aspectos ecolÓgicos da comunidade fitoplanctÔnica … · pelas singularidades dos sistemas...

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JOSÉ BRAZ DAMAS PADILHA ASPECTOS ECOLÓGICOS DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA DE ÁGUAS DO ALTO TRECHO DA BACIA DO RIO PARANÃ, GOIÁS, EM PERÍODOS DE CHUVA E SECA. Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre, pelo Curso de Pós-graduação do Departamento de Ecologia do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília. Orientadora: Maria do Socorro Rodrigues BRASÍLIA 2005

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JOSÉ BRAZ DAMAS PADILHA

ASPECTOS ECOLÓGICOS DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA

DE ÁGUAS DO ALTO TRECHO DA BACIA DO RIO PARANÃ, GOIÁS,

EM PERÍODOS DE CHUVA E SECA.

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre, pelo Curso de Pós-graduação do Departamento de Ecologia do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília. Orientadora: Maria do Socorro Rodrigues

BRASÍLIA

2005

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A Léia e Braz (mãe e pai)

Ina e Jú (minhas irmãs)

DEDICO

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Ser humilde como o grão de areia,

Nobre como o ouro,

Firme como o diamante,

Puro como o cristal,

E, principalmente, útil como a água.

(Karl Dorizzon, poeta curitibano)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que ajudaram na realização deste trabalho, em

especial:

À Profª.Drª. Maria do Socorro Rodrigues, com imensa gratidão, pela

orientação, compreensão, e amizade, yoroshiku onegai itashimasu!

À Profª.Drª. June Springer de Freitas pela amizade, conselhos, sugestões em

todo o desenvolvimento do trabalho e à Profª.Drª. Cláudia Padovesi Fonseca pelos

mesmos motivos a partir do segundo ano de mestrado.

À Profª.Drª. Marias das Graças Machado pelo auxílio em taxonomia,

sugestões e amizade.

À Profª.Drª. Alessandra Giani pela leitura do trabalho e sugestões de

aprimoramento.

À Profª.Drª. Maria Júlia Martins Silva pela coordenação do projeto

PROBIO/MMA, que permitiu a realização deste trabalho.

Ao Prof.Dr. Geraldo Boaventura pela cessão de seu laboratório para a

realização das análises químicas.

À Profª.Drª. Ina Nogueira, pelo auxílio na identificação de algas e sugestões.

À Profª.Drª. Vera Lúcia Huszar pelas sugestões e fornecimento de bibliografia.

Ao corpo técnico-administrativo da UnB, em especial a Fabiana Nascimento e

Hugo Leonardo pelos apoios prestados.

Aos amigos e colegas da pós-graduação em Ecologia e em Biologia Animal:

Sheila Rodovalho, Pablo Sebastian, Raquel Ribeiro, Ana Luíza Caldas, Luís

Augustinho, Ana Paula de Oliveira, Meyr Cruz, Alan Fecchio e Clarissa

Knoechelmann, especialmente aos últimos pela harmoniosa convivência sob o

mesmo teto e diversos auxílios.

Aos colegas e amigos do Laboratório de Limnologia: Luciana Galvão, Gustavo

Mozzer, Mariana Philomeno, Bruno Anzolin, Roni Ivan Rocha de Oliveira, Ciro Joko,

Elisa Murakami, Simone Nogami, Luis Vitali e Luciana Arutim Ádamo, pelos auxílios,

companheirismo e amizade.

A Bárbara Fonseca pelas sugestões, auxílio em taxonomia, esclarecimento de

dúvidas e amizade.

À Drª. Regina Vilarinho e a Karen Vilarinho pela amizade e dicas profissionais.

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À Adriana Marinho Fernandes pela amizade, conselhos, dicas e especial

atenção nas análises estatísticas.

Ao Clayton Andreoni Batista e Ricardo Rocha Pavan Silva, pela amizade,

companheirismo e pelo grande auxílio em campo.

À Elizabeth Cristina Arantes de Oliveira por quem tenho gratidão pelas dicas e

ajuda irrestrita em todo o projeto, pela fraternal amizade, também à sua família e

amigos.

Aos meus tios, Cleusa e Geraldo Paixão, e primo André, pela acolhida na

chegada em Brasília.

Aos amigos de Curitiba pelo incentivo e pelas conquistas simultâneas, mesmo

à distância.

Aos meus pais e irmãs pela minha formação pessoal e profissional e ao total

apoio.

À CAPES e ao CNPq pelo auxílio financeiro e ao Programa de Pós-graduação

em Ecologia, nas pessoas dos professores Helena Castanheira de Morais e John du

Vall Hay.

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SUMÁRIO

Agradecimentos................................................................................................................ iv

Resumo............................................................................................................................ viii

Abstract............................................................................................................................. ix

1. Introdução..................................................................................................................... 1

1.1 Caracterização e ecologia de ambientes lóticos.................................................... 1

1.2 Ecologia do fitoplâncton......................................................................................... 2

1.3 O estudo do fitoplâncton de rios............................................................................ 4

2. Material e Métodos....................................................................................................... 6

2.1 Descrição geral da área......................................................................................... 6

2.2 Amostragem........................................................................................................... 7

2.2.1 Estações , freqüência e período de coleta...................................................... 7

2.2.2 Coleta, preservação e análise das amostras.................................................. 14

2.3 Fitoplâncton........................................................................................................... 14

2.3.1 Análise qualitativa........................................................................................... 14

2.3.2 Análise quantitativa......................................................................................... 14

2.3.3 Clorofila a........................................................................................................ 15

2.3.4 Biovolume....................................................................................................... 16

2.4 Análise e processamento dos dados..................................................................... 16

2.4.1 Estrutura das comunidades............................................................................ 16

2.4.1.1 Riqueza de espécies................................................................................ 16

2.4.1.2 Índice de diversidade............................................................................... 17

2.4.1.3 Índice de equitabilidade........................................................................... 17

2.4.2 Análises estatísticas........................................................................................ 17

3.Resultados..................................................................................................................... 18

3.1 Variáveis físicas e químicas................................................................................... 18

3.1.1 Pluviosidade.................................................................................................... 18

3.1.2 Temperatura da água...................................................................................... 18

3.1.3 Potencial hidrogeniônico (pH) ........................................................................ 19

3.1.4 Condutividade elétrica..................................................................................... 20

3.1.5 Sólidos totais dissolvidos (STD) ..................................................................... 21

3.1.6 Oxigênio dissolvido (OD) ................................................................................ 22

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3.1.7 Nutrientes........................................................................................................ 23

3.2 Comunidade fitoplanctônica................................................................................... 24

3.2.1 Clorofila a........................................................................................................ 24

3.2.2 Composição florística e freqüência de ocorrência ......................................... 25

3.2.3 Densidade e Biovolume.................................................................................. 27

3.2.4 Índices de diversidade e equitabilidade.......................................................... 29

3.3 Relações entre variáveis físicas, químicas e biológicas........................................ 31

4. Discussão..................................................................................................................... 35

4.1 Variáveis físicas e químicas................................................................................... 35

4.2 Estrutura da comunidade fitoplanctônica............................................................... 36

5. Conclusões................................................................................................................... 44

5.1 Recomendações.................................................................................................... 44

Referências Bibliográficas................................................................................................ 45

Anexos.............................................................................................................................. 55

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ASPECTOS ECOLÓGICOS DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA DE ÁGUAS DO ALTO TRECHO DA BACIA DO RIO PARANÃ, GOIÁS, EM PERÍODOS DE SECA E CHUVA. A bacia do Rio Paranã, afluente do Rio Tocantins, localizada na porção nuclear do Bioma Cerrado, foi investigada em seu alto trecho, em 26 pontos amostrais, nos aspectos da composição da comunidade fitoplanctônica, exceto diatomáceas, em duas épocas do ciclo hidrológico (seca-agosto/2003; chuva-março/2004). Atributos da comunidade como diversidade, riqueza, densidade, biovolume e clorofila-a, foram relacionados com variáveis físicas e químicas da água determinadas em campo (pH, condutividade elétrica, temperatura da água, oxigênio dissolvido, sólidos totais dissolvidos) e laboratório (Fósforo total e Nitrogênio inorgânico dissolvido). A condutividade elétrica e os sólidos totais dissolvidos oscilaram consideravelmente, não sendo possível distinguir um padrão nem temporal nem tão pouco espacial com relação a essas variáveis. Quanto ao pH, temperatura da água, oxigênio dissolvido e clorofila, houve pouca variabilidade tanto nos pontos coletados quanto no período amostral. Foram registrados 314 táxons distribuídos em 8 classes (Chlorophyceae, 32,96%; Bacillariophyceae, 26,30%, Zygnemaphyceae, 19,17%, Cryptophyceae, 8,99%, Cyanophyceae, 5,68%, Euglenophyceae, 4,20%, Dinophyceae, 1,38%, Crysophyceae, 1,24%). A densidade do fitoplâncton variou de 21 ind./mL a 696 ind./mL, com valores mais homogêneos registrados ao longo de onze trechos na porção intermediária da área de estudo. O volume celular foi diversificado com máximos alternando entre estações e época de coleta, tendendo a maiores valores na estação seca. Os índices de diversidade estiveram entre 1,3 bits/ind. e 3,8 bits/ind., com uniformidade ao longo dos 26 pontos amostrados, com exceção dos brejos, durante o período chuvoso. A equitabilidade apresentou resultados bastante uniformes no período de estudo. Os ambientes lóticos mostraram-se distintos dos lênticos quanto à análise de agrupamento.ao passo que a análise de componentes principais realizada entre variáveis físicas e químicas e a densidade de classes explicou 34% da variância dos dados. Este trabalho, referente à porção mais a montante da bacia do Rio Paranã, evidenciou a maior diversidade da comunidade fitoplanctônica das áreas úmidas, com recomendações ao aprofundamento do seu estudo, como subsídio à conservação da diversidade biológica e utilização sustentável das bacias hidrográficas do Bioma Cerrado. Palavras-chave: Ecologia, comunidade fitoplanctônica, alto trecho, Rio Paranã, Goiás.

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ECOLOGICAL ASPECTS OF THE PHYTOPLANKTON COMMUNITY IN THE HEADQUARTERS OF THE PARANÃ RIVER BASIN, GOIÁS, BRAZIL, IN DRY AND RAINY PERIODS. The Paranã River basin, tributary of the Tocantins River, located in the nuclear portion of the Cerrado, a tropical savanna, was investigated on its headquarters, at 26 points on the aspects of the phytoplankton community composition, except diatoms, at two times of the hydrological cycle (dry period-August/2003; rainy period-March/2004). Attributes of the community as diversity, richness, density, biovolume and chlorophyl a, had been related with physical and chemical variables of the water, determined in the field (pH, electric conductivity, temperature of the water, dissolved oxygen, dissolved total solids) and laboratory (total Phosphorus and dissolved inorganic Nitrogen). The electric conductivity and the dissolved total solids oscillated considerably, not being possible to distinguish a spatial and temporal standard with regard to these variables. Variables like pH, temperature of the water, dissolved oxygen and clorophyll a, showed little changes in the sampled points as during the study period. The total of 314 taxons had been registered distributed in 8 classes (Chlorophyceae, 32.96%; Bacillariophyceae, 26.30%, Zygnemaphyceae, 19.17%, Cryptophyceae, 8.99%, Cyanophyceae, 5.68%, Euglenophyceae, 4.20%, Dinophyceae, 1.38%, Crysophyceae, 1.24%). The phytoplankton density varied from 21 ind./mL to 696 ind./mL, with more homogeneous values throughout eleven stretches in the intermediate portion of the studied area. The cellular volume was diversified with maximum alternating between stations and sampling periods, with the biggest values in the dry season. The diversity indices varied between 1,3 bits/ind. and 3,8 bits/ind., with uniformity along the 26 points, with exception of the upper river portions, during the rainy period. The equitability showed uniform results along the study period. The lotic environments had revealed distinct characteristics of the lenthic ones regarding the grouping analysis. Pricipal component analysis between physical and chemical variables and its relation with class densities, explained 34% of the data variance. This work, related to the upper part of the Paranã River, evidenced the noticeable diversity of the phytoplankton community of the humid areas, and contains recommendations to further studies, as subsidy to the biological diversity conservation and sustainable use of the Cerrado river basins. Key-words: Ecology, phytoplankton community, headquarters, River Paranã, Goiás.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Caracterização e ecologia de ambientes lóticos

Os rios compõem as Bacias Hidrográficas consideradas um dos ecossistemas

mais dinâmicos do planeta (Souza, 1994; Poff, 2002), cujas peculiaridades são o

fluxo continuo e unidirecional da água e a entrada de matéria orgânica oriunda da

área de drenagem (Wetzel & Likens, 1991).

