fungos causadores de doenças em orquídeas

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Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Ciências Biológicas Eliana Maria Rocha Sousa FUNGOS CAUSADORES DE DOENÇAS EM ORQUÍDEAS Cruz das Almas 2010

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Doenças Fúngicas Orquídeas

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  • Universidade Federal do Recncavo da Bahia

    Cincias Biolgicas

    Eliana Maria Rocha Sousa

    FUNGOS CAUSADORES DE DOENAS EM ORQUDEAS

    Cruz das Almas

    2010

  • Eliana Maria Rocha Sousa

    FUNGOS CAUSADORES DE DOENAS EM ORQUDEAS

    Cruz das Almas BA

    2010

    Monografia apresentada ao

    curso de Cincias

    Biolgicas da Universidade

    Federal do Recncavo da

    Bahia como requisito para

    obteno de grau de

    bacharel em Cincias

    Biolgicas.

  • Ficha Catalogrfica

    S725 Sousa, Eliana Maria Rocha.

    Fungos causadores de doenas em orqudeas. / Eliana Maria Rocha Sousa._. Cruz das Almas - Ba, 2010.

    24f.; il.

    Orientador: Jorge Teodoro de Souza.

    Monografia (Graduao) Universidade Federal do Recncavo da Bahia.

    rea de Concentrao: Fitopatologia.

    1..Fitopatologia. 2. Plantas ornamentais Doenas. I.Universidade Federal do Recncavo da Bahia,

    Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas. II.Ttulo.

    CDD:632

  • Eliana Maria Rocha Sousa

    FUNGOS CAUSADORES DE DOENAS EM ORQUDEAS

    Aprovado em: / /

    BANCA EXAMINADORA

    _____________________________________________________________

    Orientador: Prof Dr. Jorge Teodoro de Sousa

    Universidade Federal do Recncavo da Bahia - CCAAB

    _____________________________________________________________

    Membro Titular: lida Barbosa Corra

    Universidade Federal do Recncavo da Bahia CCAAB

    _____________________________________________________________

    Membro Titular: Augusto Csar Moura da Silva

    Universidade Federal do Recncavo da Bahia CCAAB

  • 5

    A Deus pelo cuidado, fora e por sempre segurar na minha mo nos momentos de

    dificuldades

    Eu ofereo!

  • 6

    Agradecimento

    A Deus por sempre me dar fora e ensinamentos durante todo o trabalho. A

    minha famlia, meu amado pai, por sempre apoiar-me em tudo e pelo incentivo.

    Aos meus irmos Gabriel, Helio e Heliel. A minha madastra Rita e a minha

    cunhada Lene pelo incentivo. Obrigada minha querida famlia por tudo.

    Ao meu orientador professor Jorge Teodoro pela oportunidade de estgio e

    pelos ensinamentos acadmicos.

    A todos do laboratrio de microbiologia e fitopatologia da UFRB, em especial a

    Lene, ao Augusto e a Cristiane por terem me ajudado nas tcnicas utilizadas no

    laboratrio.

    A Juan Rocabado e a doutoranda Darcilcia pela ajuda no desenvolvimento do

    trabalho, principalmente nas identificaes. Ao professor Rogrio Alves produtor de

    orqudeas pela amizade, contribuio como e ensinamentos profissionais e

    pessoais.

    A todos os professores do curso de Cincias Biolgicas por terem contribudo

    com a aquisio do conhecimento que tenho hoje.

    Ao G.O.U (Grupo de Orao Universitrio) pela minha formao pessoal na

    universidade e ensinamento que irei levar para toda a vida, em especial Lica,

    Aninha, Emanuel, Lore, mais uma vez Cris, Jack e Shirley. Aos outros amigos do

    curso de Cincias Biolgicas, as meninas da repblica, Verinha, July, mais uma vez

    Jack e Shiu minhas irms e amigas obrigada por tudo!

    E por ltimo em memria minha me, pelos pouco tempo de vida que me

    acompanhou mais por ter deixado seus maravilhosos ensinamentos.

  • 7

    Resumo

    O comrcio de plantas ornamentais constitui uma promissora rea do agronegcio.

