1.2 Os fungos conidiais ............................................................................................................. 02

1.3 Ambientes de água doce e os substratos vegetais submersos .......................................... 03

1.4 Os fungos em ambientes aquáticos ..................................................................................... 04

1.5 Fungos conidiais de água doce ...................................................................................... 05

1.6 Importância dos fungos nos ecossistemas de água doce .................................................. 07

1.7 Panorama dos estudos sobre fungos conidiais de água doce ......................................... 08

2. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 09

3. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 10

3.1 Áreas de estudo .................................................................................................................... 10

3.1.1 Parque Nacional da Serra das Confusões-PI .............................................................. 10

3.1.2 Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe-CE........................................... 10

3.1.3 Serra da Jibóia-BA ...................................................................................................... 11

3.1.4 Brejo Paraibano-PB .................................................................................................... 12

3.1.5 Parque Nacional de Ubajara-CE ................................................................................. 12

3.2 Procedimentos de coleta, lavagem e acondicionamento das amostras .......................... 17

3.3 Identificação .................................................................................................................. 19

3.4 Fotomicrografia ............................................................................................................. 19

3.5 Isolamento em cultura e preservação ................................................................................. 20

3.6 Herbário ......................................................................................................................... 21

3.7 Análises de riqueza e similaridade .................................................................................. 21

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 22

Page 10: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

vi

CAPÍTULO I. Fungos conidiais aquático-facultativos no Bioma Caatinga: novos registros

para o Brasil e continente americano ................................................................................... 33

Resumo ...................................................................................................................................... 35

Abstract ...................................................................................................................................... 35

Introdução .................................................................................................................................. 36

Material e métodos .................................................................................................................... 37

Resultados e discussão ...............................................................................................................37

Agradecimentos ......................................................................................................................... 46

Referências bibliográficas ......................................................................................................... 46

CAPÍTULO II. Conidial fungi from the semi-arid Caatinga Biome of Brazil. A new

species of Dictyochaeta ....................................................................................................... 53

Abstract ...................................................................................................................................... 54

Introduction ................................................................................................................................ 54

Methods ...................................................................................................................................... 55

Results ........................................................................................................................................ 55

Discussion .................................................................................................................................. 55

Acknowledgements ................................................................................................................... 58

References .................................................................................................................................. 58

CAPÍTULO III. Fungos conidiais associados a substratos vegetais submersos em algumas

áreas do Bioma Caatinga ..................................................................................................... 59

Resumo....................................................................................................................................... 61

Abstract ...................................................................................................................................... 61

Introdução .................................................................................................................................. 62

Material e métodos .................................................................................................................... 64

Resultados e discussão ............................................................................................................... 66

Agradecimentos ......................................................................................................................... 80

Referências ................................................................................................................................. 80

CONCLUSÕES GERAIS ....................................................................................................... 86

ANEXO ..................................................................................................................................... 87

Page 11: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

vii

LISTA DE FIGURAS

INTRODUÇÃO GERAL

FIGURA 1.Representantes de três grupos ecológicos de fungos conidiais de água doce .. 07

MATERIAS E MÉTODOS

FIGURA 2. Mapa evidenciando os municípios de coleta .................................................. 14

FIGURA 3. Locais de coleta ............................................................................................... 15

FIGURA 4. Locais de coleta .............................................................................................. 16

FIGURA 5. Metodologia .................................................................................................... 18

FIGURA 6. Equipamento utilizado para fotomicrografar os fungos ................................. 19

FIGURA 7. Isolamento e preservação ................................................................................ 20

FIGURA 8. Material seco preservado ............................................................................... 21

CAPÍTULO 1

FIGURA 1-3. Corynesporopsis antillana R.F. Castañeda & W.B. Kendr ......................... 51

FIGURA 4-6. Dactylella yunnanensis K.Q. Zhang, Xing Z. Liu & L. Cao ....................... 51

FIGURA 7-8. Ellisembia vaginata McKenzie ................................................................... 51

FIGURA 9-14. Oedemium minus (Link) S. Hughes .......................................................... 52

FIGURA 15. Xylomyces pusillus Goh, W.H. Ho, K.D. Hyde & K.M. Tsui ...................... 52

CAPÍTULO 2

FIGURA 1-5. Dictyochaeta aciculata S.S. Silva & Gusmão sp. nov ................................ 57

CAPÍTULO 3

FIGURA 1. Riqueza de fungos conidias associados à substratos vegetais submersos em

cinco áreas inseridas no Bioma Caatinga. Brejo Paraibano, PARNA de Ubajara, Serra da

Jibóia-BA, PARNA da Serra das Confusões e APA da Chapada do Araipe ...................... 72

FIGURA 2. Riqueza de fungos conidiais, encontrados em ambientes aquáticos, por

substrato: lâmina foliar, galho, casca e pecíolo ................................................................... 72

FIGURA 3. Dendrograma gerado a partir do índice de similaridade de Sørensen e pelo

método de agrupamento UPGMA, entre as áreas consideradas .......................................... 73

Page 12: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

viii

LISTA DE TABELAS

INTRODUÇÃO GERAL

TABELA 1. Aspectos gerais das áreas de estudo e período de coleta ............................... 13

CAPÍTULO 2

TABLE 1. Comparison of Dictyochaeta species morphologically similar to D. aciculata

(data from original descriptions) ......................................................................................... 56

CAPÍTULO 3

TABELA 1. Áreas de estudo e período de coleta ............................................................... 71

TABELA 2. Fungos conidiais encontrados em habitats aquáticos associados à lâmina

foliar (I), pecíolo (II), casca (III) e galho (IV) submersos em rios e riachos de cinco áreas

inseridas no Bioma Caatinga: Serra da Jibóia-BA, APA da Chapada do Araripe e PARNA

de Ubajara-CE, Brejo Paraibano-PB e PARNA da Serra das Confusões-PI....................... 74

TABELA 3. Matriz de similaridade fúngica (Índice de Sørensen) entre as cinco áreas

consideradas......................................................................................................................... 80

Page 13: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

1

1. INTRODUÇÃO GERAL

1.1. O Bioma Caatinga e os enclaves de Mata Atlântica

O Bioma Caatinga, considerado o único bioma exclusivamente brasileiro, possui

cerca de 734.000 km² e está totalmente incluído no semiárido. O Ministério do Meio

Ambiente, no sentido de indicar as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade

nesse Bioma, identificou 57 áreas, incluindo os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do

Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais, sendo 27 destas

classificadas como de Extrema Importância Biológica (MMA, 2002; VELLOSO et al.,

2002; SILVA et al., 2004).

Em quase toda a sua extensão o Bioma Caatinga caracteriza-se por apresentar clima

quente e semiárido, com menos de 1.000 mm de chuva por ano, sendo este valor muito

variável de ano para ano. Em intervalos de dez a vinte anos, o total de chuvas pode cair a

menos da metade da média, caracterizando o fenômeno da “seca”. Mas, apesar das

condições adversas, este bioma apresenta um verdadeiro mosaico de tipos de vegetação,

variando com diversidade de solos e a disponibilidade de água, apresentando assim

ambientes muito diversos: Matas Úmidas, Matas Estacionais, Cerrados, Tabuleiros,

Campos Rupestres e remanescentes de Mata Atlântica (VELLOSO et al., 2002;

GIULIETTI et al., 2006). Além disso, apresenta um grande número de espécies (animais e

vegetais), dentre essas muitas endêmicas, o que demonstra a importância da conservação

deste bioma (OLIVEIRA et al., 2012).

Dentro dos limites do Bioma Caatinga estão inseridos enclaves de Mata Atlântica,

também classificados como Brejos de Altitude que, por estarem dentro do domínio da

Caatinga, também sofrem influência do clima. Nove enclaves foram indicados na região

semiárida, definidas pelas áreas: 1. Serra de Ibiapaba/Ubajara-CE; 2. Sobral-CE; 3.

Itapagé-CE; 4. Serra de Baturité-CE; 5. Crato-CE; 6. Brejo Paraibano-PB; 7. Camalaú-PB;

8. Brejo da Madre de Deus-PE e 9. Serra da Jibóia-BA (VELLOSO et al., 2002). Nos

enclaves, as transições podem ser abruptas, mas geralmente formam gradientes onde se

interpenetram dois ou até três tipos de vegetação; neste caso, há transição com as caatingas

arbóreas, mata seca e as matas de cipó (THOMAS & BRITTON, 2008).

Segundo CAVALCANTE (2005) os enclaves de Mata Atlântica tiveram origem no

Pleistoceno, durante as glaciações, período em que a umidade atmosférica caiu

significativamente, e consequentemente as precipitações também diminuíram, favorecendo

Page 14: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

2

a expansão das vegetações adaptadas à seca, e restringindo as florestas úmidas ao topo das

serras que se mantinham úmidas. Desde aquela época até os dias atuais, o conjunto de

condições ambientais, como ventos úmidos oriundos do litoral, altitude e solo, é o que

conserva esse ecossistema no semiárido.

A fim de conservar as riquezas da Mata Atlântica, o Ministério do Meio Ambiente

determinou áreas prioritárias para preservação da mesma, classificando-as em quatro níveis

de importância biológica: área de extrema importância biológica; área de muito alta

importância biológica; área de alta importância biológica e área insuficientemente

conhecida, mas de provável importância biológica (MMA, 2000). Embora a Mata Atlântica

tenha sido muito devastada ao longo dos anos, restando apenas um percentual muito

pequeno em relação à área original, sua biodiversidade é muito alta, sendo considerada

pelo CONSERVATION INTERNATIONAL (2007) como um dos 34 “hotspots” mundiais

de biodiversidade.

1.2. Os fungos conidiais

Os fungos apresentam características próprias que os diferem dos demais

organismos vivos, como: modo de nutrição absortiva, o glicogênio como substância de

reserva, a parede celular composta principalmente de quitina e a organização da estrutura

somática representada por hifas. Podem ser unicelulares ou pluricelulares, sendo estes

últimos mais complexos, formando micélio, um emaranhado de hifas que lembram tecidos.

O micélio encontra-se em contato direto com o substrato, de onde retiram os nutrientes

necessários para seu desenvolvimento (ALEXOPOULOS et al., 1996). Atualmente,

estima-se a existência de cerca de três milhões de espécies de fungos em todo o mundo

(HAWKSWORTH, 2012).

Na classificação mais atual os fungos compreendem nove Filos: Chytridiomycota,

Neocallimastigomycota, Blastocladiomycota, Microsporidia, Glomeromycota,

Ascomycota, Basidiomycota (HIBBETT et al., 2007), Cryptomycota (Jones et al., 2011) e

Entomophthoromycota (HUMBER, 2012). Dentre estes, as fases assexuais dos Filos

Ascomycota e Basidiomycota são agrupados em uma categoria artificial e denominados de

fungos conidiais ou anamórficos. Os fungos conidiais são também conhecidos como

fungos mitospóricos, fungos imperfeitos e Deuteromicetos, hoje nomes obsoletos. Estes

fungos são organismos microscópicos caracterizados pela produção de esporos de origem

mitótica, chamados de conídios, cuja principal função é a dispersão para garantir a

Page 15: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

3

sobrevivência da espécie (ALEXOPOULOS et al., 1996). Até o momento, algumas poucas

conexões anamorfo-teleomorfo são conhecidas devido à dificuldade do estabelecimento

dessas conexões (SEIFERT et al., 2011). Acredita-se, ainda, que muitos fungos conidiais

tenham perdido a capacidade de se reproduzir sexualmente, ou simplesmente só se

reproduzem de forma sexual diante de condições extremamente especiais, até então

desconhecidas (KIRK et al., 2001).

Além dos conídios, os conidióforos e as células conidiogênicas compõem as

estruturas reprodutivas básicas deste grupo, sendo de grande importância para a taxonomia

devido a grande diversidade morfológica propiciada pela plasticidade fenotípica/genotípica

do grupo (ALEXOPOULOS et al., 1996). De acordo com a caracterização da estrutura

reprodutiva, são divididos em blastomicetos (leveduras que se reproduzem

assexuadamente), coelomicetos (formam picnídios ou acérvulos) e hifomicetos (formam

conidióforos simples ou agrupados em sinema ou esporodóquio), sendo estes últimos os

mais estudados (SEIFERT et al., 2011).

Os fungos conidiais podem estar presentes em quase todos os tipos de substratos

passíveis de serem utilizados em sua nutrição e podem ser encontrados tanto em ambientes

terrestres, associados a plantas, serapilheira, solo e outros substratos, quanto em ambientes

aquáticos (água doce, salobra ou salgada), associados a partes de vegetais submersas,

organismos aquáticos, e outros (ALEXOPOULOS et al., 1996; MUELLER et al., 2004;

SEIFERT et al., 2011).

1.3.Ambientes de água doce e os substratos vegetais submersos

Os ambientes de água doce ocupam uma porção pequena da superfície da Terra,

quando comparados aos terrestres e marinhos; porém a sua importância é imensurável

(ODUM, 2001). Podem ser divididos em lóticos (rios, riachos, cachoeiras, córregos) por

possuírem um fluxo contínuo de água, e lênticos (lagos, lagoas, pântanos) relativos à água

parada, com movimento lento ou estagnado (THOMAS, 1996; ODUM, 2001). Existem

ainda os ecossistemas híbridos rios/lagos, que são os reservatórios e represas artificiais

(KIMMEL et al., 1990).

Além da diferença no fluxo, outros dois fatores influenciam nas diferenças entre

estes ambientes: a permuta de nutrientes terra-água, que é maior em ambientes lóticos, e a

concentração de oxigênio, que também é maior e mais uniforme nesse tipo de ambiente,

enquanto nos lênticos o teor de oxigênio é variável (ODUM, 2001), sendo geralmente

Page 16: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

4

menor na zona bentônica (PRATTE-SANTOS et al., 2008). Devido às trocas intensas com

o ambiente terrestre, os ambientes lóticos formam ecossistemas mais abertos com

comunidades de metabolismo heterotrófico, enquanto os ecossistemas lênticos favorecem

organismos autotróficos e a produção primária (KIMMEL et al., 1990).

A vegetação circundante de rios e riachos também influencia nas comunidades

desses ecossistemas, contribuindo com material vegetal alóctone. O sombreamento

causado pela vegetação nestes ambientes pode interferir ainda na redução da produção

autotrófica. Nos trechos em que há uma diminuição de material alóctone e uma maior

disponibilidade de luz, a produção primária ganha espaço (VANNOTE et al., 1980).

Os materiais vegetais alóctones, levados aos ambientes aquáticos através de chuvas,

ventos, escoamentos de águas superficiais e assoreamentos, assim como os substratos

vegetais de origem aquática, são de fundamental importância para a colonização por

fungos (WONG et al., 1998). Os galhos e cascas permanecem mais tempo submersos do

que as folhas, pois levam mais tempo para se decompor e, consequentemente, apresentam

uma maior variedade de grupos de fungos ao longo desse processo. Contudo as folhas são

mais abundantes em termos de biomassa (SHEARER, 1992; MATHURIAU &

CHAUVET, 2002).

Segundo THOMAS (1996) e WONG et al. (1998), os ambientes lênticos

apresentam menor número de fungos devido a deficiência na concentração de oxigênio e

por ser um ambiente de produção primária. Já nos ambientes lóticos, a riqueza de fungos é

maior.

1.4. Os fungos em ambientes aquáticos

No ambiente aquático são encontrados hifomicetos, coelomicetos, leveduras,

fungos zoospóricos, ascomicetos e alguns basidiomicetos (GOH, 1997). Cerca de 3.047

táxons de fungos já foram relatados para este ambiente, sendo os grupos mais

representativos compostos por integrantes do Filo Ascomycota, com 1.527 espécies e seus

anamorfos, com 785 espécies, seguidos do Filo Chytridiomycota, com 576 espécies

(SHEARER et al., 2007). Entretanto, estes números referentes à biodiversidade podem

estar superestimados, uma vez que apenas poucas conexões teleomorfo/anamorfo são

conhecidas, permitindo assim, que as diferentes fases do mesmo fungo sejam

contabilizadas como espécies distintas.

Page 17: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

5

PARK (1972) classificou esses microrganismos de acordo com seu nível

adaptativo, dividindo-os em dois grupos: nativos e imigrantes, ambos considerados

ecologicamente ativos devido a sua importância no papel da decomposição nos

ecossistemas aquáticos. Os nativos são aqueles que apresentam o ciclo de vida completo no

ambiente aquático, possuindo adaptações para isso. Já os imigrantes, são aqueles que

vivem apenas uma parte de seu ciclo de vida no ambiente aquático e retornam ao seu

ambiente de origem, o terrestre. Ainda segundo esse autor, os que não residem no ambiente

aquático e diminuem o metabolismo ao entrarem nesse ambiente, foram denominados

como transientes, e considerados ecologicamente não-ativos.

Posteriormente, WEBSTER & DESCALS (1979) sugeriram uma nova

denominação para os fungos adaptados aos ambientes terrestre e aquático, classificando-os

como anfíbios. THOMAS (1996) apresentou uma classificação mais generalista,

considerando os fungos aquáticos como aqueles que apresentam todo ou uma parte do seu

ciclo de vida nesse ambiente, sendo esta a classificação mais aceita (GOH & HYDE, 1996;

CAI et al., 2003; GOH & TSUI, 2003).

1.5. Fungos conidiais de água doce

GOH & HYDE (1996) consideraram quatro grupos ecológicos para os fungos

conidiais aquáticos, de acordo com a sua biologia: os fungos Ingoldianos, os fungos aero-

aquáticos, os fungos terrestre-aquáticos e os fungos aquático-facultativos.

Os fungos Ingoldianos (Fig. 1A) são dependentes exclusivamente do ambiente

aquático para sua reprodução. A identificação destes fungos é baseada na morfologia dos

conídios, que apresentam formas hidrodinâmicas (tetrarradiados, ramificados e sigmoides)

que auxiliam na aderência ao substrato (DIX & WEBSTER, 1995; GOH, 1997). São

encontrados principalmente em ambiente lótico com água limpa e clara, sobretudo aderidos

à espuma (SRIDHAR et al., 2000). Contudo, também podem ser encontrados em

ambientes lênticos (SCHOENLEIN-CRUSIUS et al., 2009).

Os fungos aero-aquáticos (Fig. 1B), grupo proposto por BEVERWIJK (1951), são

fungos capazes de sobreviver vegetativamente associados à substratos submersos, porém,

só esporulam quando expostos ao ar, ou seja, não completam seu ciclo de vida no ambiente

aquático (GOH & HYDE, 1996). Geralmente colonizam plantas submersas em corpos

d'água rasos e estagnados ou de fluxo lento, como lagos, e dependem das secas periódicas

de seus habitats. Seus conídios tem formas distintas, com predomínio de helicoidais e

Page 18: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

6

clatróides, geralmente multicelular, com reservatórios de ar que os tornam extremamente

flutuantes. Sua dispersão ocorre na superfície da água (GOH & HYDE, 1996; SHEARER

et al., 2007).

Os fungos terrestre-aquáticos são encontrados em gotas de chuva ou orvalho

acumuladas em partes de plantas intactas, como a superfície foliar ou mesmo no tronco,

formando um filme d‟água, que funciona como um microhabitat aquático (ANDO, 1992).

São representados por fungos delicados, hialinos, com produção de conídios estaurosporos

e hialinos, e conidióforos micronematosos (GOH & HYDE, 1996).

Os fungos aquático-facultativos, também denominados de fungos aquático-

submersos (Fig. 1C) (GOH & HYDE, 1996), são fungos que podem ser encontrados tanto

em ambiente terrestre quanto aquático (lóticos e lênticos). Estes fungos são caracterizados

por serem sapróbios, apresentarem conidióforos e conídios com parede relativamente

espessa, podendo se desenvolver sobre substratos vegetais submersos ou terrestres. Podem

esporular e dispersar seus conídios nos ambientes terrestre e aquático (GOH & HYDE

1996; GOH, 1997; GOH & TSUI, 2003). Os conídios neste grupo são ovóides, cilíndricos,

obclavados, piriformes ou fusiformes, o que não caracteriza adaptações distintas para o

ambiente aquático (GOH & HYDE, 1996).

GOH (1997) apresentou uma classificação para os fungos conidiais de água doce

reconhecendo três grupos: os fungos Ingoldianos, os fungos aero-aquáticos e os fungos

aquático-lignícolas, desconsiderando o grupo dos terrestre-aquáticos. O termo „fungos

aquáticos lignícolas‟, assim denominados por serem comumente encontrados associados a

substratos lignícolas, e em menor número a substratos foliicolas é, na verdade, uma

renomeação referente ao grupo dos fungos aquático-facultativos. Porém, este novo termo

não contempla todos os fungos do grupo, uma vez que os associa apenas aos substratos

lignícolas, não sendo aceito por alguns autores (CHAN et al., 2000; GOH & TSUI, 2003).

SHEARER et al. (2007) apresentaram outra classificação: hifomicetos aquáticos

(fungos Ingoldianos), fungos aero-aquáticos e fungos miscelâneous que inclui hifomicetos

hialinos ou castanhos, cujos conídios não são distintamente modificados para o ambiente

aquático.

Page 19: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

7

Figura 1. Representantes de três grupos ecológicos de fungos conidiais de água doce. A.

Triscelophorus acuminatus Nawawi (fungo Ingoldiano). B. Inesiosporium longispirale

(R.F. Castañeda) R.F. Castañeda & W. Gams (fungo aero-aquático). C. Spadicoides

macroobovata Matsush (fungo aquático-facultativo). Barras: 20 µm.