Descy (1993) caracterizou os rios pelo reduzido tempo de residência da água,

turbulência contínua, coluna de água normalmente não estratificada, alto aporte de

nutrientes e sedimento da bacia de drenagem, além de grandes concentrações de

material em suspensão.

Pelas singularidades dos sistemas lóticos, o estudo da ecologia de águas

correntes passa por visões diversificadas, sob aspectos inter e/ou multidisciplinares.

Várias teorias sobre a ecologia de rios têm sido desenvolvidas sob a influência do

tipo de localização geográfica do sistema objeto de investigação (Ward et al., 2002).

Este autor agrupou alguns princípios de ecologia aquática continental de

acordo com diferentes abordagens. Os que tratam de análise de gradiente:

zonação em riachos (Ilies & Botosaneanu, 1963), o conceito do contínuo fluvial, ou

conceito do rio contínuo (Vannote et al., 1980), corredor hiporréico (Stanford & Ward,

1993);da ênfase em distúrbios: a teoria dos pulsos de inundação, ou pulsos

hidrológicos (Junk et al., 1989) e descontinuidade serial (Ward & Stanford, 1995),

quanto aos ecótonos existe a perspectiva de limites (Naiman & Dêcamps, 1997).

Além disso, existem as teorias da hierarquia de captação (Frissell et al., 1986) e da

conectividade hidrológica (Amoros & Roux, 1988). Nilsson & Svedmark (2002)

mencionam também a estrutura em quatro dimensões (Ward, 1989) e o regime de

fluxo natural (Poff et al., 1997).

Outros modelos aplicados à ecologia de rios são: a hipótese da perturbação

intermediária (Connel, 1978), a espiral de nutrientes (Elwood et al. 1983) e a teoria

das dinâmicas de mancha (Pringle et al., 1988). Pode-se afirmar que as teorias são

complementares e todas têm como meta desvendar os fatores chave que

influenciam os ambientes lóticos e a discussão sobre variáveis espaciais e temporais

que refletem sua dinâmica.

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Nos países tropicais, sobretudo na América Latina, com suas extensas bacias

hidrográficas, as planícies de inundação são bastante pesquisadas. Junk et al.,

(1989) baseado em estudos de planícies alagáveis geraram a idéia de que a

inundação é a força que regula a estrutura das comunidades aquáticas e o

funcionamento desse tipo de ecossistema, com ênfase no rápido aporte e ciclagem

de nutrientes.

O conceito do contínuo fluvial é o mais amplamente difundido. Pelo fato de

ser criado a partir da análise do gradiente longitudinal de rios temperados e

relativamente pequenos, tem sua aplicação questionada em rios tropicais

(Tumwesigye et al., 2000). Vannote et al. (1980), descrevem o gradiente de

condições físicas e químicas e as respostas biológicas associadas desde a

cabeceira até a foz de um rio, considerando a ordem do córrego, o tipo de material

particulado e a fauna de invertebrados bentônicos, levando em consideração as

diferenças nas taxas de produção, respiração e biomassa ao longo do contínuo.

Complementando a teoria do contínuo fluvial, o conceito das dinâmicas de

mancha ou de mosaicos, considera que o regime hidráulico e a heterogeneidade

espacial do rio formam manchas bióticas com características particulares ao longo

do rio, mas com forte interação (Marques, 2003).

1.2 Ecologia do fitoplâncton

A comunidade de algas é de grande relevância na diversidade biológica dos

ecossistemas aquáticos continentais devido ao grande número de espécies e alta

proporção na biodiversidade total destes sistemas (Carney, 1998).

Em ambientes lóticos o fitoplâncton não apresenta o mesmo desempenho

multiplicativo dos lênticos tendo suas maiores taxas de crescimento e populações

nos locais onde as águas permanecem mais paradas, sendo a riqueza bastante

significativa e baixa densidade (Souza, 1994).

Diferentes fatores regulam o desenvolvimento do fitoplâncton de rios, quais

sejam: variáveis físicas (luz, temperatura), químicas (gases, nutrientes inorgânicos,

íons) e bióticas (herbivoria) cujas respostas, ao contrário de águas lênticas, são

influenciadas principalmente pelo fluxo a que estão submetidos.

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A ecologia do fitoplâncton tem sido caracterizada a partir de modelos que se

baseiam em dois tópicos: a teoria da competição e as dinâmicas tróficas (Graham,

2000).

Interações biológicas, como a competição, são importantes em estudos de

comunidade. Hutchinson (1967) propôs o conceito do “Paradoxo do Plâncton” onde

se questiona como podem as espécies em sua máxima densidade coexistir em

pequenos volumes de água sendo o princípio de exclusão competitiva uma regra.

Poucas idéias em ecologia aquática têm gerado mais pesquisas que este paradoxo

(Scheffer et al., 2003). O próprio Hutchinson (1967) opunha a variabilidade ambiental

na escala das algas como uma possível explicação, a qual também é debatida por

diversos autores como Richerson et al. (1970), Tilman (1982), Harris (1986), Padisák

et al. (1993), Huisman & Weissing (1999) e Scheffer et al. (2003).

A idéia focada em dinâmica trófica diz respeito ao controle descendente (top

down control) onde a herbivoría controla o plâncton, tendo como conceito oposto o

controle ascendente (bottom up control) no qual a manutenção do fitoplâncton é

controlada pelos nutrientes (Graham, 2000).

O Paradoxo do Potamoplâncton, como ficaram reconhecidas as idéias

expostas por Reynolds (1988), trata da dificuldade em deduzir como um sistema

aberto e corrente pode sustentar uma microflora em suspensão, a qual parece mais

dependente das taxas de crescimento, pois sua manutenção necessita que elas

sejam maiores que a remoção por escoamento (Reynolds, 1996).

Pontos de retenção do fluxo da água, zonas mortas, podem fazer com que o

fitoplâncton tenha capacidade de manutenção de inóculos. As zonas mortas

possibilitariam a manutenção da biomassa maior que a suportada em um fluxo

homogêneo segundo Reynolds (1994), talvez por isso as comunidades de

ambientes lóticos devem ser mais apropriadamente vistas como um mosaico, que

corresponde às condições físicas e variáveis relacionadas (Pringle et al., 1988).

Reynolds et al. (1994), relatam que há poucos estudos sobre a ecologia do

fitoplâncton em áreas com alta turbulência, que é muito influenciada pelo material

em suspensão alterando a disponibilidade de luz e nutrientes, obrigando os

organismos a sobreviver num ambiente semelhante a lagos túrbidos. Essa

turbulência pode ser a causa das espécies dos sedimentos (ticoplâncton) terem uma

representação considerável no plâncton de rios (Izaguirre & Vinocur, 1999).

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Para a adaptação em um ambiente com inúmeras características diferentes

ao longo de uma continuidade obrigatória, toda biota de rios é dotada de estratégias

para um melhor estabelecimento. A classificação de estratégias ecológicas para

plantas proposta por Grime (1979), onde existem as espécies, C, S e/ou R

estrategistas, foi adaptada por Reynolds (1988, 1997) para o fitoplâncton. Espécies

C-estrategistas são invasivas ou pioneiras, características do início da sucessão,

tendo um crescimento acelerado e alta razão superfície/volume (pequenas

clorofíceas e criptofíceas); R-estrategistas, ruderais e, nos rios, invasivas, toleram

ambientes turbulentos e túrbidos, são espécies de maiores tamanhos, em geral boas

antenas de luz; S-estrategistas, estresse-tolerantes, são aptas a viverem em

ambientes limitados por recursos, sendo organismos de maior tamanho, têm

crescimento lento e gradual. Nos ambientes lóticos espera-se o predomínio de

espécies C e R estrategistas.

Outro conceito, atualmente utilizado para ecologia do fitoplâncton, é o de

classificação funcional ou associações funcionais do fitoplâncton no qual Reynolds

(1980) atribuiu 14 diferentes associações de fitoplâncton que em Reynolds et al.

(2002), chegavam a 31 agrupamentos. Segundo Kruk et al. (2002) os grupos são

baseados em atributos fisiológicos, morfológicos e ecológicos das espécies,

podendo ocorrer em condições semelhantes, tendo suas biomassas aumentadas ou

diminuídas simultaneamente.

1.3 O Estudo de fitoplâncton de rios

As mais recentes pesquisas na área de ecologia do fitoplâncton têm usado a

classificação de associações funcionais proposta por Reynolds et al. (2002), como

as realizadas por Huszar & Caraco (1998); Padisák & Reynolds (1998); Huszar et al.

(2000). Poucos estudos aplicaram esses conceitos a ambientes lóticos: Soares,

(2003) em uma bacia hidrográfica no domínio da Mata Atlântica sob expressiva

influência antrópica e Oliveira (2004) em um sistema rio-represa na região do Distrito

Federal.

Rojo et al. (1994), em uma síntese sobre a ecologia do fitoplâncton em rios,

citam 16 trabalhos realizados em regiões tropicais, dos quais dois em rios do Brasil

(Tapajós, PA e Negro, AM). Na América do Sul são destacados os estudos nas

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planícies de inundação nas bacias do Paraná, Prata e Amazônica, na Argentina e

Paraguai destaca-se a produção de Garcia de Emiliani (1981; 1983; 1985; 1988;

1993; 1994; 1997) e Zalocar de Domitrovic (1998; 2002; 2003).

Barbosa et al. (1995) e Huszar (1999) em revisões sobre trabalhos de

ecologia do fitoplâncton no Brasil constataram a carência de estudos sobre o

fitoplâncton fluvial. Em nosso país, os estudos de fitoplâncton em águas correntes

concentram-se também nas planícies de inundação, sobretudo nas bacias do alto

Paraná (Train & Rodrigues, 2002) e Paraguai, região do Pantanal (Silva et al., 2000).

Na região Centro-oeste do país, mais especificamente no planalto central ou

cerrado brasileiro, onde nascem três das principais bacias hidrográficas nacionais

(Paraná, São Francisco e Tocantins), apenas três trabalhos envolvem a ecologia do

fitoplâncton em sistemas lóticos naturais, mas dentro de sistemas rio-represa: Abreu

(2001), Silva et al. (2001) e Oliveira (2004). Supõe-se que há no Brasil

monitoramentos realizados por usinas hidroelétricas e reservatórios em diversas

bacias, mas o registro sobre o conteúdo desses trabalhos são insuficientemente

disponibilizados em publicações científicas.

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1.4 Objetivos

1.4.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho, de caráter exploratório, foi conhecer a

comunidade fitoplanctônica do alto trecho de uma bacia hidrográfica pouco

impactada do cerrado brasileiro.

1.4.2 Objetivos específicos

? Identificar e listar as espécies da comunidade fitoplanctônica de diferentes pontos

do alto trecho da bacia do Rio Paranã.

? Comparar a estrutura da comunidade fitoplanctônica entre os períodos de chuva

e de seca.

? Comparar as comunidades entre os ambientes amostrados (rios e brejos).

? Verificar relações entre os fatores físicos, químicos e biológicos.

? Contribuir para o conhecimento da comunidade fitoplanctônica, com vistas à

conservação e utilização sustentável, de ambientes lóticos do bioma Cerrado.

1.5 Hipóteses

? A diversidade do fitoplâncton será alta, pois a heterogeneidade do cerrado e suas

perturbações moderadas favorecem a associação de diferentes espécies.

? A diversidade e densidade devem ser menores nos rios e córregos amostrados

do que nos brejos.