    Entre as plantas comercializadas com alto valor comercial encontram-se as

    orqudeas. Uma das maiores limitaes para a produo de orqudeas a incidncia

    de doenas, principalmente as causadas por fungos; sendo que, a identificao

    rpida e correta do patgeno constitui a base para o sucesso no controle de uma

    doena. O objetivo desse trabalho foi isolar, avaliar a patogenicidade e identificar

    morfologicamente isolados de fungos oriundos de orqudeas. Paralelamente

    objetivou-se preservar isolados para criao de uma coleo de fungos patognicos

    a orqudeas. Amostras de orqudeas foram coletadas em Cruz das Almas,

    Chapada Diamantina e Camaari. Os rgos mais afetados pelas doenas foram

    as folhas, seguidas de razes e pseudobulbos. Foram isolados 64 fungos

    associados a 15 gneros de orqudeas. Destes, 38 isolados foram patognicos,

    sendo 24 classificados ao nvel de gnero. Identificaram-se dez gneros de

    fungos em 12 gneros de orqudea, os mais encontrados foram Fusarium sp.,

    Colletotrichum sp. e Alternaria sp.

    Palavras chaves: Orqudeas; identificao; micologia.

  • 8

    Abstract

    Commercialization of ornamental plants represents one of the most promising

    agribussiness activities. Orchids are among the species with the highest commercial

    value. Plant diseases, especially the ones caused by fungi are considered the main

    limiting factor for commercial orchid cultivation. Rapid and precise identification of

    pathogens is a fundamental step for any successful disease control program, thus,

    the objective of the present study was to isolate, evaluate the pathogenicity and

    identify fungal pathogens obtained from orchids. Simultaneously, the isolates

    obtained were preserved in order to constitute a collection of fungal pathogens.

    Samples were collected in Cruz das Almas, Chapada Diamantina and Camaari,

    all in Bahia State. Disease incidence was higher in leafs, followed by roots and

    pseudo-bulbs. Sixty-four fungal isolates were obtained in association with 15

    orchid genera. Among them, 38 were pathogenic and 24 isolates were identified

    at the genus level. Ten fungal genera were identified within 12 orchid genera.

    The most commonly isolated pathogens were Fusarium sp., Colletotrichum sp.

    and Alternaria sp.

    Keyword: Orchids; morphological identification; mycology

  • 9

    Listas de ilustraes

    Figura 1A. Fungos patognicos a orqudeas em relao ao nmero total de

    amostras analisadas..........................................................................................7

    Figura 1B. Partes das plantas infectadas por patgenos.................................7

    Figura 2. Fusarium sp. causando doena em Gramathopyllum sp.............9

    Figura 3. Colletotrichum sp. causando doena em orqudeas........................10

    Figura 4. Alternaria sp. causando doena em Vanda sp.................................11

    Figura 5. Estruturas dos fungos patognicos a orqudeas...............................12

  • 10

    Lista de tabela

    Tabela 1. Patgenos de orqudeas que tiveram a patogenicidade confirmada

    nas hospedeiras de origem..................................................................................8

  • 11

    Sumrio

    1. Introduo....................................................................................................1

    2. Justificativa..................................................................................................2

    3. Objetivos......................................................................................................2

    4. Reviso bibliogrfica....................................................................................3

    4.1 Orqudeas..................................................................................................3

    4.2 Doenas em orqudeas.............................................................................4

    4.3 Fungos como agentes patognicos..........................................................5

    5. Material e mtodo.......................................................................................5

    5.1 Amostragem, isolamento e preservao.............................................5

    5.2 Testes de patogenicidade.........................................................................6

    5.3 Identificao dos fungos............................................................................6

    6. Resultados e discusso...............................................................................7

    7. Consideraes Finais..............................................................................13

    8. Referncias bibliogrficas......................................................................14

  • 12

    1. Introduo

    Nas ltimas dcadas, com a globalizao, o comrcio de flores e plantas

    ornamentais demonstrou significativa expanso mundial, com investidores em

    todos os continentes. O desenvolvimento desse tipo de agronegcio est

    baseado na produo de plantas e flores com alta qualidade, variedades de

    formas, tecnologia de transporte, embalagens adequadas e qualificao

    empresarial (Imenes, 2001).