1.6. Importância dos fungos nos ecossistemas de água doce

Os fungos aquáticos desempenham importantes funções nos ecossistemas

dulcícolas. São predominantemente sapróbios ou parasitas, porém apenas algumas poucas

espécies são comensalistas, endofíticos de tecidos de plantas e alguns liquens aquáticos

podem estabelecer relações simbióticas. Os parasitas podem ser encontrados em algas

bentônicas, no plâncton, em macrófitas aquáticas, peixes e anfíbios (THOMAS, 1996;

SHEARER et al., 2004). Dentre os fungos aquáticos, os hifomicetos são os mais

documentados tanto pela sua importância na cadeia alimentar, quanto pela relativa

facilidade de identificação propiciada pela presença de conídios característicos (THOMAS,

1996).

O principal papel dos fungos nesses ecossistemas é a degradação de material

vegetal submerso, mas também estão envolvidos na degradação de partes de animais, como

exoesqueleto e escamas de peixe (GOH & HYDE, 1996). Isto é possível graças à

capacidade dos fungos de decompor biopolímeros como celulose, lignina, quitina,

queratina e proteínas, além de vários tipos de carboidratos (BARLOCHER & KENDRICK,

1974). Dessa maneira, são responsáveis por reduzirem a matéria orgânica à inorgânica, que

pode ser utilizada novamente pelos produtores (ODUM, 2001); também por deixar os

substratos mais palatáveis para os invertebrados (SHEARER, 1993; RAJA et al., 2009).

A C B

Page 20: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

8

1.7. Panorama dos estudos sobre fungos conidiais de água doce

Cencil Ingold foi um dos pioneiros no estudo com hifomicetos aquáticos,

apresentando estudos taxonômicos e ecológicos de fungos associados à espuma e folhas

submersas em riachos na Inglaterra (INGOLD, 1942; 1943; 1958; 1959; 1961). A partir

desses trabalhos o grupo ganhou maior visibilidade, sobretudo o grupo ecológico

conhecido como fungos Ingoldianos, cujo nome homenageia o pesquisador que os

descobriu. Outros pesquisadores o sucederam com estudos de fungos associados ao

material vegetal submerso, principalmente em regiões temperadas (DIXON, 1959;

PETERSEN, 1962; 1963; BARLOCHER & KENDRICK, 1974; CHARNIER & DIXON,

1982; SHEARER & LANE, 1983; SHEARER & WEBSTER, 1985; 1991).

O grupo dos fungos terrestre-aquáticos também tem seus estudos concentrados na

região temperada: ANDO & TUBAKI, (1984, 1985); ANDO & KAWAMATO (1996);

ANDO et al. (1987); ANDO (1992) e Révay & Gönczol (2011). Para os fungos aero-

aquáticos destacam-se os trabalhos de GOOS & DESCALS (1985); ABDULLAH et al,

(2005); HAO et al. (2005); VOGLMAYR & DELGADO-RODRIGUEZ (2001) e

VOGLMAYR & YULE (2006).

Em relação aos fungos aquático-facultativos, a maioria dos trabalhos referem-se a

ambientes lóticos, sobretudo associados a substratos vegetais lignícolas, tanto em regiões

temperadas (SHEARER & WEBSTER, 1991; HYDE & GOH, 1999; KANE et al., 2002;

CAI et al., 2003; TSUI et al., 2003) quanto tropicais (GOH, 1997; VIJAYKRISHNA &

HYDE, 2006; SUDHEEP & SRIDHAR, 2011). Os ambientes lênticos tem sido menos

explorados (HYDE & GOH, 1998; CAI et al., 2002; LUO et al., 2004). Outros

importantes trabalhos para a taxonomia deste grupo foram desenvolvidos por GOH &

TSUI (2003) e CAI et al. (2006) com publicações de chaves taxonômicas para os gêneros

mais comuns, incluindo ilustrações, comentários e descrições.

Atualmente há 549 espécies de fungos conidiais registradas para o ambiente de

água doce em todo o mundo, incluindo-se ambientes lóticos e lênticos (SHEARER &

RAJA, 2013). Na América do Sul, estudos sobre esses fungos ainda são escassos, como

mostrado por SCHOENLEIN-CRUSIUS & GRANDI (2003), em uma compilação de

dados da literatura onde reportaram apenas 90 espécies para todo o continente, sendo os

países mais investigados: Brasil, Chile, Argentina, Equador, Peru e Venezuela.

No Brasil os estudos iniciaram-se no final da década de 1980 no estado de São

Paulo, com enfoque para fungos Ingoldianos, através da investigação de folhas submersas

Page 21: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

9

(SCHOENLEIN-CRUSIUS & MILANEZ 1989). Posteriormente outros trabalhos foram

desenvolvidos (PIRES-ZOTTARELLI et al., 1993; SCHOENLEIN-CRUSIUS &

MILANEZ 1990a, 1990b, 1996, 1998; SCHOENLEIN-CRUSIUS, 2002; SCHOENLEIN-

CRUSIUS et al., 1990; 1999; 2007; 2009), onde todos estavam relacionados aos biomas

Mata Atlântica e Cerrado. Posteriormente, BARBOSA et al. (2011), BARBOSA &

GUSMÃO (2011) e ALMEIDA et al. (2012), abordando o grupo ecológico de fungos

aquático-facultativos no Bioma Caatinga, se destacam pelo pioneirismo, apresentando

novas espécies e o registro de espécies raras em ambientes lóticos. Estes trabalhos

demonstram a riqueza deste grupo de fungos na região semiárida, que ainda é pouco

explorada cientificamente, sendo necessário mais estudos para se conhecer melhor a

biodiversidade de fungos aquáticos na região.

2. OBJETIVOS

Objetivo geral

Realizar estudo taxonômico das espécies de fungos conidiais associados à

decomposição de substratos vegetais submersos (galhos, cascas, folhas e pecíolos)

nas áreas do Bioma Caatinga propostas para estudo do PPBIO/Semiárido.

Objetivos específicos

Identificar ao nível específico todas as espécies de fungos conidiais encontradas;

Descrever e ilustrar as espécies de fungos conidiais que constituam novos registros

para o Brasil, América do Sul e continente americano;

Apresentar comentários taxonômicos e distribuição geográfica mundial de todas as

espécies descritas e ilustradas;

Isolar em cultura as espécies de fungos conidiais encontradas;

Contribuir para a Coleção de Cultura de Microrganismos da Bahia (CCMB);

Contribuir para o acervo do Herbário da UEFS (HUEFS);

Ampliar o conhecimento da micota brasileira com a descrição de novos táxons.

Page 22: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

10

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Áreas de estudo

O presente estudo foi desenvolvido em cinco áreas inseridas no Bioma Caatinga:

Parque Nacional (PARNA) da Serra das Confusões-PI, Área de Proteção Ambiental (APA)

da Chapada do Araripe e Parque Nacional (PARNA) de Ubajara-CE, Serra da Jibóia-BA e,

Brejo Paraibano-PB. Estas áreas são referentes ao PPBIO/Semiárido, e foram escolhidas

por serem prioritárias para conservação da biodiversidade do semiárido (MMA, 2000).

As expedições de coleta foram realizadas entre 2011 e 2012, totalizando cinco

coletas, sendo uma para cada área de estudo (Tab. 1). Os municípios correspondentes aos

pontos de coleta estão evidenciados na Figura 2.

3.1.1 PARNA da Serra das Confusões-PI

O PARNA da Serra das Confusões (Fig. 3 A-B) localiza-se no sudeste do Piauí,

possuindo uma área de 502.411 ha. Abrange os municípios de Alvorada do Gurguéia, Bom

Jesus, Cristino Castro, Jurema, Tamboril do Piauí, Guaribas, Canto do Buriti e Caracol,

sendo os três últimos os mais significativos em termos de área. O PARNA também

compõe o Corredor Ecológico de Interligação dos Parques Nacionais da Serra da Capivara

e Serra das Confusões e foi classificado como de extrema importância ecológica.

(MMA/IBAMA, 2005).

A região apresenta vegetação de caatinga e transição cerrado/caatinga, com clima

quente e seco, inserido na transição sub-úmido/semiárido, no domínio morfoclimático das

caatingas, e possui precipitação média anual de 600 mm e altitude superior a 700 m

(VELLOSO et al., 2002; MMA/IBAMA, 2005). O PARNA está inserido na área da bacia

hidrográfica do rio Parnaíba, que tem sua nascente no município de Caracol, e apresenta

diversos cursos d‟água intermitentes contribuintes desta bacia (AGUIAR & GOMES,

2004; MMA/IBAMA, 2005).

3.1.2 APA da Chapada do Araripe-CE

A Mesorregião da Chapada do Araripe compreende 103 municípios, sendo 25 no

estado do Ceará, 18 no estado de Pernambuco e 60 no estado do Piauí, possuindo uma área

Page 23: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

11

total de 76.654,3 km2 (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2012). A altitude

varia de 750 a 950 m e o clima na região é quente e semiárido, com precipitação média

anual de 698 mm no setor ocidental e 934 mm no setor oriental. Segundo VELLOSO et al.

(2002) a chapada apresenta floresta pluvial nas encostas, frente norte, e cerradão no topo, e

as demais áreas são recobertas por carrasco. Características como umidade nebular, águas

pluviais e fluviais, juntas nesta área, favoreceram o desenvolvimento da mata úmida, que

atualmente está restrita a remanescentes nas encostas no nordeste da Chapada (SILVA et

al., 2011).

A APA da Chapada do Araripe (Fig. 3 C-D) é uma das unidades de conservação

federal da Chapada, ocupando uma área de mais de um milhão de hectares, num mosaico

de paisagens tais como: Caatinga Arbórea, Mata Seca, Floresta Ribeirinha, Carrasco,

Cerrado, Cerradão e Mata Úmida. Os municípios de Santana do Cariri e Barbalha estão

inseridos nesta APA (SILVA et al., 2011).

3.1.3 Serra da Jibóia-BA

Localizada na região do Recôncavo Sul, porção leste do Estado da Bahia, a Serra da

Jibóia (Fig. 3 E-F) constitui-se um complexo de morros, com aproximadamente 22.000 ha,

distribuída ao longo de seis municípios: Santa Terezinha, Castro Alves, Elísio Medrado,

Varzedo, São Miguel das Matas e Laje (NEVES, 2005; JUNCÁ, 2006). A altitude na área

varia de 750 a 800 m acima do nível do mar e apresenta o índice pluviométrico anual de

1200 mm e temperatura média anual de 21°C, e o clima varia entre tropical úmido e

tropical semiúmido (QUEIROZ et al., 1996; TOMASONI & SANTOS, 2003).

Diversos tipos de formações vegetais estão presentes na área, como Floresta

Ombrófila Densa, com remanescentes de Mata Atlântica, na porção oriental; Floresta

Estacional Semi-decidual, Floresta Estacional Decidual e Caatinga Arbórea, na porção

ocidental, e Campo Rupestre lato sensu no topo da Serra, o que faz desta área um

reservatório de biodiversidade (QUEIROZ et al., 1996; TOMASONI & SANTOS, 2003;

NEVES, 2005). Quanto à hidrografia, a Serra da Jibóia separa as bacias dos rios Jiquiriçá,

Dona, Jaguaripe e Paraguaçu, atuando como um divisor de águas. A Serra também

apresenta importantes nascentes que abastecem vários municípios da região (TOMASONI

& SANTOS, 2003). Os riachos presentes no interior da mata apresentam largura variável,

entre 2 e 4m, e são levemente encachoeirados, com presença de mata fechada nas suas

margens (JUNCÁ, 2006).

Page 24: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

12

3.1.4 Brejo Paraibano-PB

A microrregião do Brejo Paraibano (Fig. 4 A-D) apresenta uma área de 1.174,168

km2

e pertence à mesorregião Agreste Paraibano, e é composto pelos municípios: Alagoa

Grande, Bananeiras, Borborema, Pilões, Serraria, Alagoa Nova e Areia (CAVALCANTE

et al., 2009). Possui clima quente e úmido, precipitação média anual de 1.200 mm, a

temperatura média anual é de 24,5ºC e a umidade média relativa é de 80%, com período

chuvoso de abril a julho (OLIVEIRA et al., 2009; MASCARENHAS et al., 2005;

CAVALCANTE et al., 2009). E, encontra-se inserido nos domínios da bacia hidrográfica

do rio Mamanguape (MASCARENHAS et al., 2005).

A Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau-Ferro, localiza-se no município de

Areia e constitui uma Unidade de Conservação de domínio estadual. Ocupa uma extensa

área de cerca de 600 ha, com altitude aproximada de 600 m, e representa um dos poucos

remanescentes florestais em brejos de altitudes do interior do Nordeste (ANDRADE et al.,

2006; OLIVEIRA et al., 2006). Segundo VELOSO et al., (1991), a vegetação local pode

ser classificada como uma disjunção da floresta ombrófila aberta, que por sua vez, é

circundada por vegetação de caatinga.

3.1.5 PARNA de Ubajara -CE

A Serra de Ibiapaba é uma região montanhosa que se localiza nas divisas dos

estados do Ceará e do Piauí, ocupando uma área de 1.592.550 ha, com altitudes que variam

de 650 a 800 m, apresentando clima quente e úmido na porção oriental e quente e

semiárido na porção ocidental, e médias pluviométricas anuais acima de 1.100 mm

(FIGUEIREDO, 1997; VELLOSO et al., 2002).

Inserido na porção norte da Serra de Ibiapaba, o PARNA de Ubajara (Fig. 4 E-F),

com área de 6.288 ha, localiza-se a noroeste do estado do Ceará e abrange os municípios

de Frecheirinha, Tianguá e Ubajara (NASCIMENTO et al., 2005). Apresenta o clima

tropical quente sub-úmido, temperatura média variando de 24° a 26°C, e período chuvoso

de janeiro à abril. A região tem vegetação variada com formações de carrasco, floresta

caducifólia espinhosa, floresta subcaducifólia tropical pluvial e floresta subperenifólia

tropical pluvio-nebular (SEPLAN, 2006).

Page 25: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

13

Tabela 1: Aspectos gerais das áreas de estudo e período de coleta.

Áreas de

Estudo

Estado Municípios coletados Mês/ano de

coleta

Vegetação

predominante

APA da

Chapada do

Araripe

Ceará Santana do Cariri (7°

11‟ 18‟‟S e 39º 44‟

13‟‟O) e Barbalha (7°

18‟ 40”S e 39° 18‟

15”O)

Janeiro/ 2011 Mata atlântica

PARNA da

Serra das

Confusões

Piauí Caracol (09°16‟43” S e

43°19‟48” O)

Abril/ 2011 Caatinga

Serra da Jibóia Bahia Santa Terezinha

(12º51‟S e 39º28‟O)

Junho/ 2011 Mata atlântica

Brejo

Paraibano

Paraíba Areia (6°58‟12” S e

35°42‟15” O) e Alagoa

Nova (7°40‟ S e 35°

47‟O)

Novembro/2011 Mata atlântica

PARNA de

Ubajara

Ceará Ubajara (3º 51' 16"S e

40º 55' 16"O )

Maio/2012 Mata atlântica

Page 26: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

14

Figura 2. Mapa evidenciando os municípios de coleta. 1. Santa Terezinha. 2. Caracol. 3.

Ubajara. 4. Santana do Cariri. 5. Barbalha. 6. Areia. 7. Alagoa Nova.

Page 27: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

15

Figura 3. Locais de coleta. A-B. PARNA da Serra das Confusões. A. Visão Geral. B. Detalhe

da vegetação. C-D. APA da Chapada do Araripe. C. Visão geral e efeito da neblina. D.

Cachoeira. E-F. Serra da Jibóia. E. Visão geral. F. Riacho em época seca. (Fotos: A-D: Marcos

Fábio; E: Fábio Barbosa; F: Silvana da Silva).

Page 28: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

16

Figura 4. Locais de coleta. A-B. Areia. A. Visão geral da vegetação da Mata do Pau Ferro.

B. Riacho. C-D. Alagoa Nova. C. Visão geral da vegetação. D. Rio Pitombeira. E-F.

PARNA de Ubajara. E. Rio Gameleira. F. Rio das Minas. (Fotos: A. Silvana da Silva; B,

D: Josiane Monteiro; C. Patrícia Fiuza; E,F: Loise Costa).

Page 29: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

17

3.2. Procedimentos de coleta, lavagem e acondicionamento das amostras

Substratos vegetais submersos (galho, casca, folha e pecíolo) foram coletados nos

rios e riachos, nas áreas de estudo. Os substratos foram coletados com auxílio de pinça e

acondicionados em sacos plásticos previamente identificados (Fig. 5 A-B). O material foi

encaminhado ao Laboratório de Micologia (LAMIC) da Universidade Estadual de Feira de

Santana (UEFS).

No laboratório, os substratos foram acondicionados em recipientes plásticos

perfurados e estes em bandejas plásticas (50 x 30 x 9 cm) para lavagem em água corrente

durante 30 minutos. A bandeja foi posicionada, cerca de 45°, sob uma torneira de forma

que o jato d‟água não incida diretamente sobre o material e a água da lavagem possa ser

eliminada (Fig. 5 C). Após esse processo os substratos vegetais foram colocados sobre

papel toalha por cerca de 20 minutos para secagem (Fig. 5 D), e acondicionados em

câmaras-úmidas (placa de Petri + papel filtro) (Fig. 5 E). Estas foram acondicionadas

dentro de uma caixa de isopor (170 L) cujas paredes e tampa foram recobertas por papel

toalha umedecido (Fig. 5 F). Para manutenção da umidade, foi adicionado 500 ml de água

+ 2ml de glicerina no fundo da caixa de isopor, que foi periodicamente aberta por cerca de

15 minutos para circulação do ar (modificado de CASTAÑEDA-RUIZ, 2005).

Após 72 horas o material incubado foi observado sob estereomicroscópio Leica EZ4

e revisado periodicamente durante 30 dias, período de isolamento dos fungos. Durante esse

período foram confeccionadas lâminas permanentes com resina PVL (álcool polivinílico +

ácido lático + fenol) (TRAPPE & SCHENCK, 1982) (Fig. 5 G). Para os fungos cujas

estruturas reprodutivas são hialinas e delicadas, foram montadas lâminas semipermanentes

contendo apenas ácido lático, e estas foram vedadas com esmalte incolor. Após

confeccionadas, as lâminas foram acondicionadas em laminários e depositadas no HUEFS.

Page 30: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

18

Figura 5. Metodologia. A. Coleta do material vegetal submerso. B.

Acondicionamento em sacos plásticos. C. Lavagem em água corrente. D.

Secagem. E. Montagem de câmaras-úmidas. F. Acondicionamento em caixa de

isopor umedecida. G. Confecção de lâminas permanentes. H. Observação e

medição dos espécimes sob microscópio de luz. (Fotos: A, H: Josiane Monteiro;

B,E,F: Silvana da Silva; C,G: Flávia Barbosa; D: Sheila Leão).

Page 31: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

19

3.3 Identificação

A identificação dos fungos foi realizada ao nível de espécie a partir da comparação

morfológica de estruturas de importância taxonômica (conídio, célula conidiogênica,

conidióforo, entre outras), com auxílio de bibliografia especializada, comparando os dados

obtidos com os já registrados na literatura. Foi utilizado microscópio de luz Axioscop 40

Carl Zeiss para observação e medição das estruturas de importância taxonômica (Fig. 5 H).

Descrição detalhada, comentários taxonômicos e distribuição geográfica mundial, foram

apresentados para as novas espécies e novos registros de fungos conidiais.

3.4 Fotomicrografia

Os fungos conidiais que representaram novos registros e/ou espécies novas, foram

fotomicrografados com auxílio do microscópio Olympus BX51, com prismas de contraste

de interferência diferencial (DIC), câmera DP25 acoplada, com os softwares “Imaging

Software Cellsens”, versão 2.3, build 7045 e “Combine ZP”, versão 1.0. (Fig. 6).

Figura 6. Equipamento utilizado para fotomicrografar os fungos.

Page 32: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

20

3.5 Isolamento em cultura e preservação

O isolamento consistiu na transferência de conídios diretamente dos substratos

investigados para placas de Petri, contendo meio de cultura, com auxílio de um estilete

flambado (Fig. 7 A). Foram utilizados os meios de cultura: AA (ágar-água), CMA

(Cenoura Milho Ágar) e o meio ágar-malte a 0,1% contendo cloranfenicol numa

concentração de 100mg/l (DESCALS, 2005). As placas de Petri contendo o fungo foram

acondicionadas em estufa incubadora tipo B.O.D. (cerca de 21°C) até a esporulação dos

mesmos. Após esse período e a verificação da pureza do isolamento (Fig. 7 B), o fungo foi

transferido para quatro tubos de ensaio e preservados com óleo mineral (Fig. 7 C). O

método de Castellani, também foi utilizado como uma segunda forma de preservação (Fig.

7 D) (MENEZES & ASSIS, 2004). Os fungos preservados foram depositados na Coleção

de Cultura de Microrganismos da Bahia (CCMB).

Figura 7. Isolamento e Preservação. A. Isolamento de fungos conidiais em cultura. B.

Culturas puras. C. Preservação em tubos com óleo mineral. D. Preservação pelo método

de Castellani.

Page 33: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

21

3.6 Herbário

As lâminas permanentes e semipermanentes confeccionadas e identificadas, foram

depositadas no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS). Os

substratos vegetais colonizados por fungos foram, individualmente, preservados a seco em

envelopes (Fig. 8), devidamente identificados, que foram também adicionados ao HUEFS.

Figura 8. Material seco preservado.

3.7 Análises de riqueza e similaridade

A riqueza foi representada pelo número total de espécies presentes nos diferentes

tipos de substrato e em cada área.