? Podem ocorrer mudanças nas variáveis físicas e químicas da água nos

ambientes lóticos, por isso são esperadas diferenças na composição de

comunidades fitoplanctônicas com o aumento em sua riqueza e diversidade no

período da seca.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Descrição Geral da Área

A bacia do Rio Paranã está localizada no planalto central do Brasil, porção

nuclear do bioma Cerrado, atualmente considerado um “hot spot” e reconhecido

como a savana mais rica do mundo em biodiversidade e presença de diversos

ecossistemas. O workshop “Ações prioritárias para a conservação da Biodiversidade

do Cerrado e Pantanal”, reconheceu a relevância ecológica desse bioma, sendo

ressaltada a necessidade de inventários com vistas ao conhecimento do seu

potencial e à sua conservação (MMA, 1999).

Pesquisadores da UnB e UFG, em concorrência ao edital do Ministério do

Meio Ambiente/PROBIO 02/2001, foram contemplados com recursos para

desenvolvimento do projeto “Inventário da biota aquática com vistas a conservação e

utilização sustentável do Bioma Cerrado (serra e vale do Rio Paranã)”, do qual a

presente dissertação constitui um subprojeto, voltado para a avaliação da

comunidade fitoplanctônica, exceto diatomáceas.

A bacia, com uma superfície de 5.940.382 ha, está distribuída nos estados de

Goiás e Tocantins sendo uma das formadoras da rede hidrográfica Tocantins,

constituída de diferentes sub-bacias locais. A área de estudo (Figura 1) localiza-se

entre as coordenadas (15°29’04’’S; 47°28’27’’W) e (13°09’57’’S; 46°36’45’’W), a

nordeste do Distrito Federal.

Na região ocorrem fitofisionomias como cerrado sentido restrito, cerradão,

matas ciliares e florestas estacionais deciduais. A vegetação vem sendo

fragmentada e continuamente ameaçada pela exploração madeireira, atividades

agropecuárias e outros distintos níveis de perturbações antrópicas (Scariot &

Sevilha, 2000), como presença de olarias e produção de carvão vegetal, observadas

no campo (Figura 2). Por ser considerada a última região para expansão da fronteira

agrícola no Estado de Goiás (Luíz, 1998), o governo formalizou a intenção de atrair

investimentos para o desenvolvimento sustentável da região (SEPLAN, 2003).

Em sua geologia a região é composta por rochas do embasamento da Sub-

província do Rio Paranã pertencente ao denominado Complexo Granito-Gnáissico. A

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unidade constitui um domínio transamazônico, com idades entre 1.750 e 2.000

milhões de anos, que contém núcleos arqueanos preservados É circundada por

relevos de planaltos e chapadas, constituindo uma região deprimida com altitudes

que oscilam entre 400 e 600m, alongada no sentido norte-sul (Sparrenberger &

Tassinari, 1999).

O clima da região pode ser classificado, segundo Köppen, como do tipo CW,

com temperaturas elevadas, chuva no verão e seca no inverno com médias anuais

de temperatura de 24 °C, pluviosidade de 1.500mm e umidade relativa de 60%. A

marcante sazonalidade aliada às características geológicas da região leva o cerrado

a ter inúmeras singularidades nos seus ecossistemas.

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FIGURA 1 Mapa da área de estudo na bacia do Rio Paranã com as estações de coleta (? ) e sua inserção geográfica em diferentes contextos. Fonte: Mapa maior: ANA(Agência Nacional de Águas), Mapas menores: Embrapa - Cenargen

Mapa da área de coleta no alto trecho da Bacia do Rio Paranã.

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FIGURA 2: Atividades econômicas desenvolvidas na região. a) Comercialização de

carvão vegetal. b) Produção de tijolos. Fotos:a) José B.D. Padilha b) Maria do

Socorro Rodrigues

2.2 Amostragem

2.2.1. Estações, freqüência e período de coleta

Foram realizadas duas coletas na área do alto trecho da Bacia do Rio Paranã

(Fig.1), uma no período de seca de 2003 (agosto) e outra na época chuvosa de 2004

(janeiro), em vinte e seis locais da bacia hidrográfica, da nascente a um último ponto

no rio principal. Os pontos de amostragem foram escolhidos entre brejos, córregos,

riachos e rios com características de preservação e pouco impactados (Tabela 1,

Figura 3).

b)

a)

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TABELA 1: Descrição sucinta das estações de coleta no trecho alto da bacia do Rio

Paranã, entre agosto de 2003 e março de 2004.

Número Nome Descrição Coordenada (UTM)

1 Nascente

Solo pedregoso e arenoso, leito com rochas e seixos, água túrbida. Briófitas submersas. Mata ciliar alterada. Largura média de 1,5m (Fig. 3)

0253392mW 8284147mN

2 Rio Salobro

Mata ciliar alterada, parcialmente conservada, gado próximo à margem. Leito areno-argiloso. Águas túrbidas, correnteza lenta. Largura aproximada: 10 m.

0254948mW 8301363mN

3 Rio Crixás

Mata ciliar muito alterada, água com correnteza lenta, túrbida, leito com sedimento arenoso, parte da margem com cobertura de capim e presença de gado próximo ao leito do rio. Largura aproximada: 10 m.

0257979mW 8305554mN

4 Rio Itiquira

Margem preservada, mata ciliar desenvolvida, correnteza forte, leito pedregoso, água turva. Largura aproximada: 5 m. (Fig. 3)

0239705mW 8322597mN

5 Rio Paranã 1

Margem com barranco argiloso. Mata ciliar precária, parcialmente destruída, leito com rochas escarpadas, água barrenta. Acesso de gado até à margem do rio. Águas rápidas e em determinada porção corredeiras. Largura aproximada: 30 m.

0254226mW 8291453mN

6 Brejo 2

Circundado por pasto, extensão e profundidade aproximada de 700m e 1,20 m, respectivamente. Presença de muitas macrófitas: Ninphaea, Trappa, Utricularia, ciperácea, entre outras. Água transparente. (Fig.3)

0234799mW 8322597mN

7 Rio Jataí

Margem desmatada, local de balneário, lixo na margem, leito arenoso, poucas pedras formando um pequena queda d´água. Largura aproximada: 20 m.

0235400mW 8327333mN

8 Rio Mato Grosso

Mata ciliar desmatada, água túrbida, leito com sedimento areno-argiloso, correnteza lenta próxima à ponte, aproximadamente 50 m rio abaixo com corredeiras, muitas pedras. Região de pasto.Largura aproximada: 5 m.

0252503mW 8327046mN

9 Rio Água Fria

Margem ciliar preservada, leito com grandes pedras, forte correnteza, Represa inativa no leito do rio, formato encaichoerado, águas transparentes, margem com diferentes ambientes alagados.

0235452mW 8333121mN

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Número Nome Descrição Coordenada (UTM)

10 Rio São Pedro Margem bastante desmatada, leito com pedras e silte, largura do rio aproximada: 50 m.(Fig. 3)

0242308mW 8366348mN

11 Córrego extrema

Mata ciliar pouco preservada, leito com rochas e pedras, ilha na região central com plantas, água levemente túrbida, correnteza pouco acentuada. Largura aproximada: 50m.

0252512mW 8378284mN

12 Córrego Ribeirão

Mata ciliar com muitas palmeiras, solo bastante úmido, provavelmente do escoamento de nascentes temporárias. Águas pouco túrbidas, correnteza levemente acentuada, leito com rochas e pedras. Plantas em pequenas ilhas.

0254398mW 8394417mN

13 Ribeirão Faria

Margem muito inclinada, mata ciliar parcialmente preservada, presença de capim colonião. Leito parcialmente coberto com pedras e sedimento areno-argiloso. Águas túrbidas.

0255718mW 8400929mN

14 Rio São Bartolomeu

Leito com poucas pedras, muito silte, águas túrbidas, correnteza pouco rápida. Mata ciliar preservada, largura aproximada: 50m.

0270466mW 8441573mN

15 Rio Forquilha Leito com seixos e pequenas rochas, correnteza forte. Largura do rio ± 0030m. Mata ciliar parcialmente preservada.

0285807mW 8455585mN

16 Ribeirão Piripiri *

Mata ciliar alterada com capim colonião próximo à margem. Leito com bastante sedimento, poucas pedras. Águas de coloração castanha. Sedimento na margem areno-argiloso.

0267784mW 8400929mN

17 Rio Paranã 2

Trecho no limite urbano de Flores de Goiás. Mata ciliar estreita. Trechos com gramíneas na margem, presença de macrófitas. Águas muito túrbidas e de correnteza lenta. Largura do trecho: aproximadamente 30 m. (Fig.3)

0273476mW 8400812mN

18 Brejo 03 *

Alagado tipo várzea, ao lado da rodovia, faixa estreita entre o cultivo de arroz irrigado. Macrófitas de diferentes tipos. Profundidade aproximada: 0,5m.

0281285mW 8391036mN

19 Rio dos Macacos

Leito argiloso-arenoso, águas túrbidas, com correnteza lenta. Mata parcialmente preservada, margem direita completamente alterada. Região utilizada como balneário com restos de alimento e lixo.

0283821mW 8400265mN

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Número Nome Descrição Coordenada (UTM)

20 Rio Correntes

Mata ciliar preservada. Rio profundo e largo (aproximadamente 100m) com águas túrbidas, muito barrentas, restos de vegetação. Chuva durante a coleta.

0291509mW 8417648mN

21 Rio Paranã 03

Trecho próximo à rodovia, margem direita próxima a um bar, pescadores. Rio de correnteza lenta, águas turbidas. Largura aproximada: 100m.(Fig.3)

0301277mW 8446280mN

22 Rio Água Quente

Chuva na hora da coleta, água com muito sedimento areno-argiloso, forte correnteza, vegetação marginal presente, largura do rio aproximada: 20m.

0323363mW 8459039mN

23 Rio São Mateus Margem em escarpa rochosa, leito rochoso (basalto) vegetação marginal presente, largura aproximada:30m.

0321706mW 8472462mN

24 Brejo 1 *

Ao lado da estrada, água transparente. Presença de muitas macrófitas. Profundidade aproximada: 1m.

0321789mW 8470819mN

25 Córrego morcego Leito com seixos e rochas, correnteza acentuada. Largura aproximada de 15 m.

0297438mW 8482471mN

26 Rio Paranã 4

Margem esquerda próxima à balsa de veículos. Correnteza lenta, água túrbida. Mata ciliar preservada, largura aproximada: 100m.(Fig.3)

0305648mW 8488121mN

* ? ambientes secos na estiagem

Os materiais utilizados, transporte e encargos para a realização das coletas e

análise das amostras foram fornecidos pela coordenação do projeto “Inventário da

biota aquática com vistas à conservação e utilização sustentável do Bioma Cerrado

(serra e vale do Rio Paranã)”, Laboratório de Limnologia, Departamento de Ecologia,

Programa de Pós-graduação em Ecologia e Laboratório de Geoquímica da

Universidade de Brasília.

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Figura 3: Estações amostrais. Período chuvoso: a) Nascente b) Brejo 2, c) Rio

Itiquira. Estiagem: d) Rio São Pedro e)Rio Paranã 2 f) Rio Paranã 3 g) Rio Paranã 4.

Fotos:a)b)c) José B. D. Padilha d)e)f)g) Maria do Socorro Rodrigues

a) b)

c)

e) f)

g)

d)

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2.2.2 Coleta, preservação e análise das amostras

As análises físicas e químicas como temperatura, pH, condutividade elétrica,

sólidos totais dissolvidos e oxigênio dissolvido foram realizadas em campo com

sensor, marca Hach. Para a determinação dos nutrientes, cuja coleta não foi

realizada em todos os pontos (N=16), a água foi acondicionada em recipientes

plásticos e mantida sob refrigeração até à sua análise no Laboratório de Geoquímica

da Universidade de Brasília – LAGEQ, mediante o método colorimétrico, cuja leitura

foi feita em espectrofotômetro HACH, modelo DR 2000 (APHA, 1995).

As amostras para análises quantitativas do fitoplâncton foram coletadas

manualmente na sub-superfície da água, dos diversos ambientes, com frasco âmbar

e fixadas com solução de lugol (200 mL de água destilada, 20 g de iodeto de

potássio, 10 g de iodo metálico e 20 mL de ácido acético glacial). Para a análise

qualitativa foram obtidas amostras com rede de 20 µm de abertura de malha,

acondicionadas em frascos ”snap-cap” e fixadas com solução de Transeau (6 partes

de água destilada, 03 de álcool etílico a 95% e 1 de formol).