    No Brasil o cultivo de plantas ornamentais como atividade econmica

    comeou a partir dos anos 60, sendo que a floricultura brasileira ao longo dos

    anos buscou a profissionalizao, seguindo a tendncia mundial (Costa 2007).

    Dentre os grupos de plantas que se destacam entre os produtores esto as

    rosas e as orqudeas (Buzatto, 2007).

    A famlia Orchidaceae a mais diversificada do reino vegetal, com o

    maior nmero de espcies, podendo ser terrestres, epfitas e rupcolas (Souza,

    2005). Apresentam alto valor comercial, sendo que o Brasil dispe de grande

    diversidade dessas espcies, principalmente das epfitas, apresentando uma

    grande variedade de formas e cores. No entanto, caractersticas podem ser

    comprometidas pela incidncia de doenas, trazendo prejuzo aos produtores.

    As doenas representam um dos principais fatores limitantes para a

    produo de orqudeas no mundo. Um elevado nmero de doenas tem sido

    registrado em orqudeas e as fngicas so as principais. De modo geral, o

    sistema de cultivo, as condies climticas (com destaque para a temperatura

    e umidade) e a eliminao de inimigos naturais, por meio da aplicao de

    produtos qumicos no seletivos, podem levar ao aumento na incidncia de

    doenas.

    O controle de doenas torna-se importante para a produo comercial

    de orqudeas e o primeiro passo para um controle eficiente a identificao do

    agente causal. Um dos principais problemas para a correta identificao do

    agente causal a ausncia de trabalhos cientficos sobre as doenas de

    orqudeas. Alguns trabalhos foram desenvolvidos, mas, em geral, no

  • 13

    apresentam uma identificao correta dos patgenos, dificultando a tomada de

    deciso e o controle de doena.

    2. Justificativa

    As orqudeas so plantas ornamentais de grande valor econmico. As

    doenas causam limitaes para a produo comercial dessas plantas, pois

    causam sintomas que prejudicam o desenvolvimento e depreciam o valor

    comercial das orqudeas. Apesar disso, existem poucas informaes confiveis

    na literatura sobre as doenas que ocorrem em orqudeas no Brasil. A maior

    parte das publicaes sobre doenas em orqudeas no pas so produzidas por

    orquidfilos e no possuem uma base cientfica confivel. Portanto,

    necessrio que estudos cientificamente embasados sejam realizados.

    O controle de doenas de plantas somente pode ser eficiente se o

    agente causal for conhecido de forma inequvoca. O uso de produtos

    fitossanitrios ou o manejo alternativo pode reduzir os prejuzos causados por

    patgenos. Mas, de acordo com dados do IBGE, a maioria dos produtores que

    utilizam esses produtos no tem uma devida orientao sobre sua utilizao e

    principalmente, sobre a identidade do patgeno causador da doena, utilizando

    assim produtos no seletivos que causam perdas na produo.

    Dessa forma, esse trabalho prope a realizao de um levantamento

    dos fungos causadores de doenas em orqudeas coletadas no estado da

    Bahia.

    3. Objetivos

    Objetivo geral

    Isolar e identificar ao nvel de gnero e testar a patogenicidade de

    fungos obtidos de orqudeas com sintomas de doenas.

  • 14

    Objetivo especfico

    Este trabalho visou o isolamento, a confirmao da patogenicidade, a

    identificao morfolgica, a preservao dos isolados e a criao de uma

    coleo de fungos patognicos a orqudeas.

    4. Reviso bibliogrfica

    4.1 Orqudeas

    Orchidaceae uma das maiores famlias de plantas com flores,

    estimando-se a existncia de 725 gneros e 19.500 espcies. Cerca de 200

    gneros e 2.500 espcies de orqudeas esto presentes no Brasil,

    representando em mdia 10% da diversidade mundial. Vale ressaltar que,

    existem vrias espcies nativas que ainda no foram catalogadas no pas

    (Souza, 2005). Orqudeas apresentam uma ampla distribuio geogrfica, com

    adaptaes aos mais diferentes climas e aos agentes polinizadores presentes

    em cada regio (Buzatto, 2007).