A análise de similaridade das comunidades de fungos aquáticos entre as diferentes

áreas foi realizada no programa PAST (“Paleontological Statistics”), utilizando-se o índice

de similaridade de Sørensen e o algoritmo UPGMA. Uma matriz de similaridade foi feita

baseada nos dados de presença (1) ou ausência (0) das espécies, para os cinco locais

(MAGURRAN, 1988).

Page 34: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

22

Referências

ABDULLAH, S.K.; GENÉ, J. & GUARRO, J. 2005. A synopsis of the aero-aquatic genus

Pseudaegerita and description of two new species. Mycological Research, 109(5): 590-

594.

AGUIAR, R.B. & GOMES, J.R.C. (Org.) 2004. Projeto cadastro de fontes de

abastecimento por água subterrânea, estado do Piauí: diagnóstico do município de Caracol.

Fortaleza: CPRM - Serviço Geológico do Brasil. 8p.

ALEXOPOULOS, C.J.; MIMS, C.W. & BLACKWELL, M. 1996. Introductory Mycology.

4.ed. New York: John Wiley & Sons. 869p.

ALMEIDA, A.C.A.; BARBOSA, F.R. & GUSMÃO, L.F.P. 2012. Alguns fungos conidiais

aquático-facultativos do bioma Caatinga. Acta Botanica Brasilica 26(4): 918-926.

ANDO, K. 1992. A study of terrestrial aquatic hyphomycetes. Transactions of the

Mycological Society of Japan 33: 415- 425.

ANDO, K & KAWAMATO, I. 1986. Arborispora, a new genus of hyphomycete.

Transactions of the Mycological Society of Japan 27: 119-128.

ANDO, K. & TUBAKI, K. 1984. Some undescribed hyphomycetes in rainwater draining

from intact trees. Transactions Mycological Society of Japan 25: 39-47.

ANDO, K. & TUBAKI, K. 1985. Three new hyphomycetes from Japan: Anthopsis

microspora, Scutisporus brunneus and Titaeella capnophila. Transactions Mycological

Society of Japan 26: 151-160.

ANDO, K.; TUBAKI, K. & Arai, M. 1987. Trifurcospora, a new generic name for

Flabellospora irregularis. Transactions Mycological Society of Japan 28: 469- 473.

ANDRADE, L.A.; OLIVEIRA, F.X.; NASCIMENTO, I.S.; FABRICANTE, J.R.;

SAMPAIO, E.V.S.B. & BARBOSA, M.R.V. 2006. Análise florística e estrutural de matas

ciliares ocorrentes em brejo de altitude no município de Areia, Paraíba. Revista Brasileira

de Ciências Agrárias, 1: 31– 40.

Page 35: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

23

BARBOSA, F.R. & GUSMÃO, L.F.P. 2011. Conidial fungi from the semi-arid Caatinga

biome of Brazil. Rare freshwater hyphomycetes and other new records. Mycosphere 2(4),

475–485.

BARBOSA, F.R.; SILVA, S.S.; FIUZA, P.O. & GUSMÃO, L.F.P. 2011. Conidial fungi

from the semi-arid Caatinga biome of Brazil. New species and records for Thozetella.

Mycotaxon 115: 327-334.

BARLOCHER, F. & KENDRICK, B. 1974. Dynamics of the fungal population on leaves

in a stream. Journal of Ecology 62: 761-791.

BEVERWIJK, van AL. 1951. Zalewski's Clathrosphaera spiriJera'. Transactions of the

British Mycological Society 34: 280-290.

CAI, L.; TSUI, C.K.M.; ZHANG, K & HYDE, K.D. 2002. Aquatic fungi from Lake

Fuxian, Yunnan, China. Fungal Diversity 9: 57–70

CAI, L., ZHANG, K., MCKENZIE, E.H.C. & HYDE, K.D. 2003. Freshwater fungi from

bamboo and wood submerged in the Liput River in the Philippines. Fungal Diversity, 13:

1-12.

CAI, L.; HYDE, K.D & TSUI, C.K.M. 2006. Genera of freshwater fungi. Fungal Diversity

Research Series 18. Hong Kong: Fungal diversity press. 261p.

CASTAÑEDA-RUIZ, R.F. 2005. Metodología en el estudio de los hongos anamorfos. p.:

182-183. In: Anais do V Congresso Latino Americano de Micologia, Brasília, Brasil.

CAVALCANTE, A. 2005. Jardins suspensos no Sertão. Scientific American Brasil 32: 66-

73.

CAVALCANTE, L.F.; LIMA, E.M.; FREIRE, J.L.O.; PEREIRA, W.E.; COSTA, A.P.M.

& CAVALVANTE, I.H.L. 2009. Componentes qualitativos do cajá em sete municípios do

Brejo Paraibano. Acta Scientiarum Agronomy, 31(4): 627-632.

CHAN, S.Y.; GOH, T.K. & HYDE, K.D. 2000. Ingoldian fungi in Hong Kong. In: HYDE,

K.D.; HO, W.H. & POINTING, S.B. (eds.) Aquatic Mycology across the Millennium.

Fungal Diversity 5. p.: 89-107.

Page 36: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

24

CHARNIER, A.C. & DIXON, P.A. 1982. Pectinases in leaf degradation by aquatic

hyphomycetes. I. The field study. The colonization-pattern of aquatic hyphomycetes on

leaf packs in a Surrey stream. Oecologia 52, 109-115.

CONSERVATION INTERNATIONAL. 2007. Biodiversity Hotspots. Disponível em:

http://www.biodiversityhotspots.org/xp/Hotspots/. Acesso em 12 de jan. 2013.

DESCALS, E. 2005. Techniques for handling ingoldian fungi. In: GRAÇA, M.A.S.;

BÄRLOCHER, F.; GESSNER, M. O. (eds). Methods to Study Litter Decomposition.

Holanda: Springer, p.: 129-141.

DIX, N.I. & WEBSTER, J. 1995. Fungal Ecology. Cambridge: University Press. 548p.

DIXON, P.A. 1959. Stream spora in Ghana. Transactions of the British Mycological

Society, 42(2): 174-176.

FIGUEIREDO, M.A. 1997. A cobertura vegetal do Ceará (Unidades

Fitoecológicas). In: Atlas do Ceará. Fortaleza: Inplance, p.: 28-29.

GIULLIETI, A.M.; CONCEICAO, A. & QUEIROZ, L.P. 2006. Diversidade e

caracterização das fanerógamas do semi-árido brasileiro. Recife: Associação Plantas do

Nordeste. 488 p.

GOH, T.K. 1997. Tropical freshwater Hyphomycetes. In: HYDE, K.D. (ed) Biodiversity of

tropical Microfungi. Hong Kong: Hong Kong University Press. p.: 189-227.

GOH, T.K. & HYDE, K.D. 1996. Biodiversity of freshwater fungi. Journal of Industrial

Microbiology & Biotechnology, 17: 328-345.

GOH, T.K. & TSUI, C.K.M. 2003. Key to common dematiaceous hyphomycetes from

freshwater. In: TSUI, C.K.M. & HYDE, K.D. (eds.) Freshwater mycology. Hong Kong:

Fungal Diversity Press. p.: 325-343.

GOOS, R.D. & DESCALS, E. 1985. Occurrence of Infundibura adhaerens in aquatic

habitats in Britain. Transactions of the British Mycological Society, 84(1): 170-171.

HAO, Y.; MO, M.; SU, H. & ZHANG, K. 2005. Ecology of aquatic nematode-trapping

hyphomycetes in southwestern China. Aquatic microbial ecology, 40: 175-181.

Page 37: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

25

HAWKSWORTH, D.L. 2012. Global species numbers of fungi: are tropical studies and

molecular approaches contributing to a more robust estimate? Biodiversity and

Conservation, 21: 2425–2433.

HIBBETT, D.S.; BINDER, M.; BISCHOFF, J.F.; BLACKWELL, M.; CANNON, P.F.;

ERIKSSON, O.; HUHNDORF, S.; JAMES, T.; KIRK, P.M.; LÜCKING, R.; LUMBSCH,

T.; LUTZONI, F.; MATHENY, P.B.; MCLAUGHLIN, D.J.; POWELL, M.J.; REDHEAD,

S.; SCHOCH, C.L.; SPATAFORA, J.W.; STALPERS, J.A.; VILGALYS, R.; AIME,

M.C.; APTROOT, A.; BAUER, R.; BEGEROW, D., BENNY, G.L.; CASTLEBURY,

L.A.; CROUS, P.W.; DAI, Y-C.; GAMS, W.; GEISER, D.M.; GRIFFITH, G.W.;

GUEIDAN, C.; HAWKSWORTH, D.L.; HESTMARK, G.; HOSAKA, K.; HUMBER,

R.A.; HYDE, K.; KÖLJALB, U.; KURTZMAN, C.; LARSSON, K-H.; LICHTWARDT,

R.; LONGCORE, J.; MIADLIKOWSKA, J.; MILLER, A.; MONCALVO, J-M.;

MOZLEY-STANDRIDGE, S.; OBERWINKLER, F.; PARMASTO, R.; REEB, V.;

ROGERS, J.D.; ROUX, C.; RYVARDEN, .L; SAMPAIO, J.P.; SCHUESSLER, A.;

SUGIYAMA, J.; THORN, R.G.; TIBELL, L.; UNTEREINER, W.A.; WALKER, C.;

WANG, A.; WEIR, A.; WEISS, M.; WHITE, M.; WINKA, K., YAO, Y-J. & ZHANG, N.

2007. A higher-level phylogenetic classification of the Fungi. Mycological Research, 111:

509-547.

HUMBER, R.A. 2012. Entomophthoromycota: a new phylum and reclassification for

entomophthoroid fungi. Mycotaxon, 120: 477-492.

HYDE, K.D. & GOH, T.K. 1998. Fungi on submerged wood in Lake Barrine, north

Queensland, Australia. Mycological Research 102(6): 739-749.

HYDE, K.D. & GOH, T.K. 1999. Fungi on submerged wood from the River Coln,

England. Mycological Research 103(12): 1561-1574.

INGOLD, C.T. 1942. Aquatic hyphomycetes of decaying alder leaves. Transactions of the

British Mycological Society, 25, 339-417.

INGOLD, C.T. 1943. Further observations on aquatic hyphomycetes of decaying leaves.

Transactions of the British Mycological Society, 26,104-115.

INGOLD, C.T. 1958. Aquatic Hyphomycetes from Uganda and Rhodesia. Transactions of

the British Mycological Society, 41 (1): 109-114.

Page 38: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

26

INGOLD C.T. 1959. Aquaticspora of omo forest, Nigeria. Transactions of the British

Mycological Society, 42(4): 479-485.

INGOLD C.T. 1961. Another aquaic spore-type with clamp connexions. Transactions of

the British Mycological Society, 44(1): 27-30.

JONES, M.D.M.; FORN, I.; GADELHA, C.; EGAN, M.J.; BASS, D.; MASSANA, R. &

RICHARDS, T.A. 2011. Discovery of novel intermediate forms redefines the fungal tree of

life. Nature 474: 200–203.

JUNCÁ, F.A. 2006. Diversidade e uso de hábitat por anfíbios anuros em duas localidades

de Mata Atlântica, no norte do estado da Bahia. Biota Neotropica 6 (2): 1-17.

KANE, D.F.; TAM, W.Y. & JONES, E.B.G. 2002. Fungi colonising and sporulating on

submerged wood in the River Severn, UK. Fungal Diversity 10: 45-55.

KIMMEL, B.L.; LIND, O.T. & PAULSON, L.J. 1990. Reservoir primary production. In:

THORNTON, K.W.; KIMMEL, B.L. & PAYNE, F.E. (eds.). Reservoir Limnology.

Ecological Perpectives. New York: Awiley - Interscience Publication, John Wiley & Sons.

p.: 133-193.

KIRK, P.M., CANNON, P.F., DAVID, J.C. & STALPERS, J.A. 2001. Ainsworth and

Bisby‟s Dictionary of the fungi, 9th edition. Wallingford: CABI Publishing. 655p.

LUO, J.,YIN, J.F., CAI, L., ZHANG, K.Q. & HYDE, K.D. 2004. Freshwater fungi in Lake

Dianchi, a heavily polluted lake in Yunnan, China. Fungal Diversity 16: 93-112.

MAGURRAN, A.E. 1988. Ecological diversity and its measurement. Princeton: Princeton

University Press. 177 p.

MASCARENHAS, J.C.; BELTRÃO, B.A.; SOUZA JUNIOR, L.C.; MORAIS, F.

MENDES, V.A. & MIRANDA, J.L.F. (Org.). 2005. Projeto cadastro de fontes de

abastecimento por água subterrânea. Diagnóstico do município de Areia, estado de Paraíba.

Recife: CPRM/PRODEEM. 11p.

MATHURIAU, C. & CHAUVET, E. 2002. Breakdown of leaf litter in a Neotropical

stream. Journal of the North American Benthological Society, 21(3): 384-396.

Page 39: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

27

MENEZES, M. & ASSIS, S.M.P. 2004. Guia prático para fungos fitopatogênicos. Recife:

UFRPE, Imprensa Universitária. 184p.

MMA- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. 2000. Avaliação e ações prioritárias para a

conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Brasília:

Conservation International do Brasil, Fundação SOS Mata atlântica e Fundação

Biodiversitas. 40p.

MMA- Ministério do Meio Ambiente. 2002. Biodiversidade brasileira: avaliação e

identificação de áreas e ações prioritárias para conservação, utilização sustentável e

repartição de benefícios da biodiversidade brasileira. Brasília: Secretaria de Biodiversidade

e Florestas. 404p.

MMA/IBAMA- Ministério do Meio Ambiente/Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e

Recursos Naturais Renováveis. 2005. Plano Operativo de Prevenção e Combate aos

incêndios Florestais do Parque Nacional da Serra das Confusões. Piauí: Caracol.

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. 2012. Programa de sustentabilidade de

espaços sub-regionais – PROMESO. Disponível em:

http://www.mi.gov.br/programas/programasregionais/araripe/abrangencia.asp. Acesso em:

18 de ago. de 2012.

MUELLER,G.M.; BILLS, G.F. & FOSTER, M.S (Eds). 2004. Biodiversity of fungi:

inventory and monitoring methods. Amsterdam: Elsevier Academic Press. 777p.

NASCIMENTO, J.L.X.; SALES JÚNIOR, L.G.; SOUSA, A.E.B.A. & MINNS, J. 2005.

Avaliação rápida das potencialidades ecológicas e econômicas do Parque Nacional de

Ubajara, Ceará, usando aves como indicadores. Ornithologia, 1(1): 33-42.

NEVES, M.L.C. 2005. Caracterização da vegetação de um trecho de Mata Atlântica de

Encosta na Serra da Jibóia, Bahia. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de

Feira de Santana, Bahia.

ODUM, E.P. 2001. Fundamentos de ecologia. 6.ed. Lisboa: Fundação Calouste

Gulbenkian. 927p.

Page 40: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

28

OLIVEIRA, F. X.; ANDRADE, L.A. & FÉLIX, L. P. 2006. Comparações florísticas e

estruturais entre comunidades de Floresta Ombrófila Aberta com diferentes idades, no

Município de Areia, PB, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20(4): 861-873.

OLIVEIRA, I. A.; LIMA, J. R. S.; SILVA, I. F.; ANTONINO, A. C. D.; GOUVEIA

NETO, G. C. & LIRA, C. A. B. O. 2009. Balanço de energia em mamona cultivada em

condições de sequeiro no Brejo Paraibano. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, 4(2):

185-191.

OLIVEIRA, G.; ARAÚJO, M.B.; RANGEL, T.F.; ALAGADOR, D. & DINIZ-FILHO,

J.A.F. 2012. Conserving the Brazilian semiarid (Caatinga) biome under climate change.

Biodiversity and Conservation 21: 2913–2926.

PARK, D. 1972. On the ecology of heterotrophic micro-organisms in fresh-water.

Transactions of the British Mycological Society, 58: 291-299.

PETERSEN, R.H. 1962. Aquatic hyphomycetes from North America. I. Aleuriospoae (Part

I) and key to the genera. Mycologia, 54(2): 117-151.

PETERSEN, R.H. 1963. Aquatic Hyphomycetes from North America. II. Aleuriosporae

(Part 2), and Blastosporae. Mycologia, 55(1): 18-29.

PIRES-ZOTTARELLI, C.L.; SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & MILANEZ, A.I. 1993.

Quantitative estimation of zoosporic fungi and aquatic Hyphomycetes on leaves

submerged in a stream in the atlantic rainforest, in the state of São Paulo, Brazil. Revista

de Microbiologia 24(3): 192-197.

PRATTE-SANTOS, R.; TERRA, V.R. & BARBIÉRI, R.S. 2008. Perspectivas da

avaliação da qualidade da água em rios por intermédio de parâmetros físicos, químicos e

biológicos Natureza on line, 6 (2): 63-65.

QUEIROZ, L.P.; SENA, T.S.N. & COSTA, M.J.S.L. 1996. Flora vascular da Serra da

Jibóia, Santa Terezinha-BA..I: o campo rupestre. Sitientibus, 15: 27-40.

RAJA, H.A.; SCHMIT, J.P. & SHEARER, C.A. 2009. Latitudinal, habitat and substrate

distribution patterns of freshwater ascomycetes in the Florida Peninsula. Biodiversity and

Conservation, 18: 419-455.

Page 41: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

29

RÉVAY, A. & GÖNCZOL, J. 2011. Canopy fungi (“terrestrial aquatic hyphomycetes”)

from twigs of living evergreen and deciduous trees in Hungary. Nova Hedwigia 92(3-4):

303-316.

SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. 2002. Aquatic Hyphomycetes from cerrado regions in the

state of São Paulo, Brazil. Mycotaxon 81:457-462.

SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & GRANDI, R.A.P. 2003. The diversity of aquatic

hyphomycetes in south America. Brazilian journal of Microbiology 34: 183-193.

SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & MILANEZ, A.I. 1989. Sucessão fúngica em folhas de

Ficus microcarpa L.F., submersas no Lago Frontal situado no Parque Estadual das Fontes

do Ipiranga, São Paulo. Revista de Microbiologia 20(1): 95-101.

SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & MILANEZ, A.I. 1990a. Hyphomycetes aquáticos no

Estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 13(1):61-68.

SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & MILANEZ, A.I. 1990b. Aquatic Hyphomycetes in São

Paulo State, Brazil. I First observations. Hoehnea 17: 111-115.

SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & MILANEZ, A.I. 1996. Diversity of aquatic fungi in

Brazilian Ecosystems. In: Bicudo, C.; Menezes, N.A. (eds) Biodiversity in Brazil, a first

approach p.31-48.

SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & MILANEZ, A.I. 1998. Fungal succession on leaves of

Alchornea triplinervea (Spreng) M. Arg. Submerged in a stream of an Atlantic rainforest

in the State of São Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Botânica 21(3): 253-259.

SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. ; MOREIRA, C.G. & PIRES-ZOTTARELLI, C.L.A..O.

2007. Papel dos fungos nos ecossistemas aquáticos. Boletim da Sociedade Brasileira de

Limnologia 36: 26-28.

SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H.; MOREIRA, C.G. & BICUDO, D.C. 2009. Aquatic

Hyphomycetes in the Parque Estadual das Fontes do Ipiranga – PEFI, São Paulo, Brazil.

Revista Brasileira de Botânica 32(3): 411-426.

Page 42: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

30

SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H.; PIRES-ZOTTARELLI, C.L. & MILANEZ, A.I. 1990.

Sucessão fúngica em folhas de Quercus robur L. (carvalho) submersas em um lago situado

no município de Itapecerica. SP. Revista de Microbiologia, 21(1): 61-67.

SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H.; PIRES-ZOTTARELLI, C.L.; MILANEZ, A.I. &

HUMPHREYS, R.D. 1999. Interaction between the mineral content and the occurrence

number of aquatic fungi in leaves submerged in a stream in the Atlantic rainforest, São

Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Botânica, 22(2): 133-139.

SEIFERT, K.; MORGAN-JONES, G.; GAMS, W. & KENDRICK, B. 2011. The Genera

of Hyphomycetes. CBS Biodiversity Series no.9. Utrecht: CBS-KNAW Fungal

Biodiversity Centre. 997p.

SEPLAN- SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO. 2006. Perfil

básico municipal, Ubajara. Fortaleza: Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do

Ceará (IPECE). 10p.

SHEARER, C.A. 1992. The role of woody debris in the life cycles of aquatic

hyphomycetes. In: BARLOCHER, F. (ed.) Studies in Ecology. The ecology of aquatic

hyphomycetes. Berlin: Springer-Verlag. p.: 77-98.

SHEARER, C.A. 1993. The freshwater ascomycetes. Nova Hedwigia 56: 1-33.

SHEARER, C.A. & LANE, L.C. 1983. Comparison of three techniques for the study of

aquatic hyphomycete communities. Mycologia 75, 498-508.

SHEARER, C.A. & RAJA, H.A. 2013. Freshwater Ascomycetes Database. Disponível em:

http://fungi.life.illinois.edu/. Acesso em 12 de jan. de 2013.

SHEARER, C.A. & WEBSTER, J. 1985. Aquatic hyphomycete communities in the River

Teign. I. Longitudinal distribution patterns. Transactions of the British Mycological

Society 84, 489-501.

SHEARER, C.A & WEBSTER, J. 1991. Aquatic hyphomycete communities in the river

Teign. IV. Twig colonization. Mycological Research, 95(4): 413-420.