2.3 Fitoplâncton

2.3.1 Análise Qualitativa

As algas foram identificadas até o menor nível taxonômico possível, mediante

análise de características morfológicas e morfométricas, com apoio de taxonomistas

e suporte da seguinte bibliografia: Prescott (1962;1978), Joly (1963), Bourrely

(1966;1968;1970;1972), Fott (1971), Komarek (1974;1983), Komarek & Fott (1983),

Bicudo & Bicudo (1970), Smith (1950), Philipose (1967), Hino & Tundisi (1984) e Cox

(1996).

2.3.2 Análise Quantitativa

A densidade das populações de algas foi estimada pelo método de Ütermohl

(Lund, 1958) em microscópio invertido Zeiss modelo Telaval 31, com aumento de

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400 vezes. A câmara de sedimentação utilizada variou em função da densidade de

algas e/ou detritos presentes na amostra, podendo ser de 5, 10 ou 25 mL.

Nas amostras com grande quantidade de algas, a contagem de campos

ocorreu até o número de indivíduos das espécies dominantes atingirem um total de

no mínimo 100 indivíduos. Quando as algas ocorriam em pequenas quantidades e

os detritos eram abundantes, foram contados tantos indivíduos quantos os

necessários para se estabilizar o número de espécies adicionadas por campo,

garantindo uma representatividade qualitativa mínima das espécies (Huszar, com.

pess.). Os campos de contagem foram distribuídos aleatoriamente em transectos

verticais e horizontais paralelos em toda a área da câmara. Células, colônias,

cenóbios e filamentos foram considerados como indivíduo.

Para determinar a densidade de indivíduos por unidade de volume utilizou-se

a seguinte fórmula, considerando-se unidade fundamental de contagem o campo do

microscópio.

D= N / V cont

Onde:

D= densidade de algas (indivíduos/L)

N= número de indivíduos contados na amostra

V cont= volume contado ao microscópio calculado a partir do número de campos

contados na amostra multiplicado pelo volume de cada campo na câmara de

sedimentação para aumento de 400X (1,6 x 10-6 mL, 3,2 x 10-6 mL e 8 x 10-6 mL nas

câmaras de 5 mL, 10 mL e 25 mL, respectivamente).

2.3.3. Clorofila-a

Para extração da clorofila-a foi realizada filtração de volumes de água

coletada,na faixa de 200 mL a 1000 mL de acordo com a densidade de fitoplâncton,

em filtro Millipore de 47 mm de diâmetro com poro de 0,47µm de diâmetro (Wetzel &

Likens, 1979).

A clorofila-a foi extraída com clorofórmio-metanol na proporção de duas

partes de clorofórmio para uma de metanol (2:1) (Folch et al, 1957). Posteriormente,

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faz-se a leitura em espectrofotômetro, em comprimentos de onda de 665 e 750 nm,

cujo cálculo da concentração foi realizado com a seguinte equação:

Concentração de clorofila (µg/L)= P .(A665 –A750) . 1000 . V/S . PL

Onde:

P = fator 13,2 mg.cm / L (constante de proporcionalidade derivada do coeficiente de

extração molar do clorofórmio e metanol).

A665 e A750 = leitura ao espectrofotômetro da absorbância aos comprimentos de

onda de 665 e 750 nm

V= volume do extrator em mL

S= volume filtrado em mL

PL= caminho óptico da cubeta do espectrofotômetro (em cm)

2.3.4 Biovolume

O biovolume (mm³/L) foi estimado multiplicando as densidades das espécies

pelo volume médio de suas células, considerando em média 25 indivíduos da

mesma espécie.

O biovolume foi calculado a partir das dimensões celulares aplicando fórmula

de sólidos geométricos correspondentes ao formato das células, para isso foi

utilizado o programa Imageproexpress (Media Cybernetics, 1993), além de

fotografias e desenhos em microscópio dotado de câmara clara.

Não sendo possível a medida de todas as dimensões algais, os volumes

foram estimados de fotografias e dados da literatura.

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18

2.4 Análise e Processamento dos Dados

2.4.1 Estrutura das Comunidades

2.4.1.1 Riqueza de espécies

A riqueza de espécies consistiu no número de táxons presentes em cada

amostra quantitativa analisada em todos os ambientes, tanto na seca quanto na

chuva..

2.4.1.2 Índice de diversidade

A diversidade foi estimada para cada ponto de amostragem e época de coleta

pelo índice de Shannon-Wienner (Zar,1996), pela fórmula H’=-? pilog2pi, onde:

H’=índice de diversidade

pi= Ni/N

Ni= Número total de indivíduos de cada espécie

N= Número total de indivíduos da amostra

2.4.1.3 Índice de equitabilidade

A equitabilidade das espécies (J’) foi inferida com base no índice de Pielou

(Ludwig & Reynolds, 1988), pela fórmula J’= H’/ H’máx, onde:

H’ = diversidade da amostra

H’máx= diversidade máxima da amostra

S = número de espécies da amostra.

2.4.2 Análises estatísticas

A análise de componentes principais (ACP) foi utilizada para a compreensão

da relação entre as variáveis físicas e químicas e a distribuição do fitoplâncton. Os

dados utilizados para a análise foram: densidade e biovolume das classes

fitoplanctônicas e os valores das variáveis físicas e químicas em cada ponto no

período de estudo. Os valores de pH foram logaritmizados para os cálculos

estatísticos.

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19

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04

Meses

Plu

vio

sid

ade

(mm

)

A análise de “cluster” (dendrograma de análise de agrupamento) foi

selecionada para a representação da similaridade em porcentagem entre os pontos

de coleta. Na realização desta análise todos os resultados obtidos em cada estação

de coleta, nos diferentes períodos de estudo, foram agrupados para gerar os

dendrogramas.

O pacote estatístico Systat, versão 7.0 (Wilkinson, 1990), foi utilizado para

efetuar as análises.

3. Resultados

3.1 Variáveis físicas e químicas

3.1.1 Pluviosidade

A pluviosidade mensal, durante o período de estudo, variou de 1,2 mm3 no

mês de setembro/2003 a 388 mm3 em fevereiro/2004. Nos meses de agosto e

setembro a precipitação pluviométrica foi baixa, nunca excedendo 18,4 mm. Entre

fevereiro e março, os valores foram maiores, correspondendo ao período de

torrenciais chuvas, com índice máximo de 74 mm/dia (Figura 04).

Figura 04. Pluviosidade mensal (mm) na região do alto trecho da

Bacia do Rio Paranã (cidade de Formosa,GO) entre agosto de

2003 a março de 2004. Dados fornecidos pela Embrapa –

CNTIA.

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20

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Estações de coleta

Tem

pera

tura

(ºC

)

Seca Chuva

3.1.2 Temperatura da água

A temperatura da água apresentou ao longo de cada um dos períodos

amostrais uma variação relativamente uniforme (Figura 05), com amplitudes na faixa

de 12,2 ºC na estação seca e 7 ºC no período de chuvas. Os menores valores

registrados foram 22,2 ºC no ponto 15, correspondente ao Rio Forquilha durante a

estiagem e 19,7 ºC, no ponto 1, nascente, durante a estação chuvosa. As

temperaturas máximas foram no período de chuva 35 ºC no ponto 18, brejo, e, na

estiagem, 26,6 ºC no ponto 17, Rio Paranã 2. (Fig. 05).

Figura 05: Temperatura da água (ºC) nas estações de coleta do alto

trecho da bacia do Rio Paranã em agosto de 2003 e em março de

2004. Estações de coleta secas na estiagem.

3.1.3 Potencial Hidrogeniônico (pH)

O pH das águas apresentou baixa flutuação nos diferentes pontos amostrais e

períodos de coleta (Fig. 06), com águas predominantemente alcalinas. Os menores

valores de pH foram registrados na nascente em ambos os períodos ( 5,87 - seca e

5,60 - chuva) e os máximos entre 8,8 na estação chuvosa (ponto 18 - brejo) e 8,1 na

seca (ponto 3 – Rio Paranã 1).

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Figura 06. pH das águas do alto trecho da bacia do Rio Paranã em

agosto de 2003 e em março de 2004, nos diferentes pontos

amostrados. Estações de coleta secas na estiagem.

3.1.4 Condutividade elétrica

A condutividade elétrica foi uma variável que apresentou considerável

flutuação, sobretudo na época chuvosa. Nas nascentes a condutividade elétrica teve

os menores valores registrados nos dois períodos amostrados (10,3 µS/cm – seca;

11,77µS/cm – chuva). Os rios Itiquira e Paranã 1 (pontos 4 e 5), no período chuvoso,

tiveram os maiores valores de condutividade (399 µS/cm e 379 µS/cm,

respectivamente), na estiagem maior condutividade foi registrada no ponto 19 (Rio

dos Macacos) com o valor de 223 µS/cm. (Figura 07).

0123456789

10

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Estações de coleta

pHSeca Chuva

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0

50

100

150

200

250

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Estações de coleta

ST

D

Seca Chuva

Figura 07. Condutividade elétrica nas estações de coleta do alto

trecho da bacia do Rio Paranã em agosto de 2003 e em março de

2004. Estações de coleta ausentes na estiagem.

3.1.5 Sólidos totais dissolvidos (STD)

Os sólidos totais dissolvidos (STD) apresentaram maiores oscilações nos

trechos iniciais da bacia ( trechos de 1 a 8) . Na nascente, ocorreram os menores

valores (5,2 mg/L – chuva; 5 mg/L – seca ). Os máximos em cada período de coleta

foram: 193,3 mg/L no ponto 4 ( Rio Salobro – chuva) e 166,4 mg/L, Rio Paranã -

seca (Figura 08).

Figura 08: Sólidos totais dissolvidos (STD) nas estações de coleta do alto

trecho da bacia do Rio Paranã em agosto de 2003 e em março de 2004.

Estações de coleta secas na estiagem.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Estações de coleta

Con

dutiv

idad

e E

létr

ica

(µS

/cm

)

Seca Chuva

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23

3.1.6 Oxigênio dissolvido (OD)

O oxigênio dissolvido variou consideravelmente ao longo do período de

estudo com oscilações mais pronunciadas entre os trechos médio e final (de 9 a 26),

especialmente na seca. Na nascente foram registrados os menores valores tanto na

chuva quanto na seca (2,45 mg/L e 1,34 mg/L, respectivamente) e águas mais

oxigenadas foram encontradas nos seguintes pontos: 9,03 mg/L no ponto 3 (Rio

Crixás-chuva) e 12,82 mg/L no ponto 23 (Rio São Mateus-seca) (Figura 09).

Figura 09. Oxigênio dissolvido nas estações de coleta do alto

trecho da bacia do Rio Paranã em agosto de 2003 e em março

de 2004. Estações de coleta ausentes na estiagem.

3.1.7 Nutrientes

Os nutrientes, na forma de fósforo total e nitrogênio inorgânico dissolvido

(NID), obtidos em 16 pontos de coleta, apresentaram concentrações variadas

(Figura 10). As concentrações de fósforo total tiveram, na seca, valores máximos de

0,38 mg/L e na chuva 0,35 mg/L (Fig. 10). Os valores mínimos registrados foram no

ponto 22, estação seca, onde o valor esteve abaixo dos limites de detecção do

método (0,01 mg/L).

0

2

4

6

8

10

12

14

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Estações de Coleta

Oxi

gêni

o di

ssol

vido

(mg/

L)

Seca Chuva

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Fósforo total

0.000.05

0.100.150.20

0.250.30

0.350.40

7 9 10 11 12 13 14 15 17 19 20 21 22 23 25 26

Estações de coleta

(mg/

L)

Seca Chuva

NID

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

7 9 10 11 12 13 14 15 17 19 20 21 22 23 25 26

(mg/

L)

Seca Chuva

Para o nitrogênio inorgânico dissolvido, as concentrações nos pontos de 7 a

13 foram muito similares tanto na chuva quanto na seca. Do ponto 14 ao 26 os

valores oscilaram alternadamente na chuva e na seca. O pontos 07 e 23

apresentaram maiores valores, durante o período seco (0,20 mg/L e 0,18 mg/L,

respectivamente)(Fig.10). As menores concentrações (0,01 mg/L) apresentaram

valores idênticos detectados nos pontos 9, 10, 13 e 20 durante o período de chuvas.