    Como plantas ornamentais destacam-se as encontradas em reas

    tropicais e subtropicais, geralmente pela beleza e durabilidade de suas flores

    (Miller, 1990). Alm disso, as orqudeas representam um tipo de agronegcio

    em franco crescimento nas ltimas dcadas (Imenes, 2001). Existem

    produtores de orqudeas em todo o mundo, dentre os maiores produtores

    destacam-se Estados Unidos, Japo, Hong Kong, Holanda, Tailndia e

    Alemanha (Gondim, 2005). Orqudeas so tambm utilizadas nas reas

    farmacutica, gastronmica e na indstria de cosmticos (Segatto, 2002).

    No Brasil, 58,3% dos produtores de orqudeas dedicam-se produo

    de mudas, 19,1% de flores em vasos e 18,4% de flores e folhagens de corte,

    distribuindo-se na maioria dos estados brasileiros. Os principais pases

    importadores so Taiwan, Estados Unidos e Alemanha, adquirindo

    respectivamente 31,63%, 23,62% e 19,11% da produo. No comercio

    nacional datas importantes do calendrio como o dia das mes, dos

    namorados, finados, natal e ano novo, so os perodos que ocorrem mais

    vendas (Junqueira & Peetz 2002).

  • 15

    Na Bahia a comercializao de mudas, junto com a produo de flores

    de corte ganham destaque, principalmente nas exportaes para pases como

    Angola e Portugal. Alm disso, regies de altitudes, alta temperatura e umidade

    do estado como a Chapada Diamantina e Planalto de Maracs so propcias

    para o cultivo de orqudeas em grande escala. No entanto, existe uma carncia

    na profissionalizao da produo nessas regies para que possa ser

    direcionada ao mercado exterior (Junqueira & Peetz 2002).

    4.2 Doenas em orqudeas

    No mercado de plantas e flores ornamentais, existe grande exigncia de

    qualidade pelos consumidores. A incidncia de doenas e a ausncia de

    resduos qumicos esto dentre os fatores observados pelo mercado

    (Noordegraaf, 1994). Portanto, o controle fitossanitrio um fator determinante

    para o sucesso da produo.

    Mesmo apresentando resistncia a muitos patgenos as orqudeas,

    ainda assim sofrem com a ocorrncia de um grande nmero de doenas. As

    condies de cultivo das plantas, umidade, temperatura e densidade

    influenciam na ocorrncia de problemas fitossanitrios por proporcionar (Costa,

    2007). A identificao rpida e correta do patgeno constitui a base para o

    sucesso na estratgia de controle de uma doena. O desenvolvimento dessas

    estratgias requer conhecimentos sobre a etiologia do patgeno, sua forma de

    disperso, modo e momento em que a infeco ocorre e os mecanismos de

    defesa da hospedeira (Imenes, 2001). Dependendo do patgeno, anlises

    morfolgicas podem ser utilizadas para identificar e agrupar pelas semelhanas

    com espcies ou gneros j descritos, a exemplo do que ocorre com boa parte

    dos fungos (Alfenas; Mafia, 2007). A partir de uma correta identificao do

    patgeno pode-se controlar as doenas de forma mais efetiva (Imenes, 2001).

    4.3 Fungos como agentes patognicos

    Fungos so organismos eucariticos, uni ou pluricelulares, no

    fotossintticos que se alimentam por meio da absoro de nutrientes (Luz,

  • 16

    2001). Podem estar presentes em diversos tipos de ambiente, sendo facilmente

    dispersos pelo ar, podendo assim percorrer muitos quilmetros (Alexopoulos,

    1996).

    Os fungos destacam-se como um dos principais agentes patognicos,

    podendo limitar o desenvolvimento de algumas plantas. Os prejuzos podem

    ser diretos, como perdas na produo, na qualidade ou ainda na receita com

    produtos menos rendveis, ou ainda o prejuzo pode ser indireto afetando o

    produtor, o consumidor e at mesmo o estado (Pitta, 1995). Podem causar

    doenas em diversas partes dos vegetais, seja na sua forma anamrfica como

    na teleomrfica (Warumbi; Coelho, 2004).