Page 43: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

31

SHEARER C.A.; LANGSAM, D.M. & LONGCORE, J.E. 2004. Fungi in Freshwater

Habitats. In: MUELLER, G.M.; BILLS, G.F. & FOSTER, M.S. (eds) Biodiversity of

Fungi: Inventory and monitoring methods. Academic Press. p.:513-531.

SHEARER, C.A.; DESCALS, E.; KOHLMEYER, B.; KOHLMEYER, J.;

MARVANOVÁ, L.; PADGETT, D.; PORTER, D.; RAJA, H.A.; SCHMIT, J.P.;

THORTON, H.A. & VOGLYMAYR, H. 2007. Fungal biodiversity in aquatic habitats.

Biodiversity conservation, 16: 49-67.

SILVA, E.C.; NOGUEIRA, R.J.M.C.; AZEVEDO NETO, A.D.; BRITO, J.Z. &

CABRAL, E.L. 2004. Aspectos ecofisiologicos em dez espécies em uma área de caatinga

no município de Cabaceiras, Paraíba, Brasil. Revista Iheringia, Serie Botânica 59: 201-205.

SILVA, W.A.G.; LINHARES, K.V. & CAMPOS, A.A. (Org.). 2011. Plano de ação

nacional para a conservação do soldadinho-do-araripe. Brasília: Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade, ICMBIO. 72p. (Série espécies ameaçadas; 15).

SRIDHAR, K.R.; KRAUSS, G.; BARLOCHER, E.; WENNRICH, R. & KRAUSS, G.-J.

2000. Fungal diversity in heavy metal polluted waters in central Germany. In: HYDE,

K.D.; HO, W.H. & POINTING, S.B. (eds.) Aquatic Mycology across the Millennium.

Hong Kong: Fungal Diversity 5. p.: 119-129.

SUDHEEP, N.M. & SRIDHAR K.R. 2011.Diversity of lignicolous and Ingoldian fungi on

woody litter from the River Kali (Western Ghats, India). Mycology 2(2): 98-108.

THOMAS, K. 1996. Freshwater fungi. In: Grgurinovic (ed.) Fungi of Australia. Canberra:

Australian Biological Resources. p.: 1-37.

THOMAS, W.W. & BRITTON, E.G. (Ed.). 2008. The Atlantic coastal forest of

Northeastern Brazil. New York: The New York Botanical Garden. 586 p.

TOMASONI, M.A. & SANTOS, S.D. 2003. Lágrimas da Serra: Os impactos das

atividades agropecuárias sobre o geossistema da APA Municipal da Serra da Jibóia, no

Município de Elísio Medrado-BA. In X Simpósio Nacional de Geografia Física Aplicada,

Rio de Janeiro, Ed. UFRJ, v. 1.

Page 44: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

32

TRAPPE, J.M. & SCHENCK, N.C. 1982. Taxonomy of the fungi forming

Endomycorrhizae. In: Methods and principles of Mycorrhizae research. (N.C. Schenck,

ed). The American Phytopatological Society, St. Paul, p.: 1-9.

TSUI, C.K.M.; HYDE, K.D & HODGKISS, I.J. 2003. Methods for investigating the

biodiversity and distribution of freshwater ascomycetes and anamorphic fungi on

submerged wood. In: Tsui, C.K.M.; Hyde, K.D. (eds). Freshwater Mycology. Fungal

Diversity Research Series 10. Hong Kong. Hong Kong University Press.

VANNOTE, R.L.; MINSHALL, W.G.; CUMMINS, K.W.; SEDELL, J.R. & CUSHING,

C.E. 1980. The river continuum concept. Canadian Journal of Fisheries

and Aquatic Sciences, 37: 130–37.

VELLOSO, A.L.; SAMPAIO, E.V.S.B. & PAREYN, F.G.C. (Eds). 2002. Ecorregiões:

Propostas para o bioma Caatinga. Resultados do Seminário de Planejamento Ecorregional

da Caatinga/Aldeia-PE. Recife: Associação Plantas do Nordeste; Instituto de Conservação

Ambiental The Nature Conservancy do Brasil. 76 p.

VELOSO, H.P.; RANGEL FILHO, A.L.R. & LIMA, J.C.A. 1991. Classificação da

vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: Fundação Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 124p.

VIJAYKRISHNA, D. & HYDE, K.D. 2006. Inter- and intra stream variation of lignicolous

freshwater fungi in tropical Australia. Fungal Diversity 21: 203-224.

VOGLMAYR, H. & DELGADO-RODRIGUEZ, G. 2001. Dendroclathra caeruleofusca

gen. nov. et sp. nov., an aeroaquatic hyphomycete from Cuba. Canadian Journal of Botany,

79: 995-1000.

VOGLMAYR, H. & YULE, C.M. 2006. Polyancora globosa gen. sp. nov., an aeroaquatic

fungus from Malaysian peat swamp forests. Mycological Research, 110: 1242-1252.

WEBSTER, J. & DESCALS, E. 1979. The teleomorphs of water-borne Hyphomycetes

from freshwater. In: KENDRICK. B.(ed.) The Whole Fungus. Canada: National Museum

of Natural Sciences. P.: 41-451.

Page 45: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

33

CAPÍTULO I __________________________________________________________________________

Fungos conidiais aquático-facultativos no Bioma Caatinga: novos

registros para o Brasil e continente americano

Artigo a ser submetido para publicação na revista Acta Botanica Brasilica.

Page 46: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

34

Fungos conidiais aquático-facultativos no Bioma Caatinga: novos registros para o

Brasil e continente americano

Silvana Santos da Silva1,2

e Luís Fernando Pascholati Gusmão1

1Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de

Micologia, Av. Transnordestina s/n- Novo Horizonte, C.P. 252 e 294, 44036-900, Feira de Santana, BA,

Brasil 2Autor para correspondência: [email protected]

Page 47: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

35

RESUMO: (Fungos conidiais aquático-facultativos no Bioma Caatinga: novos registros

para o Brasil e continente americano). Em um inventário de fungos conidiais associados a

substratos vegetais submersos, em cinco áreas inseridas no bioma Caatinga (Brejo

Paraibano-PB, APA da Chapada do Araripe e Parque Nacional de Ubajara-CE, Parque

Nacional da Serra das Confusões-PI, Serra da Jibóia-BA), foram registradas 86 espécies.

Destas, Corynesporopsis antillana R.F. Castañeda & W.B. Kendr. e Oedemium minus

(Link) S. Hughes são novos registros para o Brasil, e Dactylella yunnanensis K.Q. Zhang,

Xing Z. Liu & L. Cao, Ellisembia vaginata McKenzie e Xylomyces pusillus Goh, W.H.

Ho, K.D. Hyde & K.M. Tsui constituem novos registros para o continente americano.

Quinze espécies estão sendo registradas pela primeira vez no ambiente aquático.

Descrições, ilustrações, comentários e distribuição geográfica são apresentados para os

novos registros.

Palavras-chave: ambiente lótico; hifomicetos; taxonomia

ABSTRACT: (Facultative-aquatic conidial fungi from the Caatinga Biome: new records

for Brazil and American continent). An inventory of freshwater conidial fungi associated

with submerged plant debris was made in five areas included in the Caatinga biome (Brejo

Paraibano-PB, APA da Chapada do Araripe and Parque Nacional de Ubajara-CE, Parque

Nacional da Serra das Confusões-PI, Serra da Jibóia-BA), were identified 86 species. For

these, Corynesporopsis antillana RF Castañeda & WB Kendr. e Oedemium minus (Link)

S. Hughes are new records for Brazil, and, Dactylella yunnanensis KQ Zhang, Z. Xing Liu

& L. Cao, Ellisembia vaginata McKenzie and Xylomyces pusillus Goh, W. H. Ho, K.D.

Hyde & K.M. Tsui are new records for American continent. Fifteen species are recorded

for the first time from freshwater habitat. Descriptions, illustrations, commentaries and

geographic distribution are presented to the new records.

Key words: hyphomycetes; lotic environment; taxonomy

Page 48: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

36

Introdução

Os fungos conidiais aquáticos ocorrem em ambientes lóticos e lênticos, associados

a materiais vegetais submersos de origem alóctone (Shearer et al. 2004), sendo conhecidas

atualmente 549 espécies (Shearer & Raja 2013). Goh & Hyde (1996), em uma revisão

sobre fungos de água doce, consideraram quatro grupos ecológicos para os fungos

conidiais aquáticos, de acordo com a sua biologia: os fungos Ingoldianos, os fungos aero-

aquáticos, os fungos terrestre-aquáticos e os fungos aquático-facultativos.

A denominação de fungos aquático-facultativos foi proposta por Ingold (1975).

Goh & Hyde (1996) apresentaram um sinônimo para este grupo: aquáticos-submersos. O

grupo é caracterizado por serem sapróbios, apresentarem conidióforos e conídios com

parede relativamente espessa, podendo se desenvolver sobre substratos vegetais submersos

ou terrestres, e esporular e dispersar seus conídios em ambos os ambientes (Goh & Hyde

1996; Goh 1997; Goh & Tsui 2003). Os conídios neste grupo apresentam morfologias

variadas, ovoides, cilíndricos, obclavados, piriformes ou fusiformes, o que não caracteriza

adaptações distintas para o ambiente aquático (Goh & Hyde 1996).

Estes fungos desempenham importante papel no ecossistema aquático, sendo

responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, degradando celulose, lignina,

queratina, quitina, etc., auxiliando no aumento da palatabilidade dos substratos que são

utilizados pelos invertebrados (Bärlocher & Kendrick 1974; Wong et al. 1998).

A maioria dos trabalhos sobre fungos aquático-facultativos referem-se a ambientes

lóticos, sobretudo associados a substratos vegetais lignícolas, tanto em regiões temperadas

(Shearer & Webster 1991; Hyde & Goh 1999; Kane et al. 2002; Tsui et al. 2003) quanto

tropicais (Goh 1997; Vijaykrishna & Hyde 2006; Sudheep & Sridhar 2011). Os ambientes

lênticos ainda são menos explorados (Hyde & Goh 1998; Cai et al. 2002; Luo et al. 2004).

No Brasil, estudos sobre fungos conidiais aquáticos concentram-se na região

sudeste, com enfoque para os fungos Ingoldianos (Schoenlein-Crusius & Milanez 1990,

1996, 1998; Schoenlein-Crusius 2002; Schoenlein-Crusius et al. 2009). No entanto,

trabalhos recentes, como Barbosa et al. (2011), Barbosa & Gusmão (2011) e Almeida et al.

(2012), abordam fungos aquático-facultativos no Bioma Caatinga, e destacam-se pelo

pioneirismo, contribuindo para o conhecimento da biodiversidade deste grupo, através de

descrições de novas espécies e o registro de espécies raras em ambiente lótico.

Page 49: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

37

O presente trabalho teve como objetivo o levantamento de fungos aquático-

facultativos associados a substratos vegetais submersos em ambientes lóticos, em cinco

áreas inseridas no Bioma Caatinga.

Material e métodos

Expedições foram realizadas entre 2011 e 2012, em cinco áreas inseridas no Bioma

Caatinga, (Brejo Paraibano-PB, Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe e

Parque Nacional de Ubajara-CE, Parque Nacional da Serra das Confusões-PI e Serra da

Jibóia-BA) todas avaliadas como prioritárias para conservação da biodiversidade pelo

Ministério do Meio Ambiente (2000) e utilizadas pelo Programa de Pesquisa em

Biodiversidade do Semiárido (PPBio/Semiárido).

Substratos vegetais submersos (folhas, pecíolos, galhos, cascas) foram coletados em

rios e riachos, e acondicionados em sacos plásticos. As amostras foram transportadas para

o laboratório, onde passaram pelo procedimento de lavagem e montagem de câmaras-

úmidas (modificado de Castañeda Ruiz 2005). No período de 30 dias, as amostras foram

analisadas sob estereomicroscópio Leica EZ4 para verificação da presença de estruturas

reprodutivas. Lâminas permanentes foram confeccionadas com resina PVL (álcool

polivinílico + ácido lático + fenol). As medidas das estruturas reprodutivas e a

identificação dos espécimes foram realizadas utilizando microscópio de luz Axioscop 40

Carl Zeiss e as fotomicrografias foram obtidas com câmera DP25 acoplada ao microscópio

Olympus BX51, com prismas de contraste de interferência diferencial (DIC). Após a

identificação dos fungos, as lâminas foram depositadas no Herbário da Universidade

Estadual de Feira de Santana (HUEFS).

Resultados e discussão

Após a análise dos substratos vegetais submersos foram identificadas 86 espécies

de fungos conidiais. Destas, Corynesporopsis antillana R.F. Castañeda & W.B. Kendr. e

Oedemium minus (Link) S. Hughes são novas referências para o Brasil e Dactylella

yunnanensis K.Q. Zhang, Xing Z. Liu & L. Cao, Ellisembia vaginata McKenzie, e,

Xylomyces pusillus Goh, W.H. Ho, K.D. Hyde & K.M. Tsui constituem novos registros

para o continente americano. Quinze espécies estão sendo citadas pela primeira vez no

ambiente aquático.

Page 50: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

38

Corynesporopsis antillana R.F. Castañeda & W.B. Kendr., Univ. Waterloo Biol. Ser.

33:15, 1990

Fig.1-3

Conidióforos macronemáticos, mononemáticos, solitários, não ramificados, retos,

septados, lisos, castanhos, 95−175 × 5−7,5 µm. Células conidiogênicas monotréticas,

terminais, integradas, cilíndricas, castanhas, 7,5−10 × 2,5 µm. Conídios em cadeia,

elipsóides, 3−6 septados, negros, constritos nos septos, secos, lisos, células centrais,

castanho-escuras, células das extremidades levemente arredondadas, proliferando no ápice,

castanho-claras a subhialinas, 22,5−42,5 × 5−7,5 µm.

Teleomorfo: não conhecido.

Distribuição geográfica: Cuba (Castañeda Ruiz & Kendrick 1990), Venezuela (Castañeda

Ruiz et al. 2009).

Material examinado: BRASIL. Bahia: Santa Terezinha, Serra da Jibóia, sobre galho

submerso, 19/VII/2011. S.S.Silva s.n. (HUEFS 123323).

Comentários: Corynesporopsis P.M. Kirk é constituído por dez espécies, sendo C.

quercicola (Borowska) P.M. Kirk a espécie-tipo (Castañeda Ruiz et al. 2010). As

características que definem este gênero são as células conidiogênicas tréticas, terminais,

determinadas ou raramente percorrentes, conídios em cadeia, septados, cilíndricos ou

elipsóides (Kirk 1981).

Corynesporopsis antillana apresenta conídios distintos dentro do gênero, sendo

elipsóides a naviculares, constritos nos septos, e com as células das extremidades truncadas

ou arredondadas. A espécie mais próxima de C. antillana é C. rionensis Hol.-Jech, porém

esta difere por apresentar conídios mais largos, sem constrição nos septos e, células basais

e apicais obtusas (Castañeda Ruiz et al. 2010).

O espécime brasileiro apresenta conídios com comprimento um pouco maior que na

descrição original (Castañeda Ruiz & Kendrick 1990). Corynesporopsis antillana só foi

encontrada até momento em ambiente terrestre e com distribuição ainda restrita ao

continente americano (Cuba e Venezuela), sendo o material analisado o primeiro registro

para o Brasil e para o ambiente aquático.

Dactylella yunnanensis K.Q. Zhang, Xing Z. Liu & L. Cao, Mycosystema 7:113, 1995

Fig.4-6

Page 51: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

39

Conidióforos macronemáticos, mononemáticos, solitários, simples ou ramificados,

retos, septados, lisos, hialinos, 212,5−275 × 3,5−5 µm. Células conidiogênicas mono ou

poliblásticas, integradas, terminais, simpodiais, hialinas, 25−35 × 1,5−2,5 µm. Conídios

solitários, fusiformes, curvados ou não, extremidades afiladas, 7−9-septados, secos, lisos,

hialinos, 51−79,5 × 7,5−10,5 µm.

Teleomorfo: não conhecido.

Distribuição geográfica: China (Zhang et al. 1994; Chen et al. 2007 b).

Material examinado: BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara, sobre folha

submersa, 12/VI/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123332).

Comentários: Dactylella foi proposto por Grove em 1884, com a espécie tipo D. minuta

Grove (Grove 1884). Dactylella, desde sua proposição, vem passando por diversas

mudanças conceituais, tanto morfológicas como comportamentais, incluindo neste último

aspecto os fungos nematófagos (Subramanian 1963, 1977; Matsushima 1971; Schenck et

al. 1977). Rubner (1996), revisando o complexo Dactylella-Monacrosporium, excluiu de

Dactylella as espécies predadoras de nematoides, transferindo-as para Monacrosporium

Oudem. Contudo, essa proposta não foi aceita por alguns micologistas, havendo ainda a

descrição de espécies predadoras em Dactylella (Liu & Zhang 2003; Zhang et al. 2005).

Chen et al. (2007a) reavaliaram o complexo Dactylella-Vermispora, baseados na

morfologia e em dados de sequência de ITS, e transferiram a espécie Dactylella

spermatophoga Drechsler para o gênero Vermispora Deighton & Piroz., e outras cinco

espécies do gênero Dactylella, com conidióforos pequenos, para o gênero Brachyphoris

Juan Chen, L.L. Xu, B. Liu & Xing Z. Liu. A partir destas observações morfológicas e

análises filogenéticas Chen et al. (2007b) consideraram 28 espécies aceitas para

Dactylella. Recentemente uma nova espécie foi acrescentada ao gênero, Datylella qiluensis

H.Y.Su & M.H.Mo (Su et al. 2011).

Após as diversas mudanças conceituais, as principais características de Dactylella

são os conidióforos longos, septados, retos ou ramificados, hialinos; conídios solitários,

fusiformes, clavados ou elipsóides, septados, lisos, secos, hialinos (Chen et al. 2007 a). O

gênero Arthrobotrys Corda também pode ser comparado à Dactylella, porém difere por

apresentar estruturas especializadas para predação de nematoides (Seifert et al. 2011).

O material analisado confere com as bibliografias consultadas, porém as medidas

dos conidióforos apresentaram dimensões maiores que as descritas por Chen et al. (2007

b). Os conídios de D. yunnanensis se assemelham aos de D. oxyspora (Sacc. & Marchal)

Page 52: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

40

Matsush e D. qiluensis. Contudo, D. oxyspora apresenta conídios com as extremidades

atenuadas, enquanto em D. yunnanensis os conídios possuem afunilamento nítido nas

extremidades (Chen et al. 2007b). Já os conídios de D. qiluensis possuem dimensões

maiores que os conídios de D. yunnanensis e apresentam a célula apical alongada,

formando um filamento na extremidade (Su et al. 2011).

Dactylella yunnanensis foi encontrada em amostras de solo na China (Zhang et al.

1994; Chen et al. 2007 b), sendo agora registrada pela primeira vez no continente

americano e em substrato vegetal submerso.

Ellisembia vaginata McKenzie, Mycotaxon 56:19, 1995

Fig.7-8

Conidióforos macronemáticos, mononemáticos, solitários, não ramificados, retos a

flexuosos, septados, lisos, castanhos, 32,5−57,5 × 5−7,5 µm. Células conidiogênicas

monoblásticas, integradas, terminais, cilíndricas, castanhas, 10−15 × 5 µm. Conídios

solitários, obclavados, 7−10-pseudoseptados, ápice arredondado e circundado por

mucilagem, lisos, castanhos, 40−55 × 7,5−12,5 µm; célula basal truncada, 3,5 µm de larg.

Teleomorfo: não conhecido.

Distribuição geográfica: Brunei, Nova Caledônia, República das Ilhas Fiji, Samoa

Americana (McKenzie 1995); República das Filipinas (Cai et al. 2003); China (Wu &

Zhang 2005).

Material examinado: BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara, sobre

galho submerso, 11/VI/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123348).

Comentários: Ellisembia Subram. possui 40 espécies (Seifert & Gams 2011; Seifert et al.

2011), sendo a espécie-tipo E. coronata (Fuckel) Subram. (Subramanian 1992). O gênero

se caracteriza por apresentar conidióforos solitários, retos ou levemente flexuosos,

septados, lisos, castanhos a castanho-escuros; células conidiogênicas monoblásticas,

integradas, percorrentes ou não, castanhas; conídios solitários, cilíndricos, obclavados,

rostrados, fusiformes, ou clavados, obovoides, base truncada, ápice arredondado ou com

apêndice, pseudoseptados, lisos ou verrucosos, castanhos, com secessão esquizolítica (Wu

& Zhang 2005).

As espécies mais próximas de E. vaginata são: E. gelatinosa (Matsush.) Subram.,

E. minigelatinosa (Matsush.) W.P. Wu, E. paravaginata Mckenzie e E. reptentioriunda

Goh & K.D. Hyde, pois apresentam conídios obclavados e bainha mucilaginosa no ápice.

Entretanto, os conídios de E. gelatinosa e E. reptentioriunda apresentam número menor de

Page 53: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

41

septos (4-7 e 6-7, respectivamente) (Mckenzie 1995; Wu & Zhang 2005); E.

minigelatinosa possui conídios mais estreitos e conidióforos menores (Matsushima 1971;

1975); E. paravaginata tem conídios mais largos e mais escuros (Mckenzie 1995).

O material examinado concorda com a descrição original (McKenzie 1995).

Ellisembia vaginata já foi registrada tanto em ambiente terrestre (McKenzie 1995) quanto

aquático (Cai et al. 2003), e sua distribuição geográfica encontrava-se restrita a países da

Àsia e da Oceania, incluindo ilhas entre o dois continentes. O presente trabalho registra a

espécie pela primeira vez no continente americano.