Figura 10. Variação espacial dos nutrientes (Fósforo total e

Nitrogênio inorgânico dissolvido - NID)nas estações de coleta

do alto trecho da bacia do Rio Paranã em agosto de 2003 e em

março de 2004.

3.2 Comunidade Fitoplanctônica

3.2.1 Clorofila a

A concentração de clorofila a foi baixa ao longo do estudo, e menor no

período chuvoso, nunca excedendo 4 µg/L na maioria dos pontos, não sendo

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25

0

5

10

15

20

25

30

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Estações de coleta

Clo

rofil

a (µ

g/L)

Seca Chuva

detectada nos pontos 1 e 11 na chuva e no 19 na seca. O Rio Paranã 2, ponto 17,

com maior influência de vegetação marginal, apresentou concentração mais alta na

chuva (26,07 µg/L) seguida do ponto 24 (brejo) com a concentração de 15,84 µg/L

(Figura 11).

Figura 11: Concentração de clorofila a (µg/L) nas estações de

coleta do alto trecho da bacia do Rio Paranã em agosto de

2003 e em março de 2004. Estações não coletadas.

3.2.2 Composição florística e freqüência de ocorrência

A comunidade fitoplanctônica apresentou 314 táxons (Anexo A) e foi avaliada

pela riqueza, densidade e biovolume (Figura 13). Do total de táxons encontrados, 25

% foram comuns aos períodos de seca e chuva (Figura 12), indicando a alternância

entre membros da comunidade fitoplanctônica do alto trecho da bacia do Rio Paranã

ao longo do ano.

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26

Figura 12: Porcentagens dos táxons fitoplanctônicos

comuns aos dois períodos de estudo e exclusivos de

seca e chuva no alto trecho da bacia do Rio Paranã.

A composição florística, entre classes taxonômicas, apresentou a seguinte

distribuição: Zygnemaphyceae (27,71%), Chlorophyceae (25,48%),

Bacillariophyceae (21,02%), Cyanophyceae (9,24%), Euglenophyceae (8,60%),

Cryptophyceae (3,50%), Crysophyceae (2,55%) e Dinophyceae (1,91%) (Fig.13B).

Quanto à densidade relativa (Fig.13C), a classe Chlorophyceae foi

predominante (32,96%), seguida de Bacillariophyceae (26,30%) e Zygnemaphyceae

(19,17%). As demais classes não tiveram percentuais acima de 10%.

Em relação ao biovolume, observou-se que tanto as Bacillariophyceae

(44,95%) quanto as Zygnemaphyceae (39,40%) predominaram, conferindo um

padrão diferenciado com relação à riqueza e densidade (Fig.13A).

Seca31%

Chuva44%

Comuns25%

Seca Chuva Comuns

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27

A) B)

Figura 13: Contribuição das classes fitoplanctônicas do alto trecho da bacia do

Rio Paranã, em biovolume, riqueza e densidade (agosto de 2003 e março de

2004).

C)

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28

0

5

10

15

20

25

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Estações de coleta no período seco

Núm

ero

de tá

xons

0

10

20

30

40

50

60

70

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Estações de coleta no período chuvoso

Núm

ero

de tá

xons

CYANOPHYCEAE CRIPTOPHYCEAE CRISOPHYCEAE DINOPHYCEAE

EUGLENOPHYCEAE CHLOROPHYCEAE ZYGNEMAPHYCEAE BACILLARIOPHYCEAE

CRYPTOPHYCEAE

CRYSOPHYCEAE

As classes fitoplanctônicas apresentaram variação espacial e temporal ao

longo dos pontos de coleta (Figura 14). Um maior número de táxons foi registrado no

período chuvoso, em decorrência da coleta nos brejos, embora o número de táxons

por estação amostral tenha sido superior na estiagem. Da análise da incidência de

classes por estação de coleta em ambos os períodos, o predomínio das

zignemafíceas, clorofíceas e diatomáceas foi observado. Na seca, as cianobactérias,

presentes em 16 estações, juntamente com as classes anteriormente citadas. Nos

brejos as diatomáceas raramente foram encontradas.

Figura 14: Riqueza específica das classes taxonômicas do fitoplâncton,

durante o período seco e chuvoso no alto trecho da bacia do Rio Paranã.

Pontos de coleta secos: 6, 16, 18 e 24; amostras não analisadas (período

chuvoso): 8, 20 e 22. Estações não coletadas. Amostras não analisadas em

razão do excesso de sedimento.

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29

Em relação às associações funcionais propostas por Reynolds et al.

(2002), pode-se afirmar que em um estudo contemplando diversos pontos de

coleta em uma bacia hidrográfica o agrupamento das algas em grupos é

bastante complexo. A tabela 02 relaciona as associações funcionais e suas

respectivas algas.

Tabela 02: Associações funcionais sensu Reynolds et al. 2002, dos táxons fitoplanctônicos inventariados no alto trecho da bacia do Rio Paranã, agosto/2003 e março/2004.

Associações

Algas

D Nitzschia spp N Cosmarium Onychonaema Ulothrix

T Mougeotia S1 Pseudanabaena

Phormidium Geitlerinema Jaaginema

X1 Chlorococcales Y Cryptomonas F Chlorococcales G Eudorina Pleodorina J Pediastrum Coelastrum Scenedesmus

W1 Euglena Synura Gonium

W2 Trachelomonas

3.2.3 Densidade e biovolume

A densidade do fitoplâncton foi expressa em número de indivíduos por volume

e apresentou valores extremamente baixos na nascente (Figura 15). No ponto

subseqüente, correspondente ao Rio Salobro, a densidade aumentou

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30

consideravelmente atingindo 469 ind/mL na seca, em torno de 1,2 vezes o valor

registrado na chuva (388 ind/mL). Nos trechos correspondentes às estações de 3 até

14 a densidade esteve relativamente uniforme tanto na seca quanto na chuva,

exceto no ponto 6, ausente na seca, com densidade de 555 ind/mL na chuva.

As densidades nos trechos mais a jusante (pontos 15 a 26) oscilaram

bastante com picos nos pontos 17 (Rio Paranã 2), 18 e 24 (brejos). As altas

densidades registradas nos pontos 6, 18 e 24 no período chuvoso são relativas aos

ambientes lênticos. Analisando somente os trechos lóticos o valor máximo registrado

foi de 696 ind/mL no ponto 17, densidades superiores ocorreram na estiagem

(Fig.15). As algas com maior relevância na densidade foram Cryptomonas marsoni,

Crucigenia fenestrata, Chlamydomonas sp e Cosmarium laeve, na estiagem e

Monoraphidium arcuatum, Monoraphidium contortum, Ankistrodesmus bernardi,

Cryptomonas marsoni e Navicula sp3 no período chuvoso (Tabela 03).

Figura 15: Variação espacial da densidade numérica do

fitoplâncton nas estações de coleta do alto trecho da bacia do

Rio Paranã (agosto/2003 e março/2004).

0

100200

300

400

500600

700

800

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Estações de coleta

Den

sida

de (i

nd./m

L)

Seca Chuva

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31

Tabela 03: Contribuição relativa (%), em biovolume e densidade, dos táxons fitoplanctônicos inventariados no alto trecho da bacia do Rio Paranã, agosto/2003 e março/2004.

Biovolume Densidade ZYGNEMAPHYCEAE Seca Chuva Seca Chuva Closterium eherenbergii 1.21 2.95 <1 <1 Cosmarium laeve 1.12 <1 3.5 <1 Cosmarium margaritatum <1 2.33 <1 <1 Cosmarium pachydermum 1.91 <1 <1 <1 Cosmarium portianum <1 <1 1.29 <1 Cosmarium punctulatum <1 <1 <1 1.15 Cosmarium retusiforme 1.55 <1 <1 <1 Mougetia sp <1 2.25 <1 <1 Onychonema laeve var. laeve 2.03 4.94 <1 <1 Onychonema laeve var. micracanthum 4.17 <1 <1 <1 Onychonema laeve var.microchaete <1 6.76 <1 V Spirogyra sp1 1.39 2.82 <1 <1 Spondylosium planum 4.63 <1 <1 <1 Spondylosium sp1 <1 5.26 <1 <1 Staurastrum setigerum <1 1.13 <1 <1 Zygnema sp1 6.79 4.51 1.24 <1 CHLOROPHYCEAE Ankistrodesmus bernardii <1 <1 <1 3.03 Ankistrodesmus densus <1 <1 1.30 <1 Ankistrodesmus fusiformis <1 <1 1.54 <1 Chlamydomonas cf mycroscopica <1 <1 1.52 Chlamydomonas sp1 <1 <1 3.56 5.28 Crucigenia fenestrata <1 <1 4.31 <1 Dictyosphaerium cf.. elegans <1 <1 2.18 <1 Monoraphidium arcuatum <1 <1 <1 3.66 Monoraphidium contortum <1 <1 2.38 3.93 Monoraphidium convolutum <1 <1 <1 1.20 Monoraphidium irregulare <1 <1 1.72 <1 Pandorina morum <1 1.5 <1 <1 Scenedesmus ellipticus <1 <1 2.66 <1 CYANOPHYCEAE Merismopedia sp1 <1 <1 1.09 <1 EUGLENOPHYCEAE Strombomonas sp2 1.67 <1 <1 <1 Strombomonas jaculata <1 1.36 <1 <1 Strombomonas longicauda <1 1.36 <1 <1 Trachelomonas armata var. armata <1 1.19 <1 Trachelomonas sp1 <1 <1 1.16 <1 CRYPTOPHYCEAE

Cryptomonas erosa <1 <1 1.22 <1 Cryptomonas marsoni 1.17 <1 5.83 3.62 Cryptomonas obovata <1 <1 <1 1.02 Cryptomonas sp <1 <1 1.08 <1 Cryptomonas tenuis <1 <1 1.38 1.76

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32

BACILLARYOPHYCEAE Asterionella sp 2.16 <1 <1 <1 Caloneis sp 1.27 <1 <1 <1

Biovolume Densidade BACILLARYOPHYCEAE Seca Chuva Seca Chuva Gomphonema sp2 <1 <1 1.82 <1 Gyrosygma sp 1.56 <1 1.16 <1 Navicula sp1 <1 <1 1.68 1.22 Navicula sp2 1.23 <1 2.63 <1 Navicula sp3 <1 <1 1.83 3.72 Navicula sp4 <1 <1 <1 1.69 Navicula sp5 <1 <1 <1 1.06 Nitzschia cf capitellata <1 <1 <1 1.61 Nitzschia sp3 <1 <1 <1 1.01 Nitzschia sp5 <1 <1 <1 1.1 Pennales 1 1.30 <1 2.73 <1 Pennales 2 <1 <1 1.83 <1 Pennales 3 15.05 <1 <1 <1 Pinnularia sp1 <1 2.95 <1 <1 Pinnularia sp2 <1 5.58 <1 1.06 Pinnularia sp3 <1 1.47 <1 1.01 Surirella sp1 17.40 9.08 1.42 <1 Surirella sp2 9.35 5.06 <1 <1 Synedra ulna <1 <1 <1 1.18 OUTRAS ESPÉCIES 23.02 37.51 47.47 59.17

O biovolume foi bastante diversificado nos diferentes pontos de coleta com

máximos alternando entre estações e época do ciclo hidrológico, não sendo possível

distinguir um padrão definido (Figura 16). O valor máximo para o biovolume na

estiagem ocorreu no ponto 19 (461,40 mm³/L), Rio dos Macacos, situado na porção

intermediária/jusante. Este valor esteve relacionado à presença de diatomáceas

Pennales, com maiores dimensões. A classe das diatomáceas (Bacillariophyceae)

foi a que mais contribuiu para o biovolume neste estudo (Tab.03). No período

chuvoso os maiores valores foram registrados nos brejos (ponto 24, 689 mm³/L),

devido à presença de desmídias e euglenofíceas.