    Dentre os fungos patognicos a orqudeas destacam-se Colletotrichum,

    Phyllosticta, Fusarium, Botrytis cinerea, Sclerotium rolfsii. Esses fungos

    causam manchas foliares, murchas, podrides em flores e podrides em

    bulbos, respectivamente (Kimati et al., 2005; Bergamin et al., 1995; Volpin,

    1991; Punja, 1985).

    5. Material e mtodos

    5.1 Amostragem, isolamento e preservao:

    Visitas foram realizadas durante o perodo de janeiro a abril de 2010

    em cultivos de orqudeas em Cruz das Almas, Chapada Diamantina e

    Orquilndia tropical em Camaari. Plantas com sintomas aparentes de

    doenas foram coletadas e trazidas para o laboratrio de Microbiologia e

    Fitopatologia da UFRB.

    As coletas e isolamentos foram feitos por meio de dois procedimentos:

    1) Amostras foram retiradas de flores, folhas, bulbos, pseudobulbos e razes

    de diversas espcies de orqudeas. Fragmentos de aproximadamente 2 cm da

    interseo entre as reas lesionadas e as sadias foram retiradas,

    desinfestados superficialmente durante dois minutos em lcool 70% e

    hipoclorito de sdio 1 %, posteriormente foram realizadas duas lavagens em

    gua destilada esterilizada. Os fragmentos foram transferidos para placas de

  • 17

    Petri contendo meio de cultura BDA Batata Dextrose Agar ; 2) Amostras de

    estruturas fngicas de razes, folhas e pseudobulbos que apresentavam

    leses foram coletadas com auxilio de estilete e transferidas para meio BDA.

    Cmaras midas foram preparadas em placa de Petri com algodo umidecido

    e gua esterilizada para a manuteno da umidade. Partes de plantas com

    sintomas foram transferidas para essas cmaras e observadas diariamente

    para detectar a formao de esporos do patgeno. Os esporos produzidos

    foram transferidos para meio BDA.

    As culturas foram incubadas temperatura ambiente e a purificao

    dos isolados contaminados foi feita quando necessria. Os fungos foram

    crescidos em meio de batata dextrose agar (BDA) 1/5 e posteriormente

    discos com miclio foram transferidos para frascos de vidro contendo gua

    esterilizada para a preservao.

    5.2 Testes de patogenicidade:

    Para a confirmao da patogenicidade, miclios dos fungos foram

    inoculados em exemplares sadios do mesmo gnero de orqudea de onde

    foram isolados, de duas formas distintas: a) com ferimentos na superfcie da

    planta (folha, pseudobulbo ou raiz) com auxlio de um estilete estril, b) sem

    ferimento e controle com ferimento e sem ferimento tratado com gua

    esterilizada. As partes das plantas inoculadas foram incubadas em cmara

    mida (em placas de Petri) e mantidas em BOD (Demanda Bioqumica de

    Oxignio) a 28C. Inculaes tambm foram feitas em plantas na casa de

    vegetao, sendo essas incubadas em cmara mida durante 24 horas. Os

    sintomas foram observados at o vigsimo quinto dia, dependendo do

    microrganismo inoculado. O microrganismo foi reisolado e comparado com o

    que foi inoculado, fechando os postulados de Koch.

    5.3 Identificao dos fungos:

    As identificaes foram feitas por meio da observao de lminas em

  • 18

    microscpio de luz. As lminas foram preparadas por raspagem da placa de

    Petri e por microcultivo. Para o microcultivo, uma laminula foi transferida para a

    superfcie do meio de cultura BDA para que o fungo crescesse sobre a

    laminula. Aps 10 a 15 dias a depender do isolado, a laminula foi retirada e

    tranferida para uma lmina contendo lactofenol e azul de metileno ou azul de

    algodo para facilitar a observao das estruturas. As observaes e

    fotografias foram feitas em um microscpio de luz (Primer Star, Zeiss)

    6. Resultados e discusso

    Para catalogar os isolados, um banco de dados em Excel foi criado.