Oedemium minus (Link) S. Hughes, Can. J. Bot. 36: 790, 1958.

Fig.9-14

Basiônimo: Helminthosporium minus Link, Mag. Gesell. naturf. Freunde, Berlin 7: 39,

1815

Setas lisas, ramificadas, parede grossa, ápice agudo a levemente arredondado,

castanhas a castanho-escuras. Conidióforos macronemáticos, mononemáticos, ramificados

dicotomicamente, ocasionalmente algumas ramificações desenvolvem-se em setas estéreis,

lisos, distintamente nodosos, levemente mais claro na região apical, castanhos a castanho-

escuros, 7,5−9 µm larg. na base. Células conidiogênicas poliblásticas, integradas,

terminais, intercalares, percorrentes, esféricas a subesféricas, dilatadas, cicatrizadas,

castanho-claras, 12,5–15 µm de larg. Conídios solitários, simples, ovais, cilíndricos, 1–3-

septados, secos, lisos, células centrais castanho-escuras, células das extremidades

subhialinas, 21−33 × 9−12 µm.

Teleomorfo: Chaetosphaerella phaeostroma (Durieu & Mont.) E. Müll. & C. Booth,

Trans. Br. Mycol. Soc. 58(1): 77, 1972.

Distribuição geográfica: Alemanha, Itália, Reino Unido (Hughes & Hennebert 1963);

Lituânia (Irsenaite & Treigiene 2001); República Checa (Johnova 2009); Índia (como

Thaxteria phaeostroma (Durieu & Mont.) C. Booth, Farr & Rossman 2013); China,

Dinamarca, Estados Unidos da América, Japão, Panamá, Paquistão, Portugal, (como

Chaetosphaeria phaeostroma (Durieu & Mont.) Fuckel, Farr & Rossman, 2013); Guiana

Francesa, Suécia (como Chaetosphaerella phaeostroma E. Mull. & C. Booth., Farr &

Rossman, 2013).

Page 54: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

42

Material examinado: BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara, sobre

casca submersa, 31/V/2012. S.S.Silva s.n. (HUEFS 131200).

Comentários: Oedemium Link foi proposto em 1824, com a espécie-tipo O. atrum Link,

que apresenta seu teleomorfo em Chaetosphaerella fusca (Fuckel) E. Müll. & C. Booth.

Oedemium é composto por 13 espécies, sendo a mais recente O. micheliae Kodsueb, K.D.

Hyde & W.H. Ho (Kodsueb et al. 2007). O gênero se caracteriza por apresentar

conidióforos ramificados e nodosos, células conidiogênicas poliblásticas, esféricas,

subesféricas a piriformes, cicatrizadas e conídios solitários ou em cadeias, elipsóides,

oblongos, arredondados nas extremidades ou em forma de halter, 1–3 septados, lisos,

secos, castanhos a castanho-escuros (Ellis 1971).

Oedemium minus apresenta caracteres bem distintos das demais espécies do gênero,

como presença de setas, que são formadas a partir de ramificações dos conidióforos e

conídios ovais à cilíndricos, com quatro células (Hughes & Hennebert 1963; Ellis 1971). E,

para esta espécie, já foi registrado como seu sinanamorfo Veramyces elegans Subram.

(Réblová, 1999). As demais espécies não possuem setas e apresentam conídios globosos a

subglobosos, com exceção de O. sparsum Berk. & Broome com conídios fusoides

(Saccardo 1886), O. micheliae com conídios elipsóides, oblongos ou em forma de halter

(Kodsueb et al. 2007), O. atrum com conídios oblongos e extremidades obtusas

arredondadas ou em forma de halter (Ellis 1971) e O. fungicola Bat. & A.F. Vital com

conídios elipsóides (Batista et al. 1956).

No Brasil só foram registradas até o momento as espécies O. atrum (como O.

didymo (J.C. Schmidt) S. Hughes), no estado do Ceará e O. fungicola, no estado de

Pernambuco (Mendes & Urben 2012). No continente europeu O. minus já foi amplamente

registrado, colonizando substratos vegetais em decomposição em ambiente terrestre. No

continente americano ainda estava restrito aos Estados Unidos da América e à Guiana

Francesa (Farr & Rossman, 2013), constituindo assim o primeiro registro para o Brasil e

em habitat aquático.

Xylomyces pusillus Goh, W.H. Ho, K.D. Hyde & K.M. Tsui, Mycol. Res. 101(11): 1328,

1997

Fig.15

Page 55: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

43

Conidióforos, células conidiogênicas e conídios não observados. Clamidósporos

solitários, fusiformes, 4–7 septados, não constritos nos septos, lisos, secos, gutulados ou

não, uniformemente castanhos ou com células centrais mais escuras, 25−45 × 10−15 µm.

Teleomorfo: não conhecido.

Distribuição geográfica: China (Goh et al. 1997; Tsui et al. 2001).

Material examinado: BRASIL. Piauí: Caracol, Parque Nacional da Serra das Confusões,

sobre folha submersa, 12/V/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 137916).

Comentários: Xylomyces Goos, Brooks & Lamore possui oito espécies e tem como

espécie-tipo X. chlamydosporis Goss, R.D. Brooks & Lamore (Goos et al. 1977).

Apresenta como características relevantes a ausência de conidióforos, células

conidiogênicas e conídios, e é representado exclusivamente pela formação de

clamidósporos, que se apresentam castanhos, septados e fusiformes.

O gênero é predominantemente lignícola e de ambiente aquático de água doce

(Goos et al. 1977; Goh et al. 1997; Hyde & Goh 1999), com exceção de X. foliicola W.B.

Kendr. & R.F. Castañeda que foi a única espécie já registrada em ambiente terrestre e

colonizando substrato foliicola (Castañeda-Ruiz & Kendrick, 1990). Xylomyces foliicola

foi discutido por Goh et al. (1997) como atípico para o gênero, baseados em caracteres

morfológicos e pela ocorrência no habitat terrestre. Xylomyces aquaticus (Dudka) K. D.

Hyde & Goh já foi encontrado colonizando tanto substratos lignícolas quanto foliicolas em

ambiente submerso (Gönczöl et al. 1990; Hyde & Goh 1999). Xylomyces rhizophorae

Kohlm. & Volkm.-Kohlm foi registrado em ambiente marinho, associado a galhos e raízes

de Rhizophora mangle L. (Kohlmeyer & Volkmann- Kohlmeyer 1998).

Xylomyces pusillus foi descrito originalmente decompondo substrato lignícola

submerso. No presente trabalho, o material analisado foi encontrado sobre folhas

submersas, constituindo a terceira espécie do gênero registrada em substrato foliicola. Os

clamidósporos analisados apresentaram o mesmo número de septos que os apresentados

por Goh et al. (1997), porém alguns clamidósporos apresentaram dimensões menores. Esta

espécie foi encontrada apenas na China (Goh et al. 1997; Tsui et al. 2001), sendo o

espécime analisado um novo registro para o continente americano.

Primeiro registro para o ambiente aquático:

Arthrobotrys dactyloides Drechsler, Mycologia 29(4): 486, 1937

Page 56: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

44

Material examinado – BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara,

sobre galho submerso, 25/V/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 105747).

Chloridium transvaalense Morgan-Jones, R.C. Sinclair & Eicker, Mycotaxon 17: 301,

1983

Material examinado – BRASIL. Bahia: Santa Terezinha, Serra da Jibóia, sobre

folha submersa, 27/VII/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 120872).

Curvularia geniculata (Tracy & Earle) Boedijn, Bull. Jard. bot. Buitenz, 3 Sér. 13(1): 129,

1933

Material examinado – BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara,

sobre folha submersa, 28/V/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123326).

Cylindrocladium candelabrum Viégas, Bragantia 6(8): 370, 1946

Material examinado – BRASIL. Bahia: Santa Terezinha, Serra da Jibóia, sobre

folha submersa, 07/VII/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123328).

Cylindrocladiella parva (P.J. Anderson) Boesew., Can. J. Bot. 60(11): 2289, 1982

Material examinado – BRASIL. Paraíba: Areia, Reserva Ecológica Estadual

Mata do Pau-Ferro, Brejo Paraibano, sobre folha submersa, 29/I/2011, S.S.Silva s.n.

(HUEFS 123329).

Dactylaria belliana B.C. Paulus, Gadek & K.D. Hyde, Fungal Diversity 14: 146, 2003

Material examinado – BRASIL. Bahia: Santa Terezinha, Serra da Jibóia, sobre

folha submersa, 05/VII/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123330).

Dendryphion comosum Wallr., Fl. Cryp. Germ. (Norimbergae) 2: 300, 1833

Material examinado – BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara,

sobre folha submersa, 06/VI/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123334).

Dischloridium gloeosporioides (G.F. Atk.) U. Braun & K. Schub, Fungal Diversity

20:189, 2005

Material examinado – BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara,

sobre folha submersa, 17/V/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123342).

Page 57: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

45

Ellisembia flagelliformis (Matsush.) W.P. Wu, in Wu & Zhuang, Fungal Diversity Res.

Ser. (Hong Kong) 15: 127, 2005

Material examinado – BRASIL. Paraíba: Alagoa Nova, Brejo Paraibano, sobre

folha submersa, 06/XII/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123347).

Gliocladiopsis tenuis (Bugnic.) Crous & M.J. Wingf., Mycol. Res. 97(4): 446, 1993

Material examinado – BRASIL. Paraíba: Alagoa Nova, Brejo Paraibano, sobre

pecíolo submerso, 02/XII/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 129289).

Lauriomyces heliocephalus (V. Rao & de Hoog) R.F. Castañeda & W.B. Kendr., [as

„heliocephala‟], Univ. Waterloo biol. Ser. 32:26, 1990

Material examinado: BRASIL. Piauí: Caracol, Parque Nacional da Serra das

Confusões, sobre folha submersa, 06/VI/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 129444).

Paliphora multiseptata Gusmão & Leão-Ferreira, Mycologia 100(2): 308, 2008

Material examinado: BRASIL. Piauí: Caracol, Parque Nacional da Serra das

Confusões, sobre folha submersa, 03/VI/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 131202).

Ernakulamia cochinensis (Subram.) Subram., Kavaka 22/23: 67, 1996

Material examinado – BRASIL. Paraíba: Alagoa Nova, Brejo Paraibano, sobre folha

submersa, 18/VI/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 131205).

Spadicoides macroobovata Matsush., Matshus. Mycol. Mem. 8: 36, 1995

Material examinado – BRASIL. Bahia: Santa Terezinha, Serra da Jibóia, sobre

casca submersa, 28/VII/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 131208).

Stachybotrys nephrospora Hansf., Proc. Linn. Soc. London 155: 45, 1943

Material examinado – BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara,

sobre folha submersa, 05/VI/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 131215).

Page 58: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

46

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela

bolsa de mestrado concedida ao primeiro autor, no Programa de Pós Graduação em

Botânica- Universidade Estadual de Feira de Santana, e pela bolsa produtividade (Proc.

303924/2008-0) concedida ao segundo autor. Os autores também agradecem ao Programa

de Pesquisa em Biodiversidade do Semi-árido (PPBIO semi-árido / Ministério da Ciência e

Tecnologia).

Referências bibliográficas

Almeida, A.C.A.; Barbosa, F.R. & Gusmão, L.F.P. 2012. Alguns fungos conidiais

aquático-facultativos do bioma Caatinga. Acta Botanica Brasilica 26(4): 918-926.

Barbosa, F.R. & Gusmão, L.F.P. 2011. Conidial fungi from the semi-arid Caatinga biome

of Brazil. Rare freshwater hyphomycetes and other new records. Mycosphere 2(4), 475–

485.

Barbosa, F.R.; Silva, S.S.; Fiuza, P.O. & Gusmão, L.F.P. 2011. Conidial fungi from the

semi-arid Caatinga biome of Brazil. New species and records for Thozetella. Mycotaxon

115: 327-334.

Bärlocher, F. & Kendrick, B. 1974. Dynamics of the fungal population on leaves in the

streams. Journal of Ecology 62: 761-791.

Batista, A.C.; Nascimento, M.L. & Vital, A.F. 1956. Alguns fungos fungícolas.

Publicações Instituto de Micologia Universidade de Recife 33: 1-8.

Cai, L.; Tsui, C.K.M.; Zhang, K & Hyde, K.D. 2002. Aquatic fungi from Lake Fuxian,

Yunnan, China. Fungal Diversity 9: 57–70

Cai, L.; Zhang, K.; McKenzie, E.H.C. & Hyde, K.D. 2003. Freshwater fungi from bamboo

and wood submerged in the Liput River in the Philippines. Fungal Diversity 13: 1-12.

Castaneda-Ruiz, R.F. 2005. Metodologia en el estudio de los hongos anamorfos. In: V

congresso Latino Americano de Micologia. In Anais do V congresso Latino Americano

de Micologia. Brasilia. 182-183.

Castañeda Ruiz, R.F.; Iturriaga, T.; Minter, D.W.; Abarca, G.H.; Stadler, M.; Saikawa, M.

& Fernández, R. 2009. Two new anamorphic fungi and some microfungi recorded from „El

Ávila‟, Venezuela. Mycotaxon 107: 225-237.

Page 59: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

47

Castañeda Ruiz, R.F. & Kendrick, B. 1990. Conidial fungi from Cuba II. University of

Waterloo. Biology Series 33.

Castañeda Ruiz, R.F; Silveira-Simón, C.; Gené, J.; Guarro, J.; Minter, D.W.; Stadler, M &

Saikawa, M. 2010. A new species of Corynesporopsis from Portugal. Mycotaxon 114:

407-415.

Chen, J.; Xu, L.L.; Liu, B. & Liu, X.Z. 2007a. Taxonomy of Dactylella complex and

Vermispora. I. Generic concepts based on morphology and ITS sequences data. Fungal

Diversity 26: 73-83.

Chen, J.; Xu, L.L.; Liu, B. & Liu, X.Z. 2007b. Taxonomy of Dactylella complex and

Vermispora. II. The genus Dactylella. Fungal Diversity 26: 85-126.

Ellis, M.B. 1971. Dematiaceous hyphomycetes. Kew. Common wealth Mycological

Institute.

Farr, D.F. & Rossman, A.Y. 2013. Fungal Databases, Systematic Mycology and

Microbiology Laboratory, ARS, USDA. http://nt.ars-grin.gov/fungaldatabase/ (acesso em

02/02/2013).

Goh, T.K. 1997. Tropical freshwater hyphomycetes. Pp. 189-227. In: Hyde, K.D. (ed.)

Biodiversity of tropical microfungi. Hong Kong: Hong Kong University Press.

Goh, T.K.; Ho, W.H.; Hyde, K.D. & Tsui, K.M. 1997. Four new species of Xylomyces

from submerged wood. Mycological Research 101(11): 1323-1328.

Goh, T.K. & Hyde, K.D. 1996. Biodiversity of freshwater fungi. Journal of Industrial

Microbiology 17: 328-345.

Goh T.K. & Tsui C.K.M. 2003. Key to common dematiaceous hyphomycetes from

freshwater. Pp. 325-343. In: Tsui, C.K.M. & Hyde, K.D. (eds.) Freshwater mycology.

Hong Kong: Fungal Diversity Press.

Gönczöl, J.; Révay, Á. & Fisher, P.J. 1990. Notes on Vargamyces aquaticus, a water borne

dematiaceous hyphomycetes. Mycotaxon 39: 301-310.

Goos, R.D.; Brooks, R.D. & Lamore, B.J. 1977. An undescribed hyphomycete from

wood submerged in a Rhode Island stream. Mycologia 69(2): 280-286.

Grove, W.B. 1884. New or noteworthy fungi. Journal of Botany British and Foreign 22:

193-201.

Hughes, S.J. & Hennebert, G.L. 1963. Microfungi X. Oedemium, Dimera, Diplosporium,

Gongylocladium and Cladotrichum. Canadian Journal of Botany, 41: 773-809.

Hyde, K.D. & Goh, T.K. 1998. Fungi on submerged wood in Lake Barrine, north

Queensland, Australia. Mycological Research 102(6): 739-749.

Page 60: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

48

Hyde, K.D. & Goh, T.K. 1999. Fungi on submerged wood from the River Coln, England.

Mycological Research 103(12): 1561-1574.

Ingold, C.T. 1975. An ilustrated guide to aquatic and waterbome hyphomycetes Fungi

Imperfecti. with notes on their biology. Freshwater Biological Association Science

Publications 30: 155-174.

Irsenaite, R. & Treigiene, A. 2001. Pyrenomycetes and Loculoascomycetes on oak

(Quercus) in Lithuania. Botanica Lithuanica 7: 193-202.

Johnova, M. 2009. Diversity and ecology of selected lignicolous Ascomycetes in the

Bohemian Switzerland National Park (Czech Republic). Czech Mycology 61: 81-97.

Kane, D.F.; Tam, W.Y. & Jones, E.B.G. 2002. Fungi colonising and sporulating on

submerged wood in the River Severn, UK. Fungal Diversity 10: 45-55.

Kirk, P.M. 1981. New or interesting microfungi II. dematiaceous hyphomycetes from esher

common, surrey. Transactions of the British Mycological Society 77(2): 279-297.

Kodsueb, R.; McKenzie, E.H.C.; Ho, W.H.; Hyde, K.D.; Lumyong, P. & Lumyong, S.

2007. New anamorphic fungi from decaying woody litter of Michelia baillonii

(Magnoliaceae) in northern Thailand. Cryptogamie Mycologie 28(3): 237-245.

Kohlmeyer, J. & Volkmann-Kohlmeyer, B. 1998. A new marine Xylomyces on

Rhizophora from the Caribbean and Hawaii. Fungal Diversity 1: 159-164.

Liu, X.F. & Zhang, K.Q. 2003. Dactylella shizishanna sp. nov., from Shizi Mountain,

China. Fungal Diversity 14: 103-107.

Luo, J.; Yin, J.F.; Cai, L.; Zhang, K.Q. & Hyde, K.D. 2004. Freshwater fungi in Lake

Dianchi, a heavily polluted lake in Yunnan, China. Fungal Diversity 16: 93-112.

Matsushima, T. 1971. Microfungi of the Solomon Islands and Papua-New Guinea.

Kobe. Published by the author.

Matsushima, T. 1975. Icones Microfungorum a Matsushima Lectorum. Kobe.

Published by the author.

McKenzie, E.H.C. 1995. Dematiaceous hyphomycetes on Pandanaceae. 5. Sporidesmium

sensu lato. Mycotaxon 56: 9-29.

Mendes, M.A.S. & Urben, A.F. 2012. Fungos relatados em plantas no Brasil,

Laboratório de Quarentena Vegetal. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e

Biotecnologia. http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/fgbanco01.asp

(acesso em 01/11/2012).

Page 61: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

49

Ministério do Meio Ambiente. 2000. Avaliação e ações prioritárias para a conservação

da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Brasília: Conservation

International do Brasil, Fundação SOS Mata atlântica e Fundação Biodiversitas. 40p.

Réblová, M. 1999. Studies in Chaetosphaeria sensu lato I. The

genera Chaetospherella and Tengiomyces gen. nov. of the Helminthosphaeriaceae.

Mycotaxon 70: 387-420.

Rubner, A. 1996. Revision of predacious hyphomycetes in the Dactylella-Monacrosporium

complex. Studies in Mycology 39: 1-134.

Saccardo, P.A. 1886. Sylloge fungorum omnium hucusque cognitorum. IV. Patavii

(Typis Seminarii).

Schenck, S.; Kendrick, W.B. & Pramer, D. 1977. A new nematode-trapping hyphomycete

and a reevaluation of Dactylaria and Arthrobotrys. Canadian Journal of Botany 55: 977-

985.

Schoenlein-Crusius, I.H. 2002. Aquatic Hyphomycetes from cerrado regions in the state of

São Paulo, Brazil. Mycotaxon, 81:457-462.

Schoenlein-Crusius, I.H. & Milanez, A.I. 1990. Aquatic Hyphomycetes in São Paulo State,

Brazil. I First observations. Hoehnea, 17: 111-115.

Schoenlein-Crusius, I.H. & Milanez, A.I. 1996. Diversity of aquatic fungi in Brazilian

Ecosystems. In: Bicudo, C.; Menezes, N.A. (eds) Biodiversity in Brazil, a first approach,

p.31-48.

Schoenlein-Crusius, I.H. & Milanez, A.I. 1998. Fungal succession on leaves of Alchornea

triplinervea (Spreng) M. Arg. Submerged in a stream of an Atlantic rainforest in the State

of São Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Botânica, 21(3): 253-259.

Schoenlein-Crusius, I.H.; Moreira, C.G. & Bicudo, D.C. 2009. Aquatic Hyphomycetes in

the Parque Estadual das Fontes do Ipiranga – PEFI, São Paulo, Brazil. Revista Brasileira

de Botânica 32(3), 411-426.

Seifert, K. & Gams, W. 2011. The genera of Hyphomycetes – 2011 update. Persoonia 27:

119–129.

Seifert, K.; Morgan-Jones, G.; Gams, W. & Kendrick, B. 2011. The Genera of

Hyphomycetes. CBS Biodiversity Series no. 9. Utrecht. CBS-KNAW Fungal Biodiversity

Centre.

Shearer, C.A. & Raja, H.A. 2013. Freshwater Ascomycetes Database.

http://fungi.life.illinois.edu/ (acesso em 12/01/2013).

Page 62: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

50

Shearer, C.A. & Webster, J. 1991. Aquatic hyphomycete communities in the River Teign.