No período chuvoso, houve o predomínio de um maior número de estações

com baixos valores de biovolume, especialmente nos rios Paranã 1, Forquilha e

Paranã 4 situados, respectivamente, nas porções inicial, intermediária e final da área

de coleta.

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33

Figura 16: Variação espacial do biovolume algal entre as estações

de coleta do alto trecho da bacia do Rio Paranã em agosto de 2003

(seca) e março de 2004 (chuva).

3.2.4 Índices de diversidade e equitabilidade

Quanto aos índices de diversidade e equitabilidade ocorreu, espacialmente,

pouca oscilação nos mesmos quando calculados pela densidade numérica. Os

valores, cujo cálculo foi baseado no biovolume, foram menores, apresentando maior

variação entre as estações de coleta (Tabela 04).

Os índices de diversidade calculados pela densidade variaram de 1,3

(bits/ind) na nascente durante o período seco até 3,8 (bits/ind) no ponto 24, um

brejo, na estação chuvosa. A diversidade calculada a partir do biovolume variou de

0,6 (bits/ind) também na nascente durante a estiagem até 3,2 (bits/mm³) na estação

6, outro brejo (chuva).

0

100

200

300

400

500

600

700

800

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Estações de coleta

Bio

volu

me

(mm

³/L)

Seca Chuva

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34

TABELA 04: Diversidade da comunidade fitoplanctônica,

calculada a partir da densidade numérica (H’D; bits/ind) e do

biovolume (H’B; bits/mm³) referente ao alto trecho da bacia do Rio

Paranã em agosto de 2003 (seca) e março de 2004 (chuva).

ESTAÇÃO DE

COLETA H´ B (seca) H´B (chuva) H´D (seca) H`D (chuva)

1 0,6 1,0 1,3 1,3

2 2,5 2,0 2,4 2,1

3 1,7 1,9 2,3 2,2

4 1,7 1,8 2,2 1,8

5 1,4 1,9 2,3 1,8

6 * 3,2 * 3,5

7 2,2 1,4 2,7 1,9

8 1,8 * 2,6 *

9 1,8 1,5 2,3 1,8

10 1,7 1,8 2,7 2,0

11 1,0 1,4 2,4 2,2

12 2,4 1,2 2,8 2,1

13 1,6 1,1 2,7 2,1

14 1,1 1,5 2,4 1,8

15 2,1 1,4 2,5 1,9

16 * 1,2 * 2,5

17 2,1 2,2 2,8 2,4

18 * 2,8 * 3,6

19 1,6 1,5 2,9 2,3

20 1,9 * 2,4 *

21 2,1 1,0 2,7 2,2

22 1,5 * 2,4 *

23 1,0 1,0 2,5 2,4

24 * 2,7 * 3,8

25 1,7 1,6 2,1 1,8

26 0,6 1,9 2,4 2,0

* ? Estações não coletadas e/ou não analisadas.

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35

A equitabilidade, tomando como referência a densidade praticamente não

variou tanto espacial quanto temporalmente ao passo que em termos de biovolume

houve expressiva variação, sobretudo entre as estações de amostragem. A

alternância entre espécies com diferentes volumes alterou a estrutura das

comunidades nos períodos estudados influenciando assim a equitabilidade (Tabela

05).

TABELA 05: Equitabilidade da comunidade fitoplanctônica,

calculada a partir da densidade numérica e do biovolume

referente ao alto trecho da bacia do Rio Paranã em agosto/2003 e

março/2004.

ESTAÇÃO

DE COLETA J´B (seca) J´B (chuva) J´D (seca) J´D (chuva)

1 0,3 0,5 0,6 0,8

2 0,6 0,6 0,6 0,6

3 0,5 0,6 0,7 0,6

4 0,5 0,6 0,6 0,6

5 0,4 0,6 0,6 0,6

6 * 0,6 * 0,7

7 0,5 0,4 0,6 0,6

8 0,5 * 0,7 *

9 0,5 0,5 0,6 0,6

10 0,4 0,6 0,6 0,6

11 0,3 0,4 0,7 0,7

12 0,6 0,4 0,7 0,7

13 0,4 0,3 0,7 0,6

14 0,3 0,5 0,6 0,6

15 0,5 0,5 0,6 0,6

16 * 0,3 * 0,7

17 0,5 0,6 0,6 0,6

18 * 0,5 * 0,7

19 0,4 0,4 0,7 0,7

20 0,5 * 0,7 *

21 0,5 0,3 0,7 0,7

22 0,4 * 0,7 *

23 0,3 0,3 0,7 0,7

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36

ESTAÇÃO

DE COLETA J´B (seca) J´B (chuva) J´D (seca) J´D (chuva)

24 * 0,5 * 0,7

25 0,5 0,6 0,6 0,6

26 0,2 0,6 0,7 0,6

* ? Estações não coletadas e/ou não analisadas.

3.3 Relações entre variáveis físicas, químicas e biológicas

A análise de cluster, baseada nas similaridades entre as estações amostrais,

a partir dos valores de densidade numérica, biovolume e variáveis físicas e

químicas, revelou uma tendência ao agrupamento entre os brejos separadamente

dos ambientes lóticos e maior similaridade entre as estações na estiagem.

O dendrograma da análise de agrupamento (cluster), a partir do índice de

percentagem de similaridade, apresentou no sistema lótico pouca semelhança entre

comunidades, sendo maior similaridade na estiagem (Figura 17a). Na época

chuvosa, a similaridade apresentou-se maior entre os brejos (pontos 6,18 e 24) e

menor em pontos com características lóticas (Figura 17 b).

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37

Figura 17: Dendrograma da análise de agrupamento

das estações de coleta, pelo índice de similaridade

entre as estações de coleta, nos períodos de seca (a)

e chuva (b) com base nas variáveis físicas, químicas

e biológicas das estações amostradas no alto trecho

da bacia do Rio Paraná em agosto/2003 e

março/2004.

As variáveis físicas e químicas e a densidade entre classes foram utilizadas

na ACP. Como resultado da análise de componentes principais (ACP), as variáveis

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 Distância

Case 1

Case 2

Case 3

Case 4

Case 5

Case 6

Case 7

Case 8

Case 9

Case 10

Case 11

Case 12

Case 13 Case 14

Case 15

Case 16

Case 17

Case 18

Case 19

Case 20

Case 21 Case 22

Case 23

Case 24

Case 25

Case 26

a)

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 Distância

Case 1

Case 2

Case 3 Case 4

Case 5

Case 6

Case 7

Case 8

Case 9

Case 10

Case 11 Case 12

Case 13

Case 14

Case 15

Case 16

Case 17

Case 18

Case 19

Case 20

Case 21

Case 22

Case 23

Case 24

Case 25

Case 26

b)

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38

juntas explicaram 34,7 % da variância, com o eixo 1 sozinho (21,7 %) apresentando

valores mais significativos para sólidos totais, condutividade elétrica e nitrogênio

inorgânicos dissolvido. Com explicação de 13 %, no eixo 2 foram mais significativas

a temperatura e a clorofila, relacionadas positivamente, e pH, oxigênio dissolvido e

fósforo total, negativamente (Tabela 06).

TABELA 06 Valores da correlação entre as variáveis físicas e químicas e a densidade entre classes, com os eixos 1 e 2 da análise de componentes principais.

Variáveis Eixo 1 Eixo 2 PH 0,567 -0,405 Condutividade elétrica (µS/cm) 0,838 0,053 Sólidos totais dissolvidos(mg/L) 0,871 0,056 Oxigênio dissolvido (mg/L) 0,474 -0,699 Temperatura (ºC) 0,364 0,646 Clorofila (µg/L) 0,241 0,544 Nitrogênio inorgânico dissolvido (mg/L) 0,617 0,072 Fósforo total (mg/L) 0,199 -0,339 Bacillariophyceae (ind./mL) -0,277 0,029 Chlorophyceae (ind./mL) 0,412 0,413 Cryptophyceae (ind./mL) 0,246 -0,302 Cyanophyceae (ind./mL) 0,348 0,496 Zignemaphyceae (ind./mL) 0,241 -0,222 Euglenophyceae (ind./mL) 0,114 -0,030 Dinophyceae (ind./mL) 0,319 0,003 Crysophycae (ind./mL) 0,500 -0,163 % total de variância 21,693 12,991

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39

4. DISCUSSÃO

4.1 Variáveis físicas e químicas

Neste estudo, as variáveis físicas e químicas, em geral, apresentaram

resultados uniformes entre as estações coletadas com variação entre os períodos de

seca e chuva. A precipitação exerceu influência na distribuição espacial e temporal

da biota aquática, o que é esperado numa região de conspícua sazonalidade

(Dudgeon, 2000).

Os valores de pH evidenciaram águas básicas, diferente dos valores

esperados para rios que drenam a região do cerrado, cujo solo é bastante ácido

(Peláez-Rodrigues et al. 2000). O pH elevado pode ter relação com a alta

quantidade de matéria orgânica presente nas estações de coleta, à semelhança do

que observaram Silva et al. (1998) e Rios & Calijuri (1995), em pequenas bacias

hidrográficas de São Paulo.

As menores temperaturas registradas (entre 19º e 21º C) são indicativas da

importância da mata ciliar, pois os valores máximos ocorreram nos brejos, pouco

profundos, praticamente sem movimentação de águas e desprovidos de vegetação

ciliar de grande porte.

A condutividade elétrica variou expressivamente na malha fluvial e esteve

acima da faixa de valores registrados por Pelaéz & Rodrigues (2000) para águas de

ambientes lóticos não contaminados em região de cerrado, localizada fora do

planalto central, que variaram de 6 a 30 µS/cm.

Os sólidos totais dissolvidos (STD) também apresentaram variações entre as

estações de coleta e as épocas de seca e chuva, não sendo evidenciado um padrão

uniforme entre os pontos amostrados tão pouco entre os períodos do ciclo

hidrológico. Na chuva, o aporte de suspensóides da bacia de captação, devido o

aumento da descarga dos tributários, pode ter contribuído para tais discrepâncias a

exemplo do que foi observado por Zalocar de Domitrovic (2002) na bacia do Rio

Paraguai, no período de cheia. Na estiagem, a ressuspensão de sedimentos no

Paranã pode ter influenciado nas concentrações dos sólidos totais dissolvidos, em

função da menor profundidade dos corpos d’água mais susceptíveis à açãpo dos

ventos. A correlação dessa variável e a condutividade elétrica foram bastante

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semelhantes na análise de componentes principais (0,871% e 0,838%,

respectivamente).

Os nutrientes nas águas superficiais são exauridos pela atividade

fotossintética, mas, segundo Meyers & Ishiwatari (1993), a degradação seletiva dos

componentes da matéria orgânica pode modificar a composição bem como as

razões entre os elementos químicos. Deve-se considerar também a formação

geológica da bacia em estudo na concentração de nutrientes em suas águas.

No caso do Rio Paranã, as concentrações de fósforo total foram altas quando

comparadas com as verificadas por Junk & Furch (1980) ao investigarem 46 pontos

localizados em água de igarapés e rios ao longo do trecho entre Cuiabá-Porto

Velho-Manaus (cerca de 2300 km), cujos valores raramente excederam 0,05 mg/L

de P-total, ou seja, quatro vezes menos aos do Rio Paranã.

Yabe & Gimenez (2003) realizaram a caracterização física e química das

águas da bacia do Rio Tibagi, Estado do Paraná. Segundo as autoras, a composição

das águas do rio soma frações das águas subsuperficiais do solo e das introduzidas

pelas chuvas no sistema de drenagem, influenciada por interações com os minerais

e a vegetação.

Silva et al. (2000) em pesquisa no Rio Paraguai e um canal temporário,

concluiram que as alterações físicas e químicas são conseqüências tanto do

processo de enchente, que promove a lixiviação e o carreamento de substâncias

resultantes do metabolismo das áreas inundadas a montante, quanto dos processos

de decomposição química e microbiana locais. Em relação aos ambientes com

flutuações hidrométricas, tem-se reconhecido a importância do fenômeno seca -

cheia como elemento regulador da produtividade do sistema.