    Foram isolados 64 fungos em associao com 15 diferentes gneros de

    orqudeas nos locais amostrados. Nesse trabalho foram considerados apenas

    os fungos testados em suas hospedeiras de origem para a confirmao da

    patogenicidade. Dentre os 64 isolados obtidos, 38 foram patognicos (Fig.

    1A). As partes das plantas mais afetadas pelos patgenos foram as folhas,

    seguidas pelas razes e pseudobulbos, como apresentado na Fig. 1B.

    No foi possvel confirmar a patogenicidade dos fungos isolados dos

    seguintes gneros de orqudeas: Mocara, Sobralia e Notylia.

    (A) (B)

    Figura 1. Fungos patognicos a orqudeas. Os dados so apresentados em relao nmero total de amostras analisadas - 64 (A). Partes das plantas infectadas por patgenos. Os dados so apresentados em porcentagem em relao ao total de amostras com fungos cuja patogenicidade foi confirmada -38 (B).

  • 19

    Tabela 1. Patgenos de orqudeas que tiveram a patogenicidade confirmada nas respectivas hospedeiras de origem.

    Fungos Hospedeiras Freqncia P C F* P S F**

    Alternaria sp. Denfal sp.

    Vanda sp.

    1

    1

    Sim 7 dias

    Sim 16 dias

    No

    No

    Aspergillus sp. Vanda sp. 1 Sim 7 dias No

    Colletotrichum sp. Oncidium sp.

    Denfal sp.

    Epidendrum sp.

    Gramathophyllum sp.

    Cyrtopodium sp.

    1

    1

    1

    1

    1

    Sim 21 dias

    Sim 6 dias

    Sim 14 dias

    Sim 5 dias

    Sim 3 dias

    No

    Sim

    No

    No

    No

    Fusarium sp. Gramathophyllum sp.

    Cattleya sp.

    Epidendrum sp.

    Maxillaria sp.

    Rodriguesia sp.

    Oncidium sp.

    1

    3

    1

    2

    1

    2

    Sim 5 dias

    Sim 21 dias

    Sim 7 dias

    Sim 5 dias

    Sim 11 dias

    Sim 7 dias

    No

    No

    No

    No

    No

    Sim

    Phoma sp. Encyclia sp. 1 Sim 21 dias Sim

    Phomopsis sp. Bulbophyllum sp. 1 Sim 21 dias No

    Phyllosticta sp. Denfal sp. 1 Sim 6 dias No

    Rhizopus sp. Maxillaria sp. 1 Sim 5 dias No

    Trichothecium sp. Colmanara sp. 1 Sim 21 dias Sim

    Verticillium sp. Epidendrum sp. 1 Sim 21 dias No

    TOTAL 24

    PCF* - Patogenicidade com ferimento; PSF** - Patogenicidade sem ferimento

    Dentre os 38 isolados patognicos, 24 foram identificados ao nvel

    de gnero. Os outros 14 isolados patognicos no foram identificados por

    no formarem estruturas de reproduo em meio de cultura. Dentre os 24

    isolados identificados foram encontrados 10 gneros em 12 gneros de

    orqudeas (Tabela 1). Fusarium sp. foi o gnero mais frequentemente

    patognico a orqudeas, seguido de Colletotrichum sp. e Alternaria sp.

    A partir daqui sero descritos os gneros de fungos cujo

    patogenicidade foi confirmada nos testes realizados.

  • 20

    Fusarium sp. foi isolado dos seguintes gneros de orqudea:

    Cattleya sp., Epidendrum sp., Rodriguesia sp., Gramathophyllum sp.,

    Maxilaria sp. e Oncidium sp. O sintoma caracteristico desse gnero foi a

    induo de podrido nos tecidos das plantas (Fig. 2). Quando instalado na

    raiz pode interferir na absoro de gua e minerais podendo em curto

    prazo levar a morte da planta.

    O fungo est distribudo mundialmente, apresentando uma grande

    ocorrncia em regies tropicais (Coto, 2007), incluindo orqudeas dos

    gneros Cattleya sp., Gramathophyllum sp. e Oncidium sp. (Watson, 2008).