IV. Twig colonization. Mycological Research 95: 413–420.

Shearer, C.A.; Langsam, D.M. & Longcore, J.E. 2004. Fungi in Freshwater Habitats. Pp.

513-532. In: Mueller, G.M.; Bills, G.F. & Foster, M.S. (Eds.). Biodiversity of Fungi:

Inventory and monitoring methods.San Diego, Academic Press.

Su, H.; Hao, Y; Liu, S.; Li, Y.; Cao, Y.; Chen, M.; Su, X. & Yang, X. 2011. Dactylella

qiluensis, a new species of aquatic hyphomycete from China. Cryptogamie, Mycologie,

32 (2): 177-183

Subramanian, C.V. 1963. Dactylella, Monacrosporium and Dactylaria. Journal of the

Indian Botanical Society 42: 291-300.

Subramanian, C.V. 1977. Revisions of hyphomycetes-I. Kavaka 5: 93-98.

Subramanian, C.V. 1992. A reassessment of Sporidesmium (Hyphomycetes) and some

Related Taxa. Proceedings of the Indian National Science Academy 4: 179-190.

Sudheep, N.M. & Sridhar, K.R. 2011. Diversity of lignicolous and Ingoldian fungi on

woody litter from the River Kali (Western Ghats, India). Mycology 2(2): 98-108.

Tsui, C.K.M.; Hyde, K.D. & Hodgkiss, I.J. 2001. Longitudinal and temporal distribution of

freshwater ascomycetesand dematiaceous hyphomycetes on submerged wood in the Lam

Tsuen River, Hong Kong. Journal of the North American Benthological Society 20(4):

533–549.

Tsui, C.K.M.; Hyde, K.D. & Fukushima, K. 2003. Fungi on submerged wood in the Koito

River, Japan. Mycoscience 44: 55-59.

Vijaykrishna, D. & Hyde, K.D. 2006. Inter- and intra-stream variation of lignicolous

freshwater fungi in tropical Australia. Fungal Diversity 21: 203-224.

Wong, M.K.M.; Goh, T.K.; Hodgkiss, I.J.; Hyde, K.D.; Rahghoo, V.M.; Tsui, C.K.M.; Ho,

W.H.; Wong, W.S.W. & Yuen, T.K. 1998. Role of fungi in freshwater ecosystems.

Biodiversity and Conservation 7: 1187-1206.

Wu, W. & Zhang, W. 2005. Sporidesmium, Endophragmiella and related genera from

China. Fungal Diversity Research Series 15. Hong Kong. Fungal Diversity Press.

Zhang, K.Q.; Liu, X.Z. & Cao, L. 1994. A review of Dactylella and a new species.

Mycosystema 7: 111-118.

Zhang, J.; Mo, M.H.; Deng, J.S.; Liu, X.F.; Bi, T.J. & Zhang, K.Q. 2005. Dactylella

zhongdianensis sp. nov., a new predacious antagonist of nematodes. Mycotaxon 92: 289-

294.

Page 63: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

51

FIGURAS 1-8. 1-3. Corynesporopsis antillana R.F. Castañeda & W.B. Kendr.

1. Visão geral. 2. Conídios em cadeia. 3. Conídio. 4-6. Dactylella yunnanensis

K.Q. Zhang, Xing Z. Liu & L. Cao. 4. Conidióforo. 5. Conídios. 6. Célula

conidiogênica. 7-8. Ellisembia vaginata McKenzie. 7. Conidióforos. 8.

Conídios. Seta indicando mucilagem. Barras: 1-3, 5-8= 20 µm; 4=50 µm.

Page 64: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

52

FIGURA 9-15. 9-14. Oedemium minus (Link) S. Hughes. 9. Visão geral. 10.

Ramificação com células conidiogênicas apicais. 11. Seta. 12-13. Conídios. 14.

Células conidiogênicas. 15. Xylomyces pusillus Goh, W.H. Ho, K.D. Hyde &

K.M. Tsui. 15. Clamidósporos. Barras: 9=100 µm; 10-15=20 µm.

Page 65: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

53

CAPÍTULO II __________________________________________________________________________

Conidial fungi from the semi-arid Caatinga Biome of Brazil. A new

species of Dictyochaeta

Artigo a ser submetido para publicação na revista Mycosphere.

Page 66: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

54

Conidial fungi from the semi-arid Caatinga Biome of Brazil. A new

species of Dictyochaeta

Silva SS1*

and Gusmão LFP1

1Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de

Micologia, Avenida

Transnordestina, s/n, Novo Horizonte, 44036-900, Feira de Santana, Bahia, Brasil.

([email protected])

Silva SS & Gusmão LFP 2013 - Conidial fungi from the semi-arid Caatinga Biome of

Brazil. A new species of Dictyochaeta. Mycosphere XX, xx–xx

During a survey of freshwater conidial fungi associated with submerged plant debris, an

interesting specimen of Dictyochaeta was found. Dictyochaeta aciculata sp. nov. is

characterized by 3-septate, acicular conidia with rounded bases. Morphological

characteristics such as 3-septate and acicular conidia differentiate the species found in

Brazil from previously described taxa in Dictyochaeta and is therefore described and

illustrated herein as a novel species.

Key words – Freshwater fungi, lotic environment, taxonomy

Article Information rest of article Times new roman 12 pt

Received ***

Accepted ***

Published online ****

*Corresponding author: Silvana Silva – e-mail – [email protected]

Introduction

The genus Dictyochaeta Speg. was

erected in 1923, with the type species D.

fuegiana and it is characterized by setae,

conidiogenous cells which are mono or

polyphialidic and conidia 0-septate,

without setulae. A brief historical review

on nomenclatural aspects on Dictyochaeta

and related genera, as Codinaea Maire,

Codineopsis Morgan Jones and

Dictyochaetopsis Aramb. & Cabello, are

present by Li et al. (2012). The same

authors, recognize molecular data from

Reblová (2000) and Reblová & Winka

(2000) for phylogeny of Chaetosphaeria

Tul. & C. Tul. and its anamorphs.

Molecular studies conducted by

Reblová & Winka (2000) revealed that

setulate and asetulate conidia of

Dictyochaeta species are grouped into

distinct subgroups in the phylogenetic tree.

Thus, Reblová (2000) suggested

maintaining the genus name Dictyochaeta

for species without setulae and Codinaea

for species with setulae.

Despite these taxonomic

suggestions, many authors (Whitton et al.,

2000, Kirschner & Chen 2002, Cruz et al.

2008) do not agree with Reblová (2000).

In contrast, more recent workers are

already following (Seephueak et al. 2010,

Seifert et al. 2011, Li et al. 2012). Seifert

et al. (2011) accepted the results of

molecular data, however, they do not

separate the two genera based on presence

and absence of setulae. For this paper we

corroborate with Reblová (2000, 2004) and

Reblová & Winka (2000).

Dictyochaeta occurs decomposing

plant material in terrestrial (Kuthubutheen

& Nawawi 1991a, Hernández-Gutiérrez &

Page 67: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

55

Mena Portales 1996, Cruz et al. 2008) and

aquatic (Kuthubutheen & Nawawi 1991a,

1991b, 1991c, Cai et al. 2004) habitats. In

Brazil, there have been 17 species

associated with litter (Cruz et al. 2008,

Santa Izabel et al. 2011) and two new

species have been described previously

(Cruz et al. 2008). In this paper, through

investigations of conidial fungi associated

with submerged plant debris in rivers and

streams in different areas in the Caatinga

Biome, we found an interesting specimen,

whose morphological characters agree

with those of Dictyochaeta, but differ from

all previously species in the genus. We

thereby propose as a new species for the

Brazilian specimen.

Methods

Samples of submerged plant debris

(leaves, petioles, twigs and bark) were

collected in rivers and streams of the five

priorities areas for biodiversity

conservation included in the semi-arid

Caatinga Biome, northeast of Brazil

(Velloso et al. 2002). The field expeditions

were conducted in 2011 and 2012, into

four states: Paraiba state- Brejo Paraibano,

Ceará state- Chapada do Araripe and Serra

de Ibiapaba, Piauí state- Serra das

Confusões and Bahia state- Serra da Jibóia.

The material was transported in

plastic bags to the laboratory, washed in

water and incubated in moist chambers at

25 °C for thirty days. During this period

the samples were examined for the

presence of conidial fungi. The slides

containing the reproductive structures of

fungi were made with resin PVL

(polyvinyl alcohol + lactic acid + phenol)

and deposited at the Herbarium of the State

University of Feira de Santana (HUEFS).

Results

Dictyochaeta aciculata S.S. Silva &

Gusmão, sp. nov. Figs 1-5

Mycobank XXXXXXXXX

Etymology: aciculata, refering to the

conidial morphology.

Colony effuse, brown. Mycelium, partly

superficial, partly immersed in substatrum.

Setae sterile, straight to slightly flexuous,

up to 11-septate, light brown, finely

verrucose, 195−204 × 6−9 µm.

Conidiophores macronematous,

mononematous, simple, solitary or in 2−3

groups associated with base of setae,

smooth, straight to slightly flexuous, 3−5-

septate, pale brown to subhyaline at apex,

46.5−70 × 4.5 µm. Conidiogenous cells

monophialidic, terminal, integrated,

conspicuous collarete, smooth, pale brown

to subhyaline, 24−31.5 × 4.5 µm. Conidia

acicular with rounded bases, 3-septate,

smooth, hyaline, 36−40 × 1.5−2 µm;

arranged in slimy mass.

Teleomorph: unknown.

Geographical distribution: Piauí state,

Brazil.

Holotypus- BRAZIL: Piauí: Caracol, Serra

das Confusões, on submerged petiole,

06.05.2011; S.S.Silva (HUEFS 192225).

Discussion

Among the species of Dictyochaeta

the falcate and lunate conidia are the most

common and most representative.

However, only a few species produce

septate, non-setulate conidia: D. fruticola

(M.S. Patil, U.S. Yadav & S.D. Patil)

Whitton, McKenzie & K.D. Hyde, D.

guadalcanalensis (Matsush.) Kuthub. &

Nawawi, D. ixorae (M.S. Patil, U.S. Yadav

& S.D. Patil) Whitton, McKenzie & K.D.

Hyde, D. lunata (Matsush.) Whitton,

McKenzie & K.D. Hyde and D. setosa (S.

Hughes & W.B. Kendr.) Whitton,

McKenzie & K.D. Hyde, are

morphologically most similar to D.

aciculata (Table 1).

Despite their morphological

similarities, D. aciculata differs from all

other species in the genus by having 3-

septate, acicular conidia. In addition the

Page 68: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

56

setae is finely verrucose which is another

morphological character that distinguishes

it from all previously described spp in

Dictyochaeta.

Table 1. Comparison of Dictyochaeta species morphologically similar to D. aciculata

(data from original descriptions).

Species

Setae

Conidiogenesis

Conidia

References

Size (µm) Form Septa

D. aciculata present monophialidic 36−40 × 1,5−2

acicular

3 Present study

D. fruticola present monophialidic 36−40 × 1.8 cylindric 1 Whitton et al.

(2000)

D. guadalcanalensis absent polyphialidic 18−27 × 4.5−5.5

obclavate 1 Kuthubutheen

& Nawawi

(1991)

D. ixorae absent monophialidic 18−12 × 1.8 falcate 1 Whitton et al.

(2000)

D. lunata absent monophialidic/

polyphialidic

10−16 × 2.5−3.5

lunate 1 Whitton et al.

(2000)

D. setosa

present monophialidic 20−24 × 2−2.8

falcate 1 Whitton et al.

(2000)

Page 69: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

57

Figs 1-5 – Dictyochaeta aciculata. 1 General aspect; 2 Conidiophore; 3 Detail of

conidiogenous cell; 4 Conidia in slimy mass; 5 Conidia. Arrows indicate the septa.

Bars: 20 µm.

Page 70: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

58

Acknowledgements

The authors thank the Program of Research on Biodiversity in the Brazilian semi-

arid (PPBIO semi-arid/ Ministry of Technology and Science) and Programa de Pós-

Graduação em Botânica (PPGBot/ UEFS). SS Silva and LFP Gusmão extend their

gratitude to CNPq for the financial support (Proc. 474589/2008-0).

References

Cai L, Zhang K, McKenzie EHC, Hyde KD. 2004 – Linocarpon bambusicola sp. nov. and

Dictyochaeta curvispora sp. nov. from bamboo submerged in freshwater. Nova

Hedwigia 78(3–4): 439–445.

Cruz A.C.R., Leão-Ferreira S.M., Barbosa F.R., Gusmão L.F.P. 2008 – Conidial fungi

from semi-arid Caatinga biome of Brazil. New and interesting Dictyochaeta species.

Mycotaxon 106: 15-27.

Hernández-Gutiérrez A., Mena Portales J. 1996 – Dictyochaeta minutissima sp. nov. on

Coccothrinax miraguama from Cuba. Mycological Research 100 (6): 687-688.

Kirschner R., Chen C.J. 2002 – Dictyochaeta multifimbriata, a new species from Taiwan.

Mycological Progress 1(3): 287–289.

Kuthubutheen A.J., Nawawi A. 1991a – Eight new species of Dictyochaeta

(hyphomycetes) from Malaysia. Mycological Research 95(10): 1211–1219.

Kuthubutheen A.J., Nawawi A. 1991b – Dictyochaeta macrospora sp. Nov.: a litter-

inhabiting hyphomycete from Malaysia. Mycological Research 95: 248-250.

Kuthubutheen A.J., Nawawi A. 1991c – Dictyochaeta guadalcanalensis comb. nov. and

several new records of the genus in Malaysia. Mycological Research 95 (10): 1220-

1223.

Li De-Wei, Kendrick B., Chen J. 2012 – Two new hyphomycetes: Codinaea sinensis sp.

nov. and Parapleurotheciopsis quercicola sp. nov., and two new records from

Quercus phillyraeoides leaf litter. Mycological Progress 11: 899-905.

Reblová M. 2000 – The Genus Chaetosphaeria and its anamorphs. Studies in Mycology

45: 149- 168.

Reblová M. 2004 – Four new species of Chaetosphaeria from New Zealand and

redescription of Dictyochaeta fuegiana. Studies in Mycology 50: 171-186.

Reblová M, Winka K. 2000 – Phylogeny of Chaetosphaeria and its anamorphs based on

morphological and molecular data. Mycologia 92(5): 939-954.

Santa Izabel T.S., Santos D.S., Almeida D.A.C., Gusmão L.F.P. 2011. Fungos conidiais do

bioma Caatinga II. Novos registros para o continente americano, Neotrópico,

América do Sul e Brasil. Rodriguésia 62(2): 229-240.

Seephueak P., Petcharat V., Phongpaichit S. 2010 – Fungi associated with leaf litter of para

rubber (Hevea brasiliensis). Mycology 1(4): 213-227.

Seifert K., Morgan-Jones G., Gams W., Kendrick B. 2011 – The Genera of Hyphomycetes.

CBS Biodiversity Series no. 9. Utrecht. CBS-KNAW Fungal Biodiversity Centre.

Velloso A.L, Sampaio E.V.S.B., Pareyn, F.G.C. (Eds). 2002. Ecorregiões: Propostas para o

bioma Caatinga. Resultados do Seminário de Planejamento Ecorregional da

Caatinga/Aldeia-PE. Recife: Associação Plantas do Nordeste; Instituto de

Conservação Ambiental The Nature Conservancy do Brasil. 76 p.

Whitton S.R., McKenzie E.H.C., Hyde K.D. 2000 – Dictyochaeta and Dictyochaetopsis

species from the Pandanaceae. Fungal Diversity 4: 133-158.

Page 71: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

59

CAPÍTULO III __________________________________________________________________________

Fungos conidiais associados a substratos vegetais submersos em algumas

áreas do Bioma Caatinga

Artigo submetido para publicação na revista Rodriguésia

Page 72: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

60

Fungos conidiais associados a substratos vegetais submersos em algumas áreas do

Bioma Caatinga

Silvana Santos da Silva 1,2

, Tasciano dos Santos Santa Izabel1, Luís Fernando Pascholati

Gusmão1

[Fungos conidiais associados a substratos vegetais submersos]

1Universidade Estadual de Feira de Santana, Av. Transnordestina s/n, C.P. 252 e 294,

44036-900, Feira de Santana, BA, Brasil

²Autor para correspondência: [email protected]

Page 73: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

61

Resumo (Fungos conidiais associados a substratos vegetais submersos em algumas

áreas do Bioma Caatinga): Os fungos conidiais desempenham importante papel em

ecossistemas dulcícolas, sendo responsáveis pela decomposição de matéria orgânica. No

Bioma Caatinga, contudo, estudos abordando estes fungos ainda são incipientes. Este

estudo constou de um levantamento de fungos conidiais associados à substratos vegetais

submersos em ambientes lóticos, em cinco áreas inseridas neste Bioma (Brejo Paraibano-

PB, APA da Chapada do Araripe-CE, PARNA de Ubajara-CE, PARNA da Serra das

Confusões-PI e Serra da Jibóia-BA). Noventa espécies foram identificadas, distribuídas em

62 gêneros. Duas espécies foram classificadas ecologicamente como fungos Ingoldianos,

duas como aero-aquáticas, e 86 como aquático-facultativas. A área de maior riqueza foi o

Brejo Paraibano com 34 espécies, e a de menor riqueza foi a APA da Chapada do Araripe

com 20 espécies. O PARNA de Ubajara apresentou 17 espécies exclusivas, sendo o de

maior número. Quanto aos substratos vegetais, a lâmina foliar apresentou maior riqueza,

com 63 espécies, e o maior número de espécies exclusivas, com 49 espécies. A

similaridade entre as áreas, segundo índice de Sørensen, foi considerada baixa, com

valores inferiores a 0,5. Os dados contribuem para o conhecimento da biodiversidade de

fungos aquáticos no Bioma Caatinga.

Palavras-chave: ambiente lótico; biodiversidade; hifomicetos; riqueza; similaridade

Abstract (Conidial fungi associated with submerged plant debris in some areas of

Caatinga Biome): The conidial fungi play an important role in freshwater ecosystems,

being responsible for the decomposition of organic matter. In the Caatinga Biome,

however, studies about these fungi are still incipient. This study consisted of a survey of

conidial fungi associated with submerged plant debris in lotic environment, in five areas

included in this Biome (Brejo Paraibano-PB, APA da Chapada do Araripe-CE, PARNA de

Page 74: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

62

Ubajara-CE, PARNA da Serra das Confusões-PI and Serra da Jibóia-BA). Ninety species

were identified, in 62 genera. Two species were classified ecologically as Ingoldian fungi,

two as aero-aquatic fungi, and 86 as aquatic-facultative fungi. The area of greatest richness

was Brejo Paraibano with 34 species, and the lowest was the APA da Chapada do Araripe

with 20 species. The PARNA de Ubajara presented 17 exclusive species, the largest

number. In relation to a plant substrate, the leaf blade presented higher richness, with 63

species, and the highest number of exclusive species, with 49. The similarity between the

areas, according to Sørensen index, was considered low, with values less than 0,5. The data

contribute to the knowledge of the biodiversity of aquatic fungi in Caatinga Biome.

Key words: biodiversity; hyphomycetes; lotic environment; richness; similarity

Introdução

O Bioma Caatinga, totalmente inserido no semiárido, é o único bioma exclusivamente

brasileiro. Caracteriza-se pelo clima quente e semiárido, e com menos de 1.000 mm de

chuva por ano, sendo este valor muito variável de ano para ano (Velloso et al. 2002).

Apesar das condições adversas, este bioma apresenta uma grande variedade de tipos de

vegetação: Matas Úmidas, Matas Estacionais, Cerrados, Tabuleiros, Campos Rupestres e

remanescentes de Mata Atlântica (Velloso et al. 2002; Giulietti et al. 2006).

Velloso et al. (2002) indicaram nove enclaves de Mata Atlântica inseridos no Bioma

Caatinga. Esses enclaves também são denominados de Brejos de Altitude, que, por estarem

dentro do domínio da Caatinga, também sofrem influência do clima semiárido, podendo

ainda apresentar transições com as caatingas arbóreas, mata seca e as matas de cipó

(Thomas & Britton 2008).

Page 75: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

63

A grande quantidade de matéria orgânica fornecida por essas vegetações (folhas,

casacas, galhos e frutos) podem ser levadas para os ambientes aquáticos através de chuvas,

ventos, escoamentos de águas superficiais e assoreamentos (Wong et al. 1998). Esse

material é denominado de alóctone, sendo de extrema importância para a colonização por

fungos aquáticos e uma importante fonte de energia em ecossistemas dulcícolas (Vannote

et al. 1980; Barlocher 2009).

Em uma revisão abordando a biodiversidade de fungos de ambientes de água doce,

Goh & Hyde (1996) consideraram a classificação para fungos conidiais aquáticos em

quatro grupos ecológicos: os fungos Ingoldianos, os fungos aero-aquáticos, os fungos

terrestre-aquáticos e os fungos aquático-facultativos. As definições destes grupos são

baseadas nos aspectos morfológicos e no modo de vida destes organismos.

Os fungos Ingoldianos são dependentes exclusivamente do ambiente aquático para a

reprodução. Possuem conídios com formas hidrodinâmicas que auxiliam à aderência ao

substrato, ocorrendo geralmente associados à espuma, em ambientes lóticos (Goh & Hyde

1996; Goh 1997). Entretanto, também podem ser encontrados em ambiente lênticos

(Schoenlein-Crusius et al. 2009).