4.2 Estrutura da comunidade fitoplanctônica

A bacia do Rio Paranã em seu trecho alto como um todo, apresentou uma

elevada riqueza fitoplanctônica, com aproximadamente 314 táxons inventariados,

dos quais aproximadamente 125 táxons apareceram nos três brejos estudados, o

que demonstra a grande riqueza destes ambientes. Garcia de Emiliani (1997)

encontrou 298 táxons na região média da bacia do Rio Paraná, na Argentina,

enquanto Train & Rodrigues (2002) registraram 323 táxons no alto Paraná. Menores

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riquezas foram encontradas para ambientes lóticos do cerrado brasileiro, em

sistemas rio-represa: Silva et al.(2001) com 162 táxons (Rio Corumbá, GO), Oliveira

(2004) com 135 táxons e Abreu (2001) com 57 gêneros e 166 morfotipos, estas duas

últimas citações na bacia do Rio Descoberto, DF.

Um quarto do total das espécies registradas foi comum entre os períodos

estudados no Paranã, ocorrendo alteração na composição florística entre chuva e

seca, o que também foi observado por Abreu (2001), em sistema rio-represa na

região de Brasília. Considerando somente os ambientes lóticos amostrados, o

número de táxons encontrados na seca foi superior ao do período chuvoso, devido

possivelmente à influência da correnteza no carreamento de algas.

A distribuição da riqueza e densidade entre as classes foi semelhante, já em

biovolume foi diferente, prevaleceram diatomáceas e zignemafíceas, compostas por

algas de tamanhos maiores. A organização de classes com predomínio de

Bacillariophyceae e Chlorophyceae é esperada em ambientes lóticos além das

Zygnemaphyceae nos sistemas naturais tropicais (Zalocar de Domotrovic, 2003;

Garcia de Emiliani, 1994;1997; Reynolds et al.,1994; Rojo et al.,1994). A maioria das

espécies representou menos de um por cento de densidade e biovolume (Tab. 2).

As Cryptophyceae, cuja biologia é pobremente conhecida (Klaveness ,1988),

são oportunistas, caracterizadas pela ubiqüidade sendo encontradas em ambientes

heterotróficos e adversos (turbulentos) a outras espécies. A espécie Cryptomonas

marsoni, apresentou ao longo do estudo alta densidade e abundância, o que

também foi registrado por Menezes & Novarino (2003) Zalocar de Domitrovic (2002;

2003), Silva et al. (2000) e Garcia de Emiliani (1985) em ecossistemas aquáticos

lóticos tropicais e subtropicais.

O Lago Batata, localizado em planície de inundação na Amazônia foi

pesquisado por Huszar (2000) e a classe mais abundante no período de maior

turbulência, decorrente do aumento do nível das águas, foi Zygnemaphyceae. A

riqueza de espécies por classe nas águas da bacia do Rio Paranã, corrobora a

teoria de Rojo et al. (1994), para a qual, nos rios tropicais, diatomáceas não

dominam em número de espécies, e sim as desmídias. A contribuição taxonômica,

ou riqueza, das diatomáceas para fitoplâncton total é menor, mesmo quando ainda

dominantes segundo dados de Rojo et al. (1994).

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Segundo Gosselain & Descy (2000) o padrão esperado de dominância de

clorofíceas nas cabeceiras e de diatomáceas nas águas a jusante da nascente, mais

turbulentas, não é regra. Reynolds (1994) ressalta a tendência de algas verdes, em

especial as pequenas Chloroccocales, serem numerosas em trechos de cabeceira e

médios, enquanto as diatomáceas frequentemente dominam trechos de planície.

A semelhança entre a distribuição espacial de classes tanto na seca como na

chuva foi bastante característica a cada ponto do Paranã, nos quais o fitoplâncton

pareceu ter sido gerado, com dominância de espécies que distinguem cada ponto

específico. Ibelings et al. (1998) pesquisaram rios na Alemanha e também

verificaram diferentes padrões da comunidade em seqüências históricas nos

mesmos pontos e concluiram que a descarga hídrica é o fator que mais contribuiu

para tal arranjo.

Richey & Victoria (1996) em estudos na Bacia Amazônica, registraram que os

padrões de distribuição entre classes fitoplanctônicas são complexos e inter-

relacionados, principalmente em observações no canal principal de grandes rios.

Huszar (2000) referindo-se à organização temporal do fitoplâncton salientou que tal

distribuição é resultado da interação entre processos autogênicos (sucessão) e

alogênicos (reversões e mudanças) da comunidade. Mudanças na comunidade

fitoplanctônica, segundo Huszar & Reynolds (1997), representam respostas às

modificações ambientais progressivas, análogas ao fenômeno das mudanças

graduais climáticas da vegetação terrestre.

A manutenção do fitoplâncton em rios, segundo Basu & Pick (1996), Reynolds

& Descy (1996) e Thompson & Hoja (1996), é dependente de taxas de crescimento

superiores às de remoção pela correnteza, sendo mais influenciadas pela

concentração de nutrientes do que pelas condições hidrológicas. Em períodos de

chuva ocorre uma maior variabilidade ambiental nos sistemas fluviais (maior

correnteza, maior remoção de plâncton). No Rio Paranã, a dinâmica da comunidade

fitoplanctônica possivelmente esteve governada pelos distúrbios causados pela

cheia da malha fluvial.

As comunidades fitoplanctônicas apresentam seus ciclos populacionais em

razão do nível da água, ou, da precipitação, que afeta diretamente a disponibilidade

de luz e nutrientes, causando alterações qualitativas e quantitativas no fitoplâncton,

nas diferentes épocas do ano (Silva et al, 2000; Reynolds,1984).

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As características morfológicas das espécies registradas no trecho

investigado do Rio Paranã podem gerar uma associação às idéias de Wehr & Descy

(1998) e Reynolds (1993,1984), para os quais o fitoplâncton em ambientes

turbulentos, como rios largos, é limitado por luz. As pequenas Chloroccocalles (C-

estrategistas ou competitivas no sentido de Reynolds (1997)) são mais aptas a

explorarem ambientes saturados de luz, com rápida absorção de nutrientes,

características das regiões altas das bacias. As diatomáceas e desmídias, com

maiores dimensões e consideradas boas antenas de luz (R-estrategistas ou ruderais

no sentido de Reynolds (1997)), são facilmente encontradas rio abaixo em

ambientes turbulentos.

Nos brejos e também alguns trechos lóticos investigados, as diatomáceas

foram raras e classes como Euglenophyceae e Dinophyceae (S-estrategistas, ou

estresse-tolerantes no sentido de Reynolds (1997)), caracterizadas pelo maior

biovolume e por incorporar nutrientes lenta e gradualmente, apresentaram, no

presente estudo, marcante densidade tal como registrou Zalocar de Domitrovic

(2003), para a comunidade fitoplanctônica no médio Paraná, na Argentina.

A ocorrência de “zonas mortas” ou mosaicos, como na teoria de Pringle et

al.,1998) pode favorecer o desenvolvimento de clorofíceas de crescimento rápido (C-

estrategistas) e outras diatomáceas e desmídias (R-estrategistas), conforme

observado por Soares (2003).

O biovolume na comunidade fitoplanctônica do alto trecho do Rio Paranã

apresentou, em geral, padrão diferenciado em comparação ao observado em

densidade de organismos ou à concentração de clorofila. A exceção ocorreu,

sobretudo, nos brejos estudados, onde há relação principalmente entre clorofila e

biovolume. A variação global do biovolume foi similar à observada em planícies de

inundação estudadas por Dias (1990) e Huszar (1994). Os picos de biovolume nos

sistemas lóticos do Rio Paraná, ocorreram com poucas espécies dominantes,

principalmente as diatomáceas, resultado semelhante ao registrado por Salmaso

(2003) em lagos com diferentes profundidades na Europa.

As comunidades fitoplanctônicas dos brejos foram caracterizadas por altos

biovolumes, em decorrência das águas praticamente sem movimentos. Já na

estação seca, os máximos de biovolume nas estações lóticas, durante todo período

de estudo, podem estar relacionados ao tempo de retenção das águas, que

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influencia no biovolume, como registrado por Townsand et al.(2001) no Rio Daly,

Austrália.

Os teores de clorofila-a nos dois períodos estudados foram comumente

baixos, sobretudo no período de chuvas. Concentrações mais altas foram obtidas na

seca, exceto nos brejos e no Rio Paranã 2, no período chuvoso, devido à influência

da vegetação marginal e macroalgas. As altas concentrações de clorofila estão

provavelmente relacionadas à disponibilidade de nutrientes e ao regime favorável de

luz. Os dados registrados na bacia do Paranã para concentração de clorofila

apresentaram-se com maiores valores na seca conforme também registraram Silva

et al. (2000) no Rio Paraguai.

Oliveira (2004) verificou variações semelhantes entre biovolume, clorofila e

densidade ao longo de suas estações de coleta, em sistema rio-represa no Distrito

Federal. Buchaca et al.(2005) analisaram a relação entre concentração de clorofila e

biovolume algal, concluindo que espécies com biovolume parecidos podem contribuir

diferentemente na clorofila em razão da quantidade de pigmentos de cada

organismo.

A diversidade do fitoplâncton neste estudo, variou de 1,3 bit/indivíduo a 3,8

bits/indivíduo, apresentando nos ambientes lóticos valores superiores na estação

seca. Segundo Margalef (1983), em ambientes oligotróficos e turbulentos a

diversidade máxima é de 5 bits/indivíduo. Deve-se considerar também, como

observado por Train & Rodrigues (2003) que a maior diversidade em certos pontos

se deve à contribuição de algas do metafíton e perifíton, principalmente desmídias e

diatomáceas. Para Garcia de Emiliani (1994) a diversidade encontrada foi máxima

em ambientes com perturbações “médias” em freqüência e intensidade em razão da

variedade de táxons que podem coexistir nessas condições, de acordo com a

Hipótese da Perturbação Intermediária de Connel (1978).

A marcante sazonalidade do bioma Cerrado favorece ora espécies na seca e

outras na época chuvosa, mantendo desta forma uma constante diversidade e

produtividade do ambiente ao longo do ciclo sazonal (Oliveira & Calheiros, 2003).

Salmaso (2003) indica a importância da escolha da “janela temporal” se

considerar diversas gerações, as comunidades nunca serão estáveis nas condições

de equilíbrio contínuo, pois distúrbios de curto e médio prazo reduzem a competição

e aumentam a diversidade de Connel (1978).Loreau (2000) afirma que para se

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fundamentar a contribuição da diversidade na estabilidade e manutenção do

ecossistema, são necessários estudos de longo prazo, o que não foi contemplado

neste estudo.

Segundo Chapin III (2000) e Garcia de Emiliani (1997), o efeito da diversidade

de espécies na vulnerabilidade dos organismos depende dos componentes riqueza,

equitabilidade, composição, interações entre espécies e suas interações com outros

fatores ecológicos como o regime de distúrbios, recursos, taxa de propagação e

ação antrópica. Todos esses agentes controladores devem ser considerados em

qualidade, quantidade, interações e dinâmicas (Diamond, 1998).

Nesse estudo houve diferença na organização da comunidade de ambientes

lóticos em relação aos brejos (ambientes lênticos), o que também foi observado por

Rodrigues & Bicudo (2001) e Silva et al. (2000). Os brejos do presente estudo

apresentaram maiores riqueza, densidade e índices de diversidade que os rios,

refletindo a importância das áreas de drenagem da bacia conforme observaram Silva

et al. (2003) no Rio Paraguai no pantanal sul mato-grossense.

Segundo Bornette et al. (1998) a maior diversidade em brejos é resultante do

fato de a sucessão ecológica ocorrer lentamente em águas lênticas e das conexões

com corpos d’água durante períodos de chuvas. Neiff et al.(1994) consideraram

áreas alagáveis, como os brejos, ambientes de grande plasticidade ecológica, uma

importante reserva da biodiversidade. Oertli et al. (2002) ao verificarem a relação

entre a diversidade e o tamanho de áreas alagadas (lagos na Suíça), terminaram por

concluir que, para fins de conservação, as áreas alagadas de qualquer tamanho

devem ser preservadas, devido à alta biodiversidade comum a esses ambientes.