    Fusarium sp. no parece ser comum como causador de manchas foliares,

    mas como causador de podrides nos bulbos e rizomas.

    Figura 2. Fusarium sp. causando doena em Gramathopyllum sp. A folha com sintomas causandos pelo patgeno. B filides do fungo e condios. C condios multicelulares e clamidsporo.

    A B

    C D

  • 21

    Colletotrichum sp. foi patognico aos seguintes gneros de

    orqudeas: Oncidium sp., Denfal sp., Epidendrum sp. e Gramathophyllum

    sp. Os sintomas tpicos so manchas foliares conhecidas como

    antracnose (Fig. 3). Colletotrichum sp. um dos patgenos mais comuns

    em diversos espcies de orqudeas. No Rio de Janeiro, esse patgeno foi

    encontrado em todos os gneros citados acima, com exceo do hbrido

    Denfal (Klein, 2008). O fungo seguramente j foi registrado em mais de 58

    gneros de orqudeas (Klein, 2008).

    Figura 3. Colletotrichum sp. em orqudeas. (A) Sintomas em folhas de

    Gramathophyllum sp. (B) Denfal. (C) Oncidium. (D-E) Esporos tpicos de

    Colletotrichum sp.

    A B C

    D E F

  • 22

    Alternaria sp. vanda sp. e Denfal sp. foram infectadas por Alternaria

    sp.. Esse gnero comumente associado a plantas ornamentais, mas no foi

    citado em outros trabalhos como patognica a orqudeas. Alternaria sp. foi

    encontrada como endoftica em orqudeas e responsvel pela produo de

    substncias antibacterianas (Vaz et al., 2009). Os sintomas tpicos so uma

    senescncia acelerada em folhas, no sendo comum a formao de manchas

    foliares bem definidas (Fig. 4).

    Figura 4. Alternaria sp. em orqudeas do gnero Vanda sp.. (A) Sintomas em uma planta cultivada em casa-de-vegetao. (B) Sintomas em folhas re-inoculadas. (C) e (D) Esporos de Alternaria sp..

    A B

    C D

  • 23

    Sete outros gneros de fungos foram registrados (Tabela 1). A maior

    parte deles parece no ter sido registrada em orqudeas, com exceo de

    Phyllosticta sp. e Phoma sp. (Watson, 2008). Os outros gneros podem ter

    sido isolados como oportunistas e terem causado sintomas em folhas

    destacadas pois estas podem apresentar uma menor resistncia. Por exemplo,

    Rhizopus sp. e Thricothecium sp. jamais foram relatados como patgenos de

    plantas (Fig. 5).

    Figura 5. Estruturas dos fungos patognicos a orqudeas. (A) Verticillium sp.;

    (B) Phomopsis sp.; (C) Rhizopus sp.; (D) Thrichothecium sp.; (E) Aspergillus

    sp.; (F) Phoma sp.; (G) Phyllosticta sp.

    B

    A B C D

    E F G

  • 24

    7. Consideraes Finais

    Foram identificados por meio da anlise das estruturas morfolgicas 24

    isolados de fungos patognicos a orqudeas. Esses fungos fazem parte de uma

    coleo organizada de patgenos de orqudeas. Infelizmente, no foi possvel

    identificar alguns dos isolados, pois os mesmos no produziram estruturas de

    reproduo.

    Trabalhos futuros devero focar a utilizao do sequenciamento de

    genes informativos filogeneticamente para fazer a identificao desses

    isolados.

    Algumas espcies e registros novos certamente esto presentes dentre

    os fungos estudados. Por exemplo, o isolado de Colletotrichum obido de

    Oncidium sp. foi recentemente utilizado em um outro trabalho do Laboratrio

    de Microbiologia e Fitopatologia e pelas caractersticas de suas sequncias de

    DNA este pertence espcie olletotrichum. tropicale, recentemente descrita e

    jamais relatada em orqudeas.

    Esse trabalho poder beneficiar produtores e colecionadores de

    orqudeas, auxiliando no controle dos patgenos de diferentes gneros, pois

    produtos mais especficos podem ser usados para o controle das doenas.

  • 25

    Referncias bibliogrficas

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  • 27