Os fungos aero-aquáticos, grupo proposto por Beverwijk (1951), apresentam a

capacidade de sobreviver vegetativamente associados à substratos submersos, contudo,

esporulam apenas quando expostos ao ar, ou seja, não completam seu ciclo de vida no

ambiente aquático (Goh & Hyde 1996). Apresentam conídios com morfologia helicoidal

ou clatróide, as quais permitem a retenção de ar para flutuação (Thomas 1996), e são mais

comuns em ambientes lênticos (Shearer et al. 2007).

Os fungos terrestre-aquáticos são encontrados em gostas de chuva ou orvalho

acumulados em partes de plantas intactas, como a superfície foliar, ou espaços nos troncos,

Page 76: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

64

formando um filme d‟água (Ando, 1992). Produzem conídios estaurosporos e hialinos, e

conidióforos micronematosos (Goh & Hyde 1996).

Os fungos aquático-facultativos, termo proposto por Ingold (1975), tem como

sinônimos: fungos aquáticos-submersos, sugerido por Goh & Hyde (1996) e fungos

aquáticos lignícolas (Goh 1997). Apresentam a capacidade de esporular e dispersar seus

conídios nos ambientes terrestre e aquático, podendo se desenvolver tanto sobre substratos

vegetais submersos quanto terrestres. São caracterizados como sapróbios e apresentam

conidióforos e conídios com parede relativamente espessa (Goh & Hyde 1996).

No Brasil estudos de fungos aquáticos se iniciaram na região Sudeste, no final da

década de 1980 (Schoenlein-Crusius & Milanez 1989). Outros trabalhos os sucederam:

Schoenlein-Crusius & Milanez 1998; Schoenlein-Crusius 2002, Schoenlein-Crusius et al.

2009), com foco para os fungos Ingoldianos de regiões de Mata Atlântica e cerrado. No

Bioma Caatinga, investigações de fungos aquáticos tiveram início recentemente (Barbosa

et al. 2011; Barbosa & Gusmão 2011 e Almeida et al. 2012), com predomínio de fungos

aquático-facultativos. Nesse Bioma, os trabalhos ainda são incipientes, mas já demonstram

uma grande riqueza de espécies.

Diante da carência de investigações da micota aquática no Bioma Caatinga, o presente

estudo teve como objetivo realizar um levantamento em ambientes lóticos de diferentes

áreas inseridas neste Bioma, e comparar a riqueza de fungos por área e tipo de substrato, e

a similaridade das comunidades fúngicas entre as áreas estudadas.

Materiais e métodos

Áreas de estudo

Foram realizadas expedições de coleta em cinco áreas inseridas no Bioma Caatinga

(Tab. 1), sendo quatro delas enclaves de Mata Atlântica: Brejo Paraibano-PB, Área de

Page 77: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

65

Proteção Ambiental (APA) da Chapada do Araripe-CE, Parque Nacional (PARNA) de

Ubajara-CE e Serra da Jibóia-BA, e, uma área de caatinga e ecótonos cerrado/caatinga:

Parque Nacional (PARNA) da Serra das Confusões (Velloso et al. 2002).

Estas áreas foram avaliadas como prioritárias para conservação da biodiversidade

pelo Ministério do Meio Ambiente (2000) e utilizadas pelo Programa de Pesquisa em

Biodiversidade do Semiárido (PPBio/Semiárido).

Método de amostragem

Amostras de materiais vegetais (folhas, pecíolos, cascas e galhos) submersos em

rios e riachos foram coletadas nas diferentes áreas, e transportadas em sacos plásticos para

o Laboratório de Micologia/UEFS, onde passou pelo procedimento de lavagem em água

corrente e incubação em câmara-úmidas (modificado de Castañeda Ruiz 2005).

O material foi analisado sob estereomicroscópio Leica EZ4 durante 30 dias, para

verificação da presença de estruturas reprodutivas. Estas estruturas foram transferidas com

auxílio de agulha fina para lâminas contendo resina PVL (álcool polivinílico + ácido lático

+ fenol) (Trappe & Schenck 1982). Posteriormente, as lâminas foram adicionadas à

coleção do Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS).

A riqueza foi representada pelo número total de espécies presentes nos diferentes

tipos de substrato e em cada área. A análise de similaridade das comunidades de fungos

aquáticos entre as diferentes áreas foi realizada no programa PAST (“Paleontological

Statistics”), utilizando-se o índice de similaridade de Sørensen e o algoritmo UPGMA.

Uma matriz de similaridade foi feita baseada nos dados de presença (1) ou ausência (0) das

espécies, para os cinco locais (Magurran 1988).

Page 78: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

66

Resultados e discussão

A partir da análise das amostras coletadas em ambientes lóticos nas diferentes

áreas, foram identificadas 90 espécies de fungos conidiais aquáticos (Tab.2), pertencentes a

62 gêneros. Destes, 89 são hifomicetos e apenas um coelomiceto (Satchmopsis brasiliensis

B. Sutton & Hodges). O predomínio de hifomicetos, em relação aos coelomicetos é comum

em trabalhos de ambientes aquáticos (Sivichai et al. 2000; Cai et al. 2006a; Schoenlein-

Crusius et al. 2009). Apenas treze espécies de coelomicetos foram registradas em ambiente

de água doce (Shearer & Raja 2013), e até o momento não se sabe quais fatores

contribuem para essa baixa ocorrência, mas acredita-se que a falta de pesquisadores

especializados no grupo contribui para esta situação (Shearer et al. 2007).

Dentre as 90 espécies encontradas, 86 são classificadas como fungos aquático-

facultativos, apenas duas como fungos Ingoldianos: Ingoldiella hamata D.E. Shaw e

Triscelophorus acuminatus Nawawi e duas como fungos aeroaquáticos: Inesiosporium

longispirale (R.F. Castañeda) R.F. Castañeda & W. Gams, Helicomyces roseus Link,

seguindo a classificação ecológica de fungos conidiais de ambiente de água doce

apresentada por Goh & Hyde (1996). Esses dados podem ser explicados pela metodologia

utilizada que favorece o aparecimento de fungos aquáticos facultativos. Os fungos aero-

aquáticos são mais comumente encontrados em ambientes lênticos, e os fungos

Ingoldianos em lóticos, porém associados à espuma, o que também justifica o baixo

número de espécies destes grupos neste trabalho (Goh & Hyde 1996; Goh 1997; Shearer et

al. 2007).

As espécies de fungos ingoldianos, I. hamata e T. acuminatus são muito comuns

nos trópicos (Ingold 1975). Ingoldiella hamata também se destaca por ser o único

anamorfo de um basiomicete no presente estudo, evidenciado pela presença de ansas nos

septo dos seus conídios (Nawawi et al. 1977). As demais espécies (Tab. 2) representam a

Page 79: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

67

fase assexual de ascomicetos. A grande maioria das conexões anamorfo-teleomorfo

conhecidas entre os fungos aquáticos é associada aos ascomicetes (Gos & Hyde 1996).

Schoenlein-Crusius & Grandi (2003) em uma compilação de dados de literatura,

sobre fungos de ambiente lênticos e lótico, apresentaram 59 espécies de fungos aquáticos

para o Brasil, com predomínio de fungos Ingoldianos, destacando-se em relação aos

demais países da América do Sul. Schoenlein-Crusius et al. (2009) apresentaram 24

espécies de hifomicetos aquáticos para o estado de São Paulo. Para o Bioma Caatinga tem-

se os trabalhos pioneiros de Barbosa et al. (2011), com uma nova espécie de Thozetella,

Barbosa & Gusmão (2011), com 43 espécies e Almeida et al. (2012) com 17 espécies,

todas registradas sobre material submerso sendo classificadas como aquático-facultativas.

Apesar dos estudos ainda serem incipientes, alguns trabalhos demonstraram uma grande

riqueza de fungos aquáticos, sobretudo o grupo ecológico dos fungos aquático-facultativos

para o Bioma. Apesar desses estudos supracitados não serem comparáveis, devido às

diferentes metodologias e caracteres analisados, esses trabalhos podem demonstrar a

riqueza de fungos aquáticos deste bioma.

A maioria das espécies encontradas neste estudo já foi registrada no Brasil

associados à serapilheira terrestre (Marques et al. 2008; Barbosa et al. 2009; Almeida et al.

2011; Santa Izabel et al. 2011). Essa semelhança de espécies entre os ambientes aquáticos

e terrestres pode ser explicada pela capacidade adaptativa destes fungos de sobreviverem

em ambos ambientes (Goh & Hyde 1996).

Dentre os gêneros encontrados os mais representativos foram: Dictyochaeta Speg. e

Ellisembia Subram. com cinco espécies cada, seguido de Xylomyces Goos, R.D. Brooks &

Lamore com quatro espécies. Esses gêneros são comumente encontrados em substratos

submersos (Goh & Hyde 1999; Cai et al. 2003; Fryar et al. 2004). Os demais gêneros

Page 80: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

68

encontrados neste trabalho também são comuns aos citados por Cai et al. (2006b), que

descrevem espécies coletadas em ambiente aquático de água doce.

Analisando a riqueza de espécies por área (Fig. 1), o Brejo Paraibano apresentou

maior riqueza, com 34 espécies, seguido do PARNA de Ubajara com 32 spp, Serra da

Jibóia com 31 spp, PARNA da Serra das Confusões com 22 spp e APA da Chapada do

Araripe com 20 spp. Apenas duas espécies foram comuns a todas as áreas: Beltrania

rhombica Penz. e Subulispora procurvata Tubaki. Ambas espécies são comumente

encontradas em ambiente aquático (Goh 1997) e terrestre (Grandi & Silva 2006; Heredia-

Abarca 1994), e são consideradas cosmopolitas devido a ampla distribuição geográfica.

Dentre os táxons obtidos, 64 foram exclusivos em relação às áreas, e assim

distribuídos: 13 são exclusivos da Serra da Jibóia, sete da APA da Chapada do Araripe, 17

do PARNA de Ubajara, 16 do Brejo Paraibano e 11 do PARNA da Serra das Confusões.

Diferenças na composição da flora entre as áreas de estudo podem contribuir para este

resultado, uma vez que espécies de fungos podem estar associadas a determinadas plantas

hospedeiras de forma exclusiva, como mostra investigação de fungos marinhos no mangue,

feita por Sarma & Vital (2001), que constatou especificidades de alguns fungos em relação

a determinadas espécies de plantas hospedeiras. Assim, o material vegetal alóctone

presente nos rios estudados tem a mesma composição da vegetação que a circunda (Wong

et al. 1998), logo, se estas áreas apresentam flora distintas também poderá haver diferentes

comunidades de fungos .

Em relação aos substratos, cascas, galhos e folhas (sendo aqui divididas em lâmina

foliar e pecíolo, devido à diferença na composição destas partes foliares), a maior riqueza

ocorreu na lâmina foliar, com 63 espécies (Fig. 2). Para os demais substratos, foram

observadas 20 espécies associadas a galho, 18 a casca e 11 a pecíolo. Nenhuma espécie de

fungo foi comum à todos os substratos. Segundo Meguro et al. (1979) as folhas compõem

Page 81: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

69

a parte mais significativa da serapilheira, tanto pela biomassa quanto pelos nutrientes

fornecidos. Dix & Webster (1995) também destacaram as folhas como um dos substratos

mais colonizados pelos fungos conidiais.

Nas áreas estudadas, as folhas apresentaram maior biomassa em relação aos demais

substratos, impedindo assim a padronização do número de fragmentos de cada tipo

substrato a ser coletado. No PARNA da Serra das Confusões, por exemplo, poucos

substratos lignícolas foram encontrados, levando a baixa ocorrência de espécies nestes

substratos. Algumas espécies foram exclusivas de determinado tipo de substrato, outras

foram comuns a dois ou três substratos. Em relação ao número de espécies exclusivas por

substrato vegetal tem-se: lâmina foliar com 49 spp, pecíolo com duas spp, casca com 11

spp e galho com nove spp. Assim, pode-se perceber que os fungos podem ter preferências

por determinado substrato vegetal, como já observado por Polishook et al. (1996) e Sarma

& Vital (2000).

A similaridade das comunidades de fungos entre as áreas foi considerada baixa

(Tab. 3). Esses valores podem ser justificados pela diferente composição florística destas

áreas. As maiores semelhanças foram observadas entre as áreas Serra da Jibóia e a APA da

Chapada do Araripe (Índice de Sørensen = 0,47), e entre Serra da Jibóia e o PARNA da

Serra das Confusões (Índice de Sørensen = 0,41). A menor similaridade foi obtida entre o

PARNA de Ubajara e APA da Chapada do Araripe (Índice de Sørensen = 0,15).

Magalhães et al. (2011), em estudo de similaridade de fungos associados à

serapilheira de três espécies de plantas endêmicas de Mata Atlântica, em três diferentes

áreas, encontrou alta similaridade na comunidade fúngica, tanto entre os hospedeiros

vegetais, quanto entre as áreas (Índice de Sørensen = 0,67). Marques (2008) comparando

comunidades de fungos entre duas áreas de Mata Atlântica obteve baixa similaridade

(Índice de Sørensen = 0,25), possivelmente pelas diferentes espécies vegetais e

Page 82: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

70

características ambientais. Hu et al. (2010) encontraram baixa similaridade (Índice de

Sørensen = 0,12) de espécies de fungos associados a substratos lignícolas entre os

ambientes lótico e lêntico estudados, devido a interferência do fluxo de água na

comunidade de fungos aquáticos.

A análise de agrupamento (Fig. 3) reuniu a Serra da Jibóia à APA da Chapada do

Araripe e apresentou como grupo irmão o PARNA da Serra das Confusões, e o Brejo

Paraibano agrupou com o PARNA de Ubajara. Esses agrupamentos podem ser justificados,

pois no período em que foram realizadas as coletas na Serra da Jibóia, na APA da Chapada

do Araripe e no PARNA da Serra das Confusões os riachos se apresentavam com baixo

fluxo de água, devido ao nível de água reduzido, e poucos substratos vegetais submersos

disponíveis. Enquanto nas coletas realizadas no Brejo Paraibano e no PARNA de Ubajara

os riachos e rios apresentaram-se com alto fluxo de água, e abundante quantidade de

substratos vegetais. Diferenças no fluxo de água e na disponibilidade de substratos vegetais

nos corpos d‟água, associados à vegetação de cada local e a especificidade

fungo/hospedeiro, podem ter influenciado nestes agrupamentos.

Apesar do PARNA da Serra das Confusões apresentar vegetação de caatinga e

ecótonos cerrado/caatinga, enquanto as demais áreas são remanescentes de Mata Atlântica,

todas estão inseridas na região semiárida, no Bioma Caatinga, logo sofrem influências

climáticas desse domínio, além de apresentar transições onde se interpenetram dois ou até

três tipos de vegetação (Velloso et al. 2002; Thomas & Britton 2008), possibilitando

espécies de fungos comuns entre as áreas. Além disso, espécies cosmopolitas e generalistas

como Beltrania rhombica, por exemplo, provavelmente, também podem contribuir para

similaridade de áreas distintas.

Os resultados demonstram que o Bioma da Caatinga, mesmo diante de um mosaico

de tipos de vegetação, pode apresentar semelhança nas comunidades fúngicas entre as

Page 83: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

71

diferentes áreas, uma vez que todas estão sob influência do mesmo domínio climático

(Velloso et al. 2002). As áreas estudadas não apresentam grande variação de riqueza de

fungos, porém apresentam diferenças na composição de suas comunidades. Mais estudos

são necessários para se conhecer melhor estas comunidades. O total de espécies

encontradas reflete uma alta riqueza de fungos conidiais associados à substratos vegetais

submersos, cuja biodiversidade ainda é pouco conhecida no Bioma, contribuindo assim

para o conhecimento da micota aquática na região semiárida, fornecendo subsídios para

futuros trabalhos de conservação.

Tabela 1: Áreas de estudo e período de coleta.

Table 1: Areas of study and collection period.

Áreas de

Estudo

Estado Municípios coletados Altitude

(m)

Mês/ano de

coleta

APA da

Chapada

do Araripe

Ceará Santana do Cariri (7° 11‟

18‟‟S e 39º 44‟ 13‟‟O) e

Barbalha (7° 18‟ 40”S e

39° 18‟ 15”O)

750 a 950 Janeiro/ 2011

PARNA da

Serra das

Confusões

Piauí Caracol (09°16‟43” S e

43°19‟48” O)

700 Abril/ 2011

Serra da

Jibóia

Bahia Santa Terezinha (12º51‟S

e 39º28‟O)

750 a 800 Junho/ 2011

Brejo

Paraibano

Paraíba Areia (6°58‟12” S e

35°42‟15” O) e Alagoa

Nova (7°40‟ S e 35°

47‟O)

420 a 618 Novembro/

2011

PARNA de

Ubajara

Ceará Ubajara (3º 51' 16"S e 40º

55' 16"O )

870 Maio/2012

Page 84: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

72

Figura 1: Riqueza de fungos conidias associados à substratos vegetais submersos em cinco

áreas inseridas no Bioma Caatinga. Brejo Paraibano, PARNA de Ubajara, Serra da Jibóia-

BA, PARNA da Serra das Confusões e APA da Chapada do Araipe.

Figure 1: Richness of conidial fungi associated with submerged plant debris in five areas

included in the Caatinga Biome. Brejo Paraibano, PARNA de Ubajara, Serra da Jibóia-BA,

PARNA da Serra das Confusões e APA da Chapada do Araipe.

Figura 2: Riqueza de fungos conidiais, encontrados em ambientes aquáticos, por substrato:

lâmina foliar, galho, casca e pecíolo.

Figure 2: Richness of conidial fungi, found in aquatic environment, for substrate: leaf

blade, twig, bark and petiole.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Brejo Praibano PARNA de Ubajara Serra da Jiboia PARNA da Serradas Confusões

APA da Chapadado Araripe

Riqueza

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Lâmina foliar Galho Casca Pecíolo

Riqueza

Page 85: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

73

Figura 3: Dendrograma gerado a partir do índice de similaridade de Sørensen e pelo

método de agrupamento UPGMA, entre as áreas consideradas. Em que: A= Serra da

Jibóia, B= APA da Chapada do Araripe, C= PARNA de Ubajara, D= Brejo Paraibano, E=

PARNA da Serra das Confusões.

Figure 3: Dendrogram generated from the Sorenson similarity index and the UPGMA

clustering method, among the areas considered. Where: A= Serra da Jibóia, B= APA da

Chapada do Araripe, C= PARNA de Ubajara, D= Brejo Paraibano, E= PARNA da Serra da

Confusões.

Page 86: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

74

Tabela 2. Fungos conidiais encontrados em habitats aquáticos associados à lâmina foliar (I), pecíolo (II), casca (III) e galho (IV) submersos

em rios e riachos de cinco áreas inseridas no Bioma Caatinga: Serra da Jibóia-BA, APA da Chapada do Araripe e PARNA de Ubajara-CE,

Brejo Paraibano-PB e PARNA da Serra das Confusões-PI.

Table 2. Conidial fungi found in aquatic habitats associated with leaf blade (I), petiole (II), bark (III) and twig (IV) submerged in rivers and

streams of the five areas included in the Caatinga Biome: Serra da Jibóia-BA, APA da Chapada do Araripe e PARNA de Ubajara-CE, Brejo

Paraibano-PB and PARNA da Serra das Confusões-PI.

ESPÉCIES

Serra da Jibóia APA da Chapada do

Araripe PARNA de Ubajara Brejo Paraibano

PARNA da Serra

das Confusões

Total

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

Acrogenospora sphaerocephala (Berk. & Broome)

M.B. Ellis

X

1

Ardhachandra selenoides (de Hoog) Subram. &

Sudha

X

1

Arthrobotrys dactyloides Drechsler X

1

A. oligospora Fresen. X

1

A. musiformis Drechsler X

1

Atrosetaphiale flagelliformis Matsush. X

1

Bactrodesmium longisporum M. B. Ellis X X X X

4

Brachysporiella gayana Bat. X

1

Beltrania africana S. Hughes X X X

3

B. rhombica Penz. X X X X X X

X 7

Beltraniella portoricensis (F. Stevens) Piroz. &

S.D. Patil X

X

X

X

4

Beltraniopsis esenbeckiae Bat. & J.L. Bezerra X

1

Cacumisporium pleuroconidiophorum (Davydkina

&) R.F. Castañeda, Heredia & Iturr.

X

1

Page 87: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

75

Tabela 2. Continuação

ESPÉCIES

Serra da Jibóia APA da Chapada do

Araripe PANA de Ubajara Brejo Paraibano

PARNA da Serra

das Confusões

Total

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

C. sigmoideum Mercado & R.F. Castañeda X X

2

Ceratosporell adeviata Subram. X X

2

Chalara alabamensis Morgan-Jones & E.G.

Ingram X

X

X

X

4

Chloridium virescens (Pers.) W. Gams & Hol.-

Jech.

X

1

C. transvaalense Morgan-Jones, R.C. Sinclair &

Eicker X

1

Cladosporium cladosporioides (Fresen.) G.A. de

Vries

X

1

C. oxysporum Berk. & M.A. Curtis X X

2

Clonostachys rosea (Link) Schroers, Samuels,

Seifert & W. Gams

X

1

Corynesporopsis antillana R.F. Castañeda & W.B.

Kendr.

X

1

Cryptophialekakombensis Piroz. X X X X

4

C. udagawae Piroz. &Ichinoe X X X

3

Curvularia geniculata(Tracy &Earle) Boedijn X

1

C. lunata(Wakker) Boedijn X

1

Cylindrocladium candelabrum Viégas X

1

Cylindrocladiella parva (P.J. Anderson) Boesew. X

1

Dactylaria belliana B.C. Paulus, Gadek & K.D.