Segundo Huszar (2000), nem sempre amostragens apenas em chuva e seca

ou em fases pontuais do ciclo hidrológico documentam a variabilidade total do

fitoplâncton. Em razão disso, é necessário o trabalho de dados à luz de teorias

modernas com enfoque em gradiente trófico e estratégias morfológico-funcionais,

como as associações funcionais do fitoplâncton propostas em Reynolds et al. (2002).

As diferentes espécies de algas fitoplânctonicas têm adaptações morfológicas

e funcionais que as levam a ocorrer em habitats peculiares a cada alga, ou grupo de

algas, formando associações (Reynolds, 2000b). Diferentes associações funcionais

sensu Reynolds et al. (2002), foram observadas ao longo da Bacia do Paranã. A

formulação e organização das associações propostas são originadas de estudos em

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lagos. Em rios de cerrado, apenas Oliveira (2004) e Soares (2003) aplicaram a

“teoria das associações funcionais” em seus estudos.

Em razão da turbulência das águas dos rios foi comum a ocorrência

associação funcional Y, composta por algas como Cryptomonas spp, no presente

estudo. Essa associação é comum a lagos em constante mistura e certa turbidez.

Em determinados pontos do Rio Paranã (seca) e nos brejos (chuva) as

associações foram típicas de ambientes com as seguintes particularidades: altas

quantidades de matéria orgânica e transparência e/ou pouca profundidade (pontos 6

e 24 associações W1 e W2, algas como Trachelomonas spp). As associações não

puderam ser descritas ao longo de um contínuo, sendo diversificadas nas diferentes

estações de coleta.

A ecologia de ambientes lóticos é um desafio, sobretudo em razão das

singularidades de cada estação amostral, a exemplo do Paranã, acarretando

diferentes resultados a cada ponto. Das teorias em ecologia fluvial, pode-se inferir

que duas aplicam-se neste estudo: 1) a teoria das dinâmicas de mancha (Pringle et

al. 1988), por considerar o regime hidráulico e a heterogeneidade espacial do rio

mais pontualmente; 2) a estrutura em quatro dimensões proposta por Ward (1989),

com enfoque na preservação e sustentabilidade, que realça a compreensão de

fenômenos ecológicos em diferentes escalas ao longo de um gradiente ambiental e

multidimensional sendo bastante útil para fins conservacionistas, apresentando uma

visão holística dos processos de ecologia de rios.

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5. CONCLUSÕES

Com base em coletas em apenas duas fases do ciclo hidrológico e na porção

correspondente ao trecho alto da bacia do Rio Paranã, o estudo da área investigada

permitiu as seguintes conclusões:

- As características limnológicas relativamente constantes, favoreceram o

desenvolvimento das algas, conforme a riqueza observada (314 táxons) e a

estabilidade dos índices de diversidade em torno de 3 bits/ind.

- A densidade e diversidade foram mais altas nos brejos do que nos ambientes

lóticos. O desaparecimento dos brejos no período seco, não permitiu suficiente

amostragem, impossibilitando uma generalização ou uma conclusão mais precisa

acerca da diversidade dos mesmos.

- Algumas associações fitoplanctônicas propostas por Reynolds et al. (2002), foram

detectadas no ambiente estudado.

- A sazonalidade não exerceu influência nas variáveis físicas e químicas (com

poucas exceções), nem tampouco na riqueza ou diversidade, apenas na

composição florística.

5.1 Recomendações

Intensificar a amostragem da biota aquática, sobretudo nas áreas úmidas, em

escalas temporal e espacial, com vistas ao seu acompanhamento, como subsídio

para as medidas de conservação das bacias hidrográficas do Bioma Cerrado.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, C.T. 2001 Estudo do fitoplâncton ao longo de um sistema de córrego e

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Anexo A:Táxons fitoplanctônicos inventariados nas estações amostradas no alto trecho da bacia do Rio Paranã, agosto/2003 e março/2004.

Cyanophyceae Synura uvella

Anabaena cf. catenula Dinophyceae

Anabaena cf. flos-aquae Gimnodinium sp Anabaena sp1 Peridiniopsis thompsonii Anabaena sp2 Peridinium volzii Aphanotece sp Peridinium sp.

Chroococus sp Dinophyceae 1

Gleiterinema cf. amphibium Euglenophyceae)

Gleiterinema sp Euglena acus

Jaaginema angustissimum Euglena intermedia Jaaginema cf. geminatum Euglena limnophila Jaaginema cf. homogeneum Euglena oxyuris

Lyngbia sp Euglena sp Merismopedia sp1 Euglena spirogyra var. spirogyra Microcystis cf. aeruginosa Lepocinclis cf. ovum Nostoc sp Phacus acuminatus

Oscillatoria cf. amoena Phacus agile Oscillatoria sp1 Phacus cf. suecius Oscillatoria sp2 Phacus longicauda Phormidium sp1 Phacus oxiuris

Phormidium sp2 Phacus sp Planktolyngbya cf. circuncreta Strombomonas fluviatilis var. curvata Planktolyngbya cf. limnetica Strombomonas gibberosa Pseudoanabaena catenata Strombomonas jaculata

Pseudoanabaena sp Strombomonas longicauda Rhaphidiopsis curvata Strombomonas sp1 Sphaerocystis schoeteri Strombomonas sp2 Synchocistys sp Trachelomonas volvocinopsis

Synechococcus cf. capitatus Trachelomonas armata var. armata Cyanophyceae 1 Trachelomonas armata var. Inevoluta

Cryptophyceae Trachelomonas caudata

Chroomonas sp Trachelomonas cylindrica

Cryptomonas cf. brasiliense Trachelomonas planctonica Cryptomonas erosa Trachelomonas sp Cryptomonas marsonii Trachelomonas zingeri

Cryptomonas obovata Chlorophyceae

Cryptomonas phaseolus Actinastrum cf. hantzschii Cryptomonas sp Ankistrodesmus bernardii

Cryptomonas tenuis Ankistrodesmus densus Rhodomonas cf. fluviabilis Ankistrodesmus falcatus var mirabilis Rhodomonas cf. lacustris Ankistrodesmus fusiformis Rhodomonas sp Ankistrodesmus spiralis

Chrysophyceae Ankistrodesmus sp

Chrysococcus sp Botryococcus braunii

Dinobryoin sertularia Botryococcus cf. terribilis Dinobryon divergens Bulbochaete sp1 Dinobryon sp Bulbochaete sp2 Mallomonas sp Carteria sp

Synura cf. sphagnicola Chladophora sp

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Chlorophyceae Pediatrum simplex

Chlamydocapsa planctonica Pleodorina sp.

Chlamydomonas cf. mycroscopica Radiococcus planctonicus Chlamydomonas sp Radiococcus sp. Chlorella cf. furca Scenedesmus acuminatus Chlorella sp Scenedesmus bifidus

Chloromonas flos-aquae Scenedesmus ecornis Closteriopsis korshkovielle Scenedesmus ellipticus Coccomonas sp Scenedesmus incrassatus Coelastrum astroideum var. astroideum Scenedesmus quadricauda

Coelastrum cubicum Scenedesmus verrucosus Coelastrum microporum Scenedesmus sp. Coelastrum pseudomicroporum Selenastrum gracile Coelastrum reticulatum var. reticulatum Selenodictyon brasiliensis

Coenocloris sp Ulothrix sp.

Coenocystis cf. subcylindrica Zygnemaphyceae

Crucigenia fenestrata Actinotaenium cf. subglobosum

Crucigenia sp Actinotaenium sp Crucigeniella sp Closterium abruptum var. abruptum Desmodesmus armatus Closterium acutum Desmodesmus brasiliensis Closterium cf. gracile

Desmodesmus communis Closterium cf. kuetzingii Desmodesmus opoliensis Closterium eherenbergii Desmodesmus protuberans Closterium gracile Desmodesmus spinosus Closterium incurvum

Desmodesmus sp. Closterium juncidium Dictyosphaerium cf. elegans Closterium moniliferum Eudorina elegans Closterium turgidum Eutetramorus fotii Closterium sp.

Eutetramorus planctonicus Cosmarium abruptum Gonium cf. pectoralle Cosmarium arcoatum Gonium sp. Cosmarium cf. capitulum Kierchneriella cf. diane Cosmarium contractum var. contractum

Koliella longiceta Cosmarium cosmarioides Korshikoviella cf. limnetica Cosmarium formosulum Korshikoviella sp Cosmarium laeve Micractinium pusillum Cosmarium lagoense

Microspora sp Cosmarium margaritatum Monoraphidium arcuatum Cosmarium margaritiferum Monoraphidium contortum Cosmarium octangulare Monoraphidium convolutum Cosmarium cf. orthosticum

Monoraphidium griffitti Cosmarium pachydermum Monoraphidium irregulare Cosmarium portianum Monoraphidium komarkovae Cosmarium pseudoconatum Monoraphidium longisculum Cosmarium cf punctulatum

Monoraphidium minutum Cosmarium pusillum Monoraphidium mirabile Cosmarium regnesi Monoraphidium setigerum Cosmarium retusiforme Monoraphidium sp Cosmarium trilobatum

Oedogonium sp1 Cosmarium variolatum Oedogonium sp2 Cosmarium vexatum Oocystis lacustris Cosmarium sp1 Pandorina morum Cosmarium sp2

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Zygnemaphyceae Achnantidium sp

Cosmarium sp3 Asterionella sp

Cosmarium sp4 Aulacoseira cf. distans Cosmarium sp5 Brachysira sp Desmidium bengalicum Caloneis sp Desmidium cf. coarctatum Cocconeis sp

Euastrum cf. spinulosum Cymbella sp1 Euastrum insulare var. silesiacum Cymbella sp2 Euastrum sp1 Cymbella sp3 Gonatozygon cf. pilosum Diatoma sp

Gonatozygon sp1 Encyonema cf. silesiacum Hyalotheca dissilens Encyonema sp1 Hyalotheca mucosa Fragillaria sp1 Mesotaenium sp1 Frustulia sp1

Micrasteria truncata Frustulia sp2 Micrasterias furcata Gomphonema sp1 Mougeotia cf. delicata Gomphonema sp2 Mougetia sp Gomphonema sp3

Onychonema laeve var. laeve Gomphonema sp4 Onychonema laeve var. micracanthum Gyrosygma sp Onychonema laeve var.microchaete Hanstzchia sp Onychonema sp Melosira cf. varians

Pleurotaenium cf. ehrenbergii Melosira sp1 Pleurotaenium minutum var. crassum Navicula sp1 Pleurotaenium sp1 Navicula sp2 Spirogyra sp1 Navicula sp3

Spondylosium planum Navicula sp4 Spondylosium sp1 Navicula sp5 Staurastrum cf. brasiliense Navicula sp6 Staurastrum cf. punctulatum Navicula sp7

Staurastrum curvimarginatum Navicula sp8 Staurastrum gracile var. coronolatum Nitzschia cf. capitellata Staurastrum leptocladum var. borgei Nitzschia cf. clausee Staurastrum cf. mamilatus Nitzschia diversa

Staurastrum margaritaceum Nitzschia sp1 Staurastrum muticum Nitzschia sp2 Staurastrum proboscideum Nitzschia sp3 Staurastrum saltans Nitzschia sp4

Staurastrum sebaldii Nitzschia sp5 Staurastrum setigerum Nitzschia sp6 Staurastrum sp1 Pinnularia sp1 Staurastrum sp2 Pinnularia sp2

Staurastrum sp3 Pinnularia sp3 Staurastrum tetracerum Pinnularia sp4 Staurastrum trifidium Pinnularia sp5 Staurodesmus bicuspidatus Surirella sp1

Staurodesmus sp1 Surirella sp2 Staurodesmus triangularis Surirella sp3 Teilingia sp Surirella sp4 Xanthidium sp1 Surirella sp5

Zygnema sp1 Synedra sp1

Bacillariophyceae Synedra ulna

Achnantes sp Centrales 1

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Bacillariophyceae

Pennales 1

Pennales 2 Pennales 3 Pennales 4 Pennales 5

Pennales 6 Pennales 7 Pennales 8 Pennales 9

Pennales 10 Pennales 11 Pennales 12

Page 71: ASPECTOS ECOLÓGICOS DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA … · Pelas singularidades dos sistemas lóticos, o estudo da ecologia de águas correntes passa por visões diversificadas, sob

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