Hyde X

1

Page 88: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

76

Tabela 2. Continuação

ESPÉCIES

Serra da Jibóia APA da Chapada do

Araripe PARNA de Ubajara Brejo Paraibano

PARNA da Serra

das Confusões

Total

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

D. hyalotunicata K.M. Tsui, Goh & K.D. Hyde X X

2

Dactylella yunnanensis K.Q. Zhang, Xing Z. Liu

& L. Cao

X

1

Dendryphiella vinosa (Berk. & M.A. Curtis)

Reisinger

X

1

DendryphioncomosumWallr. X

1

Dictyochaeta sp.1

X

1

D. anam de Chaetosphaeria pulchriseta S.

Hughes, W.B. Kendr. & Shoemaker

X

1

D. britannica (M.B. Ellis) Whitton, McKenzie &

K.D. Hyde X

X

X

X

X

5

D. fertilis (S. Hughes & W.B. Kendr.) Hol.-Jech. X X X X X X

X

7

D. simplex (S. Hughes & W.B. Kendr.) Hol.-Jech X X X

3

Dictyochaetopsis gonytrichoides (Shearer & J.L.

Crane) Whitton, McKenzie & K.D. Hyde X

X

X

3

D. polysetosa R.F. Castañeda, Gusmão, Guarro &

Saikawa X

1

Dischloridium gloeosporioides (G.F. Atk.) U.

Braun & K. Schub

X

1

Edmundmasonia pulchra Subram.

X

1

Ellisembia adscendens (Berk.) Subram. X X

2

E. bambusicola (M.B. Ellis) J. Mena & G.

Delgado

X

1

Page 89: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

77

Tabela 2. Continuação

ESPÉCIES

Serra da Jibóia APA da Chapada do

Araripe PARNA de Ubajara Brejo Paraibano

PARNA da Serra

das Confusões

Total

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

E. brachypus (Ellis & Everh.) Subram. X

1

E. flagelliformis (Matsush.) W.P. Wu X

1

E .vaginata McKenzie X

1

Exserticlav atriseptata (Matsush.) S. Hughes X X

2

E. vasiformis (Matsush.) S. Hughes X X

2

Gliocladiopsis tenuis(Bugnic.) Crous & M.J.

Wingf.

X

1

Gyrothrix magica Lunghini & Onofri X

1

Helicomyce sroseus Link X X

2

Idriella ramosa Matsush. X

1

Inesiosporium longispirale (R.F. Castañeda) R.F.

Castañeda & W. Gams X

1

Ingoldiella hamata D.E. Shaw X X

2

Junewangia globulosa (Tóth) W.A. Baker &

Morgan-Jones

X

X

2

Kionochaeta ramifera (Matsush.) P.M. Kirk & B.

Sutton

X

1

Lauriomyces heliocephalus (V. Rao & de Hoog)

R.F. Castañeda & W.B. Kendr. X

1

Menisporopsis theobromae S. Hughes X X

2

Oedemium minus (Link) S. Hughes X

1

Paliphora intermedia Alcorn & B. Sutton

X

1

P. multiseptata Gusmão & Leão-Ferreira

X

1

Page 90: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

78

Tabela 2. Continuação

ESPÉCIES

Serra da Jibóia APA da Chapada do

Araripe PARNA de Ubajara Brejo Paraibano

PARNA da Serra

das Confusões

Total

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

Parasympodiella laxa (Subram. & Vittal)

Ponnappa

X

X

2

Phaeoisaria clematidis (Fuckel) S. Hughes X X

2

Ernakulamia cochinensis (Subram.) Subram X

1

Rhexoacrodictys erecta (Ellis &Everh.) W. A.

Barker & Morgan Jones

X

1

Satchmopsis brasiliensis B. Sutton & Hodges

X

1

Spadicoides macroobovata Matsush. X

1

Speiropsis scopiformis Kuthub. & Nawawi X X

2

Sporidesmiella claviformis P.M. Kirk

X

1

S. hyalosperma var. hyalosperma (Corda) P. M.

Kirk

X

X

2

Sporidesmium tropicale M.B. Ellis X

1

Sporoschisma saccardoi E.W. Mason & S. Hughes X

1

Stachybotrys chartarum (Ehrenb.) S. Hughes X X

2

S. nephrospora Hansf. X

1

Subulispora procurvata Tubaki X X X X X

5

S. rectilineata Tubaki

X

1

Torula herbarum (Pers.) Link X

1

Thozetella cristata Piroz. & Hodges X

1

Page 91: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

79

Tabela 2. Continuação

ESPÉCIES

Serra da Jibóia APA da Chapada do

Araripe PARNA de Ubajara Brejo Paraibano

PARNA da Serra

das Confusões

Total

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

T. cubensis R.F. Castañeda & G.R.W. Arnold

X X

2

Triscelophorus acuminatus Nawawi X X X

3

Vermiculariopsiella cornuta (V. Rao & de Hoog)

Nawawi, Kuthub. & B. Sutton

X

1

V. cubensis (R.F. Castañeda) Nawawi, Kuthub. &

B. Sutton

X

1

Veronaea botryosa Cif. & Montemart. X

1

Xylomyces foliicola W.B. Kendr. & R.F.

Castañeda X

X

X

3

X. aquaticus (Dudka) K.D. Hyde & Goh

X

1

X. pusillus Goh, W.H. Ho, K.D. Hyde & K.M.

Tsui X

1

Zanclosporabrevispora S. Hughes& W.B. Kendr.

X

1

Z. novae-zelandiae S. Hughes & W.B. Kendr. X

1

Wiesneriomyce slaurinus (Tassi) P.M. Kirk X 1

Total: 21 1 6 5 13 3 3 2 23 2 4 6 19 2 6 11 19 3 1 1 151

Page 92: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

80

Tabela 3: Matriz de similaridade fúngica (Índice de Sørensen) entre as cinco áreas

consideradas*

Table 3: Similarity matrix fungal Index (Sørensen) among the five areas considered*

A B C D E

A 1

B 0,4705 1

C 0,2222 0,1538 1

D 0,3076 0,2963 0,3333 1

E 0,4150 0,3809 0,2222 0,2142 1

*Em que: A=Serra da Jibóia, B= APA da Chapada do Araripe, C= PARNA de Ubajara, D=

Brejo Paraibano, E= PARNA da Serra das Confusões.

*Were: A=Serra da Jibóia, B= APA da Chapada do Araripe, C= PARNA de Ubajara, D=

Brejo Paraibano, E= PARNA da Serra das Confusões.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Programa de Pós Graduação em Botânica- PPGBOT-

UEFS. S. S. Silva e T. S. Santa Izabel agradecem ao Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelas bolsas concedidas de mestrado e

doutorado, respectivamente. L. F. P. Gusmão agradece pela bolsa produtividade (Proc.

303924/2008-0) concedida. Os autores também agradecem ao Programa de Pesquisa em

Biodiversidade do Semi-árido (PPBIO semi-árido / Ministério da Ciência e Tecnologia).

Referências

Almeida, A.C.A.; Barbosa, F.R. & Gusmão, L.F.P. 2012. Alguns fungos conidiais

aquático-facultativos do bioma Caatinga. Acta Botanica Brasilica 26 (4): 918-926.

Almeida, D.A.C.; Santa Izabel, T.S. & Gusmão, L.F.P. 2011. Fungos conidiais do bioma

Caatinga I. Novos registros para o continente americano, Neotrópico, América do Sul e

Brasil. Rodriguésia 62(1): 043-053.

Page 93: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

81

Ando, K. 1992. A study of terrestrial aquatic hyphomycetes. Transactions of the

Mycological Society of Japan 33: 415-425.

Barbosa, F.R. & Gusmão, L.F.P. 2011. Conidial fungi from the semi-arid Caatinga biome

of Brazil. Rare freshwater hyphomycetes and other new records. Mycosphere 2(4): 475–

485.

Barbosa, F.R.; Silva, S.S.; Fiuza, P.O. &Gusmão, L.F.P. 2011.Conidial fungi from the

semi-arid Caatinga biome of Brazil. New species and records for Thozetella. Mycotaxon

115: 327-334.

Barbosa, F.R.; Maia L.C. & Gusmão, L.F.P. 2009. Fungos conidiais associados ao folhedo

de Clusia melchiorii Gleason e C. nemorosa G. Mey. (Clusiaceae) em fragmento de Mata

Atlântica, BA, Brasil. Acta Botanica Brasilica 23(1): 79-84.

Barlocher, F. 2009. Reproduction and dispersal in aquatic hyphomycetes. Mycoscience 50:

3-8.

Beverwijk, van A.L. 1951. Zalewski's Clathrosphaera spirifera. Transactions of the British

Mycological Society 34: 280-290.

Cai, L., Zhang, K., McKenzie, E.H.C. & Hyde, K.D. 2003. Freshwater fungi from bamboo

and wood submerged in the Liput River in the Philippines. Fungal Diversity 13: 1-12.

Cai, L., Ji, K-F. & Hyde, K.D. 2006a.Variation between freshwater and terrestrial fungal

communities on decaying bamboo culms. Antonie van Leeuwenhoek 89: 293–301.

Cai, L; Hyde, K.D. & Tsui, C.K.M. 2006b. Genera of freshwater Fungi. Fungal Diversity

Researchs series 18. 261p.

Castañeda-Ruiz, R.F. 2005. Metodología en el estudio de los hongos anamorfos. p.: 182-

183. In: Anais do V Congresso Latino Americano de Micologia, Brasília, Brasil.

Dix, N.J. & Webster, J. 1995.Fungal Ecology. Chapman & Hall, London.

Page 94: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

82

Fryar, S.C., Booth, W., Davies, J., Hodgkiss, I.J. & Hyde, K.D. 2004. Distribution of fungi

on wood in the Tutong River, Brunei. Fungal Diversity 17: 17-38.

Goh, T.K. 1997. Tropical freshwater hyphomycetes. Pp. 189-227. In: Hyde, K.D. (ed.)

Biodiversity of tropical microfungi. Hong Kong University Press, Hong Kong.

Goh, T.K. & Hyde, K.D. 1996. Biodiversity of freshwater fungi. Journal of Industrial

Microbiology & Biotechnology 17: 328-345.

Goh, T.K. & Hyde, K.D. 1999. Fungi on submerged wood and bamboo in the Plover Cove

Reservoir, Hong Kong. Fungal Diversity 3: 57-85.

Giullieti, A.M.; Conceição, A. &Queiroz, L.P. 2006. Diversidade e caracterização das

fanerógamas do semi-árido brasileiro. Associação Plantas do Nordeste, Recife. 488 p.

Grandi, R.A.P. & Silva, T.V. 2006. Fungos anamorfos decompositores do folhedo de

Caesalpinia echinataLam. Revista Brasileira de Botânica 29(2): 275-287.

Heredia-Abarca, G. 1994. Hifomicetes dematiaceos em Bosque Mesofilo de Montaña.

Registros nuevos para Mexico. Acta Botanica Mexicana 27: 15-32.

Hu, D.M.; Cai, L.; Chen, H; Bahkali, A.H. & Hyde, K.D. 2010. Fungal diversity on

submerged wood in a tropical stream and an artificial lake. Biodiversity Conservation 19:

3799–3808

Ingold, C.T. 1975. An illustrated guide to aquatic and waterborne hyphomycetes (fungi

imperfect). Freshwater Biological Association Scientific Publication 30: 1-96.

Magalhães, D.M.A.; Luz, E.D.M.N.; Magalhães, A.F.; Santos Filho, L.P.; Loguercio, L.L.

& Bezerra, J.L. 2011. Riqueza de fungos anamorfos na serapilheira de Manilkara

maxima, Parinari alvimii e Harleyodendron unifoliolatum na Mata Atlântica do Sul da

Bahia. Acta Botanica Brasilica 25(4): 899-907.

Magurran, A.E. 1988. Ecological diversity and its measurement. Princeton University

Press, Princeton. 177 p.

Page 95: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

83

Marques, M.F.O.; Gusmão, L.F.P. & Maia, L.C. 2008. Riqueza de espécies de fungos

conidiais em duas áreas da Mata Atlântica no Morro da Pioneira, Serra da Jibóia, BA,

Brasil. Acta Botanica Brasilica 22(4): 954-961.

Meguro, M.; Vinueza, G.N. & Delitti, W.B.C. 1979. Ciclagem de nutrientes minerais na

mata mesófila secundária - São Paulo. I –Produção e conteúdo de nutrientes minerais no

folhedo. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 7: 11-31.

Ministério do Meio Ambiente. 2000. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da

biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Brasília: Conservation International

do Brasil, Fundação SOS Mata atlântica e Fundação Biodiversitas. 40p.

Nawawi, A.; Webster, J. & Davey, R.A. 1977. Dendrosporomyces prolifera gen et. sp.

nov., a basidiomycete with branched conidia basidial state of a clamped branched

conidium in freshwater. Transactions of the British Mycological Society 68: 59-63.

Polishook, J.D.; Bills, G.F. & Lodge, D.J. 1996. Microfungi from decaying leaves of two

rain forest trees in Puerto Rico. Journal of Industrial Microbiology 17: 284-294.

Santa Izabel, T.S.; Santos, D.S.; Almeida, D.A.C. & Gusmão, L.F.P. 2011. Fungos

conidiais do bioma Caatinga II. Novos registros para o continente americano, Neotrópico,

América do Sul e Brasil. Rodriguésia 62(2): 229-240.

Sarma, V.V. & Vittal, B.P.R. 2000. Biodiversity of mangrove fungi on different substrata

of Rhizophora apiculat aand Avicennia spp. from Godavari and Krishna deltas, east coast

of India. In: K.D. Hyde, W.H. Ho & S.B (eds). Pointing. Aquatic Mycology across the

Millennium. Fungal Diversity 5: 23-41.

Schoenlein-Crusius, I.H. 2002. Aquatic Hyphomycetes from cerrado regions in the state of

São Paulo, Brazil. Mycotaxon 81: 457-462.

Schoenlein-Crusius, I.H. & Grandi, R.A.P. 2003. The diversity of aquatic hyphomycetes in

south America. Brazilian Journal of Microbiology 34: 183-193.

Page 96: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

84

Schoenlein-Crusius, I.H. & Milanez, A.I. 1989. Sucessão fúngica em folhas de Ficus

microcarpa L.F., submersas no Lago Frontal situado no Parque Estadual das Fontes do

Ipiranga, São Paulo. Revista de Microbiologia 20(1): 95-101.

Schoenlein-Crusius, I.H. & Milanez, A.I. 1998. Fungal succession on leaves of Alchornea

triplinervea (Spreng) M.Arg. Submerged in a stream of an Atlantic rainforest in the State

of São Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Botânica 21(3): 253-259.

Schoenlein-Crusius, I.H.; Moreira, C.G. & Bicudo, D.C. 2009. Aquatic Hyphomycetes in

the Parque Estadual das Fontes do Ipiranga – PEFI, São Paulo, Brazil. Revista Brasileira

de Botânica 32(3): 411-426.

Shearer, C.A. & Raja, H.A. 2013. Freshwater Ascomycetes Database. Disponível em:

http://fungi.life.illinois.edu/. Acesso em 12 de janeiro de 2013.

Shearer, C.A.; Descals, E.; Kohlmeyer, B.; Kohlmeyer, J.; Marvanová, L.; Padgett, D.;

Porter, D.; Raja, H.A.; Schmit, J.P.; Thorton, H.A. & Voglymayr, H. 2007. Fungal

biodiversity in aquatic habitats. Biodiversity Conservation 16: 49-67.

Sivichai, S.; Lones, E.B.G. & Hywel-lones, N.L. 2000. Fungal colonisation of wood in a

freshwater stream at KhaoYai National Park, Thailand. In: Hyde, K.D.; Ho, W.H. &

Pointing, S.B. (Eds). Aquatic Mycology across the Millennium. Fungal Diversity 5: 71-88.

Thomas, K. 1996. Freshwater fungi. Pp. 1-37. In: Grgurinovic (ed.). Fungi of Australia.

Australian Biological Resources, Canberra.

Thomas, W.W. & Britton, E.G. (Ed.). 2008. The Atlantic coastal forest of Northeastern

Brazil. The New York Botanical Garden, New York. 586 p.

Trappe, J.M. & Schenck, N.C. 1982. Taxonomy of the fungi forming Endomycorrhizae.

Pp. 1-9. In: Schenck, N.C. (Ed). Methods and principles of Mycorrhizae research. The

American Phytopatological Society, Saint Paul.

Page 97: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

85

Vannote, R.L.; Minshall, W.G.; Cummins, K.W.; Sedell, J.R. & Cushing, C.E. 1980.The

river continuum concept. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences 37: 130–37.

Velloso, A.L.; Sampaio, E.V.S.B. & Pareyn, F.G.C. (Eds). 2002. Ecorregiões: Propostas

para o bioma Caatinga. Resultados do Seminário de Planejamento Ecorregional da

Caatinga/Aldeia-PE. Associação Plantas do Nordeste; Instituto de Conservação Ambiental

The Nature Conservancy do Brasil, Recife. 76 p.

Wong, K.M.K.; Goh, T.K.; Hodgkiss, I.J.; Hyde, K.D.; Ranghoo, V.M.; Tsui, C.M.K.; Ho,

W.H.; Wong, W.S. & Yuen, T.C. 1998. The role of fungi in freshwater ecosystems.

Biodiversity and Conservation 7: 1187-1206.

Page 98: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

86

CONCLUSÕES GERAIS

Foram encontradas 90 espécies de fungos conidiais associados a substratos vegetais

submersos, o que denota uma alta riqueza para o Bioma Caatinga;

Os hifomicetos são encontrados em número muito maior que os coelomicetos,

associados a substratos vegetais submersos;

Os novos registros de fungos aquático-facultativos para o Brasil e para o continente

americano, bem como a nova espécie aqui apresentada, mostram a importância da

investigação da biodiversidade desse grupo de fungos no Bioma Caatinga, a fim de

ampliar a distribuição geográfica dessas espécies;

Dezesseis espécies foram registradas pela primeira vez no ambiente aquático, sendo

classificadas como aquático-facultativas, o que demonstra a necessidade de mais

estudos taxonômicos para se conhecer melhor as espécies de fungos que estão

presentes neste ambiente, assim como estudos de ecologia para melhor delimitar os

grupos;

Não houve uma grande variação de riqueza de fungos conidiais entre as áreas,

contudo apresentaram composições distintas;

A maior riqueza de espécies de fungos em relação ao tipo de substrato ocorreu

associada à lâmina foliar, este fato pode ser atribuído às folhas terem apresentado

maior biomassa em todas as coletas;

As áreas de estudo apresentaram baixa similaridade em relação às comunidades de

fungos, o que pode ser associado à diferença na flora de cada local, no fluxo d‟água

e na disponibilidade de substratos vegetais;

O Bioma Caatinga apresentou uma grande biodiversidade de fungos associados à

substratos vegetais submersos, podendo ser considerado um verdadeiro reservatório

de fungos, com muitas espécies ainda a serem descobertas, necessitando assim de

mais estudos e de ampliar ainda mais as áreas a serem estudadas neste Bioma;

O presente estudo também pode subsidiar futuros trabalhos de conservação de

biodiversidade.

Page 99: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

87

ANEXO

Page 100: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

88

Tabela 1: Espécies de fungos conidiais associados à substratos vegetais submersos depositados na coleção de Cultura de Microrganismos da

Bahia: métodos de preservação em óleo mineral e Castellani.

Espécies Local de coleta Óleo mineral Castellani Nº da coleção

Arthrobotrys oligospora Fresen. PARNA de Ubajara X X 0171/12

Beltrania rhombica Penz. PARNA da Serra das Confusões X X 0069/11

Beltrania rhombica Penz. Brejo Paraibano

X 001/12

Beltrania africana S. Hughes PARNA de Ubajara

X 0172/12

Clonostachys rosea (Link) Schroers, Samuels, Seifert & W. Gams Brejo Paraibano X X 002/12

Dendryphiella vinosa (Berk. & M.A. Curtis) Reisinger PARNA de Ubajara

X 0247/12

Dictyochaeta britannica (M.B. Ellis) Whitton, McKenzie & K.D. Hyde PARNA de Ubajara X X 0251/12

Dictyochaeta fertilis (S. Hughes & W.B. Kendr.) Hol.-Jech. Brejo Paraibano

X 0163/11

Dictyochaeta simplex (S. Hughes & W.B. Kendr.) Hol.-Jech PARANA de Ubajara X X 004/11

Dictyochaeta simplex (S. Hughes & W.B. Kendr.) Hol.-Jech Serra da Jibóia X X 0125/11

Dischloridium gloeosporioides (G.F. Atk.) U. Braun & K. Schub PARANA de Ubajara

X 0170/12

Ingoldiella hamata D.E. Shaw Serra da Jibóia

X 0135/11

Phaeoisaria clematidis (Fuckel) S. Hughes Brejo Paraibano X X 006/12

Phaeoisaria clematidis (Fuckel) S. Hughes PARNA de Ubajara X X 0245/12

Speiropsis scopiformis Kuthub. & Nawawi PARNA da Serra das Confusões X X 0051/11

Sporoschisma saccardoi E.W. Mason & S. Hughes PARNA de Ubajara X X 0248/12

Stachybotrys chartarum (Ehrenb.) S. Hughes Serra da Jibóia X X 0115/11

Stachybotrys chartarum (Ehrenb.) S. Hughes Brejo Praibano X X 0171/11

Torula herbarum (Pers.) Link PARNA de Ubajara

X 0163/12

Táxon não identificado 1 PARNA de Ubajara X X 0246/12

Táxon não identificado 2 PARANA da Serra das Confusões X X 0051/11

Page 101: FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS … · pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da